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Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Câmpus Pato Branco/PR


PR
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ Departamento Acadêmico de Agrimensura

CURSO DE CAPACITAÇÃO PARA IMPLANTAÇÃO DE


CADASTRO TERRITORIAL MULTIFINALITÁRIO
NOS MUNICÍPIOS DO SUDOESTE DO PARANÁ

MÓDULO III
SENSORIAMENTO
REMOTO E
GEOPROCESSAMENTO

PATO BRANCO – 2015


UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE AGRIMENSURA

Professora Vaneza Andrea Lima de Freitas


Bolsista Lindamara de Oliveira Basso
Bolsista Renan Ferri

CURSO DE CAPACITAÇÃO PARA IMPLANTAÇÃO DE


CADASTRO TERRITORIAL MULTIFINALITÁRIO
NOS MUNICÍPIOS DO SUDOESTE DO PARANÁ

MÓDULO 3- SENSORIAMENTO REMOTO E GEOPROCESSAMENTO

PATO BRANCO
2015
SUMÁRIO

PARTE I - SENSORIAMENTO REMOTO......................................................... 5

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 5
2 FUNDAMENTOS BÁSICOS ..................................................................... 6
3 PRINCÍPIOS FÍSICOS ............................................................................. 7
3.1 Radiação eletromagnética ................................................................. 7
3.2 Espectro Eletromagnético .................................................................. 8
3.3 Interferências Atmosféricas ............................................................. 11
3.4 Comportamento Espectral dos Alvos ............................................... 12
3.4.1 Comportamento Espectral de Áreas Urbanas .............................. 14
4 SISTEMAS SENSORES ........................................................................ 15
5 IMAGEM DIGITAL .................................................................................. 16
5.1 Aspectos Geométricos ..................................................................... 18
5.2 Aspectos Radiométricos .................................................................. 18
6 RESOLUÇÕES DA IMAGEM ................................................................. 18
6.1 Resolução Espectral ........................................................................ 18
6.2 Resolução Temporal ........................................................................ 19
6.3 Resolução Radiométrica .................................................................. 19
6.4 Resolução Espacial ......................................................................... 20
7 RELAÇÃO ENTRE ESCALA E A RESOLUÇÃO ESPACIAL .................. 21
8 PADRÃO DE EXATIDÃO CARTOGRÁFICA .......................................... 23

PARTE II – GEOPROCESSAMENTO ............................................................. 24

9 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 24
10 BASES CONCEITUAIS .......................................................................... 25
10.1 SISTEMA GEODÉSICO DE REFERÊNCIA .................................... 26
10.2 Sistemas de Coordenadas............................................................... 27
10.2.1 Coordenadas Geodésicas ......................................................... 27
10.2.2 Sistema de Coordenadas Geográficas...................................... 28
10.2.3 Sistema de Coordenadas UTM ................................................. 30
11 SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS – SIG ......................... 31
11.1 FUNDAMENTOS BÁSICOS DE UM SIG......................................... 31
11.2 ESTRUTURA BÁSICA DE UM SIG ................................................. 33
11.2.1 Aquisição de dados ................................................................... 33
11.2.2 Armazenagem de Dados........................................................... 33
11.2.3 Sistema de Gerenciamento de Dados....................................... 34
11.2.4 Edição de Dados ....................................................................... 34
11.2.5 Conversão, Importação e Exportação de Arquivos de Dados ... 35
11.2.6 Análise Geográfica .................................................................... 35
12 REFERÊNCIAS ...................................................................................... 37
Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento

PARTE I - SENSORIAMENTO REMOTO

1 INTRODUÇÃO

Historicamente, o sensoriamento remoto foi desenvolvido com o objetivo de


designar o surgimento de novas tecnologias e instrumentos capazes de
obter informações da superfície terrestre a partir de longas distâncias.
Consequentemente, sensoriamento remoto pode ser definido como sendo
“uma técnica de obtenção de imagens dos objetos da superfície terrestre
sem que haja um contato físico de qualquer espécie entre o sensor e o
objeto” (NOVO,2010). Esta técnica é composta por diversas atividades, que
envolvem a detecção, aquisição e análise da energia eletromagnética
emitida ou refletida pelos objetos presentes na superfície terrestre e
registradas por sensores remotos.

Para compreender melhor a definição dada acima, é necessário identificar


os quatro elementos fundamentais do sensoriamento remoto, que são
constituídos pelo sensor, a fonte, o alvo e a radiação eletromagnética
(energia eletromagnética), e estão representados no esquema abaixo.

Fonte

REM

Sensor Alvo

Figura 1: Esquema representativo dos quatro elementos fundamentais das técnicas de


sensoriamento remoto

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Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento

A radiação eletromagnética encontra-se no centro da pirâmide devido ao


fato de ser um elemento de ligação entre os demais elementos que
encontram-se nos vértices da pirâmide, pois a fonte de radiação
eletromagnética, geralmente o sol, incide sobre o alvo/objeto de estudo, que
reflete esta radiação, que posteriormente é coletada pelo sensor.

A quantidade e a qualidade da radiação eletromagnética (REM) refletida


e emitida por determinado objeto presente na superfície terrestre é o
resultado da interação entre a REM e estes objetos, que são determinadas
pelas propriedades físico-químicas e biológicas desses objetos, podendo ser
identificadas nas imagens e nos dados de sensores remotos. Portanto, a
REM refletida e absorvida pelos objetos terrestres é a base de dados para o
processo de identificação das características dos mesmos.

2 FUNDAMENTOS BÁSICOS

O funcionamento do sensoriamento remoto se dá de forma simples: a


radiação eletromagnética que é emitida pelo sol e refletida pelo objeto
terrestre é captada pelo sensor e convertida em um sinal que possui a
capacidade de ser registrado, sendo posteriormente apresentado de uma
forma adequada, na qual é possível extrair as informações que se procura,
seja em forma de valores ou de imagens.

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Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento

Figura 2: Funcionamento do sensoriamento remoto

3 PRINCÍPIOS FÍSICOS

3.1 RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA

A radiação eletromagnética propaga-se no vácuo com a velocidade da luz,


podendo interagir com o meio físico através dos modelos quântico e
ondulatório. Sob uma perspectiva quântica, a REM pode ser observada
como sendo o resultado da emissão de pequenos pulsos de energia, e sob
perspectiva ondulatória, a REM se comporta de acordo com os fundamentos
de teoria de onda, consistindo de um campo elétrico (E) que varia em
magnitude em uma direção perpendicular à direção perpendicular à direção
na qual a radiação está viajando, e um campo magnético (M) orientado em
ângulo reto com o campo elétrico, como representado na figura abaixo.

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Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento

Figura 3: Flutuações dos campos elétrico magnético de uma onda.

As ondas eletromagnéticas (REM), podem ser consideradas como


“mensageiras” do sensoriamento remoto. Elas captam as informações
referentes às principais características das feições terrestres, além de levá-
las até os satélites (sensores).

3.2 ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO

A representação da radiação eletromagnética através de uma escala


crescente de comprimentos de onda e decrescente de frequências chama-
se espectro eletromagnético (figura 4). Este espectro apresenta subdivisões
de acordo com as características de cada região, sendo que cada uma delas
é função do tipo de processo físico que dá origem a energia eletromagnética,
do tipo de interação que ocorre entre a radiação e o objeto sobre o qual ela
incide, e da transparência da atmosfera em relação a REM. Ele varia desde
as radiações gama com comprimentos de onda da ordem de 10 -6 μm
(micrometros), até as ondas de rádio da ordem de 100 μm.

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Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento

Figura 4: Espectro eletromagnético e suas principais faixas espectrais

É importando ressaltar que grande parte da radiação eletromagnética é


invisível aos olhos humanos, que são considerados um “sensor natural”.
Contudo, esta radiação que se encontra fora do espectro visível pode ser
detectada através de instrumentos do sensoriamento remoto, deixando
explícito sua importância.

O espectro eletromagnético, além de englobar o espectro visível, também é


constituído pelos raios gama, raios x, radiação ultravioleta, radiação
infravermelha, as micro-ondas e as ondas de rádio. Esta subdivisão possuí
apenas caráter didático e prático, pois o espectro é contínuo, não
apresentando diferenças abruptas entre as formas de radiação, constituindo
fenômeno físico único. Como todas as ondas irradiam-se com a mesma
velocidade (velocidade da luz), as diferenças que apresentam são de
comprimentos de onda e frequência, fazendo com que adquiram
características particulares, e consequentemente, usos distintos. As
principais características destas subdivisões estão descritas abaixo.

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Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento

Faixa Espectral do Visível: Corresponde à faixa do espectro


eletromagnético que o olho humano consegue transformar a energia refletida
pelos objetos em imagem. Apresenta pequena variação no comprimento de
onda, sendo de 0,38 μm até 0,78. As diferentes cores estão relacionadas
aos seguintes comprimentos de onda:

Violeta 0,38 a 0,45 μm

Azul 0,45 a 0,49 μm

Verde 0,49 a 0,58 μm

Amarelo 0,58 a 0,60 μm

Laranja 0,60 a 0,62 μm

Vermelho 0,62 a 0,78 μm

Faixa Espectral do Infravermelho: Região do espectro que estende-se de


0,7 a 1000 μm, e apresenta frequências que vão 3 x 10 11 a 4 x 1014 Hz.
Qualquer corpo com temperatura acima do zero absoluto emite este tipo de
radiação, sendo que a mesma é facilmente absorvida pela maioria das
substâncias, causando aquecimento das mesmas. Isso faz com que
qualquer aparelho capaz de detectar mudanças de temperatura possam
identificar a presença de radiação infravermelha. Costuma ser dividida em 3
regiões: Infravermelho Próximo (0,7 a 1,3 μm), Infravermelho Médio (1,3 a 6
μm) e Infravermelho Distante (6 a 1000 μm). Esta faixa tem grande
importância por gerar informações adicionais as que são obtidas pelo olho
humano.

Faixa Espectral do Micro-ondas: Possuem comprimentos de onda que


variam de 1mm (milímetro) a 1 metro. Em virtude de sua baixa frequência,

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Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento
este tipo de radiação não sofre interferências das condições atmosférica
permitindo fazer registro mesmo em áreas com grande cobertura de nuvens.
Em geral são utilizadas como fonte de radiação dos sensores ativos (por
ex.laser scanner ou radar), que por ter fonte própria e não ser dependente
da radiação emitida pelo sol, possui a vantagem de poder fazer registros
fotográficos mesmo em períodos noturnos.

3.3 INTERFERÊNCIAS ATMOSFÉRICAS

A atmosfera pode interferir de forma significativa nos dados de


sensoriamento remoto. Isso ocorre devido ao fato de que, durante a
passagem da radiação eletromagnética pela atmosfera, ela interage com as
moléculas de gases e material particulado presentes na mesma, podendo
ser refletida, absorvida ou espalhada. Apenas cerca de 50% da radiação
emitida pelo Sol e que chega à Terra é absorvida pela sua superfície, o que
ocorre, principalmente, pelo efeito atenuante do Ozônio presente na
atmosfera terrestre. As partículas e moléculas presentes na atmosfera
terrestre apresentam capacidade de absorção variáveis em relação aos
comprimentos de onda do espectro eletromagnético.

Figura 5: Absorção e Reflexão de raios solares

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Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento

3.4 COMPORTAMENTO ESPECTRAL DOS ALVOS

O fluxo de energia eletromagnética ao atingir a superfície terrestre (energia


incidente), interage de modo diferente com cada tipo de alvo, podendo ser
refletida, absorvida e/ou transmitida pelo objeto.

A absorção, reflexão e transmissão da energia incidente pode ser total ou


parcial, sempre resguardando o princípio da conservação de energia (a
energia não pode ser simplesmente dissipada, apenas transformada). A
capacidade que um objeto possui de absorver, refletir e transmitir a energia
eletromagnética recebem o nome de absortância, reflectância, e
transmitância, respectivamente, e seus valores variam de 0 a 1.

Quando a energia eletromagnética incidente em um objeto é refletida pelo


mesmo, diz-se que ocorreu reflexão. Essa reflexão pode ser difusa ou
especular, como mostrado na figura 6 sendo que as característica da
reflexão difusa são importantes, pois tornam o estudo da mesma mais fácil,
por permitir a simplificação de várias leis físicas. Isso ocorre, pois,
independente dos ângulos de incidência e de observação a energia não irá
variar.

Figura 6: Reflexão da luz incidente em diferentes objetos

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Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento
No caso onde a radiação incidente em um objeto não é refletida, mas sim
absorvida ou transformada pelo mesmo, diz-se que ocorreu absorção. No
caso da transmissão, ela ocorre quando a energia que incide sobre um
objeto é capaz de atravessar o mesmo, de forma total ou parcial. Esse
fenômeno pode ser observado na figura abaixo.

Figura 7: Comportamento da incidência luminosa nos objetos

As muitas feições da Terra apresentam interação com a radiação de


diferentes formas, sendo que as características dessas interações são
determinadas pelas diferentes composições físico-químicas e biológicas dos
objetos e feições terrestres. Logo, o comportamento espectral de um objeto
pode ser definido como sendo o conjunto dos valores sucessivos da
reflectância do objeto ao longo do espectro eletromagnético, também
conhecido como a assinatura espectral do objeto. Essa assinatura irá definir
as feições e formas do alvo, conforme figura 8.

Figura 8: Assinatura espectral dos alvos

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Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento

3.4.1 Comportamento Espectral de Áreas Urbanas

As áreas urbanas são caracterizadas por serem áreas tipicamente


heterogêneas, a qual contém uma grande variedade de materiais diferentes,
como telhados, asfalto, concreto, tinta, etc., sendo que para entender como
se comporta uma área urbana, é necessário saber como os materiais que a
compõem comportam-se (figura 9). Abaixo é possível ver as curvas de
reflectância de alguns dos materiais presentes neste tipo de área:

Figura 9: Curva Espectral de elementos em áreas urbanas

Na imagem acima é possível perceber que o asfalto apresenta


características de absorção fracas, sendo que sua reflectância apresenta um
rápido e constante aumento conforme os comprimentos de onda vão
aumentando. O concreto apresenta comportamento semelhante, pois, assim
como o asfalto, apresenta maior reflectância em maiores comprimentos de
onda, sendo que o que o difere do asfalta é que sua porcentagem de
reflectância é maior em relação ao asfalto. Também é possível perceber
através da imagem, que, em alguns comprimentos de onda, diferentes
materiais apresentam reflectâncias iguais, tornando necessário o estudo de
uma maior quantidade de faixas espectrais para que os dados obtido sejam
confiáveis.

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Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento
4 SISTEMAS SENSORES

Segundo Moraes os sensores remotos podem ser definidos da seguinte


maneira:

Sensores remotos são dispositivos capazes de detectar a


energia eletromagnética proveniente de um objeto,
transformá-las em um sinal elétrico e registrá-las, de tal
forma que este possa ser armazenado ou transmitido em
tempo real, para posteriormente ser convertido em
informações que descrevam as feições dos objetos que
compõem a superfície terrestre.

As variações da energia eletromagnética de uma área podem ser captadas


através de sistemas sensores imageadores ou não-imageadores, sendo que
os sistemas imageadores são caracterizados por fornecerem uma imagem
como produto da área imaginada, e os não-imageadoras por fornecerem um
produto apenas em forma de dígitos ou gráficos. Segundo a onda da fonte
eletromagnética os sensores também podem ser classificados como ativos
ou passivos, sendo que os sensores ativos são aqueles que possuem fontes
de energia eletromagnética artificiais e os passivos são aqueles que
necessitam da energia eletromagnética emitida pelo Sol para gerarem
registro das imagens.

Para que um sensor possa captar e registrar a energia refletida ou emitida


por um objeto, com qualidade, é essencial que o mesmo esteja instalado em
uma plataforma estável, que pode ser um avião ou balão, no caso de
plataforma situada no solo, ou até mesmo satélites, no caso de plataformas
que circundam a Terra.

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Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento

Figura 10: Exemplos de Sensores Ativos e Passivos

5 IMAGEM DIGITAL

Uma imagem é o resultado de uma projeção de uma cena (espaço


tridimensional) para o espaço bidimensional formada pelo plano de imagem
do sensor. Neste contexto, deve-se destacar dois elementos importantes: o
espaço objeto e o espaço imagem. 1

Figura 11: Plano das Imagem

1 CENTENO, J.A.S. http://people.ufpr.br/~centeno/uni/pdi/pdf/aulapdi01.pdf

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Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento

A imagem digital pode ser definida por uma matriz de pixels (menor estrutura
de representação) que estão arranjados em linhas e colunas. Cada pixel
representa um determinada área da superfície terrestre e receberá um valor
numérico digital, denominando “brilho digital” ou “valor radiométrico” que
corresponderá ao valor médio da reflectância dos alvos situados na região
correspondente ao referido pixel.

Figura 12: Imagem digita

A formação da imagem envolve três aspecto fundamentais: (a) o aspecto


geométrico do processo de transformação da cena em imagem, (b) o

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Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento
aspecto radiométrico e (c) a discretização e quantização. No caso deste
trabalho iremos apresentar os dois primeiros itens.

5.1 ASPECTOS GEOMÉTRICOS

As características geométricas das imagens se referem à relação entre a


posição dos objetos no mundo real e sua respectiva posição no espaço
imagem. Considerando que as técnicas de aquisição de imagens são
reprojeções de um espaço tridimensional para um bidimensional observa-se
uma perda de informações relativa à coordenada Z. Em relação ao Cadastro
Territorial Multifinalitário este aspecto é importante, considerando que em
áreas urbanas que apresentam grandes edifícios a perda desta coordenada
é significativa pois vários registros de imóveis (apartamentos, lojas
comerciais, consultórios, entre outros) estarão registrados com o mesmo par
de coordenadas X e Y.

5.2 ASPECTOS RADIOMÉTRICOS

Aspecto associado à maneira como o brilho ou a energia proveniente de um


objeto ou superfície é registrado e a fidedignidade de sua representação.
Para cada posição no plano da imagem um valor de “brilho” ou “intensidade”
é registrado. Este valor dependerá do comprimento de onda da energia
incidente e da natureza constituinte do objeto que refletirá essa radiação e
será definido em função de sua posição na imagem.

6 RESOLUÇÕES DA IMAGEM

6.1 RESOLUÇÃO ESPECTRAL

A resolução espectral descreve a habilidade que um sensor possui de definir


intervalos de comprimento de onda pequenos. Quanto mais estreitos forem
estes intervalos, ou quanto mais bandas espectrais forem captadas pelo
sensor, maior será a sua resolução espectral.

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Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento
A necessidade de uma maior quantidade de bandas surge devido às
diferenças relativas de reflectância entre os materiais da superfície terrestre,
sendo que com uma maior quantidade de bandas, mas dados podem ser
obtidos das áreas imageadas.

Figura 13: Efeitos das resolução espectral na identificação dos alvos

6.2 RESOLUÇÃO TEMPORAL

A resolução temporal refere-se ao tempo que o sensor leva para revisitar um


mesmo ponto na superfície da terra, em condições normais, com seu eixo
óptico na posição vertical (nadir). Em algumas situações, a posição do eixo
óptico poderá ser modificada de forma a revisitar determinada região mais
rapidamente. Essa alteração pode ocorrer, por exemplo, para se registrar os
estragos provocados por catástrofes naturais como tornados, terremotos,
tsunamis, por exemplo.

6.3 RESOLUÇÃO RADIOMÉTRICA

A resolução radiométrica está associada à capacidade do sensor de


distinguir dois níveis de intensidade da radiação eletromagnética captada.
Quanto melhor for a resolução radiométrica de um sensor, mais sensível a
pequenas diferenças de radiação emitida ou refletida (níveis de cinza) o
mesmo será. A faixa de valores que o sensor irá diferir está associada a
quantidade de bits utilizada para cada pixel, sendo obtida pela seguinte

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Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento
fórmula: 2n, onde n é o número de bits, logo, uma resolução de 10 bits irá
gerar uma imagem com 1024 níveis de cinza, enquanto uma resolução de 8
bits irá gerar uma imagem com apenas 256 níveis de cinza. Quanto maior a
quantidade de níveis de cinza presentes em uma imagem, maior será a
possibilidade de distinguir diferenças sutis entre os alvos a serem estudados

Figura 14: Exemplo de imagens com diferentes resoluções radiométricas.

6.4 RESOLUÇÃO ESPACIAL

A resolução espacial está diretamente ligada ao tamanho do pixel que um


sensor pode obter, podendo ser definida como sendo o tamanho do menor
objeto que poderá ser identificado em uma imagem. Um objeto só poderá
ser detectado se possuir um tamanho maior ou igual a resolução espacial do
sensor que o imageia, logo, para fazer um registro fotográfico uma casa que
tem 10X10m de tamanho, a resolução espacial do sensor deverá ser de, no
mínimo, 10 metros.

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Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento
Na medida em que o tamanho do pixel é maior, a imagem resultante será
menos definida. Com isso conclui-se que, quanto maior o tamanho do pixel,
menor a resolução espacial do sensor, e menor será o detalhamento que
poderá ser obtido através desta imagem.

Figura 15: Imagens com diferentes resoluções espacial

7 RELAÇÃO ENTRE ESCALA E A RESOLUÇÃO ESPACIAL

Escala pode ser definida como sendo a razão entre a distância em um mapa
ou uma imagem, e a distância real no terreno. Portanto, com uma mapa em
escala 1: 100 000, um objeto de 1cm no mapa teria, na realidade, 100 000
cm, ou 1km de tamanho real. Com o surgimento das imagens de satélites
apareceram algumas dúvidas sobre qual resolução espacial de imagem
22
Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento
utilizar para um mapeamento em determinada escala, ou ainda, com certa
resolução, qual escala utilizar para obter os detalhamentos necessários para
estudo.

Para responder as questões anteriores, é necessário compreender o


significado do termo ‘acuidade visual’, que é determinado pelo tamanho da
menor imagem retiniana (em forma de linha) percebida pelo ser humano.
Segundo estudos, a acuidade visual do olho humano é de 0,2 mm, ou seja,
um humano é capaz de distinguir um objeto de até 0,2mm sem nenhum tipo
de lente e sendo sadio.

Com base nas definições acima, é possível utilizar a medida de acuidade


visual para calcular as escalas em função da resolução espacial, através da
seguinte fórmula:

Resolução Espacial X 1000


Escala =
Acuidade Visual

Em caso de se querer a resolução estimada para uma determinada escala


faz-se uso da fórmula abaixo:

Escala X Acuidade Visual


Resolução =
1000

Levando-se em consideração a acuidade visual, também é possível


determinar o erro admissível para determinada escala através da seguinte
relação:

Acuidade Visual X M
Erro admissível (ea)=
1000

Onde, M é o denominador da escala. Por exemplo, para uma escala de


1:100.000 e acuidade de 0,2mm, o erro admissível será de 20 m, ou seja,
detalhes cujas dimensões sejam inferiores a este valor não serão
representados na imagem. Desta forma, se o objeto de estudo possuir

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Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento
dimensões menores, deverá ser utilizada uma escala maior, ou um sensor
com melhor resolução espacial. Abaixo estão listados alguns sensores, com
suas resoluções espaciais e escalas aproximadas de visualização.

Tabela 1: Escalas aproximadas de visualização de imagens multiespectrais em função da resolução espacial.

8 PADRÃO DE EXATIDÃO CARTOGRÁFICA

Dependendo da utilização que será dada a determinada imagem de satélite,


os erros admissíveis podem ser gerados através de acuidades visuais
diferentes, que são estipulados pelo padrão de exatidão. Este padrão diz
que, 90% dos pontos bem definidos num mapa, quando testados no terreno,
não deverão ultrapassar os erros determinados pelo mesmo. A tabela abaixo
estipula os erros admissíveis:

Mapa Acuidade Erro Admissível


Classe A 0,3 mm 0,3mm x Escala
Classe B 0,5 mm 0,5mm x Escala
Classe C 0,6 mm 0,6mm x Escala

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Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento

PARTE II – GEOPROCESSAMENTO

9 INTRODUÇÃO

A Informação pode ser considerada como um conjunto de registros e dados


interpretados e dotados de significado lógico. Por sua vez sistema pode ser
entendido como um conjunto integrado de elementos interdependentes,
estruturado de tal forma que estes possam relacionar-se para a execução de
determinada função. Aglomerando os conceitos, Sistema de Informação é
um sistema utilizado para coletar, armazenar, recuperar, transformar, e
visualizar dados e informações a ele vinculados.

Desta forma, um SIG – Sistema de informações Geográficas – é um sistema


computacional que trabalha um número infinito de informações de cunho
geográfico.

Ampliando este conceito temos que um SIG ‘é um poderoso conjunto de


ferramentas para coleta, armazenamento, recuperação, transformação e
visualização de dados espaciais do mundo real para um conjunto de
propósitos específicos’.

Chegamos a uma definição mais clara em ‘Sistema constituído por um


conjunto de programas computacionais, o qual integra dados, equipamentos
e pessoas com o objetivo de coletar, armazenar, recuperar, manipular,
visualizar e analisar espacialmente referenciados a um sistema de
coordenadas conhecido’.

Faz-se a diferenciação de Geoprocessamento, que é a Tecnologia, ou o


conjunto de tecnologias, que possibilita a manipulação, a análise, a
simulação de modelagens e a visualização de dados georreferenciados.
Técnica que agrega ao uso de m SIG.

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Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento
Os produtos gerados por um SIG vinculam o espaço físico, podendo,
entretanto relacionar aos fenômenos climáticos, humanos, sociais e
econômicos, entre outros. Assim, as aplicações desses sistemas são
incontáveis. Ações vinculadas ao planejamento e ao planejamento urbano,
gestão, monitoramento, ao manejo, á caracterização de espaços podem ser
melhor trabalhadas com o auxílio de um SIG.

Para exemplificar, na esfera de planejamento urbano, podem-se extrair as


seguintes aplicações:

 Mapeamento atualizado;
 Zoneamento diversos (ambiental, socioeconômico, turístico, etc)
 Monitoramento de áreas de risco e de proteção ambiental;
 Estruturação das redes de energia, água e esgoto;
 Adequação tarifária de impostos;
 Estudos de modelagens de expansão urbana;
 Controle de ocupações e construções irregulares;
 Estabelecimentos e/ou adequação de modais de transporte.

10 BASES CONCEITUAIS

Após exaustivas discussões e com a evolução da tecnologia e da ciência,


chegou-se a um consenso sobre o formato da Terra. Inicialmente,
acreditava-se que a superfície terrestre era um plano. Da Grécia Antiga já se
acreditava que o formato da Terra era esférica. Hoje, se convenciona que a
Terra estaria próxima de um elipsoide, cuja figura matemática é gerada pela
rotação de uma elipse em torno de seus eixos.

Outro termo utilizado para definir a forma do planeta é o geoide, que é o a


superfície coincidente com o nível médio e inalterado dos mares e gerada
por um número infinito de pontos, cuja medida do potencial do campo
gravitacional da Terra é constante e com direção exatamente perpendicular
a esta. Por isso, o geoide seria a superfície que melhor representaria a forma

26
Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento
da superfície real do planeta, não fosse as dificuldades em sua modelagem
e representação matemática.

10.1 SISTEMA GEODÉSICO DE REFERÊNCIA

Um Sistema Geodésico de Referência (SGR), do ponto de vista prático, permite


que se faça a localização espacial de qualquer feição sobre a superfície terrestre.
Este sistema é definido com base num conjunto de parâmetros e convenções,
junto a um elipsóide ajustado às dimensões da Terra e devidamente orientado,
constituindo um referencial adequado para a atribuição de coordenadas a pontos
sobre a superfície.

Ao elipsoide de referência é vinculado uma posição e uma orientação, podendo


se ajustar a um determinado país, região, continente ou até mesmo um ajuste
global. Os primeiros SGR, eram ajustados à pequenas áreas da superfície
terrestre em virtude dos recursos limitados para os modelos matemáticos
complexos. Nestes casos, as superfícies dão denominadas topocêntrica, e cada
região do planeta teria o seu sistema próprio. Com o advento da Geodésia
Espacial e os avanços tecnológicos e computacionais foi possível fazer SGR
globais que se ajustassem a qualquer parte do planeta. Neste caso, a origem do
sistema coincide com o centro de massa da Terra e o sistema é denominado
geocêntrico

O estabelecimento do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) foi iniciado na


década de 40. O SGB caracteriza-se pelo conjunto de estações que representam
o controle horizontal e vertical necessários à localização e representação
cartográfica no território brasileiro, seu estabelecimento e manutenção são
atribuições do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

Oficialmente, o primeiro SGB foi instituído na década de 50 e vigorou até os anos


70, tinha como referência o vértice Córrego Alegre (MG). A realização do
Sistema Córrego Alegre, de precisão compatível com as técnicas e
equipamentos da época, aliada à menor precisão da densificação do apoio
terrestre, faz com que os produtos gerados com base neste sistema,

27
Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento
principalmente os em escalas grandes, percam em qualidade quando
comparados aos produtos gerados com base em sistemas de referência e
tecnologias mais atuais. (Dalazoana, 2005). Apesar de já está em desuso, este
sistema deve ainda ser avaliado considerando que grande parte do mapeamento
do território brasileiro foi realizado neste sistema e deve-se adotar parâmetros
de transformação para o sistema vigente.

No final da década de 70 entrou em vigor o South American Datum – SAD69,


projeto que foi recomendado pelo comitê de Geodésia e apresentado no relatório
final do Grupo de Trabalho do Datum sul americano em 1969, criando um
sistema geodésico único para o continente da América do Sul, tendo também
como referência um elipsoide topocêntrico ajustado para este continente.
Posteriormente, com os avanços computacionais e das técnicas de
posicionamento por satélites, este datum passou por diversos ajustes nos seus
parâmetros até ser substituído pelo atual datum brasileiro o SIRGAS 2000.

Desde fevereiro de 2015 acabou o período de transição entre o SAD-69 e o


SIRGAS 2000, ou seja, todo novo mapeamento a ser executado deve ser
realizado com este novo datum. Diferentemente dos anteriores, seu elipsoide
de referência é geocêntrico, ou seja, sua origem coincide com o centro de massa
da Terra. Este sistema utiliza o mesmo elipsoide de revolução que sistema
WGS-84, referencial adotado paras as imagens de satélite, com isso permite que
os dois sistemas sejam compatíveis entre si e dados cartográficos nos dois
sistemas podem ser utilizados simultaneamente sem passar por modelos
matemáticos de transformação e com isso, reduz o erros gerados no processo
de transformação.

10.2 SISTEMAS DE COORDENADAS

10.2.1 Coordenadas Geodésicas

Todos os sistemas geodésicos de referências estão apoiados na figura de um


elipsoide a qual é dotada de um sistema de coordenadas definidos por duas
posições principais:

28
Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento
A Latitude, que representa o ângulo entre o paralelo do equador e os polos,
sendo que mede 0º na Linha e 90° nos polos. Esta linha de referência divide a
Terra em Norte, acima da Linha do Equador, e Sul, abaixo da linha do Equador
(figura 16).

A Longitude, que representa o ângulo formado entre o Meridiano de Greenwich


e os extremos, sendo que mede 0º no meridiano e 180º em cada extremo. Este
meridiano divide a Terra em Leste, de 0º a 180º á direita do meridiano e Oeste,
de 0º a 180º á esquerda do meridiano, conforme apresentado na figura abaixo.

Figura 16: Latitude e Longitude Geodésica

10.2.2 Sistema de Coordenadas Geográficas

A forma mais utilizada para a representação de coordenadas em um mapa se dá


pela aplicação de um sistema sexagesimal, onde os valores dos pontos
localizados na superfície terrestre são expressos por coordenadas geográficas
latitude e longitude, contendo medidas angulares, ou seja, graus, minutos e
segundos. Na utilização deste sistema de coordenadas adota-se duas linhas
imaginária de referência: (a) Linha do Equador – referência para as latitudes e
divide a Terra em hemisférios norte(N) e sul (S) e (b) Meridiano de Greenwich

29
Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento
referencial para as longitude e divide a Terra nos hemisférios Leste (E) e oeste
(W). (Figura 17)

Figura 17: Linhas de Referência

Neste sistema, o ponto localizado na superfície terrestre deve conter o valor


sexagesimal e a indicação do hemisfério correspondente, N ou S para a
coordenada Norte ou Sul da latitude, ou ainda positivo para Norte e negativo
para Sul. W ou E para a coordenada Oeste ou Leste, respectivamente, da
coordenada longitude, ou ainda positivo para Leste e negativo para Oeste.

Figura 18: Latitude e Longitude Geográfica

30
Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento

10.2.3 Sistema de Coordenadas UTM

De acordo com FITZ (2010), o Sistema Universal Transversa de Mercator (UTM)


tem grande aplicabilidade nos projetos de mapeamento em virtude de suas
facilidades que dizem respeito à adoção de uma projeção cartográfica que
trabalha com paralelos e meridianos retos e equidistantes. Este sistema
caracteriza-se por adotar coordenadas métricas planas ou planas retangulares.

No Sistema UTM, a Terra é dividida em 60 fusos com 6° de amplitude e tem sua


contagem se origina no antimeridiano de Greenwich (sentido oeste-leste). Cada
fuso é composto por um sistema cartesiano formado pela Linha do Equador (eixo
X) e o meridiano central do fuso (eixo Y). Para evitar coordenadas negativas,
convencionou-se o valor 500.000 para origem em X e 10.000.000 para a origem
em Y (apenas para o hemisfério Sul)2.

2 Para o hemisfério Norte as coordenadas de origem são X=500.000 e Y=0

31
Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento

11 SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS – SIG

De acordo com Câmara, Sistema de Informações Geográficas (SIG):

Sistemas de Informação Geográfica (SIG) são sistemas


que realizam o tratamento computacional de dados
geográficos e recuperam informações não apenas com
base em suas características alfanuméricas, mas também
através de sua localização espacial; oferecem ao
administrador (urbanista, planejador, engenheiro) uma
visão inédita de seu ambiente de trabalho, em que todas
as informações disponíveis sobre um determinado assunto
estão ao seu alcance, interrelacionadas com base no que
lhes é fundamentalmente comum -- a localização
geográfica. Para que isto seja possível, a geometria e os
atributos dos dados num SIG devem estar
georreferenciados, isto é, localizados na superfície
terrestre e representados numa projeção cartográfica:

Para cada elemento geográfico (associado a um par de coordenadas), o SIG


armazena os atributos destes objetos e suas várias representações gráficas a
qual estão associadas. Devido a sua ampla gama de aplicações, nos quais estão
inseridos temas como planejamento urbano e cadastro territorial, os SIG’s
podem ser utilizados :

 Como ferramenta para produção de mapas;


 Como suporte para análise espacial dos fenômenos;
 Como um banco de dados geográficos, com função de armazenamento e
recuperação de informação espacial.

11.1 FUNDAMENTOS BÁSICOS DE UM SIG

Numa visão abrangente, pode-se indicar que um SIG tem os seguintes


componentes:

 Interface com usuário;


 Entrada e integração de dados;
 Funções de consulta e análise espacial
32
Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento
 Visualização e plotagem;
 Armazenamento e recuperação de dados (organizados sob a forma de
um banco de dados geográficos).

Estes componentes se relacionam de forma hierárquica. No nível mais próximo


ao usuário, a interface homem-máquina define como o sistema é operado e
controlado. No nível intermediário, um SIG deve ter mecanismos de
processamento de dados espaciais (entrada, edição, análise, visualização e
saída). No nível mais interno do sistema, um sistema de gerência de bancos de
dados Arquitetura de SIG Fundamentos de Geoprocessamento 3-3 geográficos
oferece armazenamento e recuperação dos dados espaciais e seus atributos.
De uma forma geral, as funções de processamento de um SIG operam sobre
dados em uma área de trabalho em memória principal. A ligação entre os dados
geográficos e as funções de processamento do SIG é feita por mecanismos de
seleção e consulta que definem restrições sobre o conjunto de dados. Exemplos
ilustrativos de modos de seleção de dados são: ·

 "Recupere os dados relativos à carta de Guajará-Mirim " (restrição por


definição de região de interesse);
 "Recupere as cidades do Estado de São Paulo com população entre
100.000 e 500.000 habitantes" (consulta por atributos não-espaciais).
 "Mostre os postos de saúde num raio de 5 km do hospital municipal de
S.J.Campos" (consulta com restrições espaciais).

A Figura abaixo indica o relacionamento dos principais componentes ou


subsistemas de um SIG. Cada sistema, em função de seus objetivos e
necessidades, implementa estes componentes de forma distinta, mas todos os
subsistemas citados devem estar presentes num SIG.

33
Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento

11.2 ESTRUTURA BÁSICA DE UM SIG

Dentre os vários sistemas que compõem um SIG, as funções podem ser


entendidas como os próprios módulos do sistema sendo estes a aquisição de
dados, gerenciamento de banco de dados, análise geográfica de dados e a
representação de dados.

11.2.1 Aquisição de dados

A incorporação de dados no sistema segue determinadas etapas. Pode ser


executada através da aquisição direta, em meio digital, de dados alfanuméricos
ou espaciais, pela confecção e lançamento de em planilhas, uso de
posicionamento por satélites, topografia convencional, aerofotogrametria,
sensoriamento remoto e pelos processos de digitalização e vetorização.

11.2.2 Armazenagem de Dados

Um SIG deve ser capaz de armazenar e relacionar os dados para que possam
ser analisadas espacialmente, ou seja, transformá-las em informações
geográfica.

34
Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento
11.2.3 Sistema de Gerenciamento de Dados

Pode ser entendido como a porção do sistema que permite a sua manipulação.
Esse organismo deve controlar a organização físico-lógica dos dados, seu
armazenamento, recuperação e atualização. O sistema de gerenciamento
também é responsável pela integridade dos dados, permitindo o acesso
simultâneo por parte de vários usuários, bem como definir restrições a
manipulação e acesso aos dados. Compreende, portanto, todas as fases do
desenvolvimento de dados, o qual pode ser considerado como cérebro do
sistema, respondendo por todas as suas conexões.

11.2.4 Edição de Dados

Maneira pela qual o sistema pode adicionar, suprimir ou substituir dados nele
contidos. Pode ser realizada em arquivos alfanuméricos e gráficos.

Quanto aos arquivos alfanuméricos, deve-se tomar cuidado aos erros de edição,
principalmente quanto à inserção de coordenadas geográficas advindas de
sistemas de referência diferentes e tratados como de mesma origem. Um
exemplo de edição deste tipo de dados é a atualização de dados censitários,
sendo esta regida por procedimentos padrão e executada por usuário habilitado.

Em se tratando de arquivos gráficos, tem-se a edição de arquivos vetoriais e


matriciais. Para os arquivos vetoriais existe uma estruturação topológica
constituídas de relações entre os elementos gráficos. Essas relações são de;

• Conectividade: se os elementos estão ligados ou não;


• Contiguidade: identificação do contato de elementos;
• Proximidade: distância entre dois elementos.

Deve-se tomar cuidado aos erros de vetorização para melhorar a consistência


(qualidade e precisão) do arquivo. Assim, polígonos abertos, por exemplo,
devem ser editados a fim de que os nós (ponto inicial e final de uma linha) sejam
conectados, a fim de que adquira características de um polígono, como computo
de sua área, perímetro entre outros.

Para um SIG, os arquivos matriciais têm como possibilidade mais importante a


capacidade em executar a sobreposição de camadas de dados, também
35
Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento
conhecidos como overlay. Os dados gráficos normalmente são divididos em
camadas de informação (layers), sendo que estas são georreferenciadas e com
possibilidade de manipulação, gerando informações adicionais preexistentes.

11.2.5 Conversão, Importação e Exportação de Arquivos de Dados

O sistema deve comportar e permitir a exportação de diferentes formatos de


arquivos devido a quantidade de programas variados que possuem
funcionalidades diferentes que produzem formatos diferentes de arquivos.

11.2.6 Análise Geográfica

Essa aplicação é o que diferencia dos demais softwares gráficos, pois possuem
a característica de realizar analises de dados espaciais e atributos alfanuméricos
simultaneamente. Dentre as técnicas mais conhecidas, destacam-se:

11.2.6.1 Representação de Dados

O sistema deve ser capaz de produzir gráficos, tabelas, mapas e relatórios


a fim de gerar resultados visualmente agradáveis e compreensivos.

11.2.6.2 Recuperação de Dados

É a possibilidade aberta pelo sistema de consultar dados por meio de


atributos específicos, localizados nas planilhas que formam o BD e pelas
coordenadas dispostas nas imagens e/ou mapas. Assim, é possível
conhecer informações georreferenciadas de um polígono, cujos dados
estão conectados ao banco de dados, com um simples clique. Desta forma,
se este polígono representar uma região, pode-se obter informações como
área, quantidade de população, densidade demográfica, entre outros.

11.2.6.3 Sobreposição

Existem duas formas de substituição, a lógica e a aritmética. A substituição


lógica utiliza operadores lógicos (análise booleana) para o empilhamento
de diversas camadas de dados, sendo estes vetoriais ou matriciais. As
operações booleanas empregadas são; and (‘e’, significa intersecção), or

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Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento
(‘ou’ significa união), xor (ou, significa desunião), not (operador não,
significa negação.

11.2.6.4 Reclassificação

Constitui-se na substituição de valores de entidades gráficas por outros


através de agrupamentos realizados de acordo com a necessidade do
usuário, gerando outro arquivo.

11.2.6.5 Vizinhança e Contextualização

Fazem relação com o entorno do espaço analisado. Neles incluem-se


operadores de distância, cálculos do melhor caminho a ser seguido,
interpolação de pontos, gerando mapas de isolinhas, modelos numéricos do
terreno, análise de proximidade de redes, calculam de volumes, entre outros.

11.2.6.6 Análises Estatísticas

É a utilização de funções estatística, sendo muitas dessas presentes no SIG,


para extrair informações com dados disponíveis em tabelas, gráficos ou
mapas derivados. Dentre essas funções, estão as regressões, interpolações,
correlações, médias, desvio padrão, variância, entre outros.

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Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento
12 REFERÊNCIAS

BATISTA, Getúlio. Apostila Introdutória de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento.


Universidade de Taubaté; 2003. Disponível em: andersonmedeiros.com. Acesso em: 25 de
setembro de 2015.

CÂMARA, G.; DAVIS, C.; MONTEIRO. A. M. V. Introdução á ciência da Geoinformação.


Disponível em <http://www.dpi.inpe.br/gilberto/livro/introd/> Acesso em 02 de set. de 2015.
GeoProcessamento: Teoria e Aplicacoes

DALAZOANA, R. Estudos Dirigidos à Ánálise Temporal do Datum Vertical Brasileiro. 2005.


187 f. Tese (Doutorado em Ciências Geodésicas) – Curso de Pós Graduação em Ciências
Geodésicas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2005

BATISTA, Getúlio. Apostila Introdutória de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento.


Universidade de Taubaté; 2003. Disponível em: andersonmedeiros.com. Acesso em: 25 de
setembro de 2015.

FITZ, Paulo R. Geoprocessamento sem Complicação. São Paulo: Oficina de Textos, 2008

INPE, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Introdução ao Sensoriamento Remoto. São


José dos Campos; 2001. Disponível em: www.inpe.br. Acesso em: 22 de setembro de 2015.

MORAES, Elisabete. Fundamentos de Sensoriamento Remoto. Instituto Nacional de


Pesquisas Espaciais; 2001.

FIGUEIREDO, Divino. Conceitos Básicos de Sensoriamento Remoto; 2005. Disponível:


www.conab.gov.br. Acesso em: 22 de setembro de 2015.

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