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TESTE DE AVALIAÇÃO 3 – 10º ANO

Escola_____________________________________________________ Data ___/ ___/ 20__

Nome______________________________________________________ N.o____ Turma_____

GRUPO I – PARTE A

Leia o seguinte texto e consulte as notas.

Lia. […] Inês está concertada Lê Inês Pereira a carta:


pera casar com alguém?
Mãe Até 'gora com ninguém 30 «Senhora amiga Inês Pereira,
não é ela embaraçada.1 Pero Marques, vosso amigo,
5 Lia. Em nome do anjo bento que ora estou na nossa aldea
eu vos trago um casamento. mesmo na vossa mercea
Filha, não sei se vos praz.2 m' encomendo7. E mais digo,
Inês E quando, Lianor Vaz? 35 digo que benza-vos Deos,
que vos fez de tão bom jeito.
Lia. Já vos trago aviamento.3 Bom prazer e bom proveito
10 Inês Porém, não hei-de casar veja vossa mãe de vós.
senão com homem avisado.4 E de mi também assi,
Ainda que pobre e pelado, 40 ainda que eu vos vi
seja discreto em falar, est'outro dia folgar
que assi o tenho assentado. e não quisestes bailar
15 Lia. Eu vos trago um bom marido, nem cantar presente mi...»
rico, honrado, conhecido. Inês Na voda de seu avô,
Diz que em camisa vos quer.5 45 ou onde me viu ora ele?
Inês Primeiro eu hei-de saber Lianor Vaz, este é ele?
se é parvo, se sabido. Lia. Lede a carta sem dó,8
20 Lia. Nesta carta que aqui vem que inda eu são contente dele.
pera vós, filha, d'amores,
veredes vós, minhas flores, Prossegue Inês Pereira a carta:
a descrição que ele tem. 50 «Nem cantar presente mi.
Inês Mostrai-ma cá, quero ver. Pois Deos sabe a rebentinha9
25 Lia. Tomai. E sabedes vós ler? que me fizestes então.
Mãe Hui! ela sabe latim, Ora, Inês, que hajais benção
e gramáteca, e alfaqui6 de vosso pai e a minha,
e tudo quanto ela quer! 55 que venha isto a concrusão.

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TESTE DE AVALIAÇÃO 3 – 10º ANO

E rogo-vos como amiga, Lia. Não queirais ser tão senhora.


que samicas10 vós sereis, Casa, filha, que te preste,
que de parte me faleis 70 não percas a ocasião.
antes que outrem vo-lo diga.
60 E, se não fiais de mi, Queres casar a prazer
esteja vossa mãe aí no tempo d'agora, Inês?
e Lianor Vaz de presente. Antes casa em que te pês,12
Veremos se sois contente que não é tempo d'escolher.
que casemos na boa hora.» 75 Sempre eu ouvi dizer:
65 Inês Des que nasci até agora «ou seja sapo ou sapinho,
não vi tal vilão com'este, ou marido ou maridinho,
nem tanto fora de mão11! tenha o que houver mister.» 13
Este é o certo caminho.

António José Saraiva (apresentação e leitura),


Teatro de Gil Vicente, Lisboa, Dinalivro,
ed. revista, 1988.
1
comprometida; 2agrada; 3 arranjo de vida; 4 discreto; 5 diz que vos aceita sem dote; 6 a Mãe pretende mostrar que a filha é culta;
7
recomendo-me a vossa mercê; 8 sem vos agastardes; 9 fúria; 10 talvez; 11 nem tão disparatado; 12 casa mesmo contrariada;
13
tenha o que necessário for.

1. Indique as características que Inês Pereira considera essenciais no homem que escolherá
para marido, justificando com expressões textuais.

2. Explicite o papel de Lianor Vaz na relação entre Inês e Pero Marques.

3. Demonstre de que modo a carta de Pero Marques revela traços da sua personalidade.

4. Esclareça a reação de Inês à carta recebida.

PARTE B

5. A Crónica de D. João I, de Fernão Lopes, apresenta-nos um panorama da sociedade


portuguesa dos séculos XIV e XV.

Redija um texto expositivo, entre 100 a 150 palavras, onde refira acontecimentos que
considera relevantes, tendo em conta
 os atores individuais e coletivos;
 a afirmação da consciência coletiva, de que a obra é ilustrativa.

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GRUPO II
Leia o texto.
Jovem que fugiu da Arábia Saudita pede asilo ao Canadá

A jovem saudita que fugiu da sua família para Banguecoque, na Tailândia, depois de
rejeitar um casamento arranjado, pediu asilo esta terça-feira ao Canadá, enquanto procura
confirmar que o seu visto para a Austrália foi cancelado.
O vice-diretor da organização não governamental Human Rights Watch (HRW) na Ásia, Phil
5 Robertson, disse à agência de notícias EFE que estão a aguardar a confirmação oficial do
cancelamento do visto pelas autoridades australianas. Robertson explicou que é comum os
países cancelarem vistos quando descobrem que a pessoa que o solicitou tem a intenção de
viver no país. Esta terça-feira, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados
(ACNUR) advertiu que a análise do pedido da jovem saudita deverá demorar vários dias.
10 Rahaf Mohammed Al-Qunun tinha previsto viajar para a Austrália, onde pretendia pedir
asilo depois de receber ameaças de morte da sua família por ter rejeitado um casamento
arranjado e por ter renunciado à religião islâmica. Porém, foi detida pelas autoridades
tailandesas numa escala em Banguecoque.
De férias no Kuwait com a sua família, Rahaf Mohammed al-Qunun, de 18 anos, fugiu,
15 acabando por ser detida no aeroporto de Banguecoque este fim de semana. Detida assim que
entrou em território tailandês, a saudita afirmou que o seu passaporte havia sido confiscado
por oficiais sauditas e kuwaitianos, uma informação negada pela embaixada do seu país.
As autoridades tailandesas queriam reenviá-la para a Arábia Saudita na manhã de
segunda-feira, mas Rahaf Mohammed al-Qunun barricou-se no seu quarto de hotel do
20 aeroporto, onde publicou mensagens desesperadas e vídeos na rede social Twitter,
afirmando-se ameaçada de morte pela sua família caso regressasse a casa. A adolescente
ficou sob a proteção do ACNUR depois de deixar o aeroporto da capital tailandesa.
Sunai Pasuk [da HRW] disse que a jovem chegou no sábado ao aeroporto tailandês num
voo a partir do Kuwait, onde aproveitou o facto de as mulheres não precisarem de autorização
25 dos seus “guardiões masculinos” para viajar, como ocorre na Arábia Saudita.
https://observador.pt/2019/01/08/jovem-saudita-que-fugiu-da-arabia-saudita-pede-asilo-ao-canada/
(acedido em 8/1/2019, adaptado).

1. Rahaf Mohammed al-Qunun pediu asilo ao Canadá porque


(A) o seu visto para a Austrália foi cancelado.
(B) foi detida pelas autoridades tailandesas numa escala em Banguecoque.
(C) fugiu da sua família e do regime político da Arábia Saudita.
(D) receava ser morta pela sua própria família.

2. A jovem saudita partiu do Kwuait


(A) porque nesse país é permitido as mulheres viajarem sozinhas.
(B) com destino à Tailândia, pois só nesse destino é permitido as mulheres viajarem
sozinhas.
(C) pois o seu passaporte tinha sido apreendido por oficiais sauditas.
(D) porque não lhe foi permitido regressar à Arábia Saudita.

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3. O segmento “Phil Robertson” (ll. 4-5) desempenha a função sintática de


(A) modificador do nome apositivo.
(B) modificador do nome restritivo.
(C) complemento oblíquo.
(D) sujeito.

4. A oração “que estão a aguardar a confirmação oficial do cancelamento do visto pelas


autoridades australianas.” (ll. 5-6) classifica-se como
(A) subordinada adjetiva relativa.
(B) subordinada adverbial causal.
(C) subordinada substantiva completiva.
(D) subordinada adverbial consecutiva.

5. No segmento “quando descobrem que a pessoa que o solicitou tem a intenção de viver no
país.” (ll. 7-8), as palavras sublinhadas correspondem
(A) a um pronome e a uma conjunção, respetivamente.
(B) a uma conjunção e a um pronome, respetivamente.
(C) a duas conjunções.
(D) a dois pronomes.

6. O termo ACNUR, quanto ao processo irregular de formação de palavras, classifica-se como


(A) sigla.
(B) amálgama.
(C) acrónimo.
(D) extensão semântica.

7. A expressão “pelas autoridades tailandesas” (ll. 12-13) desempenha a função sintática de


(A) predicativo do complemento direto.
(B) complemento oblíquo.
(C) modificador do grupo verbal.
(D) complemento agente da passiva.

8. Refira o tempo e modo em que se encontra a forma verbal “tinha previsto” (l. 10).

9. Identifique o referente do pronome pessoal em “queriam reenviá-la” (l. 18).

10. Classifique a oração “caso regressasse a casa.” (l. 21).

GRUPO III

Redija a síntese do texto apresentado no Grupo II, reduzindo-o a cerca de um quarto da


sua extensão (entre 85 a 90 palavras).

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COTAÇÕES

GRUPO A B
I 1. 2. 3. 4. 5.
20 20 20 20 30 110
II 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10.
5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 50
III Item único
40

Total 200

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Proposta de correção

GRUPO I

PARTE A
1. Inês Pereira ambiciona casar com um homem cortesão, isto é, que frequente ambientes palacianos,
que saiba falar bem, que lhe permita levar uma vida aprazível, mesmo que não possua bens
materiais, como se depreende das seguintes passagens: “Porém, não hei-de casar / senão com
homem avisado. / Ainda que pobre e pelado, / seja discreto em falar,” (vv. 10-13) e “Primeiro eu hei-de
saber / se é parvo, se sabido.” (vv. 18-19).

2. Lianor Vaz, como casamenteira que é, argumenta em favor do pretendente que traz – Pero Marques.
Destaca as suas qualidades como futuro esposo: é discreto e “bom marido, / rico, honrado,
conhecido.” (vv. 15-16). Por isso, aconselha Inês a não perder a oportunidade que lhe oferece, pois o
importante é ter alguém com posses, que a trate bem (“tenha o que houver mister.”, v. 78). Para
além disso, trata Inês de forma carinhosa, chamando-lhe “filha”, como forma de estabelecer maior
empatia e, assim, conseguir convencê-la.

3. A carta de Pero Marques revela a sua simplicidade, a sua ingenuidade e a sua rudeza de espírito;
dirige-se a Inês chamando-lhe “Senhora amiga” (v. 39), pede a Deus que a abençoe e que dê à sua
mãe “bom prazer e bom proveito” (v. 37). Tem poucos modos pois, de forma um pouco rude,
lamenta que Inês o tenha ignorado num baile. Apesar de ser um homem pouco cortês e
expressando-se de forma desajeitada, ele é puro e com boas intenções, pois, de forma séria, pede
Inês em casamento.

4. Inês fica incrédula (“este é ele?”, v. 46), demonstrando claramente que Pero Marques não é o
homem que ela deseja ter como marido, pois considera-o grosseiro, imbecil e disparatado (“Des que
nasci até agora / não vi tal vilão com`este, / nem tanto fora de mão!”, vv. 65-67).

PARTE B

5. Na Crónica de D. João I, Fernão Lopes narra os acontecimentos políticos e sociais ocorridos no


período que se inicia com a morte de D. Fernando e a consequente crise de 1383-85, e que abrange
todo o reinado de D. João I.
D. Leonor Teles, Conde Andeiro, D. João, Mestre de Avis, Álvaro Pais e Nuno Álvares Pereira são os
atores individuais cujos comportamentos e atitudes são retratados com maior pormenor e
vivacidade dada a sua importância nos acontecimentos retratados. No entanto, é o povo que é a
força motriz de episódios como a morte do Conde Andeiro ou como o cerco à cidade de Lisboa, que
revela uma consciência coletiva que se sobrepõe a interesses individuais, que atua com
determinação e resiliência na defesa da independência, assumindo, desta forma, o estatuto de ator
coletivo. (136 palavras)

GRUPO II

1. (D); 2. (A); 3. (A); 4. (C); 5. (B); 6. (C); 7. (D).


8. Pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo.
9. “Rahaf Mohammed al-Qunun”.
10. Oração subordinada adverbial condicional.

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TESTE DE AVALIAÇÃO 3 – 10º ANO

GRUPO III

Uma jovem saudita de 18 anos, Rahaf Mohammed al-Qunun, em férias com a família no Kuwait,
usufruindo do facto de ser permitido nesse país as mulheres viajarem sozinhas, fugiu de avião com
destino à Austrália, onde pediria asilo, mas foi detida na Tailândia. Aí, barricou-se num quarto de hotel e
divulgou o seu caso através do Twitter: não podia regressar, pois tinha sido ameaçada de morte pela
família, por recusar a religião islâmica e um casamento arranjado. Sob a proteção do ACNUR, Rahaf
pediu asilo ao Canadá.

(87 palavras)

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