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[A fé catélica]' A autoridade* do Novo e do Antigo Testamento* mani- festa‘ a fé crista e, ainda que o Antigo tenha trazido em si o proprio nome de Cristo’, e apresentado como vindouro le que cremos ja ter vindo pelo parto da virgem, [5] se, todavia, que essa fé se tenha difundido pelo orbe e a partir do milagre do advento de nosso Salvador. Essa religido, a nossa, que se chama crista e catolic a-se, principalmente, nestes fundamentos, afirmando desde sempre, isto é, desde antes da constituicao do © — [10] bem entendido, antes de tudo 0 que a palavra "7 possa englobar -, a divina substancia do Pai e do do Espirito Santo existia, de modo que assevera que eus, o Filho é Deus, 0 Espirito Santo € Deus, em- afirme que eles sejam trés deuses, mas, sim, um afirma que 0 Pai tem o Filho [15] gerado de sua €, por razao conhecida’, coeterno a si, o qual ele como Filho, para que nao seja o mesmo que o que o Pai nunca foi, anteriormente, filho, para humano nao conceba uma linhagem divina sito”; e diz que nem o Filho, em virtude da pela qual é coeterno ao Pai, [20] se faz pai que a progénie divina nao torne a esten- afirma que o Espirito Santo, por sua vez, 149 ———-——S filho e, por isso, naquela mesma Nature. za, ele nao énem gerado nem genitor, ae oo tanto de Pai como do Filho”. No entanto, qual s ia as ado dessa Jo [25] nao podemos dizer com total clareza, pe humano nao pode av: como © espirito Au : ; : ; Filho a partir da substancia do Pai. Todavia, o Novo eo Velho Testamento afirmam tudo isso para que seja crido Sobre isso tudo, que € como a fortaleza de nossa teligiao, muitos disseram coisas diferentes e, julgando a maneira dos homens — por assim dizer, [30] carnalmente' -, inclusive contrarias, como Ario", que, mesmo dizendo o Filho ser Deus, confessa-o, entretanto, em muitos aspectos, menor do que o Pai e de uma substancia que nao a do Pai. Os sabe NOs, por sua vez, ousaram afirmar nao trés Pessoas e tes, mas apenas uma, dizendo que o Pai € o mesmo” que 0 Filho, o Filho, o mesmo que 0 Pai, e 0 [35] Espirito Santo, o mesmo que 0 Pai e o Filho. Por isso, dizem haver uma Unica ‘pessoa designada sob uma diversidade de vocabulos Também 0s maniqueus, que professam dois principios coeternos € [40] contrarios entre si, nao créem que exista o Unigénito de Deus. Nada cogitando senao carnalmente, jul- m indigno que Deus pareca ter um filho, pois, dado pro- ceder tal geracao da uniao de dois corpos, parece-lhes mes- indigno aplicar um pensamento desses a Deus; [45] e nao os faz acolher nem o Antigo Testamento nem, lente, O Novo. Com efeito, assim como o erro dos nao acolhe, absolutamente, o Antigo Testamen- também nao quer admitir a geracdo do Filho pela “que a natureza de Deus nao Parega ter sido la pelo corpo humano. Mas basta, por hora, o que € eles; [50] reaparecerio no seu devido lugar, | ordem necessaria'* exigir. divina, permanecendo, desde sem, pre € para luma mudanea, quis, €spontaneamente e nao é nem pai nem assim iar a geracao do ia- en- 150 Afécatélica uma vontade conhecida somente dela mesma, fazer o undo” e, [55] como ele nao fosse absolutamente nada ela fez que ele fosse. No entanto, nao o tirou de sua propria substancia, para que nao se cresse divino por natureza, nem ‘o fabricou de algo externo, para que nao parecesse ja haver algo a ajudar a vontade divina, por uma natureza de existén- cia independente, tampouco algo que nao houvesse sido feito por Deus e, ainda assim, fosse”. Ao contrario, [60] pelo ‘Verbo”, Deus produziu os céus e criou a terra, de tal modo que fez, na celeste habitacao, naturezas dignas do céu, e, ‘para a terra, compés 0 que é terreno. Ora, das naturezas ce- Testes — que universalmente se chama angélica —, conquanto todas sejam belas em diferentes ordens certa parte, con- 0, [65] desejando mais do que sua propria natureza e is do que o autor dessa mesma natureza Ihe concedera, -expulsa da morada celeste; e, porque o Criador* nao que permanecesse diminuido 0 ntimero de anjos*, isto ,mimero daquela cidade superior cujos cidadaos* sao os , formou da terra o homem e animou-o com 0 espirito da, [70] dotou-o de razao, ornou-o com a liberdade de io € o estabeleceu em meio As delicias do Paraiso, sob le i preestabelecida, segundo a qual, se desejasse per- er sem pecado, associaria as fileiras angelicais tanto a no quanto a sua descendéncia, de modo que, assim natureza superior, pelo mal da soberba, havia dese- xeza, assim a substancia inferior, [75] pelo bem da >, chegaria as alturas. Mas o autor da inveja, nao ado que o homem ascendesse ao lugar onde ele © merecera permanecer, tentando-o, fez que se si mesmo e a sua companheira, que fora feita pelo Criador, por causa da geragao -, [80] aos sobediéncia, prometendo-lhe também, de ‘mesma divindade que ele pretendia usur- , quando foi expulso. Isso foi dado a co-

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