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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO EDUCACIONAL


ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTAÇÃO
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Altas Habilidades/Superdotação: Um Desafio

Professor (a):
Gostaríamos de fazer a você um convite, para desenvolvermos juntos,
um novo olhar para as altas habilidades/superdotação. Você será desafiado
(a) a olhar sob uma perspectiva dialética.
Estudos estatísticos mostram que de 3% a 5% da população
apresentam potencial acima da média estimada, em diversos contextos
sociais, assim precisamos identificar os sujeitos com altas
habilidades/superdotação. O nosso objetivo é subsidiar uma reflexão sobre os
avanços ocorridos nesta área para juntos consolidarmos uma educação de
qualidade para estes sujeitos.
Vamos em primeiro lugar, propor que você, Professor(a) possa
conhecer alguns mitos, curiosidades que fazem parte da história, do estigma
da genialidade para o “acolhimento”. Nesse contexto, o estudo acerca dos
conceitos, concepção de sujeito e políticas educacionais deverá ser visto
como um instrumento para a compreensão, não apenas do tema das altas

1 Este texto foi escrito por Liliane Schenfelder Salles, membro da equipe do Departamento de
Educação Especial e Inclusão Educacional.

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habilidades/superdotação, mas também de reflexão da práxis pedagógica.
O tema de Altas Habilidades/Superdotação, precisa ser discutido entre
os professores para que possamos desenvolver entendimentos sobre o tema
proposto, que ainda é visto como um fenômeno raro e estamos combatendo
idéias errôneas a esse respeito. Contextualizando o tema, sabemos que existe
uma diversidade escolar, onde muitos sujeitos com altas
habilidades/superdotação podem estar escondidos ou até camuflados em sala
de aula, pois não existe um olhar diferenciado sobre os mesmos, para que
sejam identificados e desafiados.
A instituição escolar precisa desenvolver junto a todos os seus
profissionais este olhar sobre os sujeitos, que compõem a sala de aula,
despertando para a maneira diferente com que os sujeitos podem estar se
desenvolvendo diante da aprendizagem.
Observamos muitos rótulos ou até preconceitos, referentes a esta área
na comunidade escolar, onde a idéia de que esses sujeitos são os “sabedores
de tudo”, são “gênios”, são “experts”, apresentam desempenho extraordinário
e ainda alega-se que os mesmos não necessitam de apoio e que o seu
desenvolvimento se faz sem auxílio, podendo muito bem ser autodidata diante
da aprendizagem.
Primeiramente, apresentaremos alguns mitos que fazem parte da
história, onde a leitura das altas habilidades/superdotação precisa ser
aprimorada para atingir êxito e também ser desmitificada. A educação
inclusiva busca sua identidade, então é errôneo dizer ou entender que o
sujeito com altas habilidades/superdotação não precisa de apoio, pois esta
área faz parte da educação especial e o sujeito apresenta necessidade
educacional especial.
O perfil do sujeito com altas habilidades/superdotação pode
apresentar características de curiosidade, de investigação e de grande
interesse na área de sua preferência, onde às vezes, deixa de lado o que não
chamou sua atenção, diante disto, aparecem suas dificuldades, necessitando
ser atendido.

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No contexto do senso comum, os sujeitos que
apresentam uma deficiência intelectual, por
exemplo, são dignos de dó e os superdotados, que
mostram “vantagem” diante dos conhecimentos
despertam a inveja, concordam? Façam uma
reflexão a respeito!

Queremos então, diante disso, esclarecer um pouco mais, combatendo


equívocos e contextualizando a área das altas habilidades/superdotação.

A superdotação e seus mitos...

A trajetória da área das altas habilidades/superdotação, foi composta


por muitos mitos e aqui começaremos com a própria nomenclatura “altas
habilidades/superdotação”, que no senso comum representa “superioridade”,
levando ao entendimento de que os sujeitos são os “sabedores de tudo”,
onde isto não é real. Na verdade, o referido sujeito necessita ser desafiado,
para que utilize seu potencial cognitivo e desenvolva estratégias para
encontrar as respostas diante das diversas situações e nem por isso detem
todo o conhecimento. Outro termo utilizado é a “genialidade” ou seja o termo
Gênio, o qual precisamos entender como sugerido por Alencar, 2001, deve
ser aplicado apenas àquelas pessoas que contribuíram, com grande valor, à
humanidade e até hoje nos parecem incrivelmente excepcionais e únicas.
Existe também uma grande confusão que se articula dentro da área,
onde crianças precoces e ou prodígio, são sempre superdotadas, mas isso é
falso, vejam a diferença:
A- Criança Precoce: chamamos de precoce a que apresenta alguma
habilidade específica prematuramente e não necessariamente é superdotada.
B- Criança Prodígio: é precoce e apresenta alto desempenho, em relação
ao nível de um profissional adulto, em algum campo cognitivo específico.
Fechando este momento, lembramos que, todo gênio é superdotado,
mas nem todo superdotado é gênio. Gênio implica na transformação de um

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campo com consequências fundamentais e irreversíveis. O gênio seria aquele
que, além de deixar sua marca pessoal no campo de atuação, leva as
pessoas a pensarem de forma criativa e diferente.
Dentro do contexto das altas habilidades/superdotação, os rótulos mais
comuns são: sabichão, sabe tudo, gênio, tudo é fácil para ele, ele é “10” em
tudo, “nerd” entre outros. Assim, observem que as idéias errôneas sobre a
superdotação acontecem por falta de acesso às informações à respeito da
área, para tanto é nosso objetivo esclarecer esses fatos. Neste contexto,
podemos até destacar um sujeito com desempenho extraordinário, mas
diante disso considerá-lo com altas habilidades/superdotação é
desnecessário.
Muito utilizado para a descoberta das altas habilidades/superdotação é
o teste de QI (coeficiente de inteligência), onde entende-se que este não é
indicador absoluto, pois um instrumento que quantifica o coeficiente de
inteligência, é discutível.
Concordam? Também existe o mito que diz “uma vez superdotado
sempre superdotado”, mas Renzulli e Reis (1997) contextualizam assim: a
superdotação é uma condição ou um comportamento que pode ser
desenvolvido em algumas pessoas (naquelas que apresentam alguma
habilidade superior à média da população), em certas ocasiões (por exemplo,
somente na infância, ou apenas em alguma série escolar ou em um momento
da vida) e sob certas circunstâncias ( não em todas as circunstâncias da vida
de uma pessoa).
Informamos que o Departamento de Educação Especial e Inclusão
Educacional (DEEIN) tem conhecimento, dentro de suas políticas públicas,
que a identificação dos sujeitos com altas habilidades/superdotação deve ser
realizada através da avaliação no contexto escolar, onde toda a equipe da
escola (professores, pedagogos, equipe técnica pedagógica, familiares...)
deve estar envolvida. Ressaltamos que, não podemos descrever um sujeito
como superdotado, por uma característica apenas ou seja, só pela
criatividade, pela habilidade acima da média ou somente pelo envolvimento
com a tarefa, para melhor explicar a superdotação, deve-se entender a Teoria
dos Três Anéis (*), criada e desenvolvida por Joseph Renzulli, pesquisador

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norte-americano.
Segundo Perez (2006) a:

“Teoria da Superdotação dos Três Anéis, que a considera


como um comportamento relacionado a três grupos de traços:
habilidade superior à média, criatividade e compromisso com a
tarefa, fortemente afetados por fatores de personalidade e
fatores ambientais, é a que melhor expressa este conceito por
diversas razões”. (in Freitas, 2006).

CURIOSIDADES...

Agora vamos apresentar algumas curiosidades que sempre estiveram


presentes na caminhada histórica das altas habilidades/superdotação, pois
quando lembramos dos grandes gênios da humanidade associamos à
superdotação, aqui, a nomenclatura “gênio” se aplica, pois foram pessoas que
contribuíram com grande valor à humanidade e, até hoje suas obras nos
parecem incrivelmente excepcionais e únicas. Vejam:
1- John Kennedy – famoso Presidente dos EUA; recebia em seus boletins
constantes observações de “baixo rendimento” e dificuldades em soletrar;
2- Walt Disney – cineasta, produtor, criador de personagens de desenhos
animados; fundador do Parque Temático Disneylândia, foi despedido pelo
editor de um jornal porque não tinha boas idéias e rabiscava demais;
(*) Mais detalhes sobre a Teoria dos Três Anéis, logo adiante.
3- Albert Einstein – criador da teoria da relatividade e tinha dificuldades de ler
e soletrar. Foi reprovado em matemática;
4- Isaac Newton – descobriu o cálculo e desenvolveu a teoria da gravitação
universal; originou as três leis do movimento; e tirava notas baixas na escola;
5- Beethoven – famoso pianista e compositor, foi considerado por seu
professor de música “sem esperança como compositor”;
6- Thomas Edison – inventor da lâmpada elétrica, locomotiva elétrica,
fonógrafo (hoje gravador), telégrafo e o projetor de cinema; considerado
assíduo mas desinteressado, os professores diziam que era confuso de
cabeça e que não conseguiria aprender. Saiu da escola e foi alfabetizado por

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sua mãe.
7- Dr. Robert Jarvick – foi rejeitado por 15 escolas americanas de medicina.
Ele inventou o coração artificial.

Agora, vamos conhecer um pouco mais sobre o sujeito com altas


habilidades/superdotação...

Na perspectiva da educação inclusiva, na educação especial, o


Ministério da Educação define seu público alvo assim: alunos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação.
Nos documentos oficiais do MEC, a pessoa com altas
habilidades/superdotação é aquela que:
“apresenta notável desempenho e elevadas potencialidades em
qualquer dos seguintes aspectos isolados ou combinados:
capacidade intelectual geral, aptidão acadêmica específica,
pensamento criativo ou produtivo, capacidade de liderança,
talento especial para artes e capacidade psicomotora”. (Brasil,
MEC/SEESP, 1994).

Nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação


Básica, a definição colocada é:
“altas habilidades/superdotação: grande facilidade de
aprendizagem que os leve a dominar rapidamente os conceitos,
os procedimentos e as atitudes e que, por terem condições de
aprofundar e enriquecer esses conteúdos, devem receber
desafios suplementares em classe comum, em sala de recursos
ou em outros espaços definidos pelos sistemas de ensino,
inclusive para concluir, em menor tempo, a série ou etapa
escolar”. (MEC/SEESP, 2001, p.39).

Completando, vamos novamente citar que para Renzulli e Reis (1997),


o sujeito para ser considerado superdotado, precisa envolver três conjuntos
de características, não necessitando ter a distribuição por igual nos conjuntos,
podendo ter um traço maior que o outro: habilidade acima da média (altos
níveis de pensamento abstrato, raciocínio verbal e numérico, relações

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espaciais, memória e fluência verbal e capacidade de se adaptar a novas
situações); envolvimento com a tarefa (níveis elevados de interesse,
entusiasmo, fascinação e perseverança) e criatividade (fluência,
sensibilidade, flexibilidade, originalidade do pensamento, coragem para correr
riscos e esta característica, também mostra o sujeito aberto ao novo e
diferente). Destacamos que a habilidade acima da média, se divide em duas
categorias: gerais (capacidade de processar informações integrando
experiências e elaborando respostas adequadas às novas situações); e
específicas (desenvolve práticas e habilidades para atuar em uma ou mais
áreas).
Podemos considerar que o sujeito que apresenta altas
habilidades/superdotação é o que, quando comparado a população geral,
apresenta uma habilidade significativamente superior em uma área do
conhecimento, podendo se destacar em uma ou várias áreas, assim
dispostas:
Acadêmica: tira notas boas em algumas matérias na escola (não
necessariamente em todas); tem facilidade em memorizar;
Criativa: é curioso, imaginativo, gosta de brincar com as idéias e apresenta
respostas bem humoradas e diferentes do usual;
Liderança: é cooperativo, gosta dos que estão ao seu redor, é sociável e
prefere não estar só;
Artística: habilidade em expressar sentimentos, pensamentos e humores
através da arte, dança, teatro ou música;
Psicomotora: habilidade em esportes e atividades que requeiram o uso do
corpo ou parte dele; boa coordenação psicomotora.

Uma atividade para descontrair...


Você pode imaginar quais seriam as próximas letras das seqüências abaixo?
1- U, D, T, Q, C, S, S............................................;
2- J, F, M, A, M, J, J, A..........................................;
3- D, S, T, Q, Q.....................................................;
4- A, T, G, C, L, V, L, E.........................................;
(Respostas na página 15)
Após a descoberta, invente uma nova seqüência e compartilhe com os
colegas do grupo de estudos.
R:
_____________________________________________________________.

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Mais alguns esclarecimentos...

Diante das habilidades que o sujeito pode apresentar, as altas


habilidades/superdotação, se caracterizam em duas categorias amplas e
distintas, sendo: a superdotação escolar e a criativo-produtiva.
O superdotado do tipo escolar tem necessidade de saber sempre mais
e busca ativamente por novas aprendizagens, podendo sofrer por medo de
não atingir suas metas, apresenta grande intensidade emocional e tem paixão
por aprender sendo até perfeccionista. A ênfase na superdotação escolar recai
sobre os processos de aprendizagem dedutiva, treinamento estruturado nos
processos de pensamento, e aquisição, estoque e recuperação da
informação. Os sujeitos com esta superdotação, apresentam como
características: grande vocabulário; necessita de pouca repetição do conteúdo
escolar; têm longos períodos de concentração; são perseverantes; são
consumidores de conhecimento; tendem a agradar aos professores e gostar
do ambiente escolar.
A superdotação produtivo-criativa implica no desenvolvimento de
materiais e produtos originais, com ênfase no uso e na aplicação da
informação – conteúdo – e processos de pensamento de forma integrada,
indutiva, e orientada para os problemas reais. Aqui, o sujeito é considerado
um “aprendiz em primeira mão”, onde trabalha nos problemas que tem
relevância e que são desafiadores. As características são: pensamento por
analogias; uso do humor; gosto por fantasiar; desconhecimento às
convenções; sensibilidade à detalhes; produz conhecimento; encontra ordem
no caos. No grupo das características afetivas e emocionais apresentam-se
com grande sensibilidade e empatia, têm senso agudo de justiça, precisam de
apoio dos adultos para persistir nas tarefas ou para canalizar suas energias
de forma mais eficiente e também apresentam preocupação moral em idades
precoces.

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Como a escola pode estar realizando a identificação do sujeito?

Observar não é tarefa fácil, pois demanda entendimento de diversos


fatores intrínsecos e ou extrínsecos. Para que o instrumento de observação
seja eficiente e responda aos fatos das altas habilidades/superdotação,
precisamos então definir o que observar no sujeito, quais seriam as questões
importantes?

PONTOS IMPORTANTES, NA ESCOLA, PARA IDENTIFICAÇÃO DOS


SUJEITOS:

01- Apresenta uma aprendizagem fácil e rápida.


02- Não tem padrão convencional, é original, imaginativo e muito criativo.
03- Consegue apreender informações de diversas áreas.
04- Resolve problemas, chegando aos resultados de forma incomum.
05- Não necessita ser mandado, pois é sempre persistente e independente.
06- Persuasivo e capaz de influenciar os outros.
07- Mostra senso comum e dispensa atitudes tolas.
08- Sempre curioso sobre como e por que das coisas, inquisitivo.
09- Tem boa adaptação à variadas situações e à novos ambientes.
10- Esperto ao fazer coisas com materiais comuns.
11- Mostra habilidades nas artes (música, dança, desenho etc).
12- Entende a importância da natureza (tempo, lua, sol, estrelas, solo, etc).
13- Vocabulário além do contexto, com excelente fluência verbal..
14- Aprende facilmente novas línguas.
15- Mostra iniciativa.
16- Bom julgamento, lógico.
17- Flexível, aberto.
18- Versátil, muitos interesses.
19- Empatia com relação aos outros.
20- Excelente senso de humor.
21- Resiste à rotina e repetição.

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22- Expressa idéias e reações, freqüentemente de forma argumentativa.
23- Sensível à verdade e à honra.
A avaliação para identificar os sujeitos com altas habilidades/superdotação
é realizada por meio de observações no contexto escolar, onde existe o
envolvimento de todos os profissionais da escola, por meio de alguns
instrumentos para que possamos localizar os potenciais que não estão sendo
desenvolvidos suficientemente ou até mesmo que necessitam ser desafiados
pelo ensino regular. A identificação dos sujeitos deve iniciar incluindo tantos
alunos quantos forem possíveis, garantindo assim o direito dos que se
qualificam para o serviço de apoio especializado ou até para possíveis
encaminhamentos, dentro da própria comunidade, onde tenham atividades
variadas como pintura, música, dança, entre outras. Você encontra mais
detalhes sobre o serviço de apoio especializado, Sala de Recursos, na página
14 (quatorze).
Esta avaliação, que busca a identificação, deve ser um processo
constante, permitindo o ingresso de outros sujeitos à medida que suas
habilidades emergem e se desenvolvem, não medindo esforços para propiciar
o atendimento aos sujeitos com altas habilidades/superdotação, enriquecendo
o currículo flexível. Para identificação inicial, sugerimos a utilização da
seguinte ficha:

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Ficha de itens para observação em sala de aula (*)
Data:_________________
Estabelecimento de Ensino:__________________ Município:_____________
Professor(a):____________________________________________________
Disciplina:_______________________________________( )5ª a 8ª ( )EM
Telefone:________________E-mail:_________________________________
Indique, em cada item, dois alunos de sua turma, um menino e uma
menina que, na sua opinião, apresentam as seguintes características:

1-Os melhores da 1_________ 14-Mais sensíveis aos 1_________


turma nas áreas outros e bondosos
da linguagem, 2_________ para com os colegas. 2_________
comunicação e
expressão.
2-Os melhores 1_________ 15-Preocupados com 1_________
nas áreas de o bem estar dos
matemática e 2_________ outros. 2_________
ciência.
3-Os melhores 1_________ 16-Mais seguros e 1_________
nas áreas de arte confiantes em si
e educação 2_________ mesmos. 2_________
artística.
4-Os melhores em 1_________ 17-Mais ativos, 1_________
atividades perspicazes,
extracurriculares. 2_________ observadores. 2_________

5-Mais verbais, 1_________ 18-Mais capazes de 1_________


falantes e pensar e tirar
conversadores. 2_________ conclusões. 2_________

6-Mais curiosos, 1_________ 19-Mais simpáticos e 1_________


interessados, queridos pelos
perguntadores. 2_________ colegas. 2_________

7-Mais 1_________ 20-Mais solidários e 1_________


participantes e ignorados.
presentes em 2_________ 2_________
tudo, dentro e fora
da sala de aula.
8-Mais críticos 1_________ 21-Mais levados, 1_________
com os outros e engraçados e
consigo mesmo. 2_________ “arteiros”. 2_________

11
9-De melhor 1_________ 22-Que você 1_________
memória, considera mais
aprendem e fixam 2_________ inteligentes. 2_________
com atividade.
10-Mais 1_________ 23-Com melhor 1_________
persistentes, desempenho em
compromissados, 2_________ esportes e exercícios 2_________
chegam ao fim do físicos.
que fazem.
11-Mais 1_________ 24-Que sobressaem 1_________
independentes, em habilidades
que iniciam o 2_________ manuais e motoras. 2_________
próprio trabalho e
fazem sozinhos.
12-Mais 1_________ 25-Que produzem 1_________
entediados, respostas inesperadas
desinteressados, 2_________ e pertinentes. 2_________
mas não
necessariamente
atrasados.
13-Mais originais 1_________ 26-Capazes de liderar 1_________
e criativos. e passar energia
2_________ própria para animar o 2_________
grupo.
27-Existe em sua 1_________
turma criança com
outros talentos 2_________
especiais? Quais?
Como manifestam seu talento estes últimos dois alunos?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
______________________________________________________________.
Comentários e ou Observações:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
______________________________________________________________.

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Interpretação da Ficha dos Itens para Observação em Sala de Aula

Capacidade e inteligência geral (o nome do sujeito deve estar citado pelo


menos 6 vezes nos itens 4, 6, 9, 10, 11, 12, 17, 18, 21, 22, 25 ou 4 vezes nos
itens 9, 11, 13, 17, 18, 22, 25);
Talento Verbal (o nome do sujeito deve estar citado pelo menos 3 vezes nos
itens 1, 5, 7, 18, 22);
Capacidade de pensamento abstrato/talento científico-matemático (o
nome do sujeito deve estar citado pelo menos 3 vezes nos itens 2, 9, 11, 18,
22);
Criatividade acentuada e/ou talento artístico (o nome do sujeito deve estar
citado pelo menos 4 vezes nos itens 3, 8, 10, 13, 17, 25 ou 3 vezes nos
itens 3, 13);
Talento Psicomotor (o nome do sujeito deve estar citado itens 4, 23 e 24).
Sugestão: Prezado(a) Professor(a), escolha uma ou duas turmas de sua
escola e faça a aplicação deste instrumento, com o objetivo de iniciar o
trabalho de identificação de possíveis alunos que estejam no caminho
das altas habilidades/superdotação.

Então, o sujeito identificado necessita de apoio especializado?

Os sujeitos com altas habilidades/superdotação não enfrentam tantos


desafios quanto outros que apresentam deficiência intelectual e os transtornos
globais do desenvolvimento, que envolvem as psicoses, mas de qualquer
forma, todos são sujeitos que possuem dificuldades no contexto. Porém, os
que apresentam altas habilidades/superdotação, devido a grande criatividade,
habilidades acima da média e envolvimento com a tarefa, são, na maioria das
vezes, sufocados pelos sistemas educacionais, onde não são desafiados e
com isso seus potenciais deixam de ser desenvolvidos.

(*) A ficha dos itens de observação em sala de aula em questão, foi adaptada por PEREZ, S.G.P.
B.(2006) da ficha utilizada pelo Centro de Desenvolvimento de Talentos (CEDET) de Lavras (MG)
e extraída do livro “desenvolver capacidades e talentos: um conceito de inclusão” (GUENTHER,
200, p.175-177)).

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Por esta razão, no mínimo, os envolvidos no processo educacional
acreditam que esses sujeitos precisam de apoio e dos serviços especiais. Após
a identificação, devemos entender que da mesma forma que os sujeitos
necessitam de apoio para sanar suas dificuldades no processo do ensinar e
aprender, outros precisam do enriquecimento de seus potenciais, para gerar o
avanço no processo.

Independentemente da oferta do serviço de apoio especializado, sala de


recursos, devemos observar se existem na comunidade escolar, atividades
enriquecedoras, extra classe, que possam estar sendo desenvolvidas com os
sujeitos com altas habilidades/superdotação. Em relação aos superdotados,
sabemos que apresentam grande curiosidade e buscam além das informações
que o ensino regular oferece e o seu interesse é em uma ou mais áreas do
conhecimento, com isso eles podem “se perder” ou até “se atrapalhar” dentro
do processo educacional regular, deixando de cumprir com algumas atividades
obrigatórias, postas pelo ensino regular tradicional. Assim querem mais,
solicitam mais de seus professores, do contexto escolar no desenvolvimento
diante dos conteúdos propostos e para atendê-los podemos possibilitar a
frequência no serviço de apoio especializado, Sala de Recursos para Altas
Habilidades/Superdotação ou até buscando atividades diferenciadas dentro da
comunidade, no contraturno, objetivando o seu enriquecimento curricular.

Sala de Recursos de AH/SD

Hoje, em nossas estatísticas atuais, no Estado do Paraná, possuímos 13


(treze) Salas de Recursos, sendo 05 (cinco) de 1ª a 4ª série, 07 (sete) de 5ª a
8ª séries e uma de Ensino Médio, perfazendo um total de 210 (duzentos e dez)
alunos atendidos na área.
O referido serviço de apoio especializado, e as salas de recursos para
esta área, atendem a toda Educação Básica, do 1º ano ao Ensino Médio,
sendo ofertado nos estabelecimentos de ensino da rede pública, que solicitam
a abertura desse serviço, via processo, encaminhado à SEED/DEEIN. Isto
ocorre, após a identificação dos alunos com avaliação realizada no contexto
escolar, considerando ainda que a escola tenha local apropriado, professor

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especializado em Educação Especial e iniciativa para desenvolver, com
criatividade e compromisso, propostas que priorizem o enriquecimento das
áreas do conhecimento e de interesse.

O documento norteador para a abertura, cessação e renovação do


serviço de apoio especializado, Sala de Recursos Altas
Habilidades/Superdotação, é o Manual de Estrutura e Funcionamento da
Modalidade da Educação Especial e a Instrução nº 016/08, que está
disponível no Portal, cujo endereço é www.diaadiaeducacao.pr.gov.br .
O trabalho pedagógico desenvolvido na Sala de Recursos deve
constituir-se em um conjunto de procedimentos específicos, que tem por
objetivo enriquecer a aprendizagem, oportunizando a intervenção na área das
habilidades e interesses dos alunos, com parcerias pré-estabelecidas pela
escola, com a comunidade e ou outras instituições/organizações afins. O
trabalho a ser desenvolvido deve ser realizado de forma a suplementar o
atendimento educacional nas classes comuns da educação básica.
Completando o apoio aos sujeitos com altas habilidades/superdotação,
temos que pontuar mais um avanço na área, que são os Núcleos de
Atividades de Altas Habilidades/Superdotação (NAAHS), composto por três
unidades de atendimento: Aluno, Professor e Família. O Estado do Paraná
possui o primeiro NAAHS, em funcionamento no município de Londrina, com
isso, temos mais um suporte para o atendimento destes sujeitos que se
encontram dentro da estatística dos 3% a 5% da população com altas
habilidades/superdotação.

Como enriquecer a aprendizagem?

Dentro da Teoria dos Três Anéis, destacamos o Modelo de


Enriquecimento Escolar, proposto por Renzulli e Reis (1997a;2000), que
estimula os alunos a desenvolverem habilidades, permitindo que sejam
produtores de conhecimento, além de simplesmente consumidores deste
mesmo conhecimento.

O modelo em questão possibilita avanços, sendo apresentados em três


tipos, que são os enriquecimentos do tipo I, II e III:

15
Enriquecimento do Tipo I – é desenvolvido na própria sala de aula onde
todos participam e seus objetivos são: enriquecer a vida dos alunos através
de experiências, usualmente não fazem parte do currículo da escola regular
(palestras, excursões, demonstrações, centros de interesse e variados
materiais audiovisuais...); estimular novos interesses nos alunos, levando-os a
aprofundá-los em atividades criativas e produtivas posteriores...
Enriquecimento do Tipo II – seus objetivos são: desenvolver pensamento
criativo e resoluções de problemas; desenvolver os processos afetivos, sociais
e morais, tais como sentir, apreciar, valorizar e respeitar; oportunizar uma
grande variedade de aprendizagens específicas de “como fazer”, tais como:
entrevistar, classificar, analisar dados e tirar conclusões; desenvolver
habilidades para a aprendizagem de materiais de referências, ou seja, resumo,
catálogos, registros, guias, programas de computador, internet...
Enriquecimento do Tipo III – centram-se atividades com mais
aprofundamento teórico, onde os alunos podem dedicar grande parte do seu
tempo para aquisição de um conteúdo mais avançado, oportunizando:
aplicação de interesses, conhecimentos, idéias criativas e motivação em um
problema ou área de estudo de sua escolha; desenvolvimento das habilidades
de planejamento, organização, utilização de recursos, gerenciamento de
tempo, tomada de decisões e auto-avaliação; despertar a habilidade de
interagir, efetivamente com outros alunos, professores e pessoas com níveis
avançados de interesse e conhecimento em uma área comum de
envolvimento.
Finalizando...
Os sujeitos com altas habilidades/superdotação necessitam de serviço
de apoio especializado, onde promover-se-à o desenvolvimento acadêmico,
artístico, psicomotor e social, assim abrindo as portas às modernas evidências
de pesquisa sobre o sujeito com altas habilidades/superdotação,
considerando seu potencial como a válvula de desenvolvimento tecnológico,
cultural e educacional do Estado.

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Sugestão:

Assistam ao filme “Encontrando Forrester”, o qual permite uma reflexão


sobre os comportamentos e indicadores de superdotação, através da relação
do sujeito protagonista com suas habilidades especiais, demonstradas de
forma interessante.
Mais opções de Filmes: Mente Brilhante; Mentes que Brilham; Lances
Inocentes; Gênio Indomável; Shine: o brilhante; O Som do Coração; Apanhe-
me se for capaz; Amadeus; Sociedade dos Poetas Mortos; Hackers: Pirata de
computador.
Atividade: Observamos no contexto das altas habilidades/superdotação, que
muitos sujeitos não se interessam pelos conteúdos tradicionalmente aplicados
na escola, mas apresentam sede de aprender e produzir. Como atender a esta
demanda, onde o ensino regular não está sendo suficiente para o seu
desenvolvimento? Vocês acreditam na busca desses potenciais, que podem
estar na sua escola?
Façam uma discussão em seu grupo e elaborem alternativas com
justificativas, para o atendimento dos sujeitos com altas
habilidades/superdotação.
Bom trabalho!

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Respostas da Atividade(Página 6):

1- Um, Dois, Três, Quatro, Cinco, Seis, Sete... (letras iniciais dos
números);
2- Janeiro, Fevereiro, Março, Abril, Maio, Junho... (letras iniciais meses do
ano);
3- Domingo, Segunda, Terça, Quarta... ( letras iniciais dos dias da
semana);
4- Aries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão... ( letras iniciais dos signos do
zodíaco).

Referências:

ALENCAR, Eunice Soriano de. O processo da criatividade: produção de


idéias
e técnicas criativas. São Paulo: MAKRON Books, 2000.
_________. Criatividade e educação de superdotados. Petrópolis, RJ:
Vozes Ed., 2001.
_________. Superdotados: determinantes, educação e ajustamento. 2ª
ed. São Paulo: EPU, 2001.
_________. Como desenvolver o potencial criador: um guia para
liberação da
criatividade em sala de aula. Petrópolis, RJ: Vozes, 1990.
_________ & FLEITH, Denise de Souza. Criatividade: múltiplas
perspectives.
Brasília: Universidade de Brasília, 2003.
ALONSO, Juan. Alumnos superdotados: sus necessidades educativas y
sociales. Buenos Aires: Bonum, 2004.
BRASIL, Secretaria de Educação Especial. Adaptações curriculares em
ação: desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades
educacionais de alunos com Altas Habilidades/Superdotação. Brasília:
MEC; SEESP, 2002.
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes nacionais para a educação
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GAMA, Maria Clara Sodré S. Educação de Superdotados: teoria e prática.
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psicopedagógica clínica da criança e sua família. Porto Alegre: Artmed,
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GARDNER, Howard. Mentes que mudam: a arte e a ciência de mudar as
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GASPARETTO, Elisandra Villela. Exercite sua mente: guia prático para
aprimoramento da memória, linguagem e raciocínio. São Paulo: Prestígio,
2005
GOLDBERG, Elkhonon. O cérebro executivo: lobos frontais e a mente
civilizada. Rio de Janeiro: Imago, 2002.
STERNBERG, Robert J. Por que as pessoas espertas podem ser tão
tolas? Rio de Janeiro: José Olympio, 2005.
REVISTA GALILEU ESPECIAL. Coleção Tudo Sobre n.2 – Supercérebro –
mais de 200 exercícios para turbinar sua cabeça. Editora Globo, 2005.

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