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Hierarquia Candomblecista.
De acordo com a tradição deixada pelos antigos, segue abaixo em ordem crescente como
evolui a hierarquia do candomblé.
Ao abian é permitido ajudar em quase todos serviços da casa, sempre orientado por um
mais velho que diga o que pode ou não fazer. Essa fase é muito importante para se
aprender vendo e ouvindo, as perguntas não são muito bem vindas, observar e saber ouvir
é a melhor maneira de aprender, quando um mais velho se dispôr a falar e contar, abaixe-
se e preste atenção, não interrompa, escute e grave.
Abiyan significa aquele que ainda não nasceu, por isso não entram na roda e não entram
em transe com orixá.
Iyawo - O iniciado.
Iyawo significa esposa e quer dizer uma aliança eterna para com o orixá.
Passado mais 7 anos, o iyawo agora atinge seus 14 anos de iniciado dentro do culto.
Nesta obrigação, ele passará assumir uma responsabilidade pois teve 14 anos de
aprendizado constante e pode assim assumir uma casa de candomblé ou uma função na
casa onde foi iniciado. O orixá deste filho irá pelo jogo de búzios informar o zelador qual
como devemos proceder daquele momento em diante.
Iyákekere - Mãe pequena, esta é o braço direito do zelador, na ausencia do zelador é ela
quem responde pela casa do candomblé. As pessoas que recebem este cargo não podem
abrir casa de candomblé.
Iyálaxé - Mãe do Axé, estando abaixo da Iyákekere, esta também responde pela casa do
candomblé.
Iyalossaiyn - Mãe das folhas, fica responsavél pelo Sasaniyn e pelas folhas da casa.
Ajibonan - Mãe criadeira, responsavel por cuidar das pessoas que estão recolhidas.
Babalosaniyn - Pai das folhas, responsavél pelo Sasaniyn e pelas folhas da casa.
Ajoye - Mais conhecidas como ekedje, são as mães do orixá, aquelas escolhidas por eles
para serem suas mães, cuidarem do orixá que lhe suspendeu e confirmou.
Oloye - Mais conhecido como Ogans, são os pais do orixá, aqueles escolhidos que tocam
e cuidam do orixá que lhe suspendeu.
Os Ogan e as Ekedje quando iniciados já ganham postos, tomam obrigação de ano mas
não crescem de acordo com o tempo. Já nascem pai e mãe do orixá.
Obrigação de 21 anos.
Ultima obrigação é apenas para reforçar a troca de energias para com os orixás, a partir
daquele momento todo ano o iniciado toma um bori e oferenda seu orixá.
Para saber se uma pessoa precisa ser iniciada ou não, no Candomblé, o Babalorixá ou
Iyalorixá consulta o jogo de búzios no merindilogun, onde terá as respostas. Essa é uma
das formas de saber. A outra é quando uma pessoa vai assistir uma festa de candomblé e
entra em transe profundo. Esse transe é chamado de "Bolar no Santo" é a declaração em
público do Orixá que quer a iniciação de seu filho, nesse caso o babalorixá vai consultar
o jogo de búzios para saber qual é o Orixá e suas condições, se pode esperar ou se caso
de urgência. Normalmente são feitos acordos com os Orixás para que aguardem até o
filho ter condições financeiras e de férias para poder se recolher.
A primeira fase da iniciação ou feitura de santo na nação Ketu é de 21 dias, onde a
pessoa fica em retiro longe da vida profana e da família, devendo desligar-se de tudo e
dedicar-se totalmente aos ritos de passagem. Saliente-se que todo o ritual da iniciação
não é público. Saliente-se também que essa iniciação só pode ser feita por uma pessoa
iniciada, segundo as normas do candomblé só pode transmitir o Axé quem os
recebeu de alguém iniciado na obrigação de Odu ijè.
Quanto ao fato da pessoa ser recolhida para ser Iaô, Ogan ou Ekedi, essa questão só é
resolvida durante a iniciação. Se a pessoa entrar em transe será um Iaô elegun, se não
entrar em transe e for homem, será um Ogan, se for mulher será uma Ekedi
Barco de Iaô[editar]
A iniciação pode ser de apenas um Iaô ou pode ser de muitos. Nesse caso recebe o nome
de "Barco de Iaô". Quando entra para fazer o santo sozinho será chamado de Dofono
(homem) ou Dofona (mulher), por ser o primeiro e único.
Já houve barcos com quinze Iaôs, mas isso é muito raro, pois implica muito trabalho e
dedicação de muitas pessoas para cuidar dos Iaôs. A maioria das casas recolhe no
máximo três ou quatro. Existem Orixás que não podem ser iniciados junto com outros;
nesse caso será recolhido sozinho.
Iniciação[editar]
Nos 3 primeiros dias a pessoa ficará descansando e fazendo os ebós de limpeza, que
serão apurados no jogo de búzios e tomando banhos com folhas sagradas e abô. Ficará
recolhida no roncó (quarto específico de recolhimento) próximo ao peji e será feita a
primeira obrigação, que é o bori. No final dos três dias é suspenso o bori e passa para as
fases seguintes.
No final tem a festa que é chamada de "saída de iaô", essa festa é dividida em 4 partes:
A primeira saída no barracão é interna sem a presença do público, somente os membros
da casa estarão presentes. Pode ter variação de uma casa para outra ou de nação para
nação, uns fazem três saídas públicas outros fazem quatro.
Na primeira saída pública o Iaô sai do roncó (nome dado ao quarto onde ficam
recolhidos) para o barracão todo vestido de branco, essa saída é em homenagem a
Oxalá, trás na testa uma pena vermelha chamada Ekodidé e na parte superior da cabeça
o adoxu e pintado com efun, ele vem acompanhado de sua mãe pequena, da Iyalorixá e
todos que ajudaram na feitura. Nessa saída o Iaô deverá saudar a porta, os atabaques o
Axé do centro do barracão onde estar o fundamento da casa e a Iyalorixá. Em seguida é
recolhido para mudar de roupa.
A quarta e última saída o Orixá vem todo paramentado com roupas e ferramentas
características do Orixá, para dançar e ser homenageado por todos os presentes. No final
canta-se para Oxalá e a festa é encerrada.
Banquete[editar]
Algumas casas atualmente não servem comida de santo para os presentes. Dependendo
das posses do iniciado, poderá se contratar um Buffet para o banquete, onde serão
servidos aos convidados todos os requintes contratados.
Passada a festa o Iaô ficará mais uns dias na roça dependendo do jogo de búzios e a
confirmação no merindilogun, depois será levado para sua casa pela Iyalorixá que a
entregará a sua família.
Ritual do Panã.[editar]
Kelê de Obaluaye colocado em uma escultura do próprio orixá para tirar a foto - candomblé.
Porém a Iaô ainda não terminou as obrigações terá ainda que cumprir um resguardo
normalmente de três meses e continuar usando o kelê (uma gargantilha de contas) que
foi colocada em seu pescoço no início da feitura de santo. Durante esses três meses o
Iaô continuará dormindo numa esteira, usará roupas brancas e seguir uma série de
restrições denominada de ewo. Terminado o período de quelê, é feita a retirada do
mesmo e outra festa é feita para comemorar a comumente chamada "caída de quelê".
É o período mais difícil para o Iaô que precisa voltar a trabalhar, muitos se iniciam no
período de férias do trabalho e quando termina as férias precisam voltar para um
ambiente onde sem dúvida será notado por todos, discriminado por alguns e terá que se
manter calado, terá muitos problemas na hora das refeições, pois está proibido de entrar
em bares e restaurantes, terá que levar uma marmita e aceitar os olhares de curiosidade.
Algumas casas atualmente por esse motivo têm feito alguns acordos com os Orixás para
que o Iaô que precisa trabalhar já saia da roça sem o kelê, mas terá que cumprir todos os
itens do resguardo nos mínimos detalhes. Nesse caso não precisará usar somente
branco, poderá usar roupas de cores bem claras como azul, rosa, bege, cinza, tudo para
não chamar muito a atenção. Existem casos de firmas que o uniforme é preto, marrom,
azul marinho, nesses casos o Orixá permite, não vai querer que seu filho perca o
emprego.
Obrigações[editar]
Obrigação de um ano
(Odueta) ou (odú Kíní) É às obrigações muito importantes é considerada como fim do
resguardo do Iyawo após sua iniciação. Somente esta obrigação dará ao iniciado à
liberdade de viver materialmente sem restrições na sociedade e no seu convívio familiar
e pessoal.
Até fazer um ano de feitura ou pagar sua obrigação de um ano (odú Kíní), ainda terá
algumas restrições (ewo temporário. como cortar cabelo, tomar banho de mar e outros.
Será feita na obrigação de um ano de feitura, uma nova festa para comemorar a data
onde serão oferecidos comida ritual, frutas e flores.
Outra obrigação é feita aos três anos de feitura (odú kétà), algumas casas ou nações
fazem também uma de cinco anos, mas no candomblé ketu considera-se um ano, três e
sete anos. Ele ou ela permanecerá como Iaô até completar os sete anos de feitura e fazer
a obrigação de sete anos (odu ejé).
(Oduijé) ou Odu ejé (a pronúncia do acento é fechada) É uma das maiores obrigações
de uma casa de Candomblé, que todos os iniciados serão obrigados a tomar sem
exceção. Com essa obrigação o iniciado poderá receber posto, cargo, titulo e direitos de
independência do seu babalorixá.
Só quando fizer a obrigação de sete anos Odu ejé é que será considerado um Egbomi.
A obrigação de sete anos é tão grande e importante quanto a feitura, nessa obrigação é
que será definido se o Egbomi irá abrir uma casa ou não. A Iyalorixá entregará para o
Egbomi no ato da festa seus pertences (jogo de búzios, pembas, favas, sementes,
tesoura, navalha, tudo que vai precisar para iniciar Iaôs) no Ketu é chamdo Odu Ijê com
Oyê, em outras nações é chamado de Deká, Peneira, Cuia, etc.
Caso o Orixá da pessoa não queira abrir uma casa e queira continuar na roça da
Iyalorixá, o Orixá depositará os objetos recebidos nos pés da Iyalorixá e sua filha não
abrirá uma casa, continuará na roça onde normalmente receberá um posto para ajudar a
Iyalorixá.
Quando o Orixá aceita a Egbomi receberá todas as homenagens dos presentes pois está
sendo consagrada como uma nova Iyalorixá se for homem Babalorixá. Nesse caso terá
que providenciar uma casa para onde será levado seu Orixá e iniciar um novo Ile axé.
- OIYE - quer dizer titulo independência, são pessoas que já tomaram seus sete anos e
necessitam de um TITULO dado pelo seu babalorixá, para ser independente e Zelador
(a) de Orixás, sacerdócio. Esse Oiye pode ser também um cargo na casa do babalorixá
onde fez a obrigação.
- DEKA - é autorização (direitos) de conduzir a sua própria casa de Candomblé,
atendimento de seus adeptos e consulentes, jogar búzios, tirar ebós e iniciar pessoas no
Orixá, ou Vodum dependendo da nação etc.. Na nação Jeje receberá um Húnjèbé é o
Titulo de sacerdócio exclusivo da nação Jeje e um amuleto do Egbònme, é o diploma
dado pelo Voduno para dar continuidade do aprendizado dos fundamentos dos Voduns.
Para os cargos ou postos de Ogan e Ekedi normalmente são pessoas escolhidas pela
Iyalorixá ou por algum Orixá da casa, serão pessoas de sua inteira confiança, pois
ficarão com a responsabilidade de zelar da casa e da festa enquanto a iyalorixá estiver
em transe.
Uma vez que não entram em transe, Ogans e Ekedis passam por todos os preceitos que
passam os Iaôs inicialmente e até um determinado momento, mas durante o desenrolar
da obrigação constatado que não entrará em transe, é confirmado através do jogo de
búzios no merindilogun o Orixá que trará o Orunkó do Ogan ou da Ekedi na festa.
Se foi escolhido pelo Orixá da Iyalorixá ou Babalorixá ou pelo Orixá de uma das
Egbomis da casa, o Orixá que o escolheu é que sairá no barracão acompanhando o
iniciado. Nesse caso a festa não terá tantas saídas como as saídas de Iaô. Mas no final
terá o mesmo banquete de confraternização entre todos presentes.
Quanto ao resguardo e ewo também não será igual ao do Iaô, será de acordo com o jogo
de búzios, mas geralmente é de 21 dias de Quelê e normalmente cumpridos na roça, no
caso de impossibilidade por motivo de trabalho, sai de manhã para trabalhar e vem
dormir na roça até terminar o período de Quelê. Normalmente o Ogan e a Ekedi não
cumprem o mesmo resguardo do Iaô, por não ter realizado todos os preceitos
necessários ao último. Quando iniciados, equivalem ao Ebômi em idade de santo, tendo
portanto os 7 anos de idade perante os Iaôs.