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As Marcas de Um Líder Espiritual

Defino liderança espiritual como ter o conhecimento de onde Deus quer que as pessoas
estejam e tomar a iniciativa de utilizar os métodos de Deus para levá-las até lá confiando
no poder de Deus. A resposta de onde Deus quer que as pessoas estejam está em uma
condição espiritual e em um estilo de vida que manifesta Sua glória e honra Seu nome.
Portanto, o objetivo da liderança espiritual é que as pessoas conheçam a Deus e O
glorifiquem em tudo o que fazem. Liderança espiritual não tem tanto em vista direcionar
as pessoas, e sim transformar as pessoas. Se formos o tipo de líderes que devemos ser,
precisamos ter em vista o desenvolvimento de pessoas mais do que a determinação de
planos. Você pode conseguir que as pessoas façam o que você quer, mas se não
mudarem em seus corações, você não as liderou espiritualmente. Você não as levou para
onde Deus quer que elas estejam.

Todos têm a responsabilidade da liderança em alguns relacionamentos. Mas minha


preocupação nesse texto é com as características que uma pessoa deve ter para ser um
líder espiritual que se sobressai tanto na qualidade do seu direcionamento quanto no
número de pessoas que o seguem.

A liderança espiritual bíblica contem um círculo interno e um círculo externo. O círculo


interno da liderança espiritual é aquela sequência de eventos que deve ocorrer na alma
humana, a fim de que alguém faça progresso na liderança espiritual. Tais eventos são o
mais absoluto necessário. São coisas que todos os cristãos devem alcançar em certa
medida, e quando são alcançadas com alto fervor e profunda convicção, frequentemente
conduzem o cristão à liderança espiritual. No círculo externo estão as qualidades que
caracterizam tanto os líderes espirituais quanto os não-espirituais. O que eu gostaria de
fazer agora nesse texto é simplesmente explicar e ilustrar essas qualidades no círculo
interno e no círculo externo.

O CÍRCULO INTERNO DA LIDERANÇA ESPIRITUAL

1. QUE OUTROS GLORIFIQUEM A DEUS


O objetivo supremo de toda liderança espiritual é que outras pessoas venham a glorificar
Deus, isto é, que possam sentir e pensar e agir a fim de magnificar o verdadeiro caráter
de Deus. De acordo com Mateus 5:14-16, um dos meios cruciais pelos quais um líder
cristão leva outras pessoas a glorificarem Deus é sendo uma pessoa que ama tanto os
amigos quanto os inimigos. "Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma
cidade construída sobre um monte. E, também, ninguém acende uma candeia e a coloca
debaixo de uma vasilha. Pelo contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a
todos os que estão na casa. Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que
vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus." Esse texto
mostra que há uma atitude e um estilo de vida que é tão distinto que quando surge na
arena da humanidade caída, oferece evidência válida de que há um Deus e que Ele é um
Pai celestial gloriosamente digno de confiança. Quando a realidade das promessas de
Deus de cuidar de nós e de fazer tudo cooperar para o nosso bem alcança nossos
corações, de modo que não sucumbimos à ganância ou ao medo ou à vanglória, mas
manifestamos um contentamento e um amor e uma liberdade para outras pessoas, então
o mundo terá que admitir que aquele que nos dá esperança e liberdade deve ser real e
glorioso.

2. QUE AMA TANTO OS AMIGOS QUANTO OS INIMIGOS PELA


CONFIANÇA EM DEUS E ESPERANÇA EM SUAS PROMESSAS
Mas como alcançamos um amor que é forte o suficiente para abençoar e orar pelos
inimigos? A resposta oferecida na Escritura (e esse é o terceiro nível no círculo interno) é
que confiar em Deus e esperar em Suas promessas conduz ao amor. Gálatas 5:6 diz,
"Porque em Cristo Jesus nem circuncisão nem incircuncisão têm efeito algum, mas sim a
fé que atua pelo amor." Isto é, quando temos uma fé forte na bondade de Deus, tal fé
inevitavelmente atua em amor. Colossenses 1:4, 5 diz, "pois temos ouvido falar da fé que
vocês têm em Cristo Jesus e do amor por todos os santos, por causa da esperança que
lhes está reservada nos céus." Em outras palavras, quando nossa esperança é forte, somos
libertados dos medos e cuidados que impedem o exercício livre do amor. Portanto, um
líder espiritual deve ser uma pessoa que tem forte confiança na soberana bondade de
Deus para fazer tudo cooperar para o seu bem. Do contrário, ele irá inevitavelmente cair
na armadilha de manipular circunstâncias e explorar pessoas a fim de garantir para si
mesmo um futuro feliz, do qual ele não está certo que Deus proverá.

3. QUE MEDITA E ORA SOBRE SUA PALAVRA


Mas como nós pecadores podemos ter esse tipo de confiança em Deus? Romanos 10:17
diz, "A fé vem por ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de
Cristo." E Salmos 119:18 diz, "Abre os meus olhos para que eu veja as maravilhas da tua
lei." Esses dois textos juntos nos mostram que a fé em Deus é alicerçada na Palavra de
Deus. Quando ouvimos a Palavra de Deus, especialmente a pregação de Cristo em quem
todas as promessas de Deus têm seu 'sim', somos constrangidos a confiar nEle, mas isso
não ocorre automaticamente. Precisamos orar para que nossos olhos sejam abertos ao
verdadeiro significado da Palavra de Deus na Escritura. Então, o líder espiritual deve ser
uma pessoa que medita na Palavra de Deus e que ora por iluminação espiritual. Do
contrário, sua fé se enfraquecerá e seu amor se extinguirá e ninguém será levado a
glorificar a Deus por causa dele.

4. QUE RECONHEÇA SEU DESAMPARO


Mas finalmente, precisamos perguntar como uma pessoa se torna disposta a gastar tempo
com e estar aberta para a Palavra de Deus? A resposta parece ser que precisamos
reconhecer nosso desamparo. Toda verdadeira liderança espiritual tem suas raízes no
desespero. Jesus recomendou o homem que disse, "Deus, tem misericórdia de mim, que
sou pecador." Jesus disse a respeito do seu próprio ministério, "Não são os que têm saúde
que precisam de médico, mas sim os doentes. Pois eu não vim chamar justos, mas
pecadores." Isso significa que o início da liderança espiritual deve estar no
reconhecimento de que somos os doentes que precisam de um médico. Uma vez que
somos humilhados a este ponto, estaremos abertos à leitura das prescrições do médico na
Palavra. E conforme lemos as maravilhosas promessas que estão lá para aqueles de nós
que confiam no médico, nossa fé se tornará forte e nossa esperança se tornará sólida. E
quando nossa fé é forte e nossa esperança é sólida, todas as barreiras ao amor, como
ganância e medo, serão varridas. Quando nos tornamos o tipo de pessoa que pode
arriscar sua vida, mesmo por nossos inimigos, e que não guarda rancor e que devota suas
energias a fazer o bem aos outros em vez de buscar o próprio engrandecimento, então as
pessoas verão e darão glória ao nosso Pai nos céus.

A implicação desse círculo interno da liderança é que, a fim de liderar, você precisa estar
à frente das pessoas no estudo da Bíblia e em oração. Penso que não haverá sucesso na
liderança espiritual sem períodos prolongados de oração e meditação nas Escrituras.
Líderes espirituais devem se levantar cedo para se encontrarem com Deus antes de
encontrarem qualquer outra pessoa. Eles provavelmente têm um diário de insights e
ideias, conforme leem a Palavra e oram. Eles querem ler livros a respeito da Bíblia (por
exemplo, livros de J.I. Packer e Paul Little e John Stott e dúzias de outros escritores
evangélicos excelentes) e a respeito de oração (por exemplo, os oito livros de E.M.
Bounds). Eles querem se retirar por meio dia periodicamente com uma Bíblia e um
bloco de notas e um hinário. Se você quer ser um grande líder de pessoas, você precisa se
afastar das pessoas para estar com Deus.

O EXEMPLO DE HUDSON TAYLOR


Dr. Howard Taylor, em Hudson Taylor's Spiritual Secret (pág 234f.) descreve uma
experiência que teve viajando com seu pai, Hudson Taylor, pela China. Ele escreve,
Não foi fácil para o Sr. Taylor encontrar tempo para oração e estudo da Bíblia em meio à
sua vida agitada, mas ele sabia que isso era vital. Bem lembram os escritores, viajando
com ele mês após mês no norte da China, de carroça e carrinho de mão, nas mais pobres
estalagens à noite. Frequentemente com apenas um quarto para orientais e viajantes, eles
separavam um canto para seu pai e outro para si mesmos, com cortinas de alguma
espécie; e depois que o sono finalmente trazia certa medida de quietude, eles ouviam um
fósforo riscado e percebiam a luz da vela bruxuleando, o que significava que o Sr. Taylor,
apesar de cansado, estava se debruçando sobre a pequena Bíblia em dois volumes,
sempre à mão. Das duas às quatro da manhã era o período que ele se dedicava à oração;
o tempo que ele podia estar certo de não ser interrompido, para esperar por Deus.
Aquele bruxulear da luz da vela significou mais para eles do que tudo que leram ou
ouviram a respeito da oração em secreto; significava realidade, não pregação, mas prática.
A parte mais difícil da carreira missionária para o Sr. Taylor era manter o estudo regular,
em espírito de oração, da Bíblia. "Satanás sempre arrumará alguma coisa para você fazer,"
ele dizia, "quando você deveria estar ocupado com isso, mesmo que seja apenas arrumar
a cortina de uma janela.".

O EXEMPLO DE GEORGE MUELLER


George Mueller é notável por sua grande fé no trabalho de seus orfanatos. Em sua
autobiografia, há uma seção chamada, "Como estar constantemente alegre no Senhor.".
Ele reclama de como, durante anos, tentou usar a oração cedo pela manhã, e percebia
que sua mente divagava outra e outra vez. Então fez uma descoberta. Ele a registrou
assim:

O ponto é este: Vi mais claramente do que nunca que a primeira grande e essencial
questão à qual deveria me dedicar era ter minha alma alegre no Senhor. A primeira coisa
com a qual me preocupar não era quanto eu poderia servir ao Senhor, quanto eu poderia
glorificar o Senhor; mas como poderia trazer minha alma a um estado alegre, e como
meu homem interior poderia ser nutrido... Antes disso, minha prática tinha sido, pelo
menos nos últimos dez anos como um hábito, de me entregar à oração depois de me
vestir pela manhã. Agora, eu enxergava que a coisa mais importante que eu tinha que
fazer era me entregar à leitura da palavra de Deus e à meditação, para que meu coração
pudesse ser confortado, encorajado, alertado, reprovado, instruído; e para que, durante a
meditação, meu coração pudesse ser levado à comunhão experimental com o Senhor.
Comecei, portanto, a meditar no Novo Testamento desde o início, cedo pela manhã. A
primeira coisa que fazia, depois de ter rogado em poucas palavras pelas bençãos do
Senhor em sua preciosa palavra, era começar a meditar na palavra de Deus, buscando,
como que em cada verso, encontrar uma benção; não para o ministério público da
palavra; não para a pregação a respeito daquilo que havia meditado; mas para obter
alimento para a minha alma. O resultado que encontrei foi quase que invariavelmente
este: que após alguns minutos minha alma havia sido conduzida à confissão, ou à ação de
graças, ou à intercessão, ou à súplica; de modo que, apesar de não estar me entregando à
oração, mas à meditação, aquilo se transformava quase que imediatamente, mais ou
menos, em oração. Após ter confessado ou intercedido ou suplicado ou dado graças, eu
avançava às próximas palavras ou verso, transformando tudo em oração por mim e por
outros, à medida que avançava, como a palavra me conduzia; mas ainda assim, mantendo
diante de mim o alimento para a minha alma como o objeto da minha meditação.
O resultado disso é que sempre há uma boa porção de confissão, ação de graças, súplica
ou intercessão misturada com minha meditação e que meu homem interior quase que
invariavelmente é mais sensivelmente nutrido e fortalecido e que por ocasião do café da
manhã, com raras exceções, estou em um estado de paz no coração, senão em um estado
alegre.

Agora que Deus me ensinou esse ponto, está claro para mim como qualquer outra coisa
que a primeira coisa que o filho de Deus deve fazer toda manhã é obter alimento para
seu homem interior. Assim como o homem exterior não se adequa ao trabalho por
qualquer período de tempo, exceto se comermos, e assim como isso é uma das primeiras
coisas que fazemos pela manhã, assim também deve ser com o homem interior.
Devemos encontrar alimento para isso, como todo mundo. Agora, o que é alimento para
o homem interior? Não é a oração, mas a palavra de Deus; e aqui, outra vez, não apenas
a leitura da palavra de Deus, de modo que apenas passe por nossas mentes, como a água
corre por um cano, mas considerando o que lemos, ponderando a respeito, e aplicando
aos nossos corações.

Pela benção de Deus atribuo a esse costume a ajuda e força que tenho tido para
atravessar em paz profundas provações de diversas maneiras que nunca tinha atravessado;
e após quarenta anos tentando dessa forma, posso quase que absolutamente, no temor do
Senhor, recomendar tal prática. Que diferença quando a alma é saciada e levada à alegria
logo pela manhã, do que quando, sem preparação espiritual, o serviço, as provações, e as
tentações do dia vêm sobre alguém!
Deveria ser um encorajamento para todos nós perseverar na meditação sobre a Palavra
de Deus quando lemos uma carta que, em 1897, George Mueller enviou a Sociedade
Bíblica Britânica e Estrangeira, na qual ele precisou se desculpar por não comparecer a
um encontro em Burmingham. Ele disse, "Vocês fariam a gentileza de ler no encontro
que tenho sido por sessenta e oito anos e três meses, viz., desde Julho de 1929, um
amante da palavra de Deus e o tenho sido ininterruptamente. Durante esse período, li
consideravelmente mais do que cem vezes o Antigo e Novo Testamentos em oração e
meditação." Se queremos ser poderosos líderes espirituais, precisamos caminhar na
direção de Hudson Taylor e George Mueller.

O CÍRCULO EXTERNO DA LIDERANÇA ESPIRITUAL


Todos na igreja têm um ou mais dons espirituais. Todos devem estar envolvidos no
ministério. Todos devem estar buscando conduzir outro ao ponto onde tragam glória a
Deus pelo modo como pensam e sentem e agem. Mas há pessoas a quem o Senhor deu
qualidades de personalidade que tendem a torná-las líderes mais aptos que outros. Nem
todas essas qualidades são distintivamente cristãs, mas quando o Espírito Santo enche a
vida de uma pessoa, cada uma dessas qualidades é selada e transformada para os
propósitos de Deus.

1. INCANSÁVEL
Líderes espirituais têm um descontentamento santo com o status quo. Aqueles que não
são líderes têm uma inércia que os leva a se estabelecerem e que os torna muito difíceis
de serem tirados do seu centro de morte. Líderes têm um anseio por mudar, por se
mexer, por alcançar, e por levar um grupo ou uma instituição a novas dimensões de
ministério. Eles têm o espírito de Paulo, que disse em Filipenses 3:13, "Irmãos, não
penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das
coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a
fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus." Líderes são
pessoas orientadas por alvos.

A história da redenção de Deus não está terminada. A igreja é assolada por imperfeições,
ovelhas perdidas ainda não estão no aprisco, necessidades de todo o tipo no mundo
ainda não foram atendidas, o pecado infesta os santos. É impensável que devamos estar
contentes com as coisas do jeito que estão em um mundo caído e em uma igreja
imperfeita. Portanto, Deus tem se agradado de colocar uma santa inquietude em alguns
de Seu povo, e tais pessoas com certeza serão os líderes.

2. OTIMISTA
Líderes espirituais são otimistas não porque o homem é bom, mas porque Deus está no
controle. O líder não pode deixar seu descontentamento se transformar em desconsolo.
Quando vê a imperfeição da igreja, deve dizer com o escritor de Hebreus (6:9), "Amados,
mesmo falando dessa forma, estamos convictos de coisas melhores em relação a vocês,
coisas próprias da salvação." O fundamento de sua vida é Romanos 8:28, "Deus age em
todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo
com o seu propósito." Ele considera com Paulo que, "Aquele que não poupou a seu
próprio Filho, mas o entregou por todos nós, nos dará juntamente com ele, e de graça,
todas as coisas" (Romanos 8:32). Sem essa confiança baseada na bondade de Deus
manifestada em Jesus Cristo, a perseverança do líder titubearia e as pessoas não seriam
inspiradas. Sem otimismo, a inquietude se torna desespero.
3. INTENSO
A grande qualidade que quero em meus parceiros é a intensidade. Romanos 12:8 diz que
se seu dom é a liderança, "que a exerça com zelo.". Romanos 12:11 diz, "Nunca lhes falte
o zelo, sejam fervorosos no espírito!". Quando os discípulos se lembraram do modo
como Jesus se portou em relação ao templo de Deus, eles caracterizaram sua atitude com
palavras do Antigo Testamento, "O zelo pela tua casa me consumirá.". (João 2:17). O
líder segue o conselho de Eclesiastes 9:10, "O que as suas mãos tiverem que fazer, que o
façam com toda a sua força.". Quando Jonathan Edwards era um jovem rapaz, ele
escreveu uma lista de setenta resoluções. A resolução que mais me tem inspirado diz
assim: "Viver com todas as minhas forças enquanto viver.". O Conde Zinzendorf dos
Morávios disse, "Tenho uma paixão. É Ele, e Ele somente." Jesus nos alerta em
Apocalipse 3:16 que não se apraz com pessoas mornas: "Assim, porque você é morno,
nem frio nem quente, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca.". Líderes espirituais
devem ir a algum lugar sozinhos e ponderar as inexprimíveis e estupendas coisas que
sabem a respeito de Deus. Se suas vidas são um bocejo prolongado, estão simplesmente
cegos. Líderes devem dar evidência de que as coisas do Espírito são intensamente reais.
Eles não podem fazer isso, a não ser que sejam intensos.

4. COM DOMÍNIO PRÓPRIO


Por domínio próprio não quero dizer 'afetado' e 'conveniente' e sem emoção, mas mestre
dos nossos impulsos. Se vamos conduzir outros em direção a Deus, não podemos ser
conduzidos em direção ao mundo. De acordo com Gálatas 5:23, domínio próprio é um
fruto do Espírito. Não é mera força de vontade. É a apropriação do poder de Deus para
obter domínio sobre nossas emoções e nossos apetites que poderiam nos desviar ou nos
levar a ocupar nosso tempo com empreitadas vãs. Em I Coríntios 6:12, Paulo diz, "Tudo
me é permitido, mas eu não deixarei que nada domine.".

O líder cristão deve examinar sua vida impiedosamente, para ver se está minimamente
escravizado por televisão, álcool, café, golfe, jogos de computador, pescaria, Playboy,
masturbação, boa comida. Paulo diz em I Coríntios 9:25, “Todos os que competem nos
jogos se submetem a um treinamento rigoroso, para obter uma coroa que logo perece;
mas nós o fazemos para ganhar uma coroa que dura para sempre. Sendo assim, não
corro como quem corre sem alvo, e não luto como quem esmurra o ar. Mas esmurro o
meu corpo e faço dele meu escravo, para que, depois de ter pregado aos outros, eu
mesmo não venha a ser reprovado." E ele diz em Gálatas 5:24, "Os que pertencem a
Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos." Líderes
espirituais devem rastrear maus hábitos impiedosamente, e quebrá-los pelo poder do
Espírito. Eles ouvem e seguem Romanos 8:13, "Pois se vocês viverem de acordo com a
carne, morrerão; mas, se pelo Espírito fizerem morrer os atos do corpo, viverão." Líderes
espirituais anseiam por estar libertos de tudo que atrapalha o seu pleno deleite em Deus e
seu serviço a outros.

5. RESISTENTE
Uma coisa é certa: se você começar a liderar outros, você será criticado. Ninguém será
um líder espiritual significativo se seu alvo for agradar outros e buscar sua aprovação.
Paulo disse em Gálatas 1:10, "Acaso busco eu agora a aprovação dos homens ou a de
Deus? Ou estou tentando agradar a homens? Se eu ainda estivesse procurando agradar a
homens, não seria servo de Cristo." Líderes espirituais não buscam os louvores dos
homens, eles buscam agradar a Deus. Dr. Carl Lundquist, antigo Presidente do Bethel
College & Seminary, disse em seu relatório final à Conferência Geral Batista que não
houve praticamente nenhum dos 28 anos nos quais serviu a Conferência em que ele não
tivesse ativa oposição de muitas pessoas.

Se o criticismo nos incapacita, jamais teremos sucesso como líderes espirituais. Não
quero dizer que devemos ser o tipo de pessoa que não se sente magoada, mas que não
devemos ser reduzidos pela dor. Devemos ser capazes de dizer com Paulo em 2
Coríntios 4:8, “De todos os lados somos pressionados, mas não desanimados; ficamos
perplexos, mas não desesperados; somos perseguidos, mas não abandonados; abatidos,
mas não destruídos.". Nós sentiremos a crítica, mas seremos incapacitados por ela. Como
Paulo diz em 2 Coríntios 4:16, "Nós não desanimamos.".

Líderes devem ser capazes de digerir a depressão, porque vão ingerir bastante. Haverá
muitos dias em que a tentação de abandonar tudo por causa de pessoas incompreensíveis
será muito forte. Criticismo é uma das armas favoritas de Satanás para tentar convencer
líderes cristãos efetivos a jogarem a toalha.

Eu deveria, no entanto, qualificar essa característica da resistência. Não quero dar a


impressão de que líderes espirituais estão imunes ao criticismo legítimo. Um bom líder
deve não somente ser resistente, mas também aberto e humilde para aceitar e aplicar
críticas justas. Nenhum líder é perfeito e Jonathan Edwards disse uma vez que ele tornou
uma disciplina espiritual buscar pela verdade em cada crítica que surgisse, antes de
descartá-la. Esse é um bom conselho.

6. ENERGÉTICO
Pessoas preguiçosas não podem ser líderes. Líderes espirituais "aproveitam o tempo"
(Efésios 5:16). Eles trabalham enquanto é dia, porque sabem que quando é noite
ninguém pode trabalhar (João 9:4). Eles "não se cansam de fazer o bem", porque sabem
que no tempo próprio colherão, se não desanimarem (Gálatas 6:9). Eles são "firmes, e
nada os abala, sempre dedicados à obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o trabalho
deles não será inútil." (1 Coríntios 15:58). Mas eles não recebem o crédito por essa
grande energia ou se gloriam em seus esforços, porque dizem com o apóstolo Paulo,
"Trabalhei mais do que todos eles; contudo, não eu, mas a graça de Deus comigo." (1
Coríntios 15:10). E: "Para isso eu me esforço, lutando conforme a sua força, que atua
poderosamente em mim." (Colossenses 1:29).

O mundo é governado por homens cansados, alguém disse. Um líder deve aprender a
conviver com a pressão. Nenhum de nós alcança muito sem prazos, e prazos sempre
criam um senso de pressão. Um líder não enxerga a pressão do trabalho como uma
maldição, mas como uma glória. Ele não deseja despender sua vida em lazer excessivo.
Ele ama ser produtivo. E ele lida com a pressão e previne que se torne preocupante com
promessas como Mateus 11:27, 28 e Filipenses 4:7, 8 e Isaías 64:4.
7. UM PENSADOR
"Com respeito ao mal, sejam crianças; mas, quanto ao modo de pensar, sejam adultos!" (1
Coríntios 14:20). Não é fácil ser um líder de pessoas que podem te subestimar. Um líder
deve ser alguém que, quando se depara com um quadro de circunstâncias, pensa a
respeito. Ele se senta com um bloco de notas e um lápis e rabiscos e escreve e cria. Ele
testa todas as coisas com sua mente e fica com o que é bom (1 Tessalonicenses 5:21). Ele
é crítico no melhor sentido da palavra, isto é, não é ingênuo ou dado ao modismo ou
tendencioso. Ele pondera as coisas e considera pros e contras e sempre tem uma razão
significativa para as decisões que toma. Raciocínio cuidadoso e rigoroso não é contrário à
confiança na oração e revelação divina. O apóstolo Paulo disse a Timóteo em 2 Timóteo
2:7, "Reflita no que estou dizendo, pois o Senhor lhe dará entendimento em tudo.". Em
outras palavras, o meio de Deus de nos comunicar insights não é dar um curto-circuito
no processo intelectual.

8. ARTICULADO
É difícil liderar outros se você não pode exprimir seus pensamentos clara e
energeticamente. Líderes como Paulo tem por objetivo persuadir os homens, não coagi-
los (2 Coríntios 5:11). Líderes que são espirituais não reúnem seguidores com disparates
ou acenos ou palavras, mas com sentenças atrativas, concisas, sólidas. O apóstolo Paulo
visava, como todos bons líderes, a clareza no que dizia. De acordo com Colossenses 4:4,
ele pediu ao povo para orar por ele, "para que eu possa manifestá-lo abertamente, como
me cumpre fazê-lo." É impressionante e lamentável como muitas pessoas hoje não
conseguem falar em sentenças completas. O resultado é que uma grande nuvem cerca
seus pensamentos. Nem eles nem seus ouvintes sabem exatamente a respeito do que
estão falando. Um nevoeiro se estabelece sobre a discussão e você vai embora pensando
a respeito do que se tratava. Se ninguém se coloca acima do discurso confuso e do caos
verbal de "Você sabe... Quero dizer... De fato", não haverá liderança.

9. APTO PARA ENSINAR


Não surpreende que alguns dos grandes líderes na Bethlehem Baptist Church tenham
sido homens que eram também professores efetivos. De acordo com 1 Timóteo 3:2,
qualquer um que aspira ao ofício de bispo na igreja deve ser apto para ensinar. O que é
um bom professor? Penso que um bom professor tem no mínimo as seguintes
características.

 Um bom professor pergunta a si mesmo as questões mais difíceis, trabalha nas respostas,
e então formula perguntas provocativas aos seus alunos para estimular seu raciocínio.
 Um bom professor analisa o seu conteúdo em partes e enxerga as relações e descobre a
unidade do todo.
 Um bom professor sabe quais são os problemas que os aprendizes terão com o conteúdo
e os encoraja e os leva a superar os montes do desencorajamento.
 Um bom professor prevê objeções e pensa a respeito delas a fim de
respondê-las de maneira inteligente.
 Um bom professor pode se colocar no lugar de uma variedade de aprendizes e portanto,
pode explicar coisas difíceis em termos claros para cada perspectiva.
 Um bom professor é concreto, não abstrato, específico, não geral, preciso, não vago,
vulnerável, não evasivo.
 Um bom professor sempre pergunta, "E daí?" e tenta demonstrar como as descobertas
moldam todo o sistema de pensamento. Ele tenta relacionar as descobertas com a vida e
tenta evitar a compartimentalização.
 O objetivo de um bom professor é a transformação de toda a vida e pensamento em uma
unidade que honra a Cristo.

10. UM BOM JUIZ DE CARÁTER


Jesus conhecia os corações dos homens (João 2:24-25) e Ele nos exortou para que
sejamos perceptivos na avaliação de outros (Mateus 7:15). Líderes devem conhecer quem
se encaixa em que tipo de trabalho. Bons líderes têm bom faro. Eles podem desmascarar
pessoas inoportunas rapidamente, isto é, pessoas que estão sempre ouvindo mas nunca
aprendendo ou mudando. Eles podem detectar potencial quando o enxergam em um
principiante. Eles podem perceber rapidamente os ecos do orgulho e da hipocrisia e do
mundanismo. O líder espiritual determina um curso cuidadoso entre os perigos do
estereótipo rígido por um lado, e da indiferença por outro.

11. COM TATO


Paulo disse em Colossenses 4:5, 6, "Sejam sábios no procedimento para com os de fora;
aproveitem ao máximo todas as oportunidades. O seu falar seja sempre agradável e
temperado com sal, para que saibam como responder a cada um.". E o escritor de
Provérbios disse, "A palavra proferida no tempo certo é como frutas de ouro incrustadas
numa escultura de prata." (25:11). Precisamos nos lembrar que líderes estão visando a
transformação de corações, não apenas a realização de tarefas. Portanto, desviar as
pessoas desnecessariamente é derrotar a si mesmo. Tato é a qualidade da graça que
ganha a confiança de pessoas que estão certas de que você não fará ou dirá algo estúpido.
Você não pode inspirar seguidores se as pessoas se sentem embaraçadas com as coisas
inapropriadas e insensíveis que você diz ou faz. Tato é especialmente necessário em um
líder para lidar com situações embaraçosas ou trágicas.

Por exemplo, muito frequentemente quando você está liderando um grupo, alguém diz
algo totalmente irrelevante, que é reconhecido como algo tolo por todos do grupo. Um
líder perspicaz deve ser capaz de conduzir a atenção do grupo de volta ao curso principal
da discussão, sem amontoar desprezo sobre o indivíduo. Outro exemplo, que me
recordo, vem da minha experiência no Wheaton College. Eu estava presente no serviço
da capela, onde V. Raymond Edman teve um ataque cardíaco no púlpito e caiu e
morreu. Hudson Armerding, que o substituiu como presidente, estava sentado atrás dele
quando Dr. Edman fez uma pausa em sua fala, deu um passo para o lado, e caiu. Em
uma das mais belas e sensíveis demonstrações de tato que já vi, Dr. Armerding
rapidamente se ajoelhou ao lado, conforme os 2.000 estudantes se silenciavam. Então ele
se levantou, conduziu-nos em uma breve oração confiando o Dr. Edman ao Senhor, e
dispensou os estudantes calmamente. Dr. Edman morreu assim que saímos.

O tato de um líder deve manifestar a si mesmo na confrontação franca. A pessoa que não
está aberta a abordar uma pessoa que precisa de admoestação ou repreensão não será um
líder espiritual bem sucedido. Associado ao seu julgamento do caráter das pessoas, o tato
de um líder o capacitará a lidar com negociações delicadas e pontos de vista opostos. Sua
escolha das palavras será astuta e não rude. (Existe uma grande diferença entre dizer "Seu
pé é muito grande para esse sapato" e "Esse sapato é muito pequeno para seu pé.").

12. TEOLOGICAMENTE ORIENTADO


Colossenses 3:17 diz, "Tudo o que fizerem, façam-no em nome do Senhor Jesus." 1
Coríntios 2:16 fala sobre o homem espiritual como tendo a mente de Cristo. Um líder
espiritual sabe que tudo na vida, mesmo os menores detalhes, têm a ver com Deus. Se
vamos liderar pessoas para enxergarem e refletirem a glória de Deus, devemos pensar
teologicamente a respeito de tudo. Devemos trabalhar em direção a uma síntese de todas
as coisas. Devemos investigar para ver como as coisas se encaixam. Como a guerra e
esportes e pornografia e festas de aniversário e literatura e viagens para o espaço e
doenças e companhias se relacionam? Como se relacionam com Deus e Seus
propósitos?

Líderes devem ter um ponto de apoio teológico que os ajude a dar coerência a todas as
coisas. Isso dará ao líder uma estabilidade que o previne de tropeçar por mudanças
repentinas em circunstâncias ou novos ventos de doutrina. Ele sabe suficientemente a
respeito de Deus e Seus caminhos que as coisas geralmente se encaixam em um padrão e
fazem sentido mesmo quando são desagradáveis. Então, o líder não desiste, mas confia o
caminho adiante a Deus.

13. UM SONHADOR
De acordo com Joel 2:28, nos últimos dias (nos quais vivemos), "Os velhos terão sonhos,
os jovens terão visões.". Esse é o contraste positivo da incansabilidade. Não devemos
apenas estar descontentes com o presente, mas também sonhar com o que pode vir a ser
o futuro. Em 2 Reis 6:15-17, Eliseu e seu servo foram cercados pelos Assírios na cidade
de Dotã. Quando o servo vê isso e se alarma, Eliseu ora e diz, "Senhor, abre os olhos
dele para que veja.". Então o Senhor abriu os olhos do rapaz, que olhou e viu as colinas
cheias de cavalos e carros de fogo ao redor de Eliseu.
Líderes podem ver o poder de Deus cobrindo os problemas do futuro. Esse é um dom
raro - enxergar o poder soberano de Deus no meio da aparente esmagadora oposição. A
maioria das pessoas é especialista em enxergar todos os problemas e razões para não
avançar em uma aventura. Muitos pastores são arruinados por juntas que pensam que
eles fizeram seus deveres quando atribuem todo obstáculo e problema a uma ideia que
ele traz. Isso é barato. Esperança e soluções são caras. O espírito aventureiro é raro hoje.
Ó, como precisamos de pessoas que dedicam apenas cinco minutos por semana para
sonhar o que é possível ocorrer. O texto diz que homens idosos sonharão. Quão triste é,
então, ver tantos homens idosos assumindo que sua idade significa que agora eles podem
navegar e deixar a criatividade para os jovens. É trágico quando a idade torna um homem
cansado em vez de progressivamente mais criativo. Toda nova igreja, toda agência, todo
novo ministério, toda instituição, toda empreitada, é resultado de alguém ter uma visão e
se apegar a ela como a tartaruga a seu casco.
14. ORGANIZADO E EFICIENTE
Um líder não gosta de desordem. Ele gosta de saber onde e quando as coisas estão para
rápido acesso e uso. Sua forma favorita é a linha reta, não o círculo. Ele se lamenta em
reuniões que não partem de premissas às conclusões, mas caminham em círculos
irrelevantes. Quando algo deve ser feito, ele vê um plano de três passos para a realização
e o executa. Um líder vê as ligações entre uma decisão da junta e sua implementação. Ele
vê maneiras de aproveitar ao máximo o tempo e determina sua agenda para maximizar
seu aproveitamento. Ele reserva para si mesmo grandes blocos de tempo para suas
principais atividades produtivas. Ele se vale de pequenas porções de tempo para que não
sejam desperdiçados. (Por exemplo, o que você faz enquanto está escovando os dentes?
Você poderia colocar uma revista no cabide das toalhas e ler um artigo?) Um líder
reserva tempo para planejar seus dias e semanas e meses e anos. Mesmo que seja Deus,
em última instância, quem dirige os passos de um líder, ele deve planejar seu caminho.
Um líder não é uma água-viva arremessada de um lado para o outro pelas ondas, nem
uma ostra que permanece imóvel. O líder é o golfinho do mar e pode nadar contra a
correnteza ou com a correnteza, conforme o planejado.

15. RESOLUTO
Em 1 Reis 18:21, Elias clama, "Elias dirigiu-se ao povo e disse: Até quando vocês vão
oscilar entre duas opiniões? Se o Senhor é Deus, sigam-no; mas, se Baal é Deus, sigam-
no.". Um líder não pode ficar paralisado pela indecisão. Ele assumirá riscos em vez de
não fazer nada. Ele se encharcará em oração e na Palavra e então descansará na
soberania de Deus conforme toma suas decisões, sabendo que provavelmente cometerá
alguns erros.

16. PERSEVERANTE
Jesus disse em Mateus 24:13, "Aquele que perseverar até o fim será salvo." Paulo disse em
Gálatas 6:9, "E não nos cansemos de fazer o bem." Nós vivemos em uma época onde a
imediata gratificação é comumente exigida. Isso significa que pouquíssimas pessoas
alcançam a excelência na virtude da perseverança. Pouquíssimas pessoas continuam e
continuam no mesmo ministério, quando há uma dificuldade significativa. Visão sem
perseverança, entretanto, resulta em contos de fada, e não em ministérios frutíferos. Meu
pai uma vez me contou que a razão pela qual ele acha que muitos pastores falham em
enxergar um reavivamento em suas igrejas é que eles desistem quando tudo está prestes a
acontecer. A longa caminhada é dura, mas compensa. A grande árvore é derrubada por
muitas, muitas machadadas. As críticas que cruzam seu caminho serão esquecidas se você
permanecer fazendo a vontade do Senhor.

17. UM AMANTE
Aqui estou me dirigindo a homens que são maridos e líderes. Paulo disse em Efésios
5:25, "Maridos, amem suas mulheres!". Ame-a! Ame-a! De que adianta a um homem
conquistar uma legião de seguidores e perder sua esposa? A que teremos conduzido as
pessoas se elas perceberem que nos conduzimos ao divórcio? O que precisamos hoje são
líderes que são grandes amantes. Maridos que escrevem poemas para suas esposas e
cantam canções para suas esposas e compram flores para suas esposas, por nenhuma
outra razão a não ser o fato de que a amam. Precisamos de líderes que sabem que devem
tirar um dia a sós com suas esposas de tempos em tempos; líderes que não têm o hábito
de zombar e colocar suas esposas para baixo, especialmente pequenas escapadas
displicentes em público; líderes que falam bem de suas esposas em público e se juntam a
elas espontaneamente quando estão sozinhas; líderes que as tocam com ternura em
outros momentos, e não só quando estão na cama.

Uma das grandes tentações de um líder ocupado é começar a tratar sua esposa como
uma espécie de objeto sexual. Isso começa a se manifestar quando o único momento em
que ele a beija apaixonadamente ou a toca carinhosamente é quando está tentando atraí-
la para a cama. É trágico quando uma esposa se torna um manequim para masturbação.
Conheça seus deleites e leve-a à mais plena experiência do clímax sexual. Converse com
ela e estude seus desejos. Olhe-a nos olhos quando fala com ela. Largue o jornal e
desligue a televisão. Abra a porta para ela. Ajude-a com a louça. Dê uma festa para ela.
AME-A! AME-A! Se você não amá-la, todo seu sucesso como líder muito provavelmente
resultará em fracasso no lar.

18. TRANQUILO
Começamos com a qualidade da incansabilidade e terminamos com a qualidade da
tranquilidade. "Se não for o Senhor o construtor da casa, será inútil trabalhar na
construção. Se não é o Senhor que vigia a cidade, será inútil a sentinela montar guarda.
Será inútil levantar cedo e dormir tarde, trabalhando arduamente por alimento. O
Senhor concede o sono àqueles a quem ama." (Salmos 127:1-2). O líder espiritual sabe
que, em última instância, a produtividade de seus trabalhos depende de Deus e que Deus
pode fazer mais enquanto ele dorme do que ele poderia fazer acordado sem Deus. Ele
sabe que Jesus disse aos seus discípulos ocupados, "Venham comigo para um lugar
deserto e descansem um pouco." (Marcos 6:31). Ele sabe que um dos Dez Mandamentos
era, "Trabalharás seis dias e neles farás todos os teus trabalhos, mas o sétimo dia é o
sábado dedicado ao Senhor teu Deus." (Êxodo 20:9-10). Ele não é tão viciado em
trabalho que não é capaz de descansar. Ele é um bom mordomo de sua vida e saúde. Ele
maximiza a totalidade de seus trabalhos medindo as possíveis tensões sob as quais ele
pode trabalhar sem diminuir sua eficiência , encurtando sua vida indevidamente.

CONCLUSÃO
Não resta dúvida de que muitas outras qualidades de uma pessoa poderiam ser
mencionadas, e fariam dela um líder ainda mais bem sucedido. Essas são simplesmente
as que vieram à minha mente conforme ponderava sobre o tema. O líder não precisa
alcançar excelência em toda e cada uma delas. Mas quanto mais plenamente cada uma
delas for desenvolvida em uma pessoa, mais poderosa e frutífera ela será como um líder.
Permita-me enfatizar outra vez que é o círculo interno que faz com que a liderança seja
espiritual. Toda liderança genuína começa com um senso de desespero; conhecimento
de que somos pecadores desamparados e carentes de um grande salvador. Isso nos leva a
ouvir a Deus em sua Palavra e clamar a Ele por ajuda e pelo insight em oração. Isso nos
conduz a confiar em Deus e esperar em Suas grandes e preciosas promessas. Isso nos
liberta para uma vida de amor e serviço a qual, no fim, leva as pessoas a enxergar e dar
glória ao nosso Pai nos céus.
No seguimento, suponho que a "Liderança" (conselho, presbitério, equipe pastoral, etc.) é

de uma só mente numa visão compartilhada. Na Igreja Batista Bethlehem, "Satisfação em

Deus", "Iniciativas Urbanas Bethlehem" e no Instituto Bethlehem, essa visão é "Nós

existimos para espalhar uma paixão pela supremacia de Deus em todas as coisas para
alegria de todos os povos através de Jesus Cristo."
Com essa suposição, as seguintes orientações são destinadas a guiar um pastor, presbítero

ou diretor afim de escrever recomendações que possam ajudar a Liderança (e, se

conveniente, a congregação) a entender, aprovar e agir em cursos de ação significativos.

Eu não quero dizer que todas essas orientações devem ser seguidas em todas as decisões

que a Liderança deva fazer. Elas se aplicam à maioria dos propósitos — do tipo que sairá

caro, ou que afetará várias pessoas de maneira importante, ou que possa parecer à

Liderança ser diferente de um caminho traçado. Nesses casos, uma persuasão Bíblica

minuciosa e cuidadosa é necessária. A pretensão por detrás dessas orientações é que a

cada ponto a Verdade seja soberana.

1. ORAI SEM CESSAR.

Isto é, banhe em oração cada parte do processo de tomada de decisão. Isto será

praticamente invisível nos períodos iniciais do sonho e concepção se a intenção vem de

uma pessoa.

2. MEDITE NA PALAVRA DE DEUS DIA E NOITE.

A pessoa ou grupo que traz a proposta deve permanecer na Palavra e deve ponderar

todos os aspectos da proposta sob o ponto de vista da Palavra de Deus, saturando todo o
pensamento e comunicação da proposta com citações da Palavra que mostrem a

sabedoria da mesma.

3. REÚNA INFORMAÇÃO VERDADEIRA RELACIONADA COM A PROPOSTA.

Ideias para o futuro podem estar erradas e ser imprudentes por diversas razões. Uma

delas é a falta de informação relevante: custo, recursos humanos a serem envolvidos,

talentos necessários, impacto noutras prioridades, possíveis reações e percepções,

possíveis resultados sincronizados ou dessincronizados com a visão.

Coletar essa informação envolve pesquisa e imaginação. Para se ter ideia das implicações

de qualquer coisa é preciso colocar-se diante de dezenas de situações e imaginar como

seria a realidade proposta. Essas implicações são parte da informação que,

eventualmente, deve ser compartilhada com a Liderança. Quanto mais dessa informação

é antecipadamente trazida à discussão, mais confiante a Liderança estará em que a

proposta é executável é sábia.

4. PENSE QUANTO POSSÍVEL EM TODAS AS POSSÍVEIS IMPLICAÇÕES DA


PROPOSTA.

Esse passo se sobrepõe ao anterior e adiciona "pensamento" à "colheita." Pensar requer

tempo, energia, imaginação e matéria-prima de informação. É trabalho duro. É trabalho

solitário. Requer escrita, uma vez que a ligação das ideias perdem-se se não são anotadas.

E requer reescrita, tendo em vista que o primeiro conjunto de ligações consideradas

geralmente deve ser ajustado conforme outras ideias vêm à mente. O pensar é analítico,

imaginário e construtivo.

 É preciso analisar como as coisas funcionarão, como as pessoas pensarão, quais serão os

custos, quais os talentos necessários, em como tudo isso poderá afetar o que já existe e

como tudo isso se relaciona entre si.


 Ao longo de todo esse processo, a imaginação é necessária. O líder mais persuasivo terá a

melhor imaginação em como o futuro realmente se assemelhará e em como tudo se vai

relacionar com o resto. O sucesso da sua proposta basear-se-á, maioritariamente, no quão

bem ele usou a sua imaginação para prever as implicações de tudo o que ele propõe. A

qualidade da sua liderança será vista, em parte, no que ele já questionou e respondeu

relativamente às questões que a liderança terá. Isso não acontece sem muito pensar, na

solidão enquanto escreve.

 Pensamento frutífero deve também ser construtivo. Isto é, deve-se aplicar a mente para

construir um todo integrado. Não compartilhará simplesmente fragmentos de uma ideia

com a Liderança. Se queremos que a Liderança confirme a nossa ideia para o futuro,

devemos trazer-lhe uma imagem coerente e unificada da nossa ideia. Isso só acontece

através do pensamento construtivo. Isto é normalmente o trabalho mais difícil. Força-nos

a ter o tipo de pensamento árduo que economiza tempo e esforço à Liderança.

5. ESCREVA A PROPOSTA INCLUINDO UMA APRESENTAÇÃO COERENTE


E ORDENADA DA PROPOSTA, UMA EXPLICAÇÃO DELA, SUAS
IMPLICAÇÕES E A LINHA DE RACIOCÍNIO.

 Primeiro, exponha a proposta clara e brevemente em poucas frases.

 Segundo, explique a proposta. Isto é, descompacte os termos e tenha a certeza que é bem

claro.

 Terceiro, esclareça as implicações: pessoas envolvidas, compromissos de tempo, gastos,

efeitos nas práticas presentes e nas pessoas, etc. Preveja e exponha honestamente e

responda a quantas objeções puder.

 Quarto, dê uma linha de raciocínio convincente que justifique as implicações e ligue os

resultados para a Visão.

6. DÊ CÓPIAS DESSA PROPOSTA ESCRITA À LIDERANÇA COM TEMPO


SUFICIENTE ANTES DA REUNIÃO NA QUAL ELA SERÁ CONSIDERADA.

Evite pressionar para agir sem o tempo adequado para discussão e oração.
7. LEIA A PROPOSTA À LIDERANÇA OU UM RESUMO COERENTE DAS
SUAS PARTES CHAVE NA REUNIÃO QUANDO ELA FOR DEBATIDA.

Pessoas mais ocupadas não terão em mente os detalhes quando vierem à reunião e

precisarão de ouvir a proposta escrita, ou um resumo bem preparado. É quase sempre

um erro tentar "ler em diagonal", como se isso fosse economizar tempo. Geralmente não

economiza tempo e é mais difícil seguir do que uma simples leitura, ou um resumo bem

preparado. Além disso, saltitar pelo documento geralmente faz com que o ouvinte se

perca, não podendo acompanhar. Se há coisas significativas que precisem de ser

adicionadas ao documento por meio de um "passo-a-passo", a proposta escrita

provavelmente não foi detalhada o suficiente.

8. BUSQUE UMA DISCUSSÃO MINUCIOSA DA PROPOSTA COM TODA A


LIDERANÇA INSTADA PARA PARTICIPAR DA DISCUSSÃO. PERMITA QUE
O CABEÇA DO GRUPO DA LIDERANÇA GUIE A DISCUSSÃO PARA A AÇÃO
APROPRIADA.

A pessoa que traz a proposta deve ser um defensor bem preparado, mas não o líder da

discussão. Depois da apresentação, deve falar quando lhe são colocadas perguntas ou se

lhe for dada a permissão, mas não dominar a discussão. Durante o processo, ele deve

encorajar a Liderança a entregar-se à oração e à Palavra.

De acordo com o Novo Testamento, os presbíteros são responsáveis pela liderança e


supervisão de uma igreja local. A função e o papel de um presbítero é bem resumida por
Alexander Strauch em seu livro Biblical Eldership: “Os presbíteros lideram a igreja [1Tm
5.17; Tito 1.7; 1 Pedro 5.1-2], ensinam e pregam a Palavra [1 Timóteo 3.2; 2 Timóteo
4.2; Tito 1.9], protegem a igreja de falsos mestres [Atos 20.17, 28-31], exortam e
admoestam os santos na sã doutrina [1 Timóteo 4.13; 2 Timóteo 3.13-17; Tito 1.9],
visitam e oram pelos doentes [Tiago 5.14; Atos 20.35], e julgam questões doutrinárias
[Atos 15.16]. Em terminologia bíblica, presbíteros pastoreiam, supervisionam, lideram e
cuidam da igreja local” (16).

“Presbítero” e “pastor” não são dois ofícios diferentes. Como John Piper argumenta na
seção cinco do livreto “Biblical Eldership”, essas são simplesmente duas palavras
diferentes para o mesmo ofício. Ele dá três razões. Primeiro, em Atos 20.28, os
presbíteros são encorajados nos deveres “pastorais” de supervisionar e pastorear.
Segundo, em 1 Pedro 5.1-2, os presbíteros são exortados a “pastorear” o rebanho de
Deus que está aos cuidados deles, papel que é de um pastor. Terceiro, em Efésios 4.11, a
única vez que a palavra pastor ocorre no Novo Testamento, os pastores são tratados
como pertencendo ao mesmo grupo dos mestres. Isso sugere que o papel principal do
pastor é alimentar o rebanho por meio do ensino, que é um dos papeis principais dos
presbíteros (Tito 1.9). Dessa forma, o Novo Testamento parece indicar que “pastor” é
outro nome para “presbítero”. Um presbítero é um pastor, e um pastor é um presbítero.

Alguns pensam que a Bíblia fala de uma categoria de líderes eclesiásticos acima de
pastores/presbíteros, chamados “bispos”. Contudo, a evidência bíblica indica que “bispo”
é simplesmente outro termo para presbítero também. Paulo se refere aos presbíteros em
Éfeso como “bispos” em seu sermão de despedida de Atos 20.17-35. Da mesma forma,
“bispo” em Tito 1.7 parece ser um sinônimo para o termo “presbítero” usado no
versículo 5. A maioria dos estudiosos reconhece isso, como J. B. Lightfoot já observou no
século 19: “É um fato agora em geral reconhecido por teólogos de todas as matizes de
opinião, que na linguagem do Novo Testamento o mesmo ofício na Igreja é chamado
indiferentemente de ‘bispo [supervisor]’ (episkopos) e ‘ancião’ ou ‘presbítero’
(presbyteros)” (citado em Strauch, 180).

John Piper resume o uso dos termos “presbítero”, “pastor” e “supervisor”:

O Novo Testamento refere-se somente uma vez ao ofício de pastor (Efésios 4.11). É uma
descrição funcional do papel do presbítero enfatizando o cuidado e a nutrição da igreja
como rebanho de Deus; assim com “bispo/supervisor” é uma descrição funcional do
papel do presbítero enfatizando o governo ou supervisão da igreja. Podemos concluir,
portanto, que “pastor” e “presbítero” e “bispo/supervisor” referem-se ao mesmo ofício no
Novo Testamento. Esse ofício permanece ao lado de “diácono” em Filipenses 1.1 e
Timóteo 3.1-13 de tal forma a mostrar que os dois ofícios permanentes instituídos pelo
Novo Testamento são presbítero e diácono.

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