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Análise Psicológica (1998), 4 (XVI): 675-690

Stress

ABEL MATOS SANTOS (*)


JOÃO JÁCOME DE CASTRO (**)

1. O STRESS onde as respostas adaptativas podem ser especí-


ficas ao estressor ou não específicas e generali-
zadas (Chrousos, Loriaux, & Gold, 1988).
1.1. Desenvolvimento histórico e definição de Estes conceitos contemporâneos em relação
Stress ao Stress, foram evoluindo ao longo de mais de
dois milénios. No princípio da era clássica, He-
Os organismos vivos sobrevivem por conse- ráclito foi o primeiro a sugerir que um estado es-
guirem manter um harmonioso equilíbrio, imen- tático, sem mudança não era uma condição na-
samente complexo e dinâmico ou homeostasia, tural, mas antes que a capacidade de sofrer mu-
que é constantemente contrariada e posta em danças constantes era intrínseca a todas as coi-
causa por factores de distúrbio intrínsecos e ou sas. Depois, Empédocles sugeriu que toda a ma-
extrínsecos, os estressores ou factores de Stress téria consistia em elementos e qualidades, numa
(Chrousos, Loriaux, & Gold, 1988). oposição ou aliança dinâmicas uns com os ou-
Este estado seguro e constante, necessário tros, e que esse equilíbrio ou harmonia era con-
para uma adaptação bem sucedida, é mantido por dição necessária para a sobrevivência dos orga-
forças opostas de restabelecimento, ou respostas nismos vivos (Chrousos, & Gold, 1992).
adaptacionais que consistem num extraordinário Cem anos mais tarde, Hipócrates comparou a
repertório de reacções físicas e psicológicas. saúde a um equilíbrio harmonioso dos elementos
Estas respostas tentam contrariar os efeitos dos e qualidades da vida e comparou a doença a uma
estressores ou factores indutores de Stress, de desarmonia sistemática desses elementos. Os
forma a restabelecer a homeostasia. Neste con- termos «discrasia» e «idiossincrasia» derivam do
texto, podemos definir o Stress como um estado conceito Hipocrático de saúde e doença que tra-
de desarmonia ou de homeostasia ameaçada, duzem respectivamente, uma mistura defeituosa
ou peculiar dos elementos. Hipócrates sugeriu
ainda que as forças perturbadoras que produziam
a desarmonia da doença derivavam de causas na-
(*) Psicólogo Clínico. Núcleo de Endocrinologia, turais e não sobrenaturais, e que as forças de
Diabetes e Metabolismo do Hospital de Santa Maria adaptação ou contrárias eram também de origem
em Lisboa.
(**) Endocrinologista. Director da Unidade de En-
natural. Por conseguinte, introduziu o conceito
docrinologia, Diabetes e Metabolismo do Hospital Mi- de que «a natureza é a cura da doença», uma no-
litar Principal. Faculdade de Medicina de Lisboa. ção que mais tarde os Romanos utilizaram para

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se referirem às forças adaptativas ou contrárias ou perigosos e que por esse motivo provocam
como «Vis Mediatrix Naturae» ou o poder cura- sentimentos e situações de tensão, são denomi-
tivo da natureza (Chrousos, & Gold, 1992). nados de estressores ou de acontecimentos trau-
Epicúro, entretanto sugeriu que a mente po- máticos de vida.
deria influenciar e estar entre as forças curativas. Os investigadores que seguiram esta con-
Escreveu que a ataraxia ou imperturbabilidade cepção estudaram o impacto de uma grande va-
da mente, representava um estado particularmen- riedade de acontecimentos traumáticos de vida
te desejado e agradável. ou estressores, incluindo (1) acontecimentos ca-
Nos anos da Renascença, Thomas Sydenham tastróficos, como tremores de terra ou tornados,
alargou o conceito Hipocrático de doença, como (2) acontecimentos de vida mais traumáticos, co-
uma sistemática desarmonia provocada por for- mo a morte de um familiar ou ser despedido, e
ças perturbadoras, quando sugeriu que uma res- (3) circunstâncias crónicas como habitar em lo-
posta adaptativa individual a essas forças poderia cais super povoados ou trabalhar em sítios baru-
por si só provocar alterações patológicas no su- lhentos (Sarafino, 1994).
jeito. Claude Bernard ampliou a noção de har- De acordo com o mesmo autor, a segunda
monia ou estado de equilíbrio no século XIX, concepção encara o Stress como uma resposta,
quando introduziu o conceito de «milieu inte- centrando-se nas reacções das pessoas aos
rieur» ou o princípio de uma equilibrada dinâ- acontecimentos estressores. Um exemplo disto é
mica fisiológica interna (Chrousos, & Gold, quando um indivíduo usa a palavra stress para se
1992). referir ao seu estado de tensão ou quando diz
Mais tarde Walter Cannon (1929) introduziu o «sinto uma enorme quantidade de stress quando
termo «homeostasia» e alargou o conceito ho- tenho de falar em público», por exemplo. Assim
meostático aos parâmetros emocionais e físicos.
a resposta tem duas componentes relacionadas; a
Descreveu ainda as reacções de ataque ou fuga e
psicológica e a fisiológica.
fez a ligação entre as respostas adaptativas ao
A componente psicológica envolve o compor-
Stress, com a secreção de catecolaminas.
tamento, padrões de pensamento e as emoções,
Nos anos trinta, Hans Selye (1956) foi buscar
como quando um sujeito se sente «nervoso». A
aos físicos o termo Stress, utilizando-o para de-
componente fisiológica envolve um incremento
nominar as acções mútuas de forças que têm lu-
do despertar orgânico, aumento do ritmo cardía-
gar através de qualquer parte do nosso organis-
mo. Levantou a hipótese de que uma série de co, secura da boca, sensação de estômago aperta-
acontecimentos estereotipados, psicológicos e fi- do e sudação excessiva.
siológicos, ocorridos em doentes graves, repre- A resposta psicofisiológica a este tipo de
sentavam a consequência de severas e prolonga- acontecimentos de vida indutores de Stress, de-
das respostas adaptativas. Referiu-se a este esta- nomina-se de resposta tensional ou de tensão
do como o «Síndroma de Adaptação Geral ou (Sarafino, 1994).
Síndroma de Stress» (SAG ou SS) e redefiniu o A terceira concepção sobre o Stress descreve-
conceito de Sydenham sobre doenças de adapta- o como um processo que inclui acontecimentos
ção. estressores e respostas de tensão, adicionando
Actualmente o Stress conceptualiza-se de três um factor importantíssimo; a relação entre a
formas distintas (Baum, 1990; Coyne, & Hol- pessoa e o meio que a envolve (Lazarus, &
royd, 1992; Hobfoll, 1989; cit. por Sarafino, Folkman, 1984a, 1984b; Mechanic, 1976). Este
1994). Um dos conceitos centra-se no ambiente, processo envolve interacções contínuas e ajus-
descrevendo o Stress como um estímulo. Isto po- tamentos, denominados de transacções ou trocas,
de-se constatar na forma como as pessoas se re- entre a pessoa e o meio, cada uma influenciando
ferem à origem ou causa da sua tensão, descre- e sendo influenciada pela outra.
vendo-a como sendo um acontecimento ou con- De acordo com esta perspectiva, o Stress não
junto de circunstâncias. Por exemplo, ter um em- é somente um estímulo ou uma resposta, mas
prego altamente stressante. antes um processo no qual o indivíduo é um
Os acontecimentos ou circunstâncias que nós agente activo que pode influenciar o impacto de
percepcionamos e sentimos como ameaçadores um acontecimento estressor através de estraté-

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gias comportamentais, cognitivas ou emocionais face à ameaça ou para desencadear a fuga (Can-
(Sarafino, 1994). non, 1929).
Os sujeitos diferem na quantidade de tensão Nas respostas de ataque ou fuga, a percepção
que desenvolvem perante o mesmo agente estres- do perigo leva o Sistema nervoso simpático a
sor, como perder o emprego e ficar preso no trân- estimular o Sistema endócrino, nomeadamente
sito. Um sujeito pode ficar no trânsito e começar as glândulas supra-renais, para secretarem
a buzinar enfurecido e outro pode simplesmente substâncias como a adrenalina ou epinefrina que
ligar o rádio e descontrair ouvindo música. levam à estimulação geral do organismo e poten-
Para definir o Stress utilizaremos ideias de di- ciam as suas capacidades. Cannon referiu que
versos autores (Cox, 1978; Lazarus, & Folkman, esta estimulação do organismo pode ter simulta-
1984b; Mechanic, 1976; Singer, & Davidson, neamente efeitos positivos e negativos. A res-
1986; Trumbull, & Appley, 1986; cit. por Sara- posta de ataque ou fuga é adaptativa, porque mo-
fino, 1994). biliza o organismo a responder rapidamente às
Stress é a condição que resulta quando as tro- situações de perigo, mas o estado de elevada es-
cas (transacções) pessoa/meio ambiente, levam o timulação orgânica pode ser nocivo e prejudicial
indivíduo a perceber, sentir uma discrepância, à saúde se for prolongado.
que pode ser real ou não, entre as exigências de Em 1936, Hans Selye foi aos físicos buscar o
uma determinada situação e os recursos do indi- termo Stress e apresentou o conceito de resposta
víduo, ao nível biológico, psicológico ou de sis- generalizada à agressão, tendo como objectivo a
temas sociais. sobrevivência do ser agredido. Uma agressão ou
Pelos conceitos atrás definidos, constata-se estressor de qualquer natureza, física, psicoló-
que os Acontecimentos Traumáticos de Vida ou gica, ou outra, induz no organismo Stress, pro-
agentes estressores produzem tensão nas pessoas voca uma reacção de alarme, mobilizando ener-
ao nível biológico, psicológico e dos sistemas gias para a sobrevivência. Criou o conceito de
sociais, surgindo aquilo a que se chama de Síndroma de Adaptação Geral (SAG), que adian-
«Reacções Biopsicossociais ao Stress». te se explana.

1.2. Aspectos biológicos do Stress 1.2.1. O Síndroma de Adaptação Geral

É sabido que um indivíduo submetido a even- Hans Selye estudou as consequências que se
tos indutores de Stress, como a proximidade de produzem no organismo quando este é subme-
acidente ou outra emergência, tem reacções fi- tido a grandes «quantidades» de Stress. Com esta
siológicas próprias a este tipo de situação. Por finalidade induziu, em animais de laboratório,
exemplo, o ritmo cardíaco e respiratório aumenta uma variedade de agentes estressores, como
de imediato e pouco depois os músculos podem raios X, grandes variações térmicas, injecções de
tremer, especialmente nos braços e pernas. O insulina e exercício, por um longo período de
organismo é estimulado e motivado para se de- tempo. Observou também pessoas sob a influên-
fender. Depois da emergência esta estimulação cia de Stress, por motivo de doença.
orgânica diminui (Sarafino, 1994). Com o decorrer desta investigação, descobriu
O Sistema nervoso simpático e o Sistema en- que as respostas de ataque ou fuga eram apenas a
dócrino, são os responsáveis por esta mobiliza- primeira reacção, numa sequência de outras
ção geral, como veremos mais adiante (Chrou- reacções que o organismo humano produz quan-
sos, & Gold, 1992). do o Stress é constante e duradouro (Selye,
Em 1929, o distinto fisiologista Walter Can- 1936, 1956, 1985).
non descreveu de forma sucinta a forma como o Selye (1936) denominou esta sucessão de
organismo reage às situações de emergência. reacções fisiológicas de Síndroma de Adaptação
Interessou-se nas reacções fisiológicas de pes- Geral (SAG). Como se pode ver na Figura 1, o
soas e animais, como resposta a situações de vi- SAG consiste em três estadíos ou fases.
vência de perigo. Estas reacções foram denomi-
nadas de respostas de ataque ou fuga (fight-or- a) Reacção de alarme
flight), porque preparam o organismo para fazer O primeiro estadío do SAG é semelhante à

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FIGURA 1
O SAG
(Serafino, 1994)

resposta de ataque ou fuga de Cannon perante bras perante um factor de Stress extremamente
uma emergência. A sua função primordial é a de forte e intenso, morreram em horas ou dias.
mobilizar todos os recursos do organismo. No
primeiro momento da reacção de alarme, a esti- b) Fase de resistência
mulação e o despertar orgânico, avaliados por Se o agente indutor de Stress se mantém acti-
exemplo pela pressão arterial, descem abaixo vo, mas não é suficientemente severo para causar
dos valores normais por momentos para depois a morte, as reacções fisiológicas entram na deno-
subirem rapidamente acima dos valores de refe- minada fase de resistência. É nesta fase que o or-
rência. ganismo se tenta adaptar ao factor causador de
Este incremento rápido da estimulação orgâni- Stress.
ca resulta da libertação de hormonas pelo sis- A estimulação fisiológica diminui significati-
tema endócrino. A Hipófise ou glândula pituitá- vamente, mas continua acima dos parâmetros
ria produz e liberta para o sangue ACTH (Adre- normais, sendo o organismo cheio de hormonas
nocorticotrofinas), que por sua vez vão provocar libertadas pelas glândulas supra-renais.
uma elevada secreção, por parte das glândulas Apesar desta contínua estimulação fisiológica,
supra-renais, de cortisol. As supra-renais são o organismo pode apresentar poucos sinais exte-
também responsáveis pela elevação dos níveis de riores de Stress.
adrenalina e noradrenalina, em circulação san- A capacidade para resistir e enfrentar novas
guínea, por influência do sistema nervoso simpá- situações de Stress pode ficar comprometida
tico. por longos períodos de tempo. De acordo com
No final deste estadío o organismo está total- Selye, um exemplo claro deste comprometimen-
mente mobilizado para fazer face ao agente to de funções ou diminuição de capacidades é o
stressor. Contudo, o organismo não pode manter facto de o organismo se ir tornando progressiva-
a intensa estimulação orgânica da reacção de mente vulnerável a problemas de saúde. Selye
alarme por muito tempo. chamou de «doenças de adaptação» a este tipo
Alguns organismos que experienciaram uma de problemas de saúde, que inclui úlceras, hiper-
fase de reacção de alarme contínua e sem que- tensão arterial, asma e doenças que surgem por

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comprometimento e diminuição da função imu- Estas hormonas de resposta rápida, vão ainda
nitária. estimular as células hipotalâmicas produtoras de
CRH (corticoliberina), activando a libertação e
c) Fase de exaustão formação de ACTH (adrenocorticotrofinas), hor-
A estimulação fisiológica prolongada, com os mona estimuladora do córtex supra renal de que
seus níveis continuamente elevados, causada resulta a libertação de aldosterona, causando a
por repetidos ou severos Acontecimentos Trau- retenção de sódio, aumentando a pressão arterial,
máticos de Vida ou Stress é muito dispendiosa expandindo o líquido extracelular e aumentando
para o organismo, podendo causar-lhe danos ir- os níveis de cortisol que reforça a capacidade
reparáveis e até a morte. Enfraquece o sistema energética (Manso, 1997).
imunitário e esgota as reservas energéticas do or- Assim, a resposta sistema nervoso simpáti-
ganismo até um ponto onde a capacidade de re- co/medula suprarrenal e a resposta do eixo H-H-
sistência se torna muito baixa. É nesta altura que -SR (Hipotálamo-Hipófise-Suprarrenal) são da
a fase de exaustão começa. mesma natureza e completam-se. A resposta H-
Se os factores de Stress continuam a influen- -H-SR é mais lenta, mas mais intensa (Manso,
ciar o organismo, então é bastante provável que 1997).
as doenças e as lesões fisiológicas e psicológicas Deste modo, a mobilização rápida de energia,
comecem a aumentar, podendo a morte ocorrer o estímulo hipertensor e a retenção de líquidos,
como fim último deste processo. apresentam-se como factores que podem assegu-
Em termos biofisiológicos, as primeiras rar a sobrevivência, atingindo-se a fase de
hormonas a serem produzidas são as catecolami- adaptação do SAG. Contudo, um estímulo exces-
nas. Depois, surge a noradrenalina unindo-se aos sivo ou repetido pode levar à fase de esgotamen-
receptores alfa, provocando um aumento da to e consequentemente à morte. No caso de so-
pressão arterial. Por sua vez a adrenalina vai es- breviver, e sob as mesmas condições, manteria
timular os receptores beta, pondo em circulação um sofrimento crónico (distress) causador de do-
glucose e ácidos gordos essenciais à formação de ença física ou psicológica (Figura 2).
energia, por fenómenos de glicogenólise e lipó- Sabe-se ainda que a ACTH, que resulta de
lise (Manso, 1987-97). uma molécula gigante (POMC-proópiomelano-

FIGURA 2
O ciclo vicioso do Stress
(Manso, 1997)

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corticotrofina), está envolvida na libertação de resposta menos emocional, como o aumento
outras substâncias, como a lipotropina que esti- gradual da temperatura.
mula a hipófise libertando energia armazenada e Após estudos exaustivos sobre os mais diver-
a endorfina que possui um poder analgésico, fa- sos factores de Stress e hormonas, Mason
vorecendo a resistência à dor. As melanotropi- (1975), concluiu que «não foram encontradas
nas, estimulam a atenção e a motivação, colo- evidências de que uma só determinada hormona
cando os sujeitos em estado de alerta (Numa, & responda a todos os estímulos de uma forma
Nakanishi, 1981). absolutamente específica» (1975, p. 27). Por
As respostas inespecíficas, são mediadas por exemplo alguns factores indutores de Stress le-
nervos sensitivos que trariam as sensações ao vam ao aumento de adrenalina, noradrenalina e
cérebro, activando o sistema nervoso simpático e cortisol, enquanto outros estressores só levam ao
a medula, que por sua vez activariam a síntese e aumento de duas dessas hormonas. A investi-
libertação de CRH, a clivagem da POMC e a li- gação mostrou também que quando existe uma
bertação de neuropéptidos, actuando ao nível do forte resposta emocional associada, a libertação
sistema nervoso central e periferia (Kopin, dessas três hormonas associadas é mais intensa.
1995). A segunda razão é a de que os processos de
avaliação cognitiva parecem ter um papel rele-
1.3. Reacções orgânicas perante factores de vante nas reacções fisiológicas dos indivíduos
Stress diferentes aos factores de Stress. Esta relação foi estudada
por Tennes e Kreye (1985) cit. por Sarafino
O aumento na secreção de hormonas por parte (1994), que controlaram os níveis de cortisol na
das supra-renais foram encontrados em diversos urina de crianças do ensino primário, em dias
estudos realizados perante uma grande variedade normais de aula e dias de exame. O aumento es-
de factores indutores de Stress (Baum, Grunberg, perado dos níveis de cortisol em dias de exame
& Singer, 1982; Ciaranello, 1983). Estes agentes confirmou-se, mas não para todas as crianças. A
estressores incluem baixas temperaturas, ruído, inteligência destas crianças era um factor impor-
dor, restrições, competição desportiva, exames, tante.
andar de avião e estar em situações de multidão. Os resultados dos testes de inteligência foram
Selye (1956), acreditava que o SAG é não es- obtidos dos registos da escola e observou-se
pecífico em relação ao tipo de agente estressor. que os níveis de cortisol, nos dias de exame, au-
Isto é, as séries de reacções fisiológicas descritas mentaram para crianças com uma inteligência
no SAG irão ocorrer independentemente do acima da média, mas não para crianças com ní-
factor de Stress resultar de baixa temperatura, de veis de inteligência abaixo da média.
doença, exercício físico, morte de um familiar ou A influência da inteligência sugere que as
outro qualquer. Contudo, apesar dos vários facto- crianças intelectualmente mais dotadas, se preo-
res de Stress aumentarem a secreção de hormo- cupam mais com o seu desempenho académico,
nas das glândulas supra-renais, a noção de não e por isso, encaram os exames de uma forma
especificidade não tem em consideração proces- mais ameaçadora do que as outras crianças.
sos psicossociais importantes. Em suma, o SAG assume de forma incorrecta
Existem pelo menos duas razões pelas quais que todos os factores indutores de Stress, pro-
se equaciona este facto como um problema im- duzem as mesmas reacções fisiológicas e falha
portante. na não inclusão do papel dos factores psicosso-
A primeira reside no facto de alguns factores ciais no Stress, no entanto a sua estrutura básica
de Stress provocarem uma resposta emocional parece válida e actual.
mais forte do que outros. Isto é importante na
medida em que a quantidade de hormonas liber- 1.4. Aspectos psicossociais do Stress
tadas em reacção a um stressor que envolve uma
forte resposta emocional, como um aumento sú- Nesta conjectura pode-se ver como conjugar
bito da temperatura ambiente pode produzir, pa- os sistemas biológicos, psicológicos e sociais na
rece ser diferente da quantidade de hormonas vivência do Stress. Os acontecimentos traumáti-
libertadas perante um stressor que produza uma cos de vida ou os estressores produzem mudan-

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ças fisiológicas, mas os factores psicossociais b) Emoções e Stress
também possuem um papel preponderante. Com O ser humano, logo na sua fase de recém-
a finalidade de compreender melhor estas inter- nascido, cedo apresenta expressões motoras, vo-
relações, examinemos o impacto do Stress nos cais e faciais. Estas expressões, por exemplo as
sistemas cognitivos, emocionais e sociais das faciais, traduzem emoções como a aversão a cer-
pessoas. tos alimentos ou o prazer que se sente perante
um estimulo agradável. Cada emoção tem um re-
a) Cognição e Stress gisto facial especifico (Sarafino, 1994).
Vários estudos avaliaram os efeitos do Stress Citando uma proeminente investigadora em
sobre as capacidades cognitivas. emoções infantis, Carroll Izard (1979) cit. por
Níveis elevados de Stress enfraquecem, preju- Sarafino (1994), onde afirma que «os recém-
dicam a memória e a atenção das pessoas du- nascidos não manifestam todas as expressões
rante actividades cognitivas (Cohen, Evans, Sto- emocionais que irão desenvolver, mas manifes-
kols, & Krantz, 1986; cit. por Sarafino 1994). tam várias emoções como a aversão, a angústia e
Um exemplo disto, é um aluno submetido a o interesse», pode-se entender melhor estudos
uma prova de avaliação que tem a resposta «na sobre expressões emocionais de bebés.
ponta da língua», não conseguir invocá-la na- É o caso de uma investigação com bebés dos
quele momento e antes da prova ser capaz de o 2 aos 19 meses, com o objectivo de estudar as
fazer, bem como depois. suas expressões emocionais perante o factor de
O ruído pode ser um factor de Stress. Muitas Stress, que era o de receberem as suas vacina-
pessoas vivem em ambientes de ruído crónico, ções habituais naquele intervalo de idades. As
como auto-estradas ou linhas férreas. É sabido expressões manifestadas após a penetração da
que há indivíduos que conseguem lidar melhor agulha eram principalmente de angústia e irrita-
com esta situação abstraindo-se dos ruídos cró- bilidade ou ira. As emoções principais dos bebés
nicos e focalizam a sua atenção em outras tarefas mais novos era de angústia, mas os mais velhos
cognitivas relevantes. No entanto o desempenho apresentavam imediatamente e de forma domi-
cognitivo será certamente afectado. Cohen nante a irritabilidade ou ira como emoção pri-
(1980) cit. por Sarafino (1994), avançou a hipó- mordial, provavelmente porque se tornaram mais
tese de crianças que tentavam evitar o registo de capazes de agir por eles mesmos (Izard, Hem-
ruídos crónicos, pudessem vir a desenvolver bree, Dougherty, & Spizzirri, 1983).
défices cognitivos generalizados, pelo facto de A irritabilidade ou ira estimula o tipo de reac-
terem dificuldade em saber quais os sons que ção defensiva, enquanto a angústia sinaliza a ne-
deviam dar atenção e quais aqueles que deviam cessidade de ajuda. É neste sentido que se pode
ignorar. Outros estudos vieram corroborar esta compreender o facto de as emoções acompanha-
posição. É o caso de um estudo efectuado com rem o Stress, sendo comum utilizar o estado
crianças da segunda classe ao primeiro ano do emocional para avaliar o Stress.
ciclo preparatório, que viviam em apartamentos Os processos de avaliação cognitiva podem
perto de viadutos altamente barulhentos. Con- influenciar o Stress e as experiências emocionais
cluiu-se que estas crianças tinham mais dificul- (Maslach, 1979; Schachter, & Singer, 1962,
dade discriminativa entre pares de palavras (ex.: 1979). Por exemplo, pode-se vivenciar Stress e
house e mouse), do que outras que viviam em medo quando se encontra um toiro no campo,
apartamentos mais silenciosos (Cohen, Glass, & principalmente quando se sabe que ele é bravo.
Singer, 1973; cit. por Sarafino, 1994). A emoção produzida não seria de alegria ou ex-
Contudo não é só o Stress que pode afectar as citação, excepto se propositadamente se tentava
capacidades cognitivas, estas também podem encontrar ou pegar o toiro. Ambas as situações
potenciar e influenciar factores de Stress (Baum, produzem Stress, mas o sujeito exposto a este
1990). É o caso de um homem que imagina que a tipo de situação, certamente experiênciaria medo
companheira o trai ou um indivíduo que sofreu se a avaliação da situação fosse de ameaça e ex-
um acidente e continua a pensar nesse facto du- citabilidade se a avaliação fosse de desafio.
rante meses ou anos. Este tipo de pensamentos O medo é uma reacção emocional comum que
«perpetua» o Stress e pode torná-lo crónico. envolve dois componentes; o desconforto psico-

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lógico e a estimulação fisiológica em situações pessoas deprimidas tendem a ter uma disposição
ameaçadoras. Dos vários tipos e intensidades de habitualmente triste, sentem-se sem esperança
medos que as pessoas vivenciam no seu quoti- em relação ao futuro, apresentam-se passivas,
diano, podemos classificar a maioria em duas ca- descuidadas, indiferentes e apáticas, apresentam
tegorias: As fobias e a ansiedade (Sarafino, alterações nos hábitos de sono e de alimentação,
1994). possuem uma baixa auto-estima e frequente-
As fobias são medos intensos e irracionais que mente culpam-se por tudo de mal que lhes acon-
estão directamente associados a acontecimentos tece.
e situações específicas. As claustrofobias, que Outra reacção emocional comum ao Stress é a
representa o medo que algumas pessoas têm de irritabilidade ou ira, particularmente quando o
estarem fechadas em locais pequenos, são um indivíduo percepciona a situação como ameaça-
exemplo de fobia. dora ou frustrante. Esta situação pode-se obser-
A ansiedade pode-se descrever como uma var na reacção irritada e às vezes algo violenta
sensação vaga de inquietação e apreensão, uma de uma criança, quando se lhe tira o seu brinque-
estranha antecipação de um acontecimento imi- do favorito ou num adulto encurralado no trân-
nente, que envolve muitas vezes uma ameaça sito. A irritabilidade, raiva, ira ou cólera, como
inespecífica ou relativamente incerta. Um doente se lhe quiser chamar, tem importantes ramifica-
a aguardar uma intervenção cirúrgica ou o re- ções sociais, podendo por exemplo, causar com-
sultado de exames, bem como a percepção de um portamentos agressivos e violentos (Sarafino,
indivíduo que pode perder um ente querido, são 1994).
exemplos de situações geradoras de ansiedade.
Como se referiu, as crianças receiam determi- c) Comportamento Social e Stress
nadas coisas. Estas coisas, tendem a ser menos O Stress modifica o comportamento das pes-
concretas para passarem a ser mais abstractas e soas perante as outras. Nalgumas situações de
sociais, à medida que a idade da criança avança Stress, como tremores de terra, incêndios ou ou-
(Sarafino, 1986; cit. por Sarafino, 1994). tro acidentes catastróficos, muitas vezes as pes-
Na fase inicial da infância, muitas crianças soas trabalham em conjunto para salvarem a vi-
desenvolvem medos de coisas concretas, como da de outras pessoas. Provavelmente têm este ti-
animais, médicos ou dentistas. Muitas vezes es- po de atitude porque possuem um objectivo co-
tes medos surgem por causa de experiências ne- mum a atingir que requer um esforço conjunto.
gativas com essas coisas. Noutras situações de Stress, as pessoas podem-se
A capacidade cognitiva pode desempenhar tornar menos sociáveis ou adoptar uma postura
um papel importante no desenvolvimento ou mais hostil e insensível perante outros indivíduos
não, desses medos e receios, através da avaliação (Sherif, & Sherif, 1953; cit. por Sarafino, 1994).
que cada criança faz de determinada situação, Quando o Stress é acompanhado por irritabili-
muitas vezes influenciada por experiências pas- dade, o comportamento social negativo tende a
sadas. Numa fase mais avançada da infância, os aumentar. Donnerstein e Wilson (1976), de-
medos concretos tendem a diminuir, enquanto as monstraram que o Stress acompanhado de irri-
ansiedades relativas à escola, competências indi- tabilidade ou ira aumenta o comportamento
viduais e relações sociais começam a surgir e au- agressivo, mantendo-se os seus efeitos negativos
mentar (Sarafino, 1994). depois do acontecimento traumático terminar.
O Stress também pode levar a sentimentos de Estudos encontraram relações entre o Stress
tristeza ou depressão. Todos nós nos sentimos parental e o abuso de menores (Kempe, 1976;
por vezes deprimidos ou tristes. Este tipo de sen- Kolbe et al., 1986; cit. por Sarafino, 1994). O
timentos são uma parte normal da vida de qual- abuso de menores é um problema social impor-
quer criança ou adulto. A diferença entre depres- tante que põe em causa a saúde das crianças, o
são normal e patológica, tem a ver com o seu seu desenvolvimento físico e o seu ajustamento
grau de intensidade, frequência e duração (Quay, psicossocial. Um pai que esteja sob grande
& La Greca, 1986; cit. por Sarafino, 1994; Stress, como ter sido despedido, está mais pro-
Rosenhan, & Seligman, 1984,). pício a perder o controlo, zangar-se e bater no fi-
Segundo Rosenhan e Seligman (1984), as lho se ele fizer algo que lhe desagrade.

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O Stress afecta ainda os comportamentos de A idade do indivíduo é importante por se sa-
ajuda. Este facto foi demonstrado por um estudo ber que a capacidade do organismo combater as
efectuado num centro comercial (Cohen, & Spa- doenças vai aumentando na infância e vai
capan, 1978; cit. por Sarafino, 1994). Basica- diminuindo na idade avançada (Rogers, Dubey,
mente, manipulou-se a variável multidão no & Reich, 1979). Outro aspecto importante da
centro comercial para os sujeitos executarem de- idade é o facto do conceito de doença grave ser
terminadas tarefas, com o centro comercial cheio diferente ao longo da idade da pessoa. É o exem-
e vazio. No final das tarefas tinham de ir ter a plo das crianças que sob o efeito de doença, não
um corredor vazio onde o investigador o espera- se preocupam com o futuro, mas sim com o pre-
va e uma senhora deixava cair umas lentes de sente e o facto das suas actividades poderem fi-
contacto. Os sujeitos do grupo multidão elevada, car comprometidas. Possuem uma compreensão
tiveram menos comportamentos de ajuda perante limitada da doença e da morte (La Greca, & Sto-
a senhora das lentes de contacto que os outros ne, 1985). As preocupações em adultos doentes
sujeitos do grupo multidão baixa, que ajudaram incluem tipicamente preocupações e dificuldades
mais vezes. em relação ao futuro, como poderem ficar limita-
Deste modo e depois de todas as observações dos nas suas competências ou virem a morrer.
elaboradas, podemos constatar que os efeitos do Outra forma de Stress na pessoa é através do
Stress são muito abrangentes, envolvendo-se conflito interno, por forças motivacionais opos-
numa inter-relação entre os diversos factores tas. É exemplo disto, quando um indivíduo tem
dos sistemas biológicos, psicológicos e sociais. que escolher entre dois empregos ou entre dois
Mesmo quando o factor de Stress já não está tipos de tratamento médico. O conflito produz
presente, o impacto da sua vivência pode conti- duas tendências opostas: A aproximação e o
nuar. Existem pessoas que vivenciam mais situa- evitamento. Estas duas tendências produzem
ções de Stress do que outras, mas todos nós pas- três tipos básicos de conflito e são fontes impor-
samos por períodos de Stress nas nossas vidas. tantes de Stress (Lewin, 1935; Miller, 1989).
O Stress pode surgir de uma interminável
variedade de fontes. 1- Conflito de aproximação – surge quando o
sujeito se sente atraído por dois objectivos,
duas metas incompatíveis.
1.5. Aa causas que originam Stress ao longo
2- Conflito de evitamento – surge quando o
da vida
sujeito tem de decidir, optar por uma de du-
Todos os seres humanos, seja em bebés, crian- as situações que lhe são desagradáveis.
ças ou adultos, vivenciam situações de Stress. Os 3- Conflito de aproximação/evitamento – sur-
factores desencadeadores de Stress, variam ao ge quando o sujeito encontra vantagens e
longo da evolução da vida das pessoas, mas a desvantagens num determinado comporta-
condição de estar sob Stress pode existir em mento em relação a um objectivo ou situa-
qualquer altura da vida. ção.
Para melhor compreendermos as fontes que
originam o Stress nas pessoas vamos analisar, se- b) As causas na família
gundo Sarafino (1994), essas causas na pessoa, O comportamento, as necessidades e a perso-
na família e na comunidade e sociedade. nalidade de cada membro de uma família produ-
zem impacto e interagem com os outros mem-
a) As causas na pessoa bros desse sistema familiar, produzindo em algu-
Muitas das vezes as causas do Stress residem mas situações Stress.
na própria pessoa. Uma das formas do Stress sur- Assim podemos considerar que existem mui-
gir através da pessoa é pela doença. Este facto tas fontes geradoras de problemas no seio fami-
exige do indivíduo em termos dos sistemas bio- liar, como problemas financeiros, objectivos
lógicos e psicológicos, sendo o nível de Stress opostos, comportamentos não percebidos que
que essas exigências produzem, condicionado originam conflitos interpessoais. O impacto de
pela gravidade da afecção e idade do indivíduo um novo membro, a doença, a incapacidade e a
entre outros factores. morte na família são fontes de Stress.

683
Quando um bebé nasce, os pais vivenciam de voltar. A partir desta idade as crianças come-
situações geradoras de stress por causa das novas çam a perceber que a morte é irreversível e que
responsabilidades decorrentes do cuidar de uma os seus entes falecidos jamais voltarão (Speece,
criança. Para a mãe a tensão da gravidez, do par- & Brent, 1984).
to e do pós parto é causa de Stress, enquanto pa-
ra o pai a preocupação principal surge no facto c) As causas na comunidade e sociedade
de precisar ganhar mais dinheiro e na condição Os contactos e tarefas que as pessoas execu-
de saúde do filho e da mulher (Shapiro, 1987). tam no seu quotidiano, proporcionam muitas
O temperamento da criança influi no Stress situações de Stress, estando muitas das preocu-
vivenciado pelos pais. Uma criança que reage de pações de crianças e adultos associadas com as
um modo bastante negativo a pequenas contra- suas ocupações e uma variedade de factores do
riedades e irritações é muito stressante para os meio.
pais (Cutrona, & Troutman, 1986). Pode-se referir o emprego como uma fonte de
O surgimento de um novo bebé pode também Stress. Sabe-se que o excesso de trabalho está
ser um factor de Stress para outras crianças na associado com o aumento de acidentes e proble-
família (Honig, 1987; Rutter, 1983). Este Stress mas de saúde e que há actividades mais stres-
parece ser particularmente intenso nas crianças santes do que outras (Quick, & Quick, 1984). O
com dois ou três anos de idade, que não querem ambiente de trabalho, as relações interpessoais, o
partilhar os pais com o novo irmão, podendo nível de responsabilidade, o não reconhecimento
apresentar um comportamento mais solícito da do trabalho, o desemprego e a reforma são po-
proximidade da mãe, maiores períodos de sono e tenciais factores de Stress, podendo provocar
problemas de higiene.
alterações psicológicas e fisiológicas, como um
A doença ou incapacidade na família, seja em
abaixamento da auto-estima e hipertensão
crianças, adultos ou idosos, provoca Stress nos
arterial.
seus familiares, principalmente naqueles que
Os factores ambientais e os estímulos do
são dadores de cuidados aos que deles necessi-
meio, como o ruído exagerado e as zonas densa-
tam ou então naqueles que dependem directa-
mente habitadas ou o facto de se morar numa
mente da pessoa afectada. O tempo e a liberdade
da família é restringido, devido ao tempo neces- área que se sabe estar contaminada com produtos
sário para cuidar dum filho ou de uma pessoa nocivos para a saúde, induzem Stress no sujeito
doente, podendo causar importantes alterações (Baum, 1988).
nas relações interpessoais, sendo no caso de É desta forma que podemos assumir que o
doença crónica o factor de Stress prolongado no Stress envolve reacções biopsicossociais, po-
tempo, forçando a família a adaptar-se a esta si- dendo todo o tipo de eventos serem indutores de
tuação (Leventhal, Leventhal, & Van Nguyen, Stress na pessoa humana.
1985).
A morte de um membro da família produz 1.6. Formas de avaliação e medida do Stress
sempre impacto nos restantes membros, podendo
originar percas em termos de expectativas, espe- Fundamentalmente, utilizam-se três formas
rança em relação ao futuro. No caso de mães que para avaliar e medir o Stress. O registo dos ní-
perdem os seus filhos, a identidade e a capacida- veis de estimulação fisiológica, o registo da
de de ser mãe pode ficar seriamente afectada quantidade de Acontecimentos Traumáticos de
(Edelstein, 1984). Vida (Stressful Life Events), e o registo de pe-
No caso da morte do esposo(a), estes objecti- quenos acontecimentos quotidianos (daily
vos, esperanças e expectativas também se per- hassles).
dem, parecendo ser esta situação mais stressante Em termos de medidas fisiológicas, o registo
nos adultos jovens (Ball, 1976-77). de funções de muitos dos nossos sistemas orgâ-
No caso das crianças, a idade é um factor rele- nicos é o mais utilizado. Utilizam-se instrumen-
vante na forma como estas encaram a morte. Até tos que medem a pressão arterial, o ritmo cardía-
aos cinco anos de idade a criança acha que a co, o ritmo respiratório e a resposta galvânica da
pessoa que morreu apenas se ausentou e que po- pele, podendo ser medidos individualmente ou

684
ao mesmo tempo, utilizando um dispositivo de- para os registar e avaliar (Kanner, Coyne, Schae-
nominado polígrafo. fer, & Lazarus, 1981).
Outra forma de avaliar a estimulação fisioló- O Stress é um conceito difícil de definir e
gica, produzida pelo Stress, é através de análises ainda é mais difícil de medir. Mas, julgando das
bioquímicas do sangue e da urina, para medir o evidências que existem, parece que o Stress tem
nível de hormonas libertadas pelas supra renais. uma relação consistente mas moderada com a
Através desta forma, verifica-se principalmente saúde. O Stress é um dos muitos factores que
o nível de duas categorias de hormonas. Os cor- contribui para o desenvolvimento da doença
ticosteróides, onde o cortisol tem um papel fun- (Sarafino, 1994).
damental e as catecolaminas, onde se inclui a
adrenalina e a noradrenalina (Sarafino, 1994). 1.7. O Stress como agente não patológico
De acordo com o mesmo autor, as vantagens
deste tipo de avaliação de Stress, residem no Uma das razões pelas quais as avaliações do
facto de serem razoavelmente directas e objecti- Stress não possuem uma elevada correlação com
vas, de confiança e facilmente quantificáveis. As a doença, é porque nem todo o Stress prejudica a
desvantagens apontadas são o elevado custo saúde. É possível que alguns tipos e quantidades
deste tipo de abordagem, o facto da própria de factores de Stress sejam neutros e, talvez, até
técnica de avaliação induzir Stress no sujeito, benéficos para as pessoas (Seliger, 1986; cit. por
por tirar sangue e ser picado por uma agulha ou Sarafino, 1994).
ter eléctrodos ligados ao seu corpo, além de que Segundo o mesmo autor, algumas teorias so-
as características morfológicas e anatómicas do bre a motivação e estimulação afirmam que as
sujeito, o seu comportamento prévio e o consu- pessoas funcionam e sentem-se melhor sob um
mo de substâncias como a cafeína, alterarem a determinado nível de estimulação, adequado a
fidedignidade da avaliação. cada pessoa (Hebb, 1955; Fiske, & Maddi,
O registo de acontecimentos traumáticos de 1961). As pessoas diferem na quantidade de
vida é talvez a forma mais simples, menos dis- estimulação que é entendida como óptima para o
pendiosa e mais exacta para avaliar o Stress, já seu funcionamento, sendo este prejudicado se
que este resulta da variedade de estímulos (situa- existir estimulação a mais ou a menos (Figura 3).
ções, acontecimentos, locais, temperatura, famí- Segundo Selye (1985), nem todos os estados
lia, etc...) a que a pessoa está sujeita, sejam eles de Stress ou de ameaça à homeostasia, são no-
intrínsecos ou extrínsecos à própria pessoa. Com civos, havendo dois tipos de Stress que diferem
o intuito de objectividade foram criadas várias no seu impacto junto do indivíduo. O distress
escalas que avaliam o Stress, através da quanti- que é prejudicial e nocivo, e o eustress (do grego
dade de eventos na vida da pessoa que exigem eu, sign. bom) que é benéfico e construtivo. Se-
algum grau de ajustamento psicológico. A pri- lye acreditava que estados breves, suaves e con-
meira escala, a SRRS, foi desenvolvida por trolados de desafio à homeostasia, poderiam ser
Holmes e Rahe (1967). A cada acontecimento de vivenciados como agradáveis ou estimulantes e
vida é atribuído um valor de tensão ou Stress, poderiam ser um estímulo positivo ao desenvol-
atendendo ao impacto que tem na pessoa. vimento e ao crescimento intelectual e emocio-
Mas outras escalas vieram melhorar e poten- nal.
ciar a capacidade da avaliação do Stress através Eram as situações mais severas, prolongadas e
desta abordagem. É o exemplo da LES (Sarason, incontroláveis de distress psicológico e físico
Johnson, & Siegel, 1978), a PERI (Dohrenwend, que, segundo Selye, levavam a estados francos
Krasnoff, Askenasy, & Dohrenwend, 1978), e a de doença (Chrousos, & Gold, 1992).
UES (Lewinsohn, Mermelstein, Alexander, & Frankenhauser (1986), descreveu dois compo-
MacPhillamy, 1985). nentes do Stress. O distress ou angústia e o
E como nem todo o Stress surge de grandes effort ou esforço. Este autor conclui que a angús-
acontecimentos de vida, sendo os pequenos tia com ou sem esforço é provavelmente mais
acontecimentos quotidianos (daily hassles) prejudicial que o esforço sem angústia.
factores de Stress de relevo, criou-se uma escala Por último, Lazarus e Folkman (1984b), des-

685
FIGURA 3
Níveis óptimos de funcionamento e o SAG
(Hebb, 1955; Chrousos & Gold, 1992)

creverem três tipos de condição de Stress em de Stress. É o caso do divórcio numa família, on-
relação às pessoas. Perca-dano, ameaça e desafio. de aquele que fica com a criança se torna menos
Mas o que é comum a estas três posições, é a responsivo e atento às necessidades desta, tor-
ideia de que existe bom e mau Stress. O mau Stress nando-se descuidado na alimentação, horas de
envolve geralmente componentes emocionais ne- dormir e cuidados de higiene. Esta situação é
gativos. Os processos de avaliação cognitiva são descrita como «parentalidade diminuída» (Wal-
fundamentais para determinar no sujeito, a forma lerstein, 1983, cit. por Sarafino, 1994). O Stress
e o tipo de Stress que ele vai vivenciar. Outro fa- pode, assim, afectar o comportamento, compro-
ctor importante na influência do Stress na pessoa, metendo a Saúde.
é a susceptibilidade de cada indivíduo em relação A investigação demonstrou que indivíduos
aos seus efeitos, susceptibilidade esta que varia ao submetidos a níveis elevados de Stress, têm ten-
longo da vida e é influenciada por variáveis bio- dência a adoptarem comportamentos que aumen-
lógicas e psicossociais (Mason, 1975). tam a sua probabilidade de virem a ficar doentes
ou sofrerem um qualquer tipo de lesão (Wiebe,
1.8. As consequências do Stress na Saúde & McCallum, 1986). Indivíduos nestas situa-
ções, consomem mais álcool, tabaco e café do
A sequência causal entre o Stress e a doença, que outras pessoas que vivenciam níveis mais
pode desenrolar-se basicamente através de duas baixos de Stress (Conway et al., 1981) e como se
vias. Uma via directa, resultante das mudanças sabe o consumo dessas substâncias está associa-
que o Stress produz na fisiologia do organismo, do a várias doenças. Em pessoas que apresentam
ou uma via indirecta, afectando a saúde através quadros depressivos, a capacidade cognitiva, a
do comportamento humano (Sarafino, 1994). memória e a atenção estão obsessivamente cen-
tradas em ideias depressivas, influenciando de
a) Stress, Comportamento e Doença modo adverso a capacidade do indivíduo para a
A ligação comportamental entre o Stress e a evocação e concentração na aprendizagem e re-
doença pode ser observada em diversas situações solução de problemas práticos ou peculiares. A

686
assertividade é frequentemente transformada em aumento da pressão arterial e a possibilidade de
cuidado excessivo e ansiedade (Chrousos, & um acidente cardiovascular ou vascular cerebral
Gold, 1992). (Manuck et al., 1988; McKinney et al., 1984).
Deste modo, os factores comportamentais, Sabe-se que a libertação de algumas das hor-
como o abuso do álcool e a falta de cuidado, pro- monas, produzidas pelo sistema endócrino, em
vavelmente estão associados na elevada taxa de situações de Stress, compromete o funciona-
acidentes em pessoas sob Stress. Alguns estudos mento do sistema imunitário (Jemmott, & Locke,
concluíram que crianças e adultos debaixo de 1984; Schleifer et al., 1986; cit. por Serafino,
elevados níveis de Stress, estão mais propensas a 1994). Os aumentos de cortisól e da adrenalina
sofrer acidentes domésticos, em actividades des- estão associados com a diminuição da actividade
portivas, no trabalho e enquanto conduzem, do das células T e B contra os antigénios. Esta di-
que sujeitos com condições de Stress mais dimi- minuição da função linfocitária, parece ser im-
nuídas (Johnson, 1986; Quick, & Quick, 1984; portante na progressão e desenvolvimento de
cit. por Serafino, 1994). uma variedade de doenças, como por exemplo o
cancro (Levy et al., 1985-91).
b) Stress, Fisiologia e Doença Estudos, revelaram ainda que elevados níveis
Geralmente a resposta ao Stress é aguda e de de Stress, diminuem a produção de enzimas es-
duração limitada, sendo este processo acompa- pecíficos no ataque a agentes patogénicos e na
nhado de efeitos imunosupressores, catabólicos e reparação de DNA danificado (Glaser et al.,
anti-anabólicos, temporariamente benéficos e 1985; Kiecolt-Glaser, & Glaser, 1986).
sem consequências particularmente adversas.
Por outro lado, a excessividade e cronicidade do c) Psiconeuroimunologia
Stress leva ao estado de síndroma que Selye Por tudo o que já foi descrito, podemos ver
descreveu em 1936 (Chrousos, & Gold, 1992). que os sistemas biológicos e psicológicos estão
Assim o Stress produz muitas alterações nos sis- interrelacionados, bastando que qualquer um
temas físicos, podendo afectar a saúde negativa- deles mude, para influenciar o outro. O reconhe-
mente. cimento desta interdependência e a sua ligação à
Relações claras, foram encontradas entre o saúde e à doença, levou a pesquisa científica a
Stress, a reactividade e a doença. Investigações criar um novo campo de estudo denominado de
mostraram que níveis de Stress elevados no em- Psiconeuroimunologia. Este estuda as relações
prego, estão associados com a hipertensão arte- entre os processos psicossociais e as actividades
rial e corações anormalmente dilatados (Scnhall dos sistemas nervoso, endócrino e imunitário
et al., 1990), sendo a reactividade, de sujeitos (Ader, & Cohen, 1985; Buck, 1988). Estes siste-
adultos em laboratório, ao Stress associado mais mas funcionam segundo um processo de retro-
tarde ao desenvolvimento de hipertensão arterial acção. Os sistemas nervoso e endócrino enviam
(Menkes et al., 1989). A reactividade aumentada mensagens químicas na forma de neurotransmis-
que os sujeitos apresentam em estudos laborato- sores e hormonas que provocam um aumento ou
riais, parece reflectir a sua reactividade na vida uma diminuição da função imunitária. Por sua
diária (Williams et al., 1991). vez, as células do sistema imunitário produzem
A reactividade envolve a libertação de hormo- químicos, como a ACTH, que levam a informa-
nas, particularmente catecolaminas e corticoste- ção de volta ao cérebro. Este parece servir como
roides, através do sistema endócrino durante o um centro de controlo, visando manter o equilí-
Stress. Uma das formas através da qual, estes brio da função imunitária. Uma pequena activi-
elevados níveis de hormonas podem causar do- dade imunitária, leva os indivíduos a estarem
ença, envolve a sua acção junto do sistema car- mais predispostos a infecções, enquanto uma
diovascular podendo causar, por exemplo, uma actividade imunitária elevada pode provocar
súbita alteração do ritmo cardíaco e levar à mor- doenças autoimunes (Buck, 1988), como é o ca-
te. Conjuntamente, os elevados níveis crónicos so da Doença de Graves (Chiovato, & Pinchera,
de catecolaminas e corticosteroides, parecem 1996).
aumentar o crescimento de placas nas paredes As emoções particularmente relacionadas com
dos vasos, a arteriosclerose, com o consequente o Stress, como a ansiedade e a depressão, desem-

687
penham um papel fundamental na regulação das tos tentam gerir essa discrepância, entre as exi-
funções imunitárias. O pessimismo, a depressão gências a que são submetidos e os recursos que
e o Stress resultantes de acontecimentos de vida, possuem, em situações de Stress. É um esforço
relacionam-se com o enfraquecimento da função para reduzir ou neutralizar os efeitos e ou causas
imunitária (Kamen-Siegel et al., 1991; Levy, & do Stress, avaliando as situações, diminuindo as
Heiden, 1991). Algumas situação de Stress ini- preocupações de determinado sujeito sobre as
ciam-se com uma crise e o estado emocional discrepâncias referidas (Lazarus, 1987; Lazarus,
subsequente tende a manter-se e a suprimir pro- & Folkman, 1984).
cessos imunitários por longos períodos de tempo Os esforços de combate ao Stress, são varia-
(Willis et al., 1987). dos e não levam necessariamente à solução do
Estudos demostraram ainda que o condiciona- problema. Contudo, as pessoas combatem o
mento pode influenciar os processos imunitários Stress através de trocas cognitivas e comporta-
de mediação celular e de anticorpos (Ader, & mentais com o meio. Muitas das vezes, estas tro-
Coehn, 1985). Estes investigadores demonstra- cas levam os sujeitos a tolerar, aceitar, fugir ou
ram ainda que a imunosupressão condicionada ver de um perspectiva diferente a percepção do
pode ser útil no tratamento de doenças autoimu- factor de Stress (Moss, & Schaefer, 1986; cit.
nes, onde o sistema imunitário ataca parte do or- por Sarafino, 1994).
ganismo da pessoa (1982). Os mecanismos de coping, não são um acon-
Os processos psicológicos podem realçar e tecimento único e envolvem trocas continuas
valorizar a função imunitária. A diminuição da com o meio, encarando-se como tal, como um
hostilidade e dos comportamentos de tipo A, o processo dinâmico. Estas formas de combater o
aumento do suporte social, controlo pessoal, Stress, as trocas, são influenciadas pelas ante-
ânimo e vigor, podem ajudar porque reduzem ou
riores e influenciam as seguintes. Estas formas
ajudam a enfrentar os efeitos do Stress. Por
de adaptação ao Stress, servem duas funções
exemplo, é sabido que sujeitos que recebem e
principais. A primeira, tentar alterar o problema
vivenciam elevados níveis de suporte social ao
que causa a situação de Stress e a segunda,
longo da vida têm um sistema imunitário mais
regular a resposta emocional ao problema. É des-
forte do que aqueles que não têm suporte social
ta maneira que se pode dizer que o coping foca-
(Kennedy, Kiecolt-Glaser, & Glaser, 1990; cit.
do no problema, refere-se à capacidade de redu-
por Sarafino, 1994; Levy et al., 1990). O exercí-
cio aeróbio e a terapia para reduzir o Stress, po- zir as exigências da situação de Stress ou de
dem aumentar a função imunitária em seroposi- expandir os recursos para lidar com ela. Temos
tivos do vírus da Sida (Antoni et al., 1990). como exemplo, alguém que deixa um emprego
com problemas e tenta um outro tipo de activi-
dade ou trabalho, ou um doente que procura o
1.9. Mecanismos de adaptação ao Stress (Co-
médico ou o psicólogo. Este tipo de atitude face
ping)
ao Stress, é mais utilizada quando o sujeito
As pessoas, durante toda a sua vida, vivenci- acredita que a situação pode ser alterada (Laza-
am situações de Stress e tentam lidar com essas rus, & Folkman, 1984).
realidades de diversas maneiras. A tensão emo- O coping focado nas emoções, refere-se ao
cional e física que acompanha o Stress é bastante controlo da resposta emocional perante a situa-
desconfortável e provoca grandes incómodos. É ção de Stress. O sujeito pode regular as suas res-
desta maneira que as pessoas sentem que têm de postas emocionais através de abordagens cogni-
fazer algo para reduzir o seu Stress. Este «algo» tivas e comportamentais, como negar factos de-
que as pessoas fazem, é o que está envolvido nos sagradáveis ou vê-los de uma perspectiva me-
mecanismos de coping ou de adaptação ao Stress lhor, consumir álcool ou drogas, procurar apoio
(Sarafino, 1994). psicossocial, praticar desporto ou desfocar-se
O Stress envolve uma discrepância entre as do problema. Esta aproximação ao Stress é mais
exigências de uma dada situação e os recursos do utilizada quando os sujeitos acreditam que nada
sujeito perante essa situação. Os mecanismos de podem fazer para alterar a situação de Stress
coping são processos através dos quais os sujei- (Lazarus & Folkman, 1984).

688
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