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ESTADO DE MATO GROSSO

SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA


UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
HIDROLOGIA

GABRIEL SOUZA BEGNINI MACHADO


GEORGE COUTO
GIULIA LUSSANI BEZERRA
MATHEUS CALDEIRA
PEDRO HENRIQUE SILVA OLIVEIRA
TIAGO DALASTRA

DELIMITAÇÃO DE BACIA HIDROGRÁFICA

FERNANDO SALLO

Tangará da Serra
Abril 2018
GABRIEL SOUZA BEGNINI MACHADO
GEORGE COUTO
GIULIA LUSSANI BEZERRA
MATHEUS CALDEIRA
PEDRO HENRIQUE SILVA OLIVEIRA
TIAGO DALASTRA

DELIMITAÇÃO DE BACIA HIDROGRÁFICA

Trabalho entregue como requisito parcial para


obtenção de nota na disciplina de “Hidrologia”,
ministrada pelo docente Fernando Sallo, no 6º
semestre do curso de Engenharia Civil da
Universidade do Estado de Mato Grosso
(UNEMAT)- Campus de Tangará da Serra.

Tangará da Serra
Abril 2018
1. INTRODUÇÃO
Para se entender como se formam as bacias hidrográficas é necessário
compreender mesmo que de forma mais simplista o ciclo hidrológico.

Segundo Tucci (1997), pode-se começar a descrever o ciclo hidrológico a


partir do vapor de água presente na atmosfera que, sob determinadas condições
meteorológicas, condensa-se, formando microgotícolas de água que se mantêm
suspensas no ar devido a turbulência natural. O agrupamento das
microgotícolas, que são visíveis com o vapor de água, que é invisível, mais
eventuais partículas de poeira e gelo, forma um aerossol que é chamado de
nuvem ou nevoeiro, quando o aerossol se forma junto ao solo. Através da
dinâmica das massas de ar, acontece a principal transferência de água da
atmosfera para a superfície que é a precipitação.

Ocorrendo precipitação a água pode ser interceptada de várias formas; no


trajeto até a superfície terrestre a precipitação já pode sofrer evaporação, quando
a mesma cai sobre uma cobertura vegetal uma parte de seu volume é
interceptado por caules e folhas e ali mesmo evapora. O volume da chuva que
não foi interceptado e evaporado é agora precipitado para o solo.

Alcançando o solo a água pode percorrer diversos caminhos, parte da água


se infiltra no solo, com a saturação gradual do solo o excedente dessa água gera
escoamento superficial. A água escoada pela rede de drenagem salvo algumas
exceções vai para o oceano e lá ou em qualquer parte onde se circula na
superfície terrestre, por uma série de fenômenos físicos evapora para a
atmosfera, fechando assim o ciclo hidrológico do qual é importante para a
compreensão da formação das bacias hidrográficas.

De acordo com Collischonn e Tassi (2008), a bacia hidrográfica pode ser


considerada como um sistema físico sujeito a entradas de água (eventos de
precipitação) que gera saídas de água (escoamento e evapotranspiração). A
bacia hidrográfica transforma uma entrada concentrada no tempo (precipitação)
em uma saída relativamente distribuída no tempo (escoamento).

Em complemento Tucci (1997), a bacia hidrográfica pode ser considerada um


sistema físico onde a entrada é o volume de água precipitado e a saída é o
volume de água escoado pelo exutório.
As águas provenientes das chuvas atingem o leito do curso de água por
quatro vias diversas: escoamento superficial, escoamento subsuperficial
(hipodérmico), escoamento subterrâneo e precipitação direta sobre à superfície
livre.

Ainda segundo Tucci (1997), tanto a translação como o armazenamento


dependem profundamente da bacia hidrográfica, isto é, de como estão dispostos
no espaço as vertentes e as redes de drenagem.

Pode-se ainda determinar três características fundamentais de uma bacia: área,


comprimento da drenagem principal e declividade.

Portanto segundo Collischonn e Tassi (2008), a área é um dado fundamental


para definir a potencialidade hídrica de uma bacia, uma vez que a bacia é a
região de captação da água da chuva. Assim, a área da bacia multiplicada pela
lâmina precipitada ao longo de um intervalo de tempo define o volume de água
recebido ao longo deste intervalo de tempo. A área de uma bacia hidrográfica
pode ser estimada a partir da delimitação dos divisores da bacia em um mapa
topográfico.
2. OBJETIVOS
Aprender a delimitar uma bacia hidrográfica através do software QGIS, além
de calcular sua densidade de drenagem, tempo de concentração, declividade,
distância média do divisor e também analisar as ordens que a bacia possui.

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. Bacia hidrográfica

Dentre as regiões de importância prática para os hidrologistas destacam-se


as Bacias Hidrográficas (BH) ou Bacias de Drenagem, por causa da simplicidade
que oferecem na aplicação do balanço de água, os quais podem ser
desenvolvidos para avaliar as componentes do ciclo hidrológico para uma região
hidrologicamente determinada (TUCCI et al, 2000).

CRUCIANI, 1976 define microbacia hidrográfica como sendo a área de


formação natural, drenada por um curso d’água e seus afluentes, a montante de
uma seção transversal considerada, para onde converge toda a água da área
considerada. Veja na figura abaixo:

Figura 1: exemplo de uma bacia hidrográfica

A partir da Lei 9.433/97, definiu-se a bacia hidrográfica como a unidade


territorial para a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e
atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Esta
divisão teve como objetivo principal preservar as características físicas,
econômicas e sociais de cada bacia hidrográfica para que possam ser utilizadas
no gerenciamento dos recursos hídricos entre os órgãos federais e estaduais
envolvidos.

3.2. Delimitação de uma bacia hidrográfica

Conforme Villela et al (1975), uma bacia hidrográfica pode ser dividida em


sub-bacias e cada uma das sub-bacias pode ser considerada uma bacia
hidrográfica. A bacia hidrográfica pode ser considerada como um sistema físico
sujeito a entradas de água (eventos de precipitação) que gera saídas de água
(escoamento e evapotranspiração). A bacia hidrográfica transforma uma entrada
concentrada no tempo (precipitação) em uma saída relativamente distribuída no
tempo (escoamento).

Figura 2: delimitação de uma bacia hidrográfica

3.3. Características físicas de uma bacia

É um estudo particularmente importante nas ciências ambientais, pois no


Brasil, a densidade de postos fluviométricos é baixa e a maioria deles encontram-
se nos grandes cursos d’água, devido a prioridade do governo para a geração
de energia hidroelétrica (ROLIM,2004).

Dentre as características físicas mais utilizadas, conforme Rolim (2004), estão:

 Área da bacia
 Forma da bacia

-Tempo de concentração

-Fator de forma
-Coeficiente de compacidade

 Rede de drenagem

-Ordem dos cursos d’água

-Densidade de drenagem

-Extensão média do escoamento superficial

-Sinuosidade do curso d’água principal

 Relevo da bacia

-Declividade da bacia

-Declividade do curso d’água principal

4. MATERIAL E MÉTODOS

Utilizando-se o software QGIS, versão 2.18 Taudem, para delimitação da


bacia.

4.1. Densidade da Drenagem

Indica o grau de desenvolvimento de um sistema de drenagem. É a relação


entre o comprimento total dos cursos d’água de uma bacia e sua área total.

n li
Dd = ∑i=1
(1)
Ad

Bacias com drenagem pobre → Dd < 0,5 km/km2

Bacias com drenagem regular → 0,5 ≤ Dd < 1,5 km/km2

Bacias com drenagem boa → 1,5 ≤ Dd < 2,5 km/km2

Bacias com drenagem muito boa → 2,5 ≤ Dd < 3,5 km/km2

Bacias excepcionalmente bem drenadas → Dd ≥ 3,5 km/km2


4.2. Tempo de Concentração

Tempo de concentração é o tempo em que leva para que toda a bacia


considerada contribua para o escoamento superficial na seção estudada, ou o
tempo em que uma gota de água que cai no ponto mais distante leva para chegar
ao ponto final da bacia.

 Equação de Kirpich

0,385
𝐿³
𝑡𝑐 = 57 (∆ℎ) (2)

 Equação de Usace

11,46𝐿0,76
𝑝
𝑡𝑐 = (3)
𝑆 0,19

 Equação de Carter

5,96𝐿0,6
𝑝
𝑡𝑐 = (4)
𝑆 0,3

Onde,

tc: tempo de concentração


L: comprimento
∆ℎ: diferença de altitudes (m)
S: declividade média do rio

4.3. Declividade Média


Obtida dividindo-se a diferença entre o início e o fim de drenagem pela
extensão horizontal do curso d’água entre esses dois pontos. Este valor
superestima a declividade média do curso d’água e, consequentemente, o pico
de cheia.

ℎ1 − ℎ2
𝑆= (5)
𝐿𝑝

Onde,
S: declividade média do rio
h: altura
L: comprimento

4.4. Distância Média do Divisor


Uma linha imaginária que separa as águas pluviais.
1
𝑋𝑑 = (6)
2𝐷𝑑

Onde,

Xd: distância média do divisor


Dd: densidade de drenagem

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados obtidos nesse trabalho foram baseados na bacia a seguir.

Figura 4: bacia hidrográfica estudada


No mapa apresentado, observamos as ordens que compõe a bacia, elas
podem ser identificadas como:

 5a ordem- azul
 4a ordem- verde
 3a ordem- laranja
 2a ordem- roxo
 1a ordem- vermelho

5.1. Cálculo de Parâmetros

ÁREA DE DRENAGEM COMPRIMENTO DO RIO DENSIDADE DE DIST. MÉDIA DO


(Km²) PRINCIPAL (m) DRENAGEM (1/Km) DIVISOR
67,01133 12648,1 1,820514531 0,274647629
EQUAÇÃO DE KIRPICH EQUAÇÃO DE CARTER
(min) EQUAÇÃO USACE (min) (min) DECLIVIDADE MÉDIA

162,5 100,1 49,15 0,013064833

5.2. Perfil longitudinal de um curso de água


O perfil longitudinal apresentado foi feito seguindo o curso principal da bacia,
que se inicia no exutório e termina no ponto mais alto dela.

Figura 1: perfil longitudinal do curso principal da bacia


6. CONCLUSÃO

Podemos perceber no decorrer do presente trabalho, vários pontos positivos


nos estudos das bacias hidrográficas utilizando o software QGIS versão 2.18
TAUDEM, o qual nos deu a área de drenagem, e a diferença de altitude entre o
início e o fim da drenagem da bacia, além de outros dados. A área de drenagem
nos ajuda a saber, dependendo do volume de chuva, fazer uma estimativa de
quanta água irá chegar no nosso exutório. Já a diferença de altitudes nos dá a
velocidade da água e o tempo de concentração, que nada mais é que o tempo
que a água gastará para chegar ao exutório. Dessa forma, podemos fazer o
dimensionamento de bueiros, baseando-se na capacidade meteorológica da
região, esses dados servem também para a construção de redes de esgoto em
uma cidade, ou bueiros em rodovias e também pontes, pois saberemos os níveis
que o rio poderá atingir dependendo do volume de chuva.

Todos esses aprendizados são de suma importância para nós engenheiros,


devemos levar todos os riscos em consideração pois algo mal dimensionado
trará grandes prejuízos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

TUCCI, C. E. M. 1997. Hidrologia: ciência e aplicação. 2.ed. Porto Alegre:


ABRH/Editora da UFRGS, 1997. (Col. ABRH de Recursos Hídricos, v.4).

COLLISCHONN, W. e TASSI, R. Introduzindo Hidrologia. Porto Alegre:


IPHUFRGS, 2008.
FAN, Fernando Mainardi. Atividade prática orientada: delimitação de bacias
hidrográficas usando o QGIS. 2014. Relatório Técnico – Grupo de Pesquisas
em Desastres Naturais (GPDEN) - Universidade do Rio Grande do Sul.
GARCEZ, Lucas Nogueira; ALVAREZ, Guilhermo Acosta. Hidrologia. 2 ed.
rev. e atual. - São Paulo: Blucher 1998.
BATISTA, Leonardo Duarte. Hidrologia. Disponível em: <
http://www.ufrrj.br/institutos/it/deng/leonardo/downloads/APOSTILA/HIDRO-
Cap3-BH.pdf >. Acesso em: 01 de abril de 2018.
TUCCI, C. 2000. (Org.) Hidrologia – ciência e aplicação. Editora da
Universidade, ABRH, Porto Alegre.

NRC (National Research Council), 1991. Opportunities in the hydrologic


sciences. Washington: National Academy Press. 348p.

IPH, 2001. Plano Diretor de Drenagem Urbana de Caxias do Sul, Instituto de


Pesquisas Hidráulicas (IPH/UFRGS), SAMAE.

TUCCI, Carlos E.M. (Org.). Hidrologia. Ciências e aplicação. Porto Alegre: Ed.
da Universidade: ABRH: EDUSP, 1993. 943p.
ANA, 2018 Agência Nacional de Águas. Página eletrônica (www.ana.gov.br),
acessada em abril/2018.

KOBIYAMA, M.; MANFROI, O. J. Importância da modelagem e


monitoramento em bacias hidrográficas. In: Curso Manejo de bacias
hidrográficas sob a perspectiva florestal, Apostila, Curitiba: FUPEF, 1999.
p. 81-88.

CRUCIANE, D.F. Hidrologia. Piracicaba, SP, USP/ESALQ, 1976. 133-137p.

ROLIM, A.P. Hidrologia Aplicada, Universidade Estadual do Rio Grande do Sul,


campus Caxias do Sul 2004.

VILLELA, S.M.; MATTOS, A. Hidrologia aplicada. São Paulo: McGraw-Hill do


Brasil, 1975.

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