Você está na página 1de 35

FACULDADE IBGM/IBS

Fisiologia Veterinária I

Prof.ª Dr.ª Amanda Camilo Silva


amandacamilovet@yahoo.com.br
Introdução ao Sistema Nervoso Central (SNC)
“O sistema nervoso é o mais complexo e
diferenciado do organismo, sendo o primeiro a se
diferenciar embriologicamente e o último a
completar o seu desenvolvimento” João Manoel
Chapon Cordeiro – 1996. )

Importância:
- Coordena as demais funções do corpo
- Importante para a compreensão dos demais
sistemas orgânicos
O Neurônio
 Principal unidade
funcional do SN

 Principais partes de um neurônio:


 Dendritos: Área de recepção de informações
 Corpo celular ou soma: Contém as organelas para a
maior parte das atividades metabólicas da célula
 Axônio: Prolongamento celular que a atua na
transmissão das informações (potenciais de ação)
 Terminação pré-sináptica: Transmite informações para
outras células
 Bainha de mielina:
cobertura gordurosa
que reveste o axônio.
Aumenta a velocidade
de transferência de
informações ao longo
de seu comprimento. biocolesterol.blogspot.com.br

 Nodos de Ranvier:
• Interrupção da bainha de
mielina, a intervalos regulares
• Aumenta a velocidade de
condução do potencial de ação
ao longo do axônio
superinteligente.club/neurônio
 Células Gliais:
• Produção da bainha de mielina
• Modulação do crescimento de neurônios lesados ou em
desenvolvimento
• Tamponamento das concentrações extracelulares de K e
neurotransmissores
• Respostas imunes do SN
Subdivisões do Sistema Nervoso
 Sistema Nervoso Central (SNC)
 Encéfalo e medula espinhal
 Protegidos por ossos  crânio e vértebras

 Sistema Nervoso Periférico


(SNP)
 Nervos espinhais e cranianos
 Conduzem sinais elétricos
(potenciais de ação)
 O que é um nervo?
São feixes de axônios do SNP.
 Gânglios
Aglomerados de corpos
celulares de neurônios,
localizados fora do SNC
 Axônios aferentes e eferentes

 Aferentes: conduzem potencial de ação em direção ao SNC


 Eferentes: conduzem sinais a partir do SNC
O Sistema Nervoso...
1) Capta, reúne e integra informações sensoriais
2) Formula um plano de resposta (de forma consciente ou não)
3) Produz um resultado

SNP Integração SNP


Informação (consciente) Resultado
sensorial motor
Ambiente
(externo ou
interno) Integração
(inconsciente)
 Organização do Sistema Nervoso

Encéfalo
SNC
Medula Espinhal
Somático – da pele
a partir da retina
Aferente a partir do labirinto membranoso
(sensorial)
Visceral – a partir dos órgão torácicos e abd.
a partir do epitélio olfativo
SNP a partir dos botões gustativos

Eferente Somático – para a musculatura esquelética


(motor) Visceral – para a musculatura cardíaca e lisa
para as glândulas exócrinas
Capacidade regenerativa do SNC e SNP:

 SNP – Axônios de nervos periféricos podem voltar a


crescer lentamente, conectando-se novamente com
seus alvos periféricos.
 SNC – Não se regeneram de maneira eficiente.
Sinapse
 Zonas ativas de contato entre uma terminação nervosa
e outros neurônios, células musculares ou células
glandulares.

 Rápida comunicação entre a célula nervosa e outras


células em junções especializadas, geralmente
envolvendo mediadores químicos.
Sinapse
 Os principais tipos de contato sináptico são:
 axo-somático (entre um axônio e o corpo celular)
 axo-dendrítico (entre um axônio e um dendrito)
 neuroefetor (entre a terminação
nervosa e a célula efetora - fibra
muscular lisa, fibra muscular
cardíaca ou célula glandular)
 neuromuscular (entre a
terminação nervosa e a fibra
muscular esquelética)
Sinapse
 Compartimentos
envolvidos na sinapse,
do ponto de vista
anatômico funcional:
 Membrana da célula
pré-sináptica
 Fenda sináptica
 Membrana pós-
sinaptica
Sinapse
 Neurotransmissor responsável pelo efeito pós-sináptico
primário na junção neuro muscular  acetilcolina
 Outros neurotransmissores
 Aminoácidos: glutamato, glicina
 Aminas: Serotonina, histamina
 Catecolaminas: dopamina, epinefrina, norepinefrina
 Peptídeos: Vasopressina, somatostatina
 Opióides: Leu-encefalina, beta-endorfina
 Purinas: Adenosina, Trifosfato de adenosina (ATP)
Subdivisões do SNC
 Medula espinhal
 Medula oblonga (bulbo)
 Ponte Tronco Encefálico
 Mesencéfalo
 Diencéfalo
Cérebro anterior
 Telencéfalo TELENCÉFALO

 Cerebelo*

imagem
Medula Espinhal
 Região mais caudal do SNC

Axônios sensoriais
Receptores da raiz dorsal
Resposta através da
sensoriais (pele, Conduzem sinapse ao alcançar
músculo, tendões, potenciais de ação a musculatura
articulações e para a medula esquelética.
órgãos viscerais espinhal Musculatura lisa
Axônios motores da
raiz ventral

 Também conduz informações sensoriais ao cérebro, e


comandos do cérebro para os neurônios motores
 Pode controlar isoladamente reflexos simples
TELENCÉFALO

Medula Oblonga (bulbo)


 Situa-se rostralmente em
relação a medula espinhal

 Também recebe informações a partir de receptores


sensoriais e envia comandos motores para musculatura
esquelética e lisa
 Contém núcleos de nervos cranianos que possuem
importante função de suporte à vida – sistema
respiratório e cardiovascular; alimentação (deglutição,
movimento da língua, paladar) e vocalização.
TELENCÉFALO

Ponte
 Situa-se rostralmente em
relação ao bulbo
 Contém núcleos de nervos cranianos que atuam no
recebimento de informação sensoriais de toque facial e
no controle motor da mastigação.
 Importante na retransmissão de informações do córtex
cerebral ao cerebelo
 Ponte e cerebelo: origem embriológica semelhante
 Cerebelo: importante na coordenação dos movimentos
TELENCÉFALO

Mesencéfalo

 Situa-se rostralmente à ponte

 Contém os colículos superior e inferior que são


importantes no processamento e retransmissão de
informações visuais e auditivas
 Contém núcleo de nervos cranianos que controlam o
movimento ocular, induzem a constrição da pupila, e
alguns movimentos reflexos oculares.
TELENCÉFALO

Diencéfalo

 Contém o tálamo e hipotálamo


 Tálamo: Estação de retransmissão para o córtex cerebral,
e modulador de informações que estão sendo passadas
para o córtex.
 Hipotálamo: Regula o sistema nervoso autônomo
(controle hormonal, manutenção da temperatura,
pressão sanguínea).
TELENCÉFALO
Telencéfalo
(Hemisférios cerebrais)
 Composto pelo córtex
cerebral, gânglios basais e
hipocampo
 Córtex cerebral: percepção sensorial consciente;
formula e executa sequências de movimento voluntário.
 Gânglios basais: Modulam as funções motoras do córtex
cerebral
 Hipocampo: Memória e aprendizado espacial
Estruturas que protegem o SNC
 Protegido por ossos  crânio e vértebras
 Meninges: 3 camadas protetoras:
Pia-máter: Mais interna, composta por cél. fibroblásticas
 Aracnóide: Camada média, aspecto de teia de aranha,
aprissiona o líquido cefalorraquidiano (LCR), no espaço
subaracnóideo
 Dura-máter: Mais externa e mais espessa
Estruturas que protegem o SNC
 Protegido por ossos  crânio e vértebras
 Meninges: Pia-máter, aracnóide e dura-máter
 Liquido cefalorraquidiano
Transparente e incolor
 Encontrado no espaço subaracnóideo, no canal central da
medula espinhal, e no sistema ventricular do cérebro
 Produzido nos ventrículos cerebrais
 É um líquido dinâmico
 Fornece nutrientes e remove resíduos metabólicos
 Importante no diagnóstico de infecções, inflamações e
atividade tumoral no SNC
 Absorve impactos durante movimentos corporais
abruptos
Caso Clínico 1
 Um cliente liga porque seu cavalo de 6 anos pisou em
um prego há alguns dias, com a pata anterior direita. O
objeto foi retirado e a ferida lavada, mas agora o cavalo
parece deprimido e não quer se mover.
Caso Clínico 1
 Exame clínico:
 Febre
 Aumento da frequencia cardíaca e dos pulsos da artéria
digital na pata dianteira direita
 O membro afetado está inchado, quente e dolorido
 O animal está sensível a qualquer estímulo
 Vacinação atrasada
Caso Clínico 1
 Tétano

 Comentários:
 Exposição ao Clostridium tetani pode ocorrer através de
cortes/feridas.
 A bactéria tem uma neurotoxina (tetanospasmina) que
bloqueia a liberação sinaptica de glicina e àcido gama-
aminobutírico
 Esses neurotransmissores normalmente têm um efeito
inibidor nos neurônios motores da musculatura
esquelética
Caso Clínico 1
 Comentários:
 Resultando em excitação anormal destes neurônios
 Resultando no estímulo muscular contínuo 
hipertonia e espasmos musculares
 Enrijecimento de cabeça e pescoço, postura de cavalete,
rigidez de mandíbula, e retração ocular com protrusão
da terceira pálpebra também podem ocorrer
 Espasmos musculares são facilmente provocados
 Musculatura respiratória fica comprometida 
pneumonia por aspiração e hipóxia  morte
Caso Clínico 2
 Você examina uma cadela da raça Pastor alemão, com 5
anos de idade, cujo dono informa que ela se torna
progressivamente mais fraca após exercício. Ele tb diz
que recentemente, logo após comer, ela começou a
vomitar o alimento, em bolos de formato cilíndrico.
 Exame clínico:
 Exame neurológico sem alteração
 Após exercícios moderados o animal
ficava mais fraco, principalmente no
membros anteriores
 Após aplicação de um inibidor da
acetilcolinesterase (edrofônio), todos
os sinais clínicos de fraqueza foram
eliminados.
 Radiografia de torax  dilatação do
esôfago e aumento do timo
 Comentários:
 A dilatação do esôfago (megaesôfago) + resposta ao
inibidor da acetilcolinesterase confirmam o diagnóstico
de miastenia gravis (fraqueza muscular grave)

Miastenia Gravis

 doença neuromuscular que causa fraqueza e fadiga


anormalmente rápida dos músculos voluntários. A
fraqueza é causada por um defeito na transmissão
dos impulsos dos nervos para os músculos.
 Comentários:
 A doença ocorre por uma falha na transmissão da
acetilcolina na sinapse neuromuscular
 Trata-se de um problema auto-imune, o organismo
produz anticorpos que atacam os receptores localizados
no lado muscular da junção neuromuscular
 Impedindo a conexão da acetilcolina com seus próprios
receptores; não ocorrendo despolarização de membrana
 A administração de inibidores de acetilcolinesterase,
impedem que a acetilcolina seja metabolizada,
permitindo que ela passe mais tempo na fenda sinaptica,
com tempo adicional para ligação com os receptores,
facilitando assim a transmissão normal.
 Comentários:
 A administração de inibidores de acetilcolinesterase,
impedem que a acetilcolina seja metabolizada,
permitindo que ela passe mais tempo na fenda sinaptica,
com tempo adicional para ligação com os receptores,
facilitando assim a transmissão normal.
 Dilatação esofâgica por paralisia
 Miastenia gravis pode estar associada a massas no
mediastino, normalmente no timo.
 Tratamento:
 Remissões espontâneas podem ocorrer, dependendo da
causa
 Administração diária de inibidores da acetilcolinesterase
 Remoção cirúrgica de massas no mediastino

Você também pode gostar