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NOCAO DE RESPONSABILIDADE (19-11-39) Que fim, levaram aquéles rapazes literatos de Sao Paulo, que a Semana de Arte Moderna Jangou em 1922?..- Me refiro exatamente aos “novos”, que ainda nao tinham Menhuma £6-de-oficio literdria, e apareciam entao pela Reimeira vez. _Eram uma bem numerosa companhia e judaram decisivamente a que nos fingissemos de_exér- cito, quando aparecemo: do paleo do Teatro s todos juntos Stupicipal, formando um luzido segundo plano pra que 2 vaidade de Graca Aranha se sentisse satisfeita de falar. Som, mas nao quero ser apenas maldoso, & reconhego com fasilidade que, da parte de Graca Aranhe, nao havia apenas vaidade, mas, principalmente, uma forte dose de ePevicedo e entusiasmo. Entusiasmo por nos? Convicgao pela arte que faziamos? Certamente nao, 6 nem Poe isso seinerecera pedradas. A nossa arte era bastante incerta ole ontinha em sta pesquisa exagerada germes de cadu- stre havia certamente de cidade que a lucidez do me: cide an 0 fato & que téda aquela rapaziada paulista, da revista “Klaxon”, que desapareceu; por que fe ainda luziluzin nas paginas Viveu nesse Mesmo ano, aos poucos meira razio_pela qual le 2 evasho artistica desapareceu? Ia, certamente, aquela pri jamais se poderd augurar continuidad “os mocos. Arte aos vinte anos, sera tm problema de psicologia da virilid fatiea, porém esta razio me parece insuficfente pra g aquéles mogos desapareceram. EF ‘am exatamente, nem foram vorados pelo interésse das (Ges coletivas- De um déles, 0 tinico que fico ¢ de quem quero hoje falar, Sérgio Milliet, esta convidativa expli- is sempre muito ma ade que da eriag ¢ explicar por que todo: Guc todos éles nao desaparecer’ éevorados pela vida, e sim de rea Mterariamente ver nos seus recentes “Ensaios’ { 4 s RICAN zs — 24 TARIO DE ay. DRapp Cacho: “De uma idéia nova su (do_ Brasil), 2randes Doetas ot dugdes individyats im Sag Movimentos coletivo: oO utilitaria, do apreveitamenty eo : burra os sens inteleetnaig oa anto bossive] descem 4 arena (1 professéres, Pesqu: diretores de repartigs Seus versos, contcs e fantasias, E si tivesse lembrado © Partido Democratieo, 0s t englobado a todos, pois due ésse partido, imeira cn ¢40 politica perfeitamente sistematica, organizad, © regime da primeira Reptiblica, hasceu da mi, Tapazes, e mais alguns amigos. uma das reunides preliminares da formacao do Partido Democratico, quando ainda o velho conselheiro Pradg hesitava comprometer-se néle. Ne casa de Paulo Nogueira Filho formavamos quase exclusivamente uma repeticig da Semana de Arte Moderna. Eu seria 0 decano entre oS presentes € por certo o unico que deseria daquilo tudo. Mas ninguém falou literatura, nem Poesia, escarrou-se 6dio ao regi: ne, descreveu-se lutas politicas, sonhou-se um caminho milhor para o pais, voto secreto. Eu mudo, imensamente insulado no ambiente. Que era confortavel mo uisque. | E, com efeito, a politica empclgou em seguida ae les intelectuais disponiveis; tizeram-se nnalis i sre jornais; 0 Sr. Couto de Barros digpersava no “Diévio Nacional” notas sobre politica, imi ae us tore ssuntos ma elevagao aristocratica ebenega, site assuntos, de uma elev fio belos cuanto initels; vieram nava os seus escrito: vel silencio. Dir-se-! revolucdes. E depois veio um tert ivel See ein ane ésses rapazes, j4 arora homens-feito mais provivel. € i € Slap a tame ida. Mas o mais ram. coisa pra voltar & tona da ys oat espera no saberer, nem éles mesm 0 EMPALHADOR DE PAssanrNto 2 1 5, A vazSo lembrada por Sérgio Mili t 220 ler a § i iet, pra i escasser. literéria de Sao Paulo, é justa, spenas em wa : $i é certo que o Sr, Rubens Borba de Mega’ om Parte. Tovais, por plo, deixou-se empolgar pela rea. vacdo, airia ev exem~- mao h . m AP pela gindo ¢ { 9 movimento bibliotecondmico de Sao Paulo, tornando-o incomparavel no Brasil; por outro lado, n proprio Sérgio Milliet, no menos vealizador, dirierads com igual maestria 0 movimento de pesquisas historic 8 e sociais, tornando, por é 7 seu tmico e exclusive mér “Revi nattgo! punico, sivo mérito, a Revista do Arquivo”, a mais universalmente conhecida e citada dentre as publicagdes brasileivas, Sérgio Milliet nem por isso deixou a producio literdria, Vai nos damio anualmente o seu volume, ora ensaios, ora pesquisas estatisticas, ora poesias, ora romance, mantendo com admirével seguranga a sua equilibradissima figura de intelectual. Equilibradissima. Eis, ao que parece, a melhor explicagéo de Sérgio Milliet, e que o torna uma figura rara em nosso meio artistico. $50 0. Talvez isso The venha de uma formagio intelectual feita na grave Suica e, também, parcialmente, de uma convivéncia profunda, embora um bocado exclusiva com a numerosa mentalidade francesa; mas sempre é certo que Sérgio Milliet se destaca entre nés pela segura nogio de responsabilidade com que orga- nizou a sua literatura. Ora isso, num ambiente literdrio como 0 nosso em que noventa por cento, nao exagero, dos escritores sio intelectuais improvisados, é um yerda- deiro caso de excegaio. Seria mesmo justo indagar quais dentre os nossos escritores, principalmente romancistas e poetas, so, realmente, merecedores de quanto escrevem. Quantos déles sabem, exatamente, 0 que querem fazer e buscaram com honestidade os elementos de cultura e experiéncia que hes permitissem realizar a propria per sonalidade com toda a sua forga e na exata expressio do seu destino? A grande maioria dos nossos escritores 80 individuos desarmoniosos, pouco sabedores de sua propria lingua e tradicdes, frageis em sua cultura geral, @ manetas dotades de uma arte sé. Slo verdadeiros robinsons, exilados espetacularmente na iihota da li tua de fiegio, s6 de fiegho; se desinteressam totalmente de miisica, e 36 conhecem das artes plisticas a sensncio, 6 the facil das revistas gente, e dourar por fora com o folheio, Goniais e geniosos, os nossos literatos

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