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DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E NA ESCRITA NO PRIMEIRO


ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Santos Oliveira Flávia

RU:662266

RESUMO

Este artigo aborda questões de aprendizagem relacionadas às dificuldades da


leitura e escrita encontradas no início do ensino fundamental. Procura apresentar de
forma clara o que é ler e escrever de uma forma geral. Este vem mostrar que a
leitura é muito mais do que um simples gesto de pegar um artigo e conseguir lê o
que estar escrito. E através de um simples rabisco a criança já desenvolve sua
primeira escrita.

Palavra-chave: Dificuldade de aprendizagem, leitura, escrita.

1 Aluno do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Internacional UNINTER. Artigo apresentado como
Trabalho de Conclusão de Curso. 2014.

2 Professor Orientador no Centro Universitário Internacional UNINTER.

1. INTRODUÇÃO

Pretende-se desenvolver uma pesquisa em que possa estudar e compreender


como se dá o processo de leitura e escrita nas crianças, verificando algumas
dificuldades enfrentadas por elas que faz com que surgem as dificuldades na leitura
e escrita.
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A criança com dificuldade de aprendizagem é aquela que apresenta bloqueios


na aquisição do conhecimento, na audição, na fala, leitura, raciocínio ou habilidades
matemáticas. Estas desordens são intrínsecas ao sujeito, presumidamente, devido a
uma disfunção do sistema nervoso central, podendo ocorrer apenas por um período
na vida.

Reconhecendo a importância de se discutir acerca das dificuldades de


aprendizagem referentes a leitura e a escrita objetiva-se através deste, apresentar
alguns direcionamentos significativos voltados ao estímulo, da capacidade do aluno
desenvolver a prática da leitura e escrita um dos pontos preponderantes ao caminho
da aprendizagem, até porque o aluno encontra-se inserido no contexto que exige
uma interpretação sistemática advinda do hábito de ler e escrever.

Entende-se que cada aluno apresenta sua dificuldade, alguns tem bloqueios
para escrever, expressar suas emoções, falar etc. Nesse contexto, o professor
precisa estar atento a essas dificuldades, a fim de criar mecanismo para seu
enfrentamento, reconhecendo que na fase inicial, a criança absorve o que lhe é
repassado e incorpora valores que no decorrer da vida escolar, se contemporizam
com outros, podendo gerar conflito ou dificuldades. Com base nessas situações
problema, faz se as perguntas:

 Quais os principais aspectos que interferem no processo de


aprendizagem da leitura e na escrita nos alunos no primeiro ano do
ensino fundamental? • Quais as dificuldades vivenciadas pelos alunos
no processo de aprendizagem da leitura e escrita?
 Que alternativas metodológicas podem ser indicadas para o
enfrentamento das dificuldades de aprendizagem na leitura e escrita no
primeiro ano do fundamental?

A metodologia utilizada para essa pesquisa bibliográfica.


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2. DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NO PRIMEIRO ANO ENSINO


FUNDAMENTAL

Este trabalho de pesquisa se fundamentou nas teorias desenvolvidas por


Piaget, Vygotsky, Paulo Freire entre outros. (Segundo VYGOTSKY):

a aprendizagem é o processo de internalização dos conteúdos historicamente


construídos e socialmente disponíveis. Esse processo se torna possível pela
mediação, visto que as funções do desenvolvimento humano se manifestam
primeiro num plano social e depois individual:

Desta forma, o processo de aprendizagem desenvolve-se ao longo da vida


dos sujeitos e é sistematizado formalmente durante os anos de escolarização,
através da instrução formal.

Para Vygotsky o incremento dos processos psicológicos superiores encontra


subsídio para realizar-se nas inter-relações socioculturais, sendo esse meio um forte
mediador para a construção de conhecimento. A história do desenvolvimento da
linguagem escrita na criança começa com o aparecimento do gesto como "signo
visual inicial que contém a futura escrita da criança como uma semente contém um
futuro carvalho" (p. 121).

Os signos são a fixação de gestos. Para Vygotsky, há uma íntima relação


entre a representação por gestos e a representação pelos primeiros rabiscos e
desenhos das crianças. Na idade escolar, a criança apresenta uma tendência de
passar de uma escrita pictográfica (baseada na representação simplificada dos
objetos da realidade) para uma escrita ideográfica (representações através de sinais
simbólicos abstratos).

Gradualmente as crianças substituem traços indiferenciados por rabiscos


simbolizadores, substituídos, por sua vez, por pequenas figuras e desenhos e,
finalmente, pelos signos. Para chegar a isso, a criança precisa descobrir que, além
de coisas, pode-se desenhar a fala.

O desenvolvimento da linguagem escrita se dá pelo deslocamento do


desenho de coisas para o desenho de palavras. Assim, o brinquedo de faz-de-conta,
o desenho e a escrita são momentos diferentes de um processo unificado de
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desenvolvimento da linguagem escrita. Desenhar e brincar são, portanto, estágios


preparatórios ao desenvolvimento da linguagem escrita.

Ao chegar à escola, a criança já possui o que Vygotsky denomina de uma


pré-história de aprendizagem, ocorrida no seu desenvolvimento cultural, por meio da
experiência com a cultura socialmente organizada. Todavia, esse processo de
aprendizagem difere totalmente daquele que deve ocorrer na escola, em que a
aprendizagem deve ser por meio de um ensino que se adianta a desenvolvimento do
aprendiz. Nesse argumento tem grande importância o conceito de zona de
desenvolvimento potencial (ou proximal) por ele formulado e que corresponde à
diferença entre os níveis das tarefas que são realizadas com o auxílio de outras
pessoas e o nível das tarefas que a criança pode realizar de modo independente.

A escrita da criança não resulta de simples cópia, mas é um processo de


construção pessoal, onde cada criança expõe sua escrita da maneira que acreditam
estar certa. Emília Ferreiro (1992, p. 70) percebe que de fato, as crianças
reinventam a escrita, no sentido de que inicialmente precisam compreender seu
processo de construção.

Não basta, portanto, saber apenas ler e escrever, é preciso saber fazer uso e
envolver-se na escrita e leitura, apropriar-se delas na construção de conhecimentos,
e poder relacioná-la com a vivência. Como afirma Soares (2001 p.45-46):

(...) não basta apenas aprender a ler a escrever. As pessoas se


alfabetizam, aprendem a ler e a escrever, mas não necessariamente
incorporam a prática da leitura e da escrita, não necessariamente adquirem a
competência para usar a leitura e a escrita para envolver-se com as práticas
sociais de escrita, para envolver-se com as práticas sociais de escrita: não
leem livros, jornais, revistas não sabem redigir um ofício, um requerimento,
uma declaração não sabe preencher um formulário, sentem dificuldade para
escrever um simples telegrama, uma carta não consegue encontrar
informações num catálogo telefônico, num contrato de trabalho, numa conta
de luz, numa bula de remédio (...)

É saber escrever um bilhete, uma carta, entender um anúncio de jornal,


traduzir a mensagem de um rótulo, recontar uma história, sintetizar um texto, ler
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mapas e legendas, enfim, é saber aplicar a habilidade de ler e escrever diante do


que o mundo pode lhe apresentar.

Portanto, o ato de ler e escrever depende da criatividade, autonomia,


confiança, bagagem cultural e expressão de ideias para acontecer, elementos que
independem do domínio das técnicas de leitura e escrita.

Mas, quando uma criança escreve tal como acredita que poderia ou deveria
escrever certo conjunto de palavras, está oferecendo um valiosíssimo documento
que necessita ser interpretado para ser avaliado. Assim, o professor poderá avaliar e
compreender as produções da criança e saberá respeitar e ajudar na construção e
no progresso da escrita.

Como leem as crianças que ainda não sabem ler, e como escrevem as
crianças que ainda não sabem escrever, é o que através de pesquisas e estudos
feitos Emília Ferreiro e Ana Teberosky, buscaram saber a resposta desse processo
de construção. E a obtiveram através dos níveis de alfabetização. As autoras
buscaram demonstrar e afirmar que, para construir a escrita o indivíduo passava por
níveis denominados de pré-silábico, silábico, silábico-alfabético e alfabético.

Pré--silábica: não consegue relacionar as letras com os sons da língua


falada; Silábica: interpreta a letra à sua maneira, atribuindo valor de sílaba a
cada letra; Silábico-alfabética: mistura a lógica da fase anterior com a
identificação de algumas sílabas; Alfabética: domina, enfim, o valor das letras
e sílabas. FERREIRO (1987 p. 102)

Emília Ferreiro e Ana Teberosky buscaram descobrir como a criança


consegue interpretar e produzir escritas muito antes de chegar a escrever ou ler.
Elas afirmam que: “existe um processo de aquisição da linguagem escrita que
precede e excede os limites escolares”. Ferreiro e Teberosky (1987, p. 102)

As dificuldades enfrentadas pelas crianças estão ligadas as suas diferenças


individuais: algumas crianças chegam a descobrir os princípios fundamentais do
sistema do ensino antes de iniciarem a escola, ao passo que outras, estão longe de
conseguir fazê-lo.
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Para Freire (1985, p. 37) alfabetização é o desenvolvimento de consciência


crítica e um dos instrumentos primordiais para a emancipação do homem. É um
processo que se faz por meio de uma prática social, intencional e planejada.

A criança que ainda não se alfabetizou, mas já folheia livros, finge lê-los,
brinca de escrever, ouve histórias que lhe são lidas, está rodeada de material
escrito e percebe seu uso e função, essa criança é ainda „analfabeta‟, porque
não aprendeu a ler e a escrever, mas já penetrou no mundo do letramento, já
é de certa forma, letrada. SOARES, (2002, p.24)

Jean Piaget, explica como o indivíduo, desde o seu nascimento, constrói o


conhecimento. Defende uma posição construtivista em relação do sujeito com o
conhecimento:

Compreender é inventar ou reconstruir através da reinvenção e será preciso


se curvar se ante a tais necessidades se o que se pretende, para o futuro,
são termos indivíduos capazes de produzir ou de criar, e não apenas repetir.
PIAGET, (1973, p. 20)

O autor acreditava que era preciso não apenas ensinar, mas de possibilitar
meios, criar situações onde o aluno possa descobrir solucionar algo. Com o intuito
de formar cidadãos capazes sempre em busca de algo novo.

A pesquisa vem ainda apresentar com base nos teóricos citados respostas
aos questionamentos de outros profissionais sobre como melhorar a pratica neste
processo, e também aos questionamentos e indagações dos pais que não sabem
como ajudar o filho nesta fase inicial e primordial da vida onde as dificuldades com a
leitura e a escrita estão presentes. A escrita e leitura criam oportunidades de
relacionar a criança com o mundo.

O domínio da língua, oral e escrita, é fundamental


para a participação social efetiva, pois é por meio
dela que o homem se comunica, tem acesso à
informação, expressa e defende pontos de vista,
partilha ou constrói visões de mundo, produz
conhecimento. (PCN, Língua Portuguesa, v.2, p.57)

Com base nos autores que acreditam e defendem a ideia de que antes
mesmo de ir para uma sala de aula a criança já escreve ou lê algo, como afirma
TEBEROSKY (1996:8).
“(...) a criança dispõe de um saber sobre a escrita
ainda antes de entrar para a escola e de que este
saber foi também social em que ganha sentido (....)”.
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Este processo de leitura e escrita é um processo longo e exigem que os


professores estejam atentos as dificuldades que cada indivíduo apresenta, para
poder assim melhor lidar com as dificuldades e limitações de cada um.

Mesmo quando a escrita e leitura de crianças em processo de alfabetização,


são consideradas e vistas por algumas pessoas sem valor ou sem reconhecimento,
são apenas identificados como meros rabiscos, ou pronuncias incapazes de serem
entendidas. Quando não compreendemos como funciona o processo de
aprendizagem da escrita e leitura não devemos nos esquecer de que estas garatujas
são as formas que as crianças encontram para se expressar, de construir a escrita e
que ao emitir sons pode ser que nem sempre seja possível compreender, mas
fazendo isso a criança estará exercendo seu papel na sociedade de se expressar,
de obter e compartilhar informações que são necessárias para a vida de um ser
humano.

Parte da premissa que o aprendizado segue a trilha do desenvolvimento,


pressupondo que o desenvolvimento é independente do aprendizado. O
aprendizado seria um processo externo que se utilizados avanços do
desenvolvimento, mas não o impulsiona nem altera seu curso. O desenvolvimento
(ou maturação) é considerado pré-condição para o aprendizado e nunca o resultado
dele. Se as funções mentais de uma criança não amadureceram o suficiente para
aprender um determinado assunto, nenhuma instrução se mostrará útil. Piaget seria
representante desta linha. Segundo Vygotsky (1998)

a aprendizagem é o processo de internalização dos conteúdos


historicamente construídos e socialmente disponíveis. Esse processo se
torna possível pela mediação, visto que as funções do desenvolvimento
humano se manifestam primeiro num plano social e depois individual.

O processo de aprendizagem desenvolve-se ao longo da vida dos sujeitos e é


sistematizado formalmente durante os anos de escolarização, através da instrução
formal. Para Vygotsky (1998), o incremento dos processos psicológicos superiores
encontra subsídio para realizar-se nas inter-relações socioculturais, sendo esse
meio um forte mediador para a construção de conhecimento.

Na idade escolar, a criança apresenta uma tendência de passar de uma


escrita pictográfica (baseada na representação simplificada dos objetos da
realidade) para uma escrita ideográfica (representações através de sinais simbólicos
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abstratos). Gradualmente as crianças substituem traços indiferenciados por rabiscos


simbolizadores, substituídos, por sua vez, por pequenas figuras e desenhos e,
finalmente, pelos signos.

Para chegar a isso, a criança precisa descobrir que, além de coisas, pode-se
desenhar a fala. O desenvolvimento da linguagem escrita se dá pelo deslocamento
do desenho de coisas para o desenho de palavras. Assim, o brinquedo de faz-de-
conta, o desenho e a escrita são momentos diferentes de um processo unificado de
desenvolvimento da linguagem escrita. Desenhar e brincar são, portanto, estágios
preparatórios ao desenvolvimento da linguagem escrita.

Ao chegar à escola, a criança já possui o que Vygotsky denomina de uma


pré-história de aprendizagem, ocorrida no seu desenvolvimento cultural, por meio da
experiência com a cultura socialmente organizada.

Todavia, esse processo de aprendizagem difere totalmente daquele que deve


ocorrer na escola, em que a aprendizagem deve ser por meio de um ensino que se
adianta a desenvolvimento do aprendiz. Nesse argumento tem grande importância o
conceito de zona de desenvolvimento potencial (ou proximal) por ele formulado e
que corresponde à diferença entre os níveis das tarefas que são realizadas com o
auxílio de outras pessoas e o nível das tarefas que a criança pode realizar de modo
independente.

Antes que os homens soubessem escrever, não havia história dos


antepassados, mas ele sentia necessidade de registrar os fatos acontecidos, motivo
pelo qual eles começaram a fazer desenhos e pinturas nas paredes das cavernas, o
que representava uma forma de comunicação, ou seja, uma tentativa de escrita,
embora muito rudimentar. Com o tempo a escrita foi mudando e as pessoas
precisavam escrever fatos mais complexos.

Atualmente todas as sociedades civilizadas possuem uma escrita. O mundo


moderno precisa da escrita até para registro das ocorrências mais simples. Na
Antiguidade a escrita era privilégio de sacerdotes e nobres, enquanto hoje é uma
necessidade e direito de todos.
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Foram os babilônios que descobriram a primeira escrita bem codificada e os


egípcios criaram uma escrita muito rústica para se escrever em pedras. Esta escrita
durava por muito tempo, por isso foi importante para a história da humanidade. Foi
através dela que se formaram as palavras que tinha o nome de escrita “cuneiforme”.

Com cada figura escrita os egípcios representavam uma palavra. Mais tarde
esse povo inventou o papel, em sua forma mais arcaica, o papiro. Como o trabalho
no papiro exigia muita minúcia e paciência, criou-se a escrita cursiva (a mais
utilizada na atualidade), mais fácil de ser aplicada sobre esse suporte e que
contribuiu consideravelmente para a popularização da escrita. A partir daí tiveram a
influência dos hieróglifos, que significava grafia sagrada e era composta de
belíssimos desenhos estatizados formando bonitos poemas visuais que, após tantos
séculos, permanecem extasiantes.

De acordo com CACLIARI (1995, p. 106):

“A história da escrita, vista no seu conjunto, sem seguir uma linha de


evolução cronológica de nenhum sistema especificamente, pode ser
caracterizada como tendo três fases distintas: a pictórica, a ideográfica e a
alfabética”.

Foi através dos egípcios que passamos a conhecer o alfabeto da linguagem


fenícia, o qual deu origem a escrita alfabética, que foi usado com muita habilidade.

A escrita é muito importante em todas as produções e instruções como:


compreensão de placas, as instruções para manejo de máquinas, as bulas de
remédios, etc. Resumindo, a gente vive num mundo rodeado de coisas escritas.
Basta sair às ruas e olhar: é o jornaleiro com revistas, jornais e livros; é a placa da
rua, do ônibus, da loja; os cartazes de propaganda, as embalagens dos produtos. A
escrita alfabética é usada para representar a fala e compreender a mensagem.

A concepção da escrita está ligada à leitura, uma vez que as duas atividades
fazem parte do processo comunicativo entre o autor e leitor. Dado esse caráter
social, diferentes funções são desempenhadas pela escrita, como informar, auxiliar a
memória, opinar, divertir, entre outras que fazem parte da vida em uma sociedade
letrada como a nossa, não podendo, pois, essa ser tratada como uma atividade
puramente escolar. Esse caráter de funcionalidade da escrita impõe uma mudança
de foco na prática pedagógica: a ênfase deve recair no processo e não no produto.
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No ato de produção do texto, é fundamental saber para quê e para quem a


mensagem deverá ser expressa.

A escrita é uma grande preocupação para os pais e para os professores.


Quando um professor pega uma produção textual como uma carta, um bilhete ou um
recado, a primeira observação que ele faz são os erros ortográficos. Sabe-se que
quando a criança escreve como fala, essa produção de escrita é fonética. Sabe-se
também que muitos alunos escrevem as palavras desta forma. Mediante tal
situação, o professor precisa observar como os seus alunos se expressam
oralmente ao se relacionar com os colegas, para depois relaciona-los com a sua
expressão escrita. É a partir daí que o professor precisa trabalhar o dialeto dos seus
alunos, para descobrir o registro fonético das palavras.

O ato de escrever é um processo de construção e reconstrução de sentido em


relação ao que se vê, ao que se ouve, sente e pensa. Para Freire (1989:11-12),

a “leitura de mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior


leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele”,
uma vez que ela seria a ponte para o progresso educacional eficiente,
proporcionando a formação integral do indivíduo.

A maior parte dos conhecimentos humanos é obtida por intermédio da leitura,


por isso é preciso ler muito, continuadamente e com regularidade, pois ler
constantemente significa aprender a conhecer, interpretar, decifrar e distinguir os
elementos fundamentais dos secundários.

Trabalhar a leitura em sala de aula ajuda o leitor a desenvolver bons padrões


das palavras, a boa articulação, o timbre de voz e a entonação adequada, a
pontuação, entre outras. Além disso, é claro que se deve trabalhar habilidades como
a de ouvir e se fazer ouvir.

Sabe-se que a leitura vai além de um saber expresso através de anotações.


Por esse motivo é preciso ler repetidamente por diversas vezes para poder entender
melhor o que está escrito. Ao pronunciar apenas uma palavra pode-se constituir um
texto suscetível de uma leitura. Por exemplo, as primeiras palavras de uma criança
são possíveis ser interpretadas. Ela está fazendo a leitura de um mundo que a
cerca. É necessário e essencial para a compreensão e a atuação do indivíduo no
meio social. A leitura do mundo precede a leitura do texto, parafraseando Freire
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(1983, p. 22), e a leitura do hipertexto é precedida por essas outras: a do mundo e a


do texto. Assim, acreditando nisso que assinala Paulo Freire, nota-se que todos
leem a si mesmos e ao mundo à sua volta para vislumbrar o que cada um é e onde
está. A leitura é o caminho, é lendo que se adquirem novos conhecimentos,
desafia-se a imaginação e descobre-se o prazer de pensar e sonhar. O aluno com
dificuldade em leitura perde a oportunidade de entender a riqueza de aprender e
compreender o funcionamento e as características da vida.

É por meio da leitura que se tem acesso à cidadania, a melhores posições no


mercado de trabalho, um entendimento mais profundo da vida em sociedade, à
construção de uma personalidade mais crítica e, portanto, mais livre para que se
busque a felicidade pretendida por todos.

Pode-se definir a alfabetização como um processo de contínua descoberta,


reconhecimento, relacionamento, interpretação e interiorização do universo da
língua escrita. O processo de alfabetização se identifica com a própria comunicação.
A criança, para aprender a falar, interage com quem está a sua volta e aprende a
falar.

Na alfabetização, a criança também deve atuar como sujeito do processo de


aquisição da língua escrita. Será um ser ativo na aprendizagem da leitura escrita
mediante a interação com o meio ambiente, com o outro e consigo mesma.

Dessa forma, é importante que o professor gere ações, onde a criança possa
vivenciar temas interessantes, estimulando-a com atividades prazerosas de leitura e
escrita, buscando sempre o sentido daquilo que se lê e se escreve, interagindo com
o objeto de conhecimento que é a linguagem escrita e oral, trocando conhecimentos
e estabelecendo relações com as outras áreas de aprendizagem que criem
condições para que a criança se alfabetize sem nenhuma dificuldade. Assim, é
pensando e agindo, formulando hipóteses, refletindo e construindo o próprio saber
que a criança ira ler e escrever o mundo.

Com a aplicação de métodos evolutivos a criança terá uma aprendizagem


significativa. É preciso organizar o trabalho educativo para que os alunos
experimentem, vivenciem a prática de produção de textos. O documento PCN’s/LP
assinala:
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“É necessário, portanto, ensinar o aluno a lidar tanto com a escrita da


linguagem – os aspectos notacionais relacionados ao sistema alfabético e às
restrições ortográficas – como com a linguagem escrita - os aspectos
discursivos relacionados à linguagem que se usa para escrever. Para tanto é
preciso que, tão logo o aluno chegue à escola, seja solicitado a produzir seus
próprios textos, mesmo que não saiba grafa-los, a escrever como lhe for
possível, mesmo que não o faça convencionalmente”. (1997, p. 68).

Os processos básicos que se voltam à decodificação e à compreensão de


palavras são particularmente importantes nas primeiras etapas da aprendizagem da
leitura e deve ser bem assimilados até a quarta série, já que um déficit em alguns
alunos e impede o desenvolvimento dos processos superiores de compreensão da
leitura.

A leitura parte de um processo que também se desenvolve de forma gradual,


é um hábito a ser adquirido e deve ser fonte de prazer e não apresentada de forma
obrigatória através de imposição ou cercada de castigos e ameaças. Reflete-se de
forma significativa na escrita da criança (e do adulto), na medida em que, ao ler,
memorizamos as correspondências ortografia-som sem memorizar regras, e
apreendemos também as exceções das mesmas, além de ampliarmos o vocabulário
e o conhecimento das estruturas de diferentes textos, o que aumenta o repertório e
reflete-se em uma escrita melhor.

É muito importante para a criança viver em um ambiente familiar letrado. Do


ponto de vista psicológico e cultural as crianças normalmente desenvolvem as
competências fundamentais para a leitura no contato com irmãos, adultos, vizinhos,
por meio de interações, conversas e brincadeiras. Neste sentido, o desenvolvimento
é natural e as competências são aprendidas de maneira informal. Mas grande parte
das crianças oriundas de ambientes extremamente pobres não têm oportunidade de
desenvolvê-las. Ela já valoriza o contato com jornais, revistas, livros, etc.

Sendo a aprendizagem um processo constituído por diversos fatores, é


importante ressaltar que além do aspecto fisiológico referente ao aprender, como os
processos neurais ocorridos no sistema nervoso, às funções psicodinâmicas do
indivíduo necessitam apresentar certo equilíbrio, sob a forma de controle e
integridade emocional para que ocorra a aprendizagem. De acordo com Caraher:

“Uma criança sadia, ao ingressar na escola, já sabe falar, compreende


explicações, reconhece objetos e formas desenhadas e é capaz de obedecer
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a ordens complexas. Não há razão para que ela não aprenda também a ler”.
(2002, p. 7).

2.1 METODOLOGIA

Como afirma Minayo (1994)

“a metodologia inclui as concepções teóricas de abordagem, o conjunto de


técnicas que possibilita a construção da realidade e o sopro divino do potencial
do investigador” (p.16).

Partindo desse pressuposto, entende-se por metodologia, o método que irá


ser utilizado para chegar ao objetivo proposto; é o processo mais adequado para
serem identificadas as dificuldades exibidas pelos alunos do primeiro ano do ensino
fundamental em relação à escrita e leitura.

Será realizada uma pesquisa qualitativa, pois se faz entender que ela está
associada a dados qualitativos, abordagens interpretativas, formulação de perguntas
e confronto entre os dados. As informações obtidas e as evidências pesquisadas
servem para se descobrir as dificuldades enfrentadas pelos alunos em relação à
leitura e escrita.

Além disso, esta abordagem qualitativa permite a compreensão da realidade


do aluno, o fazer cotidiano deste nos sistemas de significação da leitura e escrita,
para por em detalhe a situação pesquisada. Também serão utilizadas bibliografias
que lidam com esse assunto a fim de contribuir para maior esclarecimento e ajudar a
criar métodos para prática eficaz.
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Consideramos que a pesquisa trouxe resultados bastante significativos acerca


das dificuldades encontradas pelos alunos no processo da leitura e da escrita. A
experiência obtida com o trabalho foi relevante em todos os aspectos educacionais.

O conhecimento adquirido foi de grande valia para suporte da prática


pedagógica dos futuros pedagogos. No entanto acredita-se que para acontecer o
avanço na prática da leitura e da escrita é preciso que os professores sejam
comprometidos com a desmistificação das relações sociais, tenham clareza teórica e
estimule a presença, a discussão, a pesquisa, o debate e enfrentamento de tudo que
se constrói o ser.

Ainda mais que esse profissional seja reflexivo em sua prática pedagógica,
sensível a apreensão de possibilidades alternativas, tenha consciência que é
passível de erros, estejam sempre se questionando no seu fazer em sala de aula,
indo além das atividades imediatistas, tendo em mente o tipo de homem que quer
formar. Compreendendo que o processo de leitura e escrita inicia muito antes da
criança entrar em contato com o mundo adulto, recebendo estímulo para depois
chegar à escrita convencional.

Através desta pesquisa foi possível vê o processo de leitura e escrita de uma


forma mais simples e mais construtiva, uma vez que entendemos que a escrita se
faz através de um simples rabisco e que a criança já possui a pré disposição para ler
e escrever.
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REFERÊNCIA

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares nacionais


– PCN’s. Brasília; Ministério da Educação e do Desporto, 1997

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e lingüística. São Paulo. Scpione, 1989

CARAHER, Terezinha Nunes (org). Aprender Pensando. Petrópolis. Vozes,


2002ARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e leitura. São Paulo: Cortez, 1990.

FERREIRO, E. Reflexões sobre a alfabetização. São Paulo: Cortez, 1992 . E


TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São
Paulo: Autores Associados, 1989. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Artmed,
Belo Horizonte: Vozes, 1976.

MINAYO, M. C. S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 22. ed.


Petrópolis,RJ: Vozes, 1994.

Piaget, Jean Para onde vai à educação? 1973 Rio de Janeiro: José Olympio

SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998

VYGOTSKY, Lev Semenovich. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins


Fontes, 1998.

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