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Departamento de Línguas

7º Ano | Português
Ficha de Trabalho | maio | Ano Letivo 2018/2019

Grupo I

Lê o texto A. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado. Responde aos itens


que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.

Texto A
Todo o mito1 é um drama humano condensado2

É tempo de dançar. Em Orphée, a dupla José Montalvo e Dominique Hervieu revisita uma das mais
belas histórias de amor. A peça de 2010 pode ser vista de hoje a domingo.
Sabemos que acaba mal. Orfeu não resistiu a olhar para trás e Eurídice morreu. Os deuses não lhe
perdoaram, apesar de o terem provocado. Mas o que pode o amor? Orfeu desceu aos infernos para resgatar
Eurídice, sob promessa de nunca olhar para trás, mas a tentação foi maior e ela ficou, para sempre, nas
mãos dos deuses, rudes, impiedosos, cruéis.
É um mito, sobre o que fazemos por amor, dos mais belos que o tempo guardou e que até domingo se
mostra na Culturgest, em Lisboa, através das imagens – no palco pelos bailarinos e projetadas por vídeo –
criadas pelos coreógrafos Dominique Hervieu e José Montalvo, também diretores artísticos do Théâtre de
Chaillot, onde a peça se estreou em 2010.
A dupla de coreógrafos é, poderíamos dizer, velha amiga da Culturgest onde já apresentou Le Jardin
Io Io Ito Ito (2000), Bebelle Heureuse (2003), On Danfe (2005) e Good Morning Mr. Gershwin (2009). Em
todos os seus espetáculos a combinação entre a dança clássica e a contemporânea, entre os efeitos
tecnológicos e a coreografia, serve uma estrutura aberta, que convida o espectador a projetar um desejo
de evasão nos espaços deixados por preencher pela profusão3 de elementos. Não é diferente agora.
Misturam a dança clássica com o hip-hop, cantores-bailarinos africanos com bailarinos contemporâneos,
num gesto que procura ir ao encontro da universalidade artística e filosófica do mito.
A história de Orfeu e Eurídice foi, ao longo dos séculos, e desde Ovídio e Virgílio, objeto de múltiplas
adaptações, das óperas de Monteverdi, Gluck e Philip Glass aos filmes de Jean Cocteau e Marcel Camus,
do quadro de Rubens aos sonetos de Rilke. Em todas as leituras se procurou dar a Orfeu o mais humano
dos rostos, alimentando a ideia de que o seu drama era intemporal e, por isso mesmo, reconhecível por
todos. “Poeta divino, mas sobretudo poeta humano”, dizem os coreógrafos, para quem a peça se equilibra
“entre a força da arte e do amor”, onde surge “o encantamento, o caos e a estranha magia da arte do
apaziguamento, perda, o olhar mortal, o inferno e a fronteira entre os mortos e os vivos”.

Tiago Bartolomeu Costa, in http://ipsilon.publico.pt/teatro/texto.aspx?id=298178


(consultado em 13-02-2012)
VOCABULÁRIO
1. mito: lenda. 2. condensado: sintetizado, resumido. 3. profusão: abundância excessiva.

1. Seleciona, em cada item (1.1. a 1.6.), a opção correta relativamente ao sentido do texto.

1.1. No mito, Eurídice fica presa no Inferno eternamente, porque


a. Orfeu provoca os deuses.

b. os deuses não lhe perdoam um erro.


c. o seu amado olha para trás.

1.2. A expressão “A dupla de coreógrafos é, poderíamos dizer, velha amiga da Culturgest” (quarto
parágrafo) significa que
a. frequentam esse espaço há muitos anos.

b. colaboraram anteriormente com essa instituição.

c. apreciam as peças apresentadas neste local.

1.3. Nos seus espetáculos, estes coreógrafos


a. apostam sobretudo na tecnologia.

b. apresentam estilos de dança e música diversos, projeções multimédia, pinturas e esculturas.

c. misturam diversos estilos de dança e tecnologia.

1.4. A história de Orfeu e Eurídice


a. apenas sofreu adaptações literárias.

b. só recentemente foi redescoberta.

c. foi interpretada por diversas artes.

1.5. Ao destacar o lado mais humano de Orfeu, pretende-se


a. reconhecer o poder do amor.

b. mostrar que todos sofrem pelos mesmos motivos.

c. mostrar que tal história é única.

1.6. O determinante possessivo sublinhado na expressão “alimentando a ideia de que o seu drama era
intemporal” (quinto parágrafo) refere-se
a. a Orfeu. c. à dupla de coreógrafos.
b. a Eurídice. d. ao ser humano.

Grupo II
Lê o texto B. Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.

Texto B
Andando, andando

ELA – E como é que eu vou saber se és tu o verdadeiro Amor…?


ELE – Basta que to diga. Porque é que eu havia de dizer que era o Amor se não fosse?!
ELA – Então mostra-me como é que tu fazes para ver se gosto da tua voz!
ELE – Ah! não recomeces com histórias da Carochinha que eu já não vou nisso!
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ELA – Vês? Vês que és tu…? Eu bem desconfiava!
ELE – Que eu sou eu já eu sabia há muito tempo. Mas eu, quem é?
ELA – Andas há tanto tempo à tua procura e ainda não te achaste?
ELE – Pensas que uma pessoa se acha a si própria assim de repente, como a Carochinha achou
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cinco réis a varrer a cozinha…?
ELA – Então porque é que dizes que és o Amor…?
ELE – Se eu não sei quem sou, e tu andas à procura de alguém que não sabes quem é, pode
muito bem ser que esse alguém seja eu!
ELA – Para amar alguém tenho que saber quem é esse alguém. Se tu não sabes quem és, como
é que eu hei de saber?
ELE – E tu, sabes quem és?
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(Ela não responde.)
E tu, não andas também à tua procura?
ELA – Não, eu ando à procura do Amor.
ELE – Se calhar é a mesma coisa.
ELA – Quem sabe se tens razão…
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(Suspira.)
Tenho fome. Não tens por aí uma maçã?
ELE – (alegre, tirando uma maçã do saco e dando-lha) Toma!
(Pausa)
25 E se fizéssemos um foguinho?
(Vai juntar lenha. Ela ajuda-o.)
ELA – Ainda tens batatas?
ELE – Claro! E azeitonas! Arranjei-as a pensar em ti!
ELA – Sempre pensei que o Amor oferecia flores e não azeitonas…

ELE – O Amor oferece aquilo de que a gente está precisada. E tu, o que é que me ofereces?
ELA – (tira, com gestos misteriosos, qualquer coisa do bolso) Adivinha.
ELE – O que mais jeito agora nos fazia era azeite para temperar as batatas!
ELA – (amuando) Pronto! Já não te dou! Não sabes apreciar o que é bonito!
ELE – Se gosto de ti como é que não sei?! Dá cá!
ELA – (apaziguada tira um pássaro do bolso e entrega-lho, nas duas mãos fechadas) Não é lindo…?
ELE – É… Sobretudo a voar... Vamos deitá-lo a voar?
ELA – Não gostas dele?
ELE – Gosto. Gosto muito. Por isso é que gostava que o deitássemos a voar. Posso…?
ELA – Já que to dei, podes fazer dele o que quiseres…
ELE – (para o pássaro) Vá, vai à nossa frente e descobre o nosso caminho. Se eu soubesse voar já
tinha descoberto.
(Abre a mão e o pássaro solta-se.)
Agora vamos assar as batatas!
(ELA ajuda-o. Acocoram-se ambos em volta da fogueira.)
Às vezes sonho que sou um pássaro. É tão bom voar!
ELA – E eu sonho que sou a Lua. É tão bom andar pelo céu como por uma praia deserta!
(A luz diminui lentamente. Escuro.
Canto de galo. Súbita claridade.)
ELE – Já é de manhã!
ELA – Ainda tenho um bocadinho de sono…
(ELE levanta-se.)
Vais-te embora?
ELE – Não, espero por ti.
ELA – P’ra quê?
ELE – P’ra partirmos juntos. Afinal, se andamos à procura do mesmo, vamos na mesma direção.
ELA – E se nos tornamos a zangar?
ELE – Tornamos a ir cada um para o seu lado.
30 (Um apito longínquo de navio.)
ELA – Onde estamos?
ELE – A caminho

Teresa Rita Lopes, Andando, Andando, Campo das Letras, 1999

1. Refere o tipo de texto que leste, justificando a tua resposta com os seus elementos fundamentais.

2. O presente excerto começa com uma dúvida, que remete para o tema que será abordado ao longo do
texto. Identifica essa dúvida, bem como o tema que introduz.

3. Transcreve do texto uma didascália que forneça informações pertinentes para:

3.1. o luminotécnico;
3.2. o aderecista.

4. Foca a tua atenção nos presentes que as personagens oferecem uma à outra. Identifica esses
presentes, referindo o seu valor simbólico.

5. Tendo em conta os presentes que “ELE” deu, caracteriza psicologicamente a personagem.

6. Considera a seguinte fala: “E eu sonho que sou a Lua.” (l. 46)


6.1 – Identifica o recurso expressivo presente e explicita a sua expressividade.

Grupo III

1. Reescreve as frases seguintes, substituindo a expressão sublinhada pelo pronome pessoal


adequado. Faz as transformações necessárias.

a. Ele procurou, mas afinal não trazia batatas no alforge.

b. Se pudesse, o João ofereceria também flores à Maria.

2. Completa cada uma das frases seguintes com a forma do verbo apresentado entre parênteses, no
tempo e no modo indicados.

Presente do conjuntivo

Desejamos que a maioria das pessoas ______(a)______ (terminar) com uma história feliz.

Pretérito Perfeito do indicativo

Esta peça ______(b)______ (entreter) milhões de pessoas.

Pretérito-mais-que-perfeito composto do indicativo

Antes de embarcarem, já eles ______(c)______ (falar) seriamente.

3. Divide e classifica as orações das seguintes frases:

3.1 - Ela ofereceu-lhe um presente, visto que gostava dele.

3.2 - Para que ela ficasse mais feliz, ele presenteou-a.

3.3 - Andam à procura do amor, mas ainda não o encontraram.

3.4 – Desde que comecei a estudar, as notas melhoraram.


3.5 – Podes brincar à vontade, desde que respeitos os amigos.

Grupo IV

O texto A refere uma história sobre o amor e aquilo que somos capazes de fazer por ele.

Redige um texto narrativo que possua um mínimo de 180 e um máximo de 240 palavras,
imaginando uma situação que demonstre o poder do amor.

Deves localizar a ação no espaço e no tempo e descrever as personagens, utilizando uma


linguagem adequada e organizando as ideias de forma coerente.
Soluções:

Grupo I
1.1 – C. 1.2 – B 1.3 – C. 1.4 – C. 1.5 – B. 1.6 – A

Grupo II

1 - Este texto é um texto dramático, uma vez que apresenta um texto principal “- E como é que eu vou
saber se és tu o verdadeiro Amor…?”, que consiste num diálogo entre duas personagens e um texto
secundário, que compreende didascálias com indicações cénicas diversas tais como o nome das
personagens ou “Suspira”. É escrito com o propósito de ser representado e transformado num
espectáculo teatral.

2 - . “ELA” duvida se “ELE” é realmente o verdadeiro Amor. Portanto, o tema é a identificação do


verdadeiro Amor, de como reconhecê-lo.
3.1 - o luminotécnico; “A luz diminui lentamente. Escuro.”
3.2 - o aderecista. “(tira, com gestos misteriosos, qualquer coisa do bolso)”
4 - Ele, em vez de flores, oferece uma maçã, batatas, azeitonas. Ela oferece-lhe um pássaro. No contexto,
as oferendas dele situam-se na realidade física/material; o pássaro representará a liberdade, o sonho.
5 – Tendo em conta os presentes que ofereceu, Ele é alguém mais “terra a terra”, mais objetivo, com
uma personalidade mais prática.

6 - Trata-se de uma metáfora reveladora de que ela tem uma mentalidade poética, salientando o anseio
de grandes espaços onde o sonho não tenha amarras.

Grupo III

1–
a. Ele procurou, mas afinal não as trazia no alforge. b. Se pudesse, o João oferecer-lhe-ia também
flores.
2–
a) Termine. B) entreteve. C) tinham falado. D)

3 –
3.1 - Oração subordinante – Ela ofereceu-lhe um presente
Oração subordinada adverbial causal - visto que gostava dele.
3.2 - Oração subordinante – Ele presenteou-a
Oração subordinada adverbial final - Para que ela ficasse mais feliz
3.3 - Oração coordenada - Andam à procura do amor
Oração coordenada adversativa - mas ainda não o encontraram.
3.4 – Oração subordinada adverbial temporal – desde que comecei a estudar
As notas melhoraram – oração subordinante
3.5 – Podes brincar à vontade – oração subordinante
Desde que respeites os amigos – oração subordinada adverbial temporal.

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