Aditivos em Contratos de
Obras Públicas
Instrutor:
Eng. André Pachioni Baeta
Principais Irregularidades Constatadas pelo TCU na
Fiscalização de Obras Públicas
Fiscobras 2016
Principais Irregularidades Constatadas pelo TCU na
Fiscalização de Obras Públicas
Fiscobras 2016
Principais Irregularidades Constatadas pelo TCU na
Fiscalização de Obras Públicas
Fiscobras 2016
Principais Irregularidades Constatadas pelo TCU na
Fiscalização de Obras Públicas
Fiscobras 2016
Conteúdo Programático
● Tipos de pleito e as artimanhas dos empreiteiros;
● 30 estudos de caso reais sobre pedidos de aditamento
contratual;
● Noções sobre superfaturamento e sobrepreço;
● Um panorama geral sobre as alterações contratuais na Lei
8666/93 e no RDC;
● Entendimentos sobre a extrapolação dos limites legais de
aditamento contratual
● Aditivos de prorrogação de prazos contratuais;
● Aditivos de alteração de projeto e especificações;
● Aditivos de reequilíbrio econômico e financeiro de
Contratos;
● Reajustes contratuais;
● Outros tipos de aditivos (alterações de garantias, condições
de pagamento, regime de execução etc.).
Planejamento
Planejamento
Planejamento
Planejamento
Eclusas de
Tucuruí
Eclusas de
Tucuruí
Porto de Natal
Planejamento
Alemanha:
Planejamento
Brasil:
Planejamento
EUA (Winnie Palmer Hospital for Women &Babies – Orlando, Flórida, Estados Unidos):
Planejamento
Brasil (Hospital Terciário de Natal):
● Construída em 22 meses Planejamento
(1887/1889)
● Estudos começaram em
1884
● 50 engenheiros produziram
5300 desenhos
● Não havia computadores,
aconteceu em 2 anos
● www.tour-eiffel.fr
Projeto e documentos afins
PROJETO CONTEÚDO
Levantamento •Desenho com levantamento planialtimétrico.
Topográfico
Sondagens •Desenhos com locação dos furos de sondagem.
•Memorial com descrição das características do solo e perfis
geológicos do terreno.
Projeto do Canteiro •Desenhos com arranjo das cercas, tapumes, instalações
de Obras provisórias de água, luz, gás e telefone, arruamentos interno e
caminhos de serviço, bem como de edificações provisórias
destinadas a abrigar o pessoal (casas, alojamentos, áreas de
vivência, refeitórios, vestiários, sanitários etc.) e as dependências
necessárias à obra, (escritórios, cozinha, enfermaria, barracões,
laboratórios, oficinas, almoxarifados, balança, guarita etc.).
•Plantas com locação e detalhamento das instalações industriais
da obra, tais como central de britagem, usina de CBUQ e central
dosadora de concreto.
•Memorial com especificações dos materiais, equipamentos,
elementos, componentes e sistemas construtivos das edificações e
instalações do canteiro de obras.
Conteúdo do Projeto Básico - Edificações
PROJETO CONTEÚDO
Projeto •Desenhos com plantas de situação e locação, contendo implantação do edifício e sua relação com
Arquitetônico o entorno do local escolhido, acessos e estacionamentos (orientação, eixos da construção cotados
em relação à referência, identificação de postes, árvores, hidrantes, calçadas e arruamentos etc.).
•Desenhos das fachadas do imóvel.
•Plantas baixas dos pavimentos, com cotas de piso acabado, medidas internas, espessuras de
paredes, dimensões de aberturas e vãos de portas e janelas, alturas de peitoris, indicação de planos
de cortes e elevações.
•Plantas de cobertura, com indicação de sentido de escoamento de águas, inclinação, indicação de
calhas, rufos, contrarrufos, condutores e beirais, tipo de impermeabilização, juntas de dilatação etc.
•Cortes transversais e longitudinais da edificação.
•Elevações, indicando aberturas, esquadrias, alturas, níveis etc.
•Estudo de orientação solar, iluminação natural e conforto térmico.
•Indicação de caixas d’água, circulação vertical, áreas técnicas etc.
•Atendimento às normas de acessibilidade.
•Ampliação de áreas molhadas ou especiais, com indicação de equipamentos e aparelhos
hidráulico-sanitários.
•Detalhes (que possam influir no valor do orçamento).
•Indicação dos elementos existentes, a demolir e a executar, em caso de reforma e ampliação.
•Especificações dos materiais, equipamentos, elementos, componentes e sistemas construtivos.
Conteúdo do Projeto Básico - Edificações
PROJETO CONTEÚDO
Projeto de •Desenhos de implantação com indicação dos níveis originais e dos níveis
Terraplanagem propostos.
•Perfil longitudinal e seções transversais tipo com indicação da situação
original e da proposta e definição de taludes e contenção de terra.
•Memorial com cálculo de volume de corte e aterro e respectivo quadro
resumo de corte e aterro.
•Especificação dos materiais para aterro.
Projeto de •Desenhos com locação, características e dimensões dos elementos de
Fundações fundação.
•Plantas de armação e fôrma, com indicação do Fck do concreto.
•Memorial com método construtivo.
•Memorial com cálculo de dimensionamento de todas as peças, indicando
as cargas e os momentos utilizados no projeto.
Conteúdo do Projeto Básico - Edificações
PROJETO CONTEÚDO
Projeto Estrutural •Desenhos em planta baixa com lançamento da estrutura com cortes e elevações, se necessários.
•Plantas de armação com indicação de:
- seções longitudinais de todas as vigas, mostrando a posição, a quantidade, o diâmetro, e o
comprimento de todas as armaduras em escala adequada;
- seções transversais de todas as vigas, mostrando a disposição das armaduras longitudinais
e transversais, além das distâncias entre as camadas das armaduras longitudinais;
- seção longitudinal de todos os pilares, mostrando a posição, a quantidade, o diâmetro, o
comprimento e os transpasses de todas as armaduras longitudinais;
- seção transversal de todos os pilares, com demonstração das armaduras longitudinais e
transversais (estribos).
•Plantas de fôrma contendo indicação de valor e localização da contraflecha em vigas e lajes, bem
como indicação da seção transversal das vigas e pilares.
•Indicação do Fck do concreto para cada elemento estrutural.
•Quadro resumo de barras de aço contendo posição (numeração da ferragem), diâmetro da barra,
quantidade de barras, massa em Kg das barras.
•Memorial com cálculo das áreas fôrma.
•Memorial com cálculo do volume de concreto.
•Especificações com materiais, componentes e sistemas construtivos.
•Memorial com método construtivo.
•Memorial com cálculo de dimensionamento.
Conteúdo do Projeto Básico - Edificações
PROJETO CONTEÚDO
Projeto de Instalações •Plantas indicando a localização dos principais componentes do sistema: torres de refrigeração,
de Ar Condicionado e unidades condensadoras, chillers, reservatórios do sistema de termo-acumulação, ventiladores
Calefação etc.
•Planta baixa de cada nível do edifício e cortes, com as seguintes indicações, dentre outras:
- dutos de insuflamento e retorno de ar;
- canalizações de água gelada e condensação;
- comprimentos e dimensões, com elevações de cada tipo de material utilizado nos
ambientes;
- bocas de insuflamento e retorno;
- localização dos equipamentos e aberturas para tomadas e saídas de ar;
- pontos de consumo;
- interligações elétricas, comando e sinalização.
•Representações isométricas com:
- dimensões, diâmetros e comprimentos dos dutos e canalizações;
- vazões e pressões nos pontos principais ou críticos;
- indicação das conexões, registros, válvulas e outros elementos.
•Planta baixa com marcação de dutos e equipamentos fixos (unidades condensadoras e
evaporadoras).
•Especificações dos materiais e equipamentos.
•Memorial com cálculo da carga térmica.
•Memorial com cálculo do dimensionamento dos equipamentos e dos dutos.
Conteúdo do Projeto Básico - Edificações
PROJETO CONTEÚDO
Projeto de •Desenhos esquemáticos de planta e corte localizando os elevadores.
Instalação de •Desenhos com as principais características dos elevadores, dentre outras:
Transporte - dimensões principais;
Vertical - espaços mínimos para instalação dos equipamentos (caixa, cabina,
(Elevadores e contrapeso, casa de máquinas, poço etc.).
Escadas •Desenho da casa de máquinas e do poço, em escala adequada.
Rolantes)
•Esquemas de ligações elétricas.
•Desenhos isométricos em escala adequada.
•Especificações dos materiais e equipamentos.
•Memorial com cálculo.
Projeto de •Planta de implantação com níveis.
Paisagismo •Especificação de espécies vegetais e de materiais e equipamentos.
Conteúdo do Projeto Básico - Edificações
PROJETO CONTEÚDO
Orçamento •Planilha de quantitativos de serviços.
•Composições de custos unitários.
•Detalhamento da taxa de BDI e de encargos sociais.
• Acórdão 915/2015-Plenário
• A aprovação de projeto básico inadequado, com grandes implicações nos
custos e prazos de execução do empreendimento, reveste-se de gravidade
suficiente para justificar a apenação pecuniária do gestor responsável e a sua
inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no
âmbito da Administração Pública Federal.
Projeto e documentos afins
Projeto Básico
• Sumário:
• O projeto estrutural, os projetos de instalações e os projetos dos
demais subsistemas da construção são peças integrantes e
indispensáveis do projeto básico das licitações para execução de obras
aeroportuárias e de edificações, nos termos do art. 6º, inciso IX, da Lei
8.666/939.1.
Acórdão 1733/2011-Plenário
Súmula 258
Caderno de Encargos
O que é Claim?
Termo internacionalmente utilizado. Consistente em notificação do
destinatário acerca de fatos imprevisíveis ou de inadimplências
contratuais dos quais resultaram danos, expressados frequentemente
por uma quantidade de dinheiro que o destinatário deve
pagar/reembolsar. Na língua portuguesa pode ser definido como
“reivindicação”, “pleito”.
Os pleitos independem de previsão expressa em Contrato, pois se trata
do exercício do direito de manutenção do equilíbrio econômico-
financeiro da avença original, baseado nos princípios gerais do Direito
e nas normas de Direito Civil, Comercial e Administrativo vigentes.
Claim
(...)
• Metais
A torneira do tanque de lavar será de pressão com adaptador para
mangueira.
A torneira de pia de cozinha será de bancada, cromada, ligada ao ponto
d’água com engate flexível metálico da marca Docol ou similar.
As torneiras para lavatório serão de pressão, cromadas ou com
acionamento por alavanca da marca Docol ou similar, ligadas por engate
flexível metálico.
As duchas higiênicas serão com registro de pressão e com gatilho e
mangueira flexível metálica da marca Docol ou similar.
As válvulas de descarga serão em bronze, com acabamento cromado e
registro incorporado da marca Docol ou similar.
Estudo de Caso 1 – Instalação de Água Fria
Considere que uma obra foi orçada pela Administração utilizando o Sinapi,
utilizando composições para tubos e conexões como exemplificados a
seguir:
O fator de variação salarial a ser adotado sobre o salário da categoria pode ser obtido
da seguinte forma:
Entre maio e outubro de 2013 serão gastos 2.650 homens x mês.
Entre novembro/2013 e abril/2014 serão gastos outros 15.000 homens x mês.
Como o décimo terceiro salário é calculado com base no salário de dezembro, há um
custo adicional equivalente a 1.900 homens x mês.
Sobre o quantitativo total de homens x mês de novembro/2013 a abril/2014, incluindo
décimo terceiro salário (16.900 homens x mês), aplica-se o fator de reajuste de 6%,
obtendo-se um quantitativo de homem x mês corrigido igual a 17.914.
Estudo de Caso 10 – Dissídio Coletivo
Análise: (continuação)
No período de maio a outubro de 2014 estão previstos um total de 10.800
homens x mês. Aqui os quantitativos de homem x mês não serão reajustados,
pois os preços dos serviços contratuais serão reajustados em virtude do
transcurso do prazo de um ano de vigência contratual. Por simplicidade dos
cálculos, foi suposto que o índice de reajuste contratual seja igual ao índice de
reajuste dos salários.
Nos dois últimos meses do contrato são necessários apenas 600 homens x
mês e outros 300 para pagamento do décimo terceiro salário de dezembro.
Estes 900 homens x mês sofrerão um reajuste de 6%. Assim, obtém-se um
quantitativo equivalente de 954 homens x mês.
Somando-se os quantitativos equivalentes de homens x mês: 1.900 + 17.914
+ 10.800 + 954 = 32.318 homens x mês.
Dividindo-se o quantitativo equivalente de homens x mês pelo quantitativo
nominal de homens mês (31.250, pois foram incluídos os quantitativos
relativos ao décimo terceiro salário), obtém-se o fator de variação salarial de
mão de obra: 1,034176, a ser aplicado linearmente sobre os salários de todos
os profissionais para fins de elaboração do orçamento.
Estudo de Caso 11 – Mudança do horário de
execução dos serviços – pedido de adicional
noturno
Pleito: Durante a execução de uma obra de pavimentação, a Prefeitura
contratante determinou que a execução dos serviços ocorresse somente no
período de 22:00 às 5:00 da manhã.
Considerando que não havia disposição contratual expressa nesse sentido, o
construtor apresentou pleito solicitando o pagamento de adicional noturno.
Estudo de Caso 11 – Mudança do horário de
execução dos serviços – pedido de adicional
noturno
Pleito: (continuação). Considere que a planilha orçamentária contratual foi
decomposta na seguinte curva ABC de insumos:
(...) 3.2.5 Da leitura dos trechos acima fica claro que o Sicro realmente não considera os
custos acrescidos em função de paralisações ocasionadas pelas chuvas, mas também
deixa evidente que as chuvas influenciam apenas no custo improdutivo, e de maneira
alguma no custo operativo (depreciação, operação, manutenção e mão de obra) como
considerado na decisão comentada.
(...)
3.2.10 Não resta dúvida que os custos incrementados devido às perdas de
produtividade decorrentes das chuvas estariam compensados, e com folga, se os
fatores acima comentados fossem também considerados na metodologia do Sicro. Isto
ocorre porque, no custo total de uma obra rodoviária, a participação dos custos dos
equipamentos - afetados pela superestimativa dos valores de aquisição, de depreciação
e pela defasagem das produtividades em relação às atuais - é bem maior do que a dos
custos da mão de obra - afetados pelas chuvas.
Estudo de Caso 14 – Chuvas – Pleito de reequilíbrio
econômico financeiro
•Análise: Também é esclarecedor reproduzir trecho do relatório acolhido pelo Acórdão
1.537/2010-Plenário, que refuta completamente a tese completamente análoga à
defendida pelo construtor:
"2.1.2 Chuvas
As produções adotadas não contemplam a ocorrência de condições climáticas
desfavoráveis, as quais influenciam, em função da frequência e intensidade, de modo
específico, cada tipo de serviço. Na elaboração do Orçamento de um Projeto Final de
Engenharia, há necessidade de, em função dos dias de chuva previstos dentro do prazo
total desejado para a execução dos serviços, serem computadas as horas improdutivas
calculadas."
Estudo de Caso 14 – Chuvas – Pleito de reequilíbrio
econômico financeiro
•Análise: (continuação)
Da leitura dos excertos fica claro que o SICRO2 não considera, nas composições de
custos dos diversos serviços, acréscimos devido às paralisações ocorridas pelas
chuvas. Em contrapartida, considera que no caso de ocorrência de chuvas que
impossibilitem a produção da equipe, há de se verificar apenas a verificação de horas
improdutivas, visto que como a máquina está parada, a produção é nula e a utilização
produtiva não existe. Neste caso, devem ser incluídas a previsão das horas
improdutivas e a introdução dos respectivos custos no orçamento, por serviço.
Então, não há que se falar em fator climático que incida sobre o fator de eficiência, este
último alterando a produção dos equipamentos - e em decorrência a produtividade da
equipe - já que nas horas de chuvas consideradas (e horas subsequentes em que não
há condições de trabalho) não há produção. Aí está o equívoco na interpretação da
[construtora] e de dois artigos apresentados (...). Lembramos que segundo o Manual de
Custos Rodoviários, o custo horário improdutivo é igual ao custo horário da mão de
obra. Logo, pela metodologia do DNIT, o único custo extra proveniente em função da
chuva é o custo da mão de obra parada.
Estudo de Caso 15 – Desvalorização Cambial
Pleito: Um determinado contrato, cujo objeto abrangia a construção de uma usina
termoelétrica, tinha data base no dia 28/8/2012, quando a cotação do dólar
comercial se encontrava em R$ 2,0433.
Cerca de 35% do contrato se referem a equipamentos importados (turbinas a gás,
trocadores de calor, válvulas, gerador, tubulação, instrumentação e sistema de
automação).
O contrato foi iniciado em dezembro/2012 e permaneceu em baixo ritmo de
execução até setembro/2015, devido a problemas no licenciamento ambiental da
obra. No período foram executadas basicamente as obras civis da usina
termoelétrica.
No dia 24/09/2012, com base na Ptax divulgado pelo Banco Central (R$ 4,1949/US$
1,00), a empresa pleiteou a correção de 105,3% ( ( (4,1949/2,0433) – 1 ) x 100%)
sobre o preço contratual de todos os itens importados do contrato.
Estudo de Caso 15 – Desvalorização Cambial
Análise: O pleito, em tese, se enquadra na teoria da imprevisão:
i) fato imprevisível ou previsível, mas de consequências incalculáveis, alheio à vontade
das partes; e
Ii) desequilíbrio econômico ou financeiro elevado no contrato, impondo onerosidade
excessiva a uma das partes.
Ademais, o evento ocorreu após a formulação da proposta, alterando a equação
econômico-financeira do contrato, e há relação causal entre o evento (desvalorização
da moeda) e a majoração dos encargos do contratado.
É de se perquirir se existiu culpa do contratado pela majoração dos seus encargos,
pois um administrador de razoável diligência (um homem-médio), ao assumir um
compromisso contratual de centenas de milhões de dólares, deveria buscar proteção
cambial por meio de algum instrumento de hedge, comprando contratos de dólar futuro
na BM&F ou realizando contratos de swap com alguma instituição financeira.
Por esse, motivo, o instrutor partilha da opinião de que o pleito não deve ser deferido.
Não obstante, apresenta-se aqui jurisprudência predominante do Poder Judiciário em
sentido inverso, que possui certa razoabilidade, pois sabendo o construtor que o
equilíbrio econômico-financeiro de sua proposta está protegido pela Constituição
Federal, não vê incentivo em realizar o hedge cambial e incorrer no custo associado.
Estudo de Caso 15 – Desvalorização Cambial
Análise: (continuação)
Cita-se o seguinte precedente do STJ:
“CONTRATO ADMINISTRATIVO. EQUAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DO
VÍNCULO. DESVALORIZAÇÃO DO REAL. JANEIRO 1999. ALTERAÇÃO DE
CLÁUSULA REFERENTE AO PREÇO. APLICAÇÃO DA TEORIA DA IMPREVISÃO E
FATO DE PRÍNCIPE. (...)
2. O episódio ocorrido em janeiro de 1999, consubstanciado na súbita desvalorização
da moeda nacional (real) frente ao dólar norte-americano, configurou-se causa
excepcional de mutabilidade dos contratos administrativos, com vistas à manutenção
do equilíbrio econômico-financeiro das partes. (...)” (STJ – ROMS 15153 UF: PE – 1ª
Turma – Data da decisão: 19/11/2002 – Min. Relator Luiz Fux).
Obviamente, não é qualquer variação cambial que justifica o ocorrido, pois o dólar
naturalmente oscila diariamente com o real, sem que isso possa ser considerado fato
imprevisível.
As demais observações anteriormente feitas também são aplicáveis ao caso, em
particular que o impacto global da desvalorização cambial no saldo contratual seja
elevada a ponto de ser impeditiva ou retardadora da execução do contrato, por
exemplo, em percentual superior à taxa de lucro declarada no BDI.
Estudo de Caso 15 – Desvalorização Cambial
Análise: (continuação)
O TCU já se manifestou no sentido de que oscilações
naturais no câmbio posteriores ao contrato não ensejam a
aplicação da teoria da imprevisão, tampouco haverá a
recomposição do equilíbrio contratual.
Maio/2014
Insumos
Valor (%)
Encargos Complementares 116.423,66 6,51%
Equipamentos 2.704,84 0,15%
Mão de Obra 573.407,56 32,07%
Materiais 1.010.714,67 56,53%
Ferramentas e EPI 84.773,70 4,74%
Total 1.788.024,43 100,00%
Estudo de Caso 17 – Aceleração de Execução –
Obra Executada em Vários Turnos
Pleito: A obra foi contratada para ser executada em turno diurno e ritmo
normal de execução. A curva ABC da planilha orçamentária encontra-se
parcialmente sintetizada a seguir:
DAT A DE PREÇO: 08/2014
DESCRIÇÃO : BLOCO RESIDENCIAL MULT IFAMILIAR DE 8 PAVIMENT OS-T IPO COM 1 ELEVADOR, SENDO 1 PAVIMENT O-T IPO NO T ÉRREO. INCLUI EDÍCULAS:
GUARIT A, DEPÓSIT O, QUART O E BANHEIRO DE SERVIÇO. NÃO POSSUÍ GARAGEM COBERT A. SÃO 4 APART AMENT OS POR PAVIMENT O, T OT ALIZANDO 32
UNIDADESHABIT ACIONAIS, SENDO CADA UNIDADE COMPOST A POR SALA, 2 QUART OS, CIRCULAÇÃO, COZINHA/ÁREA DE SERVIÇO E BANHEIRO. ALÉM
DESSES HÁ UMA T ORRE COM PAVIMENT OS DE CASA DE MÁQUINAS, BARRILET E E RESERVAT ÓRIO DE ÁGUA SUPERIOR.
INSUMO DESCRIÇÃO DO INSUMO UNIDADE Q UANTIDADE CUSTO UNITÁRIO CUSTO TO TAL (%) PESO (%) ACUMULADO
4750 PEDREIRO H 12700,75599 R$ 12,46 R$ 158.372,94 8,83 8,83
6111 SERVENT E H 18376,75788 R$ 8,04 R$ 147.927,46 8,25 17,09
JANELA DE CORRER EM ALUMÍNIO, SÉRIE 25, SEM
BANDEIRA, COM 4 FOLHAS PARA VIDRO, (DUAS FIXAS
E DUAS MÓVEIS) 1,60 X 1,10 M (INCLUSO GUARNIÇÃO
597 E VIDRO LISO INCOLOR) M2 184,04 R$ 479,96 R$ 88.331,83 4,92 22,02
CONCRET O USINADO BOMBEAVEL COM BRIT A 0 E 1,
SLUMP = 100 MM +/- 20 MM, FCK = 20 MPA (INCLUI
1524 SERVICO DE BOMBEAMENT O) M3 343,9044 R$ 240,00 R$ 82.537,05 4,60 26,62
27 ACO CA-50, 16,0 MM, VERGALHAO KG 18014,04 R$ 3,96 R$ 71.335,59 3,98 30,60
ALIMENT ACAO (ENCARGOS COMPLEMENT ARES)
37370 *COLET ADO CAIXA* H 54403,58848 R$ 1,30 R$ 70.724,66 3,94 34,55
1379 CIMENT O PORT LAND COMPOST O CP II-32 KG 154456,2991 R$ 0,41 R$ 64.562,73 3,60 38,15
BLOCO CERAMICO (ALVENARIA DE VEDACAO), DE *9
7266 X 19 X 19* CM MIL 108,105364 R$ 480,00 R$ 51.890,57 2,89 41,05
AREIA MEDIA - POST O JAZIDA / FORNECEDOR (SEM
370 FRET E) M3 641,3838868 R$ 80,00 R$ 51.310,71 2,86 43,91
1213 CARPINT EIRO DE FORMAS H 3670,54559 R$ 12,46 R$ 45.770,11 2,55 46,47
T RANSPORT E (ENCARGOS COMPLEMENT ARES)
37371 *COLET ADO CAIXA* H 54403,58848 R$ 0,71 R$ 38.626,54 2,15 48,62
4783 PINT OR H 2772,42972 R$ 12,46 R$ 34.571,00 1,92 50,55
12893 BOT A COURO SOLADO DE BORRACHA VULCANIZADA PAR 937,4067423 R$ 29,90 R$ 28.034,61 1,56 59,28
Dias H.N. H.N.* H. E. tipo I H. E.* tipo I H. E. tipo II H. E.* tipo II H. E. tipo III H. E.* tipo III
Segunda 8,00
Terça 8,00
Quarta 8,00
Quinta 8,00
Sexta 8,00
Sabádo 4,00 2,00 2,00
Domingo
Total* 44 2 2
Encargos
AD H. E. AD Noturno
Sociais
44,00 H.N. 123,50% 98,34
H.N.*
2,00 H. E. tipo I 123,50% 50,00% 6,71
H. E.* tipo I
2,00 H. E. tipo II 123,50% 50,00% 6,71
H. E.* tipo II
H. E. tipo III
H. E.* tipo III
Dias H.N. H.N.* H. E. tipo I H. E.* tipo I H. E. tipo II H. E.* tipo II H. E. tipo III H. E.* tipo III
Segunda 4,00 4,00
Terça 4,00 4,00
Quarta 4,00 4,00
Quinta 4,00 4,00
Sexta 4,00 4,00
Sabádo 4,00 2,00 2,00
Domingo
Total* 24 20 2 2
Encargos
AD H. E. AD Noturno
Sociais
24,00 H.N. 123,50% 53,64
20,00 H.N.* 123,50% 37,14% 61,30
H. E. tipo I
2,00 H. E.* tipo I 123,50% 50,00% 37,14% 9,20
H. E. tipo II
2,00 H. E.* tipo II 123,50% 50,00% 37,14% 9,20
H. E. tipo III
H. E.* tipo III
Caderno 18 - Ar condicionado
UNID. QUANT. Unitários Totais Geral
Mão de Obra - Material -
Título da Etapa ou Atividade Mão de Obra Material Total
DEFLACIONADO DEFLACIONADO
18.03.158 Niple duplo galvanizado com rosca PEÇA 9 16,97 212,09 152,70 1.908,80 2.061,50
Estudo de Caso
Mão de Obra Suplementar - Garantia e Controle da Qualidade 26.211,68 95.791,46
19 – Acréscimo
Aux Técnico da Qualidade - 1.617,44 - -
na
Engenheiro do Meio Ambiente/Coordenador 0,33 4.492,42 3,96 53.909,06
Enc.do Meio Ambiente/Técnico 1,00 3.490,20 12,00 41.882,40
Aux Técnico Meio Ambiente - - - -
Administração
Descrição Quantidade / Mês R$ / Mês Quantidade Total R$ Total
Local em
Auxiliar Técnico 1,00 2.095,20 12,00 25.142,40
Apropiador 1,00 1.629,00 12,00 19.548,00
Desenhista / Cadista 1,00 5.031,00 12,00 60.372,00
virtude de
Descrição Quantidade / Mês R$ / Mês Quantidade Total R$ Total
atraso na
Comprador 1,00 3.490,20 12,00 41.882,40
Recepcionista Ajudante 1,00 1.747,80 12,00 20.973,60
Motorista 1,00 1.967,40 12,00 23.608,80
Faxineira/copeira/Servente 1,00 1.629,00 12,00 19.548,00
execução da
Mensageiro / Ajudante 1,00 1.629,00 12,00 19.548,00
Vigia 4,00 8.316,00 48,00 99.792,00
Eletricista de Apoio 1,00 1.629,00 12,00 19.548,00
Ajudante de Apoio 2,00 3.258,00 24,00 39.096,00
obra.
Mão de Obra Suplementar - Produção 58.305,60 699.667,20
Estudo de Caso 19
Aux Técnico Meio Ambiente - - - -
– Acréscimo na
Encarregado de S.T (Medição) 1,00 3.490,20 18,00 62.823,60
Técnico de Edificações 2,00 7.700,40 36,00 138.607,20
Auxiliar Técnico 1,00 2.095,20 18,00 37.713,60
Apropiador 1,00 1.629,00 18,00 29.322,00
Administração
Desenhista / Cadista 1,00 5.031,00 18,00 90.558,00
Local em virtude
Encarregado Pessoal 1,00 3.490,20 18,00 62.823,60
Almoxarife 1,00 1.629,00 18,00 29.322,00
Comprador 1,00 3.490,20 18,00 62.823,60
Recepcionista Ajudante 1,00 1.747,80 18,00 31.460,40
de atraso na
Motorista 1,00 1.967,40 18,00 35.413,20
Faxineira/copeira/Servente - - - -
Mensageiro / Ajudante 1,00 1.629,00 18,00 29.322,00
Vigia 3,00 6.237,00 54,00 112.266,00
execução da obra.
Eletricista de Apoio 1,00 1.629,00 18,00 29.322,00
Ajudante de Apoio 1,00 1.629,00 18,00 29.322,00
Estudo de Caso 19
Mão de Obra Suplementar - Meio Ambiente 3.490,20 41.882,40
– Acréscimo na
Enc.do Meio Ambiente/Técnico 1,00 3.490,20 12,00 41.882,40
Aux Técnico Meio Ambiente - - - -
Administração
Encarregado de S.T (Medição) 1,00 3.490,20 12,00 41.882,40
Técnico de Edificações 2,00 7.700,40 24,00 92.404,80
Auxiliar Técnico 1,00 2.095,20 12,00 25.142,40
Apropiador 1,00 1.629,00 12,00 19.548,00
Local em virtude
Desenhista / Cadista 1,00 5.031,00 12,00 60.372,00
de atraso na
Encarregado Pessoal 1,00 3.490,20 12,00 41.882,40
Almoxarife 1,00 1.629,00 12,00 19.548,00
Comprador 1,00 3.490,20 12,00 41.882,40
Recepcionista Ajudante 1,00 1.747,80 12,00 20.973,60
execução da obra.
Motorista 1,00 1.967,40 12,00 23.608,80
Faxineira/copeira/Servente - - - -
Mensageiro / Ajudante 1,00 1.629,00 12,00 19.548,00
Vigia 3,00 6.237,00 36,00 74.844,00
Uma outra
Eletricista de Apoio 1,00 1.629,00 12,00 19.548,00
Ajudante de Apoio 1,00 1.629,00 12,00 19.548,00
variante possível
Descrição Quantidade / Mês R$ / Mês Quantidade Total R$ Total
“Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à
vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos:
[...]
§ 1.º Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e de entrega
admitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas do contrato e assegurada
a manutenção de seu equilíbrio econômico-financeiro, desde que ocorra algum
dos seguintes motivos, devidamente autuados em processo:
[...]
III – interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo de trabalho
por ordem e no interesse da Administração”.
Estudo de Caso 20 – Suspensão dos Serviços
a Pedido da Administração.
Análise: Quanto à pertinência do pagamento da indenização, o artigo 79 da
Lei 8.666/93 traz a seguinte disposição:
“§ 2º Quando a rescisão ocorrer com base nos incisos XII a XVII do artigo
anterior, sem que haja culpa do contratado, será este ressarcido dos prejuízos
regularmente comprovados que houver sofrido, tendo ainda direito a:
I - devolução de garantia;
II - pagamentos devidos pela execução do contrato até a data da rescisão;
III - pagamento do custo da desmobilização”.
“Prescrições Gerais
Considera-se que a empresa tem conhecimento pleno das especificidades e
dificuldades do local da obra, tendo esse fato sido levado em consideração
quando da definição de sua proposta comercial, não cabendo assim qualquer
dúvida quanto a sua validade.
Considera-se também que está plenamente entendido no ato convocatório, e
assumido comercialmente pela futura CONTRATADA, que a CONTRATANTE
determina que os presentes serviços serão executados OBRIGATORIAMENTE
em regime de dois turnos diurnos, tendo em vista o exíguo prazo de execução
das obras.
Entende-se, em consequência, que os preços apresentados em sua proposta
compreendem na íntegra todos os serviços necessários à execução do edifício
e das obras nessas condições. “
Estudo de Caso 22 – Interferências não previstas
Análise: (continuação)
“(...)
A PROPONENTE deverá realizar visita técnica ao local e não será admitido
posteriormente, à CONTRATADA alegar desconhecimento das atuais
condições e das medidas necessárias à execução dos serviços.
(...)
Após a visita técnica, a PROPONENTE deverá comunicar discrepâncias que
possam trazer embaraços ao perfeito desenvolvimento dos trabalhos.
Nenhum pagamento adicional será efetuado aos serviços que sobrevierem
durante a execução das obras/serviços para o perfeito andamento do objeto
do contrato e das sugestões apresentadas pela CONTRATANTE. Desta
forma, a PROPONENTE deverá executar minucioso estudo do local antes da
apresentação da sua proposta. Os respectivos custos, por todos os serviços
necessários à perfeita execução das soluções, deverão estar incluídos nos
preços constantes da proposta da CONTRATADA.
(...)
Após a assinatura do contrato pela CONTRATADA ficará pressuposta a
concordância tácita de todas as condições constantes neste Termo de
Referência - TR e demais documentos, não cabendo qualquer alegação
posterior sobre divergências entre os mesmos.”
Estudo de Caso 22 – Interferências não previstas
Análise: (continuação)
•Ante o exposto, com exceção do remanejamento da rede de drenagem,
todas as interferências e falhas de projeto alegadas pela empresa não
constituem justificativa para os atrasos verificados na obra. São riscos
exclusivos da contratada, e deveriam ter sido considerados em sua proposta.
•Com certa razão, o órgão poderia se negar a aditar o prazo de execução
contratual e o valor do contrato, tendo em vista a clareza das especificações
dos serviços.
•Preferimos aqui conferir entendimento diverso ao pleito.
•Ante o exposto, a necessidade de remanejar os postes de iluminação,
serviço que poderia ser antevisto de forma imediata na vistoria realizada não
poderia ser aditado em uma empreitada por preço global.
•Por outro lado, no caso em questão, empreitada por preço unitário,
considerando-se haver de fato uma omissão na planilha, orçamentária, cabe
fazer a inclusão dos serviços de remanejamento e, por consequência,
prorrogar o contrato por alguns dias.
Estudo de Caso 22 – Interferências não previstas
Análise: (continuação)
•A realização dos furos na estrutura de concreto é atividade inerente à fixação
da estrutura metálica nos pilares de concreto armado. Não há de se falar em
aditivo ou na realização de serviço novo.
•No caso do remanejamento da rede de drenagem, como se tratava de uma
instalação que estava com sua localização erroneamente indicada no projeto,
elaborado pelo contratante, faz-se necessário a realização do aditamento do
contrato, incluindo os serviços de remanejamento da rede de drenagem e
prorrogando-se o prazo de execução contratual pelo período necessário.
Estudo de Caso 23 – Indenização por
Supressão de Serviços
Pleito: Considere que em uma obra de reforma, um dos serviços a ser
executado era a execução de um piso de granito com 2000 metros quadrados.
Por uma necessidade superveniente devidamente justificada, a
Administração suprimiu 300 metros quadrados de piso, pois uma das áreas a
ser reformada foi cedida para uso de outro órgão.
O serviço de assentamento de piso de granito foi contratado por R$
185,59/m2, decomposto em R$ 148,47 de custo direto e 25% de BDI.
A composição de custo unitário apresentada pela contratada foi a mesma
utilizada pela Administração, correspondente ao serviço 84190 do Sinapi:
Estudo de Caso 23 – Indenização por
Supressão de Serviços
Pleito: Pois bem, alegando que já havia adquirido todo o material para
execução da obra, a empresa solicita indenização de R$ 55.676,25,
correspondendo à multiplicação do preço contratual do serviço e o
quantitativo que foi suprimido.
Estudo de Caso 23 – Indenização por
Supressão de Serviços
Análise: A Lei 8666/1993, em seu art. 65, §4º, prevê que no caso de
supressão de obras, bens ou serviços, se o contratado já houver adquirido
os materiais e posto no local dos trabalhos, estes deverão ser pagos pela
Administração pelos custos de aquisição regularmente comprovados e
monetariamente corrigidos, podendo caber indenização por outros danos
eventualmente decorrentes da supressão, desde que regularmente
comprovados.
Portanto, o pleito não é totalmente procedente, primeiro porque a empresa
está fazendo incidir BDI sobre o custo do serviço, o que não é cabível, pois
não incorrerá em despesas tributárias faturando os serviços não executados
e, tampouco, deverá ser indenizada pelo lucro que seria auferido sobre o
serviço. Ainda que alegue ter sofrido danos por lucros cessantes, entende-se
que a interpretação literal do dispositivo não permite tal indenização, embora
seja matéria controversa no Poder Judiciário.
Segundo, a empresa deve ser indenizada apenas pelos materiais, e apenas
estes, não cabendo indenização pelos itens “marmorista/graniteiro” e
“servente”, constantes da composição.
Estudo de Caso 23 – Indenização por
Supressão de Serviços
Análise: Terceiro, apenas os materiais postos na obra e que não possam
ser reaproveitados devem ser indenizados. Imaginando que os insumos
“cimento” e “areia” da argamassa possam ser reaproveitados em outros
serviços, não caberá indenização.
Resta a indenização para o insumo “granito”. São duas hipóteses: o
material já adquirido e posto na obra (cabe indenização) ou ainda não posto
na obra (não deve ser indenizado).
O granito, se estiver na obra, deverá ser indenizado pelo custo de aquisição
efetivo (por exemplo, R$ 100,00/m2), e não pelo custo declarado na
composição R$ 122,82.
Assim, o valor a ser ressarcido ao empreiteiro é de apenas R$ 30.000,00.
(300 m2 x R$ 100,00/m2). Se houver alguma incidência tributária nesse
pagamento, poderá ser acrescida ao valor indenizado.
A propriedade do granito, obviamente, é da Administração, que poderá
leiloar, utilizar, doar ou dar a finalidade ao bem que entender necessária,
seguindo a legislação pertinente.
Estudo de Caso 24 – Desenquadramento da
empresa no Simples
Pleito: Determinada microempresa foi contratada para executar uma obra. Em
virtude do acréscimo de faturamento obtido, a empresa foi excluída do Simples,
motivo pelo qual pleiteou a aplicação do disposto no art. 65, §5º, da Lei 8666/93,
solicitando o aumento do BDI de 24,83% para 39,10%, conforme detalhamento
apresentado a seguir:
“§ 5º Quaisquer tributos ou encargos legais criados, alterados ou extintos, bem como
a superveniência de disposições legais, quando ocorridas após a data da
apresentação da proposta, de comprovada repercussão nos preços contratados,
implicarão a revisão destes para mais ou para menos, conforme o caso”
ITEM DISCRIMINAÇÃO VALOR (R$) TAXA (%) ITEM DISCRIMINAÇÃO VALOR (R$) TAXA (%)
Houve a perda
de um desconto
contratual
inicialmente
pactuado de
8,49% e o
surgimento de
um sobrepreço
de 13,45% após
aditivos.
Estudo de Caso 27: Jogo de Planilha
Segunda Causa:
Problema:
Em determinado empreendimento, o projeto básico quantificou determinada
quantidade de resíduos da classe II-A (não-inerte) e da classe II-B (inertes).
Do material total a ser removido, a proporção seria de 10% de classe II-A e
90% de classe II-B.
Durante a execução da obra, tal proporção se modificou (90% para o II-A) e
10% para a classe II-B.
Tal fato ocasionará a extrapolação dos limites legais de aditamento contratual,
calculados segundo a metodologia do Acórdão 749/2010-Plenário.
Estudo de Caso 30: Mudança na Caracterização de Solo
Solução:
Tratando-se de empreitada por preço unitário, é uma situação tipicamente
vivenciada por vários órgãos contratantes, principalmente os que executam
obras rodoviárias, de infraestrutura ou de saneamento.
A solução é realizar o aditamento contratual e buscar justificar a eventual
extrapolação dos limites legais com base nos seis pressupostos presentes na
Decisão 215/1999.
Dada a simplicidade do problema, também não custa nada realizar uma
licitação específica para o descarte adicional do resíduo II-A.
Estudo de Caso 30: Mudança na Caracterização de
Solo
Análise: Recorda-se que a alteração contratual em virtude de modificações do
projeto ou das especificações, escorada no art. 65, I, “a”, da Lei 8.666/93, é uma
alteração UNILATERAL da Administração, estando o construtor obrigado a aceitá-
la.
Não se trata, portanto, de assunto que componha o direito subjetivo do contratado, e
sim prerrogativa da Administração.
A doutrina e a jurisprudência (ex: Acórdão 554/2005-Plenário do TCU), entendem
que a modificação unilateral do contrato é uma prerrogativa da Administração, no
exercício da supremacia do interesse público na execução da avença.
Tal alteração deve ocorrer de motivo SUPERVENIENTE e devidamente
comprovado. Não há uma liberdade para a Administração impor a alteração como
lhe aprouver, pois houve previamente uma licitação.
A Administração tem de evidenciar a superveniência de motivo justificador da
alteração contratual, demonstrando que a solução prevista originalmente em projeto
não se revelou a mais adequada.
Como princípio geral, não se admite que a modificação do contrato, ainda que por
mútuo Acordo entre as partes, importe alteração radical ou acarrete frustração aos
princípios da obrigatoriedade da licitação e isonomia.
Estudo de Caso 30: Mudança na Caracterização de
Solo
Análise: (continuação)
Feitas essas considerações, avalia-se, em caráter precário, que a mudança no tipo
de resíduo possa se enquadrar na condição de ser um fato superveniente.
Assim, resta que o Administrador avalie profundamente se há procedência na
informação prestada pelo contratado, valendo-se, inclusive, da opinião de outros
especialistas, da empresa projetista e da realização de ensaios por outra empresa
especialmente contratada.
A modificação contratual necessita de robusta comprovação técnica da
inadequação da previsão original. Assim, dependerá de critérios técnicos que
comprovem que as quantidades licitadas estavam erradas e/ou que a solução
adotada anteriormente era antieconômica, ineficaz ou inviável.
A celebração do aditamento contratual também deverá observar a manutenção do
desconto originalmente ofertado pela licitante.
A eventual inclusão de novos serviços deverá se dar com preços inferiores aos de
mercado, mantida a proporcionalidade entre o preço proposto na licitação e o
orçamento-base da Administração, em observância aos artigos 14, 15 e 17 do
Decreto 7983/2013,
Estudo de Caso 31: Mudança de locação de reservatório
em obra de contenção de enchentes
Problema:
Por um motivo superveniente, em virtude da solicitação de outro órgão
público, foi necessário remanejar a locação de uma parcela da obra, no caso
uma lagoa de contenção de enchentes.
Tal mudança poderia ensejar o questionamento se haveria ou não mudança
do objeto licitado. Também poderá haver extrapolação dos limites legais de
aditamento contratual.
Como proceder?
Estudo de Caso 31: Mudança de locação de reservatório
em obra de contenção de enchentes
Solução:
São plenamente válidas todas as recomendações realizadas no estudo de
caso 26.
É inevitável a supressão total do serviço contratado e a inclusão de novo
serviço, com o preço acordado entre as partes.
Sugere-se pesquisar a DMT do novo trajeto no google maps, observar o
tempo de trajeto em vários horários do dia para obter uma velocidade média,
e utilizar a metodologia do Sicro ou do Sinapi, para compor o custo unitário do
serviço.
Aplicar a taxa de BDI do orçamento-base do órgão e a taxa de desconto
obtida na licitação.
A taxa de royaltie do bota-fora deve ser obtida por meio de cotações de
preços.
Estudo de Caso 31: Mudança de locação de reservatório
em obra de contenção de enchentes
Solução:
Tratando-se de obra custeada com recursos federais, deve-se ter especial
cautela com a prévia aprovação pelo órgão concedente da modificação do
plano de trabalho, caso contrário pode restar caracterizado desvio de
finalidade ou desvio de objeto.
Toda a semana o TCU julga irregular as contas de algum Prefeito que
celebrou convênio para pavimentar a avenida “A” e pavimentou a avenida “B”.
Estudo de Caso 31: Mudança de locação de reservatório
em obra de contenção de enchentes
Solução:
Escavadeira
Caminhão Potência de 111 HP Potência de 155 HP
(volume concha = 0,8 m³) (volume concha = 1,3 m³)
14 m³ 00:05:40 00:03:28
18 m³ 00:07:14 00:04:24
Assim:
1 / (156,77) = 0,0064
16 / (164,76) = 0,0971.
Questão:
Qual a diferença entre sobrepreço e superfaturamento?
Sobrepreço e Superfaturamento
Acórdão 1155/2012-Plenário
Sobrepreço e Superfaturamento
Consideração do BDI
Contrato Paradigma
item Quant. Final $ Uniário $ Total $ Uniário $ Total Sobrepreço
1 400 30,00 12.000,00 25,00 10.000,00 2.000,00
2 300 30,00 9.000,00 20,00 6.000,00 3.000,00
3 300 20,00 6.000,00 10,00 3.000,00 3.000,00
4 200 10,00 2.000,00 25,00 5.000,00 -
Totais 29.000,00 24.000,00 8.000,00
Acórdão 1551/2008-Plenário
Contrato Paradigma
Item Quant. final $ Unitário $ Total $ Unitário $ Total Sobrepreço
1 400 30,00 12.000,00 25,00 10.000,00 2.000,00
2 300 30,00 9.000,00 20,00 6.000,00 3.000,00
3 300 20,00 6.000,00 10,00 3.000,00 3.000,00
4 200 10,00 2.000,00 25,00 5.000,00 (3.000,00)
Totais 29.000,00 24.000,00 5.000,00
Sobrepreço e Superfaturamento
Método do Desconto
SITUAÇÃO ORIGINAL APÓS ADITIVOS
PARADIGMA
ORÇAMENT
QUANT. FINAL
CONTRATO
QUANT.
INICIAL
ORÇAMENTO
ITEM
O
CONTRATO
PARADIGMA
MÉTODO DO DESCONTO
Orçamento paradigma final 24.000,00
-Desconto de 2,56% (615,38)
Valor final do contrato 23.384,62
ORÇAMENTO
preços unitários
QUANT. INICIAL
PARADIGMA
CONTRATO
Débito/crédito
Diferença dos
Diferença nos
quantitativos
ORÇAMENTO
ITEM
CONTRATO QUANT.
PARADIGMA
FINAL
Sim
O contrato
Apresentou
Sobrepreço
Original?
Método da Método da
Limitação do Limitação do
Preço Unitário Preço Global
Método do Método do
Desconto Balanço
Sobrepreço e Superfaturamento
Lei 8.666/93
Lei 8429/92
SERVIÇOS “A”
VALOR DESCONTADO
PAGAMENTOS ANTECIPADOS EFEIVA REALIZAÇÃO DOS PELA TAXA SELIC
(VALOR NOMINAL) SERVIÇOS PRESTADOS (1% a.m)
1) adotou-se a fórmula do desconto racional composto (por dentro) para calcular o valor total descontado;
2) adotou-se a taxa mensal Selic equivalente a 1% para fins de simplificação do exemplo; e
3) adotou-se a data-base do adiantamento dos pagamentos como origem do débito (30/12/2010).
Sobrepreço e Superfaturamento
Superfaturamento por reajustes irregulares
d) pela substituição de insumos por outros de qualidade inferior ou pela deficiência na execução de
obras e serviços de engenharia que resulte em diminuição da qualidade, vida útil ou segurança
(superfaturamento de qualidade);
i) pela prorrogação injustificada do prazo contratual com custos adicionais para o contratante.
Jogo de Planilha
PARADIGMA
ORÇAMENT
CONTRATO
QUANT.
INICIAL
ORÇAMENTO
ITEM
O
CONTRATO QUANT.
PARADIGMA
FINAL
Projeto básico
mal elaborado Inexistência de critérios Alterações
de aceitabilidade de injustificadas
preços unitários nos e corriqueiras
editais de projetos
Jogo de Planilha
Decreto 7.983/2013
5.1 Estrutura de aço para cobertura : fabricação, transporte e montagem Kg 68.848,88 8,50 585.215,48 8,50 585.215,48 - 0%
Decreto 7.983/2013
Lei 8666/93
Alteração Alteração
qualitativa quantitativa
Alterações de projeto
• Embora provoquem
alterações em quantidades
de serviços, não alteram a
dimensão – volume de
Qualitativas
serviço – do objeto
• Admissíveis, em regra,
tanto para EPU quanto para
EPG
Alterações
• Influenciam diretamente na
dimensão – volume de
serviço – do objeto
Quantitativas
• Admissíveis, em regra,
somente para EPU
Alterações de projeto
• 8.1 (...) responder à consulta formulada pelo (...) nos seguintes termos:
Decisão 215/1999-P
Limites de alteração contratual
Lei 8.666/93
• Art. 65
§ 1o O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas
condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem
nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por
cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular
de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50%
(cinquenta por cento) para os seus acréscimos.
Limites de alteração contratual
Acórdão 749/2010-Plenário
No mesmo sentido, os Acórdãos 1.428/2003,
2.206/2006, 2.048/2008, 1.981/2009, 749/2010,
1.200/2010, 1.924/2010, 2.530/2011, 2.738/2011,
510/2012, 645/2012, 906/2012, 1.498/2015,
1.536/2016, 2.005/2016, todos do Plenário, e
outros.
Limites de alteração contratual
Questão:
É possível extrapolar os limites legais de acréscimos contratuais em obras
públicas? Em que casos?
Limites de alteração contratual
• 8.1 (...) responder à consulta formulada pelo (...) nos seguintes termos:
Decisão 215/1999-Plenário
Limites de alteração contratual
• (cont.)
I - não acarretar para a Administração encargos contratuais
superiores aos oriundos de uma eventual rescisão contratual por
razões de interesse público, acrescidos aos custos da elaboração de
um novo procedimento licitatório;
• (cont.)
V - ser necessárias à completa execução do objeto original do
contrato, à otimização do cronograma de execução e à antecipação
dos benefícios sociais e econômicos decorrentes;
Decisão 215/1999-Plenário
Estudo de Caso – Cálculo do Limite
de Aditamento Contratual
Motivos para o Entendimento do TCU
Acórdão 2614/2016-Plenário
Motivos para o Entendimento do TCU
Acórdão 2614/2016-Plenário
Motivos para o Entendimento do TCU
f) Fuga ao dever de licitar, mediante a inclusão de itens estranhos ao
objeto licitado, e por meio de substanciais alterações na planilha
licitada, a exemplo do caso que ora se examina, as quais fazem com
que a maior parte do serviço efetivamente executado e liquidado sequer
tenha passado pelo crivo de um certame. Neste caso, após a supressão
de 64,44% dos serviços, remanesceu na planilha apenas 35,56% do
objeto originalmente licitado. Após o acréscimo ocorrido de 89,4% em
relação ao valor inicial contratado, é forçoso concluir que a maior parte
dos quantitativos medidos e pagos não foram objeto de um regular
procedimento licitatório.
Acórdão 2614/2016-Plenário
Modulação Temporal
“é juridicamente viável a compensação entre o conjunto de
acréscimos e supressões ao objeto dos contratos referentes a
obras de infraestrutura celebrados antes do trânsito em
julgado do Acórdão 749/2010 - Plenário por órgãos e
entidades vinculados ao Ministério dos Transportes”.
Acórdão 3105/2013-Plenário
Consequências
39. A respeito dos acréscimos contratuais superiores aos limites legais
previstos no art. 65, §1º, da Lei 8666/1993, registrados nos Contratos
14/2006 e 16/2006, foram ouvidos em audiência os senhores José Francisco
das Neves e Ulisses Assad.
40. No Contrato 14/2006, o terceiro, quinto e sétimo termos de aditamento
promoveram, em conjunto, supressões e acréscimos de serviços de,
respectivamente, 71,49% e 96,45% em relação ao valor original do contrato.
Por sua vez, no valor inicial do Contrato 16/2006 foram procedidas
supressões de 30,55% e acréscimos de 51,08%.
41. Tais percentuais foram calculados pela equipe de auditoria segundo
jurisprudência consolidada desta Corte de Contas, no sentido de que as
reduções ou supressões de quantitativos devem ser consideradas de forma
isolada, ou seja, o conjunto de reduções e o conjunto de acréscimos devem
ser sempre calculados sobre o valor original do contrato, aplicando-se a cada
um desses conjuntos, individualmente e sem nenhum tipo de compensação
entre eles, os limites de alteração estabelecidos no art. 65 da Lei 8.666/1993.
42. Os responsáveis alegaram, em síntese, que foi observada a disposição
da Lei 8.666/1993, que não especifica que os acréscimos e supressões
devam ser contabilizados de forma individual e sim sobre o valor contratual.
Acórdão 1498/2015-Plenário
Consequências
(...)45. Conforme registrado pela equipe de auditoria, a situação
encontrada alterou significativamente os quantitativos dos projetos
inicialmente contratados, ocasionando relevantes alterações em relação
ao projeto básico originalmente licitado. Do contrato 14/2006, por
exemplo, permaneceu na planilha menos de 29% do objeto originalmente
licitado. Embora não tenha ocorrido variação superior a 25% do valor
inicial do contrato, o objeto licitado foi profundamente alterado.
46. No âmbito da auditoria realizada no Fiscobras/2012, apreciada
recentemente pelo Acórdão 1.351/2015-TCU-Plenário, também foi
verificada que a assinatura de aditivos contratuais promoveu a exclusão
de serviços descaracterizando funcionalmente o objeto inicialmente
licitado. (...)
46. É de se observar também que há evidências de que houve supressão
de itens que eram essenciais para a conclusão do objeto ou à integridade
da ferrovia (proteção vegetal de taludes e drenagem) em alguns pontos,
causando perda de serviços já realizados, conforme relatado no relatório
que fundamentou o Acórdão 1.351/2015-TCU-Plenário.
47. Foi observado que no lote 1 da FNS (Contrato 14/2006) ficaram
pendentes de execução os seguintes serviços:
Acórdão 1498/2015-Plenário
Consequências
a) a execução da superestrutura no Túnel 2;
b) o reparo e complemento da infraestrutura e execução da superestrutura
do trecho final de aproximadamente 7 km entre o Túnel 2 e o Pátio
Intermodal do Porto Seco;
c) a solução para as oito interferências com redes elétricas de 69 kV e 138
kV existentes entre o Túnel 2 e o pátio Intermodal do Porto Seco; e
d) a execução do Pátio Intermodal de Anápolis, junto ao Porto Seco, motivo
de existência do Ramal Ouro Verde – Anápolis formado pelos lotes S/N e 1.
48. No Lote 3, objeto do Contrato 16/2006, o relatório que embasa
o Acórdão 1.351/2015-TCU-Plenário informa que houve modificação por
termo aditivo que retirou 100% dos dormentes com bitola mista e, em seu
lugar, permitiu a construção do lote apenas com dormentes de bitola larga,
ou seja, sem os shoulders para a instalação do terceiro trilho, criando para
a Valec ou para a futura concessionária a necessidade de substituição de
todos os dormentes do lote para levar a ferrovia à sua condição operacional
de projeto.
49. Assim, a supressão de serviços indispensáveis para a operação da
ferrovia teve como único objetivo aumentar a margem para acréscimos de
serviços, de forma que o valor final do contrato não superasse em mais de
25% o seu valor original.
Acórdão 1498/2015-Plenário
Consequências
51. Dessa forma, adoto na presente deliberação o mesmo
posicionamento acolhido no Acórdão 1.910/2012-Plenário, que multou os
referidos responsáveis por falha idêntica.
Acórdão 1498/2015-Plenário
Comentários sobre o Ac. 749/2010-Plenário
● Trata-se de mera interpretação com uma regra algébrica de como calcular
os limites legais de aditamento.
● A bem da verdade, o TCU adota tal premissa desde 2003, conforme se
depreende do Acórdão 1428/2003-Plenário.
● Os gestores públicos não deveriam se importar tanto com o critério de não
compensar os acréscimos e supressões de serviços.
● O entendimento do TCU realmente importante é aquele contido na Decisão
215/1999-Plenário, o qual estabelece em que situações os limites legais de
aditamento podem ser ultrapassados.
● Ainda que se admitisse compensar acréscimos e supressões de serviços, o
problema não deixaria de existir. Dada a qualidade precária de vários
projetos, é muito comum haver a extrapolação dos limites legais. E o que
fazer? Paralisar a obra? Licitar o remanescente? Aditar o contrato acima do
limite legal?
● Vai acabar sendo necessária a utilização da Decisão 215/1999.
Comentários sobre o Ac. 749/2010-Plenário
● Enfatiza-se que os limites de 25% ou 50% se referem ao valor global do
contrato. Não há absolutamente nenhum óbice para um determinado
serviço ser aditado em percentual muito superior.
● Explicando melhor, os limites de 25% ou 50% estão relacionados com os
critérios de adjudicação da licitação (por item ou por lote). Por exemplo,
numa licitação para a merenda escolar, foram adjudicados 100 abacates e
100 melancias em um mesmo lote, então cada gênero alimentício poderá
ser aditado em mais de 25%, desde que respeitado o tal percentual em
relação ao valor global da contratação.
● Caso a adjudicação fosse por item, tendo a mesma empresa se sagrado
vencedora do item “abacate” e do item “melancia”, entende-se que cada
quantitativo só poderia ser acrescido em 25%.
● Importante ressaltar que os aditamentos enquadrados no art. 65, inciso II,
alínea “d” (reequilíbrio econômico-financeiro) não são computados no
cálculo dos limites legais de 25% (ou 50%, no caso de reformas).
Comentários sobre o Ac. 749/2010-Plenário
● Em contratos de caráter continuado, o TCU, ao examinar caso que
envolvia a verificação do percentual de alteração contratual quantitativa
nessa espécie de contrato, entendeu que a base de cálculo deve ser o
valor original da avença, sem qualquer acréscimo oriundo das
prorrogações:
“20. No caso sob exame, os acréscimos de valor se deveram a alterações
quantitativas de objeto e não simplesmente a sucessivas prorrogações de
serviços contínuos. Assim, nos termos do art. 65 da Lei de Licitações, o
cálculo do limite previsto nos §§ 1º e 2º do dispositivo, deve tomar como base
o valor inicial atualizado do contrato, sem os acréscimos advindos das
prorrogações.” (Acórdão 1.550/2009-Plenário).
● Exemplificando, se o contrato de prestação de serviço contínuo foi
pactuado por um valor hipotético de 100, e foi, posteriormente, prorrogado
cinco vezes, o valor global da contratação será de 500. Nessa linha, para
fins de cálculo do percentual de alteração, a Administração deverá
considerar não o valor 500, mas sim o valor 100, atualizado –reajustado
ou revisado -, para aplicar o limite contido no Art. 65, §1º da Lei de
Licitações.
Comentários sobre o Ac. 749/2010-Plenário
● Por meio do Acórdão 1.733/2009-Plenário o TCU entendeu que os termos
aditivos que modifiquem o valor originalmente contratado devem observar
o seguinte balizamento:
"I - tais limites não se referem ao saldo dos acréscimos menos os
decréscimos, mas ao total tanto dos acréscimos quanto dos decréscimos;
II - para se efetuar o cálculo do valor possível a ser aditado, deve-se, além
de atualizar o valor inicial do contrato, atualizar também os valores dos
aditivos já efetuados;
III - o valor encontrado considerando a atualização do contrato se refere ao
valor possível de ser aditado na data em questão, mas, para se efetuar o
aditivo a preços iniciais, deve-se deflacionar o valor encontrado até a data-
base".
● A despeito de tal precedente, recomenda-se trabalhar com todos os
preços originais (a P0), pois é uma forma mais pragmática para calcular
os percentuais de aditamento.
● Utilizar preços contratuais reajustados podem fazer o gestor cair em
algumas “armadilhas”, conforme tabelas a seguir:
Comentários sobre o Ac. 749/2010-Plenário
Comentários sobre o Ac. 749/2010-Plenário
Comentários sobre o Ac. 749/2010-Plenário
● Dependendo de como a planilha orçamentária é estruturada, pode haver a
necessidade de aditar mais ou menos o contrato.
● Por exemplo, considere que uma planilha orçamentária contém, dentre
outros serviços, os seguintes itens:
Resolução:
Valor original contratado: R$ 100,00
Valor acrescido pelo 1º Aditivo R$ 20,00 (Obs: já pode ter
havido extrapolação do limite legal).
Valor do contrato aditado: R$ 120,00.
Margem teórica máxima para a inclusão de novos
serviços ou acréscimos dos quantitativos existentes: R$
5, ou 5% do valor original contratado.
Adianta alguma coisa suprimir uma parte do objeto? Não,
Pois não é realizada compensação entre acréscimos e
supressões.
Particularidades de Aditamentos
Contratuais no RDC
Algumas Inovações e Pontos Polêmicos do RDC
● Inversão das fases de habilitação e apresentação das propostas de preço;
● Fase recursal única;
● Sigilo do orçamento;
● Contratação integrada a partir de anteprojeto de engenharia;
● Remuneração variável vinculada ao desempenho do contratado;
● Negociação de condições mais vantajosas com as licitantes;
● Contratação simultânea para o mesmo objeto;
● Possibilidade de disputa por lances;
● Procedimento de disputa aberto ou fechado, permitindo a combinação de
ambos os modos de disputa;
● Formato eletrônico ou presencial;
● Possibilidade de lances intermediários ou de o edital estabelecer intervalo
mínimo entre dois lances subsequentes de uma mesma licitante.
Algumas Inovações e Pontos Polêmicos do RDC
● Divulgação eletrônica do edital, acabando com a obrigatoriedade de
publicação de avisos de licitação em jornais.
● Novos critérios de julgamento das propostas: (i) menor preço ou maior
desconto; (ii) técnica e preço; (iii) melhor técnica ou conteúdo artístico; (iv)
maior oferta de preço; (v) maior retorno econômico;
● Catálogo eletrônico de padronização de compras, serviços e obras;
● Contratos de eficiência;
● Pré-qualificação permanente;
● Acesso a documentos contábeis da contratada;
● Novos critérios para exame da exequibilidade e economicidade das
propostas;
● Uso do Sinapi e de outras fontes de preços referenciais.
As duas opções do RDC
Contratação Integrada (Lei 12.462/2011)
Art. 9o Nas licitações de obras e serviços de engenharia, no
âmbito do RDC, poderá ser utilizada a contratação integrada,
desde que técnica e economicamente justificada e cujo
objeto envolva, pelo menos, uma das seguintes condições:
I - inovação tecnológica ou técnica;
II - possibilidade de execução com diferentes metodologias;
ou
III - possibilidade de execução com tecnologias de domínio
restrito no mercado.
§1o A contratação integrada compreende a elaboração e o
desenvolvimento dos projetos básico e executivo, a execução
de obras e serviços de engenharia, a montagem, a realização
de testes, a pré-operação e todas as demais operações
necessárias e suficientes para a entrega final do objeto.
Contratação Integrada (Lei 12.462/2011)
§ 3o Caso seja permitida no anteprojeto de engenharia a
apresentação de projetos com metodologias diferenciadas
de execução, o instrumento convocatório estabelecerá
critérios objetivos para avaliação e julgamento das
propostas.
Contratação Integrada (Lei 12.462/2011)
§ 4o Nas hipóteses em que for adotada a contratação integrada, é
vedada a celebração de termos aditivos aos contratos
firmados, exceto nos seguintes casos:
I - para recomposição do equilíbrio econômico-financeiro
decorrente de caso fortuito ou força maior; e
II - por necessidade de alteração do projeto ou das
especificações para melhor adequação técnica aos objetivos
da contratação, a pedido da administração pública, desde que
não decorrentes de erros ou omissões por parte do contratado,
observados os limites previstos no § 1o do art. 65 da Lei no
8.666, de 21 de junho de 1993.
§ 5o Se o anteprojeto contemplar matriz de alocação de riscos
entre a administração pública e o contratado, o valor estimado
da contratação poderá considerar taxa de risco compatível com
o objeto da licitação e as contingências atribuídas ao
contratado de acordo com metodologia predefinida pela
entidade contratante.
Limites de Legais de Aditamento em Contratos
Derivados do RDC
Erros nos projeto elaborado pelo contratado. Contratado Cláusula contratual impondo a correção dos
erros por conta do contratado.
Atraso na liberação da obra por fatos não Contratante Cláusula contratual prevendo revisão do
imputáveis ao contratado, gerando custos cronograma e/ou recomposição do equilíbrio
adicionais. econômico-financeiro.
Roubos e furtos na obra. Contratado Seguro contra riscos de engenharia.
Atrasos causados por demora na obtenção de Contratado Cláusula contratual prevendo a aplicação de
licenças ambientais por culpa do contratado penalidades e de rescisão unilateral do contrato.
Atrasos causados por demora na obtenção de Contratado Cláusula contratual prevendo a aplicação de
licenças ambientais por culpa do contratado penalidades e de rescisão unilateral do contrato.
O uso da Matriz de Riscos na Contratação Integrada
Risco Alocação Mitigação
Aumentos nos custos com salários e materiais Contratado
de construção não decorrentes de alterações
tributárias ou políticas públicas, ensejando
aumentos de custos superiores aos índices de
reajuste contratual.
Prejuízos causados por erros e defeitos na Contratado Cláusula contratual prevendo a aplicação de
execução da obra ensejando reconstrução total penalidades e de rescisão unilateral do contrato.
ou parcial.
Problemas de liquidez financeira do construtor Contratado Cláusula contratual prevendo a aplicação de
ou de subcontratados. penalidades e de rescisão unilateral do contrato.
Não atendimento dos parâmetros mínimos de Contratado
performance estabelecidos no anteprojeto.
Custos adicionais gerados por ações judiciais Contratado
contra o construtor e os seus subcontratados
por força da execução da obra.
Interposição de ações judiciais contra o Contratado Cláusula contratual prevendo a retenção de
contratante por conta da realização da obra por parte dos pagamentos devidos ao contratado no
fatores atribuíveis ao contratado. caso do contratante ser acionado judicialmente
por fatores imputáveis ao contratado.
O uso da Matriz de Riscos na Contratação Integrada
● Acórdão TCU nº 1.510/2013 – Plenário:
9.1.3. a "matriz de riscos", instrumento que define a
repartição objetiva de responsabilidades advindas de
eventos supervenientes à contratação, na medida em que é
informação indispensável para a caracterização do objeto e
das respectivas responsabilidades contratuais, como
também essencial para o dimensionamento das propostas
por parte das licitantes, é elemento essencial e obrigatório
do anteprojeto de engenharia, em prestígio ao definido no
art. 9º, § 2º, inciso I, da Lei 12.462/2011, como ainda nos
princípios da segurança jurídica, da isonomia, do
julgamento objetivo, da eficiência e da obtenção da melhor
proposta;
Os Fundamentos da Contratação Integrada
Valoração e
Remuneração do Risco
(Métodos Qualitativos ou Quantitativos)
Mitigação do Risco
(Seguros, Performance Bond, Reequilíbrio
Econômico-Financeiro)
Matriz de Risco
Como Alocar os Riscos?
● Em geral, o particular deve assumir os riscos que atendam aos
seguintes critérios:
● Se refiram a uma obrigação finalística, em que possam adotar metodologias e
soluções alternativas para adimplemento do objeto;
Por exemplo, a construtora tem que realizar uma compra de uma mercadoria
importada no prazo de 90 dias. Para se proteger da oscilação do câmbio, pode
comprar hoje no mercado de futuros, um montante dessa divisa em valor equivalente
ao da compra.;
● CDS – Credit default swaps – é um tipo de derivativo de crédito por meio do qual há
uma troca de posições, em que o titulara de um crédito paga a uma contraparte
garantidora uma taxa anual, que varia na proporção em que oscilam os riscos, em
troca de uma proteção devida na ocorrência de um evento pré-definido. Essa proteção
pode consistir na liquidação em dinheiro do valor de face da dívida, na desvalorização
de um título ou no pagamento de um valor fixo ou variável, sendo, em geral, devida em
casos de inadimplência, insolvência ou diminuição de rating de crédito.
• Voto Condutor:
Acórdão 282/2008-Plenário
• Trecho da Ementa:
Acórdão 493/2008-Plenário
Formalização do contrato
Ausência de cobertura contratual
• 9.1. determinar a audiência dos responsáveis a seguir relacionados, para que
apresentem, no prazo de 15 (quinze) dias, razões de justificativa sobre os fatos
indicados:
(...)
9.1.5.2. atestação da 24ª medição provisória do contrato, com a
execução de quantitativos de serviços sem cobertura contratual, a saber:
Tapa-buraco (19,404m³), Microrrevestimento (5.315,90m²), Renovação da
sinalização horizontal (47,101m²) e Corte e limpeza das áreas gramadas
(33.512,71m²), com infração do art. 60 da Lei n° 8.666/1993;
Acórdão 1655/2010-Plenário
• Trecho do Voto:
• Sumário:
• (...) Segundo a recorrente, (...) “por que uma empresa que sabe que
será contratada para apresentar o desenho do prêmio e que tem
obrigação de apresentar o produto no ato da contratação, há de ser
considerada como prestadora de serviço sem contrato”.
Acórdão 2380/2013-Plenário
Formalização do contrato
Ausência de cobertura contratual
• 9.2.2. não firme contratos e/ou termos aditivos com data retroativa, de forma a
evitar contratação verbal com a Administração, o que é vedado pelo art. 60,
parágrafo único, da Lei n. 8.666/93;
Acórdão 1811/2007-Plenário
Pagamento por Química
• Trecho do Voto:
Acórdão 1606/2008-Plenário
Formalização do contrato
Publicação
Lei 8.666/93
• Art. 61
Parágrafo único. A publicação resumida do
instrumento de contrato ou de seus aditamentos na
imprensa oficial, que é condição indispensável para sua
eficácia, será providenciada pela Administração até o
quinto dia útil do mês seguinte ao de sua assinatura, para
ocorrer no prazo de vinte dias daquela data, qualquer que
seja o seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado o
disposto no art. 26 desta Lei.
3.3 Admissibilidade de aditivos em empreitada
por preço global
Decreto nº 7983/2013
Art. 13. Em caso de adoção dos regimes de empreitada por
preço global e de empreitada integral, deverão ser
observadas as seguintes disposições para formação e
aceitabilidade dos preços: (...)
II - deverá constar do edital e do contrato cláusula expressa
de concordância do contratado com a adequação do projeto
que integrar o edital de licitação e as alterações contratuais
sob alegação de falhas ou omissões em qualquer das peças,
orçamentos, plantas, especificações, memoriais e estudos
técnicos preliminares do projeto não poderão ultrapassar, no
seu conjunto, dez por cento do valor total do contrato,
computando-se esse percentual para verificação do limite
previsto no § 1º do art. 65 da Lei nº 8.666, de 1993.
Admissibilidade de aditivos em empreitada por
preço global
(www.investidura.com.br/biblioteca-juridica/artigos/administrativo/180748)
Admissibilidade de aditivos em empreitada por preço global
“A tese corrente, aceita pela jurisprudência e pela maioria da doutrina, com a
qual o autor deste estudo não concorda, é de que, em empreitada por preço
global, o licitante oferece proposta pela totalidade da obra ou serviço ou
etapas deste, pelo que ele não é remunerado em razão das unidades
efetivamente executadas. Portanto, para os partidários deste entendimento, o
dimensionamento insuficiente dos quantitativos da obra ou do serviço não
autoriza alteração contratual, qualquer espécie de recomposição ou
incremento da remuneração do contratado. Ele é obrigado a arcar as suas
expensas, em que pese o defeito do projeto básico, com o que for necessário
para executar a obra ou serviço em sua totalidade.
Dessa sorte, percebe-se que a norma encartada (...) é contrária ao
entendimento corrente, porque admite, nestes casos, a alteração contratual,
desde que limitada a 10% do valor do contrato. Ou seja, em empreitada por
preço global, o erro da Administração Pública no dimensionamento do
quantitativo gera, sim, o direito dos contratantes à alteração do contrato,
acréscimo ou supressão, conforme o caso. “
Admissibilidade de aditivos em empreitada por preço global
“De todo modo, causa estranheza as razões pelas quais o dispositivo legal
em comento limitou a alteração contratual, para a correção do
dimensionamento equivocado do projeto básico, em 10% do valor do
contrato, sobremodo tomando em conta que o limite entabulado no §1º do art.
65 da Lei nº 8.666/93 é, em regra, de 25% do valor inicial atualizado do
contrato. Trocando-se em miúdos, o que poderia, sob a égide da Lei nº
8.666/93, ser de 25%, foi reduzido (...) para apenas 10%.
E resta a dúvida: se os 10% forem insuficientes, qual a solução? Rescinde-se
o contrato ou o contratado terá que arcar com a diferença as suas expensas?
Ora, partindo da premissa de que o erro no dimensionamento dos
quantitativos em empreitada por preço global confere direito aos contratantes
à alteração contratual para acrescer ou suprimir o objeto, (...) não é
defensável a tese de que em montante superior a 10% o contratado deve
assumir os custos para si e desonerar a Administração Pública. Logo, se os
10% não forem suficientes para executar o objeto em sua totalidade e sendo
proibido acréscimo superior a tal percentual, não há outra opção afora a
rescisão contratual, o que, diga-se de passagem, deve causar celeumas e
litígios invencíveis, que onerarão pesadamente os cofres públicos e
importarão na descontinuidade de muitos projetos e obras.
Admissibilidade de aditivos em empreitada por preço global
Ao fim e ao cabo, o (...) é contraditório. Ele inicia preceituando que a
Administração Pública deve exigir nos editais e contratos a concordância
expressa dos licitantes e contratado com os termos do projeto básico — o
que corrobora a tese corrente, aqui refutada, segundo a qual o erro no
dimensionamento dos quantitativos do projeto básico é de responsabilidade
do contratado, deve ser suportado por ele e não pela Administração Pública.
Em seguida, o mesmo inciso prescreve que o defeito do projeto básico no
dimensionamento do objeto pode ser corrigido por meio de alteração
contratual, limitada a 10% do valor do contrato — o que desfaz a tese
corrente e corrobora a defendida neste estudo, segundo a qual o erro no
dimensionamento dos quantitativos do projeto básico é de responsabilidade
da Administração Pública e não pode pesar sobre os ombros do contratado,
pelo que, se o quantitativo for insuficiente, deve-se promover alteração
contratual para acrescer o objeto.
Parece ser inesgotável a capacidade do legislador de complicar as licitações
públicas e os contratos administrativos e a atuação dos agentes
administrativos e órgãos de controle.
Alterações contratuais em EPG
Questão:
Considere que uma empreitada por preço global previa em projeto a execução
de 1000 m² de piso de granito. Durante a execução da obra, sem que houvesse
qualquer alteração de projeto, verificou-se que o quantitativo efetivamente
executado foi de 1004 m² de piso. Tal diferença deveu-se a esperadas
imprecisões no processo de locação da obra e a pequenas discrepâncias no
esquadro das paredes.
A construtora apresentou pleito solicitando o pagamento adicional de 4 m²,
além dos 1000 m² originalmente contratados.
Como deve proceder o fiscal? Deve pagar 1000 m², negando o pleito da
construtora? Ou deve pagar 1004 m²?
E se a área de piso efetivamente executada fosse de 996 m². Paga-se 1000 m² ou
996 m²?
Alterações contratuais em EPG
- A Lei não diferencia as empreitadas por preço unitário das globais quando
define as situações que ensejarão termo aditivo.
- Alterações ou correções do projeto devem ensejar a formalização de aditivo
contratual, pois alteram o encargo do contratado.
- Por exemplo, em uma edificação licitada a partir de um projeto básico
prevendo sua implantação em dez pavimentos, se em virtude de necessidade
superveniente da administração contratante houver a alteração do projeto,
incluindo-se, por exemplo, a execução de uma nova guarita, obviamente será
exigido ajuste no valor contratual adequando-o ao novo projeto,
independentemente do regime de execução contratual utilizado.
- Caso se trate de fato respectivo à álea extraordinária ou extracontratual,
definida no art. 65 da Lei 8.666/93, haverá de se providenciar a revisão do
contrato, pois o equilíbrio entre os encargos e a justa remuneração definida
no ato da contratação tem suporte constitucional.
Alterações contratuais em EPG
- Erro não é sinônimo de imprecisão (esta sim tida como álea ordinária nas
empreitadas globais).
- “Pequenos lapsos na quantificação dos serviços (até certo ponto comum, visto que
cada orçamentista não apresentaria, nas vírgulas, quantidades idênticas), levando em
conta a característica das empreitadas globais – em estabelecer imprecisões
quantitativas como álea ordinária da contratada –, não conduzem à mácula no
procedimento licitatório, tanto por não afetar essa "livre manifestação de vontade",
como, principalmente, por não inviabilizarem a obtenção da "melhor proposta".” (voto
condutor do Ac. 1977/2013-Plenário).
- pequenos erros/omissões/imprecisões de quantitativos não ensejam a celebração
de termos aditivos em empreitadas globais
- Caso contrário, o regime de empreitada global seria letra morta, pois toda obra seria
executada como empreitada por preço unitário.
Alterações contratuais em EPG
Questão:
Considere novamente que uma empreitada por preço global previa em projeto a
execução de 1000 m² de piso de granito. Durante a execução da obra, sem que
houvesse qualquer alteração de projeto, verificou-se que o quantitativo
efetivamente necessário era de 1600 m² de piso. Tal diferença deveu-se a um
erro de quantificação do orçamentista.
A construtora apresentou pleito solicitando o pagamento adicional de 600 m²,
além dos 1000 m² originalmente contratados
Como deve proceder o fiscal? Deve pagar 1000 m², negando o pleito da
construtora? Ou deve pagar 1600 m², formalizando aditivo com acréscimo de
600 m²?
E se a área de piso efetivamente executada fosse de 400 m². Paga-se 1000 m² ou
400 m²?
Alterações contratuais em EPG
Acórdão 1977/2013-Plenário
Alterações contratuais em EPG
• (cont.)
9.1.8.3. avaliar se a correção de quantitativos, bem como a inclusão de serviço
omitido, não está compensada por distorções em outros itens contratuais que tornem
o valor global da avença compatível com o de mercado;
9.1.8.4. verificar, nas superestimativas relevantes, a redundarem no eventual
pagamento do objeto acima do preço de mercado e, consequentemente, em um
superfaturamento, se houve a retificação do acordo mediante termo aditivo, em prol
do princípio guardado nos arts. 3º, caput c/c art. 6º, inciso IX, alínea "f"; art. 15, § 6º;
e art. 43, inciso IV, todos da Lei 8.666/93;
9.1.8.5. verificar, nas subestimativas relevantes, em cada caso concreto, a
justeza na prolação do termo aditivo firmado, considerando a envergadura do erro em
relação ao valor global da avença, em comparação do que seria exigível incluir como
risco/contingência no BDI para o regime de empreitada global, como também da
exigibilidade de identificação prévia da falha pelas licitantes – atenuada pelo erro
cometido pela própria Administração –, à luz, ainda, dos princípios da vedação ao
enriquecimento sem causa, da isonomia, da vinculação ao instrumento convocatório,
do dever de licitar, da autotutela, da proporcionalidade, da economicidade, da
moralidade, do equilíbrio econômico-financeiro do contrato e do interesse público
primário;
Acórdão 1977/2013-Plenário
Alterações contratuais em EPG
Celebra-se o
termo aditivo
ajustando a
quantidade
Os serviços estão
estimados a
Tais erros são
maior ou a
compensados menor? Celebra-se o
por discrepâncias termo aditivo
de quantidades ajustando a
em outros quantidade,
serviços? caso o valor do
Há erros
erro seja
relevantes
superior ao valor
de declarado como
quantitativos? riscos no BDI.
Não se adita o
contrato. Paga-se Celebra-se aditivo
exatamente o apenas da parte
que não foi Observar a
quantitativo manutenção do
acordado, nem compensada.
desconto após o
mais, nem aditivo e a
menos. observância aos
limites de
aditamento
contratual
Por que as Obras não são Executadas nos Prazos?
•Deficiência dos projetos utilizados na licitação;
•Insuficiência de recursos orçamentários destinados ao
empreendimento;
•Problemas diversos no licenciamento do empreendimento, nos
diversos órgãos competentes, conforme o caso (órgão ambiental,
prefeitura, corpo de bombeiros, IPHAN, vigilância sanitária, ANA,
Funai etc.);
•Atrasos nas desapropriações e na regularização fundiária;
•Incapacidade técnica e deficiência de planejamento do órgão
contratante ou da empresa contratada;
•Prazos contratuais irrealistas e/ou estimados sem nenhum critério
técnico;
•Burocracia do órgão contratante ou deficiência da fiscalização
contratual;
Por que as Obras não são Executadas nos Prazos?
•Má-fé da empresa contratada, por exemplo, realizando jogo de
cronograma, apresentando pleitos que sabe ser improcedentes, ou
ofertando preços inexequíveis na licitação;
•Impunidade das empresas inadimplentes;
•Ausência de premiação/incentivo para a antecipação de prazos;
•Eventos climáticos, surgimento de interferências não previstas e
fatos de terceiro;
•Antecipações de pagamento;
•Demora no repasse de recursos pelo órgão concedente.
Como assegurar a conclusão da obra no prazo pactuado?
O que fazer se os prazos não forem cumpridos?
Súmula 191
Prazos de Vigência x Execução
Lei 8.666/93
• Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará
adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários,
exceto quanto aos relativos:
I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados
nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão
ser prorrogados se houver interesse da Administração e desde
que isso tenha sido previsto no ato convocatório;
Segundo interpretação literal do caput, se assinássemos um contrato de obra com
prazo de conclusão de 4 anos em 01/12, este teria a vigência de 1 mês
Questão:
Uma obra está prestes a ser concluída. No entanto, houve um ligeiro atraso na
execução dos serviços e a fiscalização não atentou para o fim da vigência do
contrato.
Como deve proceder o órgão contratante? Prorroga-se o contrato expirado? Ou
deixa a obra inconclusa e promove nova contratação? É possível que a
contratada termine a obra com o contrato expirado?
Prorrogação de Contratos Expirados
•Trata-se de tema de enorme complexidade jurídica, cuja jurisprudência
do TCU até o momento não está claramente delineada. Para evitar
problemas, jamais deixe o contrato expirar.
•Ante o exposto, o mais prudente é a Administração fazer um correto
planejamento, de forma a estabelecer prazos compatíveis com a
execução do contrato e, havendo necessidade de prorrogação, tomar
todas providências cabíveis para realizar a prorrogação dentro do prazo
de vigência.
•Se o objeto não estiver concluso e houver necessidade de prorrogar o
contrato, realize uma avaliação objetiva de quem deu culpa ao atraso.
•Entendendo que houve culpa da administração, prorroga-se o prazo de
ofício.
•Entendendo que houve culpa do empreiteiro, prorroga-se o contrato, se
houve interesse em dar continuidade ao objeto com aquele contratado. É
decisão discricionária a ser fundamentada no processo de fiscalização
contratual. Caso contrário, deve-se deixar o contrato expirar e iniciar os
procedimentos para a contratação de outro construtor para o término da
obra.
Prorrogação de Contratos Expirados
•Em qualquer hipótese, a instauração de procedimento administrativo
para aplicar penalidade ao construtor inadimplente é ato administrativo
vinculado.
•Na eventualidade da contratada concluir a obra ou o serviço depois de
expirado o prazo de vigência, sem que tenha havido prorrogação do
contrato, as despesas deverão ser objeto de reconhecimento de divida,
sob pena de enriquecimento ilícito da Administração Pública. Nesse caso,
incide a ON/AGU nº 04/2009:
•“A despesa sem cobertura contratual deverá ser objeto de
reconhecimento da obrigação de indenizar nos termos do art. 59,
parágrafo único, da Lei nº 8.666, de 1993, sem prejuízo da apuração da
responsabilidade de quem lhe der causa.”
Contratos de Escopo x Contratos de Duração Continuada
Contratos de escopo
• Obtenção de um bem determinado
• Fixação do prazo é relevante – eficiência e celeridade para a
satisfação do interesse público
• O tempo de execução não é parte do objeto contratado
• O contratado é obrigado a aceitar a prorrogação
• O contrato pode ser prorrogado indefinidamente até a conclusão
do objeto
•Nos contratos por escopo aplicam-se as regras previstas no art. 57, §1º,
da Lei 8666/93. Já nos contratos de duração continuada a prorrogação é
regulada no inciso II do mesmo artigo.
• Em vista dessa diferenciação, parte significante da doutrina defende que
os contratos de escopo se extinguem pela conclusão do seu objeto e não
pelo mero esgotamento do prazo, subsistindo enquanto não concluído o
objeto. Nesse caso, o prazo de execução previsto no contrato é apenas
moratório, não representando a extinção do ajuste, mas tão somente o
prazo estipulado para sua execução.
•Ou seja, ainda que expirado o prazo de vigência previsto no contrato, o
contrato subsistiria enquanto não concluído seu objeto, operando o prazo
como limite de tempo para entrega da obra ou do serviço sem sanções
contratuais.
•Helly Lopes Meirelles, por sua vez, defende que “nestes contratos o
prazo é apenas limitativo do cronograma físico, e será prorrogado (com ou
sem mora das partes) tantas vezes quantas sejam necessárias para a
conclusão da obra independentemente de previsão contratual”
Contratos de Escopo x Contratos de Duração Continuada
Acórdão 1537/2011-Plenário
• 9.1. nos termos do art. 43, inciso I, da Lei n.º 8.443/1992, determinar
ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – Dnit que:
Acórdão 1866/2008-Plenário
Prorrogação de Prazo
Decisão 1685/2002-Plenário
Acórdão 1.746/2009-Plenário:
Enunciado:No caso de prorrogação de contrato administrativo, deve ser
observada a vigência do ajuste originário, evitando-se a assinatura
extemporânea de aditivo.
[...]
Acórdão 2032/2009-Plenário
Enunciado: No caso de prorrogação contratual, o termo de aditamento
deve ser providenciado até o término da vigência da avença originária.
Transposta tal data, não será mais possível a prorrogação ou
continuidade da execução, sendo considerado extinto o contrato.
[ACÓRDÃO]
9.6. determinar à Superintendência Regional do Sudeste -
INFRAERO/SRGR, [...], que:
[...]
9.6.2. nas prorrogações contratuais, promova a assinatura dos
respectivos termos de aditamento até o término da vigência contratual,
uma vez que, transposta a data final de sua vigência, o contrato é
considerado extinto, não sendo juridicamente cabível a prorrogação ou a
continuidade de sua execução;
Prorrogação de Prazo
Acórdão 4465/2011-2ª Câmara
Enunciado: Deve ser celebrado termo aditivo em contratos de obras e
serviços de engenharia, sempre que ocorrer alteração do cronograma
físico-financeiro respectivo, mencionando-se explicitamente no novo
termo a modificação ocorrida.
[VOTO]
[...]. Duas questões, porém, merecem algumas considerações.
A primeira concerne à determinação [...] no sentido de que a Câmara dos
Deputados "passe a celebrar termo aditivo aos contratos de obras e
serviços de engenharia sempre que ocorrer alteração do cronograma
físico-financeiro respectivo, mencionando explicitamente no novo termo a
modificação ocorrida“.
Prorrogação de Prazo
Acórdão 4465/2011-2ª Câmara (continuação)
Acórdão 2622/2013-Plenário
Prorrogação
Pagamentos indevidos
• Trecho do Voto:
Acórdão 3443/2012-Plenário
Prorrogação
Pagamentos indevidos
• Trecho do Voto (cont.):
Acórdão 3443/2012-Plenário
Prorrogação
Pagamentos indevidos
• Trecho do Voto (cont.):
Acórdão 3443/2012-Plenário
Prorrogação
Pagamentos indevidos
• Trecho do Voto (cont.):
Acórdão 3443/2012-Plenário
Prorrogação
Condições para ressarcimento de despesas
- Comprovação da realização das despesas.
- Demonstração da existência de fato da administração (ação ou
omissão do Poder Público, relacionada ao contrato, que impede ou
retarda sua execução).
- Quebra do equilíbrio econômico-financeiro do contrato,
caracterizado, entre outros fatores, pela alteração das condições
inicialmente pactuadas e pela assunção de ônus insuportável à
execução contratual por uma das partes. Por exemplo, que o encargo
adicional a ser suportado pela contratada deve ser superior aos
valores das rubricas “lucro”, “riscos” ou “contingências” declaradas na
composição do BDI.
- Que o eventual desequilíbrio econômico-financeiro não seja
compensado por ganhos/economias obtidas na execução de outros
serviços. A avaliação da equidade do contrato deve ser resultado de
um exame global da avença, haja vista que outros itens podem ter
passado por diminuições de preço.
Prorrogação
Chuvas
Questão:
Uma empreiteira foi contratada para construir uma escola. Alegando motivos de
caso fortuito decorrentes das chuvas que caíram na região, o construtor solicita
prorrogação do prazo de execução contratual.
Como deve proceder o fiscal? Prorroga-se ou não o contrato?
Prorrogação
Chuvas
- Observar que há serviços que não são impactados pelas chuvas, por
exemplo, na parte interna da edificação.
Prorrogação
Chuvas
- Caso a chuva realmente impeça o regular andamento das obras,
deve-se avaliar o real impacto que estes dias parados acarretarão na
obra, pois, se necessária for a prorrogação do prazo, esta, no máximo,
deverá ser concedida pelo prazo correspondente aos dias em que a
empresa comprovadamente foi prejudicada ou impedida de executar
os serviços.
- Notar que muitas vezes não chove “o dia inteiro” e podem ocorrer
interrupções parciais, as quais devem ser devidamente registradas no
diário de obras.
Prorrogação
Chuvas
Questão:
Uma empreiteira foi contratada para reformar e ampliar um terminal de
passageiros de um aeroporto. Alegando motivos de força maior decorrentes das
greves dos operários da construção civil, o construtor solicita prorrogação do
prazo de execução contratual.
Como deve proceder o fiscal? Prorroga-se ou não o contrato?
Prorrogação
Greves
Questão:
Uma empreiteira foi contratada para pavimentar uma via pública com piso
intertravado de concreto. Alegando indisponibilidade de os fornecedores de
blokets de concreto atenderem o quantitativo necessário no prazo acordado, o
construtor solicita prorrogação do prazo de execução contratual.
Como deve proceder o fiscal? Prorroga-se ou não o contrato?
Prorrogação
Atrasos de fornecedores
• Trecho da Ementa:
Acórdão 2024/2008-Plenário
Alteração de objeto x Alteração de prazo
Como proceder?
Alteração de Projetos
Lei 5194/66:
Art. 18 - As alterações do projeto ou plano original só poderão
ser feitas pelo profissional que o tenha elaborado.
Parágrafo único - Estando impedido ou recusando-se o autor
do projeto ou plano original a prestar sua colaboração
profissional, comprovada a solicitação, as alterações ou
modificações deles poderão ser feitas por outro profissional
habilitado, a quem caberá a responsabilidade pelo projeto ou
plano modificado.
(...)
Art. 22 - Ao autor do projeto ou aos seus prepostos é
assegurado o direito de acompanhar a execução da obra, de
modo a garantir a sua realização, de acordo com as condições,
especificações e demais pormenores técnicos nele
estabelecidos.
Parágrafo único - Terão o direito assegurado neste Artigo, o
autor do projeto, na parte que lhe diga respeito, os
profissionais especializados que participarem, como co-
responsáveis, na sua elaboração.
Alteração de Projetos
Art. 65 (...)
Constituição
• Art. 37 Federal
XXI – Ressalvados em casos específicos na legislação, as
obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante
processo de licitação pública, que assegure igualdade de
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam condições de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá
as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à
garantia do cumprimento das obrigações.
Reequilíbrio econômico-financeiro
Lei 8.666/93
• Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as
devidas justificativas, nos seguintes casos:
(...) II - por acordo das partes:
(....)
• d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre R
os encargos do contratado e a retribuição da administração para a justa
remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a i
manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, na s
hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de c
consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do
ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do o
príncipe, configurando álea econômica extraordinária e extracontratual s
Reequilíbrio econômico-financeiro
Definições
• Força maior: evento humano que, por sua imprevisibilidade e
inevitabilidade, torna impossível a regular execução do contrato. Pode-se
até conhecer a causa que deu origem ao acontecimento, mas não há como
evitá-la.
• Caso fortuito: evento imprevisível da natureza que impacta na execução
contratual, sem que haja interferência da vontade humana. Por exemplo,
terremoto, queda de meteorito, furacão, tornado, deslizamentos e queda
de barreiras, inundações, e chuvas muito acima das médias históricas.
• Fato de príncipe: Ato do Poder Público, determinação estatal, sem relação
direta com o contrato administrativo, que onera a execução do contrato de
forma imprevista ou imprevisível, por exemplo, aumento de encargos e
tributos, embargos ambientais e judiciais, alteração de leis e regulamentos
com impacto no contrato.
• Fatos da administração: Omissão ou atraso de providências a cargo da
Administração contratante, inclusive quanto aos pagamentos previstos,
que impeçam ou retardem a execução do contrato (ordens de interrupção
ou diminuição do ritmo de trabalho por interesse da administração,
alterações de projeto, atrasos na liberação de áreas ou pagamento de
faturas, demora na celebração de aditivos, atrasos em desapropriações).
Alocação de Riscos: Fatos Contratuais x
Extracontratuais
- SCHWIND observa que o artigo 65, II, “d”, da Lei 8.666/93 não contém uma
sistemática impositiva de alocação de riscos. Na verdade, é plenamente
possível que um contrato administrativo preveja uma sistemática de alocação
de riscos específica, em que o contratado assuma os riscos relacionados a
determinados eventos futuros e incertos.
- Maurício Portugal RIBEIRO e Lucas Navarro PRADO argumentam que “a
partir da leitura do art. 65, II, “d”, da Lei 8.666/93, pretende-se atribuir à
Administração Pública os riscos de força maior, caso fortuito, fato de príncipe
etc. nos contratos de obras e de prestação de serviço, como se o contrato não
pudesse dispor de forma diferente. Todavia, essa interpretação passa ao largo
do fato de que o dispositivo menciona tratar-se de evento extracontratual.
Ora, se o contrato dispuser de forma distinta, portanto, deverá prevalecer.
Pensamos que não há – seja na Lei 8.666/93 ou em qualquer outro diploma
legal – um sistema de distribuição de riscos positivado. Aliás, assim que deve
ser, pois a distribuição de riscos é uma questão de eficiência econômica, e não
de valor.”
Excludentes da Aplicação da Teoria da
Imprevisão:
Acórdão 1466/2013-Plenário
Alterações contratuais
Mera variação de preços de mercado
• Trecho do Voto:
6. A análise empreendida pela Codevasf para motivar a
celebração do 5º Termo Aditivo, que promoveu o reequilíbrio
econômico-financeiro do contrato, contemplou a comparação entre os
preços unitários contratuais e os preços dos mesmos serviços dois
anos após a contratação, considerando pesquisa de mercado do custo
dos insumos e mantendo o desconto ofertado pela contratada à época
da licitação.
7. A adoção de tal sistemática motivou um incremento de 4,86%
ao valor contratual até então não executado, equivalente a R$
1.399.126,57, que foi incorporado adicionalmente aos percentuais de
reajustamento contratualmente previstos.
Acórdão 3024/2013-Plenário
Alterações contratuais
Mera variação de preços de mercado
• (cont.):
8. A esse respeito, observo que a mera variação de preços, para
mais ou para menos, não é suficiente para determinar a realização de
reequilíbrio econômico-financeiro do contrato, sendo essencial a
presença de uma das hipóteses previstas no art. 65, inciso II, alínea
“d”, da Lei 8.666/1993, a saber: fatos imprevisíveis, ou previsíveis
porém de consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da
execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito
ou fato do príncipe, configurando álea econômica extraordinária e
extracontratual.
9. Entendo ser previsível a ocorrência de pequenas variações
entre os preços contratuais reajustados e os preços de mercado, já
que dificilmente os índices contratuais refletem perfeitamente a
variação de preços do mercado.
Acórdão 3024/2013-Plenário
Alterações contratuais
Mera variação de preços de mercado
• (cont.):
10. Além disso, considero que a sistemática adotada pela Codevasf para a
formalização do 5º Termo Aditivo não encontra amparo no art. 65, inciso II, alínea
“d”, da Lei 8.666/1993.
11. Insta destacar que o art. 40, inciso XI, da Lei 8.666/1993 estabelece
que os editais de licitação devem prever o critério de reajuste dos preços
contratuais, admitida a adoção de índices específicos ou setoriais.
12. Os índices de reajustamento previstos no contrato são calculado pela
Fundação Getúlio Vargas, Colunas 5 e 38 (concreto armado e terraplenagem), e
deveriam ser capazes de recompor os preços unitários contratuais ao longo do
tempo, em especial por retratarem a maior parte do objeto pactuado, o que
restou comprovado diante da pequena variação anual observada.
13.Por fim, ressalto que caso a metodologia adotada pela Codevasf fosse
considerada adequada, o art. 40, inciso XI, da Lei 8.666/1993 restaria inócuo, já
que qualquer variação de preço seria capaz de ensejar a obrigatoriedade da
realização de reequilíbrio econômico-financeiro, o que substituiria o
reajustamento dos contratos.
Acórdão 3024/2013-Plenário
Necessidade de comprovação dos gastos extraordinários
• 25. Com efeito, a desvalorização da moeda nacional ocorrida no início de 1999
já foi reconhecida pela Justiça e por este Tribunal como evento extracontratual
impactante nos contratos administrativos em vigor na época. Contudo, não pode
ser tida como uma condição suficiente e autônoma para justificar a revisão
contratual.
• 26. Explico melhor, a aplicação da cláusula rebus sic stantibus aos contratos
administrativos também requer demonstração objetiva de que ocorrências
supervenientes tornaram a sua execução excessivamente onerosa para uma
das partes. A simples variação cambial, por si só, não justifica a revisão
contratual por um motivo simples: o particular contratado pode ter adquirido os
insumos ou incorrido nas despesas impactadas pelo câmbio antes da ocorrência
do evento. Em tal situação, ao contrário do alegado, a posterior desvalorização
da moeda favoreceria ao contratado, pois os índices de reajuste contratual
supervenientes captariam em maior ou menor grau o fato ocorrido.
• 27. Assim, o construtor seria beneficiado, pois teria sua remuneração majorada
por índices que foram afetados ao menos parcialmente pelo câmbio, mas não
incorreria em custos adicionais, haja vista que adquiriu os bens importados
antes da depreciação do Real. Em outra circunstância, na qual o contratado
ainda não tivesse incorrido nos gastos atrelados ao câmbio, certamente uma
variação anômala da moeda poderia justificar o reequilíbrio.
Acórdão 1085/2015-Plenário
Necessidade de comprovação dos gastos extraordinários
• 28. Portanto, pleitos do gênero não podem se basear exclusivamente
nos preços contratuais ou na variação de valores extraídos de sistemas
referenciais de custos, sendo indispensável que se apresentem outros
elementos adicionais do impacto cambial, tais como a comprovação
dos custos efetivamente incorridos no contrato, demonstrados mediante
notas fiscais.
• 29. Aferir a quebra do equilíbrio contratual não é uma tarefa simples,
posto que a doutrina explicita a indispensabilidade de que seja
comprovado o prejuízo do particular. Nesse sentido é válido citar o
ensinamento de Bandeira de Mello:
• "Para tanto, o que importa, obviamente, não é a "aparência" de um
respeito ao valor contido na equação econômico-financeira, mas o real
acatamento dele. De nada vale homenagear a forma quando se agrava
o conteúdo. O que as partes colimam em um ajuste não é a satisfação
de fórmulas ou de fantasias, mas um resultado real, uma realidade
efetiva que se determina pelo espírito da avenca; vale dizer, pelo
conteúdo verdadeiro do convencionado" (Celso Antônio Bandeira de
Mello, "Curso de Direito Administrativo", 8ª ed., pág. 393).
Acórdão 1085/2015-Plenário
Alterações contratuais
Reequilíbrio de contrato com preços inexequíveis
Questão:
Determinado ajuste foi formalizado com base em planilha orçamentária
contendo preços unitários inexequíveis. Após o início da obra, a construtora
apresenta pleito de reequilíbrio econômico-financeiro solicitando a adequação
dos preços unitários inexequíveis aos valores de mercado.
Existe amparo legal em tal solicitação?
Alterações contratuais
Reequilíbrio de contrato com preços inexequíveis
- Também Marçal Justen Filho, em seu Comentários à lei de Licitações e
Contratos Administrativos, 11ª edição, sustenta que:
A equação econômico-financeira delineia-se a partir da elaboração do ato
convocatório. Porém, a equação se firma no instante em que a proposta é
apresentada. Aceita a proposta pela Administração, está consagrada a
equação econômico-financeira dela constante. A partir de então essa equação
está protegida e assegurada pelo Direito.
(...) O restabelecimento da equação econômico-financeira depende da
concretização de um evento posterior à formulação da proposta,
identificável como causa do agravamento da posição do particular. Não
basta a simples insuficiência da remuneração. Não se caracteriza
rompimento do equilíbrio econômico-financeiro quando a proposta do
particular era inexequível. A tutela à equação econômico-financeira não visa
a que o particular formule proposta exageradamente baixa e, após vitorioso,
pleiteie elevação da remuneração.
Exige-se, ademais, que a elevação dos encargos não derive de conduta
culposa imputável ao particular. Se os encargos tornaram-se mais
elevados porque o particular atuou mal, não fará jus à alteração de sua
remuneração. (grifos acrescidos)
Alterações contratuais
Reequilíbrio de contrato com preços inexequíveis
Acórdão 5886/2010-2ª Câmara (Resumo):
No âmbito da auditoria realizada com vistas a fiscalizar a aplicação de recursos
federais repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE) à Prefeitura Municipal de Matão/SP, objetivando a construção de uma
escola de educação infantil na referida municipalidade, foi promovida a oitiva
do Prefeito e do Assessor Jurídico da Prefeitura, bem como da empresa
contratada, em razão de ocorrências verificadas na execução contratual, entre
elas a "revisão de cláusulas financeiras com justificativa irregular de reequilíbrio
econômico-financeiro, por meio do 4º Termo Aditivo ao contrato". Tendo em
vista que "os preços relativos à presente contratação quedaram-se aquém
daqueles praticados no mercado", houve a majoração linear, a título de
reequilíbrio econômico-financeiro, dos preços inicialmente pactuados. Em seu
voto, o relator observou que a matéria é regida pela alínea 'd' do inciso II do art.
65 da Lei n.º 8.666/93, tratando-se de hipótese em que se busca o
reestabelecimento da relação contratual inicialmente ajustada pelas partes, a
qual teria sofrido alteração por álea extraordinária superveniente ao
originalmente contratado. No caso concreto, os responsáveis, "além de não
apontarem nenhum fato superveniente à celebração do contrato,
expressamente afirmam que o suposto problema decorreu de subavaliação dos
preços constantes do orçamento efetuado pela Prefeitura e adotado como
referência para a proposta da empresa.
Alterações contratuais
Reequilíbrio de contrato com preços inexequíveis
Acórdão 2993/2011-Plenário:
Com base no art. 65 § 5º, da Lei 8.666/1993, a Administração deve efetuar a
revisão dos contratos, a fim de expurgar o valor da extinta CPMF de todos os
pagamentos realizados a partir de 1º de janeiro de 2008.
Acórdão 1515/2010-Plenário:
Nos termos do art. 65, § 5º, da Lei 8.666/1993, a Administração deve
formalizar termo aditivo ao contrato, possibilitando à empresa contratada o
prévio contraditório, com vistas a reduzir os percentuais de BDI aplicáveis aos
pagamentos efetuados após 31/12/2007 em decorrência da extinção da
CPMF e adotar medidas para, nas faturas vincendas, compensar eventuais
valores indevidamente pagos.
Será necessário repactuar os contratos em andamento
em virtude da elevação da alíquota de CPRB de 2%
para 4,5%?
Há um tratamento diferenciado entre as empresas de
edificação (412, 432, 433 e 439 da CNAE 2.0) e as empresas
de infraestrutura (421, 422, 429 e 431 da CNAE 2.0).
Art. 9o ........................................................................
§ 13. A opção pela tributação substitutiva prevista nos arts. 7o e 8o será
manifestada mediante o pagamento da contribuição incidente sobre a
receita bruta relativa a janeiro de cada ano, ou à primeira competência
subsequente para a qual haja receita bruta apurada, e será irretratável
para todo o ano calendário.[empresas de infraestrutura]
(...)
§ 16. Para as empresas relacionadas no inciso IV do caput do art. 7o, a
opção dar-se-á por obra de construção civil e será manifestada mediante
o pagamento da contribuição incidente sobre a receita bruta relativa à
competência de cadastro no CEI ou à primeira competência subsequente
para a qual haja receita bruta apurada para a obra, e será irretratável até
o seu encerramento. [empresas de edificação]
Será necessário repactuar os contratos em
andamento em virtude da elevação da alíquota de
CPRB de 2% para 4,5%?
• Obras de Edificação
• Nas obras de edificação em andamento na época da
aprovação da Lei 13.161/2015, a alíquota permanece em
2% até o término da obra.
• Nas licitações processadas antes de 31 de agosto/2015
(antes da aprovação da Lei 13.161/2015), mas cujas
obras foram matriculadas na CEI após a vigência da nova
alíquota de 4,5% pode ser admitido o reequilíbrio do
contrato.
• Nas licitações processadas após 31/8/2015, ainda que
orçadas com a alíquota de 2%, não houve superveniência
de alteração legislativa, o que impede a aplicação do
disposto no art. 65, §5º, ainda que a empresa tenha
registrado a CEI já na vigência da nova alíquota.
Será necessário repactuar os contratos em
andamento em virtude da elevação da alíquota de
CPRB de 2% para 4,5%?
• Obras de Infraestrutura
• Nesse caso, não existe nexo direto de causalidade entre a
alteração procedida pela Lei 13.161/2015 e eventual
elevação de encargo procedida do construtor, pois este
pode alterar o regime de recolhimento em cada ano civil.
• Outrossim, cada obra será influenciada de maneira
diversa, sendo possível que em algumas haja redução do
encargo, dependendo o percentual de mão de obra no
contrato.
Reajuste – Edital de Licitação
R = V.[(Ii-Io)/Io]
onde:
Exemplo:
E o seu R será:
R3 = V x IR2
R3 = 1.200.000 x 0,108 = R$ 129.600,00
Exemplo:
R = V.[N1.(Ti–To)/To+N2.(Ei-Eo)/Eo+N3.(CAi-CAo)/CAo+N4.(MPi-MPo)/Mpo+N5.(Fi-Fo)/Fo+N6.(MOi-
MOo)/MÔO+N7.(MEi-Meo)/Meo]
Onde :
R - valor do reajustamento
V - valor a ser reajustado
N1 - percentual de ponderação de serviços de Terraplenagem frente à totalidade dos serviços a executar.
N2 - percentual de ponderação de serviços de Edificações frente a totalidade dos serviços a executar.
N3 - percentual de ponderação de serviços de Concreto Armado frente à totalidade dos serviços a executar.
N4 - percentual de ponderação de serviços de Materiais Plásticos frente à totalidade dos serviços a
executar.
N5 - percentual de ponderação de serviços de Ferro, aço e derivados frente à totalidade dos serviços a
executar.
N6 – percentual de ponderação de serviços de Mão de obra especializada frente à totalidade dos serviços a
executar.
N7 – percentual de ponderação de serviços de Máquinas e equipamentos industriais frente à totalidade dos
serviços a executar.
Ti – Refere-se à coluna 38 da FGV – Terraplenagem, cód. AO157956, correspondente ao mês de
aniversário da proposta.
To – Refere-se à coluna 38 da FGV – Terraplenagem, cód. AO157956, correspondente ao mês de
apresentação da proposta.
Cálculo do Reajuste com “cesta” de Índices
Ei – Refere-se à coluna 35 da FGV – Edificações Total, cód.AO159428, correspondente ao mês
de aniversário da proposta.
Eo – Refere-se à coluna 35 da FGV – Edificações Total, cód. AO 15948, correspondente ao mês
de apresentação da proposta.
CAi – Refere-se à coluna 5 da FGV – Obras Hidroelétricas – Concreto Armado, cód. AO160116,
correspondente ao mês de aniversário da proposta.
CAo – Refere-se à coluna 5 da FGV – Obras Hidroelétricas – Concreto Armado, cód.
AO160116, correspondente ao mês de apresentação da proposta.
MPi – Refere-se à coluna 56 da FGV – Química materiais Plásticos, cód.AO160752,
correspondente ao mês de aniversário da proposta.
MPo – Refere-se à coluna 56 da FGV – Química materiais Plásticos, cód. AO160752,
correspondente ao mês de apresentação da proposta.
Fi – Refere-se a coluna 32 da FGV – Ferro, aço e derivados, cód. AO160515, correspondente ao
mês de aniversário da proposta.
Fo – Refere-se a coluna 32 da FGV – Ferro, aço e derivados, cód. AO160515, correspondente
ao mês de apresentação da proposta.
MOi – Refere-se a coluna 13 da FGV Mão de obra Especializada, cód. AO159886,
correspondente ao mês de aniversário da proposta.
MOo – Refere-se a coluna 13 da FGV Mão de obra Especializada, cód. AO149886,
correspondente ao Mês de apresentação da proposta.
MEi - Refere-se a coluna 36 da FGV Máquinas e equipamentos industriais, cód. AO160558,
correspondente ao mês de aniversário da proposta
MEo - Refere-se a coluna 36 da FGV Máquinas e equipamentos industriais, cód. AO160558,
correspondente ao mês de apresentação da proposta.
Cálculo do Reajuste com “cesta” de Índices
Voto:
36. Com relação a ausência de previsão contratual de reajuste a Fiocruz
refutou tal constatação afirmando que o item 3.3 da Minuta do Contrato teria
previsto o critério de reajustamento, in verbis:
“3.3. O valor consignado neste Termo de Contrato é fixo e irreajustável, porém
poderá ser corrigido anualmente mediante requerimento da contratada,
observado o interregno mínimo de um ano, contado a partir da data limite para
a apresentação da proposta, pela variação do índice [em branco] ou outro que
vier a substituí-lo.”
Questões Controversas sobre os Reajustes
Omissão do Critério de Reajuste:
Acórdão 1.707/2003-Plenário:
“9.2.1 estabeleça já a partir dos editais de licitação e em seus
contratos, de forma clara, se a periodicidade dos reajustes terá como
base a data-limite para apresentação da proposta ou a data do
orçamento, observando-se o seguinte:
9.2.1.1 se for adotada a data-limite para apresentação da proposta, o
reajuste será aplicável a partir do mesmo dia e mês do ano seguinte;
9.2.1.2 se for adotada a data do orçamento, o reajuste será aplicável a
partir do mesmo dia e mês do ano seguinte se o orçamento se referir a
um dia específico, ou do primeiro dia do mesmo mês do ano seguinte
caso o orçamento se refira a determinado mês;
9.2.2 para o reajustamento dos contratos, observe que a contagem do
período de um ano para a aplicação do reajustamento deve ser feita a
partir da data base completa, na forma descrita no item 9.1.1, de modo
a dar cumprimento ao disposto na Lei nº 10.192/2001, em seus arts. 2º
e 3º, e na Lei nº 8.666/93, em seu art. 40, inciso XI;”
O problema da correção do orçamento
por índices
Variação acumulada
do INCC maio/2015
a fev/2016: 5,03%
Variação do serviço
90086: 5,06% OK
526
O problema da correção do orçamento por
índices
Problema:
Variação acumulada do INCC maio/2015 a fev/2016: 5,03%
Variação do serviço 73963/044: - 51,2%
527
Então, como tratar o problema da defasagem dos
preços entre a data-base do orçamento e a data da
licitação?
Como visto, mesmo que em curtos períodos, o uso de
índices para atualizar o orçamento pode causar grandes
distorções nos preços unitários e global.
Assim, ou se atualiza todo o orçamento novamente,
utilizando os relatórios do Sinapi da nova data-base e
obtendo cotações de preços atualizadas junto aos
fornecedores (o que é bem trabalhoso)...
Ou mantém-se o orçamento com os seus preços e data-base
originais, ainda que defasados.
Apenas para efeito de critério de aceitabilidade de preços
unitário e global pode-se aplicar índices sobre os valores
orçados para verificar se as propostas das licitantes estão
adequadas.
528
Então, como tratar o problema da defasagem dos
preços entre a data-base do orçamento e a data da
licitação?
Ver o método do edital de Concorrência
014/DALC/SBFL/2008 da Infraero a seguir:
“6.7. O orçamento global estimado para o objeto da
licitação é de R$ 114.568.141,60 (...), referidos a data-base
de Janeiro de 2008;
6.7.1 para fins de atualização dos valores do orçamento de
referência para a data da apresentação das propostas
serão observados os critérios estabelecidos no item
Reajuste de Preços. constante da minuta do Contrato
Anexo V deste Edital;
(...)
6.7.2 o valor máximo que a INFRAERO admite pagar para a
execução dos serviços objeto desta licitação, é o global
estimado no subitem 6.7 devidamente corrigido na forma
presente no subitem 6.7.1; 529
Então, como tratar o problema da defasagem dos
preços entre a data-base do orçamento e a data da
licitação?
530
Então, como tratar o problema da defasagem dos preços
entre a data-base do orçamento e a data da licitação?
Acórdão 19/2017-Plenário:
2. A empresa representante se insurgiu contra os seguintes aspectos no
certame em tela:
a) defasagem entre a data-base do orçamento estimado (janeiro de 2016)
e a data do reajuste, o qual ocorreria após um ano a contar da entrega
da proposta (13/9/2016), o que supostamente resultaria em prejuízo aos
licitantes e ensejaria desequilíbrio contratual, uma vez que o interregno
entre as referidas datas seria de oito meses;
(...)
9. .... No entender da empresa representante, tal defasagem teoricamente
não traria qualquer problema caso a data-base para efeitos de
reajustamento contratual também fosse referenciada a janeiro/2016. Ocorre
que a cláusula 15.1 do edital previu como marco inicial para a realização do
reajuste a data da entrega da proposta, e não a data do orçamento de
referência elaborado pela Administração. Assim, de fato, verificou-se
considerável defasagem, de nove meses, entre o orçamento estimado e a
abertura das propostas.
531
Então, como tratar o problema da defasagem dos preços
entre a data-base do orçamento e a data da licitação?
Acórdão 19/2017-Plenário:
14. ...o transcurso de muito tempo entre a data de elaboração do orçamento
estimativo da licitação e a data de abertura das propostas é um problema
recorrente na licitação de obras públicas.
15. Primeiramente, é forçoso reconhecer que não existe um prazo ou
período máximo que esteja positivado na Lei de Licitações e Contratos
limitando a defasagem temporal entre a data de elaboração do orçamento
estimativo da contratação e a data de divulgação da licitação ou de abertura
das propostas.
16. De acordo com o art. 43, inciso IV, da Lei 8.666/1993, os preços da
proposta vencedora deverão estar de acordo com aqueles praticados pelo
mercado. Desse modo, antes da realização de qualquer procedimento
licitatório cabe ao gestor público realizar pesquisa de mercado com a
finalidade de elaborar orçamento, o qual será utilizado para se definir a
modalidade de licitação, bem como proceder à necessária adequação
orçamentária da despesa.
532
Então, como tratar o problema da defasagem dos preços
entre a data-base do orçamento e a data da licitação?
Acórdão 19/2017-Plenário:
17. Além disso, o aludido orçamento estimativo servirá como parâmetro de
controle da exequibilidade e economicidade das propostas, constituindo-se
instrumento essencial e obrigatório para que a comissão de licitação e a
autoridade superior - que homologa o procedimento licitatório - verifiquem a
pertinência dos preços contratados com aqueles praticados pelo mercado.
18. Embora não seja aplicável à confecção do orçamento estimativo de obras
públicas, a Instrução Normativa SLTI/MPOG 5/2014, que dispõe sobre os
procedimentos administrativos básicos para a realização de pesquisa de
preços para a aquisição de bens e contratação de serviços em geral, pode ser
aplicada por analogia. O citado normativo estabelece que, para serem
utilizadas como fonte de pesquisa de preços, as contratações similares de
outros entes públicos devem estar vigentes ou terem sido concluídos nos 180
dias anteriores à data da pesquisa de preços. A referida IN ainda dispõe que
no caso da pesquisa com fornecedores somente serão admitidos os preços
cujas datas não se diferenciem em mais de 180 dias.
19. Esse prazo de seis meses também já havia sido utilizado em alguns
julgados desta Corte de Contas, a exemplo do Acórdão 3.516/2007-1ª
Câmara, ..., e do Acórdão 1.462/2010-Plenário, o qual apreciou situação533
535
Então, como tratar o problema da defasagem dos preços
entre a data-base do orçamento e a data da licitação?
Acórdão 19/2017-Plenário:
“Art. 3º Os contratos em que seja parte órgão ou entidade da Administração
Pública direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, serão reajustados ou corrigidos monetariamente de acordo com
as disposições desta Lei, ...
§ 1º A periodicidade anual nos contratos de que trata o caput deste artigo será
contada a partir da data limite para apresentação da proposta ou do
orçamento a que essa se referir”.
24. Como se vê, o gestor público pode adotar discricionariamente dois marcos
iniciais distintos para efeito de reajustamento dos contratos: (i) a data limite
para apresentação da proposta; e (ii) a data do orçamento. Ocorre que o
segundo critério se mostra mais robusto, pois reduz os problemas advindos
de orçamento desatualizados em virtude do transcurso de vários meses entre
a data-base da estimativa de custos e a data de abertura das propostas.
25. Por esse motivo, entendo pertinente recomendar ao MPOG que, em
futuras licitações de obras públicas, quando se demonstrar
demasiadamente complexa a atualização da estimativa orçamentária da
contratação, adote como marco inicial para efeito de reajustamento
contratual a data-base de elaboração da planilha orçamentária. 536
Então, como tratar o problema da defasagem dos preços
entre a data-base do orçamento e a data da licitação?
537
Questões Controversas sobre os Reajustes
Contrato celebrado após mais de um ano da data -
base:
Acórdão 474/2005 – Plenário:
“9.1.2. na hipótese de vir a ocorrer o decurso de prazo superior a um ano entre a data da
apresentação da proposta vencedora da licitação e a assinatura do respectivo
instrumento contratual, o procedimento de reajustamento aplicável, em face do disposto
no art. 28, § 1º, da Lei 9.069/95 c/c os arts. 2º e 3º da Lei 10.192/2001, consiste em
firmar o contrato com os valores originais da proposta e, antes do início da execução
contratual, celebrar termo aditivo reajustando os preços de acordo com a variação do
índice previsto no edital relativa ao período de somente um ano, contado a partir da data
da apresentação das propostas ou da data do orçamento a que ela se referir, devendo os
demais reajustes ser efetuados quando se completarem períodos múltiplos de um ano,
contados sempre desse marco inicial, sendo necessário que estejam devidamente
caracterizados tanto o interesse público na contratação quanto a presença de condições
legais para a contratação, em especial: haver autorização orçamentária (incisos II, III e IV
do § 2º do art. 7º da Lei 8.666/93); tratar-se da proposta mais vantajosa para a
Administração (art. 3º da Lei 8.666/93); preços ofertados compatíveis com os de mercado
(art. 43, IV, da Lei 8.666/93); manutenção das condições exigidas para habilitação (art.
55, XIII, da Lei 8.666/93); interesse do licitante vencedor, manifestado formalmente, em
continuar vinculado à proposta (art. 64, § 3º, da Lei 8.666/93);
Questões Controversas sobre os Reajustes
Medição de Serviços no Mês de Reajuste
Por ocasião do reajuste anual não se pode admitir a existência serviços
executados, porém, não medidos. Nesse caso, a emissão de boletim de
medição ocorreria posteriormente à data do reajuste. Consequentemente,
haveria uma parcela dos serviços medidos, executados na vigência dos preços
originais, recebendo indevidamente a incidência de reajuste
Para evitar o surgimento desse problema, tendo em vista que desde o início do
contrato se sabe o data em que o mesmo poderá ser reajustado, o Roteiro de
Auditoria de Obras do TCU prescreve que a execução de medição a ser
realizada na data do reajuste, a fim de identificar todos os serviços executados
sob a vigência dos preços originais (ou anteriores, caso não se trate do
primeiro reajuste).
Questões Controversas sobre os Reajustes
Reajuste de serviço novo
Durante a execução do contrato, pode haver inclusão de novos serviços
mediante aditivos contratuais, os quais terão custos com data base distinta
daquela do contrato. Portanto, a aplicação de reajuste a esses serviços
utilizando a data base do contrato acarretaria distorções desfavoráveis à
administração, uma vez que o reajustamento necessariamente ocorreria em
período inferior a um ano.
Uma alternativa prioritária para solução do problema seria a opção por buscar o
preço dos serviços novos nos sistemas de referência de custos (Sicro, Sinapi
etc.) na mesma data-base do contrato. É o que estabelece o Decreto
7983/2013.
Entretanto, essa alternativa as vezes é inviável, pois o novo serviço pode não
estar contemplado pelos sistemas referenciais de custos, exigindo que os
preços dos novos serviços sejam obtidos diretamente por meio de pesquisa de
mercado, realizada em data diferente da data-base do reajuste. Nesses casos,
recomenda-se deflacionar o preço do novo serviço para a data base do
contrato pelo mesmo índice de reajuste contratual.
Questões Controversas sobre os Reajustes
Reajuste de serviço executado com atraso
Muitas vezes se observa que o contratado atrasa intencionalmente a execução
de alguns serviços com o intuito de executá-los um ou dois meses depois
recebendo os preços reajustados pela aplicação dos índices cabíveis.
Para evitar tal prática, o Decreto 1.054/1.994 dispõe que, ocorrendo atraso
atribuível ao contratado na execução das obras ou serviços, o reajuste
obedecerá as seguintes condições:
se os índices aumentarem, prevalecerão aqueles vigentes nas datas
previstas para a realização do fornecimento ou execução da obra ou
serviço;
se os índices diminuírem, prevalecerão aqueles vigentes nas datas em que
o fornecimento, obra ou serviço for realizado ou executado.
Obviamente, se houve uma prorrogação regular do contrato, oriunda de
fator alheio à vontade do contratado, exigindo a reformulação do
cronograma físico-financeiro da obra, prevalecerão os índices vigentes nas
novas datas previstas para a realização do fornecimento ou para a
execução da obra ou serviço.
Questões Controversas sobre os Reajustes
Indisponibilidade do Índice de Reajuste
Durante a execução do contrato pode ocorrer situação em que o índice
adotado no edital tenha sua publicação descontinuada. Dessa forma o
parâmetro originalmente estabelecido para reajuste se torna
inaplicável.
Nesses casos, entende-se que a solução é a formalização de termo
aditivo selecionando novo índice ou reformulando a composição da
cesta de índices, conforme o caso. O índice que substituirá aquele cuja
publicação foi descontinuada deverá ser selecionado com cautela,
refletindo da melhor maneira possível a variação de preços dos
serviços cujos preços irá reajustar, assim como deveria ser o índice
original.
Todavia, costumam surgir litígios entre as partes por conta da escolha
do novo índice. Para evitar tais problemas, os contratos costumam
desde logo indicar índices alternativos a serem utilizados no caso da
descontinuidade da divulgação do índice de reajuste contratual.
Questões Controversas sobre os Reajustes
Reajuste em Contratos de Duração Continuada
Deve-se adotar a sistemática de repactuação em contratos de duração
continuada com cessão de mão de obra (terceirização), tomando como base a
variação de custos efetivos de mão de obra, em detrimento da sistemática de
adoção de índices gerais de preço para reajustamento periódico.
Por outro lado, a jurisprudência do TCU, a exemplo dos Acórdãos 54/2012,
2.760/2012 e 3.388/2012, todos do Plenário, também tem admitido o uso do
instituto do reajuste em contratos de duração continuada em que não exista
cessão de mão de obra ou prevalência de custos associados ao pagamento de
pessoal, como no caso de serviços de telefonia, energia elétrica ou transporte.
Questões Controversas sobre os Reajustes
Reajustes Subsequentes
A Lei nº 10.192/2001 dispõe em seu art. 2º, § 2º, que, em
caso de revisão contratual, o termo inicial do período de
correção monetária ou reajuste, ou de nova revisão, será a
data em que a anterior revisão tiver ocorrido.”
Ou seja, definida a data do primeiro reajustamento de
preços, os demais reajustes deverão ser realizados
anualmente, na mesma data-base.
Entretanto, pode acontecer de ocorrer alteração do valor
dos serviços em data anterior à data-base do reajuste.
Nesse caso, entende-se que com a formalização do
reequilíbrio econômico-financeiro, há deslocamento da data
base para os próximos reajustes de preço. A nova data
base passa a ser a data da recomposição, com reajustes
anuais a partir de então.
Questões Controversas sobre os Reajustes
Possível existência de preclusão lógica.
Há uma importante diferenciação a ser feita entre os contratos de
escopo e os contratos de duração continuada.
Nos termos do raciocínio desenvolvido no Acórdão 1828/2008-Plenário,
cada prorrogação contratual de ajuste continuado caracteriza uma nova
contratação, de forma que uma vez assinado o termo aditivo, não é
possível mais ocorrer a repactuação.
Nesse momento, caberia a contratada suscitar o seu direito a
repactuação. Ao assinar o aditivo de prorrogação, houve ratificação de
todas as demais cláusulas da avença originária, inclusive dos preços,
comprometendo-se a executar o objeto por mais 12 meses sem
reajuste.
Houve preclusão lógica quanto ao direito do reajuste.
O mesmo não pode ser dito nos contratos por escopo, reajustado pela
aplicação automática de índices, que difere o tratamento a ser
conferido em relação ao instituto da repactuação.
Questões Controversas sobre os Reajustes
Possível existência de preclusão lógica.
O requerimento do reajuste por índice pelo contratado não
é uma condição para a fruição do direito e não pode ser
equiparado à aceitação dos preços contratados ou à
renúncia tácita ao direito de reajuste, não se configurando a
preclusão lógica neste caso.
Questões Controversas sobre os Reajustes
Necessidade de o reajuste ser solicitado pelo
contratado
O reajuste consiste na aplicação automática de índices gerais,
específicos ou setoriais que reflitam as elevações inflacionárias ou as
reduções deflacionárias.
Sua concessão não demanda a prévia comprovação. pelo contratado
da alteração de cada um dos custos envolvidos na execução do
contrato; ao revés a ocorrência da variação de custos é presumida.
O TCU, inclusive, já admitiu o caráter automático do reajuste em
sentido estrito, aduzindo que "A diferença entre repactuação e reajuste
é que este é automático e deve ser realizado periodicamente. mediante
a simples aplicação de um índice de preço, que deve. dentro do
possível. refletir os custos setoriais. Naquela, embora haja
periodicidade anual, não há automatismo. pois é necessária a
demonstração da variação dos custos do serviço" (Acórdão
1374/2006-Plenário).
Questões Controversas sobre os Reajustes
Necessidade de o reajuste ser solicitado pelo
contratado
É o mais pura aplicação do princípio do pacta sunt servanda (o
contrato faz lei entre as partes), que também se aplica ao contrato
administrativo, com base no arts. 54 e 66 da Lei 8.666/1993:
Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de
acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta lei,
respondendo cada uma das partes pelas consequências de suas
inexecução total ou parcial.
Observando que a previsão de reajuste também é cláusula obrigatória
do edital, compre apresentar o art. 41 da Lei 8.666/1993:
Art. 41. A Administração não pode descumprir as normas e
condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada.
Assim, o reajuste por índices exige sua aplicação de ofício pela
Administração, uma vez atingida a data-base, independentemente de
qualquer solicitação da contratada.
Questões Controversas sobre os Reajustes
Necessidade de o reajuste ser solicitado pelo
contratado
Assim, o Parecer nº 2/2016/CPLC/DEPCONSU/PGF/AGU conclui:
a) o reajuste em sentido estrito dos preços contratados, previsto em edital
e contrato, deve ser automática e periodicamente realizado, de ofício, pela
Administração contratante;
b) não se fixou em lei, tampouco na regulamentação infra legal do instituto,
a exigência de prévia solicitação formal como condição para a concessão
do reajuste, muito menos se estabeleceu um prazo específico para que o
contratado exercesse esse seu direito, ao contrário do que se passa
quanto à repactuação de preços;
c) se o requerimento do reajuste por índice pelo contratado não é uma
condição para a fruição do direito, o fato de o particular não solicitar o
reajuste previamente à renovação do contrato ou ao seu encerramento
não pode ser equiparado à aceitação dos preços contratados ou à
renúncia tácita ao direito de reajuste, não se configurando a preclusão
lógica neste caso;
Questões Controversas sobre os Reajustes
Necessidade de o reajuste ser solicitado pelo
contratado
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as
devidas justificativas, nos seguintes casos:
(...)
II- por acordo das partes:
a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;
Substituição da Garantia Contratual
Assim, observa-se que a substituição da garantia é permitida por lei, por
acordo entre as partes, desde que com: (a) a devida justificativa; e (b)
quando for conveniente a substituição da garantia de execução.
Além disso, deve-se perquirir as reais intenções do contratado ao solicitar a
substituição de garantia e observar se o prazo da garantia oferecida em
substituição é suficiente para execução contratual e recebimento do objeto,
bem como se as cláusulas de cartas de fiança ou de seguro-garantia são
satisfatórias e resguardam a Administração de todos os riscos contratuais.
Observar que no caso de aditamento do prazo e do valor contratual,
também deve ser exigido acréscimo no prazo de vigência e no valor da
garantia.
Por outro lado, a substituição de garantia pode ser obrigatória, no caso de
extinção, desfalque, extravio ou desvalorização da garantia, por exemplo,
no caso de insolvência do prestador de fiança bancária.
Alteração das Condições de Pagamento
Os contratos administrativos também podem ser alterados por mútuo
acordo entre as partes quando “necessária a modificação da forma de
pagamento, por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o
valor inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com
relação ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente
contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço
(art. 65, II, “c”, da Lei 8666/1993).
O pagamento antecipado é admitido em situações excepcionais, estando
condicionado à existência de interesse público devidamente demonstrado,
previsão no edital e exigência de garantias.
Cita-se o Acórdão 1341/2010-Plenário, nesse sentido:
“17. Sobre a antecipação de pagamento, no valor de R$ 251.385,28,
referente ao item 11.060.185-0-superestrutura ponte/viaduto, cuja
execução ainda não havia sido iniciada, tem-se que tal fato foi apurado
mediante o confronto dos itens pagos e medidos até a 12ª planilha de
medição com a verificação in loco da evolução da obra, havendo a
questão sido regularizada posteriormente, mediante a glosa do
mencionado valor.”
Alteração das Condições de Pagamento