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CANOAS
2016
ANA RAFAELA DE MELLO SILVA
CANOAS
2016
Dedico este trabalho a todos os animais
que já passaram pela minha vida e me
mostraram que são seres leais e capazes
de amar incondicionalmente. Bem como, a
todos aqueles merecedores de respeito,
amor e consideração.
THOMAS REGAN
RESUMO
This monograph aims to present the discussion about animal rights in the face of
exploitative practices of humans and the abstence of consideration of animals as
subjects of rights in our legal system. The satisfaction of human desires is overlapping
the right of life of animals and guides us to discrimination and unnecessary cruelty. So,
this study will address the theoretical positioning of Peter Singer and Tom Regan on
the subject and also a wide ethical analysis of the Bill of Law 631/2015, known as the
Statute of Animals, which aims to extend the protection list of animals, stop the
mistreatment and recognize them as sentient beings
1 INTRODUÇÃO 7
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 44
REFERÊNCIAS 47
1 INTRODUÇÃO
A questão temática acerca dos direitos dos animais é ainda muito recente
dentro da seara jurídica, tanto na doutrina, quanto jurisprudencialmente. Contudo, este
é um tema que tem ganhado certo espaço para discussão, bem como uma tímida
repercussão no âmbito do Direito brasileiro. No decorrer dos séculos, o ser humano
dotado de raciocínio se impôs sobre os recursos da natureza e explorou a fauna e a
flora de acordo com as leis naturais de sobrevivência. Ao passar dos anos evoluiu e
expandiu ainda mais a noção de hierarquia e a exploração dele para com os seres
inferiores à sua espécie. Atualmente, o padrão de conduta humana é pautado do
consumismo descontrolado sobre os recursos naturais.
O primeiro capítulo da presente monografia tem por objetivo realizar uma breve
retrospectiva histórica da exploração animal e tecer algumas considerações, de forma
8
Cabe salientar que será feita uma análise ética de maneira ampla sobre os
pontos mais relevantes do Projeto de Lei e do parecer de aprovação que substanciou
algumas alterações no Projeto. A análise valer-se-á da premissa básica da
comprovação de que os animais são seres sencientes, no entanto, que pela herança
antropocêntrica da humanidade, existe uma imensa discriminação entre as espécies.
Como a ciência do Direito se desenvolveu sob este prisma, tais teorias vieram
a contribuir para a exploração desenfreada destes animais tidos como inferiores, pois
a noção do Direito alcançava apenas o homem em sociedade e os animais foram
inseridos no âmbito da propriedade privada, tal como os objetos, considerados coisas.
E assim, ao longo da Idade Média, continuaram a aparecer teorias e filósofos
reiterando este pensamento de hierarquia entre as criaturas.4
1 LEVAI, Laerte Fernando. Direito dos Animais. 2. Ed. Campos do Jordão: Mantiqueira, 20014, p.
18.
2 OLIVEIRA Nelci Silvério de. Curso de Filosofia do Direito. 2ª Ed. Goiânia: Ab Editora, 2001, p. 29.
3 STRENGER, Irineu. História da filosofia. São Paulo: LTr, 1998, p. 84 a 100.
4 LEVAI, Laerte Fernando. Direito dos Animais. 2. Ed. Campos do Jordão: Mantiqueira, 2014, p. 18.
10
5 LEVAI, Laerte Fernando. Direito dos Animais. 2. Ed. Campos do Jordão: Mantiqueira, 2014, p. 25
e 26.
6 SIMONSEN, Roberto C. História Econômica do Brasil: 1500-1820. v. 34, Brasília: Senado
homem'. Carta Mensal, São Paulo, Confederação Nacional do Comércio v.50, n.597, dez. 2004, p.
3-20, p.8.
8 ARAÚJO, Fernando. A hora dos direitos dos animais. Coimbra: Almedina, 2003, p. 92, 93 e 94.
9 LEVAI, Laerte Fernando. Direito dos Animais. 2. Ed. Campos do Jordão: Mantiqueira, 20014, p. 25
e 27.
11
No início deste século, a fauna ainda era caracterizada como algo que poderia
ser objeto de propriedade, mas essa concepção foi alterada porque se passou a
reconhecer a importância dela para o equilíbrio ecológico. Essa função ecológica da
15 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 14. ed. São Paulo:
Saraiva, 2013, p. 265.
16 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. p. 265.
17 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. 22. ed. São Paulo: Malheiros,
2014, p. 943.
18 CUSTODIO, Helita Barreira. Crueldade contra animais e a proteção deles como relevante
questão jurídico-ambiental e constitucional. Revista de Direito Ambiental, São Paulo ano 2, v.7,
p. 54-86, jul/set 1997
19FERREIA, Celio Mariano. Direito dos Animais. Revista CEJ (Centro de Estudos Judiciários do
2006. P 47 e 48.
14
semelhança em comum a todos nós e esta é ideia que nos torna todos iguais.21 Nessa
esfera, pode-se afirmar que em razão do senso comum, dos comportamentos e
estrutura anatômica em comum, os animais não humanos também são sujeitos-de-
uma-vida, tanto pelo parentesco biológico, quanto pela semelhança psicologia, o que
lhes acontece é importante, assim como para nós.22
21 REGAN, Tom. Jaulas vazias: encarando o desafio dos direitos animais. Porto Alegre: Lugano,
2006. p.61
22 REGAN, Tom. Jaulas vazias: encarando o desafio dos direitos animais. p. 72
23CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 7. ed. Coimbra:
127.
25BÉLGICA, Declaração Universal dos Direitos dos Animais, de 27 de janeiro de 1978. Disponível em:
47.
27LEVAI, Laerte Fernando. Direito dos Animais. 2. Ed. Campos do Jordão: Mantiqueira, 2014, p. 6.
15
dessa nova abordagem de direitos animais não humanos aparece acanhada e envolta
de divergências nos pontos de vista dos juristas. Como o que ocorreu em relação à
Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público em face do Estado de Santa
Catarina a fim de proibir a farra do boi.28 A farra do boi é uma manifestação
essencialmente cultural de cunho folclórico, em que dois peões em cima de um cavalo
tentam derrubar um boi, munidos de pedras, varas e facas, submetendo-os ao
sofrimento pela perseguição e linchamento.29
Destaca também, o Ministro Marco Aurélio, que por sua vez acompanhou o
Ministro-relator Resek, aduzindo o seguinte:
28 MARASCHIN, Claudio; ITAQUI, C. Os direitos dos animais e o Judiciário: uma proposta de estudo.
Revista do Curso de Direito da Faculdade da Serra Gaúcha, v. 4, p. 35-50, 2009, p. 40.
29 LEVAI, Laerte Fernando. Direito dos Animais. 2. Ed. Campos do Jordão: Mantiqueira, 2014, p. 55.
30 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário n° 153.531-8. Recorrente: Associação
Amigos de Petrópolis proteção aos animais e defesa ecológica e outro. Recorrido: Estado de Santa
Catarina. Relator: Ministro Francisco Resek. Brasília, DF, 3 de junho de 1997. Disponível em:
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28farra+do+boi+provimento%
29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/z3sraol=211500 Acesso em: 19. maio de 2016.
16
Amigos de Petrópolis proteção aos animais e defesa ecológica e outro. Recorrido: Estado de Santa
Catarina. Relator: Ministro Francisco Resek. Brasília, DF, 3 de junho de 1997. Disponível em:
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28farra+do+boi+provimento%
29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/z3sraol=211500 Acesso em: 19. maio de 2016.
32 BRASIL. Lei n. 5.197, de 3 de janeiro de 1967. Disponível em:
p. 947.
36 ODUM, Eugene Pleasants. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012, p. 147 e 148.
37 LEVAI, Laerte Fernando. Direito dos Animais. 2. Ed. Campos do Jordão: Mantiqueira, 20014, p.
61.
38 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 14. ed. São Paulo:
animais dos espetáculos de circo, feitos de fantoches de comédia por meio de castigos
físicos, que resignados, obedecem ao som da chibatada. Estes animais são privados
da liberdade, submetidos a longas viagens e estresse fora da sua natureza.
Novamente, um verdadeiro abuso que afronta uma garantia constitucional de não
submissão à crueldade por colidir com o lazer – direito social previsto na mesma raiz
jurídica.39
Desta forma, fica evidente há séculos que os animais são tratados como
recursos utilizados de acordo com critério da conveniência humana. E ainda que
existam garantias constitucionais e dispositivos de lei que versam sobre a proteção
39 LEVAI, Laerte Fernando. Direito dos Animais. 2. Ed. Campos do Jordão: Mantiqueira, 20014, p.
61.
40 LEVAI, Laerte Fernando. Direito dos Animais. p. 51.
41 SINGER, Peter. Libertação animal: o clássico definitivo sobre o movimento pelos direitos dos
jurídica. Revista de Direito Ambiental, São Paulo, n. 36, p. 9-42, out/dez. 2004.
44 RECH, Simone Aparecida. O dano ambiental individual, sua reparação e a responsabilidade civil do
poder público frente ao dano ambiental em uma sociedade economicocentrista regulada por uma
constituição federal que impõe o antropocentrismo alargado. Leonardo (Indaial), Indaial , v.6, n.17 ,
p.13-18, jul./dez. 2008.
45 BOSSELMANN, 2001 apud FURTADO, Fernanda Andrade Mattar. Concepções éticas da
2006. p.95
19
É em Jaulas Vazias, Tom Regam defende o direito dos animais, tal como os
direitos humanos, pelo fato de termos senso, corpos, comportamento, linguagem,
sistema e origens em comum. Esses fatos são relevantes para afirmar que são
animais sujeitos-de-uma-vida.51 E ainda defende do ponto de vista religioso, que os
animais possuem autoconsciência do que lhes acontece:
2006. p.95
49 REGAN, Tom. Jaulas vazias: encarando o desafio dos direitos animais. p.98
50MARICATE, Tiago. A história dos direitos dos animais. 2010. Disponível em:
2006. p.66
20
A capacidade de raciocínio é o que leva o ser humano a crer que está no centro
do seu sistema, distanciando-se da ordem natural e impondo a sua própria vontade
sob as demais espécies.53 Neste aspecto, Kant defende a natureza humana sob uma
visão antropocêntrica, orientada por uma razão dominante em relação à natureza:
Sob outra ótica, o filósofo Jeremy Bentham foi um dos poucos que discordou
da imagem subjugada dos animais em razão de não possuírem a linguagem como
meio de comunicação e racionalidade como os seres humanos, e reconheceu o
princípio de igual consideração para com eles.56 Em, Uma Introdução aos Princípios
da Moral e da Legislação, publicado em 1789, Bentham aponta a senciência como
fundamento para o reconhecimento destes direitos animais:
52 REGAN, Tom. Jaulas vazias: encarando o desafio dos direitos animais. p.71.
53OLIVEIRA, Ronelso. Direito ambiental e mudança paradigmática: do antropocentrismo ao
biocentrismo. Direito em Revista: revista da Faculdade de Direito de Francisco Beltrão, Francisco
Beltrão, CESUL v.1, n.3, NOV/2002, p. 277.
54 KANT, E. A religião dentro dos limites da simples razão. São Paulo: Abril Cultural. Coleção Os
[...] esse princípio implica que a nossa preocupação com os outros não
deve depender de como são, ou das aptidões que possuem [...]. O
princípio, contudo, também implica o fato de que os seres não
pertencerem à nossa espécie não nos dá o direito de explorá-los, nem
significa que, por serem os outros animais menos inteligentes do que
nós, possamos deixar de levar em conta os seus interesses.58
57BENTHAM, Jeremy; MILL, John Stuart. Uma Introdução aos Princípios da Moral e da
Legislação. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 63.
58 SINGER, Peter. Ética prática. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002. p. 66.
59OLIVEIRA, Ronelso. Direito ambiental e mudança paradigmática: do antropocentrismo ao
61 GOMES, Ariel Koch. Direito Ambiental: natureza como um bem da humanidade ou como sujeito de
direitos? Campo Jurídico, v. 1, 2013, p. 98 e 99.
62 GOMES, Ariel Koch. Direito Ambiental: natureza como um bem da humanidade ou como sujeito de
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. BRASIL. Constituição (1988).
Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm Acesso em: 14 de out.
2016.
64ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. 13. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 23.
65 GOMES, Ariel Koch. Direito Ambiental: natureza como um bem da humanidade ou como sujeito de
De maneira ampla, no presente capítulo será realizada uma análise ética sobre
o Projeto de Lei do Senado número 631 de 2015 e seu parecer de aprovação, sob
dois pontos de vista. O primeiro se refere à novidade do termo senciente que embasa
de modo geral a proposta do Senador Marcelo Crivella. O segundo versará sobre a
terminologia do especismo, utilizando o voto do Senador Antonio Augusto Anastasia
em seu parecer de aprovação.
pelos direitos dos animais. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010, p 10.
27
Pessoalmente, não vejo razão para conceder uma mente aos meus
congêneres humanos e negá-la aos animas [...] Pelo menos, não
posso negar que os interesses e atividades dos animais estão
relacionados com uma consciência e uma capacidade de sentir da
mesma forma que os meus, e que estes podem ser, tanto quanto sei,
tão vívidos quanto os meus.76
A razão pela qual pode ser aduzida em favor do interesse no não sofrimento
dos animais não humanos consiste na compreensão que a experiência do sofrimento
não consentido pelos quais os animais são submetidos, atentam contra princípios
fundamentais da nossa própria espécie. Nesse sentido, questiona-se se não
deveríamos nutrir algum respeito pelos nossos semelhantes.77 E por mais que
apegados às influências antropocêntricas de que os interesses do ser humano
prevalecem sobre os demais, as explorações dolorosas não são justificáveis.78
75 BRAIN, 1962 apud SINGER, Peter. Libertação animal: o clássico definitivo sobre o movimento
pelos direitos dos animais. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010, p 10.
76 BRAIN, 1962 apud SINGER, Peter. Libertação animal: o clássico definitivo sobre o movimento
pelos direitos dos animais. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010, p 11.
77 ARAÚJO, Fernando. A hora dos direitos dos animais. Coimbra: Almedina, 2003, p 96.
78 ARAÚJO, Fernando. A hora dos direitos dos animais. p 98.
79 SINGER, Peter. Ética prática. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002, p 68.
80 SINGER, Peter. Ética prática. p 80.
28
Entender a senciência como aspecto valoroso à vida dos animais não humanos
demonstra tamanha sensibilidade do legislador ao perceber um novo preceito ético no
direito brasileiro. Adotar as condutas previstas nos dispositivos de lei implicaria na
transformação das atitudes da sociedade na alimentação, no consumo, no
entretenimento e diversos outros pontos que, por consequência, colaboraria para a
redução do sofrimento desnecessário destas criaturas dotadas de sensibilidade.
http://www.senado.leg.br/atividade/rotinas/materia/getTexto.asp?t=188923&c=PDF&tp=1 Acesso em
20 de out. 2016
88 Agência do Senado. Estatuto dos Animais é aprovado pela CCJ. Disponível em:
http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/03/30/estatuto-dos-animais-e-aprovado-pela-ccj
Acesso em 20 de out. 2016.
89 SINGER, Peter. Ética prática. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002, p. 78.
90 Animal Ethics. Especismo. Disponível em: <http://www.animal-ethics.org/especismo-
Um típico exemplo dessa forma de especismo entre dois ou mais animais não
humanos, pode ser constatado na ideia de que a maioria das pessoas pode achar um
absurdo a questão cultural dos chineses usarem carne de cães para sua alimentação,
mas no Brasil, a carne das vacas também é comumente utilizada para o mesmo fim.
Através de um ponto de vista especista, a sociedade vê a vida de uns animais com
mais valor do que a vida de outros.
92SINGER, Peter. Ética prática. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002, p. 73.
93SINGER, Peter. Ética prática. p. 72.
94SINGER, Peter. Libertação animal: o clássico definitivo sobre o movimento pelos direitos dos
Dentre tantas outras atrocidades cometidas contra os animais que tem por
finalidade o abate, como o transporte, o confinamento das galinhas e a marcação com
ferro em brasa, conclui-se que se faz fundamental a mudança no método utilizado
atualmente.
95 CORASSA, Eduardo. Revolução vegana. 1ª ed. Rio de Janeiro: Saúde Frugal, 2014. p. 38.
96 SINGER, Peter. Ética prática. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002, p. 75.
97 MEDEIROS, Fernanda; FARACO, Ceres. Primeiro Painel sobre Direitos Animais. Palestra
É evidente e compreensível que as pessoas terão mais empatia com outro ser
humano, no entanto, estreitar nossas obrigações morais com base na genética em
comum já autorizou atitudes egocêntricas, racistas, etnocêntricas e xenófobas.101
Nesse contexto, o especismo representa um conformismo como se a ética não tivesse
evolução. Muitas vezes no passado, o juízo de valor do ser humano revelou atos
perversos em relação às mulheres, escravos e estrangeiros, que cabe questionar se
não estaríamos cometendo o mesmo tipo de erro em face dos animais não
humanos.102
Ser um sujeito de direitos, como ensina o professor de direito civil, Fábio Ulhoa
Coelho, significa gênero, ou seja, nem todo sujeito de direito é pessoa, embora toda
pessoa seja sujeito de direito.104 Para Fábio Ulhoa Coelho, existe um critério de
classificação que entende os sujeitos de direitos como humanos e não humanos. Os
humanos são as pessoas naturais, homens e mulheres, desde a concepção como
embriões. Já os não humanos, podem ser entendidos como as pessoas jurídicas, a
massa falida e o condomínio edilício, entre outros. Esses conceitos foram criados para
disciplinar interesses potencialmente conflitantes.105
103 REGAN, Tom. The case for animal rights. Revista Brasileira de Direito Animal. Salvador :
Evolução ; Instituto Abolicionista pelos Animais v.8, n.12, jan./abr. 2013, p 36. Tradução de Heron
José Santana Gordilho.
104 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 137.
105 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil. p. 138 e 139.
106DIAS, Edna Cardozo. Os animais como sujeitos de Direito. Fórum de Direito Urbano e
107 DIAS, Edna Cardozo. Os animais como sujeitos de Direito. Fórum de Direito Urbano e
Ambiental, Belo Horizonte, Fórum v.4, n.23, set./out. 2005, p 2745.
108 TOLEDO, Maria Izabel Vasco de.Tutela Jurídica dos Animais no Brasil e no Direito Comparado.
Revista Brasileira de Direito Animal. Ano 7, vol. 11, jul./dez. 2012, p. 210.
109DIAS, Edna Cardozo. Os animais como sujeitos de Direito. Fórum de Direito Urbano e
Neste aspecto, a demanda não se tem sentido de tratar animais como seres
humanos, mas tratá-los com dignidade segundo aquilo que isto represente de acordo
com a lógica de seus processos orgânicos determinadores de suas necessidades de
saúde e bem-estar. 113 A transformação constante da ciência do direito é uma
característica que, embora não unanime, é irrefutável e tem obrigação de acompanhar
os avanços da sociedade. A mudança de paradigma para o reconhecimento dos
animais não humanos como detentores de direitos não representa mais uma ideia
utópica, mas sim uma realidade fática, pois a defesa dos interesses dos minoritários
tem pulsado cada vez com mais intensidade na esfera jurídica e a consequência
dessas mudanças implicará numa maior equidade e num direito mais justo e
adequado.114
111 CARDOSO, Haydée Fernanda. Os Animais e o Direiro. Novos Paradigmas. Revista Brasileira de
Direito Ambiental. Salvador : Evolução ; Instituto Abolicionista pelos Animais v.2, n.2, jan./jun.2007,
p. 97 e 98.
112 PRADA, Irvênia. A Alma dos Animais. 2ª Impressão. Campos do Jordão, SP. Edição Mantiqueira,
1997, p. 13.
113 CARDOSO, Haydée Fernanda. Os Animais e o Direiro. Novos Paradigmas. Revista Brasileira de
Direito Ambiental. Salvador : Evolução ; Instituto Abolicionista pelos Animais v.2, n.2, jan./jun.2007,
p. 117.
114 CARDOSO, Haydée Fernanda. Os Animais e o Direito. Novos Paradigmas. Revista Brasileira de
Direito Ambiental. Salvador : Evolução ; Instituto Abolicionista pelos Animais v.2, n.2, jan./jun.2007,
p. 119.
36
O primeiro grande caso que entrou para a história da justiça brasileira foi o
Habeas Corpus impetrado em favor da chimpanzé de nome Suíça, no dia 19 de
setembro do ano de 2005, pelo promotor Heron José de Santana.115 O caso ocorreu
no Jardim Zoológico de Salvador onde a referida integrante da espécie chimpanzé se
encontrava confinada em uma jaula de 77,56 m² e altura de 4 metros privada do seu
direito de locomoção. A jaula apresentava sérios problemas de infiltrações e a
estrutura física não possuía condições de comportar um chimpanzé.116
115 BRASIL. Tribunal de Justiça da Bahia. Habeas Corpus 833085-3/2005 (TJ-BA). Impetrantes:
Héron José de Santana e Luciano Rocha Santana e outros. Paciente: Chimpanzé Suíça. Julgador:
Edmundo Lúcio da Cruz. Julgado em: 28/09/2005. Disponível em: <
http://www.portalseer.ufba.br/index.php/RBDA/article/view/10259/7315> Acesso em 27 de out. 2016.
116 SANTANA, Heron José de. Ordem de Habeas Corpus em Favor de “Suíça”. Fórum de Direito
Urbano e Ambiental. Belo Horizonte, Fórum v.4, n.23, set./out. 2005, p 2748.
117 SANTANA, Heron José de. Ordem de Habeas Corpus em Favor de “Suíça”. Fórum de Direito
de mudança moral em que não existem dúvidas que o lugar dos animais tem mudado
para o centro de um debate ético.118
3 Do pedido
Ex positis, espera a paciete que, num gesto de estrita JUSTIÇA,
considerando-se a Lei e o Direito, o insigne magistrado, conhecendo
do pedido, defira LIMINARMEMENTE o presente mandamus, [...].
Ultimando, constitui a presente writ, único instrumento possível para,
ultrapassando o sentido literal de pessoa natural, alcançar também os
homenídeos, e, com base no conceito de segurança jurídica
(ambiental), conceder ordem de habeas corpus em favor da
chimpanzé “Suíça”, determinando a sua transferência para o Santuário
dos Grandes Primatas do GAP, que, inclusive, já disponibilizou o
transporte para a execução da devida transferência (fls. 124). Nesse
Santuário, “Suíça” poderá conviver com um grupo de 35 membros de
sua espécie, num local amplo e aberto, ter uma vida social condizendo
com sua espécie, inclusive construindo uma família e procriando, e, de
uma forma ou de outra, garantindo a sobrevivência de uma espécie
que possui antepassados comuns com a nossa.122 [grifo do autor]
118 SANTANA, Heron José de. Ordem de Habeas Corpus em Favor de “Suíça”. Fórum de Direito
Urbano e Ambiental. Belo Horizonte, Fórum v.4, n.23, set./out. 2005, p 2749.
119 SANTANA, Heron José de. Ordem de Habeas Corpus em Favor de “Suíça”. Fórum de Direito
Héron José de Santana e Luciano Rocha Santana e outros. Paciente: Chimpanzé Suíça. Julgador:
Edmundo Lúcio da Cruz. Julgado em: 28/09/2005. Disponível em: <
http://www.portalseer.ufba.br/index.php/RBDA/article/view/10259/7315> Acesso em 27 de out. 2016.
39
O drama dos animais que servem para tração começa com a justificativa do
uso destes veículos como meio legítimo para sobrevivência das pessoas com menor
poder aquisitivo, contudo, a submissão dos animais a maus-tratos e atos cruéis
continua sendo uma conduta reprovável de servidão.128 Não se pode deixar passar
despercebido o tratamento cruel que sofrem os equinos ao puxar as carroças, muitas
vezes cansados e machucados aguentando o laço do chicote até o limite de suas
forças.129 Laerte Fernando Levai, aponta:
Disponível em:
http://www1.tjrs.jus.br/site/imprensa/noticias/#../../system/modules/com.br.workroom.tjrs/elements/noti
cias_controller.jsp?acao=ler&idNoticia=88397 Acesso em 31 de out. 2016
128 LEVAI, Laerte Fernando. Direito dos animais. 2. ed. Campos do Jordão: Mantiqueira, 2004, p.
118.
129 LEVAI, Laerte Fernando. Direito dos animais. p. 119 e 120.
130
LEVAI, Laerte Fernando. Direito dos animais. 2. ed. Campos do Jordão: Mantiqueira, 2004, p.
120.
40
131 SPERB, Miriam. Cavalos que puxam carroças ainda sofrem maus-tratos. Disponível em: <
http://www.portalsatc.com/site/interna.php?i_conteudo=15283> Acesso em 31 de out. 2016.
132 LEVAI, Laerte Fernando. Direito dos animais. 2. ed. Campos do Jordão: Mantiqueira, 2004, p.
119 e 120
133 PORTO ALEGRE. Decreto 16.247, de 13 de março de 2009.
134 AGUIAR, João Batista Santafé. Mantida em vigor a “lei das carroças” em Porto Alegre.
Disponível em:
http://www1.tjrs.jus.br/site/imprensa/noticias/#../../system/modules/com.br.workroom.tjrs/elements/noti
cias_controller.jsp?acao=ler&idNoticia=88397 Acesso em 31 de out. 2016
41
Em maio de 2011, no cenário jurídico houve mais uma conquista no que tange
o progresso da defesa dos direitos dos animais com o julgamento da Ação Direta de
Inconstitucionalidade número 1.856, do Rio de Janeiro, pelo Supremo Tribunal
Federal. A mencionada peça foi proposta pela Procuradoria-Geral da República a fim
de questionar a validade na constitucionalidade da Lei Fluminense135 que legitima
competições entre aves não pertencentes à fauna silvestre.
As chamadas “brigas de galo” são brigas entre aves, muitas vezes objetos de
apostas, que efetivamente participam de lutas em que os animais chegam à exaustão,
inclusive acarretam a própria morte.136 As aves levadas à rinha têm suas orelhas,
cristas e barbelas cortadas sem anestesia, com o bico e as esporas reforçadas com
aço de modo que o duelo não acaba enquanto um deles não cair morto. Também cabe
salientar que os galos são provocados pelos próprios apostadores.137
135 Art. 1º - Fica autorizada a criação e a realização de exposições e competições entre aves das
Raças Combatentes em todo o território do Estado do Rio de Janeiro, cuja regulamentação fica
restrita na forma da presente Lei. BRASIL, Lei estadual número 2.856, de 20 de março de 1998.
136 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Acórdão em Ação Direta de Inconstitucionalidade número
e 60.
138 GORDILHO, Heron J. de S. Denúncia em Ação Penal Pública contra as rinhas de galo promovidas
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Agência do Senado. Estatuto dos Animais é aprovado pela CCJ. Disponível em:
http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/03/30/estatuto-dos-animais-e-
aprovado-pela-ccj Acesso em 20 de out. 2016.
AGUIAR, João Batista Santafé. Mantida em vigor a “lei das carroças” em Porto
Alegre. Disponível em:
http://www1.tjrs.jus.br/site/imprensa/noticias/#../../system/modules/com.br.workroom.t
jrs/elements/noticias_controller.jsp?acao=ler&idNoticia=88397 Acesso em 31 de out.
2016
ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. 13. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2011.
ARAÚJO, Fernando. A hora dos direitos dos animais. Coimbra: Almedina, 2003.
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil. São Paulo: Saraiva, 2003.
ESPAÇO Vital. Tribunal mantém a lei das carroças em Porto Alegre. Disponível
em: http://espaco-vital.jusbrasil.com.br/noticias/1948638/tribunal-mantem-a-lei-das-
carrocas-em-porto-alegre Acesso em 31 de out. 2016
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 14. ed.
São Paulo: Saraiva, 2013.
KANT, E. A religião dentro dos limites da simples razão. São Paulo: Abril
Cultural. Coleção Os Pensadores, n. 25, 1974.
MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito ambiental brasileiro. 22. ed. São Paulo:
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MARICATE, Tiago. A história dos direitos dos animais. 2010. Disponível em:
http://veja.abril.com.br/multimidia/infograficos/a-historia-dos-direitos-dos-animais
Acesso em: 05 de out. 2016
50
PENNA, José Oswaldo de Meira. Darwin. 'A origem das espécies' e a 'a
descendência do homem'. Carta Mensal, São Paulo, Confederação Nacional do
Comércio v.50, n.597, dez. 2004, p. 3-20.
REGAN, Tom. Jaulas vazias: encarando o desafio dos direitos animais. Porto
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SANTANA, Heron José de. Ordem de Habeas Corpus em Favor de “Suíça”. Fórum
de Direito Urbano e Ambiental, Belo Horizonte, Fórum v.4, n.23, set./out. 2005, p
2747-2758
SINGER, Peter. Ética prática. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
TOLEDO, Maria Izabel Vasco de.Tutela Jurídica dos Animais no Brasil e no Direito
Comparado. Revista Brasileira de Direito Animal. Ano 7, vol. 11, jul./dez. 2012, p.
197-223.
SENADO FEDERAL
PROJETO DE LEI DO SENADO
Nº 631, DE 2015
Institui o Estatuto dos Animais e altera a redação do art.
32 da Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.
CAPÍTULO I
§ 2º O disposto nesta Lei aplica-se aos animais das espécies classificadas como
filo Chordata, subfilo Vertebrata, observada a legislação ambiental.
CAPÍTULO II
§2º Aos animais deve ser dispensada a dignidade de tratamento reservada aos
seres sencientes;
CAPÍTULO III
Art. 5º Toda pessoa física ou jurídica que mantenha animal sob sua guarda ou
seus cuidados deverá:
CAPÍTULO IV
Art. 7º É proibido:
III – abandonar animal sujeito a sua guarda ou deixá-lo a sua mercê em qualquer
recinto, público ou privado, artificial ou natural, com a finalidade de se eximir das
responsabilidades inerentes ao dever de guarda;
CAPÍTULO V
III – a infração ter sido cometida para proteger pessoa ou animal de dano
iminente, não se tratando de estado de necessidade.
Art. 10. As infrações às disposições desta Lei, sem prejuízo das sanções de
natureza cível ou penal cabíveis, devem ser punidas, alternativa ou cumulativamente, com
as seguintes sanções:
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I – advertência, ante a inobservância das disposições desta Lei e da legislação
em vigor, ou de preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais sanções previstas neste
artigo;
§ 1° A pena prevista no inciso VII do caput deste artigo será aplicada em caso
de infração considerada grave ou reincidente.
Art. 11. As sanções previstas nesta Lei serão aplicadas pelos órgãos executores
competentes, sem prejuízo de correspondente responsabilização penal e pelo dever de
reparar os danos.
CAPÍTULO VI
Art. 13. Sem prejuízo da aplicação das penas previstas nesta Lei, os
responsáveis pelos danos aos animais responderão, solidariamente, por sua indenização ou
reparação integral, independentemente da existência de culpa.
Art. 15. Esta Lei entra em vigor após decorridos 120 (cento e vinte) dias de sua
publicação oficial.
JUSTIFICAÇÃO
Por se tratar de um tema tão atual, relevante e demandar uma postura ética da
sociedade, com alterações de comportamento urgentes, pedimos o apoio de nossos Nobres
Pares para o seu aprimoramento e aprovação.
LEGISLAÇÃO CITADA
Constituição de 1988 - 1988/88
Lei nº 7.347, de 24 de Julho de 1985 - LEI DOS INTERESSES DIFUSOS - 7347/85
Lei nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998 - LEI DE CRIMES AMBIENTAIS - 9605/98
artigo 32
parágrafo 1º do artigo 70
SF/16212.99129-12
nº 631, de 2015, do Senador Marcelo Crivella, que
institui o Estatuto dos Animais e altera a redação
do art. 32 da Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de
1998.
I – RELATÓRIO
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Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA), cabendo à última
a decisão terminativa.
II – ANÁLISE
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No que concerne à juridicidade, o projeto se afigura
praticamente irretocável, porquanto: (i) o meio eleito para o alcance dos
objetivos pretendidos (normatização via edição de lei) é o adequado; (ii)
possui o atributo da generalidade, que exige sejam destinatários do comando
legal um conjunto de casos submetidos a um comportamento normativo
comum; (iii) se afigura dotado de potencial coercitividade, isto é, a
possibilidade de imposição compulsória do comportamento normativo
estabelecido; e (iv) se revela compatível com os princípios diretores do
sistema de direito pátrio ou com os princípios especiais de cada ramo
particular da ciência jurídica.
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porque, seria por demais complexo definir juridicamente quais valores
morais consubstanciariam tal âmbito de proteção.
III – VOTO
CAPÍTULO I
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DISPOSIÇÕES GERAIS
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Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se aos animais das
espécies classificadas no filo Chordata, subfilo Vertebrata, exceto a espécie
humana.
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CAPÍTULO II
CAPÍTULO III
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impliquem maus-tratos.
CAPÍTULO IV
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circenses, ações publicitárias, filmagens ou exposições que causem dor,
sofrimento ou dano de natureza física;
CAPÍTULO V
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Art. 10º Sem prejuízo das sanções de natureza cível e penal
cabíveis, as infrações às disposições desta Lei serão autuadas aplicando-se,
no que couber, o disposto nos arts. 70 a 76, da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro
de 1998, levando-se em conta:
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f) mediante fraude ou abuso de confiança;
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CAPÍTULO VI
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DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
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..........................................................................................................
V - ..................................................................................................;
VI – proibição de guarda, posse ou propriedade de animais, pelo
período de até quatro anos” (NR)
“Art. 75. O valor da multa de que trata este Capítulo será fixado
no regulamento desta Lei e corrigido periodicamente, com base nos índices
estabelecidos na legislação pertinente, sendo o mínimo de R$ 250,00
(duzentos e cinquenta reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinquenta
milhões de reais).” (NR)
Art. 21. Esta Lei entra em vigor após decorridos cento e vinte
dias de sua publicação oficial.
Sala da Comissão,
, Presidente
, Relator
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