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XIII - ORIGEM DO ESTADO

Inúmeras teorias tentam explicar a origem do Estado. Elas, na grande

maioria, se contradizem. O assunto realmente é muito difícil, tendo por razão, a

ausência (escassez) de elementos certos e seguros sobre a história.

Assim é que todas as teorias são alicerçadas em simples hipóteses.

As principais teorias da origem do Estado são: (1) A teoria da origem

familiar que se divide em duas correntes: a corrente chamada patriarcal e a

corrente chamada matriarcal, também conhecida por matriarcalística; (2) A

teoria de ordem patrimonial; e (3) A teoria da força. Observamos que nestas

teorias o problema da origem do Estado é analisado sob o ponto de vista

histórico-sociológico.

Por essa razão, a partir de agora, vamos estudar a cada uma delas:

1ª Teoria = ORIGEM FAMILIAR ⇒ De ordem a mais antiga. É de fundo bíblico,

pois apoiasse na história da humanidade sobre um casal originário:

• Corrente Patriarcal: Estado deriva de um núcleo familiar. A autoridade

suprema pertencia ao varão mais velho, o patriarca. Para Robert Filmer

cada família primitiva se ampliou e deu origem a um Estado. Esta teoria

tem como apoio fundamental: a bíblia, o direito romano e Aristóteles.

Afirmou Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), em comunhão com a

doutrina de Aristóteles, que a família é o primeiro modelo da sociedade

política;
• Corrente Matriarcal (“mater semper certa”): Para Bachofen e outros, a

primeira organização familiar teria sido baseada na autoridade da mãe.

Assiste razão, pois geralmente era incerta a paternidade, assim, teria sido

a mãe a dirigente e autoridade suprema das primitivas famílias, de

maneira que, o “clan matronímico”, sendo a mais antiga forma de

organização familiar, seria o fundamento da sociedade civil. O professor

Sahid Maluf (in Teoria Geral do Estado) afirma: “o matriarcado, que não

deve ser confundido com a “ginecocracia” ou hegemonia política da

mulher, precedeu realmente ao patriarcado, na evolução social.

Entretanto, é a família patriarcal a que exerceu crescente influência, em

todas as fases da evolução histórica dos povos”

2ª Teoria = ORIGEM PATRIMONIAL ⇒ Para alguns autores, essa teoria teve

origem indicada no livro II de “A República” de Platão. Um Estado nasce das

necessidades dos homens; ninguém basta a si mesmo, mas todos nós

precisamos de muitas coisas. Como temos muitas necessidades e faz-se mister

numerosas pessoas para supri-las, cada um vai recorrendo à ajuda deste para

tal fim e daquele para tal outro; e, quando esses associados e auxiliares se

reúnem todos, numa só habitação, o conjunto dos habitantes recebe o nome de

cidade ou Estado. Decorre desta teoria, de certo modo, a afirmativa de que o

direito de propriedade é um direito natural, anterior ao Estado. Haller, que foi o

principal corifeu da teoria patrimonial afirmava que a posse da terra gerou o

poder público e deu origem à organização estatal. Modernamente esta teoria foi

acolhida pelo socialismo, doutrina política que considera o fator econômico

como determinante dos fenômenos sociais (professor Sahid Maluf).

3ª Teoria = DA FORÇA ⇒ (violência ou conquista − poder dos fortes sobre os

fracos): A superioridade da força de um grupo social permite submeter um


grupo mais fraco, dando origem ao surgimento do Estado (dominantes e

dominados).

Entre os adeptos dessa teoria esta Oppenheimer, que, afirmando ter sido

criado o Estado para regular as relações entre vencedores e vencidos, acrescenta

que essa dominação teve por finalidade a exploração econômica do grupo

vencido pelo vencedor.

Para Jean Bodin (1530-1596), o que dá origem ao Estado é a violência dos

mais fortes.

Thomas Hobbes (1588-1679) foi o principal sistematizador da teoria da

força, no início dos tempos modernos.

Afirmava “os homens, no estado de natureza, eram inimigos uns dos

outros e viviam em guerra permanente “bellum omnium contra omnes”“.

Thomas Hobbes, sistematizador da teoria da força, distinguiu o Estado

em duas categorias:

• Estado Real – Aquele que se forma pela imposição da força e

• Estado Racional – Aquele que provém da razão.

Georg Jellinek (1851-1911), estudioso sobre o mesmo tema, disse: “a

teoria da força, apóia-se aparentemente em fatos históricos: no processo da

formação originária dos Estados quase sempre houve luta; a guerra foi, em

geral, o princípio criador dos povos”.

OBSERVAÇÕES:

(1ª)Na teoria patriarcal, seus principais divulgadores foram: Summer Maine,

Westermack e Starke.

(2ª) Na teoria matriarcal, seus principais defensores foram: Bachofen, Morgan,

Grosse, Hohler e Durkheim.


(3ª) Na teoria da força, assim afirma o professor Queiroz Lima: “o conceito de

força como origem da autoridade é insuficiente para dar a justificação, a base de

legitimidade e a explicação jurídica dos fenômenos que constituem o Estado”.

(grifo nosso)

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