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Monge urbano: Como parar o tempo e encontrar sucesso, felicidade e paz
Monge urbano: Como parar o tempo e encontrar sucesso, felicidade e paz
Monge urbano: Como parar o tempo e encontrar sucesso, felicidade e paz
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Monge urbano: Como parar o tempo e encontrar sucesso, felicidade e paz

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About this ebook

Neste livro, você encontra orientações valiosas para seu dia a dia, para encontrar paz e ter mais disposição.

Nosso mundo é um lugar extenuante. Trabalho e família representam compromissos diários, e voltar a atenção para a saúde, os relacionamentos e o sentido da vida é uma luta constante. A tecnologia oferece um fluxo infinito de informações na ponta dos dedos, mas não é suficiente para nos trazer satisfação plena. Há momentos em que desejamos fugir e viver em isolamento numa montanha, como um mestre zen, mas isso não é viável para a maioria de nós. Na contramão desse desejo, caminhamos pouco a pouco em direção ao esgotamento completo.

Pedram Shojai veio para reverter isso. Você não precisa fazer um retiro para encontrar seu centro e o sentimento de calma. Com a prática, pode desacelerar, se reabastecer e focar nas coisas realmente importantes, mesmo em meio ao caos e à agitação do mundo contemporâneo. Monge Urbano revela os segredos para manter o coração aberto, a mente antenada e uma profunda sensação de bem-estar, mesmo nas circunstâncias mais complicadas. O programa prático de domínio das necessidades diárias desenvolvido por Shojai reúne ferramentas e exercícios simples, capazes de elevar sua existência. Aprenda a honrar o corpo por meio da alimentação, descarregar energias presas e se libertar de vícios em substâncias ou experiências tóxicas. Deixe que sua mente se liberte diariamente com meditações noturnas, exercícios de relaxamento e rituais de repouso. Dê ao seu corpo oportunidades para rejuvenescer.

O mundo precisa que você tome a iniciativa de viver plenamente sua vida. Pedram Shojai é o monge urbano capaz de lhe mostrar como beber do infinito, encontrar a paz e a prosperidade e crescer.
LanguagePortuguês
Release dateFeb 6, 2017
ISBN9788568696453
Monge urbano: Como parar o tempo e encontrar sucesso, felicidade e paz

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    Book preview

    Monge urbano - Pedran Shojai

    aqui.

    C A P Í T U L O  1

    Estresse: Como me

    desviar das balas?

    ROBERT É DA VELHA-GUARDA. Foi criado numa época em que um rapaz tinha três possibilidades na vida: ser médico, advogado ou engenheiro. Estudou direito sabendo que teria um emprego estável e seguro. Muitas horas de estudo sério, prova na ordem dos advogados, 70 horas de trabalho por semana, muito café e o trato com gente difícil foram os obstáculos necessários em seu caminho para o sucesso. Ele lutou muito para ascender na escala e hoje é sócio-júnior numa empresa bem boa. Os dias continuam muito longos, e o estresse chega a ser ridículo. E ele com certeza está mais careca.

    Sua mulher deixou de trabalhar depois do nascimento do segundo filho, de modo que hoje ele carrega sozinho o fardo financeiro da família.

    Ele mora numa casa muito agradável num bairro bom. Eles têm uma piscina e uma banheira de hidromassagem na qual ele não entra desde o ano passado. O casal aluga uma casa de veraneio que é motivo de estresse: temos que ir!. Os preços dos planos de saúde sobem anualmente e o filho menor tem asma e algumas alergias alimentares bem estranhas – e tudo isto custa dinheiro e tempo, gerando mais desafios em casa. Mesmo com a ajuda de uma babá em meio expediente, parece que eles não conseguem dormir direito, e as últimas férias em Maui geraram mais problemas que descanso. Ele voltou exausto e desanimado.

    A vida de Robert é puro estresse. Embora tenha um teto, carros e muita comida, bem lá no fundo ele vive aterrorizado. Sabe que não pode manter esse ritmo. Tem a sensação de que um dia vai cair duro, mas não pode. Afinal, todos ali dependem dele. Ele toma café, frequenta a academia, ingere alguns complexos vitamínicos e de vez em quando curte uma massagem, mas enquanto isso sua mente está cheia das pressões para manter a coisa toda funcionando.

    Um bom advogado precisa ter um Lexus.

    Os bons pais mandam os filhos para escolas particulares.

    Ginástica e aulas de piano são obrigatórias.

    Os outros pais estão mandando os filhos para o acampamento de verão da moda. Claro que nós também vamos...

    A alegria já era. O estresse faz sentir seu peso, e ele está constantemente tentando manter a cabeça erguida. Seu pai lhe ensinou que homens de verdade nunca desistem; entram na boa luta pela família e nunca demonstram fraqueza. Ele assiste ao noticiário da manhã enquanto come cereal com os filhos. Sente-se um pai ausente que não os viu crescer, e o lamenta. Robert sente que a fraqueza ganha terreno, e morre de medo de perder a batalha. Afinal, com todos esses gastos, eles mal têm dinheiro guardado, e se ele parar de trabalhar a família toda estaria em dificuldades em questão de poucos meses. O seguro de vida vai desembolsar uma quantia decente se ele bater as botas, e uma ou duas vezes ele já pensou a respeito, o que o deixou apavorado.

    Robert se sente imobilizado. Falta adrenalina, e não parece haver luz no fim do túnel. Ele não enxerga a luz no fim do túnel, e a cada dia uma espécie de desespero mudo vai aumentando nos recantos sombrios da sua psique – uma ameaça à própria sobrevivência da família. Robert continua lutando, mas o médico já advertiu que a pressão está alta demais. Há muita coisa em questão, e os fatores se agravam. O que ele pode fazer?

    O PROBLEMA

    De certa maneira, todos enfrentamos o problema de Robert. Nosso corpo se desenvolveu e evoluiu ao longo de milhões de anos em reação a fatores previsíveis de pressão no ambiente. Luta ou fuga, a reação de estresse agudo, é um sistema maravilhoso que nos ajudou a sobreviver em um mundo perigoso, cheio de predadores e marcado pela escassez. Ele evoluiu para nos ajudar a escapar de situações em que nossa vida está em risco, otimizando nosso metabolismo para entrar em modo de crise. Quando corremos perigo, os níveis de cortisol e/ou adrenalina disparam para ajudar a desviar fluxo sanguíneo para os grandes músculos que nos ajudarão a lutar contra um adversário ou fugir de um predador. São hormônios de estresse que exercem controle sobre vários sistemas do nosso corpo, e as menores flutuações em seus níveis afetam o corpo inteiro. Eles atuam em conjunção com um refinado mecanismo de comutação no sistema nervoso. Nosso sistema nervoso simpático mobiliza as reações de estresse agudo e rapidamente ajuda a direcionar a energia para onde é necessária em momentos de crise. O lado oposto desse interruptor é o sistema nervoso parassimpático, que pode ser considerado nosso modo de descanso, no qual o corpo é capaz de curar, decompor os alimentos e promover a desintoxicação e a excreção. Em momentos de perigo, o corpo é capaz de refinadamente drenar o fluxo sanguíneo dos órgãos internos, do sistema imunológico e de partes do cérebro associadas à alta cognição e encaminhá-lo para o quadríceps, para que possamos correr feito loucos se necessário. É maravilhoso quando tudo está dando errado, mas vamos investigar a vida de Robert e ver por que é uma má notícia para um advogado moderno.

    O estresse de Robert não decorre de um incidente crítico. Claro que às vezes o carro na pista ao lado desvia abruptamente e faz o seu batimento cardíaco (e o dedo médio) subir, mas não é isso que o está matando. É o estresse crônico. O antílope africano não fica pensando na probabilidade de um ataque de um leão. Ele come, anda por aí, faz muito sexo e, quando surge uma ameaça, sai correndo. Se sobrevive, deixa para lá e volta ao que interessa. Mas nós, não. Ficamos repetindo o acontecimento mentalmente, passamos a associá-lo a emoções e o visualizamos ocorrendo de diferentes maneiras; não o deixamos mais de lado. O antílope foi em frente, mas nós continuamos falando a respeito na terapia, ou, pior ainda, reprimindo. Não entramos no modo de descanso o suficiente para equilibrar esses sistemas, e assim ficamos tensos.

    O estresse crônico mata.

    Robert tem pequenos momentos de vida ou morte toda vez que um cliente ameaça cancelar ou um juiz abre um processo. Outro dia, sua mulher chegou em casa com uma bolsa da moda, e seu estômago revirou. Quanto custou?

    Esses fatores modernos de estresse podem ser considerados uma morte lenta. Nosso conceito abstrato de dinheiro ou moeda está ligado à própria sobrevivência, ativando os mesmos circuitos. Mexe com a gente e nos deixa estressados. O orçamento está apertado, e no fundo isso significa algo que o nosso corpo entende de maneira visceral. A liberação de níveis baixos de cortisol num período prolongado tem terríveis consequências para o corpo. Podemos dizer que o sistema nervoso simpático de Robert vive em marcha acelerada, tendo esquecido como é desligar um pouco e relaxar. Com a constante interrupção do fluxo sanguíneo para os sistemas vitais, eis alguns dos efeitos colaterais adversos.

    Menor quantidade de energia para o sistema imunológico

    Um corpo sob constante estresse é como um país em guerra, no qual todo o dinheiro, as tropas e os recursos são enviados às linhas de frente (reação de estresse agudo). Quem fica na retaguarda para policiar as ruas? Como enfrentar gangues locais e células terroristas? Não é possível. Elas se infiltram, assumem o controle e se manifestam como doença. Quando você finalmente convoca as tropas de volta da linha de frente, o mal já foi feito e será necessário despender muito mais energia para repará-lo.

    Não é um problema de projeto. O sistema imunológico humano é incrível. É um universo complexo que nos ajuda a reconhecer objetos que não pertencem ao nosso corpo, para nos livrarmos deles. Quando as coisas vão bem, é maravilhoso observar a precisão e a eficácia do nosso sistema imunológico. Mas no mundo moderno a maioria das pessoas sofre das consequências de uma imunidade comprometida. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (Centers for Disease Control and Prevention, CDC) considera que o estresse é a causa de 90% das doenças crônicas. É um número enorme. Robert acabará pegando uma doença crônica bem desagradável com o constante enfraquecimento do seu sistema. É apenas uma questão de tempo.

    O problema é a vida de Robert.

    Diariamente, mesmo que involuntariamente, ele faz coisas que drenam recursos do seu sistema imunológico, tornando mais difícil para o corpo manter o equilíbrio. Passado algum tempo, as coisas acabarão se rompendo e ele adoecerá.

    Bloqueio da energia para o sistema digestivo
    e os órgãos internos

    Quando o corpo recebe um sinal dizendo que um leão se aproxima, drena sangue das vísceras (os órgãos internos) e o conduz aos músculos que devem ajudar-nos a sobreviver ao ataque. Quando isso acontece, os órgãos são castigados. O fluxo sanguíneo para os órgãos é diminuído à medida que é desviado para os grandes músculos de fuga. Isso corta a energia e os nutrientes levados aos órgãos vitais. Pense em termos de economia de guerra. Não sobra dinheiro para os livros escolares, o conserto das calçadas ou o auxílio-alimentação.

    Quando a energia é regularmente desviada do trato digestivo, começamos a ter questões de absorção deficiente, carência de nutrientes, constipação ou intestino solto, indigestão, inchação, fadiga e eventualmente síndrome de impermeabilidade intestinal (que será explicada mais adiante no livro). O modo de descanso é quando nos curamos, mas o que acontece quando não nos permitimos chegar lá? Olhe ao seu redor. Existe uma indústria trilionária de planos de saúde que ganha dinheiro com doenças crônicas decorrentes de estilos de vida equivocados e do estresse descontrolado.

    Uma montanha-russa de açúcar no sangue

    Quando aumentam os níveis de cortisol, acontece todo tipo de coisas. Como dissemos antes, o fluxo sanguíneo é direcionado para os músculos de fuga, mas também tem um impacto enorme na taxa de glicose no sangue.

    Cortisol é como um cartão de crédito.

    Numa situação de crise, o corpo precisa de energia imediatamente, de modo que o cortisol é como inserir um cartão para obter gratificação instantânea. Ele ajuda o corpo a drenar energia das reservas de glicogênio no fígado para nossas necessidades imediatas, o que tem algumas consequências sérias. Quando a taxa de glicose no sangue começa a aumentar, o pâncreas o percebe e libera insulina para se apropriar desse açúcar e levá-lo para as células. Tudo isso é muito bom, exceto quando as coisas começam a sair dos trilhos. Depois de anos nessa montanha-russa de energia do cortisol, o pico de insulina muitas vezes erra o alvo da liberação de açúcar (energia), o que por sua vez nos faz ficar com fome ou ter vontade de mais açúcar ou carboidratos para equilibrar as coisas. Isso pode se refletir em mau humor, irritabilidade, dores de cabeça e fadiga; muitas vezes leva-nos a beber café para sair de uma queda de energia. E quem sabe aquele bolinho não vai ajudar?... Vamos falar do papel da adrenalina nessa loucura mais adiante, no capítulo sobre o sono.

    Muitas pessoas têm tantos altos e baixos por causa disso que já se sentem exaustas ao meio-dia da terça-feira, sonhando com o fim de semana.

    Devastação no sistema endócrino

    Dezenas de atletas de elite confessaram secretamente no meu consultório que não conseguem mais ter ereções. O motivo muitas vezes é o cortisol. Esses atletas esgotam suas glândulas suprarrenais com um nível elevado de estresse crônico, que acaba drenando a testosterona, o estrogênio, o DHEA e várias outras reações hormonais. Roubar de Pedro para dar a Paulo parece ser o hábito na nossa era moderna, o que certamente se reflete no corpo. Hoje, homens como nosso amigo Robert tomam energia emprestada do dia de amanhã para chegar ao fim do dia de hoje, sem tomar conhecimento das taxas de juros nesse tipo de transação. É uma droga. Talvez dê para sustentar esse ritmo na faixa dos trinta, até que você se depara com um muro e seu corpo entra em greve. Uma vez privados dos hormônios, ganhamos peso, nos arrastamos exaustos e levamos prejuízo na cama... poxa, desculpe, só um minutinho...

    Naturalmente, existem remédios que podemos tomar para todas essas questões, mas a causa frequentemente é uma economia energética equivocada, decorrente do nosso índice de consumo de adrenalina. Remédios muitas vezes têm efeitos colaterais, e o problema subjacente tende a persistir.

    Levando prejuízo no cérebro

    A pior coisa que pode acontecer quando estamos cronicamente estressados provavelmente é o bloqueio do fluxo sanguíneo para o córtex pré-frontal. É a parte do cérebro que nos distingue dos macacos. Ajuda-nos no pensamento abstrato, na solução de problemas, na cognição mais elevada e nas altas considerações de ordem moral. É a parte do cérebro que ajuda na negação dos impulsos. Nas tradições antigas, é chamada de terceiro olho, devendo ser cultivada e valorizada. O problema é que o sistema de comutação do corpo sabe que essa parte do cérebro não é necessária para escalar uma árvore ante o ataque de um rinoceronte, de modo que desvia sangue e energia para o metencéfalo, que contribui para os comportamentos reflexivos imediatos. Mais uma vez, o impulso do corpo é tire-me daqui ou destroce esse cara que está querendo tirar o que é meu.

    JORNADAS PESSOAIS

    Quando voltei do Himalaia, decidi enfrentar a questão da crise do sistema de saúde com minha exuberante energia e meu profundo senso do dever. Achava que poderia consertar de dentro um sistema defeituoso, e assim fundei um grupo de médicos que rapidamente estaria com três consultórios. Aparecíamos nos jornais por nossas inovações no terreno da medicina complementar e recebíamos belos elogios, mas eu sabia que era pura embromação. Basicamente, eu me formara em prevenção e previsão de doenças, e ali estava agora num modelo de ação no qual tinha de esperar que alguém desse defeito e apresentasse uma doença diagnosticável. Ficava tentando encontrar paliativos nesse sistema sem pé nem cabeça e constantemente tinha de enfrentar empresas de seguros que seguravam o dinheiro. O nível de estresse era impressionante, realmente testando minha capacidade de meditação.

    Consegui sustentar aquilo durante anos, até que caiu a ficha: por melhor lutador que você seja, se ficar no ringue durante muito tempo, vai acabar sendo esmurrado. Foi quando me dei conta de que poderia fazer um trabalho muito melhor e mais significativo nos terrenos do bem-estar e da mídia. Saí da linha de mira das balas de estresse e minha vida ficou ótima. A lição? Às vezes precisamos pensar fora da caixa a que estamos presos para nos dar conta de que o estresse autoimposto pode ir-se com uma simples decisão.

    Na improvável eventualidade de encontrar um leão em Chicago, pode ser de grande ajuda. Também ajuda a saltar para o meio-fio quando um táxi não nos vê atravessando a rua, mas o desvio crônico de energia para as reações de estresse agudo nos mantém reativos, desconfiados, menos empáticos e incapazes de tomar decisões ponderadas de longo prazo. O alto raciocínio moral é o que de fato nos tornou o que somos. Religião, ética, honra e autoconsciência derivam dessa boa matéria cinzenta, e nossa incapacidade de usá-la é uma tragédia. A maioria das pessoas leva a vida em modo de sobrevivência e sabe do que estou falando. Também é um dos motivos pelos quais tantas pessoas fazem coisas prejudiciais a si mesmas apesar de saberem o que estão fazendo. Sabemos que fumar não faz bem, mas muitos ainda assim fumam. Sabemos que torta engorda, mas comemos mesmo assim. Sabemos que é má ideia, mas ainda assim acabamos telefonando para quem nos deu um pé na bunda. Sem um amplo acesso ao córtex pré-frontal, deixamos de usar a parte do cérebro que nos capacita a reprimir impulsos prejudiciais ao corpo. Levando a vida em estresse crônico, ficamos sem acesso a essa área do cérebro, o que nos torna mais impulsivos e inconscientes.

    É a vitalidade que equilibra os danos

    Em meu primeiro filme, falei do conceito de vitalidade, a energia vital que nutre os órgãos, energiza as células e abastece o cérebro. É a moeda corrente da vida, e também o campo de força que nos protege das doenças e dos efeitos danosos do estresse. Quando o estresse de Robert supera sua vitalidade, começam as dificuldades. Depois que o corpo passa do ponto crucial de sustentação da reação de estresse agudo, os problemas batem à porta, e não é nada bonito. Quando já gastamos as economias e nosso nível de energia cai a um nível em que o corpo não é mais capaz de equilibrar entradas e gastos, começamos a precisar sacrificar sistemas. É quando a coisa fica feia e acabamos sentados numa sala de espera, até que venha um jaleco branco jogar pílulas para nós. É quando entramos em pânico e tememos por nossa vida.

    A mortalidade está sempre por perto, sempre nos lembrando que a sobrevivência não está tão longe assim. É algo que podemos usar em proveito próprio.

    SABEDORIA DO MONGE URBANO

    Simplesmente sobreviver não basta. Nós queremos prosperar. O Monge Urbano pisa em bases sólidas e avança na plena consciência. Aprendemos a sair do modo de sobrevivência em direção à cobertura no arranha-céu que é o corpo humano. O que isso significa?

    Procure desenvolver seu córtex pré-frontal.

    Fortaleça seu terceiro olho.

    Vários estudos demonstram que até novatos na meditação desenvolvem maior densidade nos neurônios corticais do córtex pré-frontal. Isso é ótimo: significa que ainda somos capazes de deliberar o desenvolvimento dessa parte do cérebro, que nos ajuda a manter a calma sob pressão e facilita a navegação por situações de estresse. O arco de desenvolvimento do pânico frenético à calma centrada é a jornada do Monge Urbano. Chegar lá é fundamental, e dançaremos em torno desse tema ao longo do livro, pois boa parte dos componentes básicos estão ligados a uma dieta pura, bons hábitos de sono, um pleno espectro de movimentação, momentos de sossego e uma disposição mental saudável.

    O mestre mantém a calma

    O mundo enlouqueceu. Nossa vida nos empurra na direção do frenesi e do pânico. Se não segurarmos a onda, estamos perdidos. É importante viver no olho do furacão, onde as coisas são calmas e o caos não impera.

    Boa parte da sabedoria dos antigos mosteiros foi preservada durante milênios em centros de excelência – templos, escolas, cavernas e academias isentos das instabilidades e oscilações do mundo exterior. Nossa tarefa consiste em trazer novamente essa paz a nossas cidades e dar o tom de uma vida equilibrada aqui e agora.

    No Ocidente, deixamo-nos seduzir pelo falso pressuposto de que a meditação é algo que devemos fazer quando já estivermos estressados. É como dizer que você precisa alongar depois de distender um músculo. Claro que pode ajudar, mas já é um pouco tarde.

    Aqui vai uma maneira de encarar a questão que pode ajudar:

    A maioria das pessoas usa a meditação como um ícone na tela do computador. Quando estão estressadas, dão um duplo clique, inspiram e expiram algumas vezes, sentem-se um pouco melhor e voltam às doze janelas que têm abertas, mergulhando de novo no caos.

    Tente usar a meditação

    como um sistema operacional.

    Isto significa escanear constantemente a consciência em busca de calma. Você percebe os pensamentos que o deixam reativo e inquieto, e aprende a deixá-los passar. Não permite que o derrubem do galho.

    A mente é reativa.

    Vivenciamos alguma coisa e em seguida ligamos essa vivência a uma lembrança de algo correlato no passado; se houver uma carga emocional não resolvida associada a essa lembrança, sentimos tudo novamente e começamos a ficar inquietos. Esse desconforto nos leva a roer as unhas, pegar um cigarro, mudar repentinamente de assunto ou qualquer outra coisa que costumemos fazer para evitar essa sensação ruim. O dia inteiro... é o que fazemos.

    Aprender a sair da reatividade é o que importa. Isso significa viver sem paixão? Claro que não. Viva, ame, ria e aprenda – simplesmente não seja viciado em drama. Leve a vida com entusiasmo e propósito, e não seja manipulado pelo plano que outros têm para você. Você é que comanda. Melhor ainda, deixe o seu Eu Superior assumir o comando, enquanto você relaxa.

    O desejo é a causa do sofrimento

    Buda tinha muito a dizer sobre isto, e olhe que não era de falar muito. Ele identificava a origem do sofrimento humano em duas coisas: aversões e anseios. Ou não gostamos de algo e da maneira como nos faz sentir, tratando de nos afastar, ou então gostamos e ansiamos por essa coisa, o que nos faz desejar sempre mais.

    Passei boa parte da vida estudando o budismo e percorrendo o Himalaia, até voltar para casa e comandar meu próprio navio nos negócios. Enquanto me aprofundava no marketing e nos subsequentes anos de mergulho no desconhecido, eu ficava horrorizado com o conflito entre meus dois mundos. Como sacerdote taoista e estudante do budismo, eu estava voltado para o alívio do sofrimento humano; como dono de um negócio, era induzido a ver o desejo como minha arma mais forte na promoção de vendas. É uma indústria que se alimenta das fraquezas das pessoas. Você pode se transformar num parasita vivendo de fantasmas famintos, em vez de salvá-los. Claro que existem no sistema pessoas boas trabalhando e dando o melhor de si, mas o principal desafio está em simultaneamente coagir as pessoas e ajudá-las. Felizmente, encontrei um caminho saudável e tenho usado meu desejo de transformação para ajudar a despertar as pessoas, no sentido de ajudarem a si mesmas e ao mundo, mas aquele choque inicial foi difícil de superar.

    E o que isso tem a ver com você? Tudo. Todo dia, o dia todo, somos bombardeados com publicidade. A coisa realmente se transformou numa batalha pelas mentes da humanidade. Do cartaz no ponto do ônibus à mensagem de spam que você recebe, as empresas disputam sua atenção e seu dinheiro o tempo todo. Estão em toda parte, e não desistem. Se baixar a guarda, você pode acabar pegando um terrível vírus mental (chamado meme).

    Vírus mental?

    Exatamente, tipo Preciso daquela caminhonete, pois macho que é macho dirige caminhonete.

    Ou que tal Preciso dessa bolsa porque Suzy está com uma bolsa nova incrível e todo mundo só olha para ela.

    Ou então Meus filhos têm de usar essa roupa de grife para os outros pais saberem que a gente é uma família de classe.

    E a lista não tem fim. Corremos o dia inteiro de um lado para outro para ganhar dinheiro, para em seguida gastá-lo muitas vezes em porcarias de que não precisamos realmente, em função dos roteiros e necessidades entranhados na mente. Não demora, e estamos sem dinheiro e preocupados em chegar ao fim do mês. Lembra do Robert? Ele ganha muito dinheiro, mas ainda assim está duro. É o sistema em que vivemos. O dinheiro é vinculado à sobrevivência. Quando o tem, você fica preocupado em perdê-lo. E por mais que tenha, nunca é o bastante.

    Um Monge Urbano não se preocupa

    com status; logo, é livre.

    Seu senso de identidade se alicerça em sólidas bases internas. Ele cultiva a respiração e se abebera na ligação com todo o Universo. Não importam os elogios. O que o fortalece é a vida, a natureza, pois sua exuberância e seu entusiasmo emanam de dentro.

    Selecionar as informações

    Não é por acaso que os mosteiros em geral estão encarapitados nas montanhas, longe da loucura do mundo. A expressão somos o que comemos também se aplica à informação que ingerimos. O noticiário diário nos convence de que o mundo é um lugar perigoso e de que precisamos ficar estressados. É uma excelente maneira de enlouquecer sua adrenalina e te levar para um consultório médico.

    Acompanhar o circo de fofocas na vida cotidiana é um gerador de drama que polui a mente e nos priva de clareza. O Monge Urbano trata de se tornar seletivo quanto à informação que digere, voltando-se para conteúdos que enriqueçam sua experiência. Existem por aí professores, pessoas, livros e cursos incríveis com os quais podemos aprender. Se levarmos a sério a máxima de que somos o que comemos, enxergamos por um novo filtro tudo que acolhemos na vida. Aprender, crescer, desenvolver-se e manter a calma – é esse o caminho a seguir.

    Quer dizer que não devemos nos interessar pelas atualidades? Não. Diariamente eu percorro uma vez as manchetes do meu noticiário online, certificando-me de estar informado das coisas importantes que preciso saber. De vez em quando, detenho-me em algo interessante, mas seleciono a informação que chega a mim, com a ajuda da tecnologia. Ferramentas não faltam; eu uso Google Alerts. Seleciono cinco a dez temas que me interessa acompanhar, permitindo que só esse conteúdo chegue a mim. Desse modo, mantenho-me a par de informações relevantes. O mais recente escândalo público de uma celebridade bêbada não tem a menor relevância na minha vida e é um desperdício de espaço cerebral.

    Recalibrar o balde do estresse

    Combates mortais já foram um estilo de vida. Os meninos tornavam-se homens enfrentando a morte – olhando-a bem nos olhos. As menininhas sabiam evitar predadores e serpentes venenosas. Leões podiam aparecer nas aldeias e havia bandidos por todo lado. A vida era muito mais perigosa, e a morte tinha uma cara diferente. Quando estava aprendendo a rastrear leões na África, eu já fizera dezenas de milhares de horas de treinamento de kung fu e estava acostumado a lutar e a pagar o preço de ficar em segundo lugar. Mas nem isso me preparou para a sensação de me ver diante de um leão selvagem em seu hábitat. Existe algo primevo na sensação de estar perto de um predador tão enorme e forte, um choque que nos joga de volta ao nosso corpo. Lembro-me de termos rastreado um leão macho por um vale e afinal nos aproximado tão perigosamente dele que estaríamos em maus lençóis se o vento tivesse mudado de direção e ele sentisse nosso cheiro. Quando me ocorreu que estávamos tão perto e que o leão poderia estar em qualquer lugar num raio de 15 metros, todos os pelos do meu corpo se arrepiaram e todas as células subitamente despertaram. A morte está por perto. Acorde.

    Tenho a lembrança de me sentir transformado nesse dia, pois nenhuma das pequenas coisas importava mais. Estávamos vivos, o que era sensacional. Acho que é por isso que tantas pessoas praticam esportes radicais e fazem coisas perigosas – para se lembrar de como é estar vibrantemente vivo. Existe um sentimento especial do qual todos nos distanciamos, e é esta a tragédia do mundo moderno: não nos sentimos vivos. Quando passamos algum tempo sem calibrar ou recalibrar o balde do estresse, qualquer contrariedade pode marcar o limiar do que vai estressar e sobrecarregar nosso sistema nesse dia.

    Estamos jogando com a bola baixa,

    o que é uma vergonha.

    Recalibrar o balde do estresse pode ser tão fácil quanto fazer todo dia algo que nos amedronte. Pode ser, por exemplo, finalmente convidar aquela colega para sair, viajar sozinho para o Peru, pular de um avião de paraquedas ou qualquer outra coisa que nos jogue para fora da monótona realidade que embota os sentidos. Nos velhos tempos, os monges tinham de se defender sozinhos dos animais selvagens, bandidos, soldados imperiais e quaisquer outras ameaças que aparecessem. Pensando bem, aos nossos antepassados não faltavam espírito pioneiro e perigos. Você e sua família estavam entregues à própria sorte, e sua sobrevivência estava nas próprias mãos. O médico mais próximo estava a dois dias de distância a cavalo, de modo que

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