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Resumo. Neste trabalho apresenta-se a simulação numérica de um aterro reforçado sobre argila
mole com uso de drenos verticais pré-fabricados. O objetivo é analisar o comportamento de um
aterro reforçado com geossintético aliado ao uso de drenos verticais pré-fabricados. Foram
verificadas vantagens, como por exemplo: aumento do Fator de Segurança, aceleração dos
recalques e possibilidade da construção de aterros mais altos. As análises numéricas de tensão-
deformação foram realizadas pelo software PLAXIS 8.2. 2D. Os resultados obtidos apresentados
neste trabalho mostram que e possível aliar uma malha adequada de drenos com uma determinada
rigidez, buscando otimizar as duas soluções no objetivo de atingir a construção de aterros mais
altos. Determinação da deformação admissível do reforço em condições de trabalho de através da
proposta de cálculo de Fuertes (2012).
Palavras-chave: Aterro sobre solos moles, aterros reforçados, geossintéticos, drenos pré-
fabricados.
[ ( )( )
3 ln
n
s
k
+ ax ln ( s ) −
ks
3
4 ] altura máxima que o aterro pode atingir e,
portanto, o ponto de ruptura.
A rigidez do reforço, o espaçamento entre
(7)
3) Mudança tanto no espaçamento ente os os drenos e a velocidade de construção são
drenos como na permeabilidade horizontal. alguns dos fatores que influenciam diretamente
2 B2 k ax na altura líquida do aterro. Com isso, através
k pl = desses gráficos, pode-se perceber e analisar a
[ ( )( )
3 R2 ln
(8)
n
s
k
+ ax ln ( s )−
ks
3
4 ] influência direta desses fatores na determinação
do seu emprego na construção do aterro
Nas Figuras 6 a 8 são apresentados os
Onde: gráficos de altura líquida para os aterros
B = Espaçamento dos drenos construídos a uma velocidade de 0,5 m/mês, 2,0
R = Raio de influencia m/mês e 4,0 m/mês respectivamente, com
ks = Permeabilidade horizontal na zona espaçamento entre os drenos de 2,0 m para as
amolgada diferentes rigidezes, variando de não reforçado
kh = Permeabilidade horizontal do solo a J = a 6000 kN/m.
kax = Permeabilidade axissimétrica
Pode-se observar na Figura 6 que os casos
kpl = Permeabilidade no plano
de aterros reforçados com J> 500 kN/m não
indicaram ruptura até a altura em que foi
Sendo adotada para este trabalho a
construído, 6,0 m de espessura de
mudança de geometria, temos as seguintes
preenchimento, enquanto que os casos não
relações de espaçamentos entre drenos
reforçados e com reforço J = 500 kN/m
conforme Tabela 2. A figura 5 representa o
atingiram a ruptura. Percebe-se,
modelo constitutivo utilizado no trabalho, nesta
portanto,claramente a influência da rigidez do
figura os drenos estão espaçados com B=2,0 m.
reforço na altura líquida dos aterros.
Tabela 2 - Equivalência do espaçamento entre drenos. Nas figuras 7 e 8, casos com velocidade
Baxi (m) Bplano (m) de construção 2,0 m/mês e 4,0 m/mês, todos os
1,0 1,29
aterros romperam, independente da rigidez do
2,0 2,82
3,0 4,44 reforço. Porém, quanto maior foi a rigidez,
maior foi a altura líquida atingida.
Pode-se concluir também, com esses
gráficos, que a velocidade de construção
20,0 m influência diretamente na altura líquida dos
B=2,0 m (típico)
aterros. Isso ocorre em função do ganho de
resistência dos solo de fundação através do
adensamento parcial durante a construção. Por
Figura 5 - Geometria do aterro no programa PLAXIS 8.2 esse motivo, os aterros do caso de velocidade
para espaçamento dos drenos B=2,0 m. 0,5 m/mês, não apresentaram tendência de
ruptura para J> 500 kN/m.
5. Resultados
Percebe-se que a influência do reforço é
5.1. Altura Líquida muito significativa principalmente em relação
aos casos não reforçados chegando a altura
Os gráficos de altura líquida possibilitam líquida, para os casos reforçados com J = 500
através das deformações verticais analisar o kN/m, superar em mais 50% os casos não
reforçados. A partir daí, a medida em que se
aumenta a rigidez do reforço, a contribuição na
altura líquida passa a ser cada vez menos
significativa quanto maior for a rigidez.
Feita uma analise dessa contribuição do
reforço para alguns casos em que todos os
aterros atingiram a ruptura, mantendo os
espaçamento entre os drenos em B = 2,0 m,
foram obtidos os resultados apresentados nas
Figuras 10 e 11 e Tabelas 3 e 4.
Na Figura 11, pode-se observar que caso
foss optado pela utlização de um reforfor com
J.6000 kN/m, o ganho na altura líquida seria
praticamente insignificante.
Os casos com B = 2,0 m e B = 3,0 m
atingem a ruptura, já o caso com drenos
espaçados em B = 1,0 m, não atinge a ruptura.
Observa-se que a ruptura para o caso de B = 3,0
m é mais brusca que para caso com B = 2,0 m.
.
Figura 22 – Verificação da influência da velocidade de construção para espaçamento entre drenos B = 2,0 m e rigidez
do reforço J = 2000 kN/m
Figura 23 – Verificação da influência da rigidez do reforço para velocidade de construção de 2,0 m/mês e espaçamento
entre drenos B = 2,0 m
6. Conclusões
Na correlação de gráficos, foi possível
Os resultados obtidos na calibração do analisar de forma mais completa os casos
modelo, comparado com os resultados obtidos apresentados, incluindo o grau de adensamento.
por Li & Rowe (2001), permitiram validar a Observou-se que o deslocamento lateral é
metodologia adotada. sempre menor para espaçamentos entre drenos
Foi utilizado o conceito de altura líquida menores, rigidezes maiores e velocidades de
(Hinchberger & Rowe, 2003) para interpretar os construção menores, isso ocorre em função do
resultados obtidos pelo MEF e definir a ruptura adensamento ser maior em relação aos casos
dos aterros. com drenos mais afastados, e consequentemente
Através dos gráficos de altura líquida foi o ganho de resistência do solo de fundação
possível observar a influência tanto da rigidez também é maior.
do reforço como também da velocidade de Quanto menor o adensamento parcial,
construção. maiores são os deslocamentos laterais
Pode-se observar nos gráficos que para ocorridos.
velocidades baixas de construção, e rigidezes
elevadas, a tendência é que não ocorra ruptura, A rigidez do reforço, é a variável, dentre
ao passo que para as mesmas rigidezes e as estudadas, que mais influenciou na altura
espaçamento entre drenos, os gráficos indicam líquida dos aterros.
ruptura do aterro. Verificou-se que quanto mais rígido o
Verificou-se que a medida em que a reforço, maior pode ser o recalque antes da
rigidez é aumentada, sua contribuição na altura ruptura e também o grau de adensamento.
líquida passa ser cada vez menor. O reforço
mostrou melhor eficiência no intervalo entre Com os resultados, o MEF mostrou que
J=500 kN/m e J=2000 kN/m, a partir daí a pode ser útil na escolha do reforço mais
rigidez do reforço passa a ser menos adequado para a condição de obra desejada,
significativa, principalmente para velocidades juntamente com espaçamento entre drenos. Foi
de construção mais altas. possível verificar que a combinação de ambos
A velocidade de construção mostrou ter os elementos pode ser bastante vantajosa em
influencia na deformação do reforço. Quanto relação à utilização de apenas um deles.
mais rápida a construção do aterro, a As deformações do reforço determinadas
deformação do reforço atinge valores altos mais pelo MEF podem ser usadas para escolher o
rapidamente, para alturas de preenchimento do reforço adequado para um aterro sobre solo
aterro menores. O mesmo ocorre para o mole.
espaçamento entre drenos: quanto maior o
espaçamento, mais cedo o reforço atinge
valores altos de deformação.
Com as Figuras dos deslocamentos foi
possível perceber tanto a influencia da rigidez
do reforço como da velocidade de construção.
Foi possível observar que com o mesmo
espaçamento entre drenos e mesma rigidez, o
aterro construído com maior velocidade teve
formada uma superfície de ruptura bem definida
e próxima ao pé do talude em comparação com
o aterro construído a uma velocidade menor,
que não apresentou uma superfície de ruptura
definida, prevalecendo o processo de
adensamento.
.
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