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ESTUDO DO DIMENSIONAMENTO DE UM MACACO

MECÂNICO ACIONADO POR MANIVELA PARA 2000 kG


Adenilson Rodrigues Boeira
Professor Orientador: André Luis Passini Barbosa
UNIASSEVI – Centro Universitário Leonardo Da Vinci
Engenharia Mecânica – EMC 20
Trabalho de Graduação
18/11/16

RESUMO

Este trabalho foi realizado com o propósito de dimensionar um macaco para a


elevação de cargas de até 2000 Kg, podendo ser estas, um automóvel ou até alguma
carga que esteja dentro deste limite especificado. Pretende-se neste trabalho
dimensionar os principais componentes do macaco mecânico para que futuramente este
possa vir a ser fabricado com segurança e eficiência. Para isso, serão dimensionados
todos os componentes envolventes de acordo com os métodos e normas estabelecidos
para este projeto. A partir do estudo levantado serão demostrados os meios que foram
utilizados para a obtenção dos cálculos dos principais itens relevantes para o projeto.
Para finalizar serão apresentados os resultados obtidos no desenvolvimento do projeto
e analisados para que atendam o propósito do trabalho trazendo assim a satisfação de
seus usuários.

Palavras-chave: Macaco mecânico, Elevação de carga, Dimensionamento.

1 INTRODUÇÃO

Em um mundo evoluído onde as máquinas passaram a serem as principais


responsáveis pelo crescimento das cidades e conforto das pessoas, se torna totalmente
inviável e contra as normas vigentes o uso da força humana para a elevação de cargas
pesadas. Respeitando estas normas os engenheiros buscaram desenvolver equipamentos
que se adequassem as atividades estabelecidas no dia a dia das pessoas. Assim sendo,
desenvolvendo equipamentos de elevação que possam auxiliar nos trabalhos de
elevação de cargas, dentre estes o que será apresentado neste trabalho, o macaco
mecânico com acionamento por manivela.
O principal motivo para a realização deste projeto se dá pela falta deste tipo de
equipamento nas lojas mecânicas. São encontrados em maior volume os de outros
modelos como macaco hidráulico, macaco mecânico acionado por pedal e o macaco
sanfona. Com isso, a partir dessa análise, foi percebido que existe um mercado potencial
para este equipamento, sendo assim escolhido para ser estudado neste trabalho.
2

Neste projeto será apresentado o dimensionamento para a fabricação de um


macaco mecânico com acionamento por manivela. Será utilizado todos os parâmetros de
dimensionamento possíveis para a este item que se estabelece dentro das normas
propostas. Terá como principal objetivo a eficiência e segurança e para isso será
dimensionado com detalhes todos os elementos envolventes neste projeto, a partir da
sua capacidade de carga e altura máxima de elevação, onde serão baseados os princípios
do projeto.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este projeto será abordado e composto por assuntos relacionados à resistência


dos materiais e elementos de máquinas que diz respeito a esta aplicação.

2.1 – RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS

De acordo com Hibbeler (2009, p.01) “A resistência dos materiais é um ramo


da mecânica que estuda as relações entre cargas externas aplicadas a um corpo
deformável e a intensidade de forças internas que agem no interior do corpo”.
Para Hibbeler (2009), “Esse assunto também envolve o cálculo das deformações
do corpo e proporciona o estudo de sua estabilidade quando sujeito a forças externas.”.

2.1.1 Compressão

Foi verificado nos estudos aplicados neste projeto que uma das solicitações
atuantes é a de compressão no parafuso de transmissão de potência. Conforme pode ser
visto na figura 01, a compressão é o resultado da aplicação de uma força axial fazendo
que o material diminua suas dimensões e consequentemente aumentando sua seção
transversal, criando certa protuberância no corpo da peça.
Conforme Norton (2013 p.895) “tensão de compressão no material é (como
esperado) mais alta diretamente sob o parafuso e cai à medida que nos afastamos
lateralmente da linha de centro do parafuso (CL).”.
3

FIGURA 01: PEÇA SUBMETIDA À COMPRESSÃO

FONTE: HIBBELER, 2009 p.62

2.1.2 Torção

O parafuso de potência, como é chamado o parafuso deste projeto, está sujeito a


varias solicitações de tensão, entre estas, está a de torção, que como é demostrado na
figura 02, submete a peça a uma deformação angular.
De acordo com Shigley (2005, p. 144), “Qualquer vetor de momento que seja
colinear com um eixo de um elemento mecânico é denominado vetor de torque, pois o
momento faz com que o elemento seja torcido ao redor daquele eixo. Diz-se que uma
barra submetida a um momento dessa classe está sob torção.”.

FIGURA 02: PEÇA COM SOLICITAÇÃO DE TORÇÃO

FONTE: SHIGLEY, 2005 p.144

2.1.3 Flambagem

Além da compressão normal calculada no projeto, será necessária a verificação


da estabilidade na haste do fuso parafuso, considerando este, quando este estiver
elevado a sua altura máxima. Esta verificação será inicialmente realizada através da
4

solicitação de flambagem. Conforme podemos ver na figura 03, a flambagem pode


ocorrer em peças que recebem uma força axial, considerando o seu comprimento.

Alguns elementos estruturais podem estar sujeitos a cargas de compressão e,


se forem compridos e esbeltos, a carga poderá ser grande o suficiente para
provocar uma deflexão ou uma oscilação lateral. Mais especificamente,
elementos estruturais compridos e esbeltos sujeitos a uma força de
compressão axial são denominados colunas, e a deflexão lateral que ocorre é
denominada flambagem. (HIBBELER 2009, p.477)

Segundo Norton (2013, p.193) “A flambagem ocorre repentinamente e sem


aviso, mesmo nos materiais dúcteis e, portanto, é uma das maneiras mais perigosas de
falha.”.

FIGURA 03: FLAMBAGEM EM COLUNAS

FONTE: HIBBELER, 2009 p.390

2.1.4 Índice de esbeltez

Para esta análise, sendo uma aplicação real de flambagem Deve-se levar em
consideração o índice de esbeltes, que segundo Hibbeler (2009, p.481), “é uma medida
de flexibilidade da coluna e serve para classificar as colunas como compridas,
intermediárias ou curtas”.
5

Para melhor compressão e entendimento na apresentação deste projeto serão


mostrados aqui os principais métodos de cálculos deste projeto sendo fundamentado de
acordo com a especificação de cada elemento.
Como proposto anteriormente este projeto será de dimensionamento de um
macaco mecânico acionado por manivela e com o uso de engrenagens para o sistema de
elevação.

2.2 COMPONENTES DO MACACO MECÂNICO

2.2.1 Parafuso de potência ou fuso-parafuso

O item mais crítico do macaco mecânico será o parafuso de potência, ele é o


item responsável pela sustentação da carga e fará seu movimento de forma vertical
conforme figura 05. Este item será dimensionado de acordo com os estudos vistos nos
tópicos anteriores deste trabalho e aqui também poderá ser chamado de fuso parafuso.
As equações que serão usadas para o dimensionamento deste elemento são dadas por
Norton (2013 p.868), que inicialmente será dimensionado o diâmetro externo pela
fórmula da tensão normal de compressão e em seguida serão calculados os ângulos de
atrito e ângulo de hélice para a determinação do momento torçor. As dimensões podem
ser demonstradas na figura 04 e os resultados obtidos através das equações 01, 02, 03,
04, 05 e 6 abaixo.

Q Q
 c
 
A   d12
(01)

d1  d  2  h  36  2  3 (02)

 tg    
dm
Mt  Q (03)
2

d1  d
dm  (04)
2
6

t
tg  (05)
  dm


tg  (06)
cos 

Onde:
c = Tensão crítica de compressão (Kgf/mm²)
Q = Carga máxima aplicada (Kgf)
d1 = Diâmetro menor do parafuso (mm)
dm = Diâmetro primitivo médio (mm)
Mt = Momento torçor (Kgf x mm)
 = ângulo da hélice. (º)
ʎ = ângulo de atrito. (º)

FIGURA 04: DIMENSÕES DO PARAFUSO

FONTE: APOSTILA ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL PAROBÉ (2010, p. 5)

A tensão máxima de torção e a tensão combinada podem ser dadas ainda


conforme Norton (2013 p.869), porém adequada para esta aplicação que serão
calculadas pelas equações 07 e 08.

Mt
 t

0,2  d13 (07)
7

 Comb   c2  3  t2 (08)

Onde:
 t = Tensão máxima de torção (Kgf/mm²).

 Comb = Tensão combinada ou equivalente (Kgf/mm²).

FIGURA 05: MACACO MECÂNICO COM PARAFUSO DE POTÊNCIA

FONTE: SHIGLEY, 2005 p.390

2.2.2 Autotravamento e retroacionamento de parafusos de potência

Para que a carga seja mantida após o seu levantamento é necessário que o
parafuso seja autotravante não permitindo assim que nenhum tipo de força ou torque
possa girar o parafuso voltando à carga.
Conforme Norton (2013, p.870), Para saber se o parafuso é autotravante ou não,
é utilizada a expressão 09:

  tg  cos  (09)

Onde:
 = Coeficiente de atrito

2.2.3 Estabilidade do fuso-parafuso

Através do índice de esbeltes será verificado se a haste estará sujeita a


flambagem ou não. Com o índice de esbeltez é possível determinar a carga crítica de
8

flambagem. A relação de verificação índice de esbeltez é dada por Hibbeler (2009


p.503) nas equações 10 e 11. Para este caso precisamos verificar o coeficiente efetivo de
flambagem “k” que conforma figura 06, por ser uma extremidade engastada e a outra
livre, é igual a 2.
Conforme Escola Técnica Estadual de Parobé (2010) para a verificação da
flambagem em macacos mecânicos existe uma condição que determina que se a relação
da equação 11 abaixo, do índice de esbeltez, for menor que 15 não haverá risco de
flambagem. Na figura 07 são demonstrados os símbolos das medidas usadas para este
dimensionamento.

FIGURA 06: COEFICIENTE EFETIVO DE FLAMBAGEM

FONTE: HIBBELER (2009, p. 484)

H
Lt  Lh  (10)
2

k  Lt
  15 (11)
d1
Onde:
 = Índice de esbeltez;
k = Fator de comprimento efetivo de flambagem = 2;
Lt = Altura de flambagem (mm);
Lh = Altura de suspensão da carga (mm);
H = Altura da porca de engrenagem (mm).
9

FIGURA 07: MACACO MECÂNICO COM PARAFUSO DE POTÊNCIA

FONTE: APOSTILA ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL PAROBÉ (2010, p. 6)

2.2.4 Porca de engrenagem

Serão utilizados neste projeto os princípios de engrenagens cônicas para


obtenção do dimensionamento correto da porca de engrenagem. Conforme Melconian
(1949, p.147), a altura da coroa será dada pela equação 12. O diâmetro externo da porca
pode ser verificado pela fórmula da tensão normal somando com o diâmetro externo do
parafuso ao quadrado e usando a tensão admissível do material utilizado na porca
conforme equação 13.

H  tZ (12)

4  fs  Q
DE  d2 (13)
   adm

Onde:
H = Altura da porca (mm);
t = Comprimento de um filete (mm);
Z = Número de filetes de rosca;
10

De = diâmetro externo da porca (mm);


fs = fator de segurança;
adm = Tensão admissível do material da porca (Kgf/mm²);
d = Diâmetro maior do parafuso (mm).

O momento torçor devido ao atrito (momento de fricção), para a posterior


verificação do momento total pode ser calculado através da equação de momento dada
por Norton (2013 p.868), conforme equações 14, 15, 16 e 17 abaixo. As dimensões da
porca podem ser verificadas na figura 08.

D1  D2
M f  Q  (14)
4

M total  M t  M f (15)

D1  D  3mm (16)

D2  2  d (17)

Onde:
Mf = Momento torçor devido ao atrito (Kgf x mm);
 = Coeficiente de atrito entre o aço e o bronze;
D1 = Diâmetro médio da porca (mm);
D2 = Diâmetro maior da porca (mm);

FIGURA 08: DIMENSÕES DA PORCA

FONTE: APOSTILA ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL PAROBÉ (2010, p. 6)


11

2.2.5 Esforço na manivela.

Para gerar o movimento do sistema, o macaco terá uma manivela como


acionamento, conforme figura 09. A força necessária para a elevação do fuso com a
carga total aplicada e o momento torçor do eixo do pinhão podem ser calculados pela
expressão dada por Pires e Albuquerque (1974, p.282), na equação 18.

Mt operacional
F (18)
R 

Onde:
F = Força necessária para a elevação da carga (Kgf);
Mtoperacional = Momento torçor real operacional (Kgf x mm);
R = Raio de giração da alavanca (mm);
 = Rendimento no sistema.

FIGURA 09: MOMENTO TORÇOR NO EIXO DO PINHÃO

FONTE: APOSTILA ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL PAROBÉ (2010, p. 8)

2.2.6 Esforço na manivela considerando a coroa apoiada sobre rolamento de esferas.

Segundo Pires e Albuquerque (1974, p.286), podemos definir o momento de


atrito no rolamento e o momento torçor no pinhão assim pode-se obter o novo momento
total com a coroa apoiada sobre o rolamento de esferas conforme equações 19, 20, 21,
22 e 23.
12

Fatr.    Q (19)

D1  D2
Dm  (20)
2

Dm
M f ( rolamento)  Fatrito  (21)
2

M total  M t  M f (rolamento) (22)

M total
M t ( pinhão)  (23)
i

Onde:
Mf (rolamento) = Momento de atrito no rolamento (Kgf x mm);
Fatrito = Força de atrito (Kgf);
Dm = Diâmetro médio da porca (mm);
Mt(pinhão) = Momento torçor no pinhão (Kgf x mm);
Mtotal = Momento total (Kgf x mm);
i = Relação de transmissão.

2.2.7 Ângulo máximo possível no filete do parafuso para ter força de retenção.

Para o parafuso ser de auto travamento deve ser estimada uma força de retenção.
Na figura 10 é possível verificar a ação desta força na manivela. Para a porca, pode-se
verificar, através da equação do momento dada por Hibbeler (2006, p.96) teoricamente,
conforme equação 24;

M total retenção porca  F retençãoR (24)


13

FIGURA 10: FORÇA DE RETENÇÃO

FONTE: APOSTILA ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL PAROBÉ (2010, p. 9)

Conforme Escola Técnica Estadual de Parobé (2010), na prática se tem o atrito


devido ao rolamento, então o momento de retenção total (considerando o atrito) no eixo
da porca de engrenagem, pode ser expresso pela equação 25.

M total retenção  M total retenção porca   i (25)


Onde:
 = Rendimento.
i = Relação de transmissão.

Conforme Pires e Albuquerque (1974), para que a carga Q seja retida é preciso
aplicar no parafuso um momento de retenção, sendo assim é possível obter o ângulo
máximo no filete do parafuso podendo ser calculado através das expressões 26 e 27.

M total retenção par  M atrito(coroa)  M total retenção (26)

tg      M atrito( coroa)  M total


dm
Q retenção (27)
2

2.2.8 Eixo do pinhão

O eixo do pinhão também poderá ser dimensionado por Pires e Albuquerque


(1974, p.305), a partir dessa literatura pode-se calcular o diâmetro externo e o ângulo de
deformação no eixo através das equações 28 e 29.
14

5 M t
d ext  3
pinhão
(28)
t adm

Mt a
 pinhão
(29)
GT  I p

Onde:
dext = Diâmetro externo do eixo (mm);
Mt pinhão = Momento torçor do pinhão (Kgf x mm);
t adm = Tensão admissível do aço do pinhão (Kgf/mm²);

θ = Ângulo de deformação no eixo (º);


a = Deformação torcional (mm);
GT = Módulo de elasticidade do aço (Kgf/mm²);
Ip = Momento de inercia polar (mm4).

2.2.9 Engrenagens cônicas

As engrenagens cônicas são elementos capazes de alterar a rotação e direção do


eixo podendo ser de dentes retos, helicoidais ou espirais. Neste caso serão utilizadas as
de dentes retos.
Através das expressões dadas por Pires e Albuquerque (1974, p.352), pode-se
calcular o módulo médio e o módulo maior para a consequente definição dos diâmetros
primitivos que podem ser obtidos pelas equações 30, 31, 32, 33, 34 e 35. Na figura 11
podemos verificar as dimensões principais do engrenamento.

Z1
tg 1  (30)
Z2

Z1
Z v1  (31)
cos  1
15

M torsor
mm  3
do pinhão
(32)
f admissível

 10  sen 1 
m  mm  1   (33)
 Z1 

D1  Z1  m (34)

D2  Z 2  m (35)

Onde:
Zv1 = Módulo na seção média do dente;
1 = Ângulo primitivo (º);
mm = Módulo médio;
f adm = Tensão admissível do material das engrenagens (Kgf/mm²);
m = Módulo maior no extremo;
Z1 = Número de dentes no pinhão;
Z2 = Número de dentes na coroa;
D1 = Diâmetro do pinhão (mm);
D2 = Diâmetro da coroa (mm);

FIGURA 11: DIMENSÕES DAS ENGRENAGENS

FONTE: APOSTILA ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL PAROBÉ (2010, p. 11)


16

2.2.10 Espessura da manivela

A manivela é o item responsável pelo acionamento do sistema para a elevação


da carga. Na figura 12 pode-se verificar as dimensões calculadas.
Primeiramente para dimensionar a espessura necessária para a manivela é
preciso definir o momento fletor atuante.
De acordo com Hibbeler (2006), temos conforme as equações 36 e 37 a
formulação para o momento e espessura no braço da manivela.

M fletor  F  R (36)

ed2
Mf  8 (37)
6

Onde:
Mfletor = Momento fletor (Kgf x mm);
F = Força aplicada (Kgf);
R = Distancia da força até o centro do eixo da manivela (mm)
e = Espessura necessária no braço (mm)
d = diâmetro do eixo da manivela. (mm)

FIGURA 12: MOMENTO NO BRAÇO DA MANIVELA

FONTE: APOSTILA ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL PAROBÉ (2010, p. 11)

2.2.11 Solda da base com o tubo.

Obtendo as dimensões de largura e espessura do tubo quadrado, pode ser


calculada a área de seção do tubo e em seguida a tensão de compressão que atua no
17

corpo do tubo. Com esta tensão pode ser verificado a condição de espessura de solda do
tubo com a base a figura 13 mostra o local exato para aplicação da solda do tubo com a
base e também as dimensões necessárias do tubo para a verificação da tensão de
compressão.

FIGURA 13: SOLDA DO TUBO COM A BASE

FONTE: APOSTILA ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL PAROBÉ (2010, p. 11)

Com os dados pode ser calculada a área e em seguida a tensão de compressão


nas paredes do tubo através da tensão normal conforme as equações 38 e 39.

Atubo  e  L1  e  L2  2  e  Li  (38)

Q
c  (39)
A

Para a solda, será estimando um cordão com uma determinada espessura, dessa
forma a área da solda poderá ser calculada conforme a equação 40.

Aestimada da splda  4 L (40)

Com a área do cordão de solda pode-se verificar a tensão na solda usando


novamente a equação 39.
18

3 MATERIAL E MÉTODO

3.1 FATOR DE SEGURANÇA

Para a aplicação dos materiais foi calculado um fator de segurança (K), sendo
K= x . y . z .w, conforme quadro 1.

QUADRO 01: FATOR DE SEGURANÇA


X Fator tipo de material 1,5
Y Fator tipo de solicitação 1,5
Z Fator tipo de carga 1,5
Fator que prevê
W possíveis falhas de 1,5
fabricação
K = x.y.z.w K = 1,5 . 1,5 . 1,5 . 1,5 5,0
K Fator de segurança 5
FONTE: O AUTOR (2016)

3.1 MATERIAIS

O macaco mecânico será composto pelos materiais expostos no quadro 02, que
farão a composição do equipamento obtendo com uso no dimensionamento dos
componentes.

QUADRO 02: MATERIAIS MACACO MECÂNICO


Materiais com fator de segurança igual a 5
Componente Material Descritivo adm
Fuso Parafuso SAE 1045 Material aço carbono médio 8 kgf/mm²
Porca de engrenagem SAE 640 Bronze Fosforoso 4 Kgf/mm²
Eixo pinhão SAE 8617 Aço cementação 9 kgf/mm²
Manivela SAE 1020 Material aço baixo carbono 8 kgf/mm²
Tubo SAE 1020 Material aço baixo carbono 8 kgf/mm²
Base SAE 1020 Material aço baixo carbono 8 kgf/mm²
FONTE: O AUTOR (2016)
19

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 MACACO MECÂNICO ACIONADO POR MANIVELA

O macaco mecânico aqui projetado é composto principalmente por alguns


componentes que serão dimensionados de acordo com as normas estabelecidas para esta
aplicação e tendo como princípios os estudos realizados. Os componentes que não
foram realizados estudos, tais como os fixadores, por exemplo, podem ser selecionados
de acordo com a capacidade proposta para este macaco mecânico. Os principais
componentes aqui estudados são: O fuso parafuso, porca de engrenagem, eixo do
pinhão, engrenagens cônicas de dentes retos, manivela de acionamento, corpo e base.
Estes componentes serão dimensionados a partir das forças atuantes que estão
submetidos, com o proposto de atender à capacidade pretendida neste projeto.

4.1.1 Dimensionamento do fuso parafuso.

Inicialmente será calculado o diâmetro do fuso. Conforme os materiais indicados


anteriormente temos que para a este fuso será usado aço SAE 1045 com tensão
admissível (adm) de 8 kgf/mm².
Como visto, para este projeto, a carga máxima a ser elevada é de Q = 2000 Kgf.
Para esta aplicação a tensão admissível deve ficar entre 2 kgf/mm² e 8 Kgf/mm². Dessa
forma conforme equação 01 tem-se o diâmetro do fuso sendo igual a 36 mm.

Conforme tabela de roscas trapezoidais a rosca mais próxima desse diâmetro é a


rosca TR 36x6.
Sendo o passo (p) = 6 mm,
Altura do filete (h) = 3 mm,
Diâmetro do tarugo (d) = 36mm
E através da equação 02 obtemos o diâmetro básico menor da rosca (d1) = 30mm

O fuso-parafuso sofrerá tensões combinadas de torção e compressão. Dessa


forma será calculado primeiramente o diâmetro primitivo médio através da equação 04
sendo dm = 31, o ângulo de hélice conforme equação 05 igual  = 3,52º.
20

Para calcular o ângulo de atrito do perfil da rosca trapezoidal usa-se o


coeficiente de atrito de escorregamento para o aço que conforme Escola Técnica
Estadual de Parobé (2010) é   0.18 , e o semi-ângulo do perfil do filete da rosca é
  15º sendo assim pode-se calcular o ângulo de atrito através da equação 06, obtendo
um resultado de ʎ = 10,55º.

Com os resultados acima obtidos, é possível obter também o momento torçor no


parafuso pela equação 03, tendo um valor de Mt = 7769,4 Kgf x mm.

Tendo os valores de ʎ e  é possível aplicar na equação 09 o autotravamento do


parafuso, obtendo o valor de tgʎ x cos = 0,012.

Como  = 0,18, temos que:  ≥ tgʎ x cos, sendo assim conclui-se que o
parafuso é autotravante.

A tensão máxima de torção pode ser obtida através da equação 07 tendo um

resultado de t = 1,44 kgf/mm².

A tensão de compressão exercida no fuso é obtida através da equação 01 usando


o diâmetro básico menor da rosca (d1). Tendo assim um resultado de c = 2,83 kgf/mm².

A tensão combinada ou equivalente obtém-se pela equação 08, com um


resultado de comb = 3,77 Kgf/mm².

Portanto como a tensão admissível do aço SAE 1045 é 8 Kgf/mm², então temos
que  comb  8Kgf mm2 . Dessa forma tensão combinada de 3,77 Kgf/mm² está menor
que o limite da tensão admissível. Portanto, a seção do fuso-parafuso é satisfatória.

4.1.2 Dimensionamento da altura necessária para a porca de engrenagem.

Como mencionado anteriormente à porca de engrenagem é executada em bronze


fosforoso, contém Z filetes do fuso-parafuso sendo:
21

Z = Número de filetes de rosca


t = P = 6 mm é o comprimento de um filete que é igual ao passo da rosca do parafuso.

Conforme Escola Técnica de Parobé (2010), Z deve ser menor do que 10, ou
seja, Z < 10, quando Z > 10 os esforços nos filetes não serão uniformemente
distribuídos (os primeiros serão mais carregados do que os últimos). Desta forma como
é considerado a metade da porca Z é igual 10/2, sendo igual a 5.

Portanto com a equação 12, obtém-se a altura da porca coroa que é H = 30 mm.

4.1.3 Cálculo da estabilidade do fuso-parafuso.

Primeiramente foi estimada à altura de suspensão da carga Lh = 200 mm e tendo


a altura da porca de engrenagem (H), é possível obter a altura de flambagem (Lt)
conforme equação 10. Assim obtendo um valor de Lt = 215 mm.

Para a verificação de flambagem inicialmente será calculado o índice de esbeltez


através da equação 11, obtendo um valor de  = 14,33. Conforme apresentado no item
3.3, a condição que se tem para que seja calculada a flambagem é que o índice de
esbeltez deve ser maior que 15. Como 14,33 < 15, não haverá risco de flambagem.

4.1.4 Dimensionamento da porca de engrenagem.

De acordo com a Escola Técnica de Parobé (2010), para macacos mecânicos o


fator de segurança para esta classificação é o fator de segurança médio Fs = 2,5, e a
tensão admissível para o bronze adm = 4 Kgf/mm², que será o material em que a coroa
será confeccionada. Sendo assim pode-se definir diâmetro da porca pela equação 13,
obtendo um diâmetro De = 54 mm.

Para o cálculo momento total de torção (Mtotal), devido ao atrito da base da porca
no seu apoio sem o uso de rolamento, será utilizada a equação 15. O momento de torção
devido ao atrito da porca (Mf) será calculado primeiramente desconsiderando o uso do
rolamento para o apoio da porca. O Mf pode ser verificado pela equação 14. Já o
diâmetro médio (D1) e o diâmetro maior da porca (D2) podem ser encontrados através
22

das equações 16 e 17 respectivamente. Conforme Escola Técnica Estadual de Parobé


(2010), o coeficiente de atrito () entre aço e bronze, é  = 0,15. Obtendo assim os
seguintes resultados D1 = 57 mm, D2 = 72 mm, Mf = 9450 Kgf x mm

Assim conforme a equação 15, Mtotal = 17219,4 Kgf x mm.

4.1.5 Esforço na manivela.

Conforme Escola Técnica Estadual de Parobé (2010), a relação de transmissão


entre as engrenagens cônicas para macacos de parafuso é i = 2, assim é possível obter o
momento torsor no eixo do pinhão sem o uso do rolamento (Mt (pinhão)) conforme
equação 23, obtendo um valor de 8609,7 Kgf x mm.
Considerando o atrito, o momento torsor real operacional é maior do que o
teórico. De acordo com a Apostila Técnica Estadual de Parobé (2010) o rendimento no
sistema de engrenagens para macaco mecânico com parafuso é  = 0,9 e considerando
R = 150 mm, que é a distância entre a aplicação da força até o centro do eixo da
alavanca pode-se calcular a força necessária (F) sem o uso do rolamento de apoio
através da equação 18, obtendo assim um valor de F = 64 Kgf.

4.1.6 Esforço na manivela considerando a coroa apoiada sobre rolamento de esferas.

Conforme Escola Técnica Estadual de Parobé (2010), o coeficiente de atrito de


rolamento é  = 0,016. Assim através da equação 19 obtém-se a força de atrito (Fatr.) e
pela equação 20 tem se o diâmetro médio da porca (Dm). O momento devido ao atrito
do rolamento (Mf (Rolamento)) pode ser verificado pela equação 21. Obtendo estes
resultados é possível verificar o momento total devido ao atrito com a coroa apoiada
sobre o rolamento de esferas (MTotal) pela equação 22 e em seguida através da equação
23 tem-se o momento total torçor no pinhão (Mt (pinhão)). Dessa forma tem-se os valores
respectivamente de Fatr = 32 Kgf, Dm = 63 mm, Mf (Rolamento)) = 1008 Kgf x mm, MTotal
= 8777,4 Kgf x mm e Mt (pinhão) = 4388,7 Kgf x mm.
Dessa forma através da equação 18 usando a porca apoiada sobre o rolamento
de esferas a força necessária real para a elevação da carga será F = 32,5 kgf.
23

4.1.7 Ângulo máximo possível no filete do parafuso para ter força de retenção.

Para a verificação da retenção do parafuso deve ser estimada uma força mínima
que assegure que a carga seja mantida. Para o parafuso ser de auto travamento foi
estimada inicialmente uma força de retenção de no mínimo 2 Kgf. Para o momento de
retenção da porca pode-se obter, teoricamente conforme a equação 24, obtendo um
resultado de M total retenção porca = 300 Kgf x mm.
Na prática se tem o atrito devido ao rolamento, então o momento de retenção
total (considerando o atrito) no eixo da porca de engrenagem, pode ser expresso pela
equação 25 tendo como resultado M total retenção = 540 Kgf x mm;
Para que a carga Q = 2000 Kgf seja retida é preciso aplicar no parafuso um
momento de retenção, assim é possível obter o ângulo máximo no filete do parafuso
através das equações 26 e 27, obtendo um ângulo de tg ( - ) = 3º.
Conforme Escola Técnica de Parobé (2010), Para segurança contra a retenção
deve se ter um   9 0 , para roscas de parafuso. Sendo assim o ângulo máximo possível
no filete do parafuso está dentro das especificações.

4.1.8 Cálculo do eixo do pinhão.

O material utilizado para base dos cálculos será o aço SAE 8617 com adm de 4 a
9 Kgf/mm2, assim pode-se definir o diâmetro externo do eixo pinhão (dext) pela equação
28, obtendo um diâmetro dext = 17,6 mm.

Segundo Escola Técnica de Parobé (2010), Para a verificação do ângulo de


deformação no eixo tem se que:

GT = módulo de elasticidade transversal para aço = 8.000 kgf.mm2;


Ip = momento de inércia polar: Sendo para seção circular Ip = 0,1 d4.
a = deformação torcional considerando = 200 mm.

Primeiramente verificado com um eixo maciço tem-se que o ângulo de


deformação no eixo (θ) através da equação 29 é de θ = 0,65º.
24

Conforme Escola Técnica de Parobé (2010) é permissível para um valor de a =


1.000 mm uma deformação de 0,25° então para a = 200 mm uma deformação permitida
de 0,05°, desta forma a condição acima não atente.
Estimando para esta aplicação um tubo de Øexterno = 41,75 mm e parede de 5,5
mm de espessura, aplicando novamente a equação 29 tem-se um ângulo de deformação
de θ = 0,026º, satisfazendo assim a condição necessária.

4.1.9 Engrenagens cônicas.

Conforme informado anteriormente o material do eixo pinhão é o aço


cementação SAE 8617 com f.adm = 9 Kgf/mm² e a coroa ou porca de engrenagem em
bronze fosforoso. Conforme Escola Técnica Estadual de Parobé (2010), para as
engrenagens de macaco mecânico o número de dentes do pinhão é Z1 = 10 e da coroa Z2
= 20, sendo assim pela equação 30 pode se obter o ângulo primitivo 1 e
consequentemente o ângulo primitivo 2, sendo 1 = 26,57º e diminuindo este valor de
90º tem-se 2 = 63,43º.

Módulo na seção média do dente (Zv1) pode ser verificado pela equação 31, obtendo
assim Zv1 = 11,1.

O módulo médio (mm) pode ser verificado pela equação 32, obtendo o valor de mm =
3,43.

No extremo o módulo maior pode ser obtido através da equação 33, sendo m = 5. Dessa
forma é possível dimensionar os diâmetros do pinhão (D1) e da coroa (D2), através das
equações 34 e 35 respectivamente. Tendo assim D1 = 50 mm e D2 = 100 mm.

4.1.10 Cálculo da manivela

A manivela será confeccionada em aço SAE 1020 com f.adm = 8 Kgf/mm².


Inicialmente será calculado o momento fletor (M fletor) no braço da manivela conforme a
equação 36, obtendo um valor de M fletor = 4875 Kgf x mm.
25

Para a espessura do braço ( e) será usada a equação 37, obtendo o valor de e =


4,06 mm, sendo adotada uma espessura no braço de 5 mm.

4.1.11 Cálculo para solda da base com o tubo.

O tubo será de aço de 3 mm de parede, com quadrado de 60x60, o material


utilizado para a confecção da base e do tubo é o aço SAE 1020. A figura 15 mostra o
perfil do tubo com suas dimensões e com o local da solda com a base .

FIGURA 15: SOLDA DO TUBO COM A BASE

FONTE: APOSTILA ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL PAROBÉ (2010, p. 11)

Com estes dados pode ser calculada a área do tubo (Atubo) e em seguida a tensão
de compressão (c) nas paredes do tubo pelas equações 38 e 39, obtendo assim
respectivamente Atubo = 684 mm² e c = 2,92 Kgf/mm².

Para a solda, será estimando um cordão com espessura de e = 3mm, dessa


forma a área da solda (Aestimada da solda) pode ser definida pela equação 40, sendo Aestimada
da solda = 720 mm². Com este resultado pode ser verificada a tensão na solda () usando
novamente a equação 39. Assim obtendo um valor de  = 2,78 Kgf/mm².

Como o tubo de aço tem c adm = 12 Kgf/mm² tem se que a tensão de compressão
na solda de 2,78 kgf/mm² é menor que a admissível, sendo assim a espessura de 3 mm
de solda satisfaz a condição.
26

4.1.12 Desenho do Macaco Mecânico

Conforme o dimensionamento dos componentes concluído e especificado no


trabalho, a figura 16 traz o desenho tridimensional do macaco mecânico dimensionado
neste projeto.

FIGURA 16: MACACO MECÂNICO ACIONADO POR MANIVELA

FONTE: O Autor (2016)

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na atualidade existem diversos fabricantes de componentes mecânicos, entre


eles, os que fabricam macacos mecânicos para a elevação de cargas, dessa forma a
concorrência sobre este tipo de produto é muito grande e variada, e vem aumentando
com o passar dos dias. A exigência dos usuários perante aos requisitos de segurança e
qualidade está se tornando cada vez mais rigorosa. Sendo assim este equipamento foi
dimensionado da melhor forma possível atendendo as exigências normativas visando os
requisitos de segurança e padrão de qualidade.
O estudo aqui realizado está totalmente apto para ingressar o equipamento no
mercado, sendo possível futuramente ser realizada uma viabilização real no custo de
fabricação para que este macaco mecânico chegue até o usuário final com a certeza de
que poderá ser usado para operações com a capacidade aqui estipulada.
27

Este trabalho estabeleceu de forma clara e concisa todos os critérios e


fundamentos utilizados para o dimensionamento correto dos componentes integrantes
do macaco mecânico, dessa forma, está garantida a excelência e eficácia do projeto que
poderá ser usado por alguma empresa fabricante para dar inicio ao processo de
fabricação.
O projeto deste macaco mecânico com capacidade para 2000 Kg poderá ainda,
de acordo com o mercado, ser revisto e modificado para a aplicação de melhorias.
Pretendendo viabilizar o custo de fabricação e com possibilidade de servir como
parâmetro para outros projetos de itens semelhantes.
De acordo com o objetivo deste trabalho, este macaco mecânico atende a todos
os padrões de segurança e eficiência, possibilitando o uso tanto em automóveis quanto a
outros tipos de cargas que permitem a aplicação deste macaco.

REFERÊNCIAS

ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL PAROBÉ, Projeto de Macacos mecânicos. São


Paulo, 2010.

HIBBELER, Russell Charles. Estática: Mecânica para engenharia. – 10ªed. São Paulo,
2006.

HIBBELER, Russell Charles. Resistência dos Materiais. – 7ªed. São Paulo, 2009.

MELCONIAN, Sarkis. Elementos de Máquinas. São Paulo: Érica, 1949.

PIRES E ALBUQUERQUE, Olavo. Elementos de Máquinas. São Paulo, 1974.

ROBERT, L. Norton, Projeto de Maquinas: Uma abordagem. – 4ªed. São Paulo, 2013

SHIGLEY, Joseph E. Projeto de Engenharia Mecânica. – 7ªed. Reimpressão. São Paulo,


2008.

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