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18/08/2015 Iconografia de Jesus Cristo ­ Ateliê de Iconografia Theotokos Pantanassa

Iconografia de Jesus Cristo
 
Tradicionalmente  os  ícones  de  Cristo  são  classificados  em  três
tipos básicos: A aqueropita ou “A Imagem não feita por mãos humanas”,
o Emanuel e o Pantocrator ou o Senhor Todo Poderoso.
 

A Imagem Não Feita por Mãos Humanas ou Aqueropita
 
A versão mais popular no ocidente conta que durante a via sacra
Verônica  secou  o  rosto  do  Cristo,  que  estava  com  sangue  e  suor.  A
marca deixada no pano teria dado origem ao santo sudário. Note­se que
o nome Verônica significa vera = verdadeira + icona = imagem.
A  tradição  oriental  diz  que  o  primeiro  ícone  foi  o  rosto  de  Jesus
Cristo  sobre  um  pano.  Por  volta  do  ano  30  o  Rei  Abgar  V,  de  Edessa
(atual Urfa, na Turquia), que era leproso, ouvindo falar sobre os poderes
de  cura  de  Jesus,  mandou  um  mensageiro,  Ananias,  à  Palestina.  Sua
missão era entregar uma carta a Jesus, pedindo­lhe que fosse curá­lo e
fazer seu retrato, o mais fiel possível, para o rei. A carta dizia:
 
“Abgar, toparca da cidade de Edessa, a Jesus Cristo, o excelente
médico  que  surgiu  em  Jerusalém,  salve!  Ouvi  falar  de  ti  e  das
curas que realizas sem remédios. Contam efetivamente que fazes
os cegos ver, os coxos andar, que purificas os leprosos, expulsas
os demônios e os espíritos imundos, curas os oprimidos por longas
doenças  e  ressuscitas  os  mortos.  Tendo  ouvido  falar  de  ti  tudo
isso, veio­me a convicção de duas coisas: ou que és Filho daquele
Deus que realiza estas coisas, ou que és o próprio Deus. Por isso
escrevi­te pedindo que venhas a  mim e  me cures  da doença que
me aflige e venhas morar junto a mim. Com efeito, ouvi dizer que
os judeus murmuram contra ti e te querem fazer mal. Minha cidade
é muito pequena, é verdade, mas honrada e bastará aos dois para
nela vivermos em paz.” (Gharib, p. 43)
 
Ananias  chegou  a  Jerusalém  na  vigília  da  Paixão  e  entregou  a
carta  a  Jesus.  Enquanto  esperava  a  resposta,  tentou  em  vão  fazer  seu
retrato. Adivinhando seu embaraço, Jesus pediu água para lavar o rosto
e  uma  toalha.  Pressionou  a  toalha  sobre  sua  face  e  miraculosamente
imprimiu  sua  imagem  nela.  Entregou  a  toalha  a  Ananias,  com  uma
resposta  da  carta  e  prometendo  que  mais  tarde  um  de  seus  discípulos
iria até o rei. Essa seria a origem do mandylion (lenço,  manto),  imagem
aqueropita  (não  feita  pela  mão  humana)  que  se  considera  como  o
primeiro ícone. A resposta de Jesus à carta do rei dizia:
 
“Bem­aventurado  és,  Abgar,  porque  acreditaste  em  mim,  embora
não  me  tenhas  visto!  De  mim,  com  efeito,  está  escrito  que  quem
me vir, não crerá em mim, para que os que não me vêem creiam
em mim e tenham a vida. Quanto ao convite que me fizestes para
ir ter contigo, respondo que é preciso que eu cumpra aqui a minha
missão,  e  que  depois  do  seu  cumprimento,  que  eu  volte  para
aquele  que  me  mandou.  Mas  quando  eu  tiver  subido  para  junto
dele, te mandarei um dos meus discípulos,  de  nome  Tadeu,  para
curar­te do mal e oferecer­te a vida eterna e a paz a ti e aos teus,
e  para  fazer,  pela  cidade,  quanto  for  necessário  para  defende­la
dos inimigos.” (Gharib, p. 43)
 

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Ananias levou este pano para o rei. O rei melhorou, mas só ficou
curado quando Tadeu, um dos setenta discípulos de Jesus enviados por
Tomé,  foi  a  Edessa  e  o  batizou.  O  rei  adotou  o  Cristianismo  e  o  pano
miraculoso  foi  colado  a  uma  tábua  e  colocado  nos  portões  da  cidade,
com inscrição: “Cristo Deus, quem em ti espera não se perderá”. O ícone
do  Monastério  de  Santa  Catarina  do  Sinai  mostra  o  Rei  Abgar  com  o
santo  mandylion,  e  Tadeu  à  esquerda.  Abaixo,  estão  alguns  santos  e
monges.
 

Rei Abgar Santo Keramion
 
 

Sagrada face de Jaroslav  Sagrada Face de Gênova
 
 
No  ano  57  o  neto  de  Abgar,  Mánu  VI,  começou  um  retorno  ao
paganismo, e queria destruir a relíquia. O bispo da cidade, advertido em
sonho do desejo do rei, mandou emparedá­la às escondidas num nicho,
ocultando­a  com  uma  cerâmica.  Com  o  tempo,  a  sagrada  imagem  foi
esquecida.
No ano de 544, o rei persa Cosróes, após ter saqueado todas as
cidades  da  Ásia,  cercou  Edessa,  reduzindo­a  a  um  estado  de  total
pobreza.  O  então  bispo  Evlávio,  depois  de  uma  revelação,  mandou
quebrar a parede e encontrou o mandylion. Diz a tradição que a lâmpada
ainda  estava  acesa,  e  que  tinha  contribuído  para  imprimir  a  imagem  do
Cristo sobre o Keramion (cerâmica) que a ocultava. A imagem foi retirada
e organizou­se uma grande procissão sobre as muralhas da cidade. Todo
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o  arsenal  militar  dos  persas  pegou  fogo  e  eles  tiveram  que  levantar  o
cerco e fugir, sofrendo grave derrota.
O  ícone  do  santo  Keramion  muitas  vezes  confundido  com  o  do
Santo Mandylion, apresenta algumas características que o diferem deste
último.  Esse  ícone  é  do  século  XII,  de  Novgorod,  e  encontra­se
atualmente  na  Galeria  Tretjakov  de  Moscou.  Comparemos  com  outro
ícone da primeira metade do século XIII, o da Sagrada Face de Jaroslav.
A primeira diferença no Santo Keramion é a ausência da toalha atrás do
rosto,  tendo  apenas  um  fundo  de  cor  tijolo  ou  cerâmica.  A  segunda é o
direcionamento dos olhos e dos cabelos no alto da fonte, para esquerda
de quem olha, ao contrário do mandylion. Assim, a imagem do Keramion
é o “espelho” da imagem do mandylion, como conta a tradição.
Durante o período iconoclasta, o mandylion era um dos principais
argumentos dos defensores das imagens, pois argumentavam que além
do fato do Cristo ter se encarnado, Ele próprio nos deixara sua imagem
no  mandylion  de  Edessa.  Em  944  o  imperador  de  Bizâncio  recebeu  o
mandylion do Emir de Edessa, e colocou­o na Igreja de Santa Sofia. Em
1204,  com  a  tomada  de  Constantinopla  pelos  cruzados,  o  mandylion
desapareceu.
Os genoveses dizem que o mandylion seria a “Sagrada Face”, um
precioso ícone com revestimento de prata, conservado na igreja de São
Bartolomeu dos Armênios, onde é venerado. Entretanto, essa imagem é
um  ícone  bizantino,  pintado  sobre  madeira,  provavelmente  no  período
paleólogo, entre os séculos XIII e XIV.
 
 

         Recentemente, alguns estudos tentaram associar
o Santo Sudário de Turim ao mandylion de Edessa. O
Santo Sudário está em Turim desde 1578.  É  uma  fina
peça de linho de 3 pés e 7 polegadas de largura e 14
pés  e  três  polegadas  de  comprimento  que  leva  a
imagem  detalhada  da  frente  e  das  costas  de  um
homem que foi crucificado de maneira idêntica a Jesus
de Nazaré conforme descrevem as Escrituras.

Santo Sudário
 
Segundo esses estudiosos, o Sudário estaria dobrado em Edessa,
de  modo  que  mostrava  apenas  o  rosto  de  Jesus.  Quando  desapareceu
de  Constantinopla,  teria  sido  todo  desenrolado,  deixando  ver  todo  o
corpo.  Entretanto,  o  Santo  Sudário  é  um  retrato  funerário,  o  que  vai
contra  toda  a  tradição  do  mandylion,  seja  literária  –  pela  história  do  rei
Abgar,  ou  iconográfica  –  uma  vez  que  sempre  foi  representado  apenas
como o rosto de Jesus.
 

O Emanuel
 
O tipo iconográfico conhecido como o Emanuel apresenta o Cristo
ainda jovem, sem barba. O nome, que vem do hebraico “Deus conosco”,
está relacionado à passagem de Isaías 7:14: “Portanto, o Senhor mesmo
vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe
chamará Emanuel.”
A  imagem  do  menino  Jesus  já  está  presente  nas  catacumbas,
onde normalmente é representado como um menino comum, ao natural,

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segundo a arte da época, sem nenhum atributo especial que distinguisse
sua  divindade.  No  século  IV  e  V  discutia­se  se  Jesus  havia  nascido
homem e somente mais tarde, por ocasião do batismo, tinha­se tornado
Deus,  ou  se  já  havia  nascido  Deus,  consubstancial  ao  Pai.  Na  primeira
opção,  Maria  seria  apenas  Christotokos,  ou  seja,  mãe  de  Cristo.  No
concílio  de  Éfeso,  em  431,  a  segunda  hipótese  venceu  e  definiu  que
Maria era Theotokos, isto é, Mãe de Deus.
 

 
Isso  se  refletiu  na  iconografia  do
menino  Jesus  fazendo  com  que  ele  fosse
representado com os traços não de um bebê,
mas  de  um  adolescente  quase  adulto,  e
usando as mesmas roupas que um adulto. O
manto, geralmente amplo, deixa descoberto o
pescoço, cobre os ombros e envolve o corpo
inteiro em pregas amplas, deixando aparecer
os pés com sandálias.

O Emanuel com a Virgem
 
 
Em  geral  a  cor  do  manto  é  de  um  tom  que  lembra  a  argila,
simbolizando a matéria da qual o homem foi feito. Sobre esse “barro”, o
divino  se  encarnou,  o  que  é  representado  pelos  raios  dourados,  ou
“assist”  dourados.  A  camisa  geralmente  é  branca,  cor  da  unidade  e  da
glória  de  Deus.  Outras  vezes  ele  é  representado  com  a  roupa  do
Pantocrator.  Em  geral  ele  abençoa  com  a  mão  direita,  e  na  esquerda
segura um rolo ou um livro.
 

         O Emanuel também aparece em todos
os  ícones  festivos  onde  Jesus  aparece  como
criança: do Natal, na apresentação no Templo
e  em  alguns  ícones  da  anunciação,  como  de
Ustyug,  do  século  XII.  Nesse,  o  menino  é
representado  bem  visível  no  peito  de  Maria,
entre as dobras de suas vestes. Note­se que a
Trindade  está  representada,  pois  o  Pai  está
no  alto,  entre  serafins,  e  o  Espírito  Santo
desce  em  forma  de  raio  do  Pai  até  o  menino
Jesus no peito da Virgem.
Anunciação de Ustyug
 
 
Na festa da apresentação ao Templo ou do Encontro, assim como
na  festa  de  meio  pentecostes,  com  Jesus  entre  os  doutores  do  templo,
Jesus é representado segundo a tipologia do Emanuel.
 
 

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Festa do Encontro Meio pentecostes
 
 

         Há também ícones do Emanuel representado a
meio  busto  sozinho,  que  em  geral  são  onomásticos,
isto é, pintados para as pessoas de nome Emanuel.

O Emanuel
 
 
 

                  Na  chamada  Trindade  do


Novo  Testamento  ou  “Paternitas”,
onde  o  Pai  é  representado  como  o
Ancião  dos  Tempos,  o  Filho  é
mostrado  como  o  Emanuel  em  seu
colo,  e  o  Espírito  Santo  como  uma
pomba.  Observemos,  entretanto,
que  este  ícone,  embora  bastante
difundido,  não  é  considerado
canônico  por  muitos  iconógrafos,
uma  vez  que  o  Espírito  Santo  só
deveria  ser  representado  como
pomba na cena do Batismo; e o Pai
só poderia ser representado como o
Filho,  que  foi  feito  à  sua
semelhança,  se  encarnou  e  assim
permitiu  que  Deus  pudesse  ser
representado.
Paternitas

Pantocrator ou o Senhor Todo Poderoso
 

                  O  tipo  iconográfico  do  “Pantocrator”  é  o  mais  difundido  na


iconografia  oriental.  Ele  representa  o  Cristo  adulto,  com  cerca  de  trinta
anos de idade. “Pantocrator” é geralmente traduzido como “Onipotente”,
mas  alguns  autores  acreditam  que  “Oniregente”  ou  “Aquele  que  tudo

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rege” seria uma tradução mais apropriada.
         Jesus se apresenta como o criador do mundo, o juiz dos destinos, o
portador  da  verdade,  aquele  para  quem  a  fé  e  a  esperança  da
humanidade  estão  direcionadas.  Assim,  a  imagem  de  Cristo  como
Pantocrator  tem  um  importante  lugar  na  igreja,  não  apenas  nos  ícones
portáteis,  mas  também  nas  paredes  e  cúpulas,  sendo  frequentemente
encontrada  como  afresco  ou  mosaico  no  domo  central  das  igrejas
ortodoxas.

 
                  A  característica  desse  tipo  iconográfico  é  a
imagem  de  Cristo  com  a  mão  direita  abençoando  “à
maneira grega”, e a mão esquerda segurando um livro
ou  um  pergaminho,  que  tanto  podem  estar  abertos
quanto fechados. No nimbo está inscrita uma cruz. A
bênção  “à  maneira  grega”,  na  qual  os  dedos
aparecem  em  posições  bem  precisas,  é  descrita  no
manual de Dionísio de Furná:
O Pantocrator
 
 
“Quando  fizeres  uma  mão  que  abençoa,  não  uma  os  três  dedos
juntos, mas une o polegar com o anular apenas; o dedo chamado
indicador  e  o  médio  formam  o  nome  IC:  com  efeito,  o  indicador
forma o I; o dedo médio curvado forma o C; o polegar e o anular
que se unem obliquamente e o mínimo que está ao lado, formam o
nome  XC;  de  fato,  a  obliquidade  do  mínimo,  estando  ao  lado  do
anular  forma  a  letra  X;  o  mesmo  mínimo,  que  tem  forma  curva,
indica por isso mesmo o C; por meio dos dedos, portanto, se forma
o nome XC e, por esse motivo, pela divina providência do Criador
de  todas  as  coisas,  os  dedos  da  mão  humana  foram  modelados
assim  e  não  foram  demais  ou  de  menos,  mas  em  quantidade
suficiente para formar este nome.” (Gharib, p. 102)
 
O  rosto,  para  a  tradição  oriental,  é  o  do  mandylion.  Os  traços
podem  assim  ser  descritos:  rosto  alongado,  sobrancelhas  arqueadas,
olhos  grandes  e  abertos,  voltados  para  o  expectador,  nariz  fino  e
alongado;  a  barba  bastante  longa,  terminando  em  ponta  arredondada;
bigode caído, cabelos ondulados que formam como uma cúpula, sobre o
alto  da  cabeça,  vão  para  trás  na  altura  das  orelhas  e  descem  sobre  os
ombros,  sendo  que  de  um  dos  lados  descem  três  cachos,  que  alguns
autores dizem representar a Trindade.
Três peças de roupa compõem o vestuário, as mesmas usadas na
Palestina no tempo de Jesus: uma túnica (chiton) diretamente no corpo,
um  manto  (himation),  uma  faixa  que  desce  do  ombro  (clavus)  e  as
sandálias presas ao tornozelo por tiras de couro.
A  figura  é  em  geral  representada  a  meio  busto,  mas  também  é
comum  encontrar  imagens  de  corpo  inteiro.  Algumas  vezes  esse  tipo
iconográfico recebe nomes adicionais, além do nome de Cristo, IC XC. O
mais  comum  é  o  que  nomeia  o  tipo  iconográfico,  isto  é,  O  Pantocrator
(Aquele que tudo rege). A riqueza dos nomes que aparecem em ícones
que chegaram até nós é enorme. Citamos alguns, apenas para ilustrar: O
Eleimon  (o  Misericordioso);  O  Zoodotes  (o  Vivificante,  ou  o  que  dá  a
vida); O Fotodotes (O que ilumina ou o que dá a luz); O Sotir ton Kosmou
(O  Salvador  do  Mundo);  O  Philanthropos  (  o  Amigo  dos  Homens);  E
Chora ton Zonton ( A Terra dos Viventes); O Psychosostes ( O Salvador
das almas) etc.
O  livro  que  aparece  na  mão  esquerda  do  Cristo  é  o  dos
Evangelhos.  Muitos  são  os  textos  que  aparecem  no  livro  aberto,  que
pode ser de escolha do iconógrafo ou daquele que encomendou o ícone.
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No manual de Dionísio de Furna, há várias sugestões:
Para  o  Pantocrator:  “Eu  sou  a  luz  do  mundo...”  (Jo  8:12)  ou  “Eu
sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá”
Jo  11:25);  para  o  “Salvador  do  Mundo”:  “Aprendei  de  mim  porque  sou
manso e humilde de coração e encontrarei descanso para vossas almas”
(Mt 11:29); para o “Zoodotes”: “Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem
comer deste pão viverá para sempre.” (Jo 6:51); entre os santos: “Vinde a
mim todos que estais cansados sob o peso do vosso fardo e eu vos darei
descanso”  (Mt  11:28);  quando  colocado  sobre  uma  porta:  “Eu  sou  a
porta,  se  alguém  entrar  por  mim  será  salvo”  (Jo  10:9);  para  o
“Mensageiro do Grande Decreto”: “sai de Deus e dele venho; não venho
por  mim  mesmo,  mas  foi  ele  que  me  enviou”  (Jo  8:42);  para  o
“Sacerdote”: “Eu sou o bom pastor...” (Jo 10:11).
 
          O Cristo no Trono ou Cristo
na  Glória  pode  ser  considerado
como um subtipo do Pantocrator.
          Nesse tipo de ícones Jesus
é  representado  como  o  Juiz  e  Rei
dos  Reis.  Assim  como  na  imagem
do Pantocrator, aqui também ele é
representado  abençoando  e  com
um livro, mas o Cristo está sempre
sentado  num  trono.  Ele  está
rodeado  por  toda  a  glória  e  poder
de  criador  do  mundo  visível  e
invisível.  Em  geral  nos  cantos
aparecem  os  símbolos  dos  quatro
evangelistas  ­  as  faces  de  uma
águia,  um  homem,  um  leão  e  um
touro – que pregam as boas novas
a  todas  as  partes  do  mundo.  De
um  ponto  de  vista  teológico,  esse
ícone está associado ao juízo final, Cristo na Glória
sendo  por  isso  mesmo  o  ícone
central em muitas iconostases.

Elementos Básicos da Iconografia do Salvador
 

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1 Halo com a cruz: Símbolo da santidade, da radiação da luz de Deus.
O halo tem uma cruz inscrita, e nos braços da cruz as letras gregas оωн,
referindo­se às palavras “Aquele que é”, (Apocalipse 1:8: “Eu sou o Alfa e
Ômega,  diz  o  Senhor  Deus,  aquele  que  é,  que  era  e  que  há  de  vir,  o
Todo­Poderoso”)  e  ao  Nome  divino  dado  a  Moisés  pela  sarça  ardente
(Êxodo 3:14: “Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais:
Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros”)
2 Himation: O Manto externo do Cristo, na forma de um pano retangular
que passa sobre o ombro esquerdo e desce pelo corpo. Para o Salvador,
o  himation  é  representado  predominantemente  na  cor  azul  escuro,
simbolizando a natureza divina do Cristo.
3 Chiton: Túnica interna longa, usualmente descendo até os calcanhares
e  na  cor  vermelha,  simbolizando  a  natureza  humana  de  Cristo.  O
dourado nas vestes simboliza a glória de Deus.
4  Clavus:  Uma  faixa  vertical  que  desce  do  ombro  direito  do  Cristo,
usualmente  com  detalhes  em  ouro.  Em  Bizâncio  era  símbolo  da
aristocracia.
5 Livro:  Pode  ser  representado  na  forma  de  um  pergaminho  ou  de  um
codex (folhas unidas  dentro  de  uma  capa)  o  livro  ou  pergaminho  aberto
sempre contém algum versículo da Bíblia.
6  Inscrição  IC  XC:  É  a  abreviatura  do  nome  de  Jesus  em  Grego,  e
sempre  deve  ser  escrita  dessa  maneira,  ainda  que  outras  inscrições  no
ícone sejam em outras línguas.
 
Referências
 
Alekseev, S. “Basic Iconographic Types of Orthodox Images”.
www.iconofile.com
Coomler, D. “The Icon Handbook” Templegate Publ. Springfields, Ill.,
1995
Gharib, G. “Os Ícones de Cristo” Ed. Paulus, São Paulo, 1997
Duarte, Adélio Damasceno. Ícones FUMARC, Belo Horizonte, 2003.
   
 

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