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Professor (a):
Gostaríamos de fazer a você um convite, para desenvolvermos juntos,
um novo olhar para as altas habilidades/superdotação. Você será desafiado
(a) a olhar sob uma perspectiva dialética.
Estudos estatísticos mostram que de 3% a 5% da população
apresentam potencial acima da média estimada, em diversos contextos
sociais, assim precisamos identificar os sujeitos com altas
habilidades/superdotação. O nosso objetivo é subsidiar uma reflexão sobre os
avanços ocorridos nesta área para juntos consolidarmos uma educação de
qualidade para estes sujeitos.
Vamos em primeiro lugar, propor que você, Professor(a) possa
conhecer alguns mitos, curiosidades que fazem parte da história, do estigma
da genialidade para o “acolhimento”. Nesse contexto, o estudo acerca dos
conceitos, concepção de sujeito e políticas educacionais deverá ser visto
como um instrumento para a compreensão, não apenas do tema das altas
1 Este texto foi escrito por Liliane Schenfelder Salles, membro da equipe do Departamento de
Educação Especial e Inclusão Educacional.
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habilidades/superdotação, mas também de reflexão da práxis pedagógica.
O tema de Altas Habilidades/Superdotação, precisa ser discutido entre
os professores para que possamos desenvolver entendimentos sobre o tema
proposto, que ainda é visto como um fenômeno raro e estamos combatendo
idéias errôneas a esse respeito. Contextualizando o tema, sabemos que existe
uma diversidade escolar, onde muitos sujeitos com altas
habilidades/superdotação podem estar escondidos ou até camuflados em sala
de aula, pois não existe um olhar diferenciado sobre os mesmos, para que
sejam identificados e desafiados.
A instituição escolar precisa desenvolver junto a todos os seus
profissionais este olhar sobre os sujeitos, que compõem a sala de aula,
despertando para a maneira diferente com que os sujeitos podem estar se
desenvolvendo diante da aprendizagem.
Observamos muitos rótulos ou até preconceitos, referentes a esta área
na comunidade escolar, onde a idéia de que esses sujeitos são os “sabedores
de tudo”, são “gênios”, são “experts”, apresentam desempenho extraordinário
e ainda alega-se que os mesmos não necessitam de apoio e que o seu
desenvolvimento se faz sem auxílio, podendo muito bem ser autodidata diante
da aprendizagem.
Primeiramente, apresentaremos alguns mitos que fazem parte da
história, onde a leitura das altas habilidades/superdotação precisa ser
aprimorada para atingir êxito e também ser desmitificada. A educação
inclusiva busca sua identidade, então é errôneo dizer ou entender que o
sujeito com altas habilidades/superdotação não precisa de apoio, pois esta
área faz parte da educação especial e o sujeito apresenta necessidade
educacional especial.
O perfil do sujeito com altas habilidades/superdotação pode
apresentar características de curiosidade, de investigação e de grande
interesse na área de sua preferência, onde às vezes, deixa de lado o que não
chamou sua atenção, diante disto, aparecem suas dificuldades, necessitando
ser atendido.
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No contexto do senso comum, os sujeitos que
apresentam uma deficiência intelectual, por
exemplo, são dignos de dó e os superdotados, que
mostram “vantagem” diante dos conhecimentos
despertam a inveja, concordam? Façam uma
reflexão a respeito!
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campo com consequências fundamentais e irreversíveis. O gênio seria aquele
que, além de deixar sua marca pessoal no campo de atuação, leva as
pessoas a pensarem de forma criativa e diferente.
Dentro do contexto das altas habilidades/superdotação, os rótulos mais
comuns são: sabichão, sabe tudo, gênio, tudo é fácil para ele, ele é “10” em
tudo, “nerd” entre outros. Assim, observem que as idéias errôneas sobre a
superdotação acontecem por falta de acesso às informações à respeito da
área, para tanto é nosso objetivo esclarecer esses fatos. Neste contexto,
podemos até destacar um sujeito com desempenho extraordinário, mas
diante disso considerá-lo com altas habilidades/superdotação é
desnecessário.
Muito utilizado para a descoberta das altas habilidades/superdotação é
o teste de QI (coeficiente de inteligência), onde entende-se que este não é
indicador absoluto, pois um instrumento que quantifica o coeficiente de
inteligência, é discutível.
Concordam? Também existe o mito que diz “uma vez superdotado
sempre superdotado”, mas Renzulli e Reis (1997) contextualizam assim: a
superdotação é uma condição ou um comportamento que pode ser
desenvolvido em algumas pessoas (naquelas que apresentam alguma
habilidade superior à média da população), em certas ocasiões (por exemplo,
somente na infância, ou apenas em alguma série escolar ou em um momento
da vida) e sob certas circunstâncias ( não em todas as circunstâncias da vida
de uma pessoa).
Informamos que o Departamento de Educação Especial e Inclusão
Educacional (DEEIN) tem conhecimento, dentro de suas políticas públicas,
que a identificação dos sujeitos com altas habilidades/superdotação deve ser
realizada através da avaliação no contexto escolar, onde toda a equipe da
escola (professores, pedagogos, equipe técnica pedagógica, familiares...)
deve estar envolvida. Ressaltamos que, não podemos descrever um sujeito
como superdotado, por uma característica apenas ou seja, só pela
criatividade, pela habilidade acima da média ou somente pelo envolvimento
com a tarefa, para melhor explicar a superdotação, deve-se entender a Teoria
dos Três Anéis (*), criada e desenvolvida por Joseph Renzulli, pesquisador
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norte-americano.
Segundo Perez (2006) a:
CURIOSIDADES...
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sua mãe.
7- Dr. Robert Jarvick – foi rejeitado por 15 escolas americanas de medicina.
Ele inventou o coração artificial.
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espaciais, memória e fluência verbal e capacidade de se adaptar a novas
situações); envolvimento com a tarefa (níveis elevados de interesse,
entusiasmo, fascinação e perseverança) e criatividade (fluência,
sensibilidade, flexibilidade, originalidade do pensamento, coragem para correr
riscos e esta característica, também mostra o sujeito aberto ao novo e
diferente). Destacamos que a habilidade acima da média, se divide em duas
categorias: gerais (capacidade de processar informações integrando
experiências e elaborando respostas adequadas às novas situações); e
específicas (desenvolve práticas e habilidades para atuar em uma ou mais
áreas).
Podemos considerar que o sujeito que apresenta altas
habilidades/superdotação é o que, quando comparado a população geral,
apresenta uma habilidade significativamente superior em uma área do
conhecimento, podendo se destacar em uma ou várias áreas, assim
dispostas:
Acadêmica: tira notas boas em algumas matérias na escola (não
necessariamente em todas); tem facilidade em memorizar;
Criativa: é curioso, imaginativo, gosta de brincar com as idéias e apresenta
respostas bem humoradas e diferentes do usual;
Liderança: é cooperativo, gosta dos que estão ao seu redor, é sociável e
prefere não estar só;
Artística: habilidade em expressar sentimentos, pensamentos e humores
através da arte, dança, teatro ou música;
Psicomotora: habilidade em esportes e atividades que requeiram o uso do
corpo ou parte dele; boa coordenação psicomotora.
7
Mais alguns esclarecimentos...
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Como a escola pode estar realizando a identificação do sujeito?
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22- Expressa idéias e reações, freqüentemente de forma argumentativa.
23- Sensível à verdade e à honra.
A avaliação para identificar os sujeitos com altas habilidades/superdotação
é realizada por meio de observações no contexto escolar, onde existe o
envolvimento de todos os profissionais da escola, por meio de alguns
instrumentos para que possamos localizar os potenciais que não estão sendo
desenvolvidos suficientemente ou até mesmo que necessitam ser desafiados
pelo ensino regular. A identificação dos sujeitos deve iniciar incluindo tantos
alunos quantos forem possíveis, garantindo assim o direito dos que se
qualificam para o serviço de apoio especializado ou até para possíveis
encaminhamentos, dentro da própria comunidade, onde tenham atividades
variadas como pintura, música, dança, entre outras. Você encontra mais
detalhes sobre o serviço de apoio especializado, Sala de Recursos, na página
14 (quatorze).
Esta avaliação, que busca a identificação, deve ser um processo
constante, permitindo o ingresso de outros sujeitos à medida que suas
habilidades emergem e se desenvolvem, não medindo esforços para propiciar
o atendimento aos sujeitos com altas habilidades/superdotação, enriquecendo
o currículo flexível. Para identificação inicial, sugerimos a utilização da
seguinte ficha:
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Ficha de itens para observação em sala de aula (*)
Data:_________________
Estabelecimento de Ensino:__________________ Município:_____________
Professor(a):____________________________________________________
Disciplina:_______________________________________( )5ª a 8ª ( )EM
Telefone:________________E-mail:_________________________________
Indique, em cada item, dois alunos de sua turma, um menino e uma
menina que, na sua opinião, apresentam as seguintes características:
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9-De melhor 1_________ 22-Que você 1_________
memória, considera mais
aprendem e fixam 2_________ inteligentes. 2_________
com atividade.
10-Mais 1_________ 23-Com melhor 1_________
persistentes, desempenho em
compromissados, 2_________ esportes e exercícios 2_________
chegam ao fim do físicos.
que fazem.
11-Mais 1_________ 24-Que sobressaem 1_________
independentes, em habilidades
que iniciam o 2_________ manuais e motoras. 2_________
próprio trabalho e
fazem sozinhos.
12-Mais 1_________ 25-Que produzem 1_________
entediados, respostas inesperadas
desinteressados, 2_________ e pertinentes. 2_________
mas não
necessariamente
atrasados.
13-Mais originais 1_________ 26-Capazes de liderar 1_________
e criativos. e passar energia
2_________ própria para animar o 2_________
grupo.
27-Existe em sua 1_________
turma criança com
outros talentos 2_________
especiais? Quais?
Como manifestam seu talento estes últimos dois alunos?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
______________________________________________________________.
Comentários e ou Observações:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
______________________________________________________________.
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Interpretação da Ficha dos Itens para Observação em Sala de Aula
(*) A ficha dos itens de observação em sala de aula em questão, foi adaptada por PEREZ, S.G.P.
B.(2006) da ficha utilizada pelo Centro de Desenvolvimento de Talentos (CEDET) de Lavras (MG)
e extraída do livro “desenvolver capacidades e talentos: um conceito de inclusão” (GUENTHER,
200, p.175-177)).
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Por esta razão, no mínimo, os envolvidos no processo educacional
acreditam que esses sujeitos precisam de apoio e dos serviços especiais. Após
a identificação, devemos entender que da mesma forma que os sujeitos
necessitam de apoio para sanar suas dificuldades no processo do ensinar e
aprender, outros precisam do enriquecimento de seus potenciais, para gerar o
avanço no processo.
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especializado em Educação Especial e iniciativa para desenvolver, com
criatividade e compromisso, propostas que priorizem o enriquecimento das
áreas do conhecimento e de interesse.
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Enriquecimento do Tipo I – é desenvolvido na própria sala de aula onde
todos participam e seus objetivos são: enriquecer a vida dos alunos através
de experiências, usualmente não fazem parte do currículo da escola regular
(palestras, excursões, demonstrações, centros de interesse e variados
materiais audiovisuais...); estimular novos interesses nos alunos, levando-os a
aprofundá-los em atividades criativas e produtivas posteriores...
Enriquecimento do Tipo II – seus objetivos são: desenvolver pensamento
criativo e resoluções de problemas; desenvolver os processos afetivos, sociais
e morais, tais como sentir, apreciar, valorizar e respeitar; oportunizar uma
grande variedade de aprendizagens específicas de “como fazer”, tais como:
entrevistar, classificar, analisar dados e tirar conclusões; desenvolver
habilidades para a aprendizagem de materiais de referências, ou seja, resumo,
catálogos, registros, guias, programas de computador, internet...
Enriquecimento do Tipo III – centram-se atividades com mais
aprofundamento teórico, onde os alunos podem dedicar grande parte do seu
tempo para aquisição de um conteúdo mais avançado, oportunizando:
aplicação de interesses, conhecimentos, idéias criativas e motivação em um
problema ou área de estudo de sua escolha; desenvolvimento das habilidades
de planejamento, organização, utilização de recursos, gerenciamento de
tempo, tomada de decisões e auto-avaliação; despertar a habilidade de
interagir, efetivamente com outros alunos, professores e pessoas com níveis
avançados de interesse e conhecimento em uma área comum de
envolvimento.
Finalizando...
Os sujeitos com altas habilidades/superdotação necessitam de serviço
de apoio especializado, onde promover-se-à o desenvolvimento acadêmico,
artístico, psicomotor e social, assim abrindo as portas às modernas evidências
de pesquisa sobre o sujeito com altas habilidades/superdotação,
considerando seu potencial como a válvula de desenvolvimento tecnológico,
cultural e educacional do Estado.
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Sugestão:
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Respostas da Atividade(Página 6):
1- Um, Dois, Três, Quatro, Cinco, Seis, Sete... (letras iniciais dos
números);
2- Janeiro, Fevereiro, Março, Abril, Maio, Junho... (letras iniciais meses do
ano);
3- Domingo, Segunda, Terça, Quarta... ( letras iniciais dos dias da
semana);
4- Aries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão... ( letras iniciais dos signos do
zodíaco).
Referências:
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for educational excellence. Creative Learning Press, Inc. P.O. Box 320,
Mansfield Center, Connecticut 06250, 1997.
SANTOS, Oswaldo de Barros. Os Superdotados: quem são?, onde estão?
São Paulo: Pioneira, 1988.
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conhecimento do novo. São Paulo: Moderna, 2001.
VIRGOLIM, Ângela M. Rodrigues. Toc, toc...plim,plim!:lidando com as
emoções, brincando com o pensamento através da criatividade.
Campinas: Papirus, 2000.
WINNER, Ellen. Crianças superdotadas: mitos e realidades. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1998.
LEITURAS COMPLEMENTARES:
ALVES, Rubem. Pinóquio às avessas: uma estória sobre crianças e
escolas para pais e professores. Campinas, SP: Versus Editora, 2005.
ANTUNES, Celso. Jogos para estimulação das múltiplas inteligências.
Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.
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capacitação de professores: necessidades na sala de aula. Brasília:
MEC/SEESP, 1998.
DIAMOND, Marian Cheeves. Árvores maravilhosas da mente: como cuidar
da inteligência, da criatividade e das emoções do seu filho do
nascimento até a adolescência. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
FERNÁNDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada: abordagem
psicopedagógica clínica da criança e sua família. Porto Alegre: Artmed,
1991.
GARDNER, Howard. Mentes que mudam: a arte e a ciência de mudar as
nossas idéias e a dos outros. Porto Alegre: Artmed/Bookman, 2005.
GASPARETTO, Elisandra Villela. Exercite sua mente: guia prático para
aprimoramento da memória, linguagem e raciocínio. São Paulo: Prestígio,
2005
GOLDBERG, Elkhonon. O cérebro executivo: lobos frontais e a mente
civilizada. Rio de Janeiro: Imago, 2002.
STERNBERG, Robert J. Por que as pessoas espertas podem ser tão
tolas? Rio de Janeiro: José Olympio, 2005.
REVISTA GALILEU ESPECIAL. Coleção Tudo Sobre n.2 – Supercérebro –
mais de 200 exercícios para turbinar sua cabeça. Editora Globo, 2005.
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