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t y ; ENERGIA POTENCIAL CAPITULO 25 No iiltimo capitulo focalizamos nossa atengio na transferéncia de energia cinética de um corpo mével para outro, Constatamos que, nas colisbes ‘completas, a energia cinética perdida por um corpo deve igualar a energia cinética ganha pelo outro, desde que a forca de interacdo dependa apenas da di entre éles. Depois, com auxi- lio da lei da conservagio da quantidade de mo- vimento, conseguimos calcular as velocidades finais de dois corpos que colidem frontalmente, em térmos de suas massas e de suas velocidades antes da interagio. Até aqui, a lei da conservagao da quantidade Ae de movimento, — Ap, = Aps, e a lei da con- servacio da energia cinética, — AEa = AEey sio extraordiniriamente semelhantes; mas ha uma diferenca importante. As variagdes da quantidade de movimento sio iguais e opostas em qualquer intervalo de tempo; portanto, a quantidade de movimento 6 conservada instante 5a instante, durante téda a interagio. Por outro ido, mesmo nas colisdes elisticas, a energia cinética total nao é a mesma em todas as fases da interagio. Sdmente no fim da interacao ela retoma seu valor original. Durante a colisio, a energia cinética total primeiro decresce ¢ depois aumenta. Nas fases intermedidrias parte da ener- gia cinética desapareceu. © que acontece a essa energia cinética per- dida? Como tdda ela reaparece no fim da inte- ragio, ela deve ter ficado armazenada, de algum modo, no sistema que interage. Essa energia armazenada é chamada energia potencial do sistema, 25 — 1. O Amortecedor de Mola. Esta aqui um exemplo simples de energia armazenada (Fig. 25-1), Consideremos a massa ‘m deslizando com velocidade constante numa mesa horizontal, sem atrito. A massa colide com um amortecedor de mola, fixado a um corpo ance, tio pesado que dificilmente se move. ica dose: uisset arshall 5 cial eae comprimida e exerce uma férga sobre a massa maével, freiando-a. A energia cinética do corpo mével decresce até que sua velocidade se anula. Neste ponto, a energia cinética do corpo mével desaparecen e a mola foi comprimida ao maximo. ‘Toda a energia esti armazenada como energia potencial, Depois disso, a massa ganha veloci- dade em sentido oposto. Finalmente ela se afasta da mola com a mesma velocidade e energia ci- nética que tinha no inicio. Téda a energia ciné- tica desaparecida durante a colisio foi recupe- rada. Nas fases intermediirias da compressiio, a energia era parcialmente cinética e parcialmente potencial. No capitulo anterior, vimos que nétiea € completamente regenerad: depende sdmente da distincia. Aqui, a com- pressio faz as vézes de distincia, Quando a energia cinética 6 armazenada e pode ser com- Ree eae ee ae férca exercida pela mola 6 a mesma na ida, 118 ENERGIA POTENCIAL 25-1 — Colisio entre um objeto de massa me uma mola t outro objeto de massa tQo srande cue Mo ne move aprecivelmente, ‘A. massa m aproxima-se de um amortecedor de mola com velocidade v,- Quando a mola j4 sofreu uma compresso 2, de maneira ‘que seu comprimento agora 6 2, a Yelocidade do obseto #'%."O objeto perdou emergia “cineticn, que. fol_armac Bennda como enerzia potencial pela mola comprimida. juando a compressio, § mixima, o objeto Dara Qu Toda ua energia elnética desaparece Enauanto a, mola o empurra, o objeto eanha velocidade © energin cinétiea, © objeto voltou ao Tugar onde havia entrado em con- tucto com'a mola. Ela estA, de novo, com sua velocidade original, v,, ¢ sua energia Cinética original, ‘completou-se. continua a se mover, afastando-se com volo- andes, 0 coma ‘onerwia,cindtica Inicals quando a mola esti sendo comprimida, e na volta, quando a mola esti se distendendo. Se medirmos a forca em fungio da compres- slio, teremos io disso. Como vimos no Capitulo 21, uma curva tipica da férca restau- fora exercida por uma boa mola tem a forma geral da curva da Fig, 25-2. A forca exercida nao depende da histéria passada. Para uma dada compreessio a férca tem um dado valor, quer tenhamos comprimido a mola até ésse ponto ape- nas, quer a tenhamos comprimido mais, para depois deixi-la expandir-se, Além disso, a forga nfio depende da velocidade da massa. 10 a férga tem valor fixo ipa uma dada compressio, jemos representé-la por uma s6 curva, como mos na Fig, 25-2. Por outro lado, para uma mola de qualidade inferior — de cobre, por exemplo — a historia tem importincia, As férgas na ida e na volta diferem. Quando tal mola é atingida por um objeto mével, éste, recua mais lentamente do que incidiu. Uma mola de cobre é inelistica como a massa de vidraceiro, e gera calor ao oscilar. Nio se obtém uma curva tinica para a forca em fungdo da compressio. Quando um objeto atinge uma mola, com- primindo-a e perdendo energia cinética, a trans- formagao da energia cinética do objeto em ener- gia potencial armazenada na mola comprimida mede-se pelo trabalho; e éste trabalho é repre- sentado pela drea sob a curva forca-compres- silo, desde zero (quando a mola nao esti com- primida) até x (a distancia de que se moveu o extremo da mola) (Fig. 25-3), Quando lidamos com uma boa mola, que apresente uma tnica curva forga-compressio, éste trabalho é sempre 0 mesmo quando se alcanca a mesma compressio. ‘A perda de energia cinética pelo objeto mével portanto sempre a mesma, qualquer que seja a energia cinética inicial do objeto. Se m chega com maior energia cinética, tera maior energia cinética ao passar por x; mas a variagio AE, entre 0 e x é a mesma, Esta perda de energia ENERGIA POTENCIAL 119 Farca 2 ‘Compression 25-2 — Grafico da foren restauradora exercida por ‘uma mola, em fungao da compreselo a cinética, ou o trabalho realizado ao comprimir a mola, é a energia potencial armazenada na mol: Nao interessa saber se a mola foi comprimida por um objeto em movimento ou se nds a com- eee manualmente de um comprimento x. fe colocarmos o objeto encostado a ela quando ela ja esti comprimida, a mola empurraré o ‘objeto e The comunicari uma energia cinética igual ao trabalho efetuado por nossa mio, A energia potencial da mola é dada, nésse caso também, pela drea sob a curva forga-compressio, sem nenhuma referéncia ao objeto mével. Para uma mola, com dada curva férga-com- pressio, podemos avaliar a energia potencial em fungio de x, determinando as reas sob a curva entre zero e os varios valores de x. Se repre- sentarmos essas dreas em fungio de x, obteremos um grifico da energia potencial U. A Fig. 25-4 & uum gréfico désse tipo para a mola cujo gra- fico forca-compressio est representado na Fig, 5-2. Se a curva forga-compressio é bastante sim- ples, podemos obter uma expresso da energia potencial U em fungio de x. Na Fig. 25-5 vemos que, se a forca for proporcional & compressio, entio F = kx e, sob a curva, temos um triingulo é ° 25-1 — © trabalho reallzado ao comprimir uma mola ate ido Pela. area sob zero ate 0 valor 2." Isto de base x ¢ altura kx. A energia potencial seré portanto 1 ‘i . U=— base x altura = — (kx) x = — ke? 2 2: 2 Esta férmula dé a energia potencial de uma sogte cove. aghceetiarestors eet) grafico de U em fungao de x pode ser veri- ficado experimentalmente (quer tenha sido obti- do por uma férmula, quer pelas reas sob a curva férga-compressio). Comprima a mola de diferentes distincias x e solte-a, permitindo que, de cada vez, ela acelere uma massa conhecida, Mega, entio, a energia cinética adquirida pela massa, Seu valor deve ser 0 mesmo que o de U para a compressio x. A ones siobtie aes Boca aen que ela abandona a mola ¢ igual A energia tencial quando ela esta em repouso, porque thda a energia potencial é transformada em energia vinética. Nos pontos intermediirios 0 ganho de energia cinética e a perda de energia potencial sio iguais € sua soma é constante, isto é: mo? +U=E 2

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