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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

AMILY LETÍCIA ALVES SILVA


GABRIEL ALVES DE SOUZA

AVALIAÇÃO DE EXPANSÃO E COLAPSO EM DOIS SOLOS DA SEDE DO


MUNICÍPIO DE JUAZEIRO – BA

JUAZEIRO - BA
2019
AMILY LETÍCIA ALVES SILVA
GABRIEL ALVES DE SOUZA

AVALIAÇÃO DE EXPANSÃO E COLAPSO EM DOIS SOLOS DA SEDE DO


MUNICÍPIO DE JUAZEIRO – BA

Trabalho apresentado a Universidade Federal do


Vale do São Francisco – UNIVASF, Campus Jua-
zeiro, como requisito para obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Profª Carmem Sueze Silva Miranda,


PhD
Coorientador: Prof. Gerson Marques dos Santos,
DSc

JUAZEIRO - BA
2019
UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO
CURSO DE GRADUAÇÃOEM ENGENHARIA CIVIL

FOLHA DE APROVAÇÃO

AMILY LETÍCIA ALVES SILVA


GABRIEL ALVES DE SOUZA

AVALIAÇÃO DE EXPANSÃO E COLAPSO EM DOIS SOLOS DA SEDE DO


MUNICÍPIO DE JUAZEIRO – BA

Trabalho de Conclusão de Curso II apresentado


como requisito para obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil, pela Universidade
Federal do Vale do São Francisco.

Aprovado em: de de .

Banca Examinadora

_____________________________________
Carmem Sueze Silva Miranda, PhD, UNIVASF
Orientadora

_____________________________________
Gerson Marques dos Santos, DSc, UNIVASF
Coorientador

_____________________________________
Anderson Henrique Barbosa, DSc, UNIVASF
Examinador
AGRADECIMENTOS

AMILY LETÍCIA ALVES SILVA:

Primeiramente, eu quero agradecer a Deus por ter me proporcionado chegar


até aqui, sem Ele nada seria possível. Foi Ele quem me deu forças para superar to-
das as adversidades que apareceram no meu caminho e todos os meus medos inte-
riores.

Hoje é o fechamento de um ciclo não só para mim, mas para toda a minha
família, que me apoiou e me acompanhou incansavelmente desde o começo. Por
isso, eu não posso deixar de agradecer aos meus pais, porque eu tenho muita sorte
de ser filha de duas pessoas que sempre focaram na minha educação, se desfazen-
do de muitas prioridades pessoais para que isso fosse possível, e que sempre fize-
ram eu me sentir o máximo e capaz. Muito obrigada, eu amo muito vocês.

Eu tenho uma família gigante, meus avós, irmãos, tios e primos, todos, sem
exceção, têm a sua parcela de contribuição na minha jornada. Eu gostaria de agra-
decer em especial as minhas tias Irailde, Beatriz e Valdeci de Andrade. Vocês são
incríveis! Durante toda a minha vida, sem pedir, sem querer nada em troca, vocês
sempre fizeram de tudo por mim. Qualquer necessidade, seja física, financeira ou
emocional, sempre foi prontamente preenchida por vocês e eu só tenho a agradecer.
Amo-as imensamente.

Ainda entram nesse agradecimento especial os meus primos e amigos:


Tayna, Jaqueline, Larissa, Maycon, Layza, Iara, Mayara, Renato, Adelmo, Dijerson,
Jeferson, Jéssica, Hebert, Evandro, Luciana e Marinho. Foram muitas as vezes que
vocês aturaram os meus desabafos, desabafaram junto comigo, me deram conse-
lhos, caronas, suportes técnicos e também momentos de diversão.

Sozinho ninguém chega a lugar nenhum, durante esses quatro anos e meio
que eu passei na faculdade, quatro pessoas foram as minhas companhias diárias:
Gabriel (também autor deste TCC), Maísa, Alysson e Aleson. Passamos por poucas
e boas juntos. Com vocês tudo ficou mais leve e fácil de conduzir. Muito obrigada,
Deus não poderia escolher pessoas melhores para estarem comigo.
Nesse curso eu tive a oportunidade única de estar em contato com uma das
Pedólogas mais qualificadas do Brasil. Carmem Miranda, o que dizer dessa mulher?
Inteligente, humana, divertida, paciente, multitarefas e mais uma imensidão de adje-
tivos que não caberiam aqui. Eu não poderia ter escolhida pessoa melhor para ser
minha orientadora. Você desempenha verdadeiramente a função inerente a um pro-
fessor.

Também gostaria de agradecer ao meu coorientador Gerson, diante de tantos


problemas que existem no curso de Engenharia Civil, você veio para pacificamente
resolvê-los. Você é o nosso porto seguro da Engenharia Civil.

Os ensaios deste trabalho não seriam os mesmos sem a presença de Cícero,


o nosso técnico do laboratório de solos, que sanou as nossas dúvidas e colocou a
mão na massa literalmente quando foi preciso. Também quero agradecer ao técnico
Catarino, pois foi ele o responsável por fazer a coleta em campo das amostras de
solo.

Por fim, o meu agradecimento vai para a Universidade Federal do Vale do


São Francisco, por ter proporcionado os meios necessários para a concretização da
minha formação acadêmica.

GABRIEL ALVES DE SOUZA:

Antes de qualquer coisa, agradeço a Deus pela sua bondade e misericórdia


de ter me ajudado a alcançar este obstáculo, que durante a graduação me ensinou a
amá-Lo sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo; mesmo que todos os
dias esse amor se renove, eu o vivenciei de forma mais viva em meu coração duran-
te esta caminhada.

Em seguida, agradeço a minha querida mãe pela dedicação para que este
sonho fosse realizado. Sabemos que não foi fácil e em muitos momentos da nossa
vida, a senhora abriu mão do seu conforto para que o meu sonho fosse realizado.
Não tenho palavras para agradecer, mas muito obrigado por a senhora ter me aju-
dado a persistir e nos momentos que pensei em desistir, a senhora com suas pala-
vras de conforto e ânimo, me ajudou a continuar.
Também agradeço a minha irmã, que me ajudou a conquistar esta grande vi-
tória e que é uma alavanca para mim, assim também como o irmão Manuel, que
Deus colocou em nossa vida na figura de um pai, que tem nos acolhido como filhos
e é um exemplo de pai e de pessoa. Aos meus avós maternos, tenho a dizer que eu
os amo muito, por me acolherem na minha infância e me tratarem como filho, e que
têm em meu coração um lugar especial que ninguém pode tirar.

Agradeço também a toda a minha família sanguínea, aos meus primos, tios,
tias e cunhado, que ficaram torcendo pela minha vitória e por todas a mensagens de
carinho e de amor que enviaram para mim. Quero destacar meu primo Moisés e sua
esposa Rose, que estiveram presentes durante o início de tudo, nos ajudando a nos
estabelecermos nesta cidade e nos apoiaram em todos os momentos tristonhos e
alegres.

Outro destaque importante, este a minha família espiritual. Agradeço aos


meus irmãos e irmãs, de várias cidades, que oraram por mim, para que o Senhor me
guiasse neste desafio que foi concedido pelo Senhor Jesus. Em especial a irmã
Nelma, ao irmão Anderson, ao irmão Lucas e Iasmim, que estiveram presentes e me
ajudaram de diversas formas, guiados por Deus.

Agradecimento especial a Érika, minha futura esposa, que mesmo chegando


aos últimos meses da caminhada, teve muita paciência comigo e me ajudou a ser
mais perseverante. E também a todos irmãos e irmãs de Juazeiro do Bahia e do
Norte, que viram a minha trajetória e as dificuldades que surgiram em minha vida.

Agradeço também a Carmem, minha professora querida e orientadora deste


trabalho, que teve paciência conosco e tem nos ajudado a fazer este trabalho da
forma que proporcione dados sobre solos para região. Assim também como Gerson,
nosso coorientador, que tem nos ajudado a fazer o trabalho, e aos técnicos Cícero e
Catarino, pelo auxílio nas atividades de campo e de laboratório.

Abraço sincero de agradecimento, a todos do grupo "Os focados", que consi-


derei e considero todos, como amigos de grande relevância, como Amily (também
autora deste TCC), Aleson, Alysson, Italo, Otaviano, Bruna, Samara, Gabriela e to-
dos aqueles que são meus amigos na universidade e fora desta.
Quero agradecer também à Universidade Federal do Vale do São Francisco
por ter contribuído para a realização da minha formação acadêmica.

A todos, muito obrigado!


SILVA, AMILY LETÍCIA ALVES; SOUZA, GABRIEL ALVES. AVALIAÇÃO DE
EXPANSÃO E COLAPSO EM DOIS SOLOS DA SEDE DO MUNICÍPIO DE
JUAZEIRO – BA. 2019. Monografia, Universidade Federal do Vale do São Francisco
– UNIVASF, JUAZEIRO-BA.

RESUMO

Este trabalho tem por finalidade a avaliação dos comportamentos de expansão e


colapso de duas amostras de solo coletadas no Submédio Vale do São Francisco,
mais precisamente na sede do município de Juazeiro-BA. Nesse contexto, foram
alvo de estudo os solos localizados no Residencial São Francisco, que é um conjun-
to habitacional do programa Minha Casa Minha Vida, e nas extensões da Orla Anti-
ga, no bairro Maringá, por serem locais em que se estima que a existência de pato-
logias construtivas, na forma de fissuras e trincas, esteja associada ao tipo de solo
predominante. A avaliação dos comportamentos de expansão e colapso das amos-
tras de solo foi feita a partir da realização de visitas técnicas aos sítios de amostra-
gem, além da coleta de amostras deformadas e indeformadas das camadas de solo
que compõem as superfícies críticas. As amostras de solo foram submetidas a en-
saios de caracterização do solo e de verificação de expansibilidade e colapsibilida-
de, através do ensaio edométrico. Verificou-se que o solo encontrado na Orla de Ju-
azeiro teve potencial de colapso de 5,91%. O solo do Residencial de São Francisco
apresentou resultado inconclusivo quanto à expansibilidade, em função de dificulda-
de de moldagem no anel do solo indeformado em estado seco, que foi ocasionado
pelas caraterísticas dos Vertissolos de alta coesão e formação de unidades estrutu-
rais grandes, quebradiças quando cortadas/moldadas. A existência de patologias,
como trincas e fissuras, em obras assentadas sobre os solos estudados indica a ne-
cessidade de proposições de soluções em etapa de projeto.

Palavras - chave: Solo expansivo. Solo colapsível. Patologias em obras. Submédio


Vale do São Francisco.
SILVA, AMILY LETÍCIA ALVES; SOUZA, GABRIEL ALVES.
EVALUATION OF EXPANSION AND COLLAPSE IN TWO SOILS OF THE
HEADQUARTERS OF THE MUNICIPALITY OF JUAZEIRO - BA. 2019. Completion
Work, Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, JUAZEIRO-BA.

ABSTRACT

This work aims to evaluate the behavior of expansion and collapse of two soil sam-
ples collected in the Submedio São Francisco Region., more precisely at the head-
quarters of the municipality of Juazeiro-BA. In this context, the soils located in the
Residencial São Francisco, which is a housing complex of the Minha Casa Minha
Vida program, and the extensions of the Orla Antiga, in the Maringá neighborhood,
were studied for being sites where it is estimated that the existence of pathologies
constructs, in the form of cracks and cracks, is associated with the predominant soil
type. The evaluation of the behavior of expansion and collapse of the soil samples
was made from the technical visits to the sampling sites, as well as the collection of
deformed and undisturbed samples of the soil layers that make up the critical surfac-
es. The soil samples were submitted to soil characterization tests and to verify ex-
pandability and collapsibility, using the edometric test. It was verified that the soil
found in Orla de Juazeiro had potential of collapse of 5.91%. The soil of the Residen-
cial de São Francisco presented an inconclusive result regarding the expansibility
due to the difficulty of molding in the undisturbed soil ring in the dry state, which was
caused by the characteristics of the high cohesion Vertisols and formation of large,
brittle structural units when cut / molded. The existence of pathologies, such as
cracks and fissures, in seated works on the studied soils indicates the need for prop-
ositions of solutions in the design stage.

Keywords: Expansive solo. Collapsible soil. Pathologies in works. Submedio São


Francisco Region.
SUMÁRIO

CAP. 1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 12

1.1 OBJETIVOS .............................................................................................. 13

1.1.1 Objetivo Geral ........................................................................................... 13

1.1.2 Objetivos Específicos ................................................................................ 13

CAP. 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 14

2.1 SOLO EXPANSIVO .................................................................................. 14

2.1.1 Definição e Identificação .......................................................................... 14

2.1.2 Comportamento ........................................................................................ 16

2.1.2.1 Expansibilidade ........................................................................................ 16

2.1.2.2 Classificação ............................................................................................ 17

2.1.2.2.1 Métodos indiretos qualitativos .................................................................. 17

2.1.2.2.1 Métodos diretos quantitativos ................................................................... 17

2.1.3 Patologias Associadas ............................................................................. 18

2.2 SOLO COLAPSÍVEL ................................................................................ 19

2.2.1 Definição e Identificação .......................................................................... 19

2.2.2 Comportamento ........................................................................................ 22

2.2.2.1 Estrutura e Índices físicos ........................................................................ 22

2.2.2.2 Classificação ............................................................................................ 22

2.2.2.2.1 Critérios indiretos para a classificação de solos colapsíveis .................... 24

2.2.3 Patologias Associadas ............................................................................. 25

CAP. 3 MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................... 28

3.1 ÁREA DE ESTUDO .................................................................................. 28

3.1.1 Coleta das Amostras ................................................................................ 32


3.2 ENSAIOS .................................................................................................. 37

3.2.2 Ensaios de Caracterização ........................................................................ 37

3.2.2 Ensaio Edométrico .................................................................................... 37

CAP. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................. 40

4.1 ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO.......................................................... 40

4.1.2 Análise pelos métodos indiretos qualitativos de classificação de solos


expansivos ................................................................................................................ 45

4.1.3 Análise pelos métodos indiretos de classificação de solos colapsíveis ..... 45

4.2 ENSAIO EDOMÉTRICO SIMPLES ........................................................... 48

4.2.1 Residencial São Francisco ........................................................................ 48

4.2.2 Orla............................................................................................................ 52

4.2 ANÁLISE FOTOGRÁFICA DAS FISSURAS E TRINCAS APRESENTADAS


NO RESIDENCIAL SÃO FRANCISCO ..................................................................... 55

4.3 ANÁLISE FOTOGRÁFICA DAS FISSURAS E TRINCAS APRESENTADAS


NAS PROXIMIDADES DA ORLA DE JUAZEIRO ..................................................... 59

4.2.1 Análise de edificações da Universidade Federal do Vale do São Francisco


(UNIVASF) ................................................................................................................ 59

4.2.2 Análise em residências no bairro Maringá ................................................. 61

CAP. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 66

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 68
12

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

A previsão da estabilidade de construções civis está diretamente relacionada


com a resposta apresentada pelo solo quando este é submetido à ação conjunta de
cargas e gradientes hidráulicos. Assim, diversos problemas podem ocorrer relativos
à perda ou ganho de volume de uma camada de solo sob uma construção, fazendo
com que estruturas projetadas para se comportarem satisfatoriamente, repentina ou
gradualmente, experimentem recalques ou distorções (FERREIRA, 1995).

Os solos mais problemáticos são aqueles muito compressíveis ou que apre-


sentam caráter expansivo ou colapsível (ROSSI, 2016), sendo o estudo destes so-
los, a ênfase deste trabalho.

É importante destacar que a realização de obras sobre solos expansivos e co-


lapsíveis requer cautela e ampla compreensão sobre engenharia geotécnica, uma
vez que se tratam de solos especiais, que possuem peculiaridades e estão sujeitos a
não se comportarem de acordo com as leis gerais da mecânica dos solos
(CARVALHO; ANDRADE, 2015).

O comportamento de colapsibilidade, de acordo com certas condições de ten-


sões atuantes, da estrutura e teor de umidade, pode ser apresentado por qualquer
solo quando não saturado. Por outro lado, a expansibilidade é vista como um com-
portamento associado à composição mineralógica e química de certos tipos de so-
los, excluindo-se o estado de tensões da definição básica que a caracteriza
(ENGEGRAUT, 2015).

Este trabalho envolve o estudo e a caracterização de solos expansivos e


colapsíveis, através da realização de ensaios laboratoriais, a fim de compreender a
relação de tais solos com a presença de patologias construtivas em duas áreas na
sede do município de Juazeiro-BA, para, além do caráter acadêmico e de pesquisa,
disponibilizar informações aos construtores e projetistas, que sejam capazes de
estimular o desenvolvimento de soluções reais para os problemas explorados.
13

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Avaliar a expansão e o colapso em amostras de dois solos existentes na sede


do município de Juazeiro – BA, que tem apresentado patologias nas alvenarias, co-
mo trincas e fissuras, assentadas sobre os mesmos.

1.1.2 Objetivos Específicos

 Realizar ensaios de caracterização geotécnica das amostras de solo;


 Realizar ensaios de verificação de expansibilidade e colapsibilidade;
 Analisar os resultados obtidos para classificar e discutir o comportamento do
solo;
 Avaliar a influência das características dos solos estudados em patologias de
construção apresentadas nas áreas de coleta das amostras.
14

CAPÍTULO 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 SOLO EXPANSIVO

2.1.1 Definição e Identificação

Ferreira (1995) define solos expansivos como solos não saturados que sofrem
contrações e expansões com o surgimento de uma superfície de fricção, que tem
baixa densidade de drenagem e alta atividade de argila, oriundos de rochas ígneas,
principalmente basalto, diabásio e gabro, e de rochas sedimentares, principalmente
folhelhos, margas e calcários.

Segundo o mesmo autor, tais solos caracterizam-se por possuírem argilomi-


nerais de estrutura laminar, do tipo 2:1, com combinação de duas folhas tetraédricas
e uma folha octaédrica. Como exemplo, tem se o grupo da esmectita, que apresenta
elevada instabilidade volumétrica. Esta característica também ocorre nos interestrati-
ficados de montmorilonita como a clorita, ilita e vermiculita ou até mesmo de outros
minerais.

Um solo pode ter expansibilidade quando apresenta dois requisitos, definidos


como extrínsecos e intrínsecos. O primeiro é associado a fatores externos, como
climatologia, hidrogeologia, vegetação e ação humana; estes requisitos caracterizam
a capacidade que o solo tem ou não de sofrer expansão (FERREIRA, 1995). O se-
gundo, por outro lado, está associado a fatores internos como granulometria, textura
e estrutura; eles estabelecem a capacidade de expansão teórica (SCHREINER,
1987).

Complementando o conceito, Ayala et al.(apud BARBOSA, 2013) afirma que:

... para que o solo seja expansivo é necessário que exista


e entre em funcionamento mecanismos que produzam a
instabilidade volumétrica do solo e que haja forças capa-
zes de transferir a umidade de um ponto a outro do solo.
15

Os solos expansivos podem ser encontrados no Brasil na região Centro-Sul,


nos estados do Paraná, São Paulo e Santa Catarina; na região Nordeste, no estado
da Bahia passando por Pernambuco até atingir o Ceará. No cenário mundial podem
verificar a presença de solos expansivos em Cuba, México, Marrocos, Turquia, Es-
tados Unidos da América, Argentina, China e África do Sul (BARBOSA, 2013).

Os solos expansivos podem ser identificados através de métodos diretos e in-


diretos. A Tabela 2.1 a seguir apresenta os métodos mais utilizados e suas referên-
cias.

Tabela 2.1 – Métodos diretos e indiretos de identificação de solos expansivos.

MÉTODOS SUBDIVISÕES CRITÉRIO REFERÊNCIAS

Difração de raios-X, Microsco-


pia eletrônica de varredura,
Análise termo diferencial e AYALA et al. (1986)
IDENTIFICATIVOS Adsorção de etileno – glicol e
glicerina

Físico – químicos FINK et al. (1971)

PRIKLONSKIJ (1952), SKEMPOM


(1953), SEED et al. (1962), VAN DER
Granulometria, consistência e
MERWE (1964), CHEN (1965),
QUALITATIVOS índices físicos e classificação
VIJAYVERVIYA e GHAZZALY (1973),
geotécnica
RODRIGUES ORTIZ (1975), CUELLAR
(1978)
INDIRETOS

Geologia, geomorfologia, pedo- PATRICK e SNETHEN (1976), AYALA


ORIENTATIVOS
logia e identificação visual et al.(1986), FERREIRA (1990c e 1993ª)

AVALIATIVOS Ensaio de expansão de Lambe LAMBE (1960)

SEED et al. (1962), CHEN (1965),


Expansão livre e tensão de
VIJAYVERVIYA e GHAZZALY (1973),
expansão: Ensaios edométricos
RODRIGUES ORTIZ (1975), CUELLAR
duplos e simples
(1978), JIMENEZ SALAS (1980)
QUANTITATIVOS

DIRETOS ESCARIO (1967 e 1969), AITCHISON et


Ensaios edométricos de sucção
al. (1973), JOHNSON (1978), Mc KEEN
controlada
(1980)

Fonte: Adaptado de Amorim (2004)


16

2.1.2 Comportamento

2.1.2.1 Expansibilidade

Os processos de expansabilidade dos solos podem ser intercristalinos, intra-


cristalinos e osmóticos. Quando a absorção de água acontece pelas superfícies ex-
ternas dos cristais dos minerais argilosos e dos vazios entre esses cristais, é cha-
mada de expansibilidade intercristalina, como é o caso da ilita que, devido à forte
atração eletrostática gerada pelos íons monovalentes K+, ligam as camadas estrutu-
rais e não permitem a entrada de água. Quando a absorção de água acontece no
interior dos cristais, entre as camadas estruturais, é chamada de expansibilidade
intracristalina, sendo o que acontece namontmorilonita, vermiculita, clorita expansiva
e outros minerais interestratificados (NEVES, 1993).

A expansibilidade osmótica é a que origina as maiores variações de volume,


ela pode ser dividida em duas fases. Na primeira, as moléculas de água penetram
entre as camadas estruturais das argilas ou entre as superfícies planas das partícu-
las adjacentes, tendendo a separá-las. Na segunda fase, as superfícies das partícu-
las estão separadas por distâncias superiores a quatro camadas monomoleculares
de água, sendo por isso a energia de adsorção já relativamente reduzida, o que
permite que a energia de repulsão da dupla camada elétrica se sobreponha. Com a
continuação da adsorção de moléculas de água, a referida distância tende a aumen-
tar e, com ela, as forças de repulsão (BARBOSA, 2013).

Diante disso, Barbosa (2013) conclui que as montmorilonitas são as argilas


que apresentam maiores variações volumétricas por absorção de água e as caulini-
tas são argilas que não exibem expansibilidade de natureza físico-química. A reduzi-
da distância entre camadas estruturais inibe a entrada de água e o fraco potencial
elétrico provoca uma fraca adsorção superficial.
17

2.1.2.2 Classificação

2.1.2.2.1 Métodos indiretos qualitativos

Os solos com características expansivas podem ser classificados indiretamen-


te com base nos limites de consistência apresentados, conforme Tabela 2.2
(CARVALHO et al., 2015).

Tabela 2.2 – Classificação do grau de expansão relacionado ao limite de li-


quidez (LL) e ao índice de plasticidade (IP).

Daksanamurthy & Ra-


Grau de Expansão Chen (1965) Seed et al. (1962)
man (1973)

Muito alto LL > 60 IP > 35 LL > 70

Alto 40 < LL ≤ 60 20 < IP ≤ 35 50 < LL ≤ 70

Médio 30 ≤ LL ≤ 40 10 ≤ IP ≤ 20 35 < LL ≤ 50

Baixo LL < 30 IP < 10 20 ≤ LL ≤ 35

Fonte: Adaptado de Carvalho et al. (2015)

2.1.2.2.1 Métodos diretos quantitativos

Holtz e Gibbs (1956) e Seed et al. (1962) definem o potencial de expansão de


um solo de acordo com o grau de expansão por ele apresentado no ensaio edomé-
trico, conforme Tabela 2.3.

Tabela 2.3 – Classificação do potencial de expansão de solos.

Grau de Expansão (%)


Potencial de Expansão
Holtz e Gibbs (1956) Seed et al. (1962)

Baixo 0-10 0-1,5

Médio 10-20 1,5-5

Alto 20-35 5-25

Muito Alto >35 >25


Fonte: Adaptado de Santos (2010)
18

2.1.3 Patologias Associadas

Rossi (2016) destaca que existe uma grande quantidade de relatos sobre o
prejuízo e a complexidade das patologias oriundas dos solos expansivos na constru-
ção civil. Muitas vezes, para tentar solucionar os problemas, é necessário o uso de
reparos nas edificações ou ainda, em outros casos, existe a necessidade de se fazer
a retirada de pessoas de suas moradias. A autora sinaliza que isso ocorre porque o
solo está em contato direto com a fundação, sendo necessário que exista uma har-
monia positiva para a estabilidade da construção entre a distribuição de tensão do
solo e a deslocabilidade da fundação.

Assim, segundo Sandroni e Consoli (2010), o solo expansivo pode gerar di-
versos problemas em uma estrutura. Por exemplo, pode causar deslocamento no
pavimento, levantamento da edificação causando trincas, perda de resistência em
taludes e terrenos de apoio de fundação, aumento da carga em fundações profun-
das e túneis, entre outros.

Figura 2.1 – Exemplo de trincas diagonais formadas pela expansão do solo.

Fonte: Carvalho, D.M.C (2010)


19

Figura 2.2 – Exemplo de trinca formada pela expansão do solo.

Fonte: Carvalho, D.M.C (2010)

Soluções construtivas em solos expansivos podem incluir atuação sobre o


terreno e sobre a estrutura. A atuação sobre o terreno é comumente realizada na
forma de isolamento, estabilização e substituição, enquanto que a atuação sobre a
estrutura pode considerar a utilização de palafitas, estrutura rígida e semirrígida
e/ou estrutura flexível (SOARES, 2016).

2.2 SOLO COLAPSÍVEL

2.2.1 Definição e Identificação

O solo que sofre o fenômeno do colapso, vulgarmente denominado de solo


colapsível, é um solo caracterizado por apresentar estrutura porosa, com elevados
índices de vazios e um teor de umidade muito inferior ao necessário para sua com-
pleta saturação (JENNINGS e KNIGHT, 1975).

Souza Neto (2004) explica que, ao ser submetido ao umedecimento e estan-


do sujeito ou não à aplicação de cargas adicionais, o solo colapsível reduz conside-
ravelmente o seu volume, provocando recalque na superfície que o envolve. Isso
ocorre porque o umedecimento é responsável por anular a sucção matricial existente
nos vazios do solo, reduzindo a sua resistência ao cisalhamento.
20

Para Machado (1998), a intensidade com que o colapso pode se manifestar


em um solo está relacionada com a umidade inicial, o histórico de tensões, a espes-
sura da camada de solo envolvida, com a sobrecarga imposta e a variação de umi-
dade do solo, devido à infiltração ou elevação do lençol freático. Souza Neto (2004)
alerta que todos esses fatores podem ocasionar deformações de tal forma que as
obras executadas sobre terrenos formados por estes solos não sejam capazes de
resisti-las, sem que apresentem algum dano.

Em se tratando de sua incidência, Vilar et al. (1981) afirma que o solo colap-
sível tende a ocorrer em sua maioria em regiões de baixos índices de precipitações
pluviométricas. Nessa perspectiva, incluem-se as regiões de clima tropical, porque
apresentam condições favoráveis, seja pela lixiviação dos finos dos horizontes su-
perficiais nas regiões onde há a alteração de estações secas e de precipitações in-
tensas, seja pela deficiência de umidade dos solos que se desenvolvem em regiões
áridas e semiáridas.

No Brasil, estes solos cobrem extensas áreas das Regiões Centro-Sul (interior de
São Paulo e Paraná) e Nordeste do país, sendo representados por depósitos aluviais,
coluviais e residuais muito lixiviados (MILITITSKY et al., 2015).

Para Vargas (1978), os materiais colapsíveis podem apresentar uma varieda-


de de tipos de origem. Desta forma, é natural que as texturas desses solos também
possam se apresentar bastante variadas. Tais texturas, no entanto, costumam ter
uma relação íntima com o conjunto de processos, naturais ou não, responsáveis por
sua origem.

Segundo Lollo (2008), solos colapsíveis formados a partir de sedimentos de


origem eólica e fluvial apresentam textura predominantemente arenosa, já os perfis
residuais têm sua textura controlada pela rocha matriz que lhes deu origem e pela
intensidade dos processos intempéricos aos quais estiveram sujeitos.

Em se tratando dos solos originados a partir de rochas sedimentares quími-


cas e detríticas finas e rochas ígneas básicas, o autor afirma que tendem a proporci-
onar solos colapsíveis de textura mais argilosa, enquanto que os solos formados
pela alteração de rochas sedimentares de textura mais grossa e rochas ígneas áci-
das tendem a apresentar textura arenosa.
21

Quanto aos solos formados a partir de fluxos de lama, Lollo (2008) sublinha que
predominam as frações finas (como argilas). Já no caso de perfis colapsíveis originados a
partir de aterros, a textura do perfil vai depender da textura do solo utilizado para confec-
ção do aterro, havendo, no entanto, uma predominância de solos arenosos.

Os solos colapsíveis podem ser identificados através de métodos diretos e in-


diretos. A Tabela 2.4 a seguir apresenta os métodos mais utilizados e suas referên-
cias.

Tabela 2.4 – Métodos diretos e indiretos de identificação de solos colapsíveis.

MÉTODOS SUBDIVISÕES CRITÉRIO REFERÊNCIAS

Microscopia eletrônica de varredu- COLLINS e Mc GOWN (1974), WOLLE


IDENTIFICATIVOS
ra et al.(1978)

DENISOV (1951), PRIKLONSKU


(1952), GIBBS e BARA (1962 e 1967),
FEDA (1966), KASSIF e HENKIN
Índices físicos
(1967), DESIGN OF SMALL DAMS
(1960 e 1974), CÓDIGO DE OBRAS
DA URSS (1977)

QUALITATIVOS
INDIRETOS CONE CÓDIGO DE OBRAS DA URSS (1977)

Ensaios
de campo
DÉCOURT e QUARESMA FILHO
SPT – T
(1991)

Pedologia FERREIRA (1990) e FERREIRA (1993)

ORIENTATIVOS Pedologia, geologia e climatologia FERREIRA (1999)

ARMAN e THORNTON (1972),


Ensaios expedidos
JENNINGS e KNIGHT (1975)

Ensaios edométricos duplos REGINATTO e FERRERO (1973)


AVALIATIVOS

DIRETOS BALLY et al. (1973), JENNINGS e


Ensaios edométricos duplos e
KNIGHT (1975), VARGAS (1978),
simples
LUTENNEGER e SABER (1988)

FERREIRA e LACERDA (1993),


Ensaios de campo
HOUSTON (1996)
QUANTITATIVOS

Fonte: Adaptado de Amorim (2004)


22

2.2.2 Comportamento

2.2.2.1 Estrutura e Índices físicos

O solo colapsível apresenta uma estrutura instável devido ao aumento da


umidade e da carga atuante, que ao ultrapassarem um limite crítico, originam o co-
lapso. No entanto, essa estrutura possui uma rigidez temporária que é mantida por
forças eletromagnéticas de superfície, sucção e/ou pela presença de alguma subs-
tância cimentante, como óxidos de ferro e carbonatos (CONCIANI, 2005).

Ferreira (1995) demonstra que é difícil definir com precisão o comportamento


de um solo sujeito à ação do colapso, pela observação de que alguns solos colapsí-
veis, quando umedecidos sob baixas tensões, apresentam caráter expansivo, ao
passo que alguns solos expansivos, quando umedecidos sob altas tensões, apre-
sentam caráter colapsível.

Partindo desse pressuposto, Reginatto e Ferrero (1973) dividem os solos co-


lapsíveis em: "solos verdadeiramente colapsíveis", os quais quando inundados não
suportam o seu peso próprio e colapsam, e os "solos condicionados ao colapso",
que quando inundados suportam certos níveis de tensão, colapsando ao ultrapassar
estes níveis.

Os índices físicos e os limites de consistência são bons indicadores para a ca-


racterização de solos colapsíveis. Lollo (2008) resume o comportamento desses in-
dicadores da seguinte forma: valores de massa específica aparente seca geralmente
baixos; porosidade e índice de vazios altos; baixos valores de grau de saturação;
textura predominantemente arenosa e baixa plasticidade.

2.2.2.2 Classificação

O valor do potencial de colapso é um parâmetro muito utilizado para a classi-


ficação de solos colapsíveis. Com base em resultados obtidos de ensaios edométri-
cos, JENNINGS e KNIGTH (1975) definiram o potencial de colapso (PC) segundo a
Equação 2.1 que se segue. Esta equação é a mesma que define deformação volu-
métrica específica.
23

Equação 2.1

Em que: PC é o potencial de colapso, e a variação do índice de vazios devi-


do ao colapso e ei o índice de vazios correspondente à tensão em que se realizou a
saturação.

Vargas (1978) classifica a colapsibilidade de um solo tomando-se como pa-


râmetro o potencial de colapso (PC) apresentado, sendo colapsível aquele que
apresentar PC igual ou superior a 2%.

Jennings e Knight (1975) classificam a gravidade de atuação de um solo co-


lapsível de acordo com o percentual de potencial de colapso apresentado, tomando-
se como padrão de referência a tensão de inundação de 200 KPa, conforme a Tabe-
la 2.5 a seguir.

Tabela 2.5 – Classificação de colapsibilidade segundo Jennings e Knight


(1975).

PC (%) GRAVIDADE DO PROBLEMA

0a1 Sem problema

1a5 Problema moderado

5 a 10 Problemático

10 a 20 Problema grave

> 20 Problema muito grave

Fonte: Adaptado de Araújo (2013)

Lutenegger e Saber (1988) também relacionam a gravidade de colapsibilidade


de um solo com o seu percentual de potencial de colapso, porém o classificam em
leve, moderado e alto, de acordo com a Tabela 2.6.

Tabela 2.6 – Classificação de colapsibilidade segundo Lutenegger e Saber


(1988).

PC (%) GRAVIDADE DO PROBLEMA

2 Leve

6 Moderado
24

10 Alto

Fonte: Adaptado de Araújo (2013)

2.2.2.2.1 Critérios indiretos para a classificação de solos colapsíveis

A Tabela 2.7 a seguir contém um resumo dos métodos indiretos de classifica-


ção dos solos colapsíveis.

Tabela 2.7 – Critérios de classificação indireta de solos colapsíveis.

REFERÊNCIAS EXPRESSÃO LIMITES

0,5 < k < 0,75 - altamente colapsível


Denisov (1951) citado por
k=1 - não colapsível
Reginatto (1970)
1,5 < k < 2 - não colapsível

( ) O resultado expressa a colapsibilidade


Feda (1966)
Kl > 0,85 para So< 60% - São colapsíveis

Código de obras da URSS


(1962), citado por Reginatto ϒ ≥ -0,1 o solo é colapsível
(1970)

Kd< 0 - altamente colapsível


Priklondkij (1952) citado por
Kd> 0,5 - colapsível
Feda (1966)
Kd> 1 - expansivo

Gibbs e Bara (1962) R > 1 – colapsível

Kassif e Henkin (1967) K < 15 – colapsível

Teor de finos (<0,002 mm) <


Alta probabilidade de colapso
16%

Handy (1973) citado por 16 a 24% Provavelmente colapsível


Lutenegger e Saber (1988)
24 a 32% Probabilidade de colapso < 50%

> 32% Geralmente não colapsível

Fonte: Adaptado de Souza Neto (2004)

Em que:

K – coeficiente de subsidência;
el – índice de vazios amolgado correspondente a WL;
eo ou e – índice de vazios natural;
25

Kl – coeficiente de colapsividade;
wo – umidade natural;
So – grau de saturação;
– peso específico seco;
wsat – teor de umidade correspondente ao grau de saturação de 100%;
wl – Teor de umidade correspondente ao limite de liquidez;
wp – teor de umidade correspondente ao limite de plasticidade;
A – teor de areia em valor absoluto;
IP – Índice de plasticidade.

2.2.3 Patologias Associadas

As patologias construtivas, em se tratando de solos colapsíveis, correspon-


dem ao conjunto precoce de deterioração, capaz de gerar anomalias nas edifica-
ções, devido à ocorrência do fenômeno do colapso.

Os solos colapsíveis, quando solicitados em seu estado natural, ou seja, com


baixo grau de saturação, não sofrem alterações súbitas no comportamento relativo à
tensão e deformação, entretanto, sofrem recalques abruptos quando ocorre aumento
do grau de saturação (GONÇALVES; LEDIER, 2011).

Iantas (2010) explica que esse fenômeno, na sua maioria, só ocorre quando
depois de muito tempo do término da obra, pois o solo em seu estado natural não
apresenta características aparentes em que se possam verificar as patologias. Vale
destacar ainda que, depois de iniciado o processo de colapsibilidade, este se mani-
festa com alta velocidade de ocorrência e acontece notadamente com maior fre-
qüência nos meses de chuvas intensas.

Em função da magnitude dos recalques sofridos pelas estruturas, as anomali-


as mais comuns apresentadas em solos colapsíveis são: desenvolvimento de fissu-
ras, trincas, rachaduras e ruptura, principalmente em paredes, elementos estruturais,
canais e reservatórios, ondulações, depressões e rompimento em pavimentos e per-
da de capacidade de carga em fundações diretas e indiretas (MILITITSKY et al.,
2015).
26

Soares (2016) sugere que para evitar os riscos mencionados, é importante


que antes de se executar a construção sejam adotadas medidas como: esquivar-se
dos solos colapsíveis, através de fundações profundas que estejam abaixo do seu
extrato, ou ainda fazer a alteração das propriedades do solo, melhorando suas ca-
racterísticas geotécnicas, por meio dos procedimentos de provocação do colapso
estrutural por umedecimento, estabilização química e tratamento térmico.

Para os casos em que a o processo de colapso só é notado após a execução


da obra, Soares (2016) exemplifica que constituem soluções capazes de minimizar
os efeitos do colapso: diminuir infiltrações, drenar adequadamente o terreno, contro-
lar vazamentos de água e esgoto, impermeabilizar áreas abertas e evitar o aumento
de sobrecarga na estrutura.

As Figuras 2.3, 2.4 e 2.5 que se seguem contêm exemplos de danos causa-
dos pelo colapso de solos.

Figura 2.3 – Fissura diagonal vista no interior de uma sala.

Fonte: Souza Neto (2004)


27

Figura 2.4 – Fissura em diagonal estendendo-se ao piso.

Fonte: Souza Neto (2004)

Figura 2.5 – Fissuras no teto vistas do interior de uma sala.

Fonte: Souza Neto (2004)


28

CAPÍTULO 3

MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo se localiza na sede do município de Juazeiro, que está inse-


rido na região de planejamento do Baixo Médio São Francisco do Estado da Bahia,
limitando-se a leste com o Município de Curaçá, a sul com Jaguarari e Campo For-
moso, a oeste com Sobradinho, e a norte com o Estado de Pernambuco. A sede
municipal tem altitude de 371 metros e coordenadas geográficas 09°25’00” de latitu-
de sul e 40°30’00” de longitude oeste (CPRM, 2005).

O município de Juazeiro é caracterizado pela presença de litótipos represen-


tantes do grupo Chapada Diamantina, greenstone belt do Rio Salitre, complexo So-
bradinho-Remanso, complexo Serrote da Batateira, complexo Saúde e complexo
Mairi, complexo Tanque Novo-Ipirá e grupo Casa Nova. Coberturas Quaternárias
constituídas por brecha calcífera e calcrete, e cobertura detrito laterítica em menor
proporção, ocorrem em uma área extensa na porção SW do município, enquanto
que depósitos aluvionares ocorrem margeando o curso do rio São Francisco e seus
principais efluentes na região (CPRM, 2005). A Figura 3.1 apresenta a formação ge-
ológica do município de Juazeiro – BA.

No município de Juazeiro-BA, são encontradas as seguintes classes de solo:


Argissolo, Cambissolo, Luvissolo, Neossolos (Flúvico e Litólico), Planossolo e Vertis-
solo (Figura 3.2). Na sede do município, há Vertissolo e Planossolo, além de Neos-
solo Flúvico às margens do Rio São Francisco.
29

Figura 3.1 – Formação geológica do município de Juazeiro – BA.

Fonte: CPRM (2005)


30

Figura 3.2 – Mapa exploratório de solos do município de Juazeiro – BA.

Fonte: EMBRAPA (1973)


31

Em relação à topografia de Juazeiro, segundo Matteo Nigro (2017), a cidade


tem uma tendência de decrescimento no sentido norte sul, se confirmando pelo fato
do Rio São Francisco está situado no sentido norte. Assim podemos verificar que o
ponto de coleta na Orla de Juazeiro está em uma cota menor que o ponto de coleta
do Residencial São Francisco, como mostra na Figura 3.3.

Figura 3.3 – Destaque dos pontos de coleta de solo no mapa de topografia.

Fonte: Nigro (2017)

Para o estudo deste trabalho foram coletadas amostras de solo deformadas e


indeformadas no Residencial São Francisco, que tem ocorrência de Vertissolo e fica
na saída de Juazeiro para Sobradinho e, no bairro Country Club, amostras de Neos-
solos presentes nas suas extensões. A Figura 3.4 evidencia os dois pontos de coleta
das amostras de solo.
32

Figura 3.4 – Destaque dos pontos de coleta de solo no mapa da sede do mu-
nicípio de Juazeiro – BA.

Fonte: Google Earth

3.1.1 Coleta das Amostras

A coleta das amostras deformadas e indeformadas foi realizada em novembro


de 2018. O primeiro ponto coletado foi aquele situado na Orla de Juazeiro. Depois
de finalizados os trabalhos na orla, foi a vez do solo localizado no Residencial São
Francisco ter suas amostras recolhidas.

3.1.1.1 Orla de Juazeiro

Após observações em torno da área de estudo, verificou-se que nas exten-


sões da orla existia uma vala aberta, escavada por uma empresa que presta serviço
à Prefeitura Municipal de Juazeiro. A coleta foi então realizada neste local, a uma
profundidade de 4,80 metros abaixo da superfície do solo, conforme mostrado na
Figura 3.5.
33

Figura 3.5 – Medição da profundidade do local de coleta.

Fonte: Autores

Para retirada do bloco indeformado, foi feita a marcação do bloco com dimen-
sões de 25 cm por 25 cm e, a partir daí, o bloco foi sendo cerrado em torno do seu
perímetro até a sua saída completa, como mostrada na Figura 3.6.

Figura 3.6 – Retirada do bloco indeformado, na Orla de Juazeiro – BA.

Fonte: Autores
34

A amostra deformada foi facilmente recolhida através de escavação. Seu ar-


mazenamento foi feito em sacos de náilon, totalizando uma massa aproximada de
100 kg.

3.1.1.2 Residencial São Francisco

Figura 3.7 – Residencial São Francisco

Fonte: Autores

A alta coesão do solo seco na área do Vertissolo impossibilitou a escavação


manual em maiores profundidades, tendo a máxima profundidade atingida pela
equipe sido de 50 cm abaixo da superfície do solo. Foi retirada toda a camada resi-
dual observada a olho nu, como pode ser verificada na Figura 3.8.
35

Figura 3.8 – Demarcação do espaço para retirada do bloco indeformado.

Fonte: Autores

À medida que o solo ia sendo escavado, notava-se que o seu fendilhamento


natural no estado seco não permitia manter a estrutura desejada de bloco, como
aquele coletado na orla; em alguns pontos, ao toque das ferramentas, o solo se
comportava com uma “farofa”, ou seja, a estrutura prismática do solo, de grau de
desenvolvimento fraco, se desfazia em blocos subangulares, enquanto que em ou-
tros se mantinha unido apenas pela presença de raízes.

Figura 3.9 – Aspecto do alto fendilhamento natural do solo, com arranjamento


prismático da estrutura do solo.

Fonte: Autores
36

Figura 3.10 – Estrutura em blocos após rompimento da estrutura prismática


de grau de desenvolvimento fraco.

Fonte: Autores

Figura 3.11 – Presença de raízes nos agregados do Vertissolo.

Fonte: Autores
37

A amostra deformada, obtida através de escavação, foi armazenada em sa-


cos de náilon, totalizando uma massa aproximada de 100 kg.

3.2 ENSAIOS

3.2.2 Ensaios de Caracterização

Foram realizados, nas amostras de solo deformadas, os ensaios de análise


granulométrica por peneiramento e sedimentação, de avaliação da massa específica
real dos grãos e de verificação dos limites de liquidez e plasticidade.

A metodologia utilizada para a realização dos ensaios de caracterização geo-


técnica teve como referência as normas propostas pela ABNT que seguem:

* NBR 6457/86 Amostras de solo - Preparação para ensaios de compactação


e ensaios de caracterização;

* NBR 7181/84 Solo - Análise granulométrica;

* NBR 6508/84 Grãos de solos que passam na peneira de 4,8 mm - Determi-


nação da massa específica;

* NBR 6459/84 Solo - Determinação do limite de liquidez; e

* NBR 7180/80 Solo - Limite de plasticidade.

3.2.2 Ensaio Edométrico

O ensaio edométrico se configurou como o parâmetro para a verificação da


expansibilidade e da colapsibilidade das amostras de solo indeformadas, que foram
coletadas em blocos nos dois pontos de estudo. Foi escolhido o ensaio edométrico
simples com corpo de prova submetido à inundação, por permitir definir de forma
direta os potenciais de expansão e colapso e a tensão de expansão do solo argiloso.

Este ensaio é realizado por etapas no edômetro. Em cada etapa é aplicada


uma carga a um corpo de prova confinado lateralmente, e a carga é mantida cons-
38

tante até o solo parar de adensar. Durante a execução do ensaio é permitida a dre-
nagem da água que sai do corpo de prova.

O desenvolvimento do procedimento experimental seguiu as instruções pro-


postas na NBR 12007/90 Solo - Ensaio de adensamento unidimensional.

Para a execução do ensaio, foram utilizadas duas prensas de adensamento


do tipo BISHOP, marca PAVITEST, com sistema de cargas através de pesos em
pendural, com relação de braço 1:10 e células edométricas do tipo anel fixo.

As leituras das deformações foram obtidas por meio do sensor de desloca-


mento linear (LVDT), com sensibilidade de 0,001 mm, que transmite para o software
adensamento as deformações dos corpos durante o ensaio.

Os corpos de prova foram moldados em anéis de 2 cm de altura e 40 cm² de


área, sendo previamente limpos, medidos, lubrificados com vaselina e pesados. O
processo de cravação das amostras indeformadas no corpo de prova foi feito no
sentido vertical. O desbaste do solo, até que este ultrapassasse cerca de 10 mm do
anel, foi realizado com uma faca de serra afiada.

Para ajudar na descida do anel pela amostra, utilizou-se um disco metálico


com diâmetro igual ao diâmetro externo do anel e uma pequena prensa manual (um
extrator de amostra). Depois disso, o corpo de prova foi cortado em torno de 10 mm
abaixo da sua face inferior e separado da amostra. O acabamento foi dado com uma
régua metálica e a mesma faca utilizada no desbaste.

Após a moldagem, o corpo de prova foi levado à célula edométrica para mon-
tagem, colocando-se uma pedra e um papel poroso tanto em cima quanto embaixo
da amostra, a fim de evitar que absorvesse água antes dos carregamentos.

Com a montagem devidamente realizada, a célula foi colocada na prensa,


sendo esta nivelada e acrescida de uma pequena carga de ajuste de 50g, que teve
suas deformações decorrentes desconsideradas. Em seguida, o sensor de desloca-
mento linear foi zerado e iniciada a sequência de carregamentos.

Para o solo que estava sendo investigado se tinha comportamento colapsível,


o corpo de prova foi inundado a pressão de 320 KPa e para o solo de comportamen-
39

to expansivo, foi inundado na pressão de 5 KPa, ambos seguindo os estágios de


carregamento mostrado na Tabela 3.1 abaixo.

Tabela 3.1 – Estágios de Carregamento.

ESTÁGIO CARGA (Kgf) PRESSÃO (Kgf/cm²) PRESSÃO (KPa)

1 0,20 0,05 5

2 0,40 0,10 10

3 0,80 0,20 20

4 1,60 0,40 40

5 3,20 0,80 80

6 6,40 1,60 160

7 12,8 3,20 320

Fonte: Autores
40

CAPÍTULO 4

RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO

As Tabelas 4.1 e 4.2 contêm os resultados obtidos nos ensaios de caracteri-


zação e sedimentação realizados nas duas amostras de solo, em que Gs é a massa
específica do solo, LL é o limite de liquidez, LP é o limite de plasticidade e IP é o ín-
dice de plasticidade. As curvas granulométricas dos solos sem e com defloculante
estão apresentadas nas Figuras 4.1, 4.2, 4.3 e 4.4.

Tabela 4.1 – Resultados de caracterização e sedimentação sem defloculante.

LIMITES
COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA SEM DEFLOCULANTE
DE ATTEBERG
%
ARGILA SILTE AREIA (%) PEDREGULHO
AMOSTRA PASSANTE Gs LL LP IP
(%) (%) (%)
# 200
Fina Média Grossa
Residencial
50,1 2,55 6,33 44,55 12,77 24,01 8,79 3,55 31,3 18,2 13,1
São Francisco

Orla 53,4 2,68 10,47 27,76 40,19 21,38 0,00 0,00 18,9 15,6 3,6

Fonte: Autores

Tabela 4.2 – Resultados de caracterização e sedimentação com defloculante.

LIMITES
COMPOSIÇÃO GRANULOMÉTRICA COM DEFLOCULANTE
DE ATTEBERG

%
ARGILA SILTE AREIA (%) PEDREGULHO
AMOSTRA PASSANTE Gs LL LP IP
(%) (%) (%)
# 200
Fina Média Grossa

Residencial
61,2 2,55 41,40 21,11 9,2 16,21 8,43 3,65 31,3 18,2 13,1
São Francisco

Orla 53,2 2,68 18,31 30,85 37,1 13,74 0,00 0,00 18,9 15,6 3,6

Fonte: Autores

De acordo com a classificação HRB, adotada pela AASHTO, os dados forneci-


dos pelos ensaios definem o solo do Residencial São Francisco como sendo do tipo
A-6, que caracteriza o material do solo como argiloso, e o da Orla como sendo do
tipo A-4, caracterizando o solo como siltoso. Tal classificação demonstra que as
41

amostras de solo tendem a apresentar comportamento fraco e pobre quando utiliza-


das como subleito.

Segundo a classificação USCS, para solos com mais de 12% de finos passan-
tes na peneira 200, faz-se necessário a identificação do solo na carta de plasticida-
de, que tem como base os valores de limite de liquidez e índice de plasticidade. Este
é o caso das amostras ensaiadas.

Figura 4.1– Curva Granulométrica Sem Defloculante da amostra coletada no


Residencial São Francisco.

Fonte: Autores

Quando realizado o ensaio sem defloculante, o solo coletado nas proximida-


des do Residencial São Francisco apresenta uma granulometria em sua maioria fina,
com mais de 50% retido na peneira 200, sendo silte a sua fração predominante, com
um percentual de 49,14%.
42

Figura 4.2– Curva Granulométrica Com Defloculante da amostra coletada no


Residencial São Francisco.

Fonte: Autores

Quando realizado o ensaio com defloculante, nota-se que o solo possui uma
granulometria em sua maioria fina, com mais de 50% retido na peneira 200, sendo
argila a fração predominante, com um percentual de 41,40%.

A partir da carta de plasticidade, o solo pode ser classificado como CL ou ar-


gila de baixa compressibilidade, pois a quantidade de solo que passa na peneira de
200 mm permanece acima de 50%.
43

Figura 4.3 – Curva Granulométrica Sem Defloculante da amostra coletada na


Orla.

Fonte: Autores

Quando realizado o ensaio sem defloculante, o solo coletado nas proximida-


des da Orla de Juazeiro apresenta uma granulometria em sua maioria fina, com
mais de 50% retido na peneira 200, sendo areia fina a fração predominante, com um
percentual de 40,19%.
44

Figura 4.4 – Curva Granulométrica Com Defloculante da amostra coletada na


Orla.

Fonte: Autores

Quando realizado o ensaio com defloculante, verificou-se, assim como nos


ensaios sem defloculante, que o solo possui uma granulometria em sua maioria fina,
com mais de 50% retido na peneira 200, sendo areia fina a fração predominante,
porém com um percentual de 33,30%.

O solo pode ser classificado pela carta de plasticidade como sendo ML ou sil-
te de baixa compressibilidade.
45

4.1.2 Análise pelos métodos indiretos qualitativos de classificação de solos


expansivos

Com base na classificação de Chen (1965), o limite de liquidez encontrado para


o solo do Residencial São Francisco e para o da Orla, por serem inferiores a 30, re-
velam que estes solos apresentam baixo grau de expansão.

A classificação de Daksanamurthy & Raman (1973) também usa como parâme-


tro o limite de liquidez, porém não considera valores menores que vinte para a sua
análise, o que exclui o solo da Orla. Já o solo do Residencial São Francisco, por
possuir limite de liquidez entre 20 e 35, entra na classificação, apresentando tendên-
cia a produzir baixo grau de expansão.

Para Seed et al. (1962), o grau de expansão baseia-se no valor encontrado


para o índice de plasticidade. Como o IP do Residencial São Francisco está entre 10
e 20, nesta classificação, ele apresenta médio grau de expansão. O IP do solo da
Orla é menor que 10, o que significa que apresenta baixo grau de expansão.

4.1.3 Análise pelos métodos indiretos de classificação de solos colapsíveis

A partir dos resultados dos ensaios de caracterização apresentados, procu-


rou-se avaliar a colapsibilidade do solo através dos métodos indiretos de identifica-
ção baseados nos índices físicos, características granulométricas e plásticas do so-
lo.
Os parâmetros necessários para a utilização desses critérios encontram-se
resumidos na Tabela 4.3, em que el (índice de vazios no limite de liquidez) e wsat
(umidade de saturação) foram calculados a partir das Equações 4.1 e 4.2, que se-
guem. Os demais índices físicos (eo, wo, So e d) foram obtidos da média geral dos
corpos de prova dos ensaios edométricos.
46

Tabela 4.3 – Parâmetros utilizados para a classificação nos métodos indire-


tos.

LL LP IP W0 Argila wsat
e0 el S0 (%)
(%) (%) (%) (%) (KN/m³) (%) (%)

Residencial São
0,512 0,7981 31,3 18,2 13,1 1,80 2,28 17,168 41,40 20,07
Francisco

Orla 0,7617 0,5065 18,9 15,6 3,3 0,65 8,96 15,311 18,31 28,42

Fonte: Autores

Equação 4.1

Equação 4.2

Na Tabela 4.4 estão organizados os critérios de análise com os seus respec-


tivos resultados.

Tabela 4.4 – Resultados obtidos para os métodos indiretos de classificação


de solos colapsíveis (1953).

RESIDENCIAL SÃO
REFERÊNCIAS EXPRESSÃO LIMITES ORLA
FRANCISCO

0,5 < k < 0,75 -


Denisov (1951) Altamente colapsível
citado por 1,56 0,66
Reginatto (1970) k=1 - Não colapsível
Não colapsível Altamente
1,5 < k < 2 - Não colapsível
colapsível

( ) -1,33 -4,71
Kl > 0,85 para So< 60%
Feda (1966)
- São colapsíveis
Não colapsível Não colapsível

Código de obras -0,189 0,145


ϒ ≥ -0,1
da URSS (1962),
citado por Não colapsível Colapsível
Colapsível
Reginatto (1970)
47

Kd< 0 - Altamente
colapsível
Priklondkij (1952)
citado por Feda
Kd> 0,5 - Colapsível
(1966) 2,12 5,45
Kd> 1 - Expansivo
Expansivo Expansivo

0,64 1,50
Gibbs e Bara
R > 1 – Colapsível
(1962)
Não colapsível Colapsível

30,9 9,95
Kassif e Henkin
K < 15 – Colapsível
(1967)
Não colapsível Colapsível

Teor de finos (< Alta probabilidade de


0,002 mm) < 16% colapso

Provavelmente
Handy (1973) 16 a 24% 18,31
colapsível 41,40
citado por
Lutenegger e Provavelmente
Probabilidade de Geralmente não colap-
Saber (1988) 24 a 32% sível colapsível
colapso < 50%

Geralmente não
> 32%
colapsível

Fonte: Autores

Os resultados da análise do solo por meio dos métodos indiretos para verifi-
cação da colapsibilidade sugeridos por Souza Neto (2004) evidenciam a tendência
geral de comportamento das amostras de solo, mostrando que o solo coletado no
Residencial São Francisco tem fortes chances de não ser colapsível e que o coleta-
do na Orla pode estar potencialmente sujeito ao fenômeno do colapso.

O único resultado que divergiu da tendência geral foi o produzido pelo critério
de Priklondkij (1952), que classifica o solo da Orla como sendo expansivo. Todavia,
dada a complexidade envolvida no fenômeno do colapso, este critério deve ser visto
com ressalvas, já que Priklondkij (1952) só se baseia nos teores de umidade do solo
(natural) e nos limites de liquidez e plasticidade, não levando em consideração ou-
tros fatores como o clima, a estrutura do solo e a pedologia da região.
48

4.2 ENSAIO EDOMÉTRICO SIMPLES

4.2.1 Residencial São Francisco

A rigidez (alta coesão) da argila e a quantidade de pedregulhos presentes na


amostra de solo coletada no Residencial São Francisco dificultaram a moldagem do
corpo de prova no anel para a realização do ensaio edométrico, no estado indefor-
mado.
Diante disso, foi realizado, além do ensaio edométrico simples na amostra in-
deformada, um ensaio edométrico simples na amostra de solo deformada, tendo es-
ta sido compactada, com um teor de umidade inicial de 7,94 %.
No ensaio edométrico simples com a amostra indeformada, o corpo de prova
foi inundado após a aplicação de uma carga de 5 kPa. Os dados fornecidos para
cada uma das tensões aplicadas sobre o solo, quando inundado a uma pressão de 5
KPa, possibilitaram a determinação dos índices de vazios, para a posterior produção
da curva de índice de vazios versus o logaritmo das tensões aplicadas, que está re-
presentada na Figura 4.5.

Figura 4.5 – Curva de índice de vazios versus log das tensões aplicadas no
solo do Residencial São Francisco, quando inundado à tensão de 5 kPa, com
destaque para o grau de expansão resultante.

Fonte: Autores
49

Pode-se verificar que o grau de expansão deste solo foi quase insignificante
para um Vertissolo, comparando com Lima (2014) e Nunes (2013), que também es-
tudaram este solo na mesma área de Juazeiro, mas com ênfase no coeficiente de
extensibilidade linear padrão (COLE) que avalia a expansão e contração sem a apli-
cação de cargas. Estes autores verificaram que existe um potencial de risco para
construções, o que não condiz com o resultado do ensaio e nem com características
de Vertissolo.

Com isto, o valor obtido de expansão parece constituir um artefato metodoló-


gico, tendo sido ocasionado pelas características de Vertissolos. Em estado seco,
este solo apresenta alta coesão (extremamente duros) e quebradicidade em racha-
duras pré-existentes, fruto da forte retração. Com isso, a moldagem do corpo de
prova é impedida. Além disso, a quantidade de pedregulhos presentes também im-
pede a moldagem, por inviabilizar em alguns momentos a entrada do anel.

Na Figura 4.6 a seguir, retirado de Lima (2014) e comparado com as Figuras


3.9, 3.10 e 3.11 deste trabalho, pode-se verificar que o solo tem a mesma coloração,
alto fendilhamento na massa do solo, gerando grandes unidades estruturais no es-
tado natural seco, de difícil moldagem para acomodação no anel do corpo de prova.

Figura 4.6 – Vertissolo da Região de Juazeiro da Bahia.

Fonte: Lima (2014).


50

Diante isto, foi conduzido o ensaio edométrico simples com o corpo de prova
com solo deformado compactado, tendo seguido os mesmos procedimentos descri-
tos para a amostra indeformada, porém, foi adicionada água à amostra até que o
solo atingisse coesão suficiente para ser compactado e permitisse a moldagem no
anel do ensaio.

Na amostra deformada, a estrutura original é quebrada, diferindo de sua con-


dição quando retirada do seu local de origem. Ao ser compactado, o solo recebe
uma energia de compactação para que ocorra um novo arranjo entre as moléculas.
Vale salientar que o solo não retorna à sua estrutura original com a compactação.

Os dados fornecidos para cada uma das tensões aplicadas sobre o solo pos-
sibilitaram a determinação dos índices de vazios, para a posterior produção da curva
de índice de vazios versus o logaritmo das tensões aplicadas, que está representada
na Figura 4.7.

Figura 4.7 – Curva de índice de vazios versus log das tensões aplicadas no
solo, quando inundado à tensão de 5 kPa, com destaque para o grau de ex-
pansão resultante.

Fonte: Autores
51

Com o corpo de prova deformado compactado, mesmo em condições diferen-


tes, é possível verificar o maior grau de expansão do solo, que corroborou com o
estudo de Lima (2014) e Nunes (2013), que verificaram que existe uma expansão no
solo quando umedecido.

Pela classificação de Holtz e Gibbs (1956), o grau de expansão apresentado,


de 3,47%, revela que o solo tem baixo potencial de expansão, pois encontra-se den-
tro do intervalo de 0 a 10%. Todavia pela classificação de Seed et al. (1962), o valor
do grau de expansão se encontra no intervalo de 1,5% a 5% sendo classificado co-
mo de médio potencial de expansão.

À medida que as tensões foram sendo aplicadas no solo, a altura apresenta-


da pelo corpo de prova passou junto a esse processo por deformações no seu com-
primento, conforme a curva que se segue.

Figura 4.8 – Curva de deformação versus log das tensões aplicadas no solo,
quando inundado à tensão de 5 kPa, com destaque para a deformação total
produzida.

Fonte: Autores

Em relação à deformação, pode-se verificar que nas cargas de 160 e 320 kPa
o solo se estabilizou, tendo uma deformação total de 14,79% e uma deformação de
3,92% quando ocorre a expansão.
52

4.2.2 Orla

Para verificar o potencial de colapso no solo localizado nas proximidades da


Orla de Juazeiro, durante a realização do ensaio edométrico simples, foi necessária
a inundação do solo a uma tensão de 320 kPa.

Os dados fornecidos no ensaio possibilitaram a determinação dos índices de


vazios apresentados pelo solo, para a posterior produção da curva de índice de va-
zios versus o logaritmo das tensões aplicadas, que está representada na Figura 4.9
a seguir.

Figura 4.9 – Curva do índice de vazios versus log das tensões aplicadas no
solo da Orla, quando inundado à tensão de 320 kPa, com destaque para o po-
tencial de colapso resultante.

Fonte: Autores

De acordo com o critério definido por Vargas (1978) para classificar a colapsi-
bilidade de um solo, o potencial de colapso apresentado, por ser superior a 2%,
permite identificar o solo como sendo colapsível.

Para Souza Neto (2004), embora o critério de Vargas (1978) seja mais ade-
quado à realidade brasileira, a classificação do solo com base no limite estabelecido
pode não ser adequada em toda situação, porque, dependendo do tipo de fundação
53

e da espessura da camada colapsível, 2% de deformação de colapso pode resultar


em um recalque inaceitável para muitas edificações.

Segundo a classificação de Jennings e Knight (1975), o potencial de colapso


apresentado de 5,91%, revela que o solo é problemático, já que o valor encontrado
se situa dentro do intervalo de 5 a 10%.

Pela classificação de Luternegger e Saber (1988), o percentual encontrado,


por estar muito próximo de 6%, demonstra que o solo apresenta chances modera-
das de ocasionar problemas nas construções sobre eles assentadas.

A afirmação de ser um solo colapsível se confirma em todas as classificações,


alterando apenas o grau de colapso. Comparando os trabalhos de Araújo (2013),
Silva (2003), Souza Neto (2004) e Soares (2016) (que estudou solos do Projeto de
Integração do São Francisco), verifica-se uma classificação granulométrica seme-
lhante (arenosa), sendo também confirmado como solo colapsível.

As propostas apresentadas acima para a classificação da colapsibilidade do


solo da Orla não visam a estimativa dos recalques de uma fundação, mas podem
servir como um guia para o projetista avaliar a suscetibilidade ao colapso de um de-
terminado terreno, porque os critérios apresentados, como bem destaca Souza Neto
(2004), certamente, foram definidos a partir das experiências em obras onde os au-
tores estiveram envolvidos e os efeitos dos recalques em uma obra variam de acor-
do com o tipo de construção.

Para uma tensão vertical total de 320 kPa, a deformação produzida pelo solo
foi de 5,58%, conforme a Figura 4.10.
54

Figura 4.10 – Curva de deformação versus log das tensões aplicadas no solo
da Orla, quando inundado à tensão de 320 kPa, com destaque para a defor-
mação total produzida.

Fonte: Autores
55

4.2 ANÁLISE FOTOGRÁFICA DAS FISSURAS E TRINCAS APRESENTADAS NO


RESIDENCIAL SÃO FRANCISCO

O Residencial é composto por edificações com dois pavimentos (térreo + 1º


andar) e quatro pavimentos (térreo + 3 andares). Na visita técnica, percebeu-se a
maior presença de anomalias nas edificações com menores pavimentos, como pode
ser observado nas Figuras 4.11 a 4.13.

Figura 4.11 – Residência com trinca ou rachadura diagonal e com presença


de medidas corretivas realizadas pela construtora do Residencial São Fran-
cisco.

Fonte: Autores

Segundo os moradores, as fissuras e trincas transpassam as paredes das re-


sidências e, em muitos casos, antes da construtora realizar as ações corretivas, era
possível se fazer a passagem de objetos, classificando a patologia como rachadura
ou brecha.
56

Figura 4.12 – Residência com trinca ou rachadura diagonal, em edificação de


dois pavimentos, no Residencial São Francisco.

Fonte: Autores

Foram verificadas muitas trincas nas esquadrias e fissuras no encontro entre


a alvenaria e a laje do pavimento superior da edificação de dois pavimentos. A maio-
ria das trincas estava em sentindo diagonal, mas também foi possível fazer a detec-
ção de trincas em sentido perpendicular, mesmo que em menor quantidade.

Figura 4.13 – Fissuras em prédio com 2 pavimentos no Residencial São


Francisco.

Fonte: Autores
57

Nas edificações com maiores quantidades de pavimentos, não foi verificada a


presença de fissuras, trincas ou rachaduras em proporções significativas, conforme
a Figura 4.14.

Figura 4.14 – Prédio com térreo mais 3 pavimentos com ausência de trincas
ou rachaduras e poucas fissuras na edificação de quatro pavimentos no Resi-
dencial São Francisco.

Fonte: Autores

No dia da visita foi verificada a existência de um lago próximo ao Residencial,


utilizado para receber efluentes. Na Figura 4.15 pode ser observado o lago com co-
loração escura, contendo resíduos e saídas de esgotos para o receptor.

A proximidade do lago com a área estudada pode ter contribuído para o au-
mento da umidade do solo, fazendo com que o lençol freático se elevasse para pró-
ximo da superfície, ocasionando, assim, o fenômeno da expansão no solo na forma
de trincas, fissuras ou rachaduras.
58

Figura 4.15 – Lago de água utilizado para receber efluentes, localizado pró-
ximo ao Residencial São Francisco.

Fonte: Autores

Diante disto, presume-se que existem grandes chances que o comportamento


do solo esteja ocasionando as patologias verificadas no Residencial São Francisco.

Possivelmente as evidências de menores rachaduras e fissuras em prédios


com mais pavimentos se deve ao fato de que o bulbo em maiores alturas apresenta
maiores tensões capazes de vencer a expansão do solo. Enquanto que nas edifica-
ções de menos pavimentos, as tensões não são suficientes para impedir o surgi-
mento das anomalias.
59

4.3 ANÁLISE FOTOGRÁFICA DAS FISSURAS E TRINCAS APRESENTADAS NAS


PROXIMIDADES DA ORLA DE JUAZEIRO

4.2.1 Análise de edificações da Universidade Federal do Vale do São Francisco


(UNIVASF)

Foram identificadas fissuras e trincas no bloco de salas de aula (térreo mais


dois pavimentos) e no bloco dos laboratórios (térreo mais um pavimento) da Univer-
sidade Federal do Vale do São Francisco, que apresentaram características relacio-
nadas com o recalque do solo semelhantes às apresentadas por Souza Neto (2004)
em sua tese de doutorado e por Soares (2016).

Nas Figuras 4.16 e 4.17, nota-se a presença de trincas diagonais.

Figura 4.16 – Trinca diagonal no Bloco de salas de aula da UNIVASF.

Fonte: Autores
60

Figura 4.17 – Trinca diagonal no Bloco de laboratórios da UNIVASF.

Fonte: Autores

A Figura 4.18 contém fissuras que se dispõem pelo piso do local analisado.

Figura 4.18 – Fissuras no piso próximo da base do pilar no Bloco de salas de


aula da UNIVASF.

Fonte: Autores
61

4.2.2 Análise em residências no bairro Maringá

As Figuras a seguir contêm problemas de fissuras e trincas diagnosticados no


bairro Maringá, em residências de mais de dois pavimentos. Este bairro está inserido
na zona que compreende a faixa de solo que foi classificada como colapsível.

É importante destacar que a maior parte das residências dessa região apre-
senta essas mesmas patologias, o que corrobora a associação desses problemas
construtivos com o solo estudado.

Figura 4.19 – Fissura externa localizada no quarto da primeira residência


analisada no bairro Maringá.

Fonte: Autores

A fissura da Figura 4.19 se estende da janela do quarto até o piso. Esta cons-
tatação foi verificada tanto na parte externa da parede como na parte interna (Figura
4.20).
62

Figura 4.20 – Fissura interna no quarto da primeira residência analisada no


bairro Maringá.

Fonte: Autores

Figura 4.21 – Fissura encontrada na entrada da primeira residência no bairro


Maringá.

Fonte: Autores
63

Figura 4.22 – Fissura diagonal encontrada na entrada da segunda residência


analisada no bairro Maringá.

Fonte: Autores

Figura 4.23 – Fissura diagonal encontrada na entrada da terceira residência


analisada no bairro Maringá.

Fonte: Autores
64

Figura 4.24 – Trinca diagonal encontrada na entrada da quarta residência


analisada no bairro Maringá.

Fonte: Autores

A partir dos registros fotográficos anteriores, pode-se inferir que as patologias


verificadas podem estar associadas ao solo acima do qual as construções analisa-
das estão assentadas. A primeira evidência está no fato das trincas e fissuras verifi-
cadas in locu, avaliadas nas residências, serem semelhantes às encontradas na lite-
ratura, principalmente nas de Souza Neto (2004) e nas de Soares (2016). A segunda
evidência está no fato das fundações estarem assentadas sobre uma camada de
solo susceptível de colapso.
65

Mesmo que os dados tenham sido feitos a partir de coleta de amostras de so-
lo a aproximadamente 5 metros da superfície, o perfil do solo estudado apresenta
homogeneidade desde 0,5 metro inicial, a partir do qual o solo apresenta caracterís-
ticas morfológicas semelhantes às do ponto de 5 metros, como pode ser visto na
Figura 3.5.
66

CAPÍTULO 5

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A caracterização conferida pela análise granulométrica, pelos limites de


Atteberg, pela carta de plasticidade do Sistema de Classificação Unificado (USCS) e
pelo sistema HBR, permitiu definir a amostra de solo coletada no Residencial São
Francisco como sendo uma argila de baixa compressibilidade, sendo constituída
predominantemente por argila. No caso da Orla de Juazeiro, o solo se classificou
como sendo um silte de baixa compressibilidade, que é constituído em sua maioria
por areia fina.

A classificação por métodos indiretos convergiu para a seguinte tendência de


comportamento: o solo coletado na Orla apresenta potencial para ocasionar o
fenômeno do colapso e o solo do Residencial São Francisco tem potencial, mesmo
que em menor escala, para expansão.

O ensaio edométrico simples em amostra indeformada permitiu identificar o


solo da Orla com comportamento colapsível, o que pode contribuir para o
aparecimento de patologias nas obras edificadas na área de ocorrência de solos
arenosos. A ação do fenômeno do colapso pode ter se configurado como um
elemento motivador para a constância no surgimento de fissuras e trincas nas
residências localizadas na área alvo de análise.

Apesar da moldagem do corpo de prova da amostra indeformada ter contribu-


ído para resultados inconclusivos quanto à expansão do solo do Residencial São
Francisco, devido à natureza dura e quebradiça quando seco dos Vertissolos, dados
secundários da região e patologias em obras assentadas na área de sua ocorrência
em Juazeiro comprovam o impacto de sua expansibilidade. A observação da área,
que contempla, além das edificações, uma fonte geradora de umidade (lago de eflu-
entes), ratifica este comportamento, pelo surgimento de trincas e fissuras nas edifi-
cações do Residencial São Francisco.

Os dados produzidos neste trabalho servem como incremento na literatura de


Geotecnia na região do Submédio Vale do São Francisco, servindo como informa-
67

ção para a população e parâmetro de análise e alerta para os engenheiros que futu-
ramente irão construir nestas áreas da cidade de Juazeiro - BA.
68

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