Análise Empírica do Impacto do Turismo no Crescimento Económico de Moçambique no período de 1996 à 2007
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ÍNDICE
GLOSSÁRIO ----------------------------------------------------------------------------------------------- 7
1.1. Introdução--------------------------------------------------------------------------------------- 9
1.2. Objectivos------------------------------------------------------------------------------------- 11
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CAPÍTULO 3: TURISMO EM MOÇAMBIQUE -------------------------------------------------- 20
CAPÍTULO 4: METODOLOGIA--------------------------------------------------------------------- 24
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LISTA DE TABELAS
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
BM Banco de Moçambique.
E Taxa de câmbio
H0 Hipótese Nula.
Ln Logaritmo Natural.
R Receita do Turismo
r² Coeficiente de Determinação
µ Termo de errro
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GLOSSÁRIO
Curto Prazo é um período de tempo em que não se pode ajustar completamente todos
factores produtivos (Samuelson & Nordhaus, 2005, p. 734).
Nível de Significância é o principal determinante para rejeitar ou não uma hipótese nula, ou
seja, é a probalidade de cometer um erro de tipo I – a probalidade de rejeitar a hipótese nula
enquanto ela é verdadeira. Enquanto que o erro do tipo II – é a probalidade é não rejeitar a
hipótese nula enquanto ela é falsa (Gujarati,2000)
PIB Real: medida de produção total. A soma das quantidades porduzidas numa economia
multiplicadas pelo preço do ano base (Blanchard, 2003. p. G-8).
Investimento: aquisição de bens imóveis (casas, terrenos, etc) por individuais ou bens
capitais (instalações, maquinárias ou indústrias) por parte das firmas (Blanchard, 2003. p. G-
5).
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Importação: aquisição de bens e serviços estrangeiros por parte de entidades domésticas,
consumidor individual, indústrias ou governo (Blanchard, 2003. p. G-5).
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CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
1.1. Introdução
O turismo é um dos sectores que tende a evoluir muito rapidamente em todo mundo. Este
sector é considerado como uma das grandes fontes de receitas para a maioria dos países em
via de desenvolvimento. Numa perspectiva geral, o turismo ganhou uma dimensão enorme
queira a nível nacional, queira a nível internacional. Este facto deve-se principalmente ao seu
carácter transversal, dado que o turismo é uma actividade socioeconómica, que promove o
desenvolvimento e o volume de negócios através da geração de receitas, criação de
oportunidades de empregos e por conseguinte influenciado a vida sociocultural.
Segundo a UNWTO (United Natios World Tourism Organization) a indústria turística oferece
emprego directo e indirecto para cerca de 212 milhões de pessoas no mundo e gera US$655
bilhões em receitas estatais. As viagens e o turismo são responsáveis por 11.7 % do PIB
directo e indirecto e gera mais de US$3.5 triliões da produção bruta das economias. De 1950 a
2002, o número de chegadas internacionais mostrou uma evolução de 25 milhões para 703
milhões em 2002. Isto corresponde a uma taxa de crescimento anual média de
aproximadamente 4%, e as chegadas internacionais irão ultrapassar os cerca de 1 bilhão em
2010 e alcançarão os cerca de 1.6 bilhões em 2020, conforme dados da Organização Mundial
do Turismo.
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Moçambique possui um potencial de turismo invejável: um litoral tropical de 2700 km,
biodiversidade de grande valor ecológico, incluindo espécies endémicas, e um património
histórico-cultural bastante rico, podendo oferecer diversificados tipos de turismo desde, o
turismo tradicional, turismo de praia, ecoturismo, caça desportiva, etc. No entanto é difícil de
dizer que este potencial está sendo usado de forma racional. A Politica e a estratégia de
turismo de Moçambique assegura que para o aproveitamento das oportunidades oferecidas
pelo Turismo é desenvolver um turismo económica e ambientalmente sustentável, proteger a
biodiversidade e Preservar os valores culturais e orgulho nacional. Este contexto visa o
Desenvolver e posicionar Moçambique como um destino turístico de classe mundial;
Contribuir para a criação de emprego, crescimento económico e para o alívio da pobreza;
O estudo esta dividido em seis capítulos. O Primeiro capítulo apresenta a introdução do tema,
em que são apresentados os objectivos de estudo, definição do problema e das hipóteses, é
feita a delimitação do estudo e apresenta-se as principaís limitações. O Segundo capitulo faz a
breve revisão de literatura, dando o enfoque os preceitos teóricos e resultados de alguns
estudos empíricos sobre a teoria da PPC. O terceiro capítulo faz um resumo breve sobre o
turismo em Moçambique de modo a ter-se uma imagem que fundamente e ajude a interpretar
alguns resultados empíricos da pesquisa. O quarto, apresenta a metodologia aplicada. São
descritas as técnicas usadas para as análises empíricas e são apresentadas as características das
séries usadas. O quinto capítulo faz a análise e interpretação dos resultados e finalmente o
sexto capítulo apresenta as conclusões e recomendações do estudo.
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1.2. Objectivos
O objectivo desta pesquisa é avaliar o impacto das receitas do turismo para o crescimento
económico de Moçambique.
1.3. Justificativa
Este estudo é muito relevante por várias razões, das quais a primeira é não existirem
informações de que um estudo (usando modelo dinâmico) similar tinha sido efectuado em
Moçambique. Os estudos já efectuados em Moçambique fazem uma análise estática sobre o
impacto do turismo no bem-estar social. Por isso estudo vai se focalizar no impacto do
turismo no crescimento económico de Moçambique o que pode ajudar o Ministério do
Turismo e os decisores políticos. Também este estudo pode facilitar os tomadores de decisões
na formulação de políticas e estratégias para o sector e para a economia no geral. Por fim este
estudo poderá contribuir para estudos futuros no concernente ao impacto do turismo no
crescimento económico.
1.5. Hipóteses
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1.7. Limitações
Durante período em decorreu o presente estudo, foram verificadas enúmeras limitações, tais
como:
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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DE LITERATURA
Neste capítulo far-se-à a definição dos conceitos relacionados com a teoria da fundamentada
na hipótese de que o turismo leva ao crescimento económico e proceder-se-à ao levantamento
dos estudos empíricos desenvolvidos sobre o tema. O objectivo é dar uma base de
fundamentação e a actualização das informações disponíveis sobre a teoria. Esta parte
compreende três secções, a primeira faz a revisão da literatura teórica, a segunda aprofunda
sobre os resultados encontrados em outros estudos empíricos já efectuados.
Os países da Ásia, os chamados Tigres Asiáticos, são tidos como exemplos de sucesso, por
terem alcançado taxas de crescimento económico altas e sustentáveis, como resultado da
implementação da política de mercado livre e a orientação da economia para o exterior. Estes
países, nas últimas quatro décadas, dobraram seu padrão de vida a cada 10 anos.
.
Análise Empírica do Impacto do Turismo no Crescimento Económico de Moçambique no período de 1996 à 2007
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Como a hipótese teórica de que as exportações levam ao crescimento económico, a hipótese
teórica de que o turismo leva ao crescimento económico, pode ser postulada na base de
existência de vários argumentos segundo os quais o turismo pode tornar-se no principal
determinante do crescimento económico geral a longo prazo. Duma forma tradicional pode se
afirmar que o turismo gera divisas que podem ser usadas para importar bens de capital de
modo a serem empregues na produção de bens e serviços, levando assim o país ao
crescimento económico.
Em outras palavras pode-se dizer que o sector do turismo gera receitas necessárias e
suficientes para um país financiar as suas importações mais do que exportar bens
transaccionáveis. Se as importações forem bens de capital ou insumos básicos para produção
de outros bens em quaisquer sectores da economia, então, pode se afirmar que os
rendimentos do sector do turismo estão a jogar um papel fundamental no crescimento
económico do país. Certamente que as regiões que não desenvolvem actividades turísticas
poderão se beneficiar como resultado da redistribuição da riqueza.
Paralelamente aos aspectos acima apresentado, o turismo ainda pode contribuir para o
aumento da renda através de dois mecanismos. Primeiro, é o aumento da eficiência,
impulsionado pela concorrência entre as empresas do sector e outros destinos turísticos
internacionais (Bhagwati and Srinivasan, 1979; Krueger, 1980) e, em segundo, o turismo irá
possibilitar o aumento da exploração das economias de escalas nas empresas domesticas
(Helpman and Krugman, 1985)
A indústria do turismo cria uma actividade na economia que pode trazer consequências
positivas e negativas. Dos impactos positivos, o mesmo que prevêem a hipótese de que o
turismo leva ao crescimento económico é a geração de divisas. Na visão de que o turismo é
um serviço transaccionáveis internacionalmente, a entrada de divisas compensa o deficit da
conta corrente e balançar os desequilíbrios da balança de pagamentos. O rendimento pelo
turismo poderá impulsionar os outros sectores da economia e contribuir para o crescimento
económico do país. Está contribuição só terá o impacto positivo na medida que a receita
Análise Empírica do Impacto do Turismo no Crescimento Económico de Moçambique no período de 1996 à 2007
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gerada elo turismo seja usada na importação de bens de capital a serem usados na produção de
bens e serviços e o consequente crescimento económico (Balanguer et. Al, 2002)
Outro aspecto a focalizar, são gastos para o sector de turismo e os investimentos. O aumento
das despesas e investimentos do sector do turismo, o sector torna-se em importante fonte de
emprego. O sector pode gerar empregos directos (hotéis, restaurantes, praias, etc) ou
indirectamente através da demanda de bens e serviços oferecidos por empresas
complementares a actuarem na cadeia de valor. Também frisar que o turismo contribui para o
orçamento do estado através dos impostos, queira de forma directa ou indirecta.
Paralelamente os impactos positivos existem os impactos negativos. Embora que muitos dos
país em via de desenvolvimento procuram desesperadamente aumentar os níveis de renda,
emprego e padrão de vida, são os países desenvolvidos que se beneficiam do turismo. Isto
devido a situação de vazamento das importações e exportações, o que não ocorre nos países
desenvolvidos. Vazamento de importações é a situação em que o país receptor do turista tem
que importar bens e serviços para responder as necessidades do turista, enquanto vazamento
nas exportações é a situação em que os recursos requeridos para fornecer a infra-estrutura que
sustem a indústria do turismo é deficiente. Nessa situação, os países correm o risco de criarem
uma economia dependente do turismo. Em situações de turbulências na economia mundial,
calamidades naturais e crises, a actividade turística e as receitas também poderão ser mínimas.
Outros impactos negativos a citar são: aumento de preços de bens e serviços de primeira
necessidade devido ao aumento da procura dos turistas, a alocação de bens públicos,
desequilíbrios na distribuição de rendimentos e a sazonalidade dos empregos que na realidade
não reduzem o desemprego.
O impacto sociocultural tem a ver com os efeitos que podem ser causados nas comunidades
que recebem os turistas por causa da exposição directa ou indirecta com os turistas e a
interacção com a indústria do turismo. As actividades turísticas podem ter efeitos adversos se
que estas trouxerem nas comunidades mudanças no sistema e comportamentos na estrutura
das comunidades, relações familiares, tradições, cerimónias e mortalidade. Embora isso
ocorra o turismo pode ter efeitos positivos quando usado como força de paz, respeitando as
tradições ajuda na criação de empregos.
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Recentemente, Fayissa et al (2007, p12-13) desenvolveram um estudo para analisar não
somente o efeito do turismo no crescimento económico bem como no Desenvolvimento de
África. Os resultados mostraram que os gastos efectuados pelos turistas internacionais
afectam positivamente o crescimento económico visto que uma variação de 10% nas despesas
leva a um aumento em 0.4% no PIB per capita. O estudo conclui também que o desempenho
económico dos países africanos pode ser impulsionado não só pelo investimento em capital
físico e humano, comércio mas também por explorar ainda mais a indústria hoteleira e
melhorar a sua gestão.
Embora que tenhamos estes resultados favoráveis a hipótese teórica de que o turismo leva ao
crescimento económico, Chic-Ok Oh (2005) encontrou resultados negativos. Analisando a
economia da Correia, ele não encontra evidências da relação de equilíbrio de longo prazo
entre as receitas de turismo e o crescimento económico.
Estes resultados estão na mesma linha de pensamento de que hipótese teórica de que o
turismo leva ao crescimento económico é válida.
Análise Empírica do Impacto do Turismo no Crescimento Económico de Moçambique no período de 1996 à 2007
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Wamba (2005), em seu estudo analisa os efeitos do turismo na balança de pagamentos no
periodo de 1996 a 2003 e conclui que devido a problemas associados a estimação de receitas
e despesas do turismo, o saldo desta balança não reflecte a realidade, ocorrendo que em
situações em que o turismo contribui positivamente para a balança de pagamentos, o
resultado final mostra que este agravou –a.
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CAPÍTULO 3: TURISMO EM MOÇAMBIQUE
3.1 Antecedentes
Desde 1950, com a Criação dos primeiros Centros de Informação e Turismo, Moçambique
vem apostando no turismo, porque assim de forma igual como os outros países, há um
reconhecimento da possível contribuição e efeitos gerados pela indústria do turismo no
crescimento económico. Importa realçar que somente em 1992, com o fim da guerra e o
desenvolvimento do programa de ajustamento estrutural, o sector começa a reactivar-se.
Da mesma forma que um país como Moçambique vem sentindo os impactos positivos do
turismo, também ressente-se dos impactos negativos dos diversos factores, que até uma certa
medida tornam Moçambique menos competitivo no mercado internacional. Dos diferentes
factores que determinam o fraco desenvolvimento do sector, importa referir os considerados
mais relevantes pelos diferentes actores do sector e das regiões que é desenvolvida em grande
escala a actividade turística como os seguintes:
Embora que Moçambique enfrente estas dificuldades, possui uma grande diversidade de
atractivos naturais e culturais. Dotado de uma costa de 2700Km, no oceano indico com ilhas
paradisíacas, rios, lagos, montes e montanhas, áreas naturais (Parques Nacionais e zonas de
preservação), lugares considerados de património cultural entre muitos atractivos, podendo-se
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resumir toda a oferta turística do pais em seguintes produtos: sol e praia; ecoturismo; turismo
cultural; turismo de aventura; turismo temático e turismo de cruzeiro.
Os período que vai desde de 1995 a 2007, pode ser visto como um período de relançamento
do turismo em Moçambique, uma fase em que grandes investimentos estão sendo efectuados
para tornar o país num destino turístico de eleição.
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Tabela 3.1 Evolução do Turismo em Moçambique
Receitas de Turismo
95.3 129.6 139.7 163.4
(Milhoes de Dolares)
Investimento
67,159 83,690 604,252 977,201
(em 103 USD)
Expansão de capacidade de
13,807 14,827 15,740 17,035
alojamento
Como retrata a tabela, pode se perspectivar que o crescimento do sector de turismo tenha
contribuições em diferentes sectores da economia.
O turismo é um sector transversal por lidar com vários outros sectores e, assim, em muitos
aspectos tem implicações na aplicação dos instrumentos legais e leis. Desde 1994 que o
Governo de Moçambique tem vindo a adoptar e a aprovar várias políticas sectoriais e
legislação para uma gestão melhorada de recursos naturais, que desempenham um papel
importante na promoção do turismo. Entre as que têm relações directas com o sector podem
mencionar-se as seguintes:
Lei do turismo
Politicas do turismo e estrategia da suas implementação
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Politica e estrategia nacional de florestas e fauna bravia
Lei de floresta e fauna bravia
Lei de terras,
Programa nacional de gestão ambiental
Lei quadro ambiental
Lei das Pescas
Lei de Investimento
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CAPÍTULO 4: METODOLOGIA
Neste capítulo são apresentadas as metodologias usadas para o presente estudo. Primeiros são
apresentados os principaís testes efectuados. Segundo são apresentadas as séries usadas em
especial atenção as razões porque é foram incluídas no modelo. E por fim é apresentado o
modelo empírico que analisa a relação entre as variáveis: Crescimento económico, Receitas
de turismo e taxa de câmbio real.
O objectivo principal deste estudo é analisar o impacto das receitas de turismo no crescimento
económico do país. De modo a alcançar este objectivo foram levados a cabo diferentes testes
econométricos nomeadamente: Teste de estacionaridade ADF, teste de co-integração usando o
método de Mínimos Quadrados ordinários (OLS) e Métodos de Mínimos Quadrados
Generalizado (GLS), extensão do OLS.
O maior desafio de trabalhar com séries temporais, reside no facto de identificar o equilíbrio a
longo prazo entre as variáveis em análise. Este facto torna-se em obstáculo em situações que
lidamos com séries que não sejam estacionárias, dificultando assim o processo de predição.
Segundo Gujarati (2003), os modelos estimados usando séries não estacionários apresentam
regressões sem sentido ou as regresses espúrias.
De modo a verificar a estacionaridade foi usado o teste de raiz unitária Augmented Dickey-
Fuller (ADF). Para os testes de admitiu-se como hipótese nula a não estacionaridade das
séries ou seja, a existência da raiz unitária. Isto significa aceitar a hipótese nula se a estatística
t do teste ADF for inferior ao valor crítico ou, pelo contrário, rejeitar a hipótese nula quando o
valor da estatística t do teste ADF for superior ao valor crítico, isto é, a série é estacionária, ou
seja, a concluir pela não existência de raiz unitária.
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4.1.2 Teste de co-integração
Para testar a co-integração foram usados os testes de Eangle e Granger. Para tal, diz-se que
uma série temporal não estacionária Xt (t = 1, 2, 3, ... n) como integrada de ordem d,
formalmente Xt ~ I(d), se esta se tornar estacionária depois de diferenciada d vezes. Duas
séries não estacionárias Xt e Yt dizem-se co-integradas de ordem (d,b), formalmente (Xt,Yt) ~
I(d,b), se ambas forem integradas da mesma ordem d e existir uma combinação linear das
duas variáveis, Zt = Xt - cYt , que seja I(d-b), com b > 0, sendo [1 - c] designado por vector
de co-integração.
No contexto das relações económicas, uma das formas mais comuns de co-integração é aquela
em que ambas as séries Xt e Yt são integradas de ordem 1, I(1), e a combinação linear das
duas variáveis estacionária, Zt ~ I(0). A existência de co-integração entre duas séries não
estacionária é estatisticamente equivalente à existência de uma relação de longo prazo entre
tais variáveis, indicando que as duas séries evoluem de uma forma muito próxima ao longo do
tempo.
Y = β 0 + β 1 X 1 + β 2 X 2 + ... + β n X n + ε (4.1)
De modo de verificar se o modelo estimado é o melhor e que não sofre de qualquer anomalia,
Estes testes são levados a cabo porque este modelo é estimado na base do Método de
Mínimos Quadrados Ordinários (OLS). Este facto permite nos termos a certeza de que, não
foi violada nenhuma das suposições do OLS, nomeadamente: a hipótese de normalidade dos
resíduos e da auto-correlação.
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4.2 Dados empíricos
O presente estudo, pela sua natureza não requer dados primários. Pelo que recorreu-se a dados
secundários. Os dados foram colectados das seguintes fontes:
• Ministério do Turismo
• Banco de Moçambique
Os dados foram recolhidos numa base trimestral. Dos dados que só estão disponíveis na base
anual foram transformadas usando a interpolação recorrendo se ao método de Lisman and
Sandee (Veja anexo 1). Dos dados disponíveis na base mensal usou-se o método de média
aritmética. Os dados cobrem o período de 1996 a 2007, sendo um total de 48 observações. As
séries de receitas de turismo foram remetidas ao processo de remoção do efeito da
sazonalidade. Todos os dados foram usados na sua forma logaritimica. Para a análise foi
usado o pacote econométrico e-views 3.1.
Para o presente estudo foram usadas as seguintes variáveis (veja anexo 2):
1. Produto Interno Bruto a preços constantes (Y), mede o rendimento do país como um
todo. A sua variação representa o crescimento económico. Os dados usados foram
obtidas no INE. Os valores estão em milhares de meticais;
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Unidos. Os dados referentes a taxa de câmbio nominal foram obtidos no Banco de
Moçambique
Yt = β 0 + β 1 Rt + β 2 E t + µ t (4.2)
Onde:
µ - Representa o termo erro, que são todas as variáveis que podem afectar o crescimento
económico e que não foram especificados no modelo.
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CAPÍTULO 5: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
Este capitulo faz a analise e de dados e apresenta os resultados encontradas na relação entre o
crescimento económica e o turismo. Primeiro é apresentado o teste de raiz unitária, de modo a
verificar se que as séries possuem a raiz unitária, usando a análise visual e o Teste ADF.
Depois, o Teste de co-integração, usando o Teste de Engle e Granger, de modo a verificar a
relação de longo prazo entre as variáveis, através da estimação do modelo OLS. E para
finalizar através da estimação do Modelo GLS, de modo a corrigir a auto-correlação e a
análise da validade do modelo.
Usando o exame visual das séries pode se ter uma conclusão se que as séries são ou não
estacionárias. Uma observação atenta nas séries de PIB real (Y), as receitas do turismo (R) e a
taxa de cambio (E), constata-se que as variáveis tem uma tendência crescente e possuem o
valor de intercepto. A tendência que as variáveis apresentam, constitui um sinal de que as
séries são não estacionárias em seu nível, I (0). Contrariamente a este facto, as variáveis em
sua primeira diferença não apresentam tendência, e os valores oscilam na média igual a zero.
Isto mostra que as variáveis são estacionárias na sua primeira diferença I (1) (Figura 5.1).
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Figura 5. 1: Gráficos das Variáveis PIB Real, Receitas de Turismo e Taxa de Cambio
real entre o Metical e o dolar, em nível I(0) e na sua Primeira Diferença I(1)
18.0 0.8
17.5 0.4
17.0 0.0
16.5 -0.4
16.0 -0.8
15.5 -1.2
96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07
15 0.4
14 0.2
13 0.0
12 -0.2
11 -0.4
96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07
3.5
0.2
3.4
3.3 0.1
3.2
0.0
3.1
3.0
-0.1
2.9
2.8 -0.2
96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07
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De modo a evitar que a análise visual nos leve a conclusões erróneas, efectuou-se o teste
ADF, demo a tirar se provas conclusivas sobre a existência ou não da raiz unitária. O teste
ADF é a melhor ferramenta econométrica para avaliar a estacionaridade das séries temporais.
O aspecto importante é o número de desfasamentos (Lag) a escolher, tendo em conta o tempo
que a variável leva a responder (semanas, meses ou ate anos). Para o presente teste de raiz
unitária o lag usado é 4. O n representa o número de observações. Para o cálculo do lag usou-
se a seguinte formula:
lag ≥ 3 n
(5.1)
Os resultados do teste ADF estão resumidos na tabela 5.1. As variáveis incluídas no modelo
são todas não estacionárias em seu nível, I(0), como mostra que desde que o valor da
estatística ADF é maior do que o valor critico, assim sendo não se rejeita-se a hipótese nula de
raiz unitária. O problema de estacionaridade é resolvido através da diferenciação das
variáveis. Operando a diferenciação de todas as variáveis é estacionário. Concluindo pode-se
dizer que as variáveis inclusas no modelo são integradas da primeira ordem ou sendo ambas
são I(1). As variáveis são co-integradas a longo prazo.
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Tabela 5.1: Teste de Raiz Unitária das séries Y, R e E.
O teste de co-integração é usado para avaliar a o equilíbrio de longo prazo entre as variáveis.
O teste de Engle e Granger é baseado na estacionaridade dos resíduos. Se os resíduos são
estacionários, significa que existe uma co-integração entre as variáveis e se os resíduos forem
não estacionários significa que não há co-integração, não existe relação de longo prazo.
Para se efectuar o teste de co-integração primeiro estimou-se o modelo usando o método OLS
e se sujeitou os resíduos ao teste de raiz unitária. Para a estimar o modelo usou-se a equação
5.1 Conforme as estatística ADF foram usadas as séries I(0) no processo de estimação. Pelos
resultados do teste ADF apresentados na tabela 5.2, pode-se chegar a conclusão de que as
variáveis Y, R e E, ambas são co-integradas de I(1).
Yt = β 0 + β 1 Rt + β 2 E t + µ t
(5.1)
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Tabela 5.2 Teste ADF para os resíduos
Dependent Variable: Y
Included observations: 48
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Fonte: Adaptado pela Autora de : E-views Output
Tendo em conta os critérios de validação do modelo, um dos aspectos importantes que deve
ser analisado é a auto-correlação dos resíduos. Verificando os resultados do modelo estimado
usando o OLS, pode-se notar que a estatística Durbin – Watson, este é menor do que um, o
que significa que os termos de erro estão correlacionados. Usando o correlograma, foi
detectada a auto-correlação da primeira ordem (Veja anexo 3). Também foi estimado o
coeficiente de correlação ( ρ ) sendo igual 0.485396 (Veja anexo 4).
Uma vez que o coeficiente de da auto-correlação de primeira ordem foi estimado, o problema
de auto-correlação pode ser remediado através do método GLS. Assim procedeu-se:
Yt −1 = β 0 + β 1 Rt −1 + β 2 E t −1 + µ t −1
(5.2)
ρYt −1 = ρβ 0 + ρβ 1 Rt −1 + ρβ 2 E t −1 + ρµ t −1
(5.3)
Yt − ρYt −1 = β 0 − ρβ 0 + β 1 Rt − ρβ 1 Rt −1 + β 2 E t − ρβ 2 E t −1 + µ t − ρµ t −1
(5.4)
As séries foram diferenciadas como demonstra a equação 5.4. Depois estimou-se novamente o
modelo GLS, resultados na tabela 5.4.
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Tabela 5.4: Modelo GLS
Dependent Variable: Y
Análise Empírica do Impacto do Turismo no Crescimento Económico de Moçambique no período de 1996 à 2007
34
Y = 6.03 + 0.62 R − 1.01E t
(5.5)
Os resíduos do modelo apresentado na tabela 5.4 formam sujeitos novamente a testes de raiz
unitária e encontrou-se que as variáveis do modelo são co-integradas. Pelo teste de Jarque-
Bera, a suposição da normalidade dos resíduos é confirmada (veja Anexo 5). Por isso as
estatísticas t e F são confiáveis. O teste de Durbin-Watson demonstra que não há auto-
correlação nos resíduos. O valor da estatística R2 Ajustado revela que o modelo explica 67%
da variação do PIB real.
O modelo GLS mostra que o PIB real é afectado positivamente pelas receitas do turismo e
negativamente pela taxa de câmbio real e também por outros factores não inclusos no modelo.
De acordo com o resultado, o turismo tem um impacto no crescimento económico, mas não é
uma fonte primária do crescimento.
Análise Empírica do Impacto do Turismo no Crescimento Económico de Moçambique no período de 1996 à 2007
35
CAPÍTULO 6: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
6.1 Conclusão
Análise Empírica do Impacto do Turismo no Crescimento Económico de Moçambique no período de 1996 à 2007
36
6.2 Recomendações
• O desenvolvimento do sector do turismo não deve ser feito de forma isolada, necessita
de um seguimento em todos os sectores chaves da economia, isto pode evitar a
situação de não conseguir satisfazer as necessidades dos turistas
• As políticas cambiais devem ser tomadas com atenção, porque podem afectar
negativamente a economia;
Análise Empírica do Impacto do Turismo no Crescimento Económico de Moçambique no período de 1996 à 2007
37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Helpman, E. and Krugman, P. (1985) Market Structure and foreign trade. MIT press,
Cambridge
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29/10/2008]
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Discussion paper Nº 55P. Moçambique: Ministério de Planificação e Desenvolvimento, 2007,
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SAMUELSON P.A. e NORDHAUS, W.D, Economia. 16a edição. Mc Graw-Hill: Portugal,
1999
Análise Empírica do Impacto do Turismo no Crescimento Económico de Moçambique no período de 1996 à 2007
40
ANEXO 1: Método de Interpolação de Lisman and Sandee
Lisman and Sandee (1964) desenvolveram formas especificas de gerar séries trimestrais a
partir de séries anuais, em situação de ausência de séries trimestrais. Eles assume que as séries
trimestrais dependem de três séries anuais diferentes, nomeadamente a serie do ano anterior, a
séries do ano em curso e as séries do ano seguinte de acordo com a transformação linear
apresentada na matriz.
Análise Empírica do Impacto do Turismo no Crescimento Económico de Moçambique no período de 1996 à 2007
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ANEXO 2: Dados usados na Modelagem
Anos Y R E
1996,1 7,952,815.23 54,535.37 18.11
1996,2 8,050,577.53 87,299.90 18.50
1996,3 8,228,530.90 117,749.62 18.47
1996,4 9,773,813.15 87,638.16 18.28
1997,1 8,725,238.22 97,544.04 17.12
1997,2 8,931,744.47 124,737.07 17.52
1997,3 9,188,414.62 167,046.29 18.05
1997,4 10,869,429.85 113,981.25 18.16
1998,1 9,834,191.91 115,749.42 17.57
1998,2 10,152,025.78 139,516.97 18.61
1998,3 10,391,927.94 186,804.00 19.26
1998,4 12,080,205.51 128,701.25 19.86
1999,1 10,761,954.22 127,252.20 19.22
1999,2 11,000,519.34 152,206.25 20.01
1999,3 11,123,661.31 202,812.26 20.84
1999,4 12,850,525.98 150,142.36 21.43
2000,1 11,032,487.39 174,140.56 21.69
2000,2 10,982,944.86 234,486.10 22.82
2000,3 11,193,375.48 315,361.77 23.34
2000,4 13,512,514.90 242,964.86 25.34
2001,1 12,173,174.21 280,855.73 27.42
2001,2 12,576,204.23 393,991.42 31.02
2001,3 12,889,338.76 539,301.09 30.41
2001,4 14,997,226.45 377,419.13 29.53
2002,1 13,330,669.53 360,125.93 28.23
2002,2 13,585,342.47 437,952.34 29.13
2002,3 13,850,559.47 572,958.94 28.94
2002,4 16,257,874.92 456,060.50 28.01
2003,1 14,400,214.57 565,456.56 26.92
2003,2 14,669,876.74 735,270.10 26.42
2003,3 14,944,390.83 986,462.80 26.19
2003,4 17,529,258.32 633,591.69 25.79
2004,1 15,512,990.82 569,466.61 24.32
2004,2 15,800,022.06 635,876.56 23.84
2004,3 16,062,851.37 769,999.07 22.54
Análise Empírica do Impacto do Turismo no Crescimento Económico de Moçambique no período de 1996 à 2007
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2004,4 18,789,484.80 504,739.23 19.34
2005,1 16,523,828.72 580,600.89 19.41
2005,2 16,756,381.75 918,637.22 24.72
2005,3 17,028,470.76 1,228,154.95 24.20
2005,4 20,014,544.17 838,156.52 23.62
2006,1 34,222,228.50 862,191.71 21.52
2006,2 40,597,826.50 1,037,824.90 22.71
2006,3 53,248,521.50 1,320,400.77 22.78
2006,4 36,241,228.50 927,061.07 22.34
2007,1 40,251,766.08 1,089,039.39 21.66
2007,2 44,208,547.29 1,237,543.55 21.71
2007,3 58,712,874.67 1,644,367.05 21.76
2007,4 27,045,343.83 749,765.91 20.83
Análise Empírica do Impacto do Turismo no Crescimento Económico de Moçambique no período de 1996 à 2007
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ANEXO 3: Correlograma dos Resíduos
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ANEXO 4: Coeficiente de Correlação
µ t = ρ 1 µ t −1 + ε t
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ANEXO 5: Teste da normalidade dos resíduos
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Series: Residuals
Sample 1996:2 2007:4
8 Observations 47
Mean 3.04E-15
6 Median 0.003115
Maximum 0.450069
Minimum -0.362167
4 Std. Dev. 0.163702
Skewness 0.620315
Kurtosis 3.831786
2
Jarque-Bera 4.369101
Probability 0.112528
0
-0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4
Análise Empírica do Impacto do Turismo no Crescimento Económico de Moçambique no período de 1996 à 2007
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