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DIREITO PENAL

ILICITUDE: CONCEITO, ESPÉCIES E REQUISITOS DAS


EXCLUDENTES DE ILICITUDE
CONCEITO:
É o fato típico não justificado. A ilicitude espelha a contrariedade entre o fato típico e o
ordenamento jurídico.

TEORIAS QUE RELACIONAM FATO TÍPICO E ILICITUDE:


A – TEORIA DA AUTONOMIA OU ABSOLUTA INDEPENDÊNCIA:
A tipicidade não tem qualquer relação com a ilicitude. Excluída a ilicitude o fato permanece
típico.
B – TEORIA DA INDICIARIEDADE / DA RELATIVA DEPENDÊNCIA OU RATIO COGNOSCENDI:
A existência do fato típico gera uma presunção (relativa) de ilicitude. Há uma relativa dependência
entre os dois substratos. Excluída a ilicitude o fato permanece típico, porém a existência do fato
típico gera indícios de ilicitude.
ATENÇÃO: Na teoria da indiciariedade, inverte-se o ônus da prova. Ou seja, cabe ao réu comprovar
a causa excludente da ilicitude.
O direito penal brasileiro adota a teoria da indiciariedade (ratio cognoscendi).

C – TEORIA DA ABSOLUTA DEPENDÊNCIA OU RATIO ESSENDI:


A ilicitude é essência da tipicidade, numa relação de absoluta dependência. Excluída a ilicitude,
exclui-se o fato típico. É o que a doutrina chama de tipo total do injusto.
CAUSAS EXCLUDENTES DA ILICITUDE (DESCRIMINANTES / JUSTIFICANTES)
São aquelas situações que afastarão o caráter ilícito do fato típico praticado pelo indivíduo.
CAUSAS GENÉRICAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE:
São as previstas na parte geral do Código Penal. Aplicam-se a qualquer delito e encontram-se no art.
23, do CP, in verbis:
Exclusão de ilicitude
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
CAUSAS ESPECÍFICAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE:
São as previstas na parte especial do Código Penal e possuem aplicação restrita a determinados
crimes, ou seja, somente se aplicam àqueles delitos a que expressamente se referem.
Exemplos: art. 128; art. 142; art. 146, §3º, I; art. 150, §3º, I e II; art. 156, §2º; Todos do código
penal.

ATENÇÃO: Existem excludentes de ilicitude contidas em leis de cunho extrapenal. Exemplo: art.
1.210, §1º, do CC (legítima defesa do domínio):
REQUISITOS DAS EXCLUDENTES DA ILICITUDE:
Todas as excludentes possuem requisitos objetivos e subjetivos. Os requisitos objetivos são próprios
de cada uma delas e serão estudados separadamente em tópicos próprios.
REQUISITO SUBJETIVO:
Todas as excludentes de ilicitude possuem um requisito subjetivo em comum, que é
a) necessidade de que o agente conheça a situação de fato justificante.
b) Necessidade de que o agente atue em razão da existência da situação de fato justificante;

Veja o exemplo a seguir:


Ex: Fulano, querendo matar Sicrano, enfermeiro de um determinado hospital, encontra o
desafeto dentro de uma sala com a porta entreaberta e, aproveitando a oportunidade,
desfere três disparos fatais em Sicrano, matando-o instantaneamente. O que Fulano não
sabia é que no momento em que efetuou os disparos, Sicrano – seu desafeto – preparava-se
para aplicar injeção letal em Beltrano. Ou seja, apesar de desconhecer tal informação,
Sicrano acabou agindo em legítima defesa de Beltrano, salvando sua vida.
. Nesse caso, Fulano poderá alegar que atuou amparado pela legítima defesa de terceiro?
Não, afinal Fulano desconhecia a existência da situação de fato justificante que autorizava a sua
reação em legítima defesa de terceiro, razão pela qual deverá responder pelo delito de homicídio.

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