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Como Fazer Recursos ao

Gabarito e Resultados de
Provas Concursos Públicos
Por Rogerio Neiva • 15 set 2010 • Aprendizagem, Como se Preparar, Notícias • 48 Comentários

O objetivo do presente texto consiste na apresentação de algumas


observações e orientações relevantes para a elaboração de recursos de
correções de provas de concursos públicos, bem como indicar modelos de
recurso a serem adaptados para diversas situações.
I- Orientações Gerais:
- no caso de provas objetivas, o recurso pode buscar alterar o gabarito ou
anular a questão. No caso de anulação, geralmente a pontuação da questão é
atribuída a todos os candidatos. Havendo a alteração de gabarito, geralmente a
pontuação é atribuída aos candidatos que responderam conforme o novo
gabarito, ocorrendo a exclusão para os candidatos que estavam sendo
beneficiados pelo gabarito anterior;

- o tema do recurso pode envolver o mérito da questão ou aspectos


administrativos, o que corresponde à compatibilidade entre o programa previsto
no Edital do concurso público e a matéria tratada na questão;

- seria desnecessário dizer, mas apenas para reafirmar: seja conciso e direto!
Inclusive pela limitação de caracteres existentes nos formulários eletrônicos. Se
repetir o texto da questão, irá comprometer o espaço de caracteres. Portanto,
para contextualizar, apenas coloque o tema tratado na questão e a resposta do
gabarito;

- evite bater de frente com a Banca Examinadora, evitando afirmar de forma


direta que está errada. Procure apresentar a sua argumentação em tom de
pedido para que “sejam avaliadas as ponderações que está apresentando”. Isto
é, seja humilde ao argumentar;

- evite fazer citações doutrinárias, legislativas e jurisprudenciais, principalmente


pelo limite de caracteres;

- use o contador de caracteres do Word para verificar o tamanho do texto


(Ferramentas – Contar Palavras);

- se repetir o texto da questão, irá comprometer o espaço de caracteres.


Portanto, para contextualizar, apenas coloque o tema tratado na questão e a
resposta do gabarito;

II- Sugestão de Modelos:


II.1- Modelo Genérico – Prova Objetiva:
A questão tem como tema a/o ___________. O gabarito considerou a
afirmativa errada/certa. Apesar da compreensão inicialmente estabelecida por
esta Banca Examinadora, requer a ponderação de que (ARGUMENTAÇÃO 1).
Ademais, (ARGUMENTAÇÃO COMPLEMENTAR). Assim, requer a avaliação
das ponderações apresentadas, de modo a promover a anulação/alteração de
gabarito da questão.
OBS – sugestão de texto de argumentação para recursos de caráter
administrativo:
“…a jurisprudência tem se posicionado reiteradamente no sentido de que
o edital vincula a Administração Pública, o que corresponde ao princípio
da vinculação ao instrumento convocatório. Apenas para exemplificar,
segundo decidido no RE 480.129/DF (STF, DJ 23/10/2009) “o edital relativo
a concurso público obriga não só a candidatos como também a
Administração Pública.”
II.2- Modelo Genérico – Prova Dissertativa e Redação:
Conforme o parâmetro de correção, no item X.1, considerou-se como critério o
…. Segundo o espelho de correção deste(a) candidato(a), do universo total de
Z pontos, atribuiu-se pontuação Y. Não obstante a referida compreensão
inicialmente adotada, requer a ponderação dos aspectos que passa a discorrer.

Analisando o conteúdo da resposta, sustentou-se que (ARGUMENTO 1)…..


Destaca-se que (REFORÇO DA ARGUMENTAÇÃO)……

Assim, diante das referidas ponderações, requer a verificação da possibilidade


de reconsiderar a pontuação atribuída, de modo a assegurar a menção integral
inerente ao presente item.
III – Exemplos de Recursos:
III.1- Exemplo de Recurso de Provas Objetivas: elaborado para o Concurso
do MPU-2010 (Analista Processual - Direito do Trabalho)
Recurso Discutindo o Mérito – Pedido de Anulação/Alteração
Cargo 45 – Caderno de Provas/Gabarito I
Questão objeto do Recurso: 84
Texto da questão: Inexiste na CF redação à existência de mais de um
sindicato por categoria diferenciada de trabalhadores. E
Texto do Recurso (a ser inserido no formulário eletrônico):
A questão tem como tema a organização sindical. Indaga se “Inexiste na CF
redação à existência de mais de um sindicato por categoria diferenciada de
trabalhadores”. O gabarito considerou a afirmativa errada. Apesar da
compreensão inicialmente estabelecida por esta Banca, requer a ponderação
de que, por um lado, é nítida a existência de erro material. Tudo indica que a
intenção da Banca era adotar a palavra “vedação”, ao invés de “redação”. Tal
vício seguramente compromete a análise da questão pelo candidato. Por outro
lado, partindo da premissa de que a intenção efetivamente era a adoção da
palavra “redação”, destaca-se que a CF, o art. 8º, II trata da unicidade sindical,
limitando mais de um sindicato por categoria. Porém, não trata de “categoria
diferenciada”, sendo que tal conceito somente é previsto no art. 511 da CLT.
Portanto, é correto afirmar que “inexiste na CF redação sobre a existência de
mais de um sindicato por categoria diferenciada”, pois não tal instituto somente
foi tratado na CLT. Assim, requer a avaliação das ponderações apresentadas,
de modo a promover a alteração do gabarito ou anulação da questão.
Recurso de Caráter Administrativo – Pedido de Anulação
Cargo 45 – Caderno de Provas/Gabarito I
Questão objeto do Recurso: 80
Texto da questão: É vedada ao sindicato profissional a atuação como
substituto processual em casos de convenções e acordos coletivos, que são
matéria de competência exclusiva da justiça do trabalho.
Texto do Recurso (a ser inserido no formulário eletrônico):
A questão tem como tema a substituição processual por sindicatos. O gabarito
considerou a afirmativa errada.Apesar da compreensão inicialmente
estabelecida por esta Banca Examinadora, requer a ponderação de que a
presente questão, inegavelmente, trata do tema da substituição processual
pelo sindicato.No entanto, além de não constar expressamente no edital, trata-
se de conteúdo de Direito Processual do Trabalho, matéria não prevista no
programa do concurso.A substituição processual consiste em mecanismo
tipicamente processual, previsto no art. 6º do Código de Processo Civil.Por
outro lado, a jurisprudência tem se posicionado reiteradamente no sentido
de que o edital vincula a Administração Pública, o que corresponde ao
princípio da vinculação ao instrumento convocatório. Apenas para
exemplificar, segundo decidido no RE 480.129/DF (STF, DJ 23/10/2009) “o
edital relativo a concurso público obriga não só a candidatos como
também a Administração Pública”. Assim, requer a avaliação das
ponderações apresentadas, de modo a promover a anulação da questão.
Recurso Discutindo o Mérito – Pedido de Anulação/Alteração
Cargo 45 – Caderno de Provas/Gabarito I
Questão objeto do Recurso: 85
Texto da questão: É facultado ao empregador dispensar empregado membro
da comissão de conciliação prévia. E
Texto do Recurso (a ser inserido no formulário eletrônico):
A questão tem como tema a estabilidade do membro da CCP. Conforme o
gabarito, considerou-se a afirmativa errada.Apesar da compreensão
inicialmente estabelecida por esta Banca Examinadora, requer a ponderação
de que a CLT faz distinção quanto à estabilidade do membro da CCP, no
sentido de limitar ao representante dos empregados (art. 625-B, §1º). Porém, a
questão não esclareceu de qual modalidade de membro se tratava, o que
compromete a compreensão. Partindo da premissa de que o membro não é
representante dos empregados, a alternativa estaria correta. Destaca-se que
esta mesma distinção para efeito foi tratada na questão 71, o que passa a ser
uma questão de coerência. Assim, requer a avaliação das ponderações
apresentadas, de modo a promover a alteração do gabarito ou anulação da
questão.
III.2- Exemplos de Recursos de Redação e Provas Dissertativas:
III.2.1- Exemplo de recurso da Redação do Concurso do MPU-2010
(elaborado para aluna):
Conforme o parâmetro de correção, no item 2.4, considerou-se como critério a
apresentação de “Fundamentos, dispostos na Lei Complementar n.º 75/1993,
aplicáveis pelo ministério público à situação”. Segundo o espelho de correção
desta candidata, do universo total de 2,0 pontos, atribuiu-se pontuação 0,80.
Não obstante a referida compreensão inicialmente adotada, requer a
ponderação dos aspectos que passa a discorrer.

Analisando o conteúdo da resposta, no primeiro parágrafo da primeira página


da redação, foi apresentada a definição dos papéis do Ministério Público,
inclusive com a indicação de existência de previsão constitucional, tendo sido
apontada a atuação na defesa de interesse transindividuais e direitos
fundamentais, como o direito à saúde. Destaca-se ainda que no parágrafo
seguinte (linha 11), foi expressamente indicada a Lei Complementar 75/93,
também como fundamento para a atuação do Ministério Público.

Portanto, foi exaurida a fundamentação correspondente ao parâmetro de


correção indicado no espelho. Diante das referidas ponderações, requer a
verificação da possibilidade de reconsiderar a pontuação atribuída, de modo a
assegurar a menção integral inerente ao presente item.

III.2.2- Sugestão de Modelo elaborada para o Exame da OAB – 2º/2010


ITEM 11 DA PEÇA- para quem não colocou protesto por produção de
provas
Conforme o parâmetro de correção, considerou-se como critério a necessidade
de apresentação de protesto pela produção de provas. Segundo o espelho de
correção deste candidato, atribuiu-se pontuação 0 (zero).

Não obstante a referida compreensão inicialmente adotada, requer a


ponderação de que, conforme o disposto no art. 845 da CLT, as partes
comparecem à audiência e produzem as provas que assim pretenderem,
inclusive provas documentais, independente de requerimento ou protesto
anterior. Assim, inexiste qualquer modalidade preclusiva pela ausência de
protesto na contestação, seja de natureza consumativa, seja de natureza
lógica.

Neste sentido, salienta que num cenário processual-forense-real, o Magistrado


não poderia indeferir a produção de provas, por parte do reclamado, tendo por
fundamento a ausência de protesto na contestação, sob pena de configurar
cerceamento de defesa. Por conseguinte, este candidato considerou que o
protesto não seria requisito da contestação, inclusive por falta de previsão legal
específica.

Portanto, diante das referidas ponderações, requer a verificação da


possibilidade de reconsiderar a pontuação atribuída, de modo a assegurar a
menção integral inerente ao presente item.

ITEM 02 DA PEÇA- para quem não falou da inépcia, mas rebateu o pedido
no mérito
Conforme o espelho de correção,considerou-se como parâmetro de resposta a
necessidade de articulação da preliminar de inépcia da petição inicial. Apesar
deste candidato ter refutado o pedido de indenização por danos morais no
plano do mérito, atribuiu-se a pontuação 0.
Não obstante a compreensão adotada por esta Eg Banca, destaca-se que
mesmo não tendo esta candidato articulado a preliminar de inépcia, no mérito o
pedido que seria objeto da preliminar foi devidamente refutado. Neste sentido,
cabe destacar que, por um lado, a inépcia, seria passível de conhecimento de
ofício pelo Magistrado, o que dispensaria, numa situação real-processual-
forense, a provocação da parte.

Já a refutação no mérito, não seria passível de análise de ofício, o que não foi
considerado como critério de correção. Assim, numa situação real-processual-
forense, o interesse da parte reclamada estaria mais adequadamente
defendido com a refutação no mérito, do que apenas com aa argüição da
preliminar. Contudo, esta postura mais cautelosa e de maior preservação do
interesse da parte defendida não foi pontuada. Ou seja, numa situação real, o
advogado mais diligente consiste naquele que refuta o pedido no mérito, e não
aquele que se limita à preliminar.

Dessa forma, não obstante a compreensão inicialmente adotada, diante dos


fundamentos apresentados, requer a verificação da possibilidade de
reconsiderar a pontuação atribuída.

QUESTÃO 03-3º ITEM- para quem sustentou a possibilidade de


substituição da testemunha
Conforme o parâmetro de correção, considerou-se o critério resposta no
sentido da impossibilidade de substituição da testemunha. Segundo o espelho
de correção deste candidato, que apresentou como resposta a legitimidade da
substituição, atribuiu-se pontuação 0 (zero).

Não obstante a referida compreensão inicialmente adotada, requer a


ponderação de que, ainda que esta Eg Banca adote o entendimento
considerado no espelho, há fundamento jurídico para a tese no sentido
contrário, mesmo não contando com a concordância destes Doutos
Examinadores. Conforme o disposto no art. 825 da CLT, as testemunhas
devem comparecer independente de intimação. Tal regra implica em algumas
conseqüências, dentre estas a inaplicabilidade ao Processo do Trabalho do rol
previsto no art. 407 CPC.

Assim, não há vinculação da parte à testemunha previamente indicada ou de


oitiva pretendida. Da mesma forma, inexiste preclusão para parte, no sentido
de vinculação à testemunha anteriormente indicada. Conclusão contrária
implicaria em adotar, de forma indireta, o art. 407 do CPC e mitigar o art. 825
da CLT.
Destaca-se que numa situação processual-forense-real, havendo decisão de
indeferimento por parte do Magistrado, o advogado teria os referidos
argumentos em seu favor, o qual poderia ser objeto de argüição de nulidade
por cerceamento de defesa. Ainda que não houvesse certeza para o
acolhimento, fundamento existe. E dessa maneira, mesmo discordando,
requer, por parte desta Eg Banca, a avaliação da tese adotada por este
candidato.

Neste termos, diante das referidas ponderações, requer a verificação da


possibilidade de reconsiderar a pontuação atribuída, de modo a assegurar a
menção integral inerente ao presente item.

QUESTÃO 4-A – HORAS EXTRAS – para quem invocou a Súmula 338 e


alegou ser o ônus da prova da reclamada
Conforme o parâmetro de correção, considerou-se como critério a
apresentação da tese de que o ônus da prova das horas extras seria do
reclamante, com fundamento nos arts. 818 da CLT e 333, I do CPC. Segundo o
espelho de correção deste candidato, que apresentou como fundamento de
resposta a tese da Súmula 338 do TST, atribuiu-se pontuação 0 (zero).

Não obstante a referida compreensão inicialmente adotada, requer a


ponderação de que, conforme o enunciado da questão, o objeto da prova
envolvia a desconstituição do registro de horário. No entanto, não foi
explicitado se este registro seria invariável ou variável. Conforme a tese da
Súmula 338, III do TST existem duas modalidades de registro de horário, os
variáveis e os invariáveis. No caso dos invariáveis o ônus da prova é de quem
apresenta e dos variáveis é de quem promove a impugnação.

Como a questão não explicitou qual a modalidade de registro seria, este


candidato considerou a modalidade invariável, o que exige a invocação da
Súmula 338. Mas independente da interpretação deste candidato acerca da
questão, o fato é que a não explicitação da modalidade de registro seria
fundamento legitimador para que o candidato considerasse uma das
modalidades possíveis.

Assim, diante das referidas ponderações, requer a verificação da possibilidade


de reconsiderar a pontuação atribuída, de modo a assegurar a menção integral
inerente ao presente item.

QUESTÃO 2-B – para quem só falou da irrecorribilidade da decisão:


Conforme o espelho de correção,considerou-se como parâmetro de resposta a
menção à natureza interlocutória da decisão proferida e a sua irrecorribilidade
imediata, valorando-se como pontuação máxima 0.2. Conforme o espelho de
correção, atribuiu-se ao presente candidato a pontuação 0.

Não obstante a compreeRodrigonsão inicialmente adotada, na resposta


apresentada foi expressamente mencionado o caráter irrecorrível da decisão.
Assim, ainda que não mencionada a natureza interlocutória, o outro elemento
para a resposta completamente correta foi apresentado.

Dessa forma, considerando que ao menos parte do parâmetro considerado na


correção foi atendido, requer a verificação da possibilidade de reconsiderar a
pontuação atribuída, de modo a assegurar ao menos a metade da pontuação.

PS: PASSADA A PROVA E OS RECURSOS, SUGIRO A LEITURA DO


TEXTO QUE ESTÁNESTE LINK, SOBRE O QUE FAZER EM RELAÇÃO AOS
ESTUDOS.

Como fazer recurso de provas de concurso?

O recurso de provas de concurso serve para que o


candidato que se sentiu lesado pela correção ou gabarito da prova possa recorrer
administrativamente. Assim, o candidato deverá solicitar formalmente que sua prova e/ou
gabarito seja revisto pela Banca Examinadora. Nesta solicitação, denominada "Recurso
de Prova" deve incluir o número da questão e a argumentação. Essa argumentação é o
porquê o candidato discorda da correção do examinador.

O candidato deverá ser claro, consistente e objetivo na elaboração de seu recurso. A


respeito de aspectos gramaticais, a gramática deverá ser a base da fundamentação.
Porém, se for acerca de conteúdo, deverá incluir a legislação pertinente ou jurisprudência
relativa ao assunto ou então, alguma citação de livro, de preferência incluso na própria
bibliografia do edital. Sempre indicando o título do livro e a respectiva página.

O edital geralmente normatiza quais as regras que o candidato deverá observar para
entrar com recurso. Essas regras podem incluir o formato da solicitação, o tamanho
máximo de páginas, as datas limites para apresentar o recurso e o local onde deve ser
entregue a documentação. Alguns dias depois, a Banca Examinadora divulga o resultado
final do Concurso, então torna-se público se o recurso foi aceito ou indeferido. A banca
tem por obrigação analisar todos os recursos dos candidatos, mas não é obrigada a acatá-
los. Por isso, é muito importante que o candidato escreva claramente o seu recurso,
inclusive, pode solicitar ajuda de professores ou especialistas na área.

O recurso deverá primar pela clareza, objetividade, simplicidade vocabular, organização


de informações, fundamentação e correção gramatical. Outros pontos que também pode-
se recorrer é, se algum item do conteúdo da prova ficou fora da bibliografia abrangida no
edital, ou se a soma dos pontos ficou incorreta.

Dicas Importantes:

 No cabeçalho, usa-se Sr. Examinador


 Depois, coloca-se o que se pretende: Interpor recurso para revisão de prova
 Em seguida, expõe-se a questão com fundamentação doutrinária
 Então, faze-se o pedido de forma sucinta e objetiva
 Não se deve responder novamente a questão, e sim, argumentar contra a resposta do
examinador, apresentando fundamentos comprobatórios.

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