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A Bela e

a Fera
PERSONAGENS
PRÍNCIPE/FERA

CONDE

BARÃO

DUQUE

FEITICEIRA

MENINA 1

MENINA 2

MENINA 3

MENINA 4

MENINA 5

BELA

GASTON

LEFOU

PAI/MAURICE

MÃE ABAJOUR

TIA ABAJOUR

HORLOGE

LUMIERE

MADAME SAMOVAR

ZIP

A BELA E A FERA
Prólogo. Música grandiosa cortina se abre, um trono de onde um jovem príncipe admira um
balé exótico também de costas e vestidos de gala, os demais atores compõem a corte real. no
fundo do palco, um grande espelho reflete palidamente a imagem do belo soberano que, antes
mesmo do final da música, interrompe a apresentação dos bailarinos.

PRÍNCIPE: (batendo palmas) Adorei! Adorei! Mas agora chega! Quero ficar sozinho!

CONDE: Mas, majestade! É sua festa de aniversário!

BARÃO: Há muita gente lá fora querendo lhe presentear!

DUQUE: Reis, princesas, duques, lordes...

PRÍNCIPE: (Mimado) Pois que voltem amanhã! Hoje não quero mais ver ninguém!

ELES: Mas, majestade!...

PRÍNCIPE: (Levanta-se ameaçador) Fui claro?

CONDE: (Para duque) Foi claro?

DUQUE: (Para barão) Foi claro?

BARÃO: (Para ninguém) Foi claro?

TRIO: Claríssimo! (Saem fazendo mil mesuras)

PRÍNCIPE: (Sozinho ele torna a sentar e se espreguiça) Ahhh! (Vaidoso) É chato ser rico, bonito
e poderoso! Festa todo dia, presente que não acaba mais, gente me paparicando noite e
dia...E sempre cercado do que há de mais belo nesse mundo: ouro, jóias, mulheres...cada uma
mais linda que a outra!

A entrada de uma velha maltrapilha surpreende o príncipe.

FEIT: Com licença, majestade...

PRÍNCIPE: (Susto) Uaaai! Que raios é isso?

FEIT: Perdão, majestade...Não era minha intenção assustá-lo.

PRÍNCIPE: Como não? Como ousa entrar no palácio do príncipe com esses trajes imundos e
essa cara feia?

FEIT: Perdão, majestade...mas está tão frio lá fora...Vim lhe pedir abrigo esta noite.

PRÍNCIPE: Como é que é? Eu, o Príncipe Charles, que vivo num reluzente castelo cercado por
tudo que há de mais precioso nesse mundo, abrigar uma mendiga fedorenta como você?!

FEIT: Não tenho dinheiro para lhe pagar...mas trouxe essa rosa, que floresceu em pleno

inverno...Eu lhe daria de bom grado, em troca de um abrigo para o frio.

PRÍNCIPE: (Morre de rir) Uma rosa! Essa é boa! E eu lá estou interessado em rosa? Vamos, fora
daqui! Dentro do meu palácio feiura não tem vez! Fui claro?!

FEIT: Vejo que sua majestade dá muito valor a beleza. Mas, se me permite um conselho, eu

lhe diria que não se deixasse levar pelas aparências. A beleza, meu Senhor, está no interior das
pessoas.
PRÍNCIPE: No seu caso, bem no interior, não é, porque não dá pra ver nada! (Ri)

FEIT: É preciso ter olhos para ver, Alteza...

PRÍNCIPE: Você não ouviu o que eu disse?! Fora daqui!

Um gesto mágico inicia os acordes do tema da feiticeira. A velha bruxa retira os panos que a

cobriam e se transforma numa bela feiticeira. Ele se ergue, enfeitiçado pela sua beleza.

PRÍNCIPE: (Surpreso). Mas...por que não disse antes? Você é a coisa mais linda que meus olhos

já viram! Queira perdoar minha grosseria...

FEIT: Tarde demais, príncipe!

Ela inicia uma dança. Durante o número, retira um a um os panos de cor negra, escarlate e
laranja que vestiam os objetos do palácio, agora em tons de gelo, branco e prata. O inverno
penetra no palácio do príncipe que, impotente diante da magia da feiticeira, é obrigado a girar
com ela. Quando eles dançam, vêem à frente para que o cenário seja trocado durante o dueto.
O corpo do jovem vibra, e ele se transforma numa fera horrenda, só vista pelo público através
da imagem nublada do espelho. Ao final da transformação, ouve-se um urro assustador.

FERA: Grrrrrr!

Blackout. Música. Quando as luzes se acendem, vemos o cenário de uma aldeia na idade
média.

O centro tem uma espécie de praça com bancos, arbustos e lago. Em volta, as entradas de casas
comerciais da época, cujas fachadas são cuidadosamente escritas em letras medievais: boticário;
queijos & vinhos; bisnaga: pães, bolos e quindins; taverna; ervas e especiarias - tudo do oriente;
véus, brocados & rendas; vulcano, o ferreiro - armaduras, claves, elmos, espadas, adagas e
punhais. Os personagens vão entrando um a um e os sons acompanham suas profissões: a
mulher do padeiro, a lavadeira, o ferreiro, o leiteiro, o alfaiate. Todos se movimentam
coreograficamente, cantando as delícias de sua aldeia. A entrada de Bela afasta e emudece um
a um os habitantes da cidade.

MENINA 1: Lá vai ela! Crente que tá abafando!

MENINA 2: Metida que só ela!

MENINA 3: Quem ela pensa que é pra passar pela gente com esse nariz em pé?

MENINA 4: Na certa acredita que tem uma rainha na barriga!

MENINA 5: Boa coisa não pode ser. Mulher que vive agarrada em livro.... Onde já se viu?

MENINA 1: E quem disse que ela lê? Deve se limitar a passar os olhos nas orelhas!

MENINA 2: Sei não. Essa menina é muito estranha.

MENINA 3: Puxou ao pai! Nunca ouviu dizer que filhinha de louco, louquinha é?

MENINA 4: Louco? Louca sou eu! Aquilo é maluco, enlouquecido, pirado!


MENINA 5: Ah, é! Um homem que fica trancado num sótão cercado de filtros, poções, ervas,

falando palavras estranhas, ou é maluco ou...(Pausa)

TODAS (Malignos) ...ou? ...

Elas se entreolham, misteriosos. Entram em cena, como uma resposta aos seus desejos, Gaston
e seu fiel escudeiro, Lefu. As moças da cidade ficam suspirando. Bela está lendo e Gaston entra
em sua frente com tudo!

GASTON: (todo poderoso, dono do mundo) Como vai, Bela?

BELA: Ora você me assustou, Gaston!

GASTON: Onde esta linda jovem está indo?

BELA: Eu fui a Biblioteca buscar esse livro e já estava indo para casa!

GASTON: Você já repensou sobre o meu pedido, Bela?

BELA: Eu...

GASTON: Vamos, você merece o que há de melhor. E quem é o melhor dessa vila?

MENINAS: Você!!!

GASTON: (tirando um espelho e mostrando para Bela). Ora, veja... eu, sou jovem, forte,
corajoso, bonito, atraente, simpático, lindo e etecetera...

MENINAS: (Suspirando) Etecetera!

GASTON: (Puxa Bela e aponta para o espelho). Observe! Não é um lindo casal?

BELA: (irônica). Seu pedido me encanta, senhor...mas receio que sou muito jovem para casar.
Creio que encontrará alguém que o mereça!

GASTON: Eu decido quem me merece! E eu escolhi você!

BELA: Passar bem. (Vai saindo)

GASTON: Olhe bem para mim?! Que mulher ousaria dizer não para um homem como eu? Hoje
mesmo vou a casa de Bela, para pedi-la em casamento.

Bela e Gaston falam intercalados, cada um em um canto do palco.

BELA: Jamais que eu me casaria com um homem como Gaston. Quem ele pensa que é?!

GASTON: Um homem valente é o que sou! Afina, estou disposto a atravessar a aldeia mesmo
de noite, sabendo que andam dizendo que tem a solta por aí uma...

BELA: Uma fera, é assim que meu pai ficaria se soubesse que Gaston me seguiu até em casa.
Mas se ele ousar me importunar de novo eu olharei no fundo dos olhos dele e direi...

GASTON: (BEIJANDO OS MUSCULOS) Ai, Bela! Quer se casar comigo?

BELA: Não! Não ouse se aproximar novamente de mim! É isso que vou dizer na primeira
oportunidade!
GASTON: Ahhh!! Bela não vai deixar passar essa oportunidade! Ela não vai querer ficar
encalhada como algumas moças dessa aldeia. (as outras moças saem choramingando)

BELA: Eu não me casaria com ele, nem que ele fosse o último homem dessa aldeia. Ora,
imagine!! Me pedir em casamento?! (Musica).

Blackout. Porão de Maurice, o velho alquimista, pai de Bela. Debruçado sobre papiros, cercado
de filtros, poções e vapores de todas as cores, subitamente uma explosão.

BELA: Papai! Papai! (Batida na porta)

PAI: Bela! ...

BELA: Que está acontecendo, papai?

PAI: (Abrindo a porta) Olá, filha.

BELA: (Olhando tudo) Que houve, papai? Que aconteceu?

PAI: Nada. Como vê, seu velho pai permanece onde sempre esteve. (Ansioso). Trouxe o que

lhe pedi?

BELA: Está tudo aqui: sal, ferro, chumbo, mercúrio, folha de cobre, óxido de zinco, sulfato de
arsênico e salitre.

PAI: (Ele esfrega as mãos, excitado e pega a sacola de sua mão) Ótimo!

BELA: Espero que o senhor saiba o que está fazendo, papai. Não gostaria de vê-lo
transformado num monte de cinzas.

PAI: (Ri) Não seja tola, criança!

BELA: Não sei como o senhor suporta passar o dia todinho nessa fornalha, curvado sobre esses
caldeirões... É como viver no interior de um vulcão!

PAI: Tudo pela humanidade!

BELA: Oh, papai! Tenho tanto orgulho do senhor!

PAI: Não sabe como fico feliz de ouvir isso, filha. Afinal de contas, se não fosse meu trabalho,
sua vida não seria tão sacrificada.

BELA: Não é verdade.

PAI: Como não? Eu sei que todos caçoam de mim, você não tem amigos, Bela, a não ser os
livros.

BELA: E você, papai.

PAI: Ora, minha pequena! (Ele a abraça) Agora preciso ir.

BELA: O senhor vai sair? A esta hora?

PAI: Vou à floresta pegar ervas e algumas gotas de orvalho.

BELA: Vou com o senhor!

PAI: Nada disso. Você fica aqui, já está quase anoitecendo.


BELA: Está bem, papai. Mas, por favor, não demore, sim?

PAI: Não se preocupe, filha. Vou num pé e volto noutro.

B.O. luzes suaves se acendem nas laterais da plateia. Maurice caminha por ali, catando
plantas, raízes e cantarolando.

PAI: Bem, bem, bem...por hoje é só! Vamos voltar ao forno! (Ri e fala com o interior de sua
mochila) Logo vocês conhecerão sua nova casinha, meninas!

Volta a cantarolar. só então ele percebe a névoa que desce sobre a floresta.

PAI: Por mil cádmios de ouro! De repente ficou tão escuro...como se o inverno tivesse
escorregado no meio da primavera! Bolas...não enxergo um só palmo à frente do nariz...Que
lugar é esse? Era o que faltava...eu, nessa idade, me perder na floresta! Brrr...que frio!

As luzes na plateia caem em resistência enquanto o palco torna a se iluminar. Um telão exibe o
desenho de um castelo. À frente dele um lindo jardim de rosas vermelhas.

PAI: Ei! Um castelo! Mas de onde ele veio? Que mágica é essa? (Esfrega os olhos) Há cinco
minutos ele não estava aqui! Ou estava e eu não percebi? E como é que pode um lugar tão frio
criar rosas tão lindas quanto aquelas? Bom, seja lá o que for, do jeito que estou gelado, foi
bom ele aparecer. Quem sabe lá dentro não encontro uma lareira, um pratinho de sopa, uma
cama macia...Ó de casa!

O portão se abre com um ruído. O telão se ergue e o palco mostra o interior de um castelo.
Mesa de jantar, lareira, armaduras, armas e brasões, lustres, tudo branco, gelo e prata.

PAI: Alô! Ó de casa! Tem alguém aí?

Música. o pai se assusta. figuras vestidas de preto se movimentam sob a luz negra. São mãos,
pés, pernas, braços que conduzem Maurice até a mesa.

PAI: Ei! Que que há? Que negócio é esse? Quem são vocês? Quer me soltar, faz favor?

Ele se deixa conduzir e se encanta com o bailado das estranhas formas que lhe servem tigelas
de sopa e cálices de vinho num balé mágico.

PAI: (Guloso) Hum! Que delícia! Que gostoso! Tem mais? Posso repetir? Ai, ai...Quem dera que
todos os sonhos fossem assim, gostosos! (As figuras o levantam da mesa) Ei! Calma! Cuidado
comigo! Não vão me largar, hem? Ei! (Depois de o colocarem diante da lareira, Servem-lhe uma
xícara de chá) Rê! Rê! Essa foi a vida que eu pedi a Deus! (Tempo) Sim, senhor...Um castelo
encantado! Se eu contasse, ninguém acreditaria! Iam repetir o velho bordão: "Esse Maurice
não regula bem, coitado!" (Riso) Bem...estou tão cansado. Acho que vou tirar um cochilo antes
de ir.

(Ele acaba adormecendo e duas mulheres-abajures se aproximam da poltrona para observá-


lo).

MAE: Ah, mas ele é uma graça! Uma simpatia! Um charme!

TIA: Que é isso, Catherine? Você não se emenda? Que modos são esses? Nem parece uma
Rainha!

MAE: Grande Rainha...Só se for Rainha das Luminárias! (Choraminga)


TIA: Ai...não vai começar com a choradeira, por favor! Ei...mas que ele é bonito, é!

MAE: Não disse? Eu tenho boa mira, maninha! Vejo longe o valor de um homem! É bater o
olho e e zás!

TIA: Sei...sei

MAE: (Maldosa). Se soubesse, tinha casado...

TIA: (Idem). Casar pra que? Pra ficar viúva, que nem você? Era o que faltava!

MAE: Olha essa língua! Não se esqueça que, mesmo encantada, ainda sou a Rainha desse
Castelo! Posso mandar tirar a sua lâmpada a qualquer momento!

TIA: Pode mandar! Tô louca pra ver você nessa imensidão de castelo sem minha companhia
pra trocar uma ideia, uma ofensa!

MAE: Eu tenho o meu filho!

TIA: Aquela criatura zangada que vive enfurnada lá em cima? Que nunca dá as caras, nunca
Cumprimenta ninguém, um bom dia, uma boa tarde, um como vai passando?...

MAE: Não fala assim dele...

TIA: Falo sim! É um grosseirão, um mal-educado!

Maurice se remexe na poltrona como se fosse acordar. Elas se assustam.

TIA: Olha o que você fez! Quase acordou o velhote! Olha só como é folgado.... Vai chegando,
vai deitando, vai roncando... falando nisso, acho bom ele acordar e sair daqui o mais rápido
possível! Antes que aquela joia rara do teu filhinho descubra.

MAE: Eu sinto que esse homem pode trazer algo de bom às nossas vidas!

TIA: O que, por exemplo? Pilha para as suas lâmpadas piscarem que nem árvore de natal? (Ri)

MAE:(Aproximando-se da irmã perigosamente) Ri...pode rir...enquanto é tempo! (Corre atrás


dela)

TIA: Não! Catherine, não! Larga a minha tomada! Larga!

MAE: Eu te pego!...

As duas saem correndo pelo salão. Maurice desperta.

PAI: Oh...onde estou? Que lugar é esse? (Vira-se para trás as duas congelam) Ah, o castelo! (Vê
os dois abajures no meio do salão). Curioso...eu podia jurar que esses abajures não estavam
aqui quando cheguei... (Toca neles que se esforçam para não rir das cosquinhas) Que
gracinha... riem como se tivessem vida! (Percebe o que disse) Como se tivessem vida? Ora,
Maurice, francamente! Você e suas fantasias! Bela deve estar preocupada comigo, tenho que
ir. Bem.... Seja você quem for obrigado por sua generosa hospitalidade.

MAE: (Baixo). Bela? Quem será essa tal de Bela?

TIA: Acabou-se o que era doce: o velhote é comprometido!


PAI: (Ouvindo o zum zum zum) Quem está aí? Tem alguém aí? (tempo) Que pena. Vou embora
sem conhecer tão gentil anfitrião! Quem sabe numa outra oportunidade? Ah, sim! Não posso
ir embora sem levar uma lembrancinha para minha filha... (Ele sai)

MAE: (Animada) É filha! É filha!

TIA: (Cortando a animação) Quem tem filha, tem esposa...

MAE: Estraga prazeres!

VOZ: Aiiii!

TIA: Que foi isso?!

MAE: As rosas!!!

TIA: Meu Deus! (As duas tremem e tilintam suas lâmpadas)

PAI: (Voltando com uma rosa na mão) Oh, meu Deus, que foi que eu fiz? Que magia será esta?
Perdão, linda flor, não pretendia magoá-la! Foi sem querer, juro! Eu devia ter desconfiado...um
castelo encantado cercado de neve em plena primavera...Calma, farei um curativo e logo logo
você se sentirá melhor! (Ouve-se um urro pavoroso) Deus do céu! Que foi isso? Um trovão?
Um relâmpago? Ou... (Surge a fera horrenda) Oh!!!!!

FERA: Então é assim que agradece nossa hospitalidade?

PAI: Quem...quem...quem é você?

FERA: Sou o dono desse castelo e não gostei do que você fez! Como ousou arrancar uma das
rosas do meu jardim?

PAI: P-p-perdão! Eu não sabia...não queria...não...

FERA: (Agarra-o pelo pescoço e vai arrastando-o pelo chão). Terá que pagar com sua vida!

PAI: Não! Não! Por favor, não! Nããããooooo....

Blackout. Entram Gaston e Lefou.

GASTON – Ah, Lefou o que você achou daquele meu tiro da manhã?

LEFOU – Ora, foi certeiro como sempre!

GASTON – Eu sei!!!

Bela entra apressada.

LEFOU – Olha, Gaston. Aí vêm ela! Boa sorte, você é o melhor!

GASTON – Eu sei!!! (Entrando na sua frente) Bela!!! (Puxa-a a para perto) Que prazer o seu
você me encontrar novamente, não?

BELA – (afastando-o) Agora eu não posso conversar com você. Estou indo a procura do meu
pai.

LEFOU – Você vai atrás daquele velho inventor de latas?

GASTON – Não seja indelicado, Lefou! (Dá um soco no seu braço.)


BELA – Ele já foi para a floresta há muito tempo e até agora nada!

GASTON – Você vai sozinha?! (Bela faz que sim. Ele faz pose). Então eu vou com você para
protege-la!

LEFOU - Você esqueceu, Gaston, que já vai anoitecer e contam que uma terrível Fera anda
rondando a aldeia?

BELA – Pois então nós não podemos esperar, o meu paizinho pode estar correndo perigo!
Vamos, Gaston?!

GASTON (distraído) Ãhn?!

BELA – Vamos!

GASTON – Você quer que eu vá com você?! Eu e você, você e eu?

BELA – Sim.

GATON – Arghtt... agora?!

BELA – Não vai dizer que está com medo!

LEFOU – Medo??? Gaston??? Gaston não tem medo de nada!

GASTON – (disfarçando) Claro que não!!! Na verdade, é que eu tenho muitos compromissos e
estou atrasado, sabe. Se ao menos eu tivesse uma mulher em casa para preparar a minha
comida e me fazer massagem nos pés. (Deita a Bela como se fosse lhe roubar um beijo). É por
isso que eu queria que você se casasse comigo!

BELA – Me solte, Gaston! Como pode pensar numa coisa dessas com meu pai correndo perigo!
Isso sim é covardia!

Bela sai.

LEFOU – Eu ouvi bem?! Ela te chamou de covarde???

GASTON – Ninguém me chama de covarde! Eu venço todas as brigas da aldeia!

LEFOU – Ninguém vence o Gaston!!!

Música- “Ninguém vence o Gaston! ” – As meninas entram também.

B.O. luz na plateia. Bela procura seu pai pela floresta.

BELA: Papai?! Papai?! Onde o senhor está? Aparece o castelo, ela entra sorrateiramente no
interior do castelo. Ela vê o pai amarrado.

BELA: Papai!

PAI: Bela!

FERA: (Em off). Não toque nele! (Susto. Tempo)

BELA: Mas quem...?

PAI: Fuja, Bela! Depressa!

FERA: Ele agora é meu! Sua vida me pertence!


BELA: Quem é você? Onde está? O que quer com meu pai?

PAI: Fuja, Bela! Fuja!

FERA: Ele feriu um dos meus súditos. Terá que pagar pelo seu crime.

BELA: Mentira! Meu pai jamais faria isso!

PAI: O castelo é encantado, Bela! Seu jardim está repleto de súditos transformados em rosas!
(Falando para o alto). Mas eu não sabia! Juro que não sabia!

FERA: Tarde demais! Sua vaidade vai lhe custar caro.

BELA: Ele não fez por mal! Por favor, perdoe meu pai!

FERA: Nunca! O que é um jardim sem suas flores?

BELA: Então deixe-me pagar por ele!

PAI: Não, Bela! Não!

BELA: Liberte-o! Eu tomarei o seu lugar!

PAI: Não!

FERA: Você? ...

BELA: Onde está, afinal? Quem é você?

FERA: Eu sou a sua dor mais profunda, o seu fantasma mais aterrador, o seu mais negro
pesadelo! Eu sou (Com um urro devastador, ela se mostra) ... a Fera!

BELA: (Horrorizada) Ohhh!

FERA: (Ele liberta o pai das correntes). Agora vá, velho...Está livre. Parta antes que eu me
arrependa!

BELA: Vá, papai! Depressa!

PAI: Não, sem você minha filha!

FERA: Ela agora é minha! Ficará comigo o resto dos seus dias!

BELA: Corra, papai! Salve a sua vida!

PAI: Não, Bela!

FERA: (Grita e assusta o pai de bela) Corra! (Maurice sai correndo)

A Fera sai correndo atrás do pai. Bela fica chorando.

MAE: Vamos, não fique assim, meu bem. Ele não é assim tão mal quanto parece. No fundo, no
fundo tem um bom coração. Não é, Charlotte?

TIA: Ah, é. Um encanto. Uma flor de pessoa.

MAE: Tem uma educação formidável. Uns modos de dar inveja a qualquer soberano. É gentil,
meigo, refinado, elegante, discreto, inteligente, sensível ...

TIA: Enfim, lindo. (Fala mais baixo só para Bela) Por dentro, claro.
(Bela cai em prantos)

TIA: Ihhh...começou!

MAE: (Reprime a tia com um gesto) Shhh! Será possível que você não tenha algo mais
agradável para dizer?

BELA: Espere... vocês são móveis?! E falam?!

TIA: Ihhh, minha querida você não sabe de nada! É uma longa história é que foi assim...

A Fera volta rugindo.

FERA: (para Bela). Agora, você é minha prisioneira! (Para os dois abajures). Não quero
ninguém a tratando como convidada, ouviram?!

As duas mulheres engolem a seco e se retiram. A Fera também sai. Mudança de luz, passagem
de tempo. Bela começa a tremer de frio. Aparecem no cantinho do palco Horloge e Lumiere.

HORLOGE – Nem se atreva a chegar perto dela!

LUMIERE – Ora, Horloge, você não percebe?! Ela é uma garota! Pode ser a garota capaz de
quebrar o feitiço!

HORLOGE – O que eu percebo é que se o nosso amo descobrir que você chegou perto dela,
nós estamos fritos!

Entra Madame Samovar.

M. SAMOVAR – Ah! Então é aqui que vocês estão! Já não era sem tempo!

LUMIERE – Ora, você disse tempo? Tempo é com o nosso amigo aqui!

Horloge faz tic-tac. Madame Samovar ri e encosta sem querer nele.

HORLOGE- Aiii! Você me queimou!!

M. SAMOVAR – Me desculpe! Eu fiz um chá para acalmar os ânimos de vocês!

LUMIERE – Não falem mais em queimar!!! Ahh.. Eu não aguento mais queimar!

M. SAMOVAR – Que?

HORLOGE- Ora, não ligue para o que ele fala! Essa chama na cabeça dele está queimando os
últimos miolos que ele ainda tem!

LUMIERE – Veja isso, Madame Samovar!!! Ele sempre me provocando com suas piadinhas
infames.

M. SAMOVAR – Parem com isso vocês dois! Vamos tomar o chá para acalmar os nervos!

HORLOGE – Você vai ver o que é ter que acalmar os nervos quando essa labareda impulsiva
tiver falado com a garota e o amo descobrir, isso sim!

M. SAMOVAR – Ora!!! A garota! Eu já havia me esquecido!!! Será que ela pode ser a nossa
salvação?!

Lumiêre vai se aproximando. M. Samovar vai atrás dele.


HORLOGE – Depois não diga que eu não avisei!

Horloge não resiste e vai também. Quando eles vão falar com ela a Fera volta.

FERA – Eu não fui claro?! Não quero ninguém falando com a prisioneira!

M. SAMOVAR – Patrão, a garota está morrendo de frio! Por favor, deixe-nos leva-la para um
dos quartos do castelo.

A Fera pensa e depois ordena.

FERA – Está bem levem-na para um dos nossos aposentos.

BELA – Não vai mais me deixar presa aqui?

FERA (muito irritada). Porque?! Você prefere?

Bela recua.

M. SAMOVAR – Vamos, meu bem! Venha comigo!

Elas saem.

LUMIERE – Essa não me parece a melhor forma de conquistar uma garota! Você já pensou que
pode ser ela que possa quebrar o feitiço?!

FERA – É claro que eu pensei, você acha que eu sou burro?

LUMIERE – No, no, no, no, no. Só acho que deveria ser um pouco mais gentil. Por que não a
convida para um jantar?

FERA – Não seria má ideia.

LUMIERE – Ah, é como eu sempre digo! Sempre tem uma luz no fim do túnel! Ah! Um jantar à
luz de velas! Nunca pensei que ficaria tão feliz em ser uma vela num encontro!

HORLOGE – A propósito, o patrão viu como ela é bela? Faz jus ao nome!

FERA – Ela jamais se interessaria por um monstro como eu!

HORLOGE – Tudo é uma questão de tempo, patrão! E olha, de tempo eu entendo!

LUMIERE – Dessa vez ele está certo, majestade! É só conquista-la com jeitinho!

HORLOGE – Afinal, majestade, lembre-se que o que interessa é a beleza interior!

A Fera ruge.

HORLOGE – Primeiro você a convida para o jantar!

LUMIERE – O jantar!

HORLOGE – Depois você lhe dá um buque de flores!

LUMIERE – Flores!

HORLOGE – Depois bombons!

LUMIERE – Bombons!
HORLOGE- E depois, é claro, você faz várias promessas que nunca vai cumprir.

LUMIERE – Heim?!

FERA (interrompendo) – Está bem! Diga a ela que venha jantar comigo esta noite. Diga que não
é um pedido... é um ORDEM!!

LUMIERE – Essa não é a melhor tática para conquistar uma garota!

A Fera ruge.

HORLOGE – Está bem, está bem! Como a majestade preferir! (sai)

LUMIERE – Agora, vamos majestade! Temos que dar um trato em você! O senhor deve estar
impecável!

Entram Bela e Madame Samovar.

BELA – Não, não e não!!!

M. SAMOVAR – Mas eu não vejo motivo para você não aceitar o convite do patrão!

BELA – Eu não estou com fome! E eu estou triste, triste pelo meu pai!!!

M. SAMOVAR – Você foi muito corajosa!!! Seu pai deve estar orgulhoso de você!

BELA – Eu tenho medo de não voltar a vê-lo nunca mais!!!

M. SAMOVAR – Fique calma, meu bem! Tudo irá terminar bem!!!

Zip entra correndo.

ZIP – Mamãe, mamãe! Talvez a moça se acalme com um pouco de chá! (Para Bela). Eu deixo
você beber em mim, mesmo fazendo cóceguinhas!

Bela dá risada.

M. SAMOVAR - Anime-se menina, eu vou indo pois tenho uma ceia inteira para preparar!!!

ZIP – Não fique assim, não, Bela!!! Viver aqui pode ser bem divertido!!!

BELA – Eu nunca vi xícaras, bules abajures, castiçais e relógios falarem!

ZIP - E olha eu nem sou a única xícara falante, não?! A cristaleira está cheinha dos meus
irmãos.

Horloge entra correndo.

HORLOGE - Menina, você ainda não está pronta?! Vamos você tem que se arrumar (puxa Bela
pela mão)

ZIP – Ah, não, tio Horloge! Agora ela vai brincar! (puxa a outra mão dela.)

HORLOGE – Nem pensar, já está quase na hora do jantar!

ZIP – Ah! Deixa o Fera esperando um pouquinho!

HORLOGE – Vamos! Nós não temos tempo, o Fera já vai descer e vai ficar furioso se você não
estiver aqui!
Bela sai sendo arrastada por Horloge, falando que não vai! Fera aparece andando de um lado
para o outro ansioso. Madame Samovar e Lumiere a acompanham.

LUMIERE – Vossa majestade está radiante!!!

FERA – Onde ela está?

LUMIERE – As mulheres são assim mesmo, costumam se atrasar!

FERA – Ela já deveria estar aqui!

M. SAMOVAR – Procure ficar calmo!

LUMIERE – Daqui a pouco os olhares se cruzarão. O senhor olhará para ela, ela olhará para o
senhor e pronto! A mágica vai acontecer e o feitiço vai ser quebrado!

M. SAMOVAR – Essas coisas não acontecem assim, Lumiere! Levam um tempo!

LUMIERE – Mas nós não temos muito tempo! As pétalas da rosa não param de cair!

FERA – Parem, vocês estão me deixando cada vez mais nervoso!

M. SAMOVAR – Pois então trate de se acalmar! Contenha-se, se quiser conquista-la tenha


postura, endireite-se e haja como um verdadeiro cavaleiro.

LUMIERE – E quando ela entrar, receba-a com um sorriso gentil, elegante!

M. SAMOVAR - Faça alguns elogios...

LUMIERE – Mulheres adoram elogios!

M. SAMOVAR – Não a assuste!

LUMIERE – Fale baixo e não rosne!

M. SAMOVAR – E acima de tudo...

OS DOIS –Tente controlar seus nervos!

Ouve-se o barulho da porta.

LUMIERE – Aí vem ela!

Mas quem entra é Horloge.

HORLOGE – Boa noite!

FERA – Onde ela está?

HORLOGE- Quem??? A Bela?! Ah, sim... a Bela. Bem, a Bela... bom você sabe como são as
mulheres né... você tem que compreender que.... ela não vêm!

A Fera ruge muito irritada.

HORLOGE – Eu bem que tentei!

A Fera bate na porta.

FERA – Você não vem jantar?


BELA – Eu não estou com fome!

FERA – Abre essa porta, se não vou derrubá-la!

HORLOGE – Tente ser cavalheiro!

M. SAMOVAR – Tente compreender, majestade! Ela acaba de perder o pai!

A Fera tenta se acalmar, respira fundo e pergunta mais delicado.

FERA - Bela, você vem jantar?

BELA – Nãããããão!

HORLOGE – Lembre-se, seja suave, gentil!

FERA – Você me daria o prazer de me acompanhar no jantar?

LUMIERE – Aham, aham, por favor?!

FERA - ... por favor?

BELA – Não, obrigada!

FERA – Então vai morrer de fome! Se não vai jantar comigo, não vai comer com ninguém!
Saiam daqui! (Eles saem.) Isso nunca vai dar certo! Como ela poderia se interessar por um
monstro como eu!!!

Sai. Entrem Horloge, M. Samovar e Lumiere ,Zip, a Mãe e a Tia.

LUMIERE – Deve ter sido muito difícil para nossa majestade!

M. SAMOVAR – Foi um dia difícil para todos nós!

HORLOGE – Eu diria que ela foi teimosa!

M. SAMOVAR – Se o nosso patrão não conseguir controlar os seus nervos o feitiço não será
quebrado!

HORLOGE- É por isso que eu falo que a teimosia não nos leva a lugar nenhum!

MÃE – Eu estou morrendo de fome!

Bela entra.

TIA: O-ou... adivinhem quem chegou para jantar!

MAE: Não tenha medo, meu bem. Venha aqui. Meu filho só tem tamanho e garganta. É
incapaz de fazer mal a uma mosca.

LUMIERE – Você gostaria de comer alguma coisa?

HORLOGE – Ela não pode comer!

LUMIERE – Só uma casquinha de pão, um copo d´água.

TIA – Hummm... o seu filhinho não vai gostar nada disso!

MÃE – É só ficarmos bem quietos! Ele não vai ficar sabendo!


M. SAMOVAR – Não podemos deixa-la passando fome!

LUMIERE – Além disso, ela não é nossa prisioneira, ela é nossa convidada!

Música. Ao final da música a Fera ruge entrando.

MÃE: (tentando disfarçar) Bonita hora, heim, Charles? (Urra na cara dela, que responde
impassível) E pra que esse escândalo todo, posso saber?

FERA: Quer parar de me tratar feito criança?

MAE: Quem sabe quando você crescer? Agora vamos: cumprimente a moça que está aqui lhe
esperando há mais de meia hora!

FERA: Ahrghhh! Como assim me esperando?! Ela se recusou a jantar comigo, e eu proibi vocês
de darem a ela de comer! (Bela se encolhe)

FERA: (Ele percebe) Não disse? Ela jamais vai gostar de mim.

TIA: (Para plateia, cínica). Que estranho! Por que será, hem? (A fera vai se retirando)

MAE: Charles!

FERA: UAARGH?

MAE: Onde você vai?

FERA: Vou para o meu quarto.

MAE: Volte já aqui! Anda!

FERA: Não quero impor minha presença grotesca a ninguém.

MAE: Charles!

FERA: (Urra e grita). Não enche!

BELA: (Levanta-se decidida). Seu...seu...seu grosso! Isso são modos de falar com sua mãe?

(A fera urra entre contrariada e surpresa: "Como é que é?")

MAE: Ih, pensa que eu ligo? Isso é só da boca pra fora!

BELA: Você não tem vergonha não? Como é que pode um príncipe, um homem criado para ser
rei, ter tão pouca educação? (Ele torna a urrar desaforado) E quer fazer o favor de falar mais
baixo? (Novo grunhido) Que foi? Não sabe falar não, só gritar feito um ...

FERA: (Urrando). Eu sou um animal selvagem!

BELA: Não, não é! Animais selvagens têm mais educação do que você, seu mal-educado! (Novo
urro). Pensa que eu tenho medo de você? (Urro baixinho, Atônito) (Bela para M. Samovar,
Lumiere, Horloge e tia.) Lamento muito ter estragado o final do jantar... (para a mãe)
Senhora...agradeço sua gentileza e seu carinho, mas perdi o apetite. Prefiro morrer de fome a
ter que me sentar ao lado de tão grosseira criatura.

FERA: GROAAAR! Onde pensa que vai? Você é minha prisioneira!

BELA: E quer saber do que mais? Você é muito, mas muito mais feio por dentro!
B.O. música. luz negra no interior do castelo. Música, Bela entra em um outro ambiente do
castelo. Ela vê uma rosa dentro de uma redoma de vidro. Quando vai se aproximar da Rosa. A
Fera aparece.

FERA: Groooarr! Quem está aí?!?

Bela tenta correr, mas é tarde demais.

FERA: Eu já não disse que odeio ser perturba...Bela! (ao vê-la, um misto de encanto e surpresa
toma conta dele. de repente ele se enfurece): O que está fazendo aqui?

BELA: (Ela recua, com medo) Eu...eu....

FERA: Esse é o meu aposento secreto! Só meu! Ninguém pode entrar aqui, entendeu?
Ninguém!

BELA: Mas eu...eu... eu não queria...

FERA: (Avançando). Não percebe o mal que poderia ter feito?

BELA: Mas eu...

FERA: Saia daqui!!! Saia daqui!!! (Ela sai chorando).

Entram a mãe e a tia

MÃE – Meu filho!!! Bela passou por nós chorando muito!

TIA – Ela foi correndo para fora do castelo, vai acabar se perdendo ou se machucando!

Ouvem-se os lobos uivarem. A Fera sai correndo. Blackout. Continuamos ouvindo os lobos
atacarem. Quando a luz acende vemos a Fera deitada na frente da cortina, ele está ferido. Bela
está tentando socorrê-lo. Entram Horloge e Lumiere.

HORLOGE – O que houve??

BELA – Ele me salvou dos lobos, mas está ferido! Vamos, Fera. Acorde! Fale comigo!

FERA – (levantando a cabeça) Bela!!! (demaia)

LUMIERE – Depressa, Horloge, traga uma bacia de água!

HORLOGE – Aqui está!

BELA – Deixe-me ajudar! (Ela começa a limpar os ferimentos dele e ele urra de dor.) Tente ser
forte, tem que aguentar! É para o seu bem!

FERA - Se você não tivesse fugido, isso não teria acontecido!

BELA – Se não tivesse me assustado eu não teria fugido. Agora fique quieto (Ela volta a limpa-
lo). Mesmo assim... obrigada por ter salvado a minha vida! Vai doer só um pouquinho!

FERA - Ninguém nunca cuidou de mim dessa maneira! Eu preciso agrade-la de alguma
maneira!

BELA – Não precisa!

FERA – Eu insisto!
Blackout. Volta o cenário da aldeia. Entram Lefou e Gaston e as meninas da aldeia.

GASTON – Esse dia foi horrível! Eu não acertei um único tiro!

LEFOU – Foi ruim mesmo, Gaston!

Gaston dá uma coça nele.

GASTON – Ahhh, Lefou. Nunca ninguém me rejeitou como Bela...

MENINAS – Como ela pôde?!

GASTON – Ela me rejeitou publicamente!

MENINAS – Ela é louca, Gaston!

LEFOU – Isso não foi nada legal mesmo!!! Vamos Gaston, coragem, ânimo!

Gaston tenta se animar, exibe os músculos e diz

GASTON – Eu sou...

MENINAS – LINDO!

LEFOU – forte!

GASTON – (desanimado)... uma desgraça.

MAURICE ENTRA CORRENDO.

PAI - Socorro!!! Me ajudem, me ajudem!!! A Fera prendeu Bela em sua masmorra!

GASTON – Calma, sogrinho! Você deve estar delirando!

MENINA 1 – Ele é louco!

MENINA 2 – Maluquinho!

MENINA 3 – Doidinho de pedra.

MENINA 4 – Está fora da casinha!

MENINA 5 – Fera?! Agora ele pirou de vez!!!

PAI – (pega Lefou e sacode) Vamos, vamos! Não podemos perder tempo!

GASTON – Calma, velho! (ele solta Lefou com tudo e ele cai no chão) Vamos, respire. Afinal de
contas quem prendeu a Bela?

PAI – Eu já disse, foi uma Fera! Uma Fera imensa de mais de dois metros de altura!

GASTON – Entendi....

LEFOU – (cochichando para Gaston) Gaston, mesmo que ele esteja louco essa é uma boa hora
para você ganhar a confiança do pai da Bela, afinal você quer ou não quer se casar com ela?

GASTON - Pois bem, velho. Eu vou contigo salva-la! (beija os músculos)

PAI – Eu só vou em casa buscar algumas engenhocas e encontro vocês para irmos juntos!

GASTON – Lefou, eu estive pensando....


LEFOU – Cuidado com isso, Gaston!

GASTON – O pai de Bela está cada vez mais louco, minha mente ficou funcionando, quando
olhei para este velho insano.

LEFOU – Sim!

GASTON – Como eu quero casar com a filha do velho então eu armei o meu plano!

LEFOU – e qual É?!

GASTON – Reúna todos do povoado, e se esse velho tiver razão, vamos acabar com essa fera!

MENINAS – SIIIIMMM!!!

GASTON – De uma vez por todas!

MENINAS - Como ele é corajoso!!! Ai, ai!

Saem.

Blackout. Na frente da cortina a Bela e a Fera.

FERA – Obrigado mais uma vez por ter cuidado de mim! Eu já estou bem melhor!

BELA – Não tem o que agradecer!

FERA – Eu lhe trouxe aqui pois quero lhe mostrar uma surpresa.

BELA – Se for por causa de ontem não

FERA – (tapando a boca dela). Por favor, eu insisto! Me dê suas mãos e feche os olhos, confie
em mim! (Ela faz o que ele pede eles andam até o meio da cortina).

BELA – Posso abrir?

FERA – Ainda não!

BELA – E agora, posso abrir?!

As cortinas se abrem mostrando uma biblioteca.

FERA- Pode!

BELA – eu não posso acreditar! Uma biblioteca!

FERA – Zip me contou que você gosta muito de ler! É sua!

BELA – Minha?! (Ele faz que sim). Eu não posso acreditar!!! Muito obrigada! (Ela em um
impulso corre para abraça-lo e fica sem graça)

FERA – Bela, você pode ler um livro para mim?!

BELA – Claro que sim! (Ele estende a mão para ele, e eles saem juntos.)

Madame Samovar, Lumiere, Horloge, Zip, a mãe e a tia estavam espiando tudo e entram assim
que eles saem!!!

TODOS – Huuuuummm
MADAME SAMOVAR – Viram só?

ZIP – O que?

LUMIERE - O amor é lindo!

HORLOGE – Devo confessar que o amor é mesmo lindo em qualquer circunstância!

TIA – Eu sabia que ia dar certo!

MÃE – Nem acredito no que estamos vendo?!

ZIP – O que é que nós estamos vendo, mamãe?

TODOS – Estamos vendo alguma coisa acontecer...

ZIP – E o que é, mamaãe?

MADAME SAMOVAR – Eu lhe conto quando crescer, Zip!

Eles saem. Música, Bela de um lado e Fera do outro. “Como ele está mudado”. Após a música
eles saem e os objetos voltam.

HORLOGE – Bom, nós temos exatamente 12h e 31s para conseguir planejar o encontro mais
romântico que já viu entre uma Bela e uma Fera!

M. SAMOVAR – Estou lembrando que se a última pétala cair, nós nunca mais voltaremos a ser
humanos outra vez!

LUMIERE – Eles devem se apaixonar definitivamente hoje!

MÃE – Muito bem, então vamos preparar tudo!

TIA – Precisamos criar um clima romântico!

HORLOGE – Vamos limpar os vidros, limpar os talheres e lustras os cristais. Lumiere vá por esse
lado com a Madame. Vocês duas vão por ali...

ZIP – (rodando em volta dele) E eu?! E eu?! E eu?!

HORLOGE – Você... deixe-me ver o que você vai fazer!

ZIP (continuando a rodar) E eu?! E eu, tio?! E eu, tio?!

HORLOGE – Zip, para! (Zip congela). Você vai para onde você quiser! (Zip sai desanimado)

HORLOGE (para a plateia) E vocês, por favor! Quando o casal entrar, façam um clima
romântico! Suspirem, façam Uaauuu!! Pois eles precisam se apaixonar hoje sem falta,
precisamos de toda a ajuda possível! Eu não aguento mais ser relógio!

A Fera entra.

FERA – (andando de um lado para o outro). Eu nunca estive tão nervoso, nunca senti isso
antes. Será que dessa vez ela vêm mesmo para o jantar?

HORLOGE - Hum, hum. Majestade. É com muita satisfação que eu lhe apresento a jovem Bela!

Música.

FERA – Você está tão... tão... tão linda!


BELA – Você também! Você sabe dançar?!

FERA – Eu... não sei se me lembro...

BELA – Venha!

Música - “Tale as old as time” – Todos do castelo acompanham a cena, suspirando e cantando.
Quando a música acaba, eles param de dançar e os objetos se escondem.

FERA – Você, está feliz aqui?!

BELA – Estou! Mas...eu sinto falta do meu pai!

FERA – Eu preferia perde-la do que ve-la infeliz ao meu lado.

BELA – É que meu pai já está idoso e ele deve estar precisando de mim! Eu só queria vê-lo mais
uma vez, saber se ele está bem...

A Fera pega o espelho e dá para ela.

FERA – Você pode vê-lo aqui! É só pedir!

BELA – (pegando o espelho) Eu gostaria de ver meu pai! ... Oh não, o que eu vejo! É o Gaston,
ele prendeu eu pai em nossa casa! Mas por que?

FERA – Você pode ir, não é mais minha prisioneira! Seu pai precisa de você! Vá!

BELA – (sai correndo e o abraça) Eu nunca esquecerei de você! Eu voltarei um dia para te ver!
(sai)

FERA – Esse dia... será tarde demais.

Os objetos entram cantando e dançando. “Ser humano outra vez, só humano outra vez” mas
dão de cara com a Fera desanimada

TODOS – O que houve?

FERA- Eu tive que deixa-la partir!

TODOS – Mas justo agora? Por que?

FERA – Por que eu a amo!

Zip entra correndo.

ZIP – Eu não tenho boas notícias...

TIA – Nós já sabemos que a Bela foi embora.

MÃE – Foi ele que a mandou!

ZIP – Não é isso! Tem uma multidão se aproximando do castelo!

HORLOGE – Oh, santo Deus! Eles devem estar atrás da Bela!

FERA – Deixem que eles entrem! Não há mais nada que possamos fazer, nosso tempo está se
esgotando!

Música – “Vamos matar”


GASTON – Podem levar o que quiserem do castelo, mas a Fera é minha!!!

Os objetos param como objetos e quando invadem o castelo começam a correr e atacar as
pessoas. A Fera entra rugindo e todos fogem, menos Gaston.

GASTON – Então você que é a terrível Fera! Está com medo da minha flecha?! Vamos me
ataque!

A Fera não o ataca. Bela aparece correndo com o pai.

BELA – Não, Gaston, não!

Gaston atira a flecha na Fera e é atingido por ela antes dela cair no chão. Bela sai correndo e o
toma nos braços.

FERA – Bela, eu.... eu te amo!

BELA – Você não pode morrer!

PAI – Eu não estou entendo, filha! Ele te aprisionou!

BELA – Ele não era quem parecia ser, papai! Ele... ele me ensinou a amar! Eu também te amo!
(dá um beijo nele) – Música de Transformação.

PRINCIPE – Bela, sou eu!!! A Fera!

BELA (colocando a mão em seu rosto) É você!

Entram todos transformados. Música final

FIM

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