O pessoal é politico Seattle, EUA, 1969
por Carol Hanisch
| ARE YOU DOING YOUR THING
AGAIN, LILITH? HOW PO You
KNOW WE'LL FIND THE ANSWER]
IN HELL'S CORNER ?
I KNOW! THATS ALL
IZ CAN TELL you,
\ YN ee as
‘Tradusio livre de loveloves
do texto editado em 1970 por
Shulamith Firestone ¢ Anne Koedt para a antologia
Notes from the Second Year: Women's LiberationO pessoal é politico
por Carol Hanisch
Fevereiro, 1969
Para este artigo eu quero focar bem de perto num aspecto
do debate da Esquerda, comumente discutido, chamado
“terapia” vs. “terapia e politica”. Outro nome para esse debate é
“pessoal” vs. “politico” e ha outros nomes ainda, eu suspeito, a
medida que se ampliou pelo pais. Eu ainda nao pude visitar 0
grupo de Nova Orleans, mas tenho participado de grupos em
Nova Iorque e Gainesville h4 mais de um ano. Ambos os grupos
foram chamados de grupos “pessoais” e “de terapia’, por
mulheres que se consideram “mais politics”. Portanto eu devo
falar a respeito desses chamados grupos de terapia partindo da
minha propria experiéncia.
A propria palavra “terapia” sofre obviamente um mal uso se
pensarmos em sua conclusao légica. Terapia sugere que alguém
esta doente e que existe uma cura, por exemplo, uma solugéo
pessoal. Eu fico enormemente ofendida que pensem que eu ou
qualquer outra mulher precisemos de terapia, em primeiro
lugar. Mulheres sao confundidas, nao confusas! Nés precisamos
mudar as condigées objetivas, ndo nos ajustar a elas. Terapia
seria ajustar-se 4 alternativa pessoal e ruim que vocé tem.
Nés nao fizemos muito tentando resolver os problemas
imediatos e pessoais das mulheres no grupo. Nés escolhemos
temas principalmente por dois métodos: num pequeno grupo é
orpossivel se revezar trazendo perguntas ao encontro (como, o que
vocé preferiria, uma bebé menina ou um bebé menino, ou
nenhuma crianga, e por qué? O que aconteceria com seu
relacitonamento se seu homem fizesse mais dinheiro que vocé?
E se fizesse menos que vocé?). Entao vamos passando pela sala,
respondendo as perguntas da nossa experiéncia pessoal. Todas
falam dessa forma. No final do encontro nés tentamos reunir e
generalizar 0 que foi dito, fazendo conexdes.
Acredito que no ponto em que estamos e talvez por um
longo tempo ainda, essas sessdes analiticas sio uma forma de
ago politica. Eu nao vou a esses encontros porque preciso
falar sobre os meus “problemas pessoais”. De fato, eu
preferiria nao falar sobre eles. Como uma mulher do
movimento, sou pressionada a ser forte, altruista, dedicada aos
outros, disposta a sacrificios e em geral ter a minha vida bem
sob o meu controle. Admitir os problemas na minha vida é ser
considerada fraca. Entéo eu quero ser uma mulher forte, nos
termos do movimento, e nao admitir que eu tenha quaisquer
problemas reais pros quais eu nao consiga encontrar uma
solugao pessoal (com excegao dos problemas diretamente
ligados ao sistema capitalista). Nesse ponto é uma acao politica
contar como as coisas sao, dizer o que eu realmente acho da
minha vida em vez do que eu fui ensinada a falar.
Entdo a razao pela qual eu participo desses encontros nao
é pra resolver nenhum problema pessoal. Uma das primeiras
coisas que descobrimos nesses grupos é que problemas
pessoais sAo problemas politicos. Nao hé mais solugées
pessoais. $6 & possivel uma aco coletiva para uma solugao co-
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