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Mansur, C.G.S.; Cabral, S.B.; Sartorelli, M.C.B.; Lopes, A.C.; Rev. Psiq. Clín. 31 (5); 257-261, 2004
Miguel F., E.C.; Bernik, M.A.; Marcolin, M.A.
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Abstract
Repetitive transcranial magnetic stimulation (rTMS) have been widely studied
as a therapeutic method in psychiatric disorders, specially in major depression.
In this paper, we have compiled the information from studies concerning the
use of rTMS as a therapeutic tool for anxiety disorders: panic disorder (PD),
post-traumattic stress disorder (PTSD), generalized anxiety disorder (GAD)
and mainly obsessive-compulsive disorder (OCD).Three studies have been
published concerning treatment of OCD with rTMS, but they are very different
in their methods and in the application parameters and location, making it
difficult to draw any conclusion about the efficacy of rTMS in this cases. Four
studies published on PTSD also showed very ambiguous and hardly comparable
data, but a recent double-blind study with positive results is discussed. Very
few inicial investigations are available concerning PD and GAD. Conclusion:
Although many studies are mentioned, thete is no conclusive data about the
therapeutic efficacy of rTMS in anxiety disorders. It is mainly due to a large
number of open-labelled studies with small sample sizes. Therefore, studies
with a deeper approach are needed to provide this answers.
Mansur, C.G.S.; Cabral, S.B.; Sartorelli, M.C.B.; Lopes, A.C.; Rev. Psiq. Clín. 31 (5); 257-261, 2004
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transtorno, sendo mais um dado que o aproxima de objetivo determinar a eficácia da EMTr de alta fre-
outros transtornos que envolvem estruturas subcor- qüência para o tratamento de portadores de TOC resis-
ticais (Greenberg et al., 2000). tente. Trinta pacientes serão randomizados para rece-
A EMTr vem sendo recentemente estudada por berem 30 aplicações de EMTr ativa ou placebo no
alguns grupos como potencial ferramenta terapêutica CPFD e avaliados com escalas para TOC, ansiedade,
no TOC. Greenberg e cols. (1997 b) estudaram o efeito depressão e qualidade de vida.
de uma única aplicação de EMTr de alta freqüência
(20 Hz) ao córtex pré-frontal esquerdo (CPFE), direito
(CPFD) e córtex occipital, em estudo aberto com 12
Transtorno de estresse
pacientes portadores de TOC. A intensidade das obses- pós-traumático e EMTr
sões e compulsões foi medida antes, durante, após 30
minutos e após oito horas de cada uma das aplicações, McCann e cols. (1998) iniciaram a investigação das
feitas em dias diferentes para cada sujeito. Não foi aplicações terapêuticas da EMTr para o transtorno de
encontrado efeito significativo quanto às obsessões, estresse pós-traumático (TEPT) com o estudo de dois
mas houve melhora significativa na intensidade das casos, sugerindo a utilidade potencial de EMTr de baixa
compulsões, somente para o tratamento realizado no freqüência na normalização da hiperatividade meta-
CPFE. Contudo, o autor ressalta a necessidade de estu- bólica paralímbica e frontal direita associada ao TEPT.
dos controlados para resultados mais conclusivos, Grisaru e cols. (1998) submeteram dez pacientes
considerando a possibilidade de efeito placebo devido à portadores de TEPT a uma sessão de EMTr de baixa
curta duração e ao caráter aberto do estudo. freqüência aplicada em ambos os lados do córtex motor.
Outro estudo aberto preliminar realizado por Observou-se uma melhora significativa na escala de
Sachdev e cols. (2001) verificou o efeito terapêutico da impressão clínica global (CGI) nas 24 horas que se
EMTr em 12 pacientes portadores de TOC resistente, seguiram à aplicação, que não se manteve após sete
realizando 30 sessões de alta freqüência (10 Hz) apli- dias da avaliação, com retorno à linha de base. Houve
cadas ao CPFD e CPFE. Observou-se resposta clínica melhora importante em um dos sintomas nucleares
significativa sustentada em cerca de um quarto dos do TEPT (evitação), assim como melhora da ansiedade
pacientes estudados, com redução superior a 40% na e somatização. Os dados relacionados a este estudo
escala Y-BOCS. Ambos os grupos mostraram redução devem ser analisados com cuidado adicional, devido à
significativa quanto a obsessões e compulsões, mas não aplicação dos estímulos ao córtex motor, sem aplica-
houve diferença significativa entre eles. Observou-se bilidade documentada em psiquiatria, e à curta duração
também tendência a melhora dos sintomas até a quarta do tratamento.
semana de seguimento. A principal limitação deste estudo, Rosenberg e cols. (2002) avaliaram 12 pacientes
contudo, é a ausência de grupo-controle, mantendo com diagnóstico de TEPT e depressão maior (DSM-
novamente a possibilidade de efeito placebo apesar da IV) que foram submetidos a dez sessões de EMTr
resposta contundente em pacientes resistentes. aplicadas ao CPFE. Os pacientes foram subdivididos
Alonso e cols. (2001), contudo, demonstraram em em dois grupos, sendo que em cada paciente seria
estudo controlado, duplo-cego e randomizado que EMTr empregada uma freqüência de 1 ou 5 Hz. Foi obser-
aplicada ao CPFD não produziu efeito terapêutico signi- vada uma melhora significativa no humor dos
ficativo em pacientes com TOC. Tal estudo utilizou pacientes, mantida em um seguimento de dois meses.
técnica bastante diferente em relação aos anteriores, Houve apenas melhora mínima nos sintomas nuclea-
como a aplicação de EMTr de baixa freqüência e o res de TEPT, mas significativa no humor, ansiedade
emprego de bobina circular, que poderiam estar e sono. Os grupos não foram comparados entre si e
relacionados à falha terapêutica. Em última análise, não houve, como no estudo anterior, controle com
as técnicas utilizadas nos três estudos descritos placebo, o que dificulta a avaliação da eficácia real do
diferem muito, sendo pouco comparáveis entre si. procedimento. Além disso, o resultado pouco expressivo
Existe, portanto, indefinição na literatura quanto quanto aos sintomas de TEPT deve ser analisado
à eficácia da EMTr no tratamento de pacientes com levando-se em consideração o pequeno tamanho da
TOC. Revisão sistemática realizada recentemente con- amostra e o emprego isolado de freqüências baixas.
clui que os dados disponíveis atualmente são insufi- Recentemente, Cohen e cols. (2004) avaliaram a
cientes para que se chegue a qualquer conclusão a eficácia da EMTr em 24 pacientes portadores de TEPT
este respeito (Martin et al., 2003). Contudo, a exis- através de um estudo duplo-cego controlado com placebo.
tência de um grupo significativo de pacientes que não Os pacientes foram subdivididos em três grupos: a)
respondem adequadamente aos tratamentos conven- estimulação placebo; b) estimulação com freqüência de
cionados impõe o prosseguimento dessa investigação. 1 Hz (baixa); c) estimulação com 10 Hz (alta freqüência).
Por essa razão, está em andamento no Serviço de EMTr Os estímulos (total de dez sessões) foram aplicados ao
do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas CPFD. Os efeitos terapêuticos no grupo tratado com 10
da Universidade de São Paulo um estudo que tem por Hz foram maiores que nos outros grupos. Na avaliação
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feita 14 dias após o término das aplicações, observou-se plasmáticos de ACTH e cortisol induzidos pelo CCK-
uma redução em sintomas nucleares do TEPT 4. No seguimento de quatro semanas, as condições da
(reexperiencing e evitação). O efeito da EMTr foi paciente mostraram-se estáveis. Apesar dos interes-
significativo e estável por pelo menos 14 dias após o santes cuidados de registro endócrino e emprego de
tratamento. Estes são dados relativamente consistentes, teste provocativo, este estudo certamente necessita de
mas que necessitam de replicação para que se estabeleça replicação com ampliação da amostra e controle com
o uso da EMTr de alta freqüência para o tratamento do EMTr placebo para que se possa determinar a eficácia
TEPT. Não é possível ainda determinar também a da técnica para o tratamento do TP.
necessidade de tratamento de manutenção.
Conclusão
Transtorno do pânico e EMTr
Apesar dos estudos citados, ainda há poucos dados
A eficácia da EMTr para o tratamento do transtorno conclusivos quanto ao emprego terapêutico da EMTr
do pânico (TP) encontra-se ainda em fase inicial de no tratamento dos transtornos de ansiedade. Em parte,
investigação. Foram publicados apenas dois pequenos isso decorre do fato de a maioria dos estudos ainda ter
estudos que se propõem a analisar esta questão. Em sido realizada com desenho aberto e amostras muito
estudo piloto com três pacientes portadores de TP, foi pequenas. Houve também pouca padronização quanto
empregada estimulação com freqüência de 1 Hz ao à técnica de estimulação empregada (freqüência rápida
CPFD. Foi observada uma melhora discreta, não ou lenta, duração), tornando os estudos pouco compa-
clinicamente significativa. Na segunda fase do estudo, ráveis entre si. O próprio local da estimulação no
com dois pacientes, aplicações com os parâmetros encéfalo ainda é controverso, apesar de este último
anteriores foram alternadas com aplicações a 20 Hz recentemente encontrar-se empiricamente delimitado
ao CPFE. Não se observou melhora adicional (Garcia- ao CPFD e CPFE.
Toro et al., 2002). Naturalmente, este estudo também Os dados já existentes quanto ao emprego da
tem as limitações impostas pelo tamanho reduzido de EMTr para tratamento do TOC e do TP são global-
amostra e ausência de grupo-controle. mente pouco conclusivos, tornando necessários mais
O mesmo se aplica a um relato de caso de pacien- estudos controlados nesta área. Quanto ao tratamento
te portador de TP publicado por Zwanzgler e cols. do TEPT, Cohen e cols. (2004) encontraram efeito
(2002). Foram aplicadas dez sessões de EMTr com 1 positivo com o emprego de freqüências altas ao CPFD
Hz ao CPFD, e antes e ao final do tratamento foi reali- em estudo controlado, dado que ainda carece de repli-
zado o teste provocativo com tetrapeptídeo colecisto- cação. O emprego da EMTr associada a tratamentos
quinina (CCK-4). A administração de CCK-4 provoca medicamentosos para casos resistentes ou para
sintomas similares ao ataque de pânico tanto em volun- abreviação do tempo de resposta também é outra fron-
tários normais como em pacientes com transtorno do teira que necessita de investigação. Não foi encontrado
pânico. No final do tratamento, observou-se redução em busca eletrônica sistemática nenhum estudo
de sintomas de pânico, assim como melhora do pânico publicado que abordasse o tratamento do transtorno
induzido pelo CCK-4 e atenuação da elevação dos níveis de ansiedade generalizada com EMTr.
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