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A um amigo

Muitas vezes, o carinho com que brindamos um amigo passa


despercebido, pelo tempo que não temos, pelos compromissos outros
que assumimos, por muitas urgências e outro tanto de prioridades.
Muitas vezes, o afeto que dedicamos a um amigo fica na boca de
espera, porque as palavras não saem de dentro de nós, ou porque nos
intimida a rotina do dia a dia.
Muitas vezes um amigo fica a desejar de nós uma palavra mais amena,
e, na grosseria ou no descuido que nos assalta de quando em vez,
calamos.
Já diziam as “más” línguas que quando a gente ama a gente cuida, mas,
muitas vezes, estamos tão ocupados com nossos próprios dilemas
internos, primamos pelo egoísmo, que esquecemos que aquele jorrinho
d’água pode matar a sede que talvez esteja a secar a garganta do
amigo.
Muitas vezes, o amigo está logo ali, um passo à frente, um segundo
após o silêncio que nos inunda, mas nos recusamos a procurá-lo por
posarmos de autossuficientes e nos entendermos muito importantes, tão
importantes que a humildade nos abandona.
Muitas vezes deixamos de dizer ao amigo que o amamos e que
sentimos por ele um carinho muito grande e um imenso afeto.

Mas de vez em quando a gente acorda e pede ao Papai do Céu que


mande a estrelinha mais brilhante e mais sorridente, para que possamos
presentear um grande amigo num dia qualquer e que, por isso só, torna-
se extremamente especial.

MDuval
Escrito em 15/2/00

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