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1. Os Pré-Socráticos
Os primeiros filósofos, que surgiram na Grécia, por volta do século VII a.C.,
embora continuassem pagãos, tiveram como principal característica a fuga das
explicações divinas, que consideravam míticas. Eles buscavam explicar o
mundo e toda a existência através da razão e da natureza (Physis). Buscavam
algo que explicasse o princípio (não no sentido apenas de origem, mas
também de fundamento) de tudo, até mesmo dos deuses.
Anaxágoras, outro filósofo também dessa época, acreditava em algo que ele
chamava de “inteligência” (nous), que seria o princípio ordenador de todas as
coisas do cosmos. Por conta de sua ideia revolucionária, foi condenado por
impiedade e teve que fugir da Grécia.
Sócrates, no entanto, sempre acreditou nos deuses, mas estes não tiveram um
papel central em sua filosofia. Mesmo assim, também foi condenado por
impiedade, assim como Anaxágoras, e obrigado a tomar veneno. Sócrates
acreditava que falava com um daimonion (Não confundir com “demônio”. Os
gregos não acreditavam em demônios como os cristãos), o que foi interpretado
pelos seus contemporâneos como um novo deus. Mesmo Sócrates o negando,
foi condenado por impiedade, alegando que estaria inventando novos deuses.
3. Era Helenística
4. Era Cristã
4.2. Patrística
4.3. Escolástica
5. Idade Moderna
Próximo disso, Leibniz criou a chamada “teoria das mônadas”. Uma teoria que
buscava encontrar o fundamento de todas as coisas e que negava o
materialismo. Para Leibniz, tudo era feito de “mônadas”, entidades de força
não-materiais submetidas às suas próprias leis. Todas as mônadas teriam sido
criadas ao mesmo tempo por Deus, e este as teria organizado da melhor
maneira possível. Disso, Leibniz concluiu que vivemos no “melhor dos mundos
possíveis”, o que foi motivo de chacota por parte de Voltaire em seu famoso
romance intitulado “Cândido”.
Até aqui todos os filósofos eram perfeitamente pios, quer seja no catolicismo ou
no protestantismo. Foi somente no Iluminismo que surgiram filósofos
declaradamente não-cristãos e ateus. Os iluministas criticavam as religiões
tradicionais, que consideravam superstições, e a substituíam pelo que
chamavam de “religião natural”, a crença de que há um deus, mas este não
pune, não recompensa, não ouve orações, não faz milagres e não escreve
livros. Deus, para os iluministas, teria criado o mundo e o abandonado. Adorar
a Deus é adorar a sua criação, a natureza, sendo a ciência a mais perfeita
forma de adorar a Deus.
Ainda no Iluminismo, David Hume, filósofo inglês, colocou sérias dúvidas sobre
a eficácia de modelos metafísicos (além de ter refutado grande parte dos
argumentos utilizados para sustentar a existência divina). Para ele, embora não
de possa negar a existência de Deus, pelo menos não era possível saber se
ele existe. Immanuel Kant, protestante declarado, tentou em vão responder as
críticas de Hume à metafísica, chegando à conclusão de que a metafísica de
fato é impossível, e refutando os tradicionais argumentos a favor da existência
de Deus, como as famosas cinco vias de Santo Tomás de Aquino. Da
impossibilidade da metafísica, segue-se a impossibilidade de conhece a
existência de Deus. Os alicerces da fé cristã ficaram seriamente abalados no
final da Idade Moderna e desde então Deus não teve mais um papel tão central
na história da filosofia.
6. A Era Contemporânea
Kant declara a “morte da metafísica” e o filósofo dinamarquês Kierkegaard
admite o fracasso do “racionalismo cristão”. No entanto, assim como Kant,
Kierkegaard jamais deixou de ser um cristão fiel. Para ele, a crença em Deus é
um “salto de fé”, uma escolha, que não deve e não pode ser sustentada por
argumentos racionais.
Nietzsche foi talvez o mas feroz crítico da religião. No seu famosos livro “A
Gaia Ciência” soltou a bombástica frase pela qual seria mundialmente
conhecido: “Deus está morto”. Para Nietzsche, a religião não apenas tirava a
dignidade do homem e o alienava. Ela o privava da felicidade e do sentido da
vida. Ao colocar o bem supremo em outro mundo, a religião tornava este
mundo vazio e pobre, fazendo com que as pessoas deixassem de vive-lo em
troca de uma vida no além (que, para ele, obviamente não existia). A religião
era um fator que esvaziava a vida neste mundo, mas que dava uma ilusória
resposta para o sofrimento. Além do mais, a religião servia para inverter os
valores, transformando o bom em mau.
O existencialismo, corrente filosófica que defende que o homem não tem uma
essência pré-determinada, sendo, portanto, livre para definir-se como quiser,
foi também no princípio um feroz crítico da religião e da ideia de Deus. Para
eles, se há um Deus que sabe de tudo, e sabe tudo que faremos desde tempos
infinitos, então não somos livres. Além do mais, teríamos que seguir os planos
pré-determinados por eles, não podendo escolher que rumos dar à nossa
própria existência. Não obstante, foi também no existencialismo que floresceu
novamente uma gama de grandes pensadores cristãos, como Jasper e
Unamuno. Inspirados pelo tema da liberdade existencialista e pelo pensamento
de Kierkegaard, colocavam a fé em Deus como o ato supremo de liberdade.
7. Conclusão
Poucos são os filósofos contemporâneos que se preocuparam com questões
sobre Deus e a religião. A maioria deles simplesmente ignora esses problemas.
Aparentemente, concordaram com Kant que essas são questões sem solução.
Mesmo que as mais ferrenhas críticas a ideia de Deus tenham sido tecidas na
contemporaneidade, elas foram feitas por uma minoria. Mesmo havendo ainda
muitos filósofos cristãos, a maioria simplesmente não falava sobre o assunto,
bem como a maioria dos filósofos ateus. Deus deixou de ter o protagonismo
que tinha na Idade Média e na Idade Moderna (que, embora mais fraco que no
medievo, ainda era bem forte). O problema de Deus tornou-se, para a filosofia,
até menos importante que durante a Idade Antiga. Todavia, a filosofia
contemporânea é muito recente comparada à sua longa tradição, e não há
dúvidas de que o papel desempenhado por Deus ao longo desses séculos e
milênios de filosofia foi bastante importante. Ainda restam alguns bons filósofos
que tentam resgatar o “racionalismo cristão”, como Swinburne e Plantinga,
reformulando os argumentos que já foram refutados por Hume e Kant, e
tentando declarar que Deus ainda não está morto.