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PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO.

SUSPENSÃO DO
FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA POR INADIMPLÊNCIA DE
CONTAS. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DO SERVIÇO DE ENERGIA
ELÉTRICA. IMPOSSIBILIDADE DE SUSPENSÃO DE SERVIÇO ESSENCIAL
POR DÉBITO PRETÉRITO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PEDIDO DE
REDUÇÃO. AUSÊNCIA DE DESPROPORCIONALIDADE OU ILEGALIDADE. 1.
A Corte de origem julgou a lide em consonância com o entendimento do Superior
Tribunal de Justiça segundo o qual, por se tratar de serviço essencial, é vedado
o corte no fornecimento do serviço de energia elétrica quando se tratar de
inadimplemento de débito antigo. 2. A alteração do valor fixado a título de
honorários advocatícios, em regra, escapa ao controle do STJ, admitindo-se
excepcionalmente a intervenção do STJ, nas hipóteses em que a quantia
estipulada revela-se irrisória ou exagerada. Precedentes. No caso dos autos, os
honorários foram fixados em R$ 1.000,00 (um mil reais), pelo que não se verifica
nenhuma desproporcionalidade ou ilegalidade. 3. Recurso Especial parcialmente
conhecido e, nessa parte, não provido.

(STJ - REsp: 1658348 GO 2017/0033027-6, Relator: Ministro HERMAN


BENJAMIN, Data de Julgamento: 16/05/2017, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de
Publicação: DJe 16/06/2017)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI Nº 3.121/2015 DO


MUNICÍPIO DE CAPÃO DA CANOA. PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO.
NÃO OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO. OFENSA
INDIRETA À CONSTITUIÇÃO ESTADUAL. INADEQUAÇÃO DA VIA DIRETA
DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO
DO MÉRITO. 1. O proponente alega a inconstitucionalidade da Lei nº
3.121/2015, do Município de Capão da Canoa, que institui o Plano Municipal de
Educação, em virtude da ausência de nova consulta popular sobre as alterações
realizadas posteriormente, pela Câmara de Vereadores, afrontando os arts. 8º e
19 da Constituição Estadual. 2. O princípio da participação, genericamente
previsto na Constituição Estadual, foi observado, pois houve consulta popular,
previamente ao encaminhamento de Projeto de Lei pelo Executivo ao
Legislativo, conforme afirmado pelo próprio proponente. 3. Os planos municipais
de educação e a necessidade de observância da participação da sociedade nos
seus processos de elaboração e adequação são tratados de forma expressa no
art. 8º da Lei federal nº 13.005/2014, que aprova o Plano Nacional de Educação
- PNE e regulamenta o art. 214 da Constituição Federal. 4. Portanto, a Lei
municipal nº 3.121/2015, sob o argumento trazido pelo proponente, poderia, no
máximo, ser submetida a um controle de legalidade, e não de constitucionalidade
- ao menos não pela via concentrada -, pois, em tese, poderia ser reconhecida
violação a texto de lei infraconstitucional, mas não ofensa... direta à Constituição
Estadual. 5. Mostrando-se inadequado o controle abstrato de constitucionalidade
quando não há ofensa direta à Constituição, conclui-se pela inépcia da inicial,
impondo-se a extinção do feito, sem julgamento do mérito. JULGARAM
EXTINTA A AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE, SEM
RESOLUÇÃO DE MÉRITO. UNÂNIME. (Ação Direta de Inconstitucionalidade Nº
70067101071, Tribunal Pleno, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe
Brasil Santos, Julgado em 20/06/2016).

(TJ-RS - ADI: 70067101071 RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Data de
Julgamento: 20/06/2016, Tribunal Pleno, Data de Publicação: Diário da Justiça
do dia 30/06/2016)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONSTITUIÇÃO ESTADUAL.


LEI MUNICIPAL Nº 2.564/2006 DE GUARAPARI. REGRAS PARA
APROVAÇÃO DE PROJETOS E EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS SOB A
FORMA DE CONDOMÍNIO HORIZONTAL PARA FINS RESIDENCIAIS. LEI
NÃO FOI PRECEDIDA DE ESTUDOS TÉCNICOS E DE AUDIÊNCIA PÚBLICA.
ACRÉSCIMO AO PLANO DIRETOR URBANO. AUSÊNCIA DE
PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA
DEMOCRACIA PARTICIPATIVA. RISCO DE GRANDE IMPACTO SOCIAL E
DANO AO PATRIMONIO PAISAGISTICO, TURISTICO E À QUALIDADE DE
VIDA DA POPULAÇÃO LOCAL. PROCEDÊNCIA. 1. A Constituição do Estado
do Espírito Santo prestigia em seus arts. 231, inciso IV e 236, o princípio da
participação comunitária no desenvolvimento urbano. 2. Considerando o
disposto na Constituição Estadual, nos arts. 231, parágrafo único, inciso IV, bem
como na Constituição da República, no art. 29, inciso XII, no âmbito municipal,
as audiências públicas se tornam obrigatórias para aprovação, alteração ou
acréscimo do Plano Diretor Urbano, consistindo em um dos importantes
instrumentos de participação popular na formação das condutas administrativas
e possuindo fundamento no princípio constitucional da publicidade e nos direitos
do cidadão à informação e à participação. 3. Inconstitucionalidade declarada.
(TJES; ADI 0006824-20.2016.8.08.0000; Tribunal Pleno; Rel. Des. Willian Silva;
Julg. 15/09/2016; DJES 21/09/2016)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI Nº 3.121/2015 DO


MUNICÍPIO DE CAPÃO DA CANOA. PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO.
NÃO OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO. OFENSA
INDIRETA À CONSTITUIÇÃO ESTADUAL. INADEQUAÇÃO DA VIA DIRETA
DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO
DO MÉRITO. 1. O proponente alega a inconstitucionalidade da Lei nº
3.121/2015, do Município de Capão da Canoa, que institui o Plano Municipal de
Educação, em virtude da ausência de nova consulta popular sobre as alterações
realizadas posteriormente, pela Câmara de Vereadores, afrontando os arts. 8º e
19 da Constituição Estadual. 2. O princípio da participação, genericamente
previsto na Constituição Estadual, foi observado, pois houve consulta popular,
previamente ao encaminhamento de Projeto de Lei pelo Executivo ao
Legislativo, conforme afirmado pelo próprio proponente. 3. Os planos municipais
de educação e a necessidade de observância da participação da sociedade nos
seus processos de elaboração e adequação são tratados de forma expressa no
art. 8º da Lei federal nº 13.005/2014, que aprova o Plano Nacional de Educação
- PNE e regulamenta o art. 214 da Constituição Federal. 4. Portanto, a Lei
municipal nº 3.121/2015, sob o argumento trazido pelo proponente, poderia, no
máximo, ser submetida a um controle de legalidade, e não de constitucionalidade
- ao menos não pela via concentrada -, pois, em tese, poderia ser reconhecida
violação a texto de lei infraconstitucional, mas não ofensa... direta à Constituição
Estadual. 5. Mostrando-se inadequado o controle abstrato de constitucionalidade
quando não há ofensa direta à Constituição, conclui-se pela inépcia da inicial,
impondo-se a extinção do feito, sem julgamento do mérito. JULGARAM
EXTINTA A AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE, SEM
RESOLUÇÃO DE MÉRITO. UNÂNIME. (Ação Direta de Inconstitucionalidade Nº
70067101071, Tribunal Pleno, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe
Brasil Santos, Julgado em 20/06/2016).

(TJ-RS - ADI: 70067101071 RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Data de
Julgamento: 20/06/2016, Tribunal Pleno, Data de Publicação: Diário da Justiça
do dia 30/06/2016)
Importância das audiências públicas na defesa do
patrimônio cultural
Por Marcos Paulo de Souza Miranda

A Constituição Federal vigente estabelece em seu artigo 216, § 1º, que: “O Poder
Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio
cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e
desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação”.

Referido dispositivo, uma das pedras angulares do arcabouço normativo nacional


relativo ao patrimônio cultural, consagra três princípios básicos: a) proteção; b)
participação comunitária; c) não taxatividade dos instrumentos protetivos.

Quanto ao primeiro, a ação protetiva em prol do patrimônio cultural não se trata de mera
opção ou de faculdade discricionária do Poder Público, mas sim de imposição cogente,
que obriga juridicamente todos os entes federativos. Também a comunidade, que detém
direitos sobre o patrimônio cultural brasileiro, passa a ter obrigações em relação a ele,
sendo tipificadas como crimes agressões cometidas contra tal bem jurídico (artigos 62 a
65 da Lei 9.605/98).

Já o princípio da participação comunitária na proteção do patrimônio cultural expressa a


ideia de que deve ser dada especial ênfase à cooperação entre o Estado e a sociedade,
através da participação dos diferentes grupos sociais, na formulação e na execução da
política de preservação dos bens culturais. A propósito, a Declaração do Rio de Janeiro,
da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, de
1992, em seu artigo 10, diz: “O melhor modo de tratar as questões do meio ambiente é
assegurando a participação de todos os cidadãos interessados, no nível pertinente”.

Quanto ao princípio da não taxatividade dos instrumentos de proteção, ele estabelece


que, no ordenamento jurídico nacional, não existe um elenco exaustivo (numerus
clausus) de ferramentas passíveis de serem utilizadas para se alcançar a promoção e a
proteção do patrimônio cultural. Ou seja, para além dos inventários, registros,
vigilância, tombamento e desapropriação, outras formas de acautelamento e preservação
são amplamente viabilizadas pelo texto constitucional, que traz um rol meramente
exemplificativo de ferramentas protetivas (numerus apertus). Citem-se, a título de
exemplo, o plano diretor, o estudo de impacto de vizinhança, os incentivos e benefícios
fiscais e econômicos, bem como as consultas e audiências públicas.

Feitas estas considerações preliminares, passamos a tratar da importância das audiências


públicas (ferramentas, por excelência, de participação comunitária) como forma de
acautelamento e preservação do patrimônio cultural brasileiro, sobretudo com função
ancilar na tomada de decisões envolvendo, por exemplo, processos de tombamento,
estudo de impacto ambiental, estudo de impacto de vizinhança, estudo de impacto ao
patrimônio arqueológico e espeleológico, definição de áreas urbanísticas de diretrizes
especiais, análise de alvarás para empreendimentos potencialmente causadores de
impacto ao patrimônio histórico, elaboração de planos de prevenção a incêndio em
núcleos históricos etc.
A nosso sentir, o simples texto do § 1º do artigo 216 da CF/88, que determina a
colaboração da comunidade em tal seara, é suficiente para estruturar e fundamentar a
aplicação do instrumento das audiências públicas na seara da defesa dos bens culturais.
Com efeito, uma das mais tradicionais, importantes e democráticas formas de
participação popular na definição de políticas públicas, em qualquer tema, se dá por
meio da audiência da coletividade, verdadeiro signo histórico da democracia
participativa.

Para os que preferem esposar postura mais legalista, de se ressaltar que a Lei Federal
9.784/99 estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da
Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos
dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração, prevendo os
instrumentos das consultas e das audiências públicas. Quanto à audiência pública, a lei
estabelece:

Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, diante da relevância


da questão, poderá ser realizada audiência pública para debates sobre a matéria do
processo.

Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria relevante, poderão


estabelecer outros meios de participação de administrados, diretamente ou por
meio de organizações e associações legalmente reconhecidas.

Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e de outros meios de


participação de administrados deverão ser apresentados com a indicação do
procedimento adotado.

Logo, há previsão expressa no ordenamento jurídico federal sobre a possibilidade da


realização de audiência pública antes da tomada de decisão em temas que podem tratar,
por exemplo, da definição da área de tombamento de um núcleo histórico; de concessão
de autorização para intervenção em patrimônio arqueológico ou paleontológico; da
avaliação do grau de relevância de cavidades naturais subterrâneas; da concessão de
licenças para empreendimentos que possam impactar comunidades indígenas ou
quilombolas, entre vários outros.

Não bastasse isso, em assuntos que envolvam impactos no meio ambiente urbano, as
consultas e audiências públicas estão igualmente previstas no Estatuto da Cidade (Lei
10.257/2001), que, adotando o princípio da gestão democrática da cidade, estabelece:

Art. 2º. A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das
funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes
diretrizes gerais:

XIII – audiência do Poder Público municipal e da população interessada nos


processos de implantação de empreendimentos ou atividades com efeitos
potencialmente negativos sobre o meio ambiente natural ou construído, o conforto
ou a segurança da população;

Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básico da
política de desenvolvimento e expansão urbana.
§ 4º No processo de elaboração do plano diretor e na fiscalização de sua
implementação, os Poderes Legislativo e Executivo municipais garantirão:

I – a promoção de audiências públicas e debates com a participação da população


e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade;

Art. 43. Para garantir a gestão democrática da cidade, deverão ser utilizados, entre
outros, os seguintes instrumentos:

II – debates, audiências e consultas públicas;

Quanto à elaboração e eventuais subsequentes modificações (princípio do paralelismo


das formas) do Plano Diretor, instrumento básico da gestão do território da cidade — e
que deve tratar pormenorizadamente das questões relacionadas ao patrimônio cultural -
a realização de audiências públicas é conditio sine qua non para a sua validade, sob pena
de flagrante inconstitucionalidade, consoante se pode extrair do seguinte julgado:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONSTITUIÇÃO


ESTADUAL. LEI MUNICIPAL Nº 2.564/2006 DE GUARAPARI. REGRAS
PARA APROVAÇÃO DE PROJETOS E EMPREENDIMENTOS
IMOBILIÁRIOS SOB A FORMA DE CONDOMÍNIO HORIZONTAL PARA
FINS RESIDENCIAIS. LEI NÃO FOI PRECEDIDA DE ESTUDOS TÉCNICOS
E DE AUDIÊNCIA PÚBLICA. ACRÉSCIMO AO PLANO DIRETOR
URBANO. AUSÊNCIA DE PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL.
VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA DEMOCRACIA PARTICIPATIVA. RISCO
DE GRANDE IMPACTO SOCIAL E DANO AO PATRIMONIO
PAISAGISTICO, TURISTICO E À QUALIDADE DE VIDA DA POPULAÇÃO
LOCAL. PROCEDÊNCIA. 1. A Constituição do Estado do Espírito Santo
prestigia em seus arts. 231, inciso IV e 236, o princípio da participação
comunitária no desenvolvimento urbano. 2. Considerando o disposto na
Constituição Estadual, nos arts. 231, parágrafo único, inciso IV, bem como na
Constituição da República, no art. 29, inciso XII, no âmbito municipal, as
audiências públicas se tornam obrigatórias para aprovação, alteração ou
acréscimo do Plano Diretor Urbano, consistindo em um dos importantes
instrumentos de participação popular na formação das condutas administrativas e
possuindo fundamento no princípio constitucional da publicidade e nos direitos
do cidadão à informação e à participação. 3. Inconstitucionalidade declarada.
(TJES; ADI 0006824-20.2016.8.08.0000; Tribunal Pleno; Rel. Des. Willian
Silva; Julg. 15/09/2016; DJES 21/09/2016)

Em tema de licenciamento ambiental de empreendimentos, o instrumento da audiência


pública está previsto no artigo 11 da Resolução CONAMA 01/86 e o seu regramento foi
positivado por meio da Resolução 09/87, que, como norma-matriz da temática no
ordenamento nacional, estabelece que:

a) A audiência pública tem por finalidade expor aos interessados o conteúdo do


produto em análise e do seu referido RIMA, dirimindo dúvidas e recolhendo dos
presentes as críticas e sugestões a respeito.
b) Sempre que julgar necessário, ou quando for solicitado por entidade civil, pelo
Ministério Público, ou por 50 ou mais cidadãos, o Órgão de Meio Ambiente
promoverá a realização de audiência pública.

c) No caso de haver solicitação de audiência pública e na hipótese do Órgão


Estadual não realizá-la, a licença concedida não terá validade.

d) A audiência pública deverá ocorrer em local acessível aos interessados,


podendo haver mais de uma em função da localização geográfica dos solicitantes,
e da complexidade do tema;

e) A audiência pública será dirigida pelo representante do Órgão licenciador que,


após a exposição objetiva do projeto e do seu respectivo RIMA, abrirá as
discussões com os interessados presentes.

f) Ao final de cada audiência pública será lavrara uma ata sucinta, à qual serão
anexados todos os documentos escritos e assinados que forem entregues ao
presidente dos trabalhos durante a seção.

g) A ata da audiência pública e seus anexos servirão de base, juntamente com o


RIMA, para a análise e parecer final do licenciador quanto à aprovação ou não do
projeto.

Como um dos itens obrigatórios a serem abordados no Estudo de Impacto ao Meio


Ambiente (EIA) e seu respectivo Relatório de Impacto (RIMA), sob pena de nulidade,
diz respeito aos sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da
comunidade (Resolução CONAMA 01/86, artigo 6º I, c), as audiências públicas
constituem valiosos instrumentos para que a sociedade possa conhecer, debater, se
manifestar a respeito e influenciar a administração na tomada de decisão a respeito da
concessão de licenças a empreendimentos potencialmente degradadores do patrimônio
cultural brasileiro, a exemplo de rodovias, linhas de transmissão, reservatórios
hidrelétricos, mineração, gasodutos, silvicultura, parcelamento do solo, entre vários
outros.

Conquanto o posicionamento da sociedade no âmbito da audiência pública não vincule,


necessariamente, a tomada de decisão do julgador, este deve expressamente avaliar os
argumentos e posicionamentos colhidos durante a ausculta da sociedade e motivar,
fática e juridicamente, as razões das quais se valeu para decidir, o que poderá ser objeto
de questionamento administrativo ou mesmo judicial, em caso de ilegalidade, abuso ou
desvio de poder.

Consoante leciona, com precisão, Natália Silva Mazzutti Almeida em obra específica
sobre o tema:

O julgador é obrigado a expor os motivos de fato e de direito que o levaram a


determinada decisão. Logo, se no processo existe o registro da audiência pública e
da opinião da coletividade, e o julgador decide proferir decisão oposta a esse
entendimento, ele deverá justificar esse ato; se tal justificativa não é razoável ou
fere o interesse público, a decisão poderá ser questionada administrativa e
judicialmente. Logo, a realização de audiência pública é essencial para promover
influência direta da vontade do povo na Administração, para que esta possa viver
cada dia mais sob a influência da democracia, de modo que tenham bem claro em
seus atos que o tempo da ditadura acabou e que o Estado é apenas um meio para
promoção do querer da população e jamais um fim em si mesmo. (Audiência
pública no processo administrativo federal. Belo Horizonte: Editora D’Plácido.
2015. p. 171).

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