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Sumário

Índice de Figuras.................................................................................................... iii

Índice de Tabelas ................................................................................................... iv

1 Transformador Monofásico de Dois Enrolamentos........................................... 1


1.1 Transformador Ideal ................................................................................. 2
1.1.1 Influência da Função Senoidal ...................................................... 3
1.1.2 Impedância Referida ..................................................................... 3
1.2 Transformador Real de Dois Enrolamentos.............................................. 4
1.3 Determinação dos Parâmetros do Transformador.................................... 6
1.3.1 Ensaio em Vazio ........................................................................... 6
1.3.1.1 Cálculos do Ensaio em Vazio ......................................... 7
1.3.2 Ensaio de curto-circuito................................................................. 7
1.3.2.1 Cálculos do Ensaio de Curto-circuito.............................. 8

2 Autotransformador ............................................................................................ 9
2.1 Polaridade............................................................................................... 10
2.2 Rendimento ............................................................................................ 10
2.3 Capacidade de Um Autotransformador .................................................. 11
2.4 Porque Não Se Usa Autotransformador na Distribuição?....................... 12
2.5 Exercícios ............................................................................................... 14

3 Transformador Trifásico.................................................................................. 18
3.1 Considerações sobre transformação através de um transformador
trifásico: .................................................................................................. 18
3.2 Considerações sobre transformação através de um banco de
transformadores monofásico: ................................................................. 18
3.3 Tipos de Ligação: ................................................................................... 20
3.3.1 Ligação em delta (Δ) ................................................................... 20
3.3.2 Ligação em Y .............................................................................. 20
ii

3.4 Conexões:............................................................................................... 21
3.4.1 Conexão Y - Δ ............................................................................. 21
3.4.2 Conexão Y – Y ............................................................................ 22
3.4.3 Conexão Δ - Δ ............................................................................. 22
3.5 Fato Importante ...................................................................................... 23

4 Paralelismo de Transformadores.................................................................... 24
4.1 Condições para a ligação em paralelo de transformadores.................... 24
4.2 Transformadores em Paralelo ................................................................ 24

5 Bibliografia ...................................................................................................... 26
iii

Índice de Figuras

Figura 1 - Núcleo Laminado ................................................................................... 1


Figura 2 - Tipo Núcleo............................................................................................ 1
Figura 3 - Tipo Couraça ......................................................................................... 1
Figura 4 - Modelo Esquemático de Um Transformador Ideal ................................. 2
Figura 5 - Modelo Esquemático de Um Transformador Real ................................. 4
Figura 6 - Transformador Real (Conjunto de Equações (3)) .................................. 5
Figura 7 - Transformador Real com Todos Elementos Referidos ao Primário
(Conjunto de Equações (4))................................................................. 5
Figura 8 - Esquema de Ligação dos Instrumentos de Medida para o Ensaio em
Vazio.................................................................................................... 6
Figura 9 - Circuito Equivalente de Um Transformador Durante o Ensaio em Vazio7
Figura 10 - Esquema de Ligação dos Instrumentos de Medida para o Ensaio de
Curto-circuito ....................................................................................... 8
Figura 11 - Circuito Equivalente de Um Transformador Durante o Ensaio de Curto-
circuito ................................................................................................. 8
Figura 12 - Transformador de enrolamentos isolados conectado como
autotransformador abaixador, usando polaridade subtrativa ............... 9
Figura 13 - Tensões produzidas por um autotransformador com polaridade
subtrativa ............................................................................................. 9
Figura 14 - Relação de corrente em um autotransformador com polaridade
subtrativa ............................................................................................. 9
Figura 15 - Marcação de polaridade nos enrolamentos de um transformador ..... 10
Figura 16 - Efeito da relação de transformação no rendmento do
autotransformador ............................................................................. 11
Figura 17 - Representação do autotransformador nas configuração abaixador e
elevador mostrando os volt-ampères transferidos por indução e por
condução ........................................................................................... 12
Figura 18 - Transformador e autotransformador em operação normal e sob
falha ................................................................................................... 13
iv

Figura 19 - Transformador de enrolamentos isolados ligado como


autotransformador elevadorusando polaridade aditiva ...................... 14
Figura 20 - Transformador de enrolamentos isolados ligado como
autotransformador abaixador usando polaridade subtrativa .............. 16
Figura 21 - Transformador trifásico ligado em Y - Y............................................. 18
Figura 22 - Banco monofásico ligado em Δ – Y.................................................... 19
Figura 23 - Ligação em Δ ..................................................................................... 20
Figura 24 - Ligação em Y ..................................................................................... 20
Figura 25 - Conexão Y - Δ.................................................................................... 21
Figura 26 – Conexão Y – Y .................................................................................. 22
Figura 27 – Conexão Δ - Δ ................................................................................... 22
Figura 28 - Transformadores Monofásicos Ligados em Paralelo ......................... 24
Figura 29 - Representação do Secundário de Dois Transformadores em
Paralelo.............................................................................................. 25

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Relação fasorial entre grandezas de linha e de fase para ligações em Y


e em Δ................................................................................................ 23
Transformadores

Transformador é uma máquina elétrica estática que funciona com base no princípio de
indução eletromagnética. É utilizado para transferir potência entre dois ou mais circuito
elétrico magneticamente acoplados, de forma econômica, com mudanças de níveis de
tensão e corrente, mas mantendo constante a freqüência.

1 Transformador Monofásico de Dois Enrolamentos

Constituído de dois enrolamentos montados sobre um núcleo ferromagnético laminado


(chapas de ferro-silício prensadas – Figura 1). O enrolamento que recebe energia é
denominado enrolamento primário e o que entrega energia enrolamento secundário.
Como o ferro-silício é magnetizável, mas não permanece magnetizado ele é utilizado no
núcleo para reduzir as perdas por histerese. A laminação do núcleo existe para reduzir as
correntes de Foacault ou correntes parasitas que surgem na superfície dos metais
quando estss são atravessados por campos magnéticos.

Quanto aos enrolamentos, são de dois tipos:


1. Alta tensão (muitas espiras de fio fino)
2. Baixa tensão (poucas espiras de fio grosso)

Quanto ao tipo de montagem ou disposição dos enrolamentos no núcleo, os


transformadores são classificados em dois tipos:
1. Tipo Núcleo (Núcleo envolvido, Core Type) – Figura 2
2. Tipo Couraça (Núcleo Envolvente, Shell Type) – Figura 3

Figura 1 - Núcleo Laminado Figura 2 - Tipo Núcleo Figura 3 - Tipo Couraça


2

1.1 Transformador Ideal

Para se estabelecer um modelo de transformador considerado ideal deve-se fazer


algumas considerações, principalmente entre o acoplamento magnético existente entre
os enrolamentos primário e secundário.

1. Linearidade magnética do núcleo (μ = constante)


2. Permeabilidade magnética do núcleo infinita (μ→∞ e ℜ→0)

3. Acoplamento magnético perfeito (K = 1, K = M L1 ⋅ L 2 )

4. Resistência ôhmica dos enrolamentos desprezíveis (R = 0)


5. L1 e L2 não apresentam perdas e nem capacitância de fuga (CF = 0)
6. Perdas no núcleo desprezíveis (PFe = 0)

Tendo em vista estas seis considerações pode-se imaginar o modelo esquemático da


Figura 4 para um transformador ideal.

Figura 4 - Modelo Esquemático de Um Transformador Ideal

O fluxo alternativo ϕ, comum aos dois enrolamentos, pela Lei de Faraday-Lenz, induzirá
dϕ dϕ e N
neles as tensões: e1 = −N1 e e 2 = −N2 . De onde se pode deduzir que: 1 = 1
dt dt e 2 N2

(Volts por espira).

Face as considerações feias no início desta seção pode-se desprezar a corrente de


magnetização. Deste modo tem-se: ℑmm = N1 ⋅ i1 + N2 ⋅ i 2 = ℜ ⋅ ϕ . Como ℜ→0, tem-se que:

i1 N2
= .
i 2 N1
3

1.1.1 Influência da Função Senoidal


e(t ) = −N ⋅ e(t ) ⋅ dt . Mas e(t ) = E 0 ⋅ sen(ϖt ) , então:
1
Sabe-se que , logo: dϕ = −
dt N

ϕ(t ) = − E 0 ⋅ sen(ϖt )dt . Assim sendo: ϕ(t ) = − 0 ⋅ cos(ϖt ) = ϕ 0 ⋅ cos(ϖt ) .


1 E
N ∫ ϖ ⋅N

Sabe-se que: ϕ = B ⋅ S , onde B é a intensidade do fluxo magnético e S é a área incidida

E0
por pelo fluxo magnético. Logo = B ⋅ S ⇒ E 0 = ϖ ⋅ N ⋅ B ⋅ S . Como ϖ = 2πf e
ϖ ⋅N
E0 E1 N1
E ef = tem-se que: E ef = 4,44 ⋅ f ⋅ N ⋅ B ⋅ S . Logo: = .
2 E 2 N2

Como no transformador ideal a resistência dos enrolamentos foram despresadas, temse


V1 N1
que V = E, assim sendo: = (módulo dos fasores).
V2 N2

⎛N ⎞ V I N
Chamando a relação de espiras ⎜⎜ 1 ⎟⎟ de a podemos escrever: 1 = 2 = 1 = a .
⎝ N2 ⎠ V2 I1 N2

1.1.2 Impedância Referida

Chamando de Z1 e Z2 as impedâncias no lado primário e secundário, respectivamente,


temos:

⎪⎪V1 = V2 ⋅ N
N1
(1)
2

⎪ I1 = I2 ⋅
N2
(2)
⎪⎩ N1
2 2
V V ⎛N ⎞ ⎛N ⎞
Dividindo (1) por (2) vem: 1 = 2 ⋅ ⎜⎜ 1 ⎟⎟ . Logo: Z1 = Z 2 ⋅ ⎜⎜ 1 ⎟⎟ ou Z1 = a 2 ⋅ Z 2 . Em
I1 I2 ⎝ N2 ⎠ ⎝ N2 ⎠
palavra, uma impedância qualquer no secundário é vista no lado do primário multiplicada
pelo quadrado da relação de espiras.
4

1.2 Transformador Real de Dois Enrolamentos

Para se estabelecer um modelo de transformador real deve-se fazer algumas


considerações, principalmente entre o acoplamento magnético existente entre os
enrolamentos primário e secundário.

1. Linearidade magnética do núcleo (μ = constante)


2. Permeabilidade magnética do núcleo finita (μ ≠ ∞)

3. Acoplamento magnético não é perfeito (K < 1, K = M L1 ⋅ L 2 )

4. Resistência ôhmica dos enrolamentos não são desprezíveis (R ≠ 0)


5. L1 e L2 apresentam capacitância de fuga (CF ≠ 0)
6. Perdas no núcleo não são desprezíveis (PFe ≠ 0)
7. Os circuitos serão estudados à parâmetros concentrados

Tendo em vista estas seis considerações pode-se imaginar o modelo esquemático da


Figura 5 para um transformador real.

Figura 5 - Modelo Esquemático de Um Transformador Real

Após muito eletromagnetismo e álgebra chega-se ao conjunto de equações


diferenciais (3) que permite modelar o transformador real como aquele mostrado na
Figura 6. (3) pode ser reescrito como o conjunto de equações fasoriais (4), e a Figura 7
5

mostra o modelo de um transformador real com todos os parâmetros referidos ao


primário.
⎧ V& 1 = Z& 1 ⋅ &I1 + E& 1
⎧ di1 ⎪ &
⎪ V1 = R1 ⋅ i1 + L1 ⋅ dt + e1
& & &
⎪ V2 = − Z 2 ⋅ I2 + E 2
⎪ di ⎪ Z& = R + j ⋅ X
⎪V2 = −R 2 ⋅ i 2 − L 2 ⋅ 2 + e 2 ⎪ &1 1 L1
⎪ dt ⎪ Z 2 = R 2 + j ⋅ XL2
⎪ dim1 ⎪Z& = R // j ⋅ X (4)
⎪ e1 = L m1 ⋅ ⎪ m1 f1 Lm1
⎨ dt ⎨ & N1 &
⎪ e1 = R f 1 ⋅ i f 1 (3) ⎪ E1 = ⋅ E2
⎪ N ⎪ N2
⎪ i′'2 = 2 ⋅ i 2 ⎪ &I′ = N2 ⋅ &I
⎪ N1 ⎪ 2 2
i v1 = i1 − i′2 N1
⎪ ⎪ &I = &I − &I′
⎪ im1 = i v1 − i f 1 ⎪ v1 1 2
⎩ ⎪ &I = &I − &I
⎩ m1 v1 f1

Em (3) e (4) Rf1 é uma resistência fictícia criada para representar as perdas no núcleo do
transformador (Perdas no Ferro).

Figura 6 - Transformador Real (Conjunto de Equações (3))

Figura 7 - Transformador Real com Todos Elementos Referidos ao Primário (Conjunto de Equações (4))
6

1.3 Determinação dos Parâmetros do Transformador

Para a determinação dos parâmetros de um transformador é necessário submetê-lo a


dois ensaios:

1. Ensaio em Vazio
2. Ensaio de Curto-circuito

1.3.1 Ensaio em Vazio

O ensaio em vazio é realizado alimentando-se um dos enrolamentos do transformador


com tensão e freqüência nominais, deixando-se o outro enrolamento em aberto.
Geralmente alimenta-se o enrolamento de tensão inferior (TI), pois neste caso a maior
parte dos instrumentos estará ligada em um nível de tensão que oferece menos riscos e
também mais cômodo levando-se em conta que na maioria dos laboratórios os grupos
motogeradores nem sempre têm condições de gerar tensão ao nível de tensão superior
(TS) do equipamento em teste.

Através do ensaio em vazio determina-se:

1. Perdas no núcleo (ferro): histerese e Foucault


2. Impedância do ramo magnetizante (impedância transversal)
3. Relação de transformação
4. Corrente em vazio
5. Fator de potência em vazio

A Figura 8 mostra um esquema das ligações dos equipamentos de medição para o


ensaio em vazio.

Figura 8 - Esquema de Ligação dos Instrumentos de Medida para o Ensaio em Vazio


7

Mede-se P0, V0 e I0. Como o lado TS está em aberto e como Z m1 >> Z1 o circuito
equivalente para o ensaio em vazio fica como na Figura 9.

Figura 9 - Circuito Equivalente de Um Transformador Durante o Ensaio em Vazio

1.3.1.1 Cálculos do Ensaio em Vazio

V02 V0 V P
Rf = If = = 2 0 ⇒ If = 0
P0 R f V0 P0 V0

V0
&i = &i + &I ⇒ i 2 = i 2 + I2 ⇒ I = I02 − I2f Xm =
0 f m 0 f m m Im

P0 ⎛ P ⎞
P0 = V0 ⋅ I0 ⋅ cos(θ 0 ) ⇒ cos(θ 0 ) = ⇒ θ 0 = a cos⎜⎜ 0 ⎟⎟
V0 ⋅ I0 ⎝ V0 ⋅ I0 ⎠

Vale lembrar que If e Im estão em quadratura, ou seja, estão defasadas de 90º entre si.

1.3.2 Ensaio de curto-circuito

Este ensaio é realizado curto-circuitando-se um dos enrolamentos do transformador e


aplicando-se ao outro enrolamento uma tensão regulável até que circule corrente nominal
em ambos enrolamentos. Geralmente curto-circuita-se o enrolamento de TI aplicando-se
a tensão alternada ajustável ao enrolamento TS. Na prática, a tensão utilizada neste
ensaio é cerca de 10% da tensão nominal do transformador.

Através do ensaio de curto-circuito determina-se:

1. Perdas no cobre: dissipação por efeito Joule nas resistências dos enrolamentos
2. Resistência dos enrolamentos e reatâncias de dispersão (reatâncias longitudinais)
8

3. Queda de tensão interna para a corrente nominal


4. Fator de potência de curto-circuito

A Figura 10 mostra um esquema das ligações dos equipamentos de medição para o


ensaio de curto-circuito.

Figura 10 - Esquema de Ligação dos Instrumentos de Medida para o Ensaio de Curto-circuito

Mede-se PCC, VCC e ICC. Como o lado TI está curto-circuitado e como Z m1 >> Z1 o circuito
equivalente para o ensaio em vazio fica como na Figura 11.

Figura 11 - Circuito Equivalente de Um Transformador Durante o Ensaio de Curto-circuito

1.3.2.1 Cálculos do Ensaio de Curto-circuito

PCC VCC
R e1 = 2
Z e1 =
ICC ICC

2 2
⎛ VCC ⎞ ⎛P ⎞
Z e1 = R e1 + j ⋅ X e1 ⇒ Z 2e1 = R 2e1 + X 2e1 ⇒ X e1 = Z 2e1 − R 2e1 ⇒ X e1 = ⎜⎜ ⎟⎟ − ⎜ CC ⎟
⎝ ICC ⎠ ⎜ I2 ⎟
⎝ CC ⎠
R e1 X e1
R1 = R′2 = X1 = X′2 =
2 2
PCC ⎛ PCC ⎞
PCC = VCC ⋅ ICC ⋅ cos(θ CC ) ⇒ cos(θ CC ) = ⇒ θ CC = a cos⎜⎜ ⎟⎟
VCC ⋅ ICC ⎝ VCC ⋅ ICC ⎠
2 Autotransformador

Um autotransformador é na verdade um transformador de um só enrolamento. Ele pode


ser construído a partir de um transformador de enrolamentos isolados conectando-se em
série ambos enrolamentos.

Autotransformadores são de menor tamanho que transformadores de enrolamentos


isolados de mesma capacidade, pois utilizam um só enrolamento e o núcleo de ferro-
silício só precisa percorrer o interior de um único enrolamento.

São utilizados normalmente em aplicações com baixas-tensões, como por exemplo: para
reduzir a tensão de partida de um motor e para controle de velocidade de motores
monofásicos.

Um autotransformador pode ser aditivo ou subtrativo dependendo de como os


enrolamentos foram conectados no que se refere à polaridade deles.

Figura 12 - Transformador de enrolamentos Figura 13 - Tensões produzidas por um


isolados conectado como autotransformador com polaridade
autotransformador abaixador, subtrativa
usando polaridade subtrativa

Figura 14 - Relação de corrente em um autotransformador com polaridade subtrativa


10

2.1 Polaridade

Polaridade, ou polaridade instantânea, de um enrolamento nada mais é que o sentido da


força eletro-magnética (fem) induzida em um enrolamento quando uma fonte de tensão
alternada é conectada ao outro enrolamento do transformador.

A polaridade pode ser aditiva ou subtrativa. Ela é aditiva quando a fem induzida produz
uma tensão no mesmo sentido que a da fonte conectada ao outro enrolamento. E é
negativa quando a fem produz uma tensão que se oponha à tensão da fonte conectada
ao transformador.

A polaridade, em um diagrama, é representada por um ponto ao lado do enrolamento no


terminal de polaridade instantânea aditiva e é comumente denotado por um índice ímpar,
como mostrado na Figura 15.

Figura 15 - Marcação de polaridade nos enrolamentos de um transformador

2.2 Rendimento

Um autotransformador tem elevado rendimento (maior que 99%). Para a mesma potência
que um transformador de enrolamentos isolados um autotransformador,
construtivamente, possui menos cobre (só possui um enrolamento) e menos ferro (núcleo
no interior de um único enrolamento). Como apenas parte da potencia transmitida é
induzida há muito menos perda por histerese e corrente de Faucaut. As perdas no cobre
são também reduzidas, pois parte do enrolamento está sujeita, apenas, à diferença entre
as correntes de entrada e saída.
11

O rendimento de um autotransformador aumenta a medida que sua relação de


transformação se aproxima de 1 para 1 (α→1).

Figura 16 - Efeito da relação de transformação no rendmento do autotransformador

2.3 Capacidade de Um Autotransformador

Quando se conecta um transformador de enrolamentos separados como um


autotransformador a sua capacidade (kVA) aumenta sob pena de um dos enrolamentos
poder estar trabalhando em sobrecarga.

A capacidade de um transformador conectado como um autotransformador sempre


aumenta e varia com a ligação (polaridade aditiva ou subtrativa) e com a relação de
transformação produzida. Quanto mais próxima de um for a relação de transformação
maior o aumento de capacidade. Se α > 10 o acréscimo é menor que 10%.

Esse aumento de capacidade é devido ao fato de a potência ser transferida de modo


diferente nos dois equipamentos. Em um transformador a transferência de potência
ocorre devido à indução. Em um autotransformador ela ocorre em parte através da
indução e em parte através de condução.
12

Figura 17 - Representação do autotransformador nas configuração abaixador e elevador mostrando os


volt-ampères transferidos por indução e por condução

2.4 Porque Não Se Usa Autotransformador na Distribuição?

Um autotransformador é menor, mais barato e de maior rendimento que um


transformador de mesma potência, então porque não usá-lo na rede de distribuição? A
resposta? Segurança. A Figura 18 auxilia na explicação. Na Figura 18.a e 18.b são
mostrados o transformador e o autotransformador na operação normal e na Figura 18.c e
18.d em falha.
13

Figura 18 - Transformador e autotransformador em operação normal e sob falha

Imagine um rompimento do enrolamento de um transformador e de um


autotransformador.

Para um transformador, o rompimento do enrolamento nos pontos a ou b da Figura 18.a


faz com que a carga deixe de ser alimentada instantaneamente. Num autotransformador,
o rompimento no ponto a ou b (Figura 18.d) faz com que seja aplicado imediatamente à
carga (que era em 127 V) uma tensão de 13800V. Mesmo que a proteção contra
sobrecorrente atue, ela não é instantânea e neste curto período de tempo algum dano
pode ocorrer. Para pessoas, o perigo é evidente já que ambos os terminais do
autotransformador estarão com 13800 V em relação à terra.
14

2.5 Exercícios

Os exercícios desta seção foram extraídos de [Kosow, 1972].

Figura 19 - Transformador de enrolamentos isolados ligado como autotransformador elevadorusando


polaridade aditiva

1. Para um transformador com enrolamentos isolados de 10kVA, 1200/120V


(Figura 19.a) ligado como autotransformador com polaridade aditiva (Figura 19.b)
calcule:
a. A capacidade original do enrolamento de 120V em ampères
b. A capacidade original do enrolamento de 1200V em ampères
c. A capacidade do autotransformador da Figura 8.d, usando o enrolamento
de 120V calculada no item (a)
d. O acréscimo percentual da capacidade do autotransformador em relação
ao transformador isolado
e. I1 e IC na Figura 19.d a partir do valor de I2 usado no item (c)
f. A sobrecarga percentual do enrolamento de 1200V, quando usado como
autotransformador
15

Solução:

10kVA ⋅ 1000
a. Ibaixa = = 83,3 A
120 V
10kVA ⋅ 1000
b. Ialta = = 8,33 A
1200 V
c. Desde que o enrolamento de 120V é capaz de carregar 83,3A, a nova capacidade
em kVA do autotransformador é:
1320 V ⋅ 83,3 A
V2I2 = = 110kVA
1000
d. O acréscimo percentual em kVA, ao se utilizar o transformador de enrolamentos
isolados como autotransformador é:
kVA auto 110kVA
⋅ 100 = ⋅ 100 = 1100%
kVA isolado 10kVA

kVA ⋅ 1000 110kVA ⋅ 1000


e. I1 = = = 91,67 A
V1 1200 V

IC = I1 − I2 ( da Figura 8.d) = 91,67 − 83,3 = 8,33 A


IC 8,33
f. Sobre carga percentual do enrolament o de 1200V = ⋅ 100 = ⋅ 100 = 100%
Ialta 8,33
16

Figura 20 - Transformador de enrolamentos isolados ligado como autotransformador abaixador usando


polaridade subtrativa

2. Para um transformador com enrolamentos isolados de 10kVA, 1200/120V


(Figura 20.a) ligado como autotransformador com polaridade subtrativa (Figura 20.b)
calcule:
a. A capacidade original do enrolamento de 120V em ampères
b. A capacidade original do enrolamento de 1200V em ampères
c. A capacidade do autotransformador da Figura 20.d, usando o enrolamento
de 120V calculada no item (a)
d. O acréscimo percentual da capacidade do autotransformador em relação
ao transformador isolado
e. I1 e IC na Figura 20.d a partir do valor de I2 usado no item (c)
f. A sobrecarga percentual do enrolamento de 1200V, quando usado como
autotransformador
17

Solução:

10kVA ⋅ 1000
a. Ibaixa = = 83,3 A
120 V
10kVA ⋅ 1000
b. Ialta = = 8,33 A
120 V
c. Desde que o enrolamento de 120V é capaz de carregar 83,3A, a nova capacidade
em kVA do autotransformador é:
1080 V ⋅ 83,3 A
V2I2 = = 90kVA
1000
d. O acréscimo percentual em kVA, ao se utilizar o transformador de enrolamentos
isolados como autotransformador é:
kVA auto 90kVA
⋅ 100 = ⋅ 100 = 900%
kVA isolado 10kVA

kVA ⋅ 1000 90kVA ⋅ 1000


e. I1 = = = 75 A
V1 1200 V

IC = I2 − I1( da Figura 9.d) = 83,3 − 75 = 8,33 A

IC 8,33
f. Sobre carga percentual do enrolament o de 1200V = ⋅ 100 = ⋅ 100 = 100%
Ialta 8,33

3. Para o autotransformador abaixador do Exercício 2 e Figura 20.d (usando polaridade


subtrativa) calcule:
a. Os kVA transferidos condutivamente do primário para o secundário
b. Os kVA transformados
c. Os kVA totais
d. Compare a resposta do item (c) com o item (c) do Exercício 2

Solução:
V2I1 1080 V ⋅ 75 A
a. kVA transferidos condutivam ente = = = 81 kVA
1000 1000
VPI1 120 V ⋅ 75 A
b. kVA transforma dos = = = 9 kVA
1000 1000
c. kVA totais = 81 kVA + 9 kVA = 90kVA
d. As respostas são idênticas.
3 Transformador Trifásico

A transformação trifásica pode, basicamente, ser efetuada de duas maneiras:


ƒ através de um transformador trifásico
ƒ através de um banco de transformadores monofásicos

3.1 Considerações sobre transformação através de um transformador


trifásico:

Os circuitos magnéticos são acoplados, havendo interferência do fluxo criado por cada
fase sobre o fluxo das outras.

A quantidade de ferro utilizada na formação


do núcleo é bem menor que a empregada em
um banco de transformadores monofásicos
equivalente. Portanto, o transformador
trifásico oferece menos perdas no ferro, assim
como o volume da unidade transformadora é
bem menor. Este transformador é formado
pela justaposição de três transformadores
monofásicos, aproveitando a combinação de
fluxos para reduzir suas dimensões e
conseqüentemente a massa de ferro
Figura 21 - Transformador trifásico ligado em Y - Y empregada no núcleo.

3.2 Considerações sobre transformação através de um banco de


transformadores monofásico:

Os circuitos magnéticos são completamente independentes, isto é, não há interferência


entre os fluxos das unidades monofásicas que são montadas em caixas individuais.

A quantidade de ferro utilizada na formação dos núcleos é grande, acarretando


consideráveis perdas.
19

A potência nominal do banco é o somatório das potências nominais de cada elemento do


banco de transformadores monofásicos.

Em termos econômicos é de custo elevado, entretanto em determinados casos, por


motivo de manutenção, torna-se mais barato desde que se disponha de uma unidade de
reserva para substituição em caso de avaria.

O banco assim formado tem maior aplicação em instalações importantes e que requeiram
alto custo de suprimento de grandes cargas. Por exemplo: subestação base de usina
geradora e subestações de grande porte.

Figura 22 - Banco monofásico ligado em Δ – Y


20

3.3 Tipos de Ligação:

Existem muitos tipos de ligações, mas serão abordados apenas de dois deles: ligação em
delta e ligação em Y ou estrela. É importante salientar que independente da ligação:

S 3φ = 3 ⋅ VFase ⋅ IFase = 3 ⋅ VLinha ⋅ ILinha

3.3.1 Ligação em delta (Δ)

Características fundamentais: VLinha = VFase e ILinha = 3 ⋅ IFase

Figura 23 - Ligação em Δ

3.3.2 Ligação em Y

Características fundamentais: VLinha = 3 ⋅ VFase e ILinha = IFase

Figura 24 - Ligação em Y
21

3.4 Conexões:

3.4.1 Conexão Y - Δ

Figura 25 - Conexão Y - Δ

É sempre importante lembrar que a transformação é sempre da tensão aplicada ao


enrolamento. No caso da ligação Y a tensão aplicada sobre o enrolamento é a tensão de
fase, ou seja, a tensão de linha dividida pela raiz quadrada de três. É essa tensão que
será transformada em tensão de linha na ligação Δ. Este fato, como se é de esperar,
altera a relação de transformação.

VFase VLinha V1 3 V2 V2 1 N2
= ⇒ = ⇒ =
N1 N2 N1 N2 V1 3 N1
logo:

V2 1 I2 3
= α e =
V1 3 I1 α
22

3.4.2 Conexão Y – Y

Figura 26 – Conexão Y – Y

VFase VFase V1 3 V2 3 V2 N2
= ⇒ = ⇒ =
N1 N2 N1 N2 V1 N1
então:
V2 I2 1
=α e =
V1 I1 α

3.4.3 Conexão Δ - Δ

Figura 27 – Conexão Δ - Δ

VLinha VFase V1 V V2 N2
= ⇒ = 2 ⇒ =
N1 N2 N1 N2 V1 N1
então:
V2 I2 1
=α e =
V1 I1 α
23

3.5 Fato Importante

É muito importante que todos tenham em mente que apesar de sempre se utilizar

VLinha = 3 ⋅ VFase para ligações em Y e ILinha = 3 ⋅ IFase para ligações em Δ estas são
expressões apenas para os módulos dos fasores. Essa relação entre valores de linha e
de fase apresenta também um defasamento, que para circuitos equilibrados é de 30º.
Assim sendo, fasorialmente:

Tabela 1 - Relação fasorial entre grandezas de linha e de fase para ligações em Y e em Δ

Ligação Seqüência de fase direta (RST) Seqüência de fase inversa (TSR)


Y V& = 3∠30° ⋅ V&
Linha Fase V& = 3∠ − 30° ⋅ V&
Linha Fase

Δ &I & &I &


Linha = 3∠30° ⋅ IFase Linha = 3∠ − 30° ⋅ IFase
4 Paralelismo de Transformadores

Uma das mais importantes operações com transformadores é, sem dúvida nenhuma, a
ligação de várias unidades em paralelo. Isto eleva a confiabilidade do fornecimento de
energia e até mesmo aumenta a potência do sistema, que talvez não pudesse ser
conseguida com um único transformador.

4.1 Condições para a ligação em paralelo de transformadores

Existem três condições necessárias, uma fundamental e duas a serem verificadas.

ƒ Condição Fundamental: que os transformadores tenham a mesma relação de


transformação, ou valores muito próximos.
ƒ Condições a serem verificadas: Polaridade e Isolamento.

4.2 Transformadores em Paralelo

A Figura 28 mostra dois transformadores ligados em paralelo.

Figura 28 - Transformadores Monofásicos Ligados em Paralelo


25

E1 E
Para o circuito da Figura 28, a1 = e a 2 = 1 são as relações de transformação para
E′2 E′2′

os transformadores 1 e 2, respectivamente. E& ′2 e E& ′2′ são as fem induzidas nos


enrolamentos secundário dos transformadores 1 e 2. E ICIRC é a corrente de circulação
que se estabelece na malha formada pelos secundários dos transformadores devido à
diferença das fem induzidas ΔE& 2 , onde: ΔE& 2 = E& ′2 − E& ′2′ supondo que a1 > a 2 , ou seja,

que E& ′2 > E& ′2′ .

E& ′2 − E& ′2′ ΔE& 2


Tem-se portanto que: ICIRC = = . Para a1 = a 2 tem-se ΔE& 2 = 0 , logo
Z′e2 − Z′e′ 2 Z′e2 − Z′e′ 2

ICIRC = 0 .

Se uma carga é conectada ao barramento de carga tem-se no transformador 1 uma


queda de tensão ΔV2′ = Z′e2 ⋅ I′2 e no transformador 2 ΔV2′′ = Z′e′ 2 ⋅ I′2′ . Como a tensão no

barramento de carga (V2) tem de ser a mesma, tem-se que: V2 = V2′ = V2′′ , ou seja

E′2 − Z′e2 ⋅ I′2 = E′2′ − Z ′e′ 2 ⋅ I′2′ .

Se E& ′2 = E& ′2′ , tem-se que: Z′e2 ⋅ I′2 = Z′e′ 2 ⋅ I′2′ ou ΔV2′ = ΔV2′′ , que pode ser representado
como o circuito da Figura 29.

Figura 29 - Representação do Secundário de Dois Transformadores em Paralelo

Z& ′e′ 2
O circuito da Figura 29 é um divisor de corrente, assim sendo: &I′2 = &I2 ⋅ e
Z& ′e2 + Z& ′e′ 2

&I′′ = &I ⋅ Z& ′e2


2 2 .
Z& ′e2 + Z& ′e′ 2
5 Bibliografia

Anotações de estudos de Leonardo Xavier da Silva, M.Sc.

Notas de aula de transformadores e de aulas de laboratório de transformadores


(graduação na UFJF)

Kosow, I. L., 1972, Máquinas Elétricas e Transformadores, Editora Globo

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