S. R. Liporaci
Universidade de São Paulo, São Carlos
L. V. Zuquete
Universidade de São Paulo, São Carlos
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2. METODOLOGIA DO MAPEAMENTO executados na área. Sendo assim, foram
GEOTÉCNICO coletados e analisadas inúmeras sondagens e
ensaios geotécnicos, junto às empresas
Para realização do mapeamento geotécnico atuantes dentro dos limites da área mapeada.
adotou-se a seqüência metodológica com as Levando-se em consideração as
seguintes etapas de trabalho, mostradas na características geológico-geotécnicas, recursos
Figura 1: naturais da área, bem como as necessidades
dos usuários da região, determinou-se então
quais seriam as propriedades geotécnicas que
deveriam ser necessariamente caracterizadas.
Em função das características geotécnicas
peculiares da área em estudo definiu-se quais
seriam os atributos do meio físico, que teriam
maior peso, quando do desenvolvimento da
fotointerpretação, bem como dos trabalhos de
levantamentos de campo, então elaboraou-se
uma ficha de levantamento geológico de
campo contendo estes principais atributos.
Nesta ficha, relacionou-se uma série de
fatores do meio ambiente que foram
observados e analisados em detalhe tanto na
fotointerpretação como no campo. Pode-se
citar aspectos de localização; ocupação e uso
atuais; litológicos; mineralógicos; texturais e
estruturais; origem e grau de alteração; tipos de
Figura 1 – Procedimentos e Metodologia perfis de alteração; espessuras; compacidade
adotados para o desenvolvimento dos trabalhos e/ou consistência; presença ou não de blocos
de Mapeamento Geotécnico. de rochas; geomorfologia local e regional:
erosão; graus de alteração das rochas; direções
Reconhecimento e definição dos Atributos dos fraturamentos e estruturas; permeabilidade;
do meio ambiente a serem levantados: esta foi nível d’água; entre outros.
uma das etapas fundamentais para o Os temas de avaliação geotécnica geral
desenvolvimento dos trabalhos de mapeamento foram determinados a partir das demandas
geotécnico, visando o planejamento do uso e sócio-econômicas da área mapeada. Portanto
ocupação, onde com base nas informações os temas abordados foram viabilidade para uso
bibliográficas e na análise dos mapas e ocupação pela engenharia, tais como:
geológico-estruturais existentes, bem como dos loteamentos residenciais e industriais, estradas,
resultados de análises mineralógicas; ensaios barragens (rurais, para captação de água e
de mecânica dos solos, químicos e de raio-x, geração de energia elétrica); avaliação sobre
assim como nas informações sócio-econômicas riscos geológicos (erosões, enchentes e
da região. Além das observações gerais inundações, assoreamentos, movimentos de
realizadas em viagens curtas para contatos com massas etc.); avaliação dos recursos naturais
a Prefeitura de Poços de Caldas e outros órgãos (hídricos: superficiais e subterrâneos; materiais
e empresas; defeniu-se quais seriam os de construção civil; minerais economicamente
atributos de maior relevância, que deveriam ser explotáveis etc.)
observados e levantados em detalhe, tanto na Elaborou-se inicialmente uma carta de
fase de fotointerpretação como nos trabalhos declividades da área a ser mapeada, que foi
de campo. dividida em seis classes, já levando-se em
Com o objetivo de se realizar um consideração os atributos e temas a serem
mapeamento geotécnico econômico, achou-se abordados com relação à análise geotécnica,
conveniente obter e analisar todas as visando o uso e ocupação do meio ambiente.
sondagens e ensaios geotécnicos, até então já
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Ainda na fase de fotointerpretação carta de zoneamento geotécnico geral, visando
preliminar ficou claro que os mapas geológicos o planejamento do meio ambiente.
existentes (escala 1: 50.000) precisariam ser
refeitos na escala 1: 25.000, pois as unidades
litológicas e consequentemente os perfis de
alteração associados é que funcionariam como
fatores principais na compartimentação em
unidades geotécnicas básicas, devido às suas
características peculiares.
Iniciou-se a primeira fase de trabalhos de
campo percorrendo-se toda a área para
reconhecimento de todas as unidades
fotointerpretadas. Procurou-se reconhecer e
descrever minuciosamente cada litologia, em
seus locais típicos de ocorrência, bem como os
perfis de alteração associados.
Este procedimento anteriormente descrito
foi adotado, uma vez que ficou claro que para
cada litologia, tanto a rocha sã como seus
perfis típicos de alteração têm características
próprias, as quais determinam comportamentos
geotécnicos bem distintos, com relação ao uso Figura 2 – Seqüência Metodológica para
e ocupação pela engenharia, mineração etc. obtenção dos dados Ambientais para o
Durante os trabalhos de campo do Município de Poços de Caldas (MG).
mapeamento geotécnico, foi realizado em
paralelo o mapeamento geológico na escala 1: Outro fator importante que também foi
25.000, onde foi necessário rever e reformular levado em consideração é o de que esta região
os contatos litológicos ou até mesmo redefinir vem sendo explorada ha várias décadas pela
outras unidades litológicas. Portanto a mineração, portanto isto dificulta identificar
seqüência adotada para a obtenção dos dados qual é a verdadeira superfície natural do
do meio ambiente para a área de Poços de terreno. Portanto a percepção da magnitude
Caldas está esquematizada na Figura 2. dos impactos ambientais no campo exigiu a
Na área mapeada somente após a elaboração sua preparação.
do mapa do substrato rochoso na escala 1: Ainda durante a fase de levantamento
25.000, ou seja após a definição dos contatos geológico-geotécnico de campo, fez-se
litológicos é que foi possível elaborar o mapa também inúmeros contatos com os órgãos e
de materiais inconsolidados (solos), uma vez empresas mineradoras e de engenharia atuantes
que as camadas expressivas destes materiais de na área, com finalidades de coletar mais dados
alteração (residual e/ou saprolítico) estão “in e informações geológico-geotécnicas e sobre
situ” e sobrepostas às respectivas rochas de as características peculiares das jazidas,
origem, os materiais retrabalhados (colúvios) problemas encontrados na exploração e na
têm espessuras desprezíveis (0,10 a 0,20m). recuperação das áreas mineradas etc.
Tendo em vista as características geo- A segunda fase de fotointerpretação foi
econômicas da região, com ênfase nas bauxitas realizada logo após os trabalhos de campo,
e argilas refratárias, achou-se conveniente onde cerca de 460 pontos foram observados e
elaborar um mapa opcional, o qual contém os descritos minuciosamente e fotografados.
limites das diversas concessões de lavra, e Nesta fase, com base nas informações e dados
destacou-se neste mapa as áreas já exploradas, de campo, na análise do mapa de concessões
portanto liberadas para qualquer outro tipo de de lavra, bem como na análise das sondagens e
uso e ocupação, e as áreas a serem exploradas. ensaios de mecânica dos solos e outros,
Este documento foi muito útil na elaboração da elaborou-se os seguintes documentos básicos
fundamentais: mapa de concessões de lavra; de
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recursos hídricos, de dados existentes e físico para implantação e desenvolvimento da
produzidos, do substrato rochoso e de cidade, para exploração minerária, para
materiais inconsolidados. produção agrícola, para o desenvolvimento
Uma segunda fase de trabalhos de campo industrial. Sendo assim, tornaram-se
foi necessária para checagem dos contatos problemáticas as questões como uso e
litológicos redefinidos no mapa do substrato ocupação de encostas, erosão e assoreamentos,
rochoso, bem como para checagem dos gerenciamento, manejo, disposição final e
contatos entre as diversas unidades de tratamento dos resíduos sólidos e rejeitos, em
materiais inconsolidados, definidas para a área. função das grandes quantidades geradas
Nesta oportunidade fez-se também a diariamente.
conferência, junto às empresas mineradoras, do
mapa de concessões de lavra (elaborado na 3.1. Diagnóstico e Prevenção da Erosão /
escala 1:25.000), bem como a confirmação das Assoreamentos
áreas exploradas, recuperadas e aquelas a
serem exploradas. Na área mapeada os dois tipos litológicos
Uma terceira fase de fotointerpretação foi predominantes são os fonolitos e os nefelina
realizada após a confirmação em campo dos sienitos, que apesar de possuírem composição
contatos litológicos e dos contatos das mineralógica semelhante, diferenciam-se
unidades dos materiais inconsolidados. unicamente pelo modo de ocorrência; o
Passou-se em seguida à uma primeiro é de natureza vulcânica a
fotointerpretação com o objetivo de se elaborar subvulcânica e o segundo de natureza
um mapa de divisões básicas do meio físico. plutônica e/ou intrusiva, isto aliado à
Portanto com base na análise e subdivisão de predominância de um ou outro mineral
cada unidade litológica em unidades menores, componente e às descontinuidades estruturais
caracterizadas segundo fatores locais e/ou as regionais existentes faz com que
geomorfológicos, tais como: separação em estes dois tipos de rochas exibam perfis de
unidades que apresentam uma certa alteração muito distintos, os quais apresentam
homogeneidade quanto aos seus padrões e comportamentos geotécnicos bastante
formas de relevo, “landforms”, densidade e diferenciados, conforme Foto 1 e a Foto 2.
padrões de drenagem, formas de encostas,
presença ou não de erosão e outros.
Cartas geotécnicas interpretativas: foram
elaboradas por sobreposição controlada das
informações contidas nos mapas e carta citados
anteriormente. Assim, de acordo com as
condições geológico-geoténicas inerentes à
área, bem como baseado nas condições e
necessidades sócio-econômicas de uso e
ocupação da mesma, elaborou-se as seguintes
cartas interpretativas: carta de zoneamento
geotécnico geral, carta de riscos geológicos e
carta de potencial de escoamento superficial. Foto 1 - Mostrando o comportamento
geomecânico e geotécnico dos fonolitos.
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De acordo com os resultados do e às vezes dos fonolitos. Via de regra estes
mapeamento geotécnico executado ficou terrenos minerados são doados para
bastante evidente que os materiais de alteração implantação de loteamentos, na tentativa de
(residual e saprolítico) provenientes das rochas recuperar estas áreas degradadas pela
plutônicas, principalmente dos nefelina mineração, isto agrava sobremaneira a atuação
sienitos, são muito mais susceptíveis à erosão, dos processos geológicos de erosão laminar e
devido ao fato de apresentarem uma textura linear (ravinamentos, progredindo algumas
argilo-siltosa com enormes bolsões siltosos e vezes para voçorocamentos).
cauliníticos. Conforme LIPORACI (1994 e 1999), como
diagnóstico da erosão urbana, na zona de
expansão e rural do Município de Poços de
Caldas (MG), pode-se dizer que a mesma está
diretamente ligada às características do meio
físico, dos materiais inconsolidados, das
condições climáticas (Cwb), bem como às
formas de uso e ocupação desordenadas destes
terrenos, que estão inseridos no contexto
geológico-estrutural e geomorfológico do
Maciço Alcalino de Poços de Caldas (MG-SP).
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significantes zonas de transição entre geralmente com declividades superiores a 20%
ambientes construídos e encosta natural, e exposição dos materiais inconsolidados mais
resultando configurações irregulares, conforme susceptíveis à erosão e aos desmoronamentos,
mostra a Figura 3. bem como dos materiais com capacidade de
Os projetos de drenagens da encosta ou suporte muito baixa para a revegetação,
seguem as linhas de queda da encosta natural implicando em altos investimentos em
ou são encaixados em combinações especiais pesquisas, análises de solos, técnicas de
de cortes e bermas para ocultá-los da visão, recomposição e adubação dos mesmos.
seguimentos expostos em áreas de alta Têm importância econômica também as
visibilidade são tratados com rocha natural. argilas aluminosas refratárias, encontradas nas
planícies de inundação dos cursos d’água
existentes no interior do Planalto de Poços de
Caldas, normalmente a exploração destas
ocorrências é feita de maneira predatória. As
camadas mineralizadas com maior teor de
alumina estão em profundidades maiores,
portanto os mineradores precisam revolver as
camadas superficiais para encontrar o filão.
Durante os trabalhos de campo realizados
Figura 3 - Representação Topográfica da na região constatou-se que a maioria das áreas
configuração do “Landform Grading”, de exploração das argilas refratárias
mostrando o fluxo radial das águas. encontram-se já exauridas e abandonadas, sem
a devida recuperação da área minerada, isto
O paisagismo é executado por processos de acarreta problemas ao meio ambiente, tais
revegetação em padrões que ocorrem na como: erosão e facilidade de carreamento dos
natureza, ou seja, árvores e arbustos são materiais revolvidos, pelas águas das chuvas;
concentrados em áreas côncavas, ao passo que estagnação das águas, propiciando a poluição e
áreas convexas são plantadas com coberturas contaminação das mesmas; poluição visual,
de solo. que afeta a beleza paisagística, explorada pelo
turismo.
3.2 Minerações e Problemas Ambientais
3.3 Caracterização dos Riscos Geológicos
Na região de Poços de Caldas (MG) as
condições de origem do Maciço Alcalino, A região de Poços de Caldas tem uma
aliadas às condições geológico - estruturais, morfologia muito complexa, sendo que os
geomorfológicas e climáticas propiciaram a eventos geológico - estruturais e
ocorrência de vários tipos de mineralizações. consequentemente magmáticos que deram
Como exemplos de bens minerais origem às várias litologias que compõem o
economicamente explotáveis pode-se citar: as Maciço Alcalino se apresentam aflorando nas
bauxitas, as argilas refratárias, o urânio etc. mais variadas cotas, ou seja, a posição
Poços de Caldas destaca-se também sob o topográfica de uma mesma litologia e
ponto de vista econômico pela importância de consequentemente dos materiais
suas jazidas de bauxita. A bauxita que ocorre inconsolidados associados podem variar em
no Maciço Alcalino tem características termos de cota de até 440 m numa extensão
peculiares, ela se desenvolve tanto em áreas de horizontal de apenas 1,5 km.
relevo mais suave (bauxita de campo), bem Na região de Poços de Caldas os perfis de
como em áreas de relevo mais acidentado, nos alteração são muito heterogêneos, via de regra
topos e encostas de morros e das serras que compostos por solo e blocos de rocha sã que
constituem os diques anelares etc., são as estão “in situ” envoltos por solo residual
chamadas bauxitas de encostas. lateritizado ou não e/ou solo saprolítico.
A retirada da camada superficial Devido às altas declividades dos terrenos,
mineralizada implica em cortes em terrenos quase sempre é necessário fazer um corte na
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encosta para se implantar as edificações e para desmoronamentos). Veja Figura 5 e Tabela 1,
que se proceda a exploração da bauxita. Estes no final do trabalho.
cortes via de regra são verticais
potencializando-se assim as situações de riscos 3.4 Disposição dos Resíduos e Rejeitos e os
ao desmoronamento destes taludes compostos Impactos Ambientais Gerados
por materiais heterogêneos (solo / rocha).
As características geológicas (tipos Em Poços de Caldas não há uma coleta
litológicos, modos de ocorrência, seletiva dos resíduos sólidos por setores das
descontinuidades etc.); características atividades da comunidade, todos os resíduos
geomorfológicas (formas e dinâmica do coletados pelo serviço público são
relevo); processos geodinâmicos internos e transportados e depositados, sem critérios de
externos e as características geotécnicas dos seleção, diretamente sobre o substrato rochoso
terrenos (propriedades dos solos e rochas), que e/ou sobre uma pouco espessa camada de
compõem o meio físico considerado são os material inconsolidado residual e/ou
principais fatores, que sob um determinado saprolítico, sem a menor preocupação com a
clima, condicionam o uso e ocupação do solo impermeabilização da base. Portanto os
pelo meio antrópico. efluentes líquidos (chorume) têm livre acesso
A origem da cidade de Poços de Caldas está ao substrato rochoso e aos recursos hídricos.
ligada aos recursos hidrotermais, considerados O “Lixão” Municipal localiza-se na margem
minerais e terapêuticos, portanto o povoamento esquerda do Córrego Retiro dos Moinhos, onde
se implantou junto às principais fontes o nível d’água está a 1,0 m ou no máximo 3,0
hidrotermais, situadas no vale do Ribeirão dos m de profundidade. A maior parte dos resíduos
Poços. À partir daí se deu a expansão urbana sólidos produzidos pelo meio antrópico é
sem nenhum planejamento, que devido à coletado e depositado no “lixão” a céu aberto,
região ser muito acidentada, passou a ser feita outra parte é despejada nas planícies de
de forma desordenada, ou seja, os loteamentos inundação de córregos e ribeirões que drenam
e conjuntos habitacionais foram e continuam a zona urbana, em expansão e rural. Uma
sendo implantados nas planícies de inundação pequena parte dos resíduos produzidos fica
dos principais cursos d’água e nas encostas de espalhada pelas ruas, terrenos baldios, encostas
colinas, morros e serras, sobre terrenos de morros e cursos d’água.
geralmente com altas declividades (maiores Do ponto de vista geológico-geotécnico o
que 20% e/ou 30%) e via de regra, não “lixão” encontra-se instalado numa área de
apropriados do ponto de vista geológico - ocorrência dos nefelina sienitos em contato
geotécnico, principalmente quanto à com o fonolito, onde já foi retirada a camada
susceptibilidade à erosão e desmoronamentos e superficial de material inconsolidado
que normalmente vão se constituir em zonas de lateritizado, mais especificamente bauxitizado,
riscos geológicos, causando impactos ou seja mineralizado, portanto o substrato ou
ambientais. Veja Figuras 4 a, b e c, no final. fundações do “lixão” está constituído por rocha
Conforme LIPORACI (1994), devido ao sã e/ou uma pouco espessa camada de material
clima característico da região, além das altas inconsolidado saprolítico (argilo-siltoso), estas
declividades dos terrenos, aliado também ao condições facilitam o contato quase que direto
intenso fraturamento das rochas alcalinas e aos entre os efluentes líquidos (chorume) e os
seus perfis típicos de intemperismo, bem como recursos hídricos, podendo causar impactos
devido às formas de uso e ocupação ambientais nos mesmos, através da poluição e
inadequadas destes terrenos por parte do meio contaminação das águas da região.
antrópico, achou-se conveniente cartografar as Com referência aos rejeitos e efluentes da
áreas de riscos geológicos. mineração e consequentemente das indústrias
Para elaboração da carta de riscos de produção do alumínio, instaladas na região,
geológicos considerou-se as situações de riscos pode-se dizer que somente mais recentemente
de áreas baixas (enchentes e inundações) e é que preocupou-se com a proteção do meio
riscos de encostas (deslizamentos e/ou ambiente, construindo-se então, lagos de
disposição de resíduos com atenção especial
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visando a impermeabilização eficiente das Como a cidade de Poços de Caldas é
fundações, mesmo assim estes lagos estão conhecida nacional e internacionalmente
situados muito próximos às planícies de devido a alta qualidade dos seus recursos
inundação dos cursos d’água e em terrenos hídricos considerados minerais e pelas
inadequados do ponto de vista geológico- características termais e terapêuticas dos
geotécnico. mesmos; o turismo passou a ser a maior
A poluição e contaminação das águas atração e fonte de renda da região, portanto as
superficiais por efluentes líquidos provenientes demais atividades de desenvolvimento
dos rejeitos e resíduos sólidos poderá econômico devem se adequar a estas
facilmente comprometer a qualidade dos características dos recursos naturais
recursos hídricos da região, não só os disponíveis, objetivando com este
superficiais, mas também os subterrâneos, procedimento preservar o meio ambiente em
através da percolação dos efluentes pelo equilíbrio harmônico.
sistema de juntas do maciço, que por Conforme exposto os principais recursos
intercomunicação com as descontinuidades naturais da região são: os recursos hídricos, os
maiores e mais profundas podem atingir o recursos paisagísticos, os recursos minerais
aqüífero do Planalto de Poços de Caldas, o etc., sendo que os dois primeiros, ou seja os
qual é do tipo fissural, colocando em risco uma recursos hídricos e paisagísticos, estão sendo
das maiores fontes de renda para o município . ameaçados pelas atuais condições de
degradação, impostas pelo meio antrópico,
sendo assim sugere-se que as autoridades
4. CONCLUSÕES municipais tomem as devidas precauções
através de elaboração de leis que
A metodologia de mapeamento geotécnico regulamentem o uso e ocupação do meio
proposta foi muito eficiente para identificar e ambiente e que implementem um sistema de
cadastrar impactos ambientais causados por fiscalização e de educação ambiental eficientes
obras civis e mineração, tendo em vista a sua para o município, pois o comprometimento da
aplicação no município de Poços de Caldas qualidade destes dois recursos naturais poderá
(MG). acarretar prejuízos inestimáveis às atividades
Na carta interpretativa de zoneamento sócio-econômicas do município.
geotécnico geral elaborada a partir dos
documentos básicos do mapeamento
geotécnico desenvolvido para a região de 5. REFERÊNCIAS
Poços de Caldas, foram feitas análises e
interpretações sobre os terrenos, levando-se em Liporaci, S.R. (1994). Procedimentos e
consideração todas as susceptibilidades e Metodologias de Mapeamento Geotécnico:
adequabilidades dos mesmos para os mais Aplicação na cidade e parte do Município
variados tipos de implantação de obras de de Póços de Caldas (MG) – Escala 1:
engenharia e mineração. 25.000 – visando o Planejamento do Uso e
Concluiu-se também que de modo geral as Ocupação do Meio Físico. Dissertação
condições das unidades geotécnicas, definidas (mestrado), EESC/USP, 2v.
para a região, numa análise preliminar não são Liporaci, S. R. & Zuquette, L. V. (1995). Uma
muito adequadas para disposição de resíduos Contribuição à Geologia do Maciço
sólidos e/ou rejeitos. Mesmo nas áreas mais Alcalino de Poços de Caldas (MG): Mapa
favoráveis deve-se tomar medidas preventivas do Substrato Rochoso. Geociências 14 (1),
de impermeabilização e tratamento dos 179-197.
efluentes através da instalação de estações de Liporaci, S.R. (1999). Sistemática de Estudos
captação e tratamento dos mesmos e do Integrados sobre o Meio Ambiente, visando
chorume, para evitar a poluição e o Planejamento Ambiental - Utilizando-se
contaminação do meio ambiente (solos, rochas, Sistemas de Informações Geográficas e
recursos hídricos etc.). Sensoriamento Remoto - Estudo de Caso:
86
Município de Poços de Caldas (MG). Tese Schor, H. J. & Gray, D. H. (1995). Landform
(Doutorado), EESC/USP, 190 p.il. Grading and Slop Evolution. Journal of
Schor, H. J. (1993). Landform Grading: Geotechnical Engineering, (oct.), 729-734.
Comparative Definitions of grading designs.
Landscape Arch. & Specifer News, (nov.),
22-25.
Figuras 4 (a e b) - Mapa do Substrato Rochoso de Poços de Caldas (MG), com Indicação das Áreas
de Erosão Induzida pelo Uso e Ocupação Inadequados.
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Figura 4 (c) - Legenda das Figuras 4 (a e b). Mapa do Substrato Rochoso de Poços de Caldas.
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Tabela 1 - Referente à Figura 5. Classificação das Áreas de Riscos Geológicos e Descrição dos
Riscos.
TIPOS DE CLASSI- DESCRIÇÃO DOS RISCOS GEOLÓGICOS
ÁREAS FICAÇÃO
SR Áreas sem possibilidades de riscos ou de serem atingidas
por enchentes/inundações. Áreas Sem Riscos.
ÁREAS BAIXAS Áreas com pequenas possibilidades de serem atingidas por
(Planícies de 1P enchentes /inundações, que causem perdas ou danos
Inundação) sócio-econômicos. Áreas com Baixo Potencial de
Riscos.
2P Áreas frequentemente, no período das chuvas, atingidas
por enchentes e inundações, com possibilidades de causar
perdas e danos sociais e econômicos. Áreas com Alto
Potencial de Riscos.
SR Áreas sem possibilidades de riscos ou de serem atingidas
por movimentos de massa. Áreas Sem Riscos.
ÁREAS ALTAS Áreas com pequenas possibilidades de serem atingidas por
(Encostas) 1E movimentos de massa, que causem perdas ou danos
sociais e econômicos. Áreas com Baixo Potencial de
Riscos.
Áreas com elevadas possibilidades, principalmente no
2E período de chuvas, de serem atingidas por movimentos de
massa, causando perdas ou danos sociais e econômicos.
Áreas com Alto Potencial de Riscos.
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