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Ernest Hemingway
Capítulo Um
Gabriel
Cabul, Afeganistão
1
Soldado.
Capítulo Dois
Madison
Oito meses depois
Chicago
2
Demonstração Pública de Afeto.
Um cara está encostado no prédio um pouco afastado de mim,
metade na escuridão, metade na luz. Normalmente isso não iria me
parar especialmente desde que estou em um beco sozinha. Mas algo
sobre sua postura me intriga algo que não posso colocar meus dedos
o bastante.
O espio mais de perto.
Suas longas pernas estão cruzadas graciosamente na frente
dele enquanto ele se inclina contra o edifício. E minha nossa, ele é
grande. Ele deve ser alguns centímetros a mais que 1,80 metros de
altura com um peito e ombros largos que estreitam em uma cintura
fina.
Está frio do lado de fora, mas ele não está vestindo uma
jaqueta, apenas uma camiseta preta confortável e um jeans
perfeitamente ajustado. Não há um traço de gordura nele. Ele é
magro e musculoso, com cabelo curto e escuro. De perfil, suas
características são esculpidas e do que posso dizer, ele tem apenas
uma simples sugestão de barba ao longo de sua mandíbula forte. Do
jeito que me excita. Parece tão rude.
E esse cara... Ele definitivamente parece rude. Tudo sobre ele
grita força e poder. Esse jeito me excita também. Decido que é isso
que me intriga. Ele é como poder personificado. Ele se mantém com
um propósito.
Enquanto olho, ele acende um cigarro e dá uma tragada,
soltando a fumaça lentamente para a noite. Seus lábios são cheios e
masculinos e ele tem uma fenda em seu queixo. Ele é inegavelmente
sexy. Normalmente eu ficaria longe de alguém como ele, alguém
pecaminosamente sexy, mas tão... Forte. Um cara como esse é
problema. Isso é certo.
Mas não vim para o clube hoje à noite para fugir.
Vim aqui para pegar alguém. Para esquecer minhas
responsabilidades e ser imprudente por uma noite. Para agir de
acordo com a minha idade. Para ser alguém que não sou.
Olho o cara novamente.
Normalmente eu iria correr para longe dele.
Mas talvez... Apenas hoje... Não vou.
Não tenho que ser eu esta noite. Posso ser quem eu quero ser,
porque ele nunca vai me ver de novo.
Só por essa noite.
Hesito, tentando decidir o que fazer.
Então, quase como se meus pés tivessem vontade própria, dou
um passo na direção dele. E depois outro.
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Gabriel
Madison
Gabriel
4
Posttraumatic stress disorder = Transtorno de Estresse Pós-Traumático.
Capítulo Quatro
Madison
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5
Tipo de estampa.
6
Designer de sapato.
Quando minha irmã vem ao meu socorro vinte minutos mais
tarde, ela se apressa para chegar até mim, escolhendo o seu caminho
descendo a colina molhada. Sua descida não é graciosa.
"Estou bem, Mila. Volte para cima!" inclino-me pela minha
janela e falo. "Você vai cair e quebrar alguma coisa, grávida!"
Ela fecha a cara para mim enquanto caminha em direção ao
carro, parando onde as piscinas de lama começam.
"Oh, Deus. Você também não. Pax mal me deixa levantar um
dedo para fazer qualquer coisa. Você é uma mulher. Você deve saber
melhor. Estou grávida e não inválida."
Balanço minha cabeça enquanto tiro os sapatos e pego minha
bolsa. Tão cuidadosamente quanto posso, desço do carro, afundando
imediatamente os tornozelos na lama. Bato a porta do carro com
força.
"Seu marido só quer cuidar de você", lembro-a irritada,
enquanto me esforço arduamente pela lama em sua direção.
Aos sete meses de gravidez, Mila tem esse brilho mítico sobre
ela que algumas mulheres grávidas realmente têm. Na verdade, a
gravidez realmente combina com ela. Ela sempre foi linda, mas
agora ela literalmente brilha. Seu cabelo longo e escuro é exuberante
e brilhante, suas bochechas cor de rosa estão coradas e sua pele está
impecável.
"Não posso acreditar que você parece tão bem", resmungo
enquanto olho a sua pequena barriga com o bebê. "É revoltante.
Você mal ganhou algum peso."
Ela estende a mão para me ajudar sobre uma rocha e ri.
"O quê? Você quer que eu pareça horrível?"
"Talvez", respondo com uma falsa carranca enquanto nós
cuidadosamente fazemos nosso caminho para o topo da colina para
onde o carro de Mila está. "Não é justo que você é mais bonita que
eu, mesmo quando está grávida. Irmãs mais velhas sempre deveriam
ser mais quentes. É uma lei da natureza. Não faço as regras Mila,
mas devemos segui-las definitivamente. Tente ganhar alguns
quilos."
Ela ri novamente e revira os olhos enquanto nós afivelamos o
cinto de segurança dentro do carro.
"Você está louca, Mad. Você é a modelo em nossa família. As
únicas coisas que tenho que você não tem são peitos maiores. E você
não pode ter isso."
"Seja como for," murmuro enquanto viro o visor para baixo e
olho para mim. "Não sou uma modelo mais."
Tenho respingos de lama na minha testa. E lama endurecida
quase até os joelhos. Ela escorre para o chão e eu suspiro.
"Sinto muito. Você vai ter que tirar bem essa coisa agora", digo
a ela me desculpando. "Vou pagar por isso."
"Está tudo bem", ela me garante, séria agora. "Estou feliz por
você estar bem. Como diabos isso ainda aconteceu, Maddy? Você
sabe o quão perigoso este caminho é."
Claro que eu sei.
Sinto-me culpada pela tensão preocupada em sua voz. Sinto-
me culpada que ela tivesse que vir para cá, para esta curva em
particular entre todos os lugares.
"Estou bem", respondo. "Sinto muito, Mi. Não queria
preocupá-la."
Ela olha para mim. "Eu sei. Basta ser mais cuidadosa. Eu quase
tive um ataque cardíaco."
Ela e eu.
Inclino a cabeça para trás contra o meu assento, ainda trêmula
por deslizar para baixo do morro. Os efeitos colaterais da adrenalina
não estão sendo bons para mim. Meu coração ainda está disparado,
minhas mãos e pernas ainda tremendo. Fico olhando para o chão da
minha janela e o veículo está tão alto. É uma longa descida.
"Ainda não consigo acreditar que Pax fez você pegar essa
coisa." Dou risada, tentando aliviar o clima. "É tão... Não você." Mila
revira os olhos.
"Eu sei. No momento em que descobri que estava grávida, ele
saiu e comprou o veículo mais seguro que pôde encontrar. Essa coisa
é praticamente à prova de balas. Pode realmente ser um tanque
disfarçado."
"Você lida com tudo muito melhor do que eu", digo a ela. "Eu
odiaria ser controlada assim."
Mila ri novamente, sacudindo a cabeça.
"Não estou sendo controlada. Quando você está casada, às
vezes tem que se comprometer. E isso não é grande coisa. Sim, meu
pequeno carro gastava menos combustível, mas Pax fica feliz
pensando que estou mais segura. E, além disso, posso encaixar mais
de meus materiais de arte aqui de qualquer maneira. Portanto, há
um lado positivo."
"Você sabe que não tem que carregar material de arte por aí
mais", digo a ela, com uma sobrancelha levantada. "Você não tem
que manter sua loja de arte. Desde que Pax estará assumindo a
companhia de seu avô em breve, você nunca terá que trabalhar
novamente, se você não quiser."
Mila revira os olhos quando ela se vira em uma rua da cidade.
O SUV grande mal estremece quando ela corre sobre um pedaço de
sobra de gelo de inverno.
"E você sabe que tenho que criar arte. Se eu não tiver uma
vazão para isso, vou enlouquecer."
"Você já é louca", respondo. "Por aceitar se mudar para
Connecticut."
Ela olha para mim. "Eu sei. Não quero ir também. Mas é lá que
a sede da Alexander Holdings está. Pax não pode assumir por seu
avô estando aqui. E seu avô realmente quer se aposentar. Então é
algo que Pax tem que fazer. Tenho que apoiar isso."
Suspiro. "Outro dos compromissos do casamento?"
Ela acena.
Suspiro novamente. "Decidi que seu casamento não está
realmente me favorecendo. Você vai ter que se divorciar."
Mila começa a rir. "Não é possível. Temos um acordo pré-
nupcial. Não posso ficar rica desse jeito."
Isto me faz rir. Mila é a coisa mais distante de uma golpista
que já vi. E eu, pessoalmente, sei que não há nenhum acordo pré-
nupcial.
Sinto o início de uma dor de cabeça de tensão, decorrente do
meu acidente de carro idiota e minha falta de sono. Esfrego na
minha testa antes das rugas de tensão estúpidas tornarem-se
permanentes. Franzo o rosto, porque tudo está começando a se
sentir estúpido esta manhã.
Mila percebe.
"Por que você está em um humor tão ruim assim?" Ela
pergunta curiosa. "Você não estava ferida. Tenho certeza que você
chamou um reboque. Você vai ter seu carro de volta daqui a pouco.
Sem dano, sem perdas."
Ajusto o rádio e, em seguida, resolvo voltar para o meu lugar,
observando a paisagem enquanto Mila vira para a propriedade à
beira do lago que abriga o restaurante.
"Não sei", admito. "Acho que acabei de acordar do lado errado
da cama. Não dormi bem na noite passada." Não me incomodo
dizendo-lhe por que, já que ela iria ficar loucamente interessada
imediatamente. Ela está querendo que eu saia há meses e eu não
quero dizer a ela a porcaria que foi.
"Bem, anime-se" Mila me disse quando parou no
estacionamento do Hill. "Está um dia lindo. A vida é boa."
"É", respondo irritada. "A vida é boa."
"E você tem sorte", ela afirma para mim. "Você poderia estar
ferida e você não está. Você sabe tão bem quanto eu que esse
caminho é perigoso." Ela é séria agora e sei por quê. Posso
praticamente ver as memórias em seus olhos... Do carro retorcido de
nossos pais, o funeral deles, a dor horrível e esmagadora.
Engulo, então assinto.
"Sim, tive sorte. Você vai entrar?"
Ela balança a cabeça . "Não posso. Tenho uma consulta médica
e, em seguida, tenho que voltar para a minha loja. Falo com você
mais tarde. Acho que nós estamos vindo para o jantar."
"OK. Vou guardar uma mesa para você."
"Perfeito. Valeu! Falo com você a noite."
Mila acena enquanto dirige o gigante SUV preto para longe.
Acena de volta molemente. Deus, vou sentir falta dela quando ela se
mudar. É só eu e ela agora. Não temos quaisquer outros parentes.
Bem, nós temos Pax. Então somos só nós três.
Suspiro, mas tiro isso da minha mente. Eles não vão se mudar
até o verão. Vou me preocupar com isso quando chegar a hora.
Por agora, dirijo-me para o pequeno bistrô italiano de estuque7
no litoral, onde passei todas as horas dos últimos dois anos. O Hill
era o sonho dos meus pais, não meu. Eles trabalharam dia e noite
durante anos para torná-lo um sucesso e quando eles morreram,
Mila e eu não podíamos suportar a ideia de fechá-lo.
Mas juro por Deus, em alguns dias, fico tão chateada por
desistir da minha vida para isso... Estou confinada a uma pequena
cidade à beira do lago, vivendo o sonho de alguém. Há dias em que
isso suga o sangue de dentro de mim e me sinto muito mais velha do
que sou.
E alguns dias me sinto muito mais jovem... Porque nem
sempre tenho as respostas para todos os problemas que enfrento.
Não tenho a mínima ideia de como gerir um negócio. Meu
diploma em administração é um pedaço de papel. Ele não me
preparou para um empréstimo, gerenciar uma equipe, ou
encomendar grandes quantidades de alimentos. Mas nunca posso
dizer isso em voz alta, porque como proprietária de uma empresa e
uma irmã mais velha, é sempre esperado que eu tenha respostas.
As mais acertadas.
Ninguém precisa saber que eu realmente não sei de merda
nenhuma - que derivo ao longo da vida sem respostas reais.
Ninguém precisa saber que há momentos em que seriamente odeio
como as coisas aconteceram e que sou impotente para mudá-las.
Suspiro e entro.
O Hill pode parecer uma prisão às vezes, mas é uma prisão que
paga as contas.
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7
Estuque é uma argamassa resultante da adição de gesso, água e cal, usada como um aditivo
retardador de uma secagem demasiadamente rápida.
Uma das piores coisas sobre a gestão de uma empresa é toda a
papelada maldita e burocrática. Às vezes eu realmente tenho
pesadelos de que estou me afogando em um mar de papel.
Hoje me perco atrás de uma parede deles, mal levantando
minha cabeça até que Tony, o barman que foi como a nossa família
desde que meus pais deixaram o posto, põe a cabeça rebelde em meu
escritório.
"Madison, você cuidou de tudo com seu carro?"
Mal olho para cima dos canhotos de ontem, que estou
conferindo. "Sim. Eles estão rebocando-o e trazendo-me um de
reposição para o próximo par de dias."
Tony concorda. "Bom. Eles vão arranjar isso. Por enquanto,
porém, você tem que vir comer. Tô falando sério. A correria do
jantar vai começar em breve. Você vai se reduzir a nada e seu pai vai
me assombrar até o fim dos tempos, se eu não cuidar de você."
Balanço minha cabeça enquanto desvio o olhar da agenda para
a próxima semana para o rosto preocupado de Tony. Aos quarenta,
ele realmente não parece ter mais de trinta anos. Mas eu nunca vou
lhe dizer isso. Como um ardente italiano, ele tem um ego que já é
grande o suficiente.
"Meu pai não seria aquele a te assombrar sobre meus hábitos
alimentares", digo a ele. "Seria minha mãe. E acho que você não quer
mexer com ela."
Ele ri e concorda.
"Com certeza. Sua mãe era uma força com a qual você podia
contar. O único que realmente poderia controlara era o seu pai."
Faço uma pausa por um momento, meus dedos congelados na
minha mesa. Os olhos de Tony estão brilhando com diversão e sei
que é porque ele não tem ideia exatamente de como meu pai
controlava minha mãe. Ninguém sabia.
Ninguém, exceto eu e Mila. Engulo em seco e sorrio para Tony,
tirando os pensamentos horríveis da minha cabeça. Meus pais estão
mortos. Não há nenhuma razão para pensar sobre o passado.
"Estarei lá em um minuto", digo a ele. "Prometo."
Ele levanta a sobrancelha preta espessa. "É melhor você estar.
Jacey está cronometrando e fiz a torta de cereja favorita dela para
seu aniversário. Até onde ela sabe a ideia sua. Você pelo menos tem
que vir comer um pedaço com ela."
"Merda" murmuro. Olho para cima e encontro o olhar
acusador de Tony. "Em minha defesa, eu ia trazer para ela um bolo
no caminho para o trabalho, mas depois eu quase joguei meu carro
dentro do lago. Então, acho que tenho uma razão. Não julgue."
Viro meu nariz e ele quase sorri, mas não faz porque ele tem
uma imagem de mal-humorado para manter.
Ele se vira e vai embora, murmurando alguma coisa sobre as
mulheres motoristas e me castigar uma vez na minha vida se não
faço o que mandam. Não posso fazer nada, além de segui-lo, rindo.
Ele nunca tocaria num fio de cabelo na minha cabeça e ai de quem
fizesse, porque ele iria quebrar seus joelhos (principalmente porque
ele acha que isso é o que um italiano deve fazer).
Ele me leva para o pátio exterior, que está situado na praia
diretamente atrás do Hill. Luzes penduradas por fios e lanternas
cruzam sobre nossas cabeças. Logo as madressilvas8 nas treliças vão
começar a florescer. À noite é magicamente romântica aqui,
especialmente com a majestosa vista para o Lago Michigan e o
cheiro doce da madressilva. Os turistas adoram e eu também.
Agora uma bandeja de tortas famosas de Tony e um cartão de
aniversário com o nome de Jacey estão dispostos em uma mesa,
junto com três saladas.
Viro para ele em agradecimento. "Obrigada, Tony. Você sabe
que eu te amo."
Ele sorri e envolve um braço carnudo em volta do meu ombro,
apertando-o.
"Sei que você está ocupada", ele me diz rispidamente. "Não é
grande coisa."
Mas é. Ele foi contratado há anos como barman, mas desde
que meus pais morreram, ele me ajudou de muitas maneiras
diferentes. Ele ainda é barman, mas me ajuda a manter tudo na
linha. Ele ainda supervisiona os cozinheiros e faz sobremesas
especiais de vez em quando. Estaria perdida sem ele e nós dois
sabemos disso.
8
Gênero de trepadeiras de flores.
A brisa da noite sopra o cabelo do meu rosto quando Jacey
vem voando através das portas, os olhos castanhos brilhando em
antecipação.
"É um dia perfeito para se ter um aniversário", ela anuncia, e
como sempre, tenho que admirá-la.
Jacey encara a vida com admiração infantil, algo que sempre
amei nela. Ela pode fazer até mesmo a coisa mais chata divertida.
Nós somos amigas desde que éramos adolescentes. Ela
costumava passar os verões aqui com os avós. Um dia ela foi ao Hill
com eles para o almoço e foi embora com um emprego de verão. Ela
está com a gente em todos os verãos desde então. Ela é divertida,
despreocupada, mesmo sendo chegada a ter problemas de vez em
quando. Ela é uma refrescante mudança na rotina.
E estimo ainda mais agora que sou a rainha da rotina.
"Feliz aniversário", digo a ela enquanto Tony entrega o cartão.
Ela sorri e abre, encontrando um certificado de presente de cem
dólares meu e de Tony para uma massagem na cidade. Gesticulo
obrigada a Tony quando Jacey joga seus braços ao redor do meu
pescoço.
"Obrigada", ela grita. "Você não tem ideia de como estive
estressada. Preciso disso."
Ela me solta e abraça Tony, então mergulha em suas tortas,
inalando três delas antes de olhar para o relógio.
"Temos que nos apressar", ela diz. "Estamos lotados esta noite.
Você provavelmente vai ter que ajudar no salão Maddy. Vai ser
tranquilo porque você definitivamente parece confortável o
suficiente. Você está levando o executivo casual para um nível
totalmente novo." Jacey olha para minhas roupas curiosamente e eu
suspiro.
"Quando não ajudo no salão?" Pergunto. "Estou lá todos os
dias. Tenho as bolhas para provar isso. E estou vestida assim porque
fiquei todo enlameada no caminho para o trabalho e tive que mudar
para minhas roupas de ginástica."
Jacey sorri seus olhos brilhando. "Bem, com short de ciclista e
uma blusa pequena como essa, tenho certeza que os caras vão te
deixar grandes gorjetas. Portanto, há um plus9."
Gemo e golpeio-a antes de virar a segui-la para dentro, mas
Tony segura meu cotovelo e aponta para minha salada.
"Coma."
Olho para ele, e pelo olhar em seu rosto sei que é inútil
discutir. Me curvo e enfio cinco mordidas em minha boca.
"Tá bom?" Peço com a boca cheia que limpo com um
guardanapo.
Ele me dá um olhar duvidoso e tomo mais duas mordidas
antes de recolher meu prato.
"Vou comer o resto mais tarde" prometo a ele. Ele balança a
cabeça.
"Não, você não vai", ele suspira. "Você vai voltar para casa e
comer um burrito congelado."
Ele não pode me ver sorrindo enquanto me segue para dentro,
o que provavelmente é uma coisa boa. Eu absolutamente odeio que
me digam o que fazer o que é provavelmente um resultado de assistir
meu pai mandar na minha mãe por aí com seu punho firme durante
anos, mas não me importo com a intromissão de Tony.
Com toda a intromissão de Tony, ele tem um coração de ouro,
e ele tenta seu melhor para cuidar de Mila e eu. Ele é a coisa mais
próxima de família que temos agora.
Quando voltamos para a sala de jantar, estamos exatamente a
tempo de encontrar Mila e Pax entrando nas portas dianteiras. Pax
segura o cotovelo de Mila quando ela tropeça no capacho.
Tenho que rir da expressão aflita no rosto dele. Acho que Pax
iria pegar Mila e carregá-la pelos próximos quatro meses, se ele
achasse que poderia se safar disso. Ele tem sido mais do que um
pouco superprotetor recentemente. E quando olho para seu exterior
durão, é tão difícil de acreditar que isso é verdade, mas é.
Meu cunhado é como um roqueiro, deus do sexo tatuado ou
algo assim. Sério, o cara exala sex appeal10. Meu primeiro
9
Gíria que significa mais um pouco
10
Poder de sedução ou encanto sensual que alguém apresenta ou transmite.
pensamento quando eu o conheci foi: Puta merda, ele é problema. E
ele realmente era.
Pax sorri para mim agora, seus olhos castanhos brilhando.
"Vê algo que gosta Mad?", ele brinca. E percebo que estava o
encarando. Sorrio de volta, nem um pouco envergonhada.
"Sim, surpreendentemente. Gosto de você, irmãozinho. Quem
teria imaginado?" Sendo a irmã mais velha superprotetora, disse à
Mila para ficar longe de Pax. Claro que isso a fez ficar ainda mais
atraída por ele. Ele tinha aquela coisa de bad boy acontecendo, a
atitude arrogante e comportamento perigoso que Mila não pôde
resistir. Pax tinha problemas. Ele e Mila passaram pelo inferno e
águas profundas juntos, mas superaram.
Pax balança a cabeça. "Sim, é difícil acreditar que você já
menosprezou esta maravilha."
Reviro os olhos e os levo a uma mesa, conversando com eles,
enquanto eles se acomodam. Pax puxa a cadeira de Mila e coloca o
guardanapo no colo para ela.
"Você vai mastigar a comida para ela também, ou...?" Levanto
minha sobrancelha, mas Pax apenas sorri.
"Esposa feliz, vida feliz" ele recita enquanto se senta. "É algo
que sigo na vida."
"E você é muito bom no que faz", Mila o elogia, mas seus olhos
estão congelados e interessados em alguma coisa atrás de mim.
"Maddy, esse não é Ethan Eldridge?"
Viro-me e vejo a minha anfitriã, Julie, acomodando o nosso
velho amigo de infância em uma pequena mesa perto da janela.
"Puta merda", respondo. "Acho que é. Não o vejo desde que foi
para a faculdade de medicina. Ele nunca voltou para casa para o
verão. Sua mãe costumava vir aqui e reclamar sobre isso."
"Ele parece bem", diz Mila, dizendo o óbvio. Fico olhando para
ele, absorvendo seu cabelo loiro e olhos azuis, sua forma magra e
esbelta. "Você deveria ir falar com ele. Esse é o seu trabalho, de
qualquer maneira. Você precisa fazer ele se sentir bem-vindo."
Olho feio para ela. "Não estou indo lá e flertando com ele. Isso
não vai acontecer."
"Não disse flertar", Mila responde inocentemente. "Disse falar.
Ele sempre teve uma coisa por você, no entanto. E você precisa de
uma vida social."
Estou apenas considerando se a esfaqueio no olho com um
garfo quando Ethan olha para cima e me observa. Ele acena para
mim animado.
"Inferno" murmuro, enquanto Mila fica triunfante. "Estarei de
volta para lidar com você em um minuto."
Posso ouvi-la rir enquanto faço o meu caminho para Ethan.
"Madison". Ele sorri, lembrando-me exatamente como o seu
sorriso é lindo. "Estava esperando que você estivesse aqui."
"Estou sempre aqui", digo-lhe com ironia. "Acho que
praticamente moro aqui. Você está de volta de vez? Ouvi dizer que
você estava voltando para o departamento de obstetrícia e
ginecologia na clínica."
Ele sorri de novo e rapidamente me pergunto por que não
sinto uma reação. Será que é porque eu o conheço há tanto tempo?
"Sim, é lá que estou. Se você quiser mudar do Dr. Hall para
mim, eu tenho certeza que posso fazer seus exames anuais muito
mais agradáveis para você." Ele balança as sobrancelhas da forma
ridícula que me lembro, e por um minuto, ele parece exatamente
com o garoto que conheci na escola.
Reviro os olhos.
"Oh, sim, isso é exatamente o que quero. O cara que vomitou o
leite com chocolate em mim no jardim de infância fazendo o meu
papanicolau. Além disso, você não é nem um médico de verdade
ainda, não é? E vou no Dr. Hall por anos. Então... Isso não vai
acontecer. Suas mãos não estão chegando nem perto disso."
Gesticulo em direção a minha região lá embaixo e ele balança a
cabeça. "É bom vê-lo, no entanto. Sempre é."
"Eu sou um médico de verdade. Sou um médico residente. Que
conta, sua pirralha. Posso até prescrever medicamentos e essas
merdas. Mas tanto faz. É bom ver você também. Você parece
fantástica, exatamente igual como no dia em que terminei o ensino
médio."
Sorrio em seu elogio. "Obrigada, Ethan. Estou me sentindo
velha, ultimamente, de modo que é bom ouvir isso. Você parece
muito bem também."
Ele joga seu sorriso mais encantador para mim. "Precisamos
sentar e conversar em breve, Mad. Sinto sua falta."
Olho para ele, tentando vê-lo do jeito que qualquer outra
mulher faria.
Ele é alto, pelo menos um metro e noventa, loiro e de olhos
azuis. Ele se parece com um descendente de Vikings ou algo assim.
Bem, sem os músculos de um Viking. Faríamos bebês lindos juntos,
se eu fosse honesta. Mas o conheço desde a pré-escola, o que
significa que sei de todas as coisas idiotas que ele fez entre lá e agora.
Ainda me lembro vividamente dele comer um gafanhoto em um
desafio na quarta série. Sua língua não vai ficar em qualquer lugar
perto da minha, médico ou não.
Ele pisca e eu balanço minha cabeça. Estou me preparando
para lhe dizer como é terrível o fato das pessoas estarem colocando
sua saúde em suas mãos quando a porta do restaurante se abre,
deixando uma fatia de luz solar entrar e brilhar no chão. Sigo a luz
para o homem que acabou de entrar. Ele está deslizando o celular no
bolso de sua jaqueta.
Ele olha para cima, seus olhos encontram os meus e não há
nenhuma maneira no inferno.
De jeito nenhum mesmo.
Meu coração está batendo um milhão de milhas por hora no
meu peito.
Porque é Gabriel.
Capítulo Cinco
Gabriel
****************************************************************
Madison
11
BFF – Best Friend Forever = melhor amiga para sempre.
sempre faço quando estou encurralada. Escondo-me atrás de uma
parede.
Reviro os olhos. "Tanto faz. Aquela Madison não está voltando.
Isso se chama crescer. Você deveria experimentar. E você não
deveria estar atendendo suas mesas? Julie está provavelmente
enlouquecendo sem você."
Jacey olha por baixo do seu nariz para mim. "Tudo bem. Você
pode se livrar de mim agora, mas confie em mim, vou voltar a esta
conversa. Você vai me contar todos os detalhes sobre o 'quase' ficar
com meu irmão por uma noite e nós vamos discutir como você deve
sair com ele."
Com isso, Jacey sai abruptamente do meu escritório. Tento
voltar meu foco para minha papelada sem fim, mas não posso deixar
de voltar a suas palavras.
Um soldado do Exército aposentado. Isso faz perfeito sentido.
Disciplinado. Rígido. Perigoso. Tudo isso se encaixa na
descrição de um soldado, pelo menos na minha experiência limitada.
E mesmo que eu não tenha visto evidências disso em suas ações,
posso ver tudo isso em seus olhos.
Ele não parece muito velho, no entanto. Ele não pode ser
muito mais velho que eu. Então, deve ter sido algo muito ruim que o
fez se aposentar tão jovem.
Decido que Gabriel Vincent é um enigma.
Um enigma descaradamente arrogante.
Um ardentemente sexy, perigoso-como-o-inferno enigma.
Um enigma com um tanquinho e olhos ardentes.
Contra o meu melhor julgamento, rastejo de volta pelo
corredor e espreito na curva para o salão, para ele. Jacey tem os
braços em volta dos ombros dele, rindo de algo que ele disse.
Enquanto ele ri com ela, ele está descontraído e quente, tanto quanto
ele estava comigo ontem à noite antes do incidente com o táxi.
Do outro lado da mesa dele, seu amigo ri dos dois. Brand, acho
que Jacey o chamou assim. Ele é constituído como uma parede de
tijolos e para lá de sexy como o inferno. Loiro, olhos azuis, sorriso
torto. Ele parece um Thor da vida real. Puta merda, assim que
soldados aparentam? Se for assim, eles são definitivamente os
melhores do nosso país.
Mas quando olho para Brand, mesmo tão lindo como ele é, o
sangue em minhas veias não pega fogo como quando olho para
Gabriel.
Gabriel me fascina como o inferno. Quando ele está em um
ambiente, ele é o dono dele, completo e totalmente. A memória dele
enfiando o dedo na boca do outro lado da sala faz com que meus
olhos fechem.
As coisas que Jacey me falou sobre ele saindo do Exército mais
cedo só fez a minha curiosidade piorar. Quero saber mais sobre ele,
mas ao mesmo tempo sei que deveria correr para longe dele.
Porque há uma coisa que sei sobre mim mesma. Por mais que
tente ao máximo ficar longe de caras fortes e poderosos, caras que
comandam um ambiente, caras que poderiam me machucar... Estou
total e completamente atraída por esses caras. Sinto-me atraída
pelas coisas que poderiam me machucar mais.
É muito óbvio que Gabriel é todas essas coisas.
E muito mais.
Capítulo Seis
Gabriel
12
Transtorno de estresse pós-traumático.
13
Veículo Automóvel Multifunção de Alta Mobilidade. É um veículo utilitário militar desenvolvido pela
AM General que oferece um grande tempo de vida, muito utilizado nos Estados Unidos e outros países e
organizações.
"Você é um filho da puta louco", digo a ele. "Você sabe disso,
né?"
"Uh-uh", ele responde, balançando a cabeça. "Passei no teste
psicológico de cores de voo, quando fomos exonerados. Estou
comprovadamente saudável. História verídica."
Reviro os olhos. "Não. Você só sabe como agir dessa forma.
História verídica."
Brand ri e joga uma nota de vinte sobre a mesa como gorjeta
para Jacey.
"Isso não é um pouco demais?" Levanto uma sobrancelha. Ele
encolhe os ombros.
"É seu aniversário. E ela está sempre quebrada. Essa menina
realmente não pode gerir o seu dinheiro. Ela precisa colocar o seu
rabo de volta pra escola, para que ela possa conseguir um emprego
onde ganhe mais."
Balanço minha cabeça para o simples pensamento dos planos
de carreira inconstantes da minha irmã.
"Se ela ganhasse mais dinheiro, provavelmente gastaria tudo
também. Ela mudou de ideia milhares de vezes. Mas seria melhor se
ela decidir isso logo. Ela não pode servir mesas para sempre."
Independentemente das minhas palavras duras, atiro uma
gorjeta também. Ela realmente precisa do dinheiro.
Brand hesita antes de se afastar. "Falei sério. Tire um tempo
para você."
Jacey não está em lugar nenhum para ser vista, então mando-
lhe uma mensagem, dizendo a ela que vou vê-la hoje à noite. Dou um
passo para a porta. Em seguida, tenho uma ideia.
Pegando o meu recibo em cima da mesa, rabisco uma nota. Em
seguida, o número do meu celular antes de dobrá-lo e caminhar para
o barman corpulento.
"Você poderia dar isso a Madison?" pergunto. Ele olha para
mim com curiosidade, mas mantém a mão na nota.
"Claro", ele responde, me questionando com os olhos.
"Valeu", respondo, entregando a ele, não lhe oferecendo uma
resposta.
Saio sem olhar para trás e subo no meu Camaro.
Não é um carro prático, mas eu sempre quis ter um, então
quando fui exonerado do exército comprei um novo... Mais ou
menos como um prêmio de consolação por desistir do meu emprego
dos sonhos. É um carro foda, mas não chega a ser bom o suficiente
para compensar a vida que perdi.
Uma única noite mudou minha vida para sempre.
Uma maldita noite.
E o pior é que mesmo a culpa sendo minha, se estivéssemos
mais bem protegidos, Mad Dog ainda estaria vivo e a perna de Brand
não teria sido destruída.
Nada disso pode ser mudado agora. Mas pode mudar para
futuros soldados. Vamos tentar como o inferno para fazer isso
acontecer. Tudo o que temos que fazer agora é terminar a concepção
do produto, conseguir outro investidor, para que possamos ter
protótipos prontos. Em seguida, lançá-los com sucesso para o
Pentágono.
Fácil.
Acendo um cigarro, enquanto ando pela estrada tranquila.
Tudo aqui em Angel Bay é tranquilo e rotineiro; quase nada
acontece. Isso realmente pode ser o que eu preciso para botar minha
vida nos trilhos.
E não dói nada que este seja o lugar onde Madison está.
Sorrio da porra da coincidência de tudo isso.
E então, sorrio novamente do bilhete que deixei para ela.
** Precisamos terminar o que começamos. **
Capítulo Sete
Madison
14
Tipo de vinho.
minha casa com grupos de nossos amigos e sair para fogueiras na
praia.
O problema é que ele se sente como nos velhos tempos. Eu não
sinto nenhuma química com ele agora, apenas como não sentia
naquela época. "Então, o que você faz para se divertir, Ethan?"
Pergunto educadamente, sorvendo o meu vinho. Ele imita o
movimento, tomando o dele.
"Realmente não tenho tempo para muito mais", ele admite.
"Meu tempo é praticamente todo tomado pelo hospital. Se estou em
casa, então estou dormindo ou assistindo TV durante um minuto.
Tenho muito pouco tempo livre.”
"No entanto, você está passando uma noite comigo", aponto.
Ethan sorri.
"Está vendo? Você deve se sentir lisonjeada.”
Praticamente suspiro em voz alta, enquanto ignoro a maneira
como ele vem chegando perto de mim. É evidente que ele não está
tendo problema com a falta de química que estou tendo.
Para piorar a situação, ele provavelmente está acostumado às
mulheres na clínica se jogando para ele pela simples razão de que ele
é um médico boa pinta.
Ele não está acostumado à rejeição porque as enfermeiras,
auxiliares de enfermagem e pacientes... Elas não se importam que
ele seja chato como o inferno e só vive para o trabalho. Tudo o que
elas veem é o "MD" em seu crachá.
Elas não se importam que ele não tenha uma faísca. Elas não
se importam que ele nunca deslize sua mão entre as pernas delas em
um táxi. Elas não se importam que ele nunca fosse foder a boca delas
com sua língua, enquanto o taxista dava uma olhada no espelho
retrovisor. Minhas bochechas explodiram em chamas.
Foda-se. Por que estou pensando no Gabriel de novo?
E pior, por que os pensamentos dele me transformam
estupidamente?
Estou quase aliviada quando o jantar está finalmente pronto.
Quando posso me afastar do Ethan. Quando posso parar de fingir
estar interessada no que ele está dizendo. Quando posso parar de
fingir que não estou pensando em outra pessoa.
Em vez disso posso me distrair comendo. Nunca estive tão feliz
em ver um prato quente de vitela Marsala na minha vida.
"Isso é muito bom", digo-lhe, enquanto dou outra mordida.
"Estou impressionada".
Ele sorri. "Bom. Esse era o meu objetivo. Eu realmente não
consigo fazer outra coisa."
Comecei a rir. "Sério?"
Ele balança a cabeça. "Não. Posso. Só queria que você risse.
Você é muito séria, Mad. Você pode parecer com ela, mas você não é
a garota que me lembro da escola.”
Sinto meu rosto corar, enquanto pego o meu copo de vinho.
Quantas vezes ouvi esta mesma coisa desde que meus pais
morreram? O que diabos as pessoas esperam? Mila e eu fomos
abandonadas, pelo amor de Deus. Tivemos que crescer com pressa e
isso significava ficar séria. Tive que cuidar da minha irmã, assumir o
restaurante, tomar conta do negócio, do empréstimo... Nada dessas
coisas foram fáceis.
Não digo nada disso, porque nada disso é culpa de Ethan... Ou
é da sua conta.
"Bem, as coisas mudaram depois que meus pais morreram”,
simplesmente digo.
Ele balança a cabeça, pensativo. "Percebi que isto era motivo
suficiente. Minha mãe disse que você praticamente enfrentou tudo
sozinha. Você deixou Mila fazer suas próprias coisas, enquanto você
chegou em casa e assumiu o restaurante. Isso foi bom de sua parte."
Balancei minha cabeça. "Não foi grande coisa”, protesto.
"Formei-me em administração para quando ficasse velha demais
para modelar, eu tivesse um plano extra. Por isso, faz sentido
assumir o Hill. Nenhuma de nós queria vendê-lo e Mila teria tomado
conta dele se eu tivesse pedido.”
“Mas você não pediu a ela”, Ethan apontou. “Você voltou para
casa para administrá-lo.”
"Sim", respondo. "Eu Fiz. Mila nunca quis ter nada a ver com
os negócios. Ela sempre foi muito artística. Esse sempre foi o seu
sonho. E seus sonhos não devem ser frustrados só por que nossos
pais morreram.”
Ethan me observa atentamente e depois coloca outro copo de
vinho para mim. "Estava na faculdade quando fiquei sabendo sobre
seus pais, Maddy. Eu não sabia exatamente o que fazer. Mas sinto
muito sobre o que aconteceu com eles. E sobre o que aconteceu com
você por causa disso. Entendo que você não queira que Mila desista
dos sonhos dela... E respeito isso. Mas e os seus? Tomar conta do
Hill não era seu sonho. Era o sonho deles."
"Não, não foi," admito a contragosto. "Qual é o negócio,
Ethan? Você está tentando me fazer achar que deveria estar
insatisfeita?" Sorrio, para tentar amenizar o tom, mas eu ainda faço
a pergunta. Porque sério, que inferno!
Ethan imediatamente balança a cabeça.
"Claro que não. Você simplesmente não parece tão feliz como
você costumava ser. E estou apenas tentando descobrir o porquê. Eu
não tive a intenção de ofendê-la."
"Bem, as coisas mudam e não sou a garota que você se
lembra,” indico. "E você não me ofendeu."
Mas ele meio que fez.
Tomei o resto do meu vinho e nós conversamos um pouco mais
sobre a sobremesa, sobre os velhos tempos. Sobre o ensino médio e a
faculdade, e velhos amigos que temos em comum. E, em seguida, do
nada, Ethan olha para mim sério.
"Eu sei que esta é provavelmente uma pergunta estúpida desde
que você está aqui esta noite, mas você está namorando alguém?
Quero dizer, vendo a sério alguém?”
Estou surpresa com a pergunta e olho para ele estupidamente
por um segundo.
"Claro que não", finalmente consegui dizer. "Se tivesse, tenho
certeza que ele não estaria muito feliz com o fato de que eu estou
aqui em um encontro com você.”
Ethan sorri e parece aliviado. "OK. Bom. Só não tinha certeza
se você estava pensando nisso como um encontro ou não, ou se você
apenas pensou que nós estávamos colocando o papo em dia. Eu só
queria saber.”
Tenho que rir. "Na verdade, pensei que nós estávamos apenas
recuperando o tempo perdido, colocando o papo em dia, mas Mila
insistiu que era um encontro. Então, estou feliz que esteja
esclarecido.”
"Bem, você está linda e eu não estou pronto para dizer boa
noite”, Ethan anuncia. "Quer ir fazer um passeio na praia? Não está
chovendo pela primeira vez em vários dias. Devemos aproveitar.
Posso dirigir até lá e você pode deixar os saltos no carro.”
"Bom plano", digo a ele. "Porque não há maneira, no inferno,
que estes saltos cheguem a lugar algum perto da areia. Tive que
comer burritos congelados por um mês para comprá-los.”
Ele ri, não sabendo que eu como burritos congelados de
qualquer maneira. Enquanto ele me ajuda a entrar no meu casaco,
ele mergulha a cabeça e inala. "Você tem um cheiro fantástico."
"Obrigada", murmuro. O elogio foi bom, mas estou repensando
a minha decisão de estender o nosso encontro.
Não consigo cooperar, me pergunto se há algo de errado
comigo, porque eu ainda não estou atraída por ele, mesmo que ele
seja o Sr. Perfeito agora. Subo em sua BMW e ele fecha a porta, um
perfeito cavalheiro. Estamos na praia em apenas alguns minutos.
Enquanto Ethan puxa para um espaço, olho para fora através
da água.
"Parece tão majestoso, não é?" Pergunto a Ethan suavemente.
"Tão grande. Isso me faz sentir tão pequena."
"Não sei nada sobre isso", ele responde, enquanto abre minha
porta. "Mas está, definitivamente, ventando muito."
Rolo os olhos para a sua falta de apreço, pela beleza que nos
rodeia e sigo-o para baixo no caminho estreito para a costa. Gramas
selvagens golpeiam de ambos os lados da trilha difícil. À nossa
esquerda a água cai na costa. À nossa direita as dunas de areia
rolam, robustas e bonitas.
"Amo isso aqui", suspiro e pego o braço do Ethan.
Quero dizer, estamos num “suposto” um encontro. Posso tocar
no cara, certo? O vento está frio e seu braço está quente. Não é um
crime absorver um pouco do seu calor.
Nem deixei minha mente vagar para o cara que eu realmente
gostaria de estar tocando. E, certamente, não estaria apenas o
tocando para me manter aquecida, tentaria algo mais.
O simples pensamento de como eu gostaria de tocá-lo, faz com
que meu rosto core novamente. Em minha mente, Gabriel pisca para
mim.
Por que diabos ele está preso na minha cabeça?
"Gosto de estar aqui também", Ethan respondeu, me trazendo
de volta para minha companhia presente. "Pensei em permanecer na
cidade para fazer a minha residência, mas eu realmente só queria
voltar para casa. Foi uma agradável surpresa encontrar você ainda
aqui. Você sempre parecia destinada a algo maior do que aqui,
sabe?”
Ele sorri para mim com dentes brancos, que uma supermodelo
invejaria. Realmente, realmente, realmente desejo que meu coração
vibre ou meus hormônios reajam. Mas eles não o fazem. Nada.
Nada.
Inferno. Sou um fracasso.
"Bem, foi definitivamente difícil me acostumar estar de volta
aqui. É tão pequeno.”
Ethan ri disso, mas felizmente permite que a conversa siga seu
curso. Sou grata porque sua conversa é irritantemente branda.
Continuamos caminhando e conversando, eu continuo
segurando em seu braço.
Ele parece estar genuinamente interessado em todas as coisas
que lhe conto sobre o Hill, embora não posso dizer o mesmo de mim
mesma sobre seus contos da clínica. Como pode alguém tão lindo ser
estupidamente chato?
"Então, sim, eu estava apavorado quando dei a alguém um
cateter pela primeira vez. Quero dizer, sério. Quem realmente quer
pegar o pênis de outro homem e inserir um tubo nele? Graças a Deus
que é, geralmente, trabalho das enfermeiras." Ethan continua a me
contar seus contos médicos e continuo a ajustá-los para fora. Porque
sério. Não quero ouvir sobre ele brincando com o pau de outro
homem.
Enquanto me concentro em não para escutar, uma figura toma
forma na distância próxima, correndo em direção a nós. Fora de
curiosidade, eu mantenho um olho no corredor quando ele se
aproxima mais e mais, e, em seguida, quase suspiro quando
finalmente percebo quem é.
Gabriel.
Não pode ser. É como se o universo estivesse determinado a
me manter em seu caminho.
Minha boca fica seca instantaneamente, enquanto seus olhos
tempestuosos fixam no meu rosto.
** “Precisamos terminar o que começamos.” **
Sinto meu rosto corar e como sempre acontece, ele sorri... É
como se ele soubesse exatamente o que estou pensando.
Ele está sem camisa e os músculos em seu peito e abdômen
flexionam com cada movimento. Seus cabelos escuros estão
despenteados e úmidos, por isso é óbvio que ele estava correndo por
um tempo.
Doce Maria. Por que é que uma noite inteira com Ethan me
deixa fria, mas um maldito relance deste cara faz o meu sangue
ferver? O homem é definido. Seus braços são cortados, seu abdômen
é uma tábua de lavar roupa e ele tem aquele perfeito V escorrendo
no cós de sua bermuda. Tento fingir que não percebo, mas posso
dizer a partir de seu sorriso, que ele sabe o que eu percebi.
Ignoro. Em vez disso, reflito sobre a maneira como ele parece
tão magro e eficiente. Cada movimento é suave e deliberado. E
poderoso. Tenho sempre ouvido dizer que as Forças Especiais
transformam seus soldados em assassinos treinados. Não sei sobre
isso, mas caramba, ele parece letal.
Não consigo desviar o olhar e enquanto ele passa. Ele olha para
mim de lado.
Ele também pisa numa pequena poça de água e pequenas
gotículas de lama respingaram nas calças de Ethan.
"Ei, cara", protesta Ethan, virando-se para encarar Gabriel.
"Cuidado com o que você está fazendo." Estou surpresa que Ethan
diria qualquer coisa, porque foi claramente um acidente, mas estou
igualmente surpresa quando Gabriel para, se vira e retorna para nós,
o suor brilhando em sua testa. Inferno.
"O que você disse?", pergunta ele, incrédulo. Aparentemente,
ele está surpreso também. Ethan parece hesitante, agora, que ele
está face a face com Gabe.
"Eu disse para ter cuidado", disse ele, mais calmo agora. "Você
jogou lama em minhas calças.”
"Eu fiz agora?" Gabe revira os olhos. "Peço desculpas. Peço
desculpas a você que é um cú doce que não gosta de ficar sujo.”
Ethan praticamente explode, enquanto avança na direção de
Gabriel e eu não tenho ideia do que fazer.
"O que vai fazer cú doce?" Gabriel zomba dele, inclinando-se
ironicamente. "Alguma coisa?"
Gabriel levanta uma sobrancelha, esperando, e eu sacudo a
cabeça, desapontada que ele reagiu assim. Decepcionada, mas não
surpresa. Ele fez um buraco em sua parede, pelo amor de Deus.
Então, virou Jared e jogou-o em uma parede. É claro o tipo de cara
que ele é... Alguém que tem um temperamento problemático. Antes
que eu parasse, falei por Ethan.
"Que diabos, Gabriel? Você espirrou lama nele. Isso é culpa
sua, não dele. Por que você está sendo um babaca sobre isso?”
A maneira como ele olha para mim, com uma expressão quase
ofendida, me faz pensar... Minha reação é exagerada? Ele está
irritado que Ethan está aqui comigo? Seu rosto se fecha, porém,
decido que isso não pode estar certo.
"Venha me encontrar se você ficar cansado de ter uma menina
para lutar suas batalhas,” Gabriel fala para Ethan. "E vou ficar feliz
em comprar outro par de calças de merda."
Ele começou a se afastar, então se virou seus olhos travando no
meu. Seu olhar escuro é intenso enquanto ele olha nos meus olhos,
em seguida, a minha boca.
O que ele está pensando? Por que diabos ele está agindo como
o que aconteceu na outra noite foi normal? Como nada disso é
normal?
Não é normal.
Será que ele não se importa que eu o ajudei? Tomei uma
possibilidade, um risco, andando com um homem estranho em casa,
porque eu simplesmente não podia deixá-lo lá sozinho. E agora ele
só quer fingir que nada disso aconteceu.
Ele apenas continua olhando para os meus lábios com um
olhar que diz: Não importa. Nada disto importa Maddy.
E por um minuto realmente não faz, porque ele está olhando
para a minha boca como se quisesse devorá-la e isso é tudo que
posso pensar.
Conscientemente, arrasto os dentes por toda a extensão do
meu lábio inferior. Em reação, o canto inclina e eu obtenho um
vislumbre de seus dentes brancos, a sua língua rosa.
A mesma língua que lambeu e chupou meus mamilos.
Meu coração bate no meu peito e ele sorri, apenas
ligeiramente.
Ele sabe o que estou pensando.
Respiro. Ele dá um passo.
Ele toma outro, mergulhando a cabeça na direção da minha
orelha, perto o suficiente para que Ethan não possa ouvir perto o
suficiente para que seus lábios encostem em minha bochecha.
"Pense em mim, Maddy."
Meu coração para. Antes que eu pudesse responder, ele sorri e
dá a volta, passando correndo por nós, sem olhar para trás.
"Que pau", resmunga o Ethan. "Quem é este cara? O que ele
disse para você?”
"O irmão de Jace", respondo, lutando contra uma incrível
vontade de olhar por cima do ombro, para vê-lo correr para longe.
"Não sei por que ele ainda está aqui. Acho que ele vive em Chicago."
Sei que ele vive em Chicago. Mas, obviamente, não menciono como
sei disso. E definitivamente não digo a ele o que Gabriel disse.
"Bem, nós esperamos que ele vá para casa, em breve" Ethan
resmunga. "Nós não precisamos de idiotas como ele aqui. Esta
cidade é pequena demais para isso. É ruim o suficiente que temos
Pax Tate."
Sua cabeça parece ter se encaixado, quando ele se lembra de
que Pax é meu cunhado, pois ele percebe que só enfiou o pé na boca.
"Deus. Sinto muito. Não quis dizer isso. É apenas que, desde
que se mudou para cá há alguns anos atrás, todos nós sabíamos que
era para ficar longe dele. Sabíamos que, se esbarrasse nele em um
dia ruim, ele seria um idiota total.”
"O que te importa?" Exijo. "Você quase veio pra casa para
encontrá-lo. E ele não é um idiota mais.”
"Isso é o que eles dizem", diz Ethan, aparentemente
convencido. Seu tom de voz, as suas palavras... Tudo sobre ele agora
era irritante. Ele não tem o direito de julgar Pax.
E sim, Gabriel exagerou. Ele poderia ter se mantido em
movimento e fingido que ele não ouviu Ethan. Mas Ethan não
precisa dizer qualquer coisa, em primeiro lugar. Então, qual o
problema se um pouco de água respingasse em suas calças?
Ele realmente é um cú doce.
E Gabe com certeza não é.
Meu humor para Ethan foi definitivamente rompido, ainda
mais do que já era, e permaneci em silêncio enquanto voltamos para
seu carro.
Depois que ele me levou de volta ao meu lugar, digo para ele
que estou cansada e que eu deveria, realmente, ir em direção a
minha casa ao invés de entrar para uma bebida. Posso dizer que ele
está desapontado, mas ele manipula sem problemas.
"Está tudo bem, Maddy. Estou acordado desde as quatro
horas, por essa razão, estou quebrado também. Mas foi divertido.
Devemos fazê-lo novamente em breve.”
Há uma pausa constrangedora enquanto eu fico ao lado do
meu carro.
Posso dizer que ele está me beijando em pensamento e eu
afastando o pensamento.
Não, eu silenciosamente o instruí. Mas, em vez de esperar que
ele lesse minha mente, eu resolvi o problema, levantando-me para
cima na ponta dos pés e beijando sua bochecha.
"Claro" murmuro.
Ethan olha para mim, enquanto a parte superior do meu carro
diminui.
"Eu vou ligar para você esta semana, OK?"
Concordo com a cabeça e entro no meu carro e, enquanto
dirijo mentalmente me examino.
Odeio cara doce-burro, mas eu também odeio os bullies15. Meu
pai era um tirano. Não gostei naquela época e não gosto agora.
Mesmo os valentões que são sexys como o inferno, porque eles
só me chamam em direção a algo que preciso ficar longe. Pois Mila
estava certa na outra noite, tendo a escolher os caras errados.
Honestamente, estou começando a pensar que não há
ninguém lá fora para mim. Não gosto dos caras que deveria e os
caras que eu gosto são ruins para mim. Talvez esteja destinada a
ficar sozinha.
Quando entro em minha casa, vazia, este fato só se enfatiza.
Estou sozinha.
Chuto meus sapatos, solto minha bolsa sobre uma mesa na
sala de espera e caio em uma cadeira na sala de estar com uma
garrafa de vinho.
Só a garrafa, sem copo.
Balanço as pernas para o lado da cadeira, enquanto penso
sobre a noite.
Pensamentos sobre Ethan me fazem estremecer. Além de me
irritar com o seu juízo sobre Pax. Falta alguma coisa em Ethan. Uma
faísca, uma paixão.
Não posso colocar o dedo sobre ele, mas o fato é que ele nunca
me fará sentir do jeito que quero que alguém me faça sentir.
Mas Gabriel faz.
Seu olhar ardente faz meu pulso acelerar, intimidação ou não.
** Precisamos terminar o que começamos. **
Foda-se. O que há de errado comigo? Por que estou tão presa a
alguém que eu não deveria querer... Mas quero?
Tudo o que sei é que Gabriel tem este certo tipo de confiança.
O tipo que vira o meu estômago de dentro para fora. E há algo mais
sobre ele também... Algo intrigante. Nem sequer o conheço, mas há
algo em seus olhos, algo escuro e mal-assombrado que me atrai a ele.
15
Uma pessoa que é cruel ou autoritário, especialmente com pessoas menores ou mais fracas.
Penso por um minuto e acho que isto tem relação com o que
ele viu no Afeganistão. É tão terrível que parece ter cicatrizado por
dentro. O que o transformou em uma confusão, em pânico, na noite
do acidente de táxi? Porque ele não parece o tipo de cara que entra
em pânico.
Na minha cabeça, o vejo correr na praia mais uma vez, todo
enorme, forte e disciplinado. A julgar pela forma como ele estava
suado, aposto que ele estava correndo por milhas e ele ainda estava
indo além, assim como uma máquina. Ele é claramente uma força a
ser contada. No entanto, alguma coisa tem o poder de levá-lo aos
joelhos. É um quebra-cabeça.
Meus olhos se fecham com imagem de Gabriel ondulando
músculos, brilhando com a luz do brilho de suor. Imagino-o subindo
mais e esfregando-se contra mim, seus dedos me acariciando.
Oh, meu Deus. Meus olhos se abrem e minhas bochechas
coram, enquanto percebo que tudo não passou de uma fantasia
sobre Gabriel. Ele é um cara feito de tudo o que me assusta.
Ele vai me machucar.
Sei disso.
Mas, ao mesmo tempo, sei que ele é um cara que pode me ligar
em um segundo plano.
O que há de errado comigo?
****************************************************************
Gabriel
À noite está tão escura que não posso nem mesmo ver minha
mão na frente do meu rosto. Eu gemo, tento me mover, então
desisto. Tento ouvir, tento ver, tento mover o resto do meu corpo...
Mas falho em todos os aspectos. As sombras se movem ao meu redor
e estou fraco demais para me importar. Não sinto nada e eu acho
que é estranho. Deveria estar com muita dor e por um segundo estou
em pânico por estar paralisado.
Acalmo quando percebo que estou provavelmente apenas em
estado de choque. Eu gemo novamente, tentando me levantar, mas
percebo que não está acontecendo.
E então sinto o cheiro.
Sangue.
Brand e Mad Dog estão lá fora e preciso ver se eles estão vivos.
O cheiro de sangue está forte na brisa, bem como o metal queimado,
assobios de gás e poeira. Foda-se. Leva-me um pouco, mas
finalmente consigo virar minha barriga e me arrasto pelos meus
cotovelos.
Definitivamente não estou paralisado. Foda, a dor chegou.
Minha cabeça está gritando, mas eu tenho que encontrar meus
amigos.
Cada centímetro doía. Me puxo pela poeira carnificina crivada.
Um pedaço torcido da nossa Humvee é apresentado no chão à minha
esquerda. Posso sentir o cheiro de borracha queimada quando vejo
um pneu queimando à minha direita.
E então, em meio à fumaça, eu vejo um rosto do lado da
estrada, sangrenta e lamacenta.
Meu coração martela enquanto tento como inferno para chegar
até ele, para ver se é Brand ou Mad Dog... Até eu chegar e descobrir
que não é nenhum dos dois.
Os olhos da moça estão amplamente abertos e sem vida.
Ela olha para mim, me culpando.
Lembro-me de tudo e as memórias batem em mim como um
trem de carga.
É tudo culpa minha.
A dor na minha cabeça se intensifica, como um milhão de
cacos de vidros e tudo escurece.
Acordei em um suor frio. Meus lençóis encharcados com meu
terror. Minha garganta seca.
Minto ainda por um minuto, sugando grossos sopros de ar
enquanto tento me esforçar para acalmar. O sonho é tão
fodidamente real. Porém, como se todas as lembranças daquela
noite estivessem permanentemente impressas em minha mente.
Que é claro que está. Nunca vou estar livre dela.
Pego um copo de água para acalmar minha garganta seca,
apenas para descobrir que eu não tenho um criado-mudo aqui.
Tinha esquecido.
Eu me puxo em uma posição sentada, correndo a mão pelo
meu cabelo, antes de sair da cama e fazer o meu caminho para a
cozinha no escuro. Ainda estou nervoso com a porra do meu sonho,
e até mesmo as sombras nesta cozinha escura, que me é familiar são
desconfortáveis. O relógio luminescente do micro-ondas me diz que
são cinco e meia da manhã. O sol deve estar chegando em breve.
Pego uma garrafa de água e sento em uma cadeira na mesa da
cozinha, olhando distraidamente para fora. O carro de Jacey não
está na garagem, o que significa que ela não voltou para casa na
noite passada. Isso é um fato que me irrita.
Sim, ela é adulta. Sim, normalmente ela podia ficar na casa do
namorado, sem problema. Mas merda. Estou aqui para que ela se
sinta segura. Se ela não se preocupa em voltar para casa, não há
sentido a minha presença aqui.
Bebo a água e depois bebo mais uma garrafa. Minha boca
ainda está seca quando termino. Os terrores noturnos sempre me
afetam de forma muito física... Dores de cabeça, suor e falta de ar. É
como se eu estivesse realmente de volta ao Afeganistão, realmente
revivendo aquela noite.
Atiro as garrafas para a reciclagem e vou ao banheiro. Eu sei
que não há nenhuma maneira de voltar a dormir agora. Abro a água
e estou esperando ela aquecer quando ouço a porta dos fundos abrir
silenciosamente.
Jacey.
Abro a porta do banheiro que dá para o corredor e encontro-a
rastejando tranquilamente através da cozinha. "Bem-vinda ao lar",
digo tristemente enquanto viro na luz. Ela pisca no brilho, então
sorri para mim.
"Hey, irmão mais velho", ela diz, enquanto tropeça em um
tapete. "Não queria te acordar."
Ela está obviamente bêbada.
"Você percebe que deverá estar no trabalho em poucas horas",
eu indico. Ela não parece preocupada.
"Vou ficar bem," ela insulta. "Não se preocupe com isso. Eu
sou uma menina grande. Qual é o seu problema?"
"Meu problema estaria perdido em você neste exato
momento", digo a ela. "Mas, acredite em mim, vamos falar sobre isso
mais tarde. Se você jamais dirigir bêbada para casa de novo, você
não vai precisar de Jared para maltratar você. Eu mesmo vou te dar
umas boas palmadas na bunda. Vá dormir. Falaremos quando você
estiver coerente."
"Tanto faz," ela murmura enquanto oscila no corredor.
"Mostra o quanto você sabe. Jared ainda está brincando comigo. Ele
está enviando mensagens de texto para mim a noite toda. Disse que
vai te ensinar uma lição." Ela arranca um de seus saltos, em seguida,
joga o outro no corredor em frustração.
"Não tropece no meu sapato", ela chama prestativamente por
cima do ombro.
Balancei minha cabeça enquanto a seguia, inclinando-se para
pegar o sapato descartado. Eu o lanço em seu quarto enquanto me
dirijo para o chuveiro, bufando o tempo todo sobre o idiota do ex-
namorado da minha irmã e sua irresponsabilidade. Se ele está
mandando mensagens de texto para ela a noite toda, por que diabos
ela não me ligou?
Mas não adianta tentar falar sobre isso com ela agora. Não vai
adiantar nada, por que ela não vai se lembrar da conversa de manhã.
Cerro os dentes e tento encontrar alguma coisa para me distrair.
Limpo as minhas botas, limpo o equipamento das bombas de insetos
para as aranhas no porão e limpo o meu carro.
Infelizmente, porém, quatro horas mais tarde eu me acho
incrivelmente inquieto. Jacey ainda está roncando em seu quarto,
embora eu saiba que ela vai ter que se levantar em breve, se ela
quiser chegar a tempo para trabalhar às onze.
Respondi alguns e-mails de trabalho, toquei base com Brand
no telefone e fui para uma corrida de trinta minutos na praia.
Felizmente, desta vez não esbarrei com aquele idiota que
estava com Madison à noite passada. Pela minha vida, eu não
consigo descobrir o que ela vê em alguém assim. Ela realmente
esteve ao lado dele quando ele reclamou comigo por ter deixado a
porra das calças molhadas.
Não há nenhuma razão lógica para que eu possa pensar que ela
prefere aquele cara a mim. Eu intencionalmente ignoro a única coisa
que pode ser... A única coisa que estou esperando como o inferno
que não seja. Ela pode ser totalmente desligada de mim por causa do
que ela viu aquela noite em Chicago. Ela pode ter visto muito e agora
acha que sou louco. Ou um animal.
Nenhuma dessas coisas é boa, mas o problema é que não faço
nenhuma ideia do que ela está pensando. Ela me quer. Posso dizer.
Mas ela está fria como o inferno também.
Balanço minha cabeça.
Vou ter que parar de tentar entender as mulheres, porque elas
não fazem porra de sentido nenhum. Definitivamente não vou
sentar-me aqui estufando sobre ele, mas não tenho nada a fazer.
Então faço a única coisa que faz sentido para mim.
Saio para encontrar uma academia. Levantar pesos sempre
queima energias inquietas. Além disso, não posso parar de malhar só
porque não sou mais do exército.
Não me leva muito tempo para encontrar o ginásio já que
Angel Bay só tem um. Isto, na verdade, não me surpreende em uma
cidade tão pequena. Na verdade, fico surpreso que ela tenha um no
geral.
Estou inscrito como membro e estou dirigido de volta para a
sala de peso dentro de poucos minutos. Este ginásio é uma escola
velha, nada extravagante. As paredes são brancas e cobertas com
cartazes inspiradores.
16
Bota de cano baixo.
17
É uma antiga raça de cão, popular devido ao seu apurado olfato e olhar meigo.
Sorrio porque Tony parece ser o meu tipo de cara "Sinto
muito", eu digo para Mila. "Tenho que respeitá-lo, apesar de tudo."
Mila revira os olhos. "Homens". Mas ela obedientemente pega
o recipiente de isopor com a sopa e cheira. "Comer isso vai ser uma
dificuldade tão grande." Ela sorri e pega algumas colheradas e põe
em sua boca. "Muito difícil".
Mila continua comendo enquanto Pax vai para fora para
destravar seu SUV. Enquanto ele faz, não posso deixar de olhar para
Madison discretamente.
Nunca vi uma mulher tão bonita pessoalmente antes. Ela
parece que saiu direito das páginas de uma revista. Não posso dizer
se ela sabe o quanto ela é linda. As maiorias das mulheres sabem e
usam para tirar vantagens. Mas Madison não parece jogar esta carta.
Ela parece confiar em sua personalidade espinhosa ao invés disso.
Infelizmente, ela percebe o meu olhar encoberto e o canto de
sua boca vira para cima.
"Vê algo que você gosta?", Ela pergunta em voz baixa. Sorrio
de volta.
"Estava apenas observando a diferença entre você e sua irmã.
Vocês não se parecem muito. Mila é pequena e escura, e você é alta e
pálida." Quando as bochechas de Madison coram, eu percebo que
poderia ter usado mais tato. Ela pode ser autoconsciente sobre o fato
de que ela é maior do que sua irmã. Mulheres são estranhas sobre
essas merdas. Mas, honestamente, ela é mais alta. Ela é graciosa,
como uma modelo. "Sem querer ofender", digo a ela. "Foi apenas
uma observação."
"Não me ofendi", ela mente. Sei que é uma mentira pela forma
como suas bochechas ainda estão manchadas de rosa. Na verdade, o
rubor se espalhou até o peito.
Sou salvo pelos sinos na porta, embora, Pax volta, jogando as
chaves de Mila para ela.
"Tudo concertado", ela diz. "Que bom que tenho uma chave
extra. Você está pronta para ir, cérebro de grávida."
Ela balança a cabeça, mas agradece a ele. "Há mais uma coisa
antes de ir", ela menciona. "Você pode mover algumas caixas para
mim dos fundos? Esse material chegou esta manhã."
Pax olha para ela com surpresa. "Bom Deus. Tem todas as
minhas palestras finalmente valido a pena? Obrigado por não ter
tentado movê-los você mesma, pela primeira vez."
Mila sorri suavemente. Mas, enquanto eles estão andando para
longe ela volta e faz bocas superprotetoras enquanto aponta de volta
para Pax. Madison sorri.
"Ele é superprotetor", ela me diz assim que os outros dois
desaparecem em um cômodo dos fundos. "Mas é doce. Nunca pensei
que gostaria do Pax quando eu o conheci. Ele parece ser uma pessoa
diferente. Ele teve uma espécie de infância de merda, mas vai ser um
ótimo pai. Falando nele, porém, não sabia que vocês eram amigos."
"Nos esbarramos no ginásio esta manhã. E então, tivemos uma
corridinha com Jared durante o almoço. Pax tinha a minhas costas
novamente, o que aprecio. Ele é um cara que me levanta", eu
respondo. "Deveria ter lhe perguntado se ele havia servido. Ele
parece ser esse tipo de cara."
Madison quase engasga. "Servido? Como um militar? Hum,
não. Pax costumava ser uma espécie de confuso. O militar não seria
algo que teria apelado para ele."
Eu olho para ela. "Confuso?"
Madison olha para mim, os olhos azuis muito escuros e
instantaneamente conturbados.
"Sim. Quando tinha sete anos, sua mãe foi morta em sua
frente. Bagunçou bastante a vida dele. Durante anos, ele não
conseguia sequer lembrar exatamente o que aconteceu. Assim dá
para imaginar o quanto foi ruim. Pensei que ele estava além der ser
salvo, mas Mila não desistiu. Ela vê o lado bom das pessoas melhor
do que eu. E ela estava certa. Pax passou por isso muito bem.
Eventualmente".
Olho para ela com horror. Sua própria mãe foi morta na frente
dele? Pensei que já tinha visto alguma merda.
"Droga", respondo. "Isso é terrível. Aquela cicatriz na mão...
Era parte disto?"
Madison concorda. "Sim." De repente, ela parece estar
desconfortável. "Sinto muito. Esta é uma história que ele tem para
contar. Não sinto que eu deveria falar sobre isso."
Concordo com a cabeça lentamente. "Isso é bom. Ele pode
compartilhá-la por ele mesmo em algum momento tomando uma
cerveja."
Madison realmente parece culpada enquanto enrola em uma
cadeira vermelha. "Ele pode. Se ele fizer, será bom para ele. Ele ficou
em aconselhamento ano passado quando todas as suas lembranças
vieram à tona. Mas creio que você pode falar coisas por fora. Quanto
mais, melhor." Tremo por causa disto, enquanto levo a cadeira para
o lado dela, porque discordo. Não vejo o ponto em falar merda. As
pessoas não podem consertar o que aconteceu com você.
"Vamos mudar de assunto", sugiro. "Como está o seu
namorado? Ele conseguiu limpar suas calças de merda?"
Ela olha para mim solenemente, mas o canto de seu lábio está
se contorcendo de novo, fazendo-me pensar o porquê. Ela está feliz
porque perguntei sobre esse cara? Este é um jogo de gato e rato?
"O que faz você pensar que Ethan é o meu namorado?" Ela
rebate uma pergunta com uma pergunta. Deflexão clássica.
Agora é o meu lábio que está se contraindo, mas não de
diversões. Eu odeio jogos.
"Bem, vocês dois pareciam bastante acolhedores na outra
noite. Eu me senti mal por correr direto no meio do seu encontro",
finalmente respondi.
Ela olha nos meus olhos e vejo a pergunta flagrante lá.
Você quer jogar?
Olho para trás com uma resposta.
Sim.
Madison se inclina para trás em sua cadeira, com os olhos
incisivamente no meu rosto, o ar carregado em torno de nós. A
atração entre nós é potente, mas estamos aqui falando sobre seu
encontro com outro cara.
Nós definitivamente estamos jogando agora. Só que agora não
tenho certeza de quem é o gato e quem é o rato.
"Oh, não me sinto mal", ela diz sem problemas. "Ethan e eu
somos velhos amigos. Não foi um incômodo. Até que você parou e
empurrou-o, não é?”
Ronco. "O bundão do seu namorado começou. E não encostei
um dedo nele. Se quisesse empurrá-lo, você ficaria sabendo."
Madison não reage a isso, seu rosto é uma máscara
inexpressiva perfeita.
"Você estava namorando Ethan quando nos encontramos no
clube?" Pergunto por curiosidade. Madison não parece ser o tipo que
engana, mas então que inferno eu sei? A minha formação é em
táticas militares. Sinceramente, não sei nada sobre o funcionamento
da mente feminina.
Ela cora novamente, provavelmente pensando naquela noite e
como ela estava tão disposta a ir para casa comigo. Pensando nisso
realmente faz com que o meu pau dê sinal de vida. Eu me mexo no
meu lugar, imaginando o gosto do seu mamilo que provei na minha
boca e como os lábios macios dela roçavam contra os meus. O
simples pensamento me faz ficar duro e eu mudo a minha mão de
modo que ela está cobrindo a minha virilha reveladora.
"Claro que não", responde rapidamente Madison. A mão
esguia vibra até empurrar o cabelo para trás da orelha. "Não faria
isso."
"Não penso assim", digo a ela. "Apenas pensei que deveria
perguntar."
"Por quê? Olhando melhor para os interesses de Ethan?" Ela
me pergunta bruscamente. Olho para baixo, para ela, meus olhos
congelados nos dela... Inabalável.
"Não... Nos meus... Você não está realmente na do Ethan. Você
está na minha."
Solto a minha mão agora, enquanto repousa suavemente sobre
a ponta de seu joelho, meus dedos mal pastoreiam sua coxa.
Tenho certeza de que ela me quer, embora eu não saiba
exatamente o porquê.
Estava lá na outra noite, mesmo quando ela estava com Ethan.
Está em seus olhos, na maneira como ela me encontra onde quer que
eu esteja. Está crepitando no ar, entre nós.
Ela me quer. E eu a quero.
Transar com ela seria como aproveitar a fúria de uma
tempestade de verão. E alguma parte estranha de mim quer fazê-la
se sentir como naquela primeira noite, para provar que não sou um
fracassado.
Há uma longa pausa antes de Madison explodir em muitos
risos. Não é exatamente a resposta que eu estava esperando. "Você
está muito seguro de si mesmo, não está?" ela responde.
"Sempre." Descarto suas palavras. "Mas você sabe que é
verdade. Você está na minha. Aliás, desde que me conheceu.
Seríamos capazes de chegar a algum lugar, se você tivesse apenas
admitido isso.”
"E que lugar, exatamente, que estamos tentando chegar?” Ela
ri novamente, mas há algo em seus olhos que me diz que estou certo.
Algo sobre o modo como ela vira seu corpo em direção a mim, na
forma como as mãos não podem ficar quieta quando ela está falando
comigo. Ela está ao redor de mim.
No entanto, ela ainda deixa a minha mão sobre sua coxa. O
calor dela irradia em minha mão e eu coço para movê-la para cima.
Mas não faço. Eu a deixo parada enquanto olho para seus
olhos. Quero que ela me peça por isso. Eventualmente, ela diria o
meu nome e me pediria para transar com ela.
Tudo isso faz parte do jogo.
Ela fica séria agora, voltando-se para me encarar em seu
assento.
"O que vou admitir é que, desde a primeira noite, tenho
curiosidade sobre alguma coisa."
"Oh", levanto uma sobrancelha, ignorando a minha ansiedade,
ignorando a forma como o meu coração começa a bater. É isso. Vou
ver o que ela sabe. O que ela viu. E a partir do instável olhar em seu
rosto, não foi bom.
Madison realmente parece nervosa, mas ela levanta o queixo e
me olha nos olhos de qualquer maneira.
"Estou louca tentando descobrir isso, porque tudo o que eu vi
de você desde então não corresponde. Você perdeu totalmente seu
equilíbrio de merda, Gabriel. O que aconteceu?”
Foda-se. Você perdeu totalmente a merda do seu equilíbrio,
Gabriel.
Arranco a minha mão e tento fingir que sou normal. Que não
era grande coisa. Suga uma merda do ar para fora de mim, porque
odeio que ela tenha visto. Faz-me sentir fraco. Isso é algo que não
sou. E é uma grande coisa.
Ela está esperando por uma resposta, seu olhar inabalável.
Você quer jogar? Sim ou não?
Balancei minha cabeça. Só gosto de jogar quando eu tenho a
outra mão.
Então, tento desviar, ser vago.
“É uma longa história. Vamos dizer que todo mundo tem seus
demônios, e eu ainda não mostrei quem é que manda aqui.”
Madison olha para mim por um momento e diz. Seu tom é suave
agora, quase simpático. Isso me faz estremecer. Não quero a porra
da simpatia dela.
Jesus.
"Bem, isso não é realmente a explicação que eu estava
esperando, mas tudo bem. Talvez um dia você vá me dizer. E se há
uma coisa que eu aprendi com Pax, é que todos têm demônios. Não
tenho nenhuma dúvida de que você pode chicotear os seus demônios
bundões."
Ela me dá um sorriso simpático e não aguento mais. Odeio que
ela pense que eu preciso da piedade dela. Então, eu faço o que faço
melhor. Eu desvio para ser um idiota.
"Estou contente que você está tão compreensiva". Digo a ela.
"Talvez você vá me dar uma segunda chance.” Ela levanta uma
sobrancelha fina.
"Uma segunda chance? Por quê?"
Sorrio. "Para mostrar o meu quarto."
Minhas palavras arrogantes não têm o efeito que eu pensava
que teria. Uma tensão sexual entre nós cresce como um fio vivo e
Madison ri novamente, uma risada verdadeira e sexy.
Inclinando-se para mim, ela coloca a mão na minha coxa,
movendo os dedos sempre assim ligeiramente para cima, enquanto
ela murmura em meu ouvido.
"Já vi o seu quarto. Como você acha que chegou em casa
naquela noite? "
Foda-se. Não posso respirar, eu olho para seus olhos azuis.
"Eu machuquei você?" Pergunto rapidamente, antes que eu
possa pensar sobre o que estou dizendo. Tudo o que posso pensar é
sobre o buraco que encontrei no meu corredor naquela manhã.
A cabeça de Maddy se encaixa, seus olhos azuis aumentando.
"Não, claro que não", ela responde surpresa. "Você estava
apenas fora de si. Você parecia ter um pouco de problema com sua
parede. Ela te ofendeu de alguma forma e você deu um soco nela.
Mas você não encostou um dedo em mim. Por quê?"
Relaxo, meus ombros voltam para onde eles deveriam estar.
Graças a Deus.
"Não quis dizer que o que pareceu". Tento cobrir. "Eu quis
dizer no táxi, quando eu caí em cima de você..." Minhas tentativas
desajeitadas são interrompidas pelo retorno de Mila e Pax.
Obrigado, Deus.
Madison sorri para sua irmã e quase imperceptivelmente se
afasta de mim.
O momento entre nós acabou, mas tenho mais perguntas do
que eu saiba o que fazer com elas. Será que ela me colocou pra
dormir? O que eu disse para ela? Esse tempo todo eu tentei fingir
que não importava. Tentei dizer a mim mesmo que não importa.
Mas importa.
O que eu fiz?
Não sei porra.
Ela olha para mim, a diversão em seus olhos. Ela gosta que eu
esteja intrigado. Ela gosta de pensar que tem tudo sob controle. Ela
gosta de jogar este jogo.
O que quer que seja que ela testemunhou naquela noite, ela
acha que dá a ela uma vantagem. Ela pensa que é o gato nesta
conversa.
Foda-se isso.
Dirijo-me a Pax. "Ei, cara. Você está quase pronto? Tenho um
encontro esta noite. Tenho que ir.”
Dirijo-me e sorrio para Madison, mas o olhar no seu rosto me
esvazia. Por apenas um segundo, antes dela se fechar novamente, ela
parece esmagada e odeio que eu tenha feito isso. Só queria voltar a
ter o controle novamente. Não tinha a intenção de realmente
machucá-la.
Antes que eu possa acrescentar que o meu encontro é com o
meu amigo Brand, Madison se levanta e vira as costas para mim em
demissão. Ela faz o esforço de perguntar Mila sobre uma obra de
arte na parede.
Suspiro enquanto sigo Pax para a porta.
Às vezes, ser o gato não é tão divertido quanto deveria ser.
Capítulo Nove
Madison
18
É um termo usado para descrever alguém que é a negação da homossexualidade.
Ele, aparentemente, pensa que não há nenhuma maneira que
me faria declinar. Tenho que evitar olhar para seu corpo totalmente
definido. Tenho que colocar a imagem dele me protegendo para fora
da minha mente.
Porque há algo sobre ele que eu não sei.
Algo secreto.
Algo que o fez pirar, transformando esse protetor forte em um
cara violento, incoerente, que tem ataques de pânico e soca paredes.
E eu não tenho ideia do que possa ser essa coisa.
Balancei minha cabeça.
"Você é tão arrogante," eu digo a ele. "Tão arrogante. Eu teria
pensado que você estaria muito ocupado com suas outras aventuras.
Mas isso não vem ao caso. Não posso no sábado. Sinto muito.”
Não tenho plano, mas ele não precisa saber disso. Se ele pode
jogar seus encontros na minha cara, eu posso jogar os meus na dele.
Mesmo os meus sendo imaginários.
Gabriel parece realizado e atordoado. Em seguida, obscurece
seu rosto quando ele se lembra que me disse que teve um encontro
ontem à noite. Ele começa a dizer alguma coisa, mas eu o
interrompo enquanto giro e vou rumo a minha casa. A cada passo
que dou sinto seu olhar escuro me atingindo.
Eu ignoro.
Mas uma coisa eu não posso ignorar: tudo sobre aquele
homem faz meus joelhos ficarem fracos. Não posso ignorar o olhar
em seus olhos. Um olhar sombrio, escuro, que diz: não se preocupe.
Não, ninguém vai te machucar enquanto eu estiver à vista. Não
posso ignorar a forma como seu olhar coloca meu sangue em
chamas.
E eu não posso ignorar a coisa mais importante de tudo, a
pergunta que fica pesada no meu peito a todo tempo, mesmo que eu
já saiba.
Eu sei que ele tem um segredo que tem a capacidade de
transformá-lo em tudo o que tenho medo.
A questão é, são todas as coisas boas que sei sobre ele o
suficiente para me fazer ignorar isso?
Capítulo Dez
Madison
Madison
****************************************************************
Gabriel
Madison
** Meu amor,
Eu odeio estar longe de você. Cada minuto parece
como uma hora, cada hora como um dia. Em apenas três
dias, nós estaremos casados e nossas vidas poderão
realmente começar.
** Nan,
Sinto muito sobre ontem à noite. Desculpe-me, por
ter perdido o meu temperamento. É que, só o pensamento
de você me abandonar, me deixa louco.
Se você me deixar, eu serei nada.
Por favor, me perdoe.
Todo o meu amor,
Para sempre,
Kent **
Gabriel
19
Rifle.
"Que porra é essa? Você acha que tenho ovários agora? Que eu
vou falar sobre os meus sentimentos e toda essa merda?"
Jacey sorriu. "Não... Vamos explodir alguma merda em
pedaços. E então, nós podemos falar sobre seus sentimentos e toda
essa merda.”
Balancei minha cabeça e coloquei meus tampões no ouvido.
Pelas próximas horas eu atiro nos alvos transformando-os em
pedacinhos. É extremamente gratificante fundir furos através do
centro do alvo, hora após hora. Quando Jacey finalmente está sem
munição e estou bem perto, ela se vira para mim, tirando um de seus
tampões de ouvido.
"Você quer jantar?"
Concordo com a cabeça. "Sim."
Nós fomos para uma pequena lanchonete de hambúrgueres
um pouco mais para baixo na estrada, onde Jace pediu um
hambúrguer triplo junto com uma marguerita. Fico olhando para
ela, incrédulo. Enquanto eu peço: um hambúrguer duplo com anéis
de cebola e uma cerveja.
"Faz um mês que você não come?" Pergunto à medida que
sentamos numa mesa de vinil rachada.
"É aquela época do mês, Gabe", ela me diz com um sorriso. "Eu
poderia comer duas vacas e um bezerro também."
Ugh. "Muita informação, Jace. Sério."
Ela apenas ri.
"Por que estamos aqui, Gabe? Sério. Eu sei que algo está
errado. Você pode muito bem me contar, ou você pode me deixar
arrancar a verdade de você. De qualquer forma eu vou ficar
sabendo."
Reviro os olhos. Ela, na verdade, adora a parte de me torturar.
"Estraguei tudo, Jace." Finalmente admito. "Faz tempo.”
Ela levanta a sobrancelha loira. "O que aconteceu?"
Suspiro e tomo um gole da minha cerveja, curtindo o frio da
cerveja deslizando na minha garganta.
"Madison."
Jacey instantaneamente me olha. "O que você fez? Juro que
vou castrá-lo se machucá-la. Eu falo sério."
Balancei minha cabeça, olhando para a mesa, mexendo a
cerveja no copo.
"Eu não a machuquei ainda. Mas eu vou."
Jacey está intrigada agora. É evidente que ela me olha em
confusão. "Eu não entendi. Se você não a machucou ainda, então
porque você tem que machucá-la?"
A nossa comida chega e Jacey mergulha nela, mais feliz do que
pinto no lixo.
"Você não entende", finalmente digo-lhe com um suspiro. “Eu
estou fodido. Quando você olha para mim, você vê o seu irmão mais
velho, o mesmo Gabe. Mas não sou mais aquele cara. O que
aconteceu com Brand e eu... Seriamente me quebrou. Maddy não
merece alguém como eu."
Jacey para de mastigar e olha para mim. "Por que você não
deixa Maddy decidir isso?", ela sugere. "Você disse a ela o que
aconteceu com você?"
Balancei minha cabeça. "Não."
Jacey inclina sua cabeça, me examinando. "É muito ruim?
Sério, quão ruim pode ser? Eu te conheço, Gabe. Você é uma boa
pessoa, inteiramente boa. Nunca teria te apresentado a Maddy, se
você não fosse.”
"Mas é por isso que você não entende Jacey", respondo. "Eu
não sou mais inteiramente bom. Eu só não sou."
"Você matou alguém enquanto estava nas forças armadas?"
Ela pergunta curiosa. "É só isso? Porque isso é idiota, Gabe.
Obviamente você iria matar alguém quando entrou para o Exército e
foi para Afeganistão."
Balancei minha cabeça. "Não é isso. E sim, eu matei algumas
pessoas."
"É pior do que isso?" Jacey está incrédula. "Então, talvez eu
não queira saber."
Eu a encaro. "Confie em mim, você não vai querer. Mas eu
tenho um problema e agora eu não sei o que fazer. Eu não queria
ficar tão perto de Madison. Eu realmente não queria. Pensei em ligar
algumas vezes e então voltar para casa. Mas..."
"Mas você realmente gosta dela, não é?" Jacey pergunta
conscientemente. "Eu disse há muito tempo que vocês eram
perfeitos um para o outro."
Suspiro. "Gosto dela. E ela já passou por tanta coisa. Ela não
merece a minha merda. Mas fui egoísta o suficiente para não querer
deixá-la ir embora ainda."
Jacey empurra o prato para longe e me encara sobre ele, com
os braços cruzados e uma expressão séria colada no seu rosto.
"Gabriel Joseph Vicent. Você acha que não merece alguma
coisa boa na sua vida? Você acha que o que aconteceu é tão ruim que
você não pode ser feliz novamente? Porque mais uma vez, isso é
idiota. Você merece a felicidade mais do que ninguém que conheço.
Na verdade, você merece muito mais. Escute-me. Você precisa dizer
a verdade para Maddy. Coloque tudo para fora, conte tudo. Deixe-a
escolher por si mesma se você vale a pena. Você deve isso a si
mesmo e a ela."
Concordo com a cabeça, limpando a boca e jogando o
guardanapo no prato.
"OK", eu exalo. "Talvez você esteja certa."
"Eu definitivamente estou certa", ela responde. "Pelo menos
uma vez é bom dar um conselho ao invés de receber um."
Reviro os olhos. Nós pagamos a conta e, em seguida, saímos
para nossos carros.
"Sério, mano. Ela vale a pena. Ela realmente vale. Ela é dura e
espinhosa do lado de fora, mas ela tem um maldito coração de ouro."
Lembro-me de ontem: ela em pé na frente da fogueira falando
sobre suas memórias ruins e o olhar vulnerável no seu rosto.
Ela é dura e espinhosa por fora. Mas, por dentro é frágil como
o inferno.
E essa é a parte dela que eu tenho medo.
"Obrigado pelo conselho, mana." Eu a beijo na testa. "Estarei
em casa mais tarde."
"E se você não for não se preocupe com isso", ela responde. "Já
faz um tempinho que não vejo Jared. Acho que ele não vai mais
mexer comigo."
"Espero", respondo enquanto entro no meu carro. Antes de
ligá-lo, eu envio uma mensagem de texto para Maddy.
** Quer me encontrar no cais perto da sua casa depois que
sair do trabalho? **
Leva apenas alguns minutos para chegar sua resposta.
** Claro. Por quê?**
Respondo de volta.
** Eu preciso falar com você. **
Uma fração de segundos depois ela responde.
** Hmmm. Ok. Te vejo por volta das 21:30. **
Vou para casa, tomo um banho e enrolo um pouco até a hora
de ir. Vou um pouco mais cedo e sento-me no final do cais com as
minhas pernas penduradas, jogando pedras até que Maddy aparece.
Mesmo se eu não tivesse ouvido a porta do carro batendo no
estacionamento, eu sentiria sua presença. Ela me olha enquanto
anda ao longo do cais para me encontrar. Ela se senta perto de mim,
pega uma pedra da minha mão e joga. Ela pula na superfície da
água, em seguida, afunda.
"Então, o que está acontecendo?" Maddy pergunta em voz
baixa. Pelo olhar no seu rosto, ela provavelmente acha que vou
terminar com ela.
"Lembra quando eu te disse que aconteceram algumas coisas
que não te contei?" Vagarosamente pergunto, jogando outra pedra
na água.
Ela finge pensar sobre isso. "Sim, eu me lembro de algo sobre
isso."
"Bem, eu decidi que você deve saber."
Maddy inspira profundamente e olha para mim.
"Tem certeza?"
Balancei minha cabeça. "Não. Mas você foi tremendamente
valente ontem. Não sou tão covarde que não possa fazê-lo também.
Mas você pode pensar que sou um merda depois que eu terminar de
falar.”
Maddy levanta seu queixo e me olha no olho. "Duvido, mas só
há uma maneira de descobrir."
Tomo uma respiração profunda, e depois outra. O ar da noite é
frio e vagalumes voam ao nosso redor. Por apenas um segundo, eu
contemplo e mudo o foco da minha mente. Mas isso não é uma
opção.
Apenas fale a verdade, seu covarde.
"OK", eu começo. "Você sabe que eu estive no Afeganistão com
as forças especiais. Você sabe que tive que fazer algumas coisas de
merda. Mas teve uma coisa... Uma coisa que aconteceu que fodeu
comigo e com Brand. É por isso que estamos aqui, no conforto de
nossas casas com ar condicionado e comendo comida decente
enquanto os nossos rapazes ainda estão no deserto quente-como-
inferno comendo marmita."
Madison olha para mim, esperando.
"OK", ela diz. “Essa parte eu entendo. Eu sei que se não fosse
algo terrível, você não estaria aqui. Estou pronta para ouvi-lo. Eu
não vou julgá-lo."
Fiquei olhando para ela no escuro. "Eu preciso que você saiba
que aquele foi o pior dia da minha vida. Não posso dizer-lhe tudo,
mas quero que você saiba com o que você está lidando, tudo bem?"
Ela olha para mim solenemente, assentindo.
Aspiro, depois expiro. Minha respiração parece irregular no
silêncio da noite, mas ignoro. Em vez disso, me concentro nas
palavras que estou dizendo, focando em cada uma separadamente
para que possa passar todos os detalhes.
"É difícil saber por onde começar. O Afeganistão foi
brutalmente foda. Acho que posso começar com isso. Quente, suado,
fedorento. Em todos os lugares que fomos tivemos que ficar de
guarda. As pessoas nos odiavam, mas fingiam que não. A
responsabilidade era muito grande. Mas isso eu podia aguentar.
Para sempre, se fosse necessário, porque essa era a vida que eu
escolhi. Era o que eu queria. Mas uma noite aconteceu algo que me
quebrou. Me quebrou completamente Madison."
Faço uma pausa, colocando meus pensamentos em ordem,
organizando-os antes de continuar. Não posso nem olhar para o
rosto de Madison. Eu não quero ver o que ela está pensando.
"Uma noite estava malditamente quente e escura, e Brand e eu
estávamos fazendo patrulha fora de Cabul com o nosso amigo Mad
Dog. Nós estávamos liderando um comboio de quatro Humvees.
Dirigindo-nos a um ponto que iríamos nos separar em quatro
direções. Logo depois que nos separamos, uma bomba explodiu.
Nossa Humvee explodiu em milhões de pedaços e explodiu Mad Dog
também."
Madison prendeu a respiração, esperando silenciosamente por
mais. Engulo o ar.
"Ele era um bom rapaz, Maddy. Um cara bom de verdade. Ele
tinha uma esposa e um bebê o esperando em casa. Ele tinha esse
apelido por beber demais Mad Dog 20 e ele nunca perdia no poker.
Nunca. Ele era um bom amigo. Fui o responsável por tomar a
decisão que lhe explodiu em um milhão de pedaços de merda."
Fico olhando para a água agora, enquanto faço uma pausa para
me recompor. Porque tudo que passa na minha cabeça agora é a
lembrança de seus intestinos empilhados do lado de fora do seu
corpo em uma poça de sangue que parecia preto no meio da noite.
Tudo que passa na minha cabeça agora é demais, todo o resto.
Tudo que não posso contar para Madison. O resto da história.
Maddy inspira, então expira. Posso ver que o que eu contei a
ela foi suficiente.
"Eu sinto muito, Gabriel. Oh, meu Deus. É tão horrível. Eu não
sei o que dizer. Eu sinto muito. No entanto, você não pode se culpar
por isso. De nenhuma maneira isso foi culpa sua."
Olho para ela, seu lindo rosto está marcado, impregnado de
horror.
"É isso mesmo. Cometi um erro. Foi isso que aconteceu
naquela noite. E quando voltei para casa, fui ao funeral de Mad Dog.
Quando tentei entregar a bandeira que cobria seu caixão à esposa
20
Tipo de bebida alcoólica.
dele, ela me olhou nos olhos e disse: ‘Deveria ter sido você.’ Porque
deveria ter sido eu. Ela sabia a verdade."
Ela sabia de todas as coisas que eu não posso dizer a Maddy.
Ela sabia o que realmente aconteceu. Ela leu o relatório do
exército, o preto-no-branco. As palavras que provavelmente
poderiam explicar o incidente.
Um calor passa pela minha garganta, ameaçando fechá-la. Eu
engulo. Então, engulo de novo enquanto tento relaxar e respirar.
Apenas respire, filho da puta.
Maddy envolve seus braços em volta dos meus ombros e me
abraça apertado, sua respiração suave no meu pescoço.
"Você não pode acreditar nisso" ela me diz baixinho com os
lábios roçando meu ouvido. "Você não pode acreditar nisso. Você é
forte e bom, Gabriel. Foi um acidente horrível. Você não foi o
culpado."
Olho para ela de novo, um nó na garganta.
"Eu causei o acidente", digo a ela. "Você não precisa saber
como. O que você precisa saber, no entanto, é que eu voltei para casa
todo fodido. O passado não ficou no passado, Maddy. Voltei para
casa com estresse pós-traumático e ainda não consegui me
recuperar. Não sou mais normal. E não acho que você deva ficar com
alguém como eu."
Maddy olhou para mim com os olhos brilhando de lágrimas
não derramadas, cheia de compaixão por mim. Deveria odiar isso,
mas eu estou tão feliz por não ver julgamento nos seus olhos que não
faço. Estou feliz pra caralho por ver que ela não pensa que eu sou
fraco. Ou patético. Ou todas as outras coisas que passam na minha
própria mente.
"Não, você não é normal", ela me diz com firmeza. "Você é
bom, forte e corajoso. Você coloca sua vida em risco todos os dias
por pessoas como eu, para que possamos dormir com segurança à
noite. Você fez coisas inimagináveis, Gabe. Por pessoas como eu.
Confie em mim, eu quero estar com alguém como você", ela me diz.
"Portanto, nem sequer tente terminar comigo."
Então, seus olhos se arregalam.
"Naquela noite em Chicago. Você estava tendo flashbacks, não
é?"
Concordei com a cabeça, sem olhar para ela. "Isso acontece em
momentos aleatórios. Não tenho como controlar isso. Essa é a parte
mais fodida. Essa é a minha fraqueza."
Maddy olhou para mim. "E você não pode ter uma fraqueza?
Até mesmo Aquiles teve uma fraqueza que era seu calcanhar."
Reviro os olhos. "Eu me lembro. Aquiles morreu por causa de
seu calcanhar."
"É verdade", ela reconhece. "Gabe, você não é fraco. Eu sinto
muito que isso tenha acontecido com você. Você não merecia isso. E
eu odeio que você pense que tem que esconder isso. Não há nada do
que se envergonhar. Ouvi dizer que muitos soldados voltam para
casa com estresse pós-traumático. Mesmo os melhores e os mais
fortes como você."
Só balancei minha cabeça. Não há nada que eu posso dizer
para fazê-la entender como me sinto castrado. Que é uma merda ter
uma fraqueza como esta.
"Como você está fazendo isso?" Ela pergunta hesitante. "Qual
tratamento?"
Balancei minha cabeça novamente. "Eu recusei tratamento
quando voltei para casa. Quer dizer, vi um psiquiatra algumas vezes,
mas não fiz o extenso programa que Brand se inscreveu. É chamado
CPT. Que significa terapia de processo cognitivo ou algo parecido.
Brand me falou que é muito intenso, mas que ainda deveria repensar
sobre fazê-lo. Eu disse de jeito nenhum. Vou lidar com isso sozinho."
"E como você vai fazer isso?" Maddy pergunta de forma
duvidosa.
"Ainda não sei" eu admito. "Mas qualquer coisa é melhor que
CPT."
"Quanto tempo demora o CPT?" Maddy pergunta com
curiosidade. "Você ainda pode fazê-lo?"
"Eu poderia", respondo com cuidado. "Mas eu não quero.
Supostamente é uma semana de puro inferno. Já estive por tempo
suficiente no inferno."
"OK", responde Maddy incerta. "Mas você se lembra do que me
disse ontem? Você disse que enquanto eu tivesse medo de lidar com
meus demônios, enquanto não os encarasse, não me desligaria do
meu passado. Aquelas foram sábias palavras, Gabe. E acho que elas
podem aplicar-se à você também."
Eu balancei minha cabeça. "Seu passado é diferente do meu,
Maddy. Pessoas morreram por minha causa. Não é a mesma coisa."
Ela olha para mim com ar de dúvida, mas não fala nada.
"Tenho certeza que você sabe o que está fazendo."
Eu não.
Mas eu não disse isso.
Em vez disso, olho para ela novamente. "Você acha que eu sou
um idiota louco agora?"
Ela olha para mim como se eu realmente estivesse louco.
"Gabe, eu vi você ficar louco em Chicago. Confie em mim, a
minha imaginação não é muito pior que a realidade. Como você não
disse nada sobre isso, eu pensei que você fosse realmente louco. Mas
você não é."
Eu me levantei e segurei sua mão para ajudá-la. "Você me
odeia agora?"
"Por quê?" Ela está incrédula. "Por fazer seu trabalho? Por
voltar para casa arrasado? Por perder seu amigo? Hum, não. Eu
respeito você ainda mais por tudo que você está passando."
"Talvez a única louca aqui seja você", murmuro enquanto
caminhamos pelo cais.
"Não podemos descartar essa possibilidade", ela concorda. Eu
rio, um som baixo durante a noite, antes de acompanhá-la ao seu
carro. "Vamos para casa", ela sugere. "Fique comigo hoje à noite."
Tenso respondo, por puro hábito. "Acho que não", digo a ela.
"Eu não acho que deveria."
"Mas eu sei o que esperar, certo?" Ela responde. "Pesadelos?
Confie em mim, eu já vi isso. Isso eu vi na primeira noite e vi ontem
à noite também. Você me acordou no sofá. Não é nada tão grande
que não possa lidar."
Imagino aquela menina em Cabul. O sangue escorrendo no seu
rosto. Ela não pensaria dessa forma, tenho certeza. Mas isso foi há
quase um ano.
Certamente eu percorri um longo caminho desde então.
Certamente.
Finalmente concordo. "Tudo bem. Eu te encontro na sua casa."
Maddy sorri maravilhosamente. "Perfeito. Vejo você lá."
Entro no meu carro e fico lá por um segundo. Não posso
acreditar que fiz isso. Posso não ter lhe contado tudo, mas disse a ela
algumas coisas e ela não correu.
Lentamente inspiro, depois expiro.
É realmente possível que tudo fique ok?
Será possível que, como Maddy, eu possa enfrentar o que
aconteceu e seguir em frente com minha vida?
Parece demais para se esperar.
No entanto, isso é exatamente o que estou fazendo.
Ter esperança.
Ligo meu carro e sigo as luzes traseiras do carro de Madison
até a casa dela. No escuro eles até parecem brilhantes olhos
vermelhos me observando.
A coisa ruim te pegou.
Foda-se a coisa ruim.
Capítulo Quinze
Madison
Gabriel
Madison
Gabriel
21
Ele tem o vicio de apertar a barriga.
"Vamos. Vamos", ela exige novamente. "Se você me soltar, eu
vou ouvir".
Imediatamente a solto, ela ainda está imóvel na minha frente.
"Viu?", pergunto. "Prometo a você. Não vou machucá-la. Eu só
quero explicar. Deus, por favor, Maddy."
Seus olhos estão firmes, mas eles suavizaram um pouco
enquanto eu falo.
"Que diabos foi isso?" Ela exige. "Diga-me agora."
"Maddy". Mas minha voz falha e eu tenho que tentar
novamente. "Maddy, isso foi... É a parte que eu não te contei. Essa
foi a coisa ruim. Ela me pegou e não importa o quanto eu tento ficar
longe dela, eu não posso. Nunca vou conseguir fugir longe, porque
eu sou a única coisa ruim agora."
Estou tagarelando, sem sentido. Mas eu não sei como corrigir
isso, porque tudo que eu quero é que ela ouça-me. Para saber o que
eu sou. O rosto de Maddy estremece. Ela fecha os olhos e em
seguida, os abrem. "A única coisa ruim?"
Incrédulo, duvidoso. Eu tento respirar quando eu aceno.
"No Afeganistão, uma mulher...” Depois, ela me disse que a
coisa ruim é que me pegou. Mas ela estava errada. “Sou a coisa ruim,
Maddy. E eu não deveria estar em qualquer lugar perto de você”. Eu
tento dizer. “E agora você sabe. Eu te machuquei. Jesus Cristo, eu
não quis te machucar. É por isso que eu não queria dormir com você.
Isso acontece quando eu durmo... Os terrores noturnos. Eles são tão
reais e eu não sou eu mesmo. Não sou eu mesmo."
Fecho meus olhos, odiando o vermelho ardente por trás de
minhas pálpebras, odiando a pressão da minha garganta, do meu
coração. Odiando que eu não posso respirar. Odiando essa porra de
fraqueza. Odiando-me.
Mas as mãos frias de Maddy estão em mim agora. Ela as aperta
quando seus dedos roçam meu rosto, acariciando minha testa. Ela
abaixa a cabeça e sussurra no meu cabelo.
“Está tudo bem, Gabe. Entendo. Você não quis me machucar.
Eu vejo isso agora." Eu sei, ela está com medo. Eu posso vê-lo na
forma de como seu corpo está tremendo. O modo como seus olhos
estão encobertos, defendendo-se, do jeito que ela sempre tão
ligeiramente esquiva-se para longe de mim, como se estivesse pronta
para fugir a qualquer momento, se necessário.
Mas mesmo assim, apesar de seu medo, ela está aqui.
Confortando-me.
"Você está bem", ela diz de novo, e eu não estou
completamente certo se ela está tranquilizando a mim ou si mesma.
"Mas você não está", digo a ela em angústia, olhando as marcas
roxas em seu pescoço.
Elas estão na forma perfeita de minhas mãos.
"Jesus Cristo."
Minha cabeça cai em minhas mãos.
"Agora você vê?" Pergunto-lhe. Minha garganta está tão seca
que é difícil falar. "Você vê? É por isso que você não pode dormir
comigo. É por isso que você não deve estar comigo."
Ela levanta minha cabeça e puxa-me, segurando. Agora estou
praticamente deitado em seu colo. Sua respiração é rápida, a minha
está irregular. Tentamos nos acalmar enquanto nós dois tentamos
processar.
"Diga-me o que aconteceu", ela diz sem rodeios. "Diga-me o
resto. Por favor. Estou tentando ficar calma aqui, mas eu estou em
uma espécie de pânico. Preciso entender."
Um flash do rosto da garotinha aparece na minha mente, os
olhos escuros e aterrorizados. Todos os corpos, todo o sangue, o
cheiro da carne queimada. A fumaça.
Cristo.
Fecho meus olhos e aperto-os, mas tudo ainda está lá. Ela
ainda está me assombrando e eu sei que sempre vai.
Abro os olhos e olho para Maddy. Ela aguarda com
expectativa, uma mão contra a garganta. Respiro. "Na noite em que
o nosso Hummer explodiu", começo bruscamente, "estava tão
empoeirado, empoeirado pra caralho. Nós mal podíamos ver com as
mãos a frente dos nossos rostos e a escuridão não ajudava em nada.
Estava conversando com Brand, de olho no horizonte, quando um
movimento chamou minha atenção. Algo fez o cabelo na parte de
trás do meu pescoço se levantar. Eu sabia que era algo ruim. E foi.”
Faço uma pausa por um segundo e há um silêncio profundo
entre nós.
"O que foi?" Maddy sussurra seu rosto pálido, hesitante. Ela
não quer saber, mas ainda que ela não queira, ela precisa saber e eu
tenho que dizer a ela. Ela merece mais.
Gostaria de fechar e apertar meus olhos, querendo nada mais
do que bloquear minha memória e colocá-la pra fora, mas é claro
que eu não consigo.
"Era uma menina. Ela estava saindo das sombras. Eu tinha que
me concentrar para ver seu rosto e quando eu fiz, eu vi como ela
estava apavorada. E então eu vi o porquê. Ela tinha uma bomba
amarrada ao seu peito."
Maddy suspira. Então, congela as mãos fixadas em sua
garganta enquanto ela espera eu continuar.
"Se ela detonasse a bomba Maddy, eu sabia que tudo iria nos
separar. Eu sabia disso, mas de qualquer maneira eu hesitei. Eu não
queria matar a criança.”
Faço uma pausa e engulo em seco.
Posso ouvir a minha língua movendo-se contra o lado dos
meus dentes porque minha boca está tão seca.
“Eu a vi por um segundo. Apenas um segundo, esperando para
ver o que ela faria. Fiquei paralisado, Maddy. Cada parte do meu
treinamento foi interrompido em minha mente, porque ela era
apenas uma criança do caralho. Vi seus dedinhos segurando o
detonador. Eu os vi tremer. E eu sabia que ela não queria apertar o
botão.”
"O que você fez?" Maddy pergunta hesitante, embora eu possa
ver nos olhos dela que ela já sabe.
Engulo. As lembranças me queimando.
"Eu assisti através da visão no meu rifle. Eu gritei para ela
parar. E ela olhou para mim. Seus olhos estavam me pedindo.
Implorando. Negro como a noite e cheia de medo. Terror. E eu sabia,
naquele segundo, que ela tinha mais medo de quem armou a bomba
ao seu peito do que o medo de morrer. Eu sabia que ela estava indo
para detoná-la. Seu dedo se contraiu e eu puxei o gatilho."
Fecho meus olhos, tentando não visualizar minhas memórias,
tentando não lembrar do cheiro horrível no ar naquela noite. O
sangue.
"Tudo explodiu. Tudo. Não podia ver. Não podia sentir. Não
conseguia pensar. Eu rastejei através da fumaça e da poeira. Quando
encontrei Mad Dog, ele estava morto. Suas pernas estavam
espalhadas e suas vísceras estavam todas depositadas no chão ao
lado dele. Havia muito sangue lá. Eu podia sentir isso na minha
boca. Ainda posso sentir o gosto na minha boca. Cada noite, mais e
mais."
"A garota?" Sussurra Maddy.
"A menina... Ela estava em pedaços. Encontrei a cabeça. O
olhar em seus olhos não sai da minha mente. Seus olhos ainda
estavam me implorando para ajudá-la e eu não podia. Eu nunca vou
conseguir ficar longe dela."
Madison para de respirar enquanto ela olha para mim com
horror. "Oh meu Deus. Gabe. Por que você não me contou sobre
isso? Isso é... Eu... É horrível. Deus."
Fecho meus olhos novamente. Quando eu vejo o rosto da
menina de novo, congelado nesse momento. Pele escura, olhos
negros e grandes, com medo de eu atirar nela. Certamente, antes de
tudo explodir. Pouco antes, tudo se congelou, mantendo-me lá pra
sempre com ela.
Foda-se.
Maddy ainda olha horrorizada, mas seus dedos estão se
movendo novamente, acariciando-me, me acalmando, apesar de seu
horror.
"Você não a matou, Gabe. Quem amarrou a bomba ao seu peito
sim. Não você. Você fez a única coisa que podia."
"Você não viu o rosto dela," eu digo asperamente. "Mas eu vi.
Um pouco antes de ela explodir, ela olhou para mim e tudo
congelou. Havia apenas ela e eu. Estávamos ligados através da lente
do meu rifle. Ela precisava da minha ajuda, mas em vez disso, eu
atirei. Eu vou vê-la todas as noites até eu morrer. Eu não posso
esquecer o seu rosto."
Minha voz se quebra e os dedos de Maddy vagueiam pelo meu
rosto, no meu pescoço, nas minhas costas. Sua voz espalha sussurros
partidos, palavras vazias, porque ela não pode me reparar e ela sabe
disso. Não há nada que ela possa dizer e reparar. Eu sou a coisa
ruim. E agora ela sabe disso.
"Gabe, isso não foi culpa sua. Não foi sua falha." Ela diz mais e
mais e mais. "Gabe... Deus".
"Deus não tem nada a ver com isso", eu digo a ela, cansado.
"Confie em mim. Ele virou as costas para essa merda há muito
tempo. E eu não lhe disse tudo ainda."
Madison congela, aflita, parando seus dedos, o movimento nas
minhas costas. Sua respiração persistente em seus lábios,
horrorizada. "Você não terminou?"
Balancei minha cabeça. "Não. Eu não disse a você a pior
parte."
Maddy fecha os olhos. "A menina era uma distração. Eles
bombardearam nosso Hummer para nos distrair e não ver o que eles
realmente queriam. Eles queriam que a víssemos, mas não
chegássemos lá em tempo suficiente para pará-la."
Fecho meus olhos, tentando não ver tudo de novo. Todos os
pequenos corpos, todos os corpos de mães sobre seus filhos jogados,
todo o sangue. Tanta morte. Engulo. Então, engulo novamente,
provando mais uma vez todo aquele horror.
"Os rebeldes talibãs queriam intimidar uma aldeia próxima
para que apoiassem a sua rebelião. Quando nada mais funcionava,
reuniam as mulheres e crianças e os matavam na frente dos homens
da aldeia. Eles poupavam os meninos... Então, poderiam
transformá-los em rebeldes. Todo o resto foi queimado."
O quarto está tão silencioso como um túmulo. O único ruído
são as respirações duras de Maddy. Seus olhos estão arregalados, as
mãos segurando tão forte as pernas, que os nós dos dedos estão
brancos.
"Gabe", diz ela sem força, mas o que ela ia dizer morre em seus
lábios. Olho em seus olhos.
"Eu deveria ter feito o meu trabalho e atirar na pequena
menina, Maddy. Eu não deveria ter hesitado. Mas, porque eu fiz,
centenas de meninas e mulheres morreram naquela noite. Quando a
bomba explodiu, ele sinalizou para os rebeldes que estavam perto de
que era hora de abater aquelas pessoas. Deixar a bomba explodir
deu-lhes tempo para fazê-lo antes de chegarmos a elas. Se eu tivesse
dado um tiro na menina, ela teria parado a bomba... Parado o
abate... Parado tudo".
Minha voz pausa e a minha cabeça cai em minhas mãos. Meus
olhos estão queimando tanto que eu não posso mantê-los mais
aberto.
"Eles queimaram elas, Maddy. Eles queimaram os corpos. Eles
queimaram os que não estavam mortos ainda. Eu provei seus corpos
no ar. Eu nunca vou esquecer esse gosto. Ou o cheiro, ou os sons das
lamentações dos pais. Nunca ouvi homens gritando daquele jeito.
Foi brutal... Sádico e desumano. E foi minha culpa."
Mantenho meus olhos bem fechados contra as memórias
terríveis. Os pontos turísticos, os cheiros, a paisagem. As pequenas
mãos manchadas de sangue. A carne queimada. Os olhos sem vida.
Os horríveis gritos.
"Nunca ouvi os homens gritando daquele jeito". Eu repito
fracamente. Mesmo agora, eu luto contra a vontade de vomitar, meu
estômago agitado rebelando-se contra mim.
Maddy enterra o rosto no meu ombro, acariciando minhas
costas.
"Não foi culpa sua", ela diz finalmente, suavemente. "Você não
tinha como saber o que estava acontecendo, Gabe."
Eu olho dolorosamente para ela. "Quando você me perguntou
se havia alguma maneira de ter ficado no Exército... É por isso que
eu não podia. Você pode ver agora, certo? Estou seriamente fodido.
Não posso confiar em mim mesmo."
Os olhos de Maddy estão cheios de dor, quando ela olha para
mim impotente. "É claro que você pode, Gabe. Eu confio em você."
Ela está tão focada sobre tudo o que eu disse a ela, que ela
sente-se arrependida por mim. Então, se esquece do que eu acabei
de fazer com ela. Aproximo e toco o hematoma se formando através
de sua garganta. Ela se afasta. Em seguida, se força a permanecer
imóvel.
"Eu sou um monstro, Maddy," simplesmente digo a ela. "E não
importa o que eu quero ser. Eu sou e isso é o suficiente."
"Não diga isso", ela me agarra. "Você não é. Você não é."
Então, por que você não pode me olhar nos olhos?
Suspiro. "Tudo o que eu sou, eu sou um soldado Maddy. Estou
treinado para matar. E no meu sono, quando eu revivo aquela noite
mais e mais, eu sou como um maldito trem desgovernado. Parece
tão real para mim, real pra caralho. Não podemos saber o que eu vou
fazer quando eu acho que estou em uma situação de vida ou morte."
É por isso que você não deve estar comigo. Ela balança a
cabeça, ainda sem olhar para mim.
"Você pode ter sido treinado para matar, mas você também foi
treinado para proteger. Você é um protetor, Gabe. Você estava
protegendo Mad Dog e Brand e os outros três jipes. Você estava
protegendo aquela menina quando você não queria matá-la. Você
não vai me machucar."
"Eu já fiz", insisto, olhando para o hematoma em seu pescoço.
"E nós não temos nenhuma maneira de saber se eu vou fazer isso de
novo, Madison."
Minha voz está angustiada, áspera e cheia de dor.
"Você não vai", ela diz com firmeza, finalmente olhando em
meus olhos. O medo ainda está lá, embora ela esteja tentando
ignorá-lo. Porque eu lhe ensinei que o medo é uma escolha.
Foda-se.
"Nós não podemos saber isso", digo a ela lentamente. Isso é o
que eu digo. Você precisa ficar longe de mim. Isso é o que eu penso.
"Eu sei", ela insiste. A voz inflexível, mas suave e com medo.
Eu tenho que admirar sua lealdade, mesmo se foi atirada em mim.
De repente, estou tão cansado, muito cansado. Cansado do
carregando desse peso. Cansado de se preocupar com o que sou ou o
que eu poderia ter feito. Eu já feri Maddy e essa é a pior coisa
possível. A única coisa que posso fazer agora é ter a certeza que eu
nunca vou fazê-lo novamente.
A determinação me faz me sentir bem. Dá-me algo para se
concentrar.
"Vamos conversar sobre isso na parte da manhã", sugiro,
odiando o modo como essas palavras saíram da minha boca. Eu
odeio mentiras.
"Quero que você descanse. Isso é uma responsabilidade muito
grande e eu sei que a sua obrigação faz sua garganta doer."
Eu a puxo para perto, levantando-a em meus braços e
segurando-a no meu colo. Ela é macia, bonita e confiante, mesmo
quando ela está com medo.
"Você não vai ficar, não é?" Ela murmura. "Você vai sair muito
cedo quando estiver dormindo. Você nunca vai ficar toda a noite de
novo."
Ela parece triste com isso, mesmo que eu poderia
simplesmente tê-la matado.
"Maddy, não se preocupe com isso agora. Apenas durma, dê a
sua garganta um descanso. Não se preocupe. Eu não vou te
machucar novamente."
A culpa por algo que eu não estou dizendo pesa tão fortemente
no meu peito, que eu mal posso respirar. Não vou te machucar,
porque eu estou saindo meu anjo loiro e não vou voltar.
"Não estou preocupada" Madison responde calmamente com a
mão no meu peito. "Não estou preocupada que você vai me
machucar, Gabe."
Mas ela está. Eu sei que ela está. O medo pode ser uma
escolha, mas ela deve me temer. Sou a coisa mais perigosa do mundo
para ela. Se ela não vai reconhecer, então eu vou ter que fazer isso
por ela.
Você é um protetor, Gabe.
Ela está certa. Eu sou. E mesmo que ela não vai compreender-
me, mesmo que ela provavelmente nunca me perdoe, eu vou
protegê-la agora.
Madison leva uma eternidade para cair no sono esta noite, mas
eu não me importo. Eu a abraço e seguro ela em meu colo por horas,
muito tempo depois que ela adormeceu. Eu observo-a, a maneira
como ela se vira para mim instintivamente, o modo como seu corpo
molda-se com o meu, a maneira suave que ela respira durante a
noite.
Minha garganta está quente e apertada quando eu finalmente a
coloco em cima da cama e acomodo-a nos frios lençóis. Em seu sono
Madison está aberta e confiante, sem medo. É a maneira que ela
deve sempre estar. Mas é o jeito que ela nunca será capaz ficar
comigo. Porque eu sou a coisa mais assustadora de todas, a coisa
ruim. E ela sempre terá razão para me temer.
Mas não, se eu não estiver aqui. Eu fico em cima dela, olhando
para baixo, incapaz de engolir o nó que se formou na minha
garganta. Inclinando-se, eu beijo sua testa.
"Eu te amo", eu sussurro.
Com passos largos e determinados, eu caminho do seu quarto.
Não olho para trás.
Capítulo Dezenove
Madison
Um simples bom dia estaria bom. Não vou dar uma palestra
para ele por mensagem de texto. Nós podemos falar sobre como
obter ajuda mais tarde. Hoje à noite, depois do trabalho.
Ajeito meu cachecol mais uma vez. Em seguida, dirijo-me ao
Hill.
Tony já está aqui e paro para falar com ele antes de voltar para
o meu escritório. Ele cobriu um monte das minhas folgas esta
semana e devo-lhe um enorme agradecimento. E talvez um cartão de
presente ou algo assim.
"Que seja Madison." Ele acena enquanto tento agradecer-lhe.
"Só estou fazendo o meu trabalho. Vou te ajudar em tudo o que você
precisar."
Ele volta para estocar o bar e eu volto para o meu escritório.
Parece que há uma papelada interminável neste negócio.
Verifico meu telefone só para não encontrar nenhuma resposta
do Gabe. Ele ainda deve estar dormindo, o que não me surpreende.
Ele ficou acordado, provavelmente, a noite toda.
Deixo o meu telefone de lado e me enterro no trabalho. Eu não
saio por uma hora, quando a minha pequena bexiga reclama que
preciso ir ao banheiro. Antes de sair do meu escritório verifico meu
telefone de novo, mas ainda não há mensagem de Gabe.
Inferno. Realmente preciso saber que ele está bem hoje. A
noite passada foi tão intensa. Preciso ouvir dele. E realmente quero
vê-lo.
Decido ir ao banheiro e, em seguida, até sua casa. Isso é algo
que merece uma conversa calma na luz do dia. Precisamos decidir o
que fazer e a melhor forma de obter ajuda.
Temos que fazer isso para que possamos seguir em frente.
Estou surpresa de encontrar com Jacey no banheiro, porque
não tinha percebido que ela já estava aqui. Nós olhamos uma para a
outra sem jeito por um minuto.
Sei que sou a que está tornando isso estranho. Realmente não
vim a público e não contei a ela que Gabe e eu estamos juntos. E é
estúpido. Preciso abordá-la, então depois de lavar as minhas mãos,
me dirijo a ela.
"Então, seu irmão e eu temos nos visto," digo a ela, hesitante.
Ela olha para mim.
"Eu sei", ela responde com cuidado. "Eu realmente sinto
muito, Maddy. Você está bem?"
Estou completamente confusa enquanto olho para o seu rosto
solene e simpático. Gabe disse a ela sobre a noite passada? Eu mal
posso acreditar.
"Hum, sim," finalmente respondo, meus dedos vibrando
inconscientemente até minha garganta. "Estou bem. Foi um
acidente. Ele estava dormindo. Ele não tinha a intenção de fazê-lo.
Ele se sente terrível, por isso não vamos falar sobre isso, certo? E
definitivamente não quero que Tony fique sabendo."
Jacey me olha fixamente. "Você não quer que o Tony saiba? Do
que diabos você está falando, Madison? Gabe não quis fazer o quê?"
Seus olhos congelam no meu pescoço, o que me permite ver
que o meu cachecol caiu. Seus olhos se arregalaram e ela agarra meu
braço.
"Puta merda. O meu irmão fez isso?"
Encaro-a entorpecida, completamente confusa.
"Se você não sabia, então do que você estava falando? Em
relação ao que você sente muito, Jacey?"
Ela congela e olhamos uma para a outra, o ar entre nós é
preenchido com eletricidade.
"Parece que temos um mal entendido aqui", indico lentamente,
enquanto apreensão se constrói em meu peito. "Pelo que você sente
muito, Jacey?"
"Bem... Agora eu sinto muito por duas coisas", ela gagueja.
"Sinto muito que meu irmão tenha te machucado. Puta merda, sinto
muito. Não posso... Ele nunca... Não entendo."
Olho para ela calmamente, ansiedade fazendo com que meus
dedos comecem a tremer.
"A segunda coisa, Jacey." A retiro de seu torpor, morrendo de
medo de ouvir a sua resposta. "Qual é a segunda coisa?"
Jacey me olha e pisca, como se ela estivesse tentando piscar
para longe desta situação. É mau. É muito ruim. Posso ver isso em
seus olhos e não quero saber.
Não quero saber.
Mas ela me diz de qualquer maneira.
"Gabriel partiu", Jacey simplesmente diz, hesitante. "Ele partiu
esta manhã."
Fico olhando para Jacey, balançando a cabeça em descrença.
"Não, ele não fez isso", argumento entorpecida. "Ele não faria
isso. Ele estava comigo na noite passada. E ele me contou tudo o que
aconteceu com ele. Ele não iria partir agora."
Coloco os dedos sobre o meu hematoma.
Não se preocupe. Não vou te machucar novamente.
Suas palavras de ontem à noite ecoam na minha cabeça. Esta é
a maneira que ele não vai me machucar de novo... Deixando-me.
"Foda-se", digo molemente. Quero me desmontar no chão,
para fazer com que meus joelhos parem de tremer, mas não faço. Em
vez disso, caminho de volta para o meu escritório e fecho a porta,
ignorando as perguntas de Jacey e seus apelos para conversar.
"Preciso ficar sozinha", digo a ela através da porta, antes de
entrar em colapso em minha cadeira e colocar minha cabeça em
meus braços.
Sinto-me completamente vazia, completamente em choque.
Não vi isso chegando. Realmente não vi.
Minhas entranhas estão vazias, cavernosas e pretas. Um vazio.
Meu coração é um vazio. Tenho um coração, afinal? Isto foi mesmo
real? Nada disso foi real? Tenho uma ideia de que talvez atordoada
eu tenha caído no buraco do coelho naquela primeira noite no clube
depois de tudo. Talvez... Talvez... Talvez... Eu deveria me recompor.
Abro os olhos e olho para a parede, minha bochecha
pressionada com firmeza na madeira fria da minha mesa.
Tudo isso é real.
Gabriel se foi.
Estou aqui.
E de repente, percebo que estava com medo das coisas erradas
o tempo todo.
Em vez de me preocupar que Gabriel era um valentão, violento
ou tinha um temperamento ruim como o meu pai, eu deveria ter
ficado com medo da única coisa que ele poderia fazer para me
machucar ainda mais.
Para a única coisa que me machucaria mais.
Deveria ter ficado com medo de perdê-lo.
Levanto minha cabeça e enxugo as lágrimas que desceram pelo
meu rosto e para os meus braços. Pego meu celular e tento ligar para
ele. Vai direto para o correio de voz. Desligo.
Fico olhando para a parede, lutando contra a vontade de jogar
meu telefone contra ela.
Em vez disso, olho para a tela pouco antes de começar a
escrever uma mensagem para ele.
** Você não pode me fazer amar você e então partir. **
Envio a mensagem, enquanto percebo que é exatamente o que
ele fez. Ele me fez amá-lo e, em seguida, ele me deixou.
Ele. Apenas. Partiu.
Como se nada disso tivesse acontecido. Como se nada disso
importasse.
Como se eu fosse nada.
Adicionei uma segunda mensagem.
****************************************************************
Gabriel
** Foda-se, Gabe.**
****************************************************************
Madison
“Cara Madison,
Desculpe. Eu sei que você acha que sou um idiota e acho que
provavelmente sou, ainda mais do que você imagina. Não falar
com você está me matando e eu tenho certeza de que você
provavelmente não quer ouvir falar de mim agora.
Mas eu queria que soubesse que você estava certa. Não era justo da
minha parte esperar que você enfrentasse seus demônios, quando
eu não estava disposto a enfrentar os meus.
Então, só queria que você soubesse que estou enfrentando eles
agora.
Espero que esteja tudo bem e que sua garganta esteja curada. Você
não tem ideia de como me mata ter feito o que eu fiz com você.
Não sei mais o que dizer, exceto que eu realmente sinto muito,
Maddy.
Realmente sinto.
Gabe”
Minha respiração ficou presa na minha garganta enquanto eu
olho para a tela, para as palavras que Gabe escreveu. Assinou
simplesmente com seu nome.
Nada de "com amor, Gabe." Na verdade ele não menciona
amor em qualquer lugar.
Também não menciona o fato de ter me deixado sem um
adeus, sem uma explicação... Sem nada. Ele poderia ter me
telefonado, ter me enviado uma mensagem. Ou pelo menos ter me
enviado um e-mail de cortesia. Mesmo um e-mail de rompimento do
caralho teria sido melhor do que nada.
Mas, mesmo agora ele não me dá nenhuma explicação.
Apenas um monte de Eu sinto muito.
Sim, bem, eu também sinto muito.
Sinto muito por estar apaixonada por alguém que não me ama.
Capítulo Vinte e Dois
Gabriel
****************************************************************
Enquanto me sento em uma cadeira dobrável de metal em um
círculo de soldados com transtorno pós-traumático, percebo que isto
é definitivamente o inferno. Todo mundo está desconfortável
enquanto sentam-se no círculo. As pessoas tentam não olhar uma
para as outras. É tenso, embaraçoso e eu imediatamente odeio isso.
A terapeuta fica no meio, sentada em um banquinho alto,
olhando suas anotações. Então, ela finalmente fala. "Temos dois
novos soldados com a gente hoje", olhando para mim. "Um deles
está aqui para a sessão desta noite. Tenente Vincent Gabriel. Bem-
vindo ao Grupo. Não sei quais são suas expectativas, mas eu tenho
certeza de que não é nada como você pensa. Você tem total liberdade
para ser completamente honesto aqui, sem nenhum medo de
constrangimento ou vergonha. Aqui na segurança desta sala, você
vai perceber que tudo o que aconteceu em combate não foi falha sua.
Com a nossa ajuda, você vai sair daqui um novo homem."
Concordo com a cabeça, sem saber exatamente o que ela
espera que eu faça. Gostaria de saber como ela é capaz de dizer que
nada do que aconteceu em combate foi culpa nossa. Isso é besteira.
Às vezes a culpa é de alguém.
Ela pula fora do seu lugar e me entrega uma prancheta com
alguns papéis anexados.
"Enquanto fazemos nossa sessão de grupo, quero que você
responda essas folhas de trabalho. No final veremos suas respostas."
Sinto como se todos estivessem me olhando antes de iniciar a
sessão. Olho através dos papéis no meu colo. E como se todos
estivessem tentando descobrir algo sobre mim, tento ignorá-los e
passo a responder a papelada o mais rápido que posso.
Leio algumas das perguntas e quero revirar meus olhos. Que
merda é essa?
Por favor, explique o incidente que causou seu estresse e
descreva como esse incidente te fez sentir.
Que porra de pergunta é essa?
Obviamente o incidente que me trouxe aqui me fez sentir como
merda ou eu não estaria aqui em primeiro lugar. Então é isso que eu
escrevo. Foda-se. Não vou mascarar as coisas. Ela me disse para
ficar confortável e ser honesto. Então é isso que vou fazer.
Anoto as respostas para todas as outras perguntas estúpidas,
ouvindo apenas metade do que os outros soldados estão dizendo.
Isto acontece até que uma voz quebra minha concentração. Uma
garota.
Enquanto ela fala, percebo que ela está falando sobre ser
mantida em cativeiro por rebeldes talibãs. Seus olhos encontram os
meus e ela me olha enquanto diz como aconteceu. Ela está vestindo
um uniforme, por isso sei que ela ainda está na ativa. Algo me parece
vagamente familiar sobre ela, mas não sei o que é.
"Eu fiquei presa durante nove dias em um casebre sujo", ela
diz com uma voz baixa nessa grande sala. "Passamos fome,
apanhamos e eu fui estuprada pelo grupo de rebeldes talibãs durante
toda a semana. Queria morrer. Não sei se queria ser resgatada
porque eu não tinha certeza se iria ser forte o suficiente para
sobreviver ao que tinha acontecido. Mas eu não tive escolha. Eu fui
resgatada. O septuagésimo quinto regimento invadiu o cativeiro e
resgataram-nos. Nós três."
O septuagésimo quinto regimento.
Eu.
De repente, percebo por que seus olhos são familiares. Já os vi
antes.
Eu me lembro dela me encarando da mesma forma que anos
atrás. Embora, obviamente, ela estava diferente. Seu rosto estava
sujo e sangrando. Ela estava cansada, esfarrapada e rasgada.
Para ser honesto, não tive muita interação com ela naquele
momento. Certamente não fui eu que a carreguei para fora naquele
dia. Mas foi minha equipe, assim como a equipe de Brand.
Eu me lembro desse dia. Foi um como vários outros. Não era
minha missão resgatar os soldados presos. Estava no batalhão de
frente, quebrando as portas e eliminando os sequestradores,
enquanto vários dos meus homens invadiam os cativeiros e
resgatavam os soldados.
Mas depois que terminamos o ataque e a poeira baixou, a
garota ficou nos observando do outro lado, onde os médicos estavam
prestando os primeiros socorros. A outra prisioneira estava
chorando, enquanto o outro soldado estava com sua cabeça
enterrada em suas mãos ensanguentadas. Mas essa garota não.
Essa garota mantinha a cabeça erguida e nos observava,
enquanto os médicos verificavam seus sinais vitais.
Ela olha para mim agora, com os olhos lúcidos e claros.
"Você se lembra de mim agora?" Ela pergunta baixinho. "Eu
estava com uma enfermeira e um médico quando fomos resgatados
do cativeiro na zona verde de Cabul. Seu regimento foi responsável
pela invasão que nos salvou."
Vários soldados no círculo me olham com um pequeno
interesse enquanto eu aceno secamente.
"Sim," finalmente respondi. "Eu me lembro. Não tem como
esquecer seu rosto, sua cabeça erguida enquanto todos os outros
choravam."
Ela sorri tristemente.
"Foi como mantive minha sanidade" ela responde, sua voz
dolorosamente seca. "Eu repetia para mim mesma que não
importava o que eles fizessem comigo, eles não poderiam tirar meu
orgulho. Eles não poderiam tirar meu direito de ser corajosa ou meu
direito de olhá-los nos olhos enquanto me estupravam. Eles fizeram
seu pior e a única coisa que eu podia fazer era ser o meu melhor.
Portanto, não importava o que eles fizessem comigo, eu os olhava
nos olhos. Eu não queria que eles pensassem que tinham me
quebrado."
Eu a encaro, vendo uma tranquila bravura nos seus olhos. Mas
algo está lá, algo assombroso e triste. Algo que me faz perguntar.
"Eles fizeram? Eles te quebraram?"
Ela está quieta. Na realidade, a sala inteira está quieta.
Caso alguém deixasse cair um alfinete, eu seria capaz de ouvi-
lo. Pergunto-me se a pergunta é inadequada ou rude, porém a
terapeuta não interrompe.
Finalmente a garota balança a cabeça.
"É por isso que estou aqui. Fiz terapia logo depois que
aconteceu, mas não quis ceder e fazer todo o impaciente processo de
terapia. Senti-me fraca, como se a terapia fosse um sinal de fraqueza,
um sinal de que eles ganharam. Mas finalmente percebi que, se
deixasse o estresse pós-traumático controlar o resto da minha vida aí
sim eles teriam ganhado. Isso...” Ela faz uma pausa, apontando para
o amplo círculo ao redor da sala. "Isso é a minha vitória. Isso sou eu
chutando seus traseiros fedidos."
Os outros soldados irrompem em aplausos e estou em silêncio
por um momento, observando o grupo. Todos parecem apoiar e não
há olhar crítico no rosto de ninguém. Percebo que não estou batendo
palmas. Então, me levanto e bato palmas mais forte ainda enquanto
eu olho para os olhos duros da garota.
Quando os aplausos finalmente cessam, eu recuo e sento, a
garota se levanta e atravessa o círculo. Quando ela chega até mim,
ela para na minha frente.
"Nunca tive a chance de agradecer," ela me diz. "Não posso
acreditar que você está aqui... Que de alguma forma Deus colocou
você no meu caminho para que eu pudesse te agradecer pelo que
você fez. Serei eternamente grata, a você e a seus homens que me
tiraram daquele inferno naquele dia. Você salvou a minha vida."
Ela bate continência e me saúda.
Não consigo expressar a emoção que me imunda neste
momento.
Como soldado, fiz meu trabalho e voltei para nosso
acampamento. Não parei para falar com ninguém. Ver essa garota
aqui é um lembrete de que meu trabalho teve um propósito. E não é
qualquer propósito. Enquanto muito do trabalho era feio e
implacável, o restante salvou algumas vidas.
Nós fizemos a vida dessa garota melhor, talvez eu não seja
totalmente inútil.
Bato continência e devolvo a saudação.
A sala explode em aplausos novamente e a reverência
silenciosa é quebrada.
O restante da sessão passa lentamente. Finalmente, chega a
hora da despedida e todos começam a falar entre si. A garota parece
que vai vir falar comigo, mas ela é agarrada por outro soldado na
saída. Assim é melhor. Realmente só quero voltar para o meu quarto
e ir dormir.
Pego um sanduíche de uma das máquinas de venda automática
e volto ao meu quarto, segurando meu pão seco com peru.
Caio na cama e olho para o teto por um tempo até que eu
decido estar sendo patético, ficando aqui sem fazer nada. Ao invés de
deixar as paredes se aproximarem de mim, eu coloco um short, faço
flexões e abdominais simplesmente para me livrar da energia
sobressalente. Depois de ter feito quinhentos de cada, eu ainda estou
inquieto.
Olho para meu laptop, lutando contra meus impulsos de ligá-lo
e mandar um e-mail para Madison.
Foda-se. Ela pode não querer falar comigo, mas eu com certeza
quero falar com ela.
“Cara Maddy,
Tenho certeza de que você não quer ouvir isso, porém estou
com saudades.
Com amor,
Gabe”
Capítulo Vinte e Três
Madison
Gabriel
Madison
****************************************************************
Gabriel
“Querida Maddy,
Madison
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Gabriel
Madison
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22
É uma batida de carro que não causa danos muitos sérios.
Gabriel
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“Eu gostaria muito que você pudesse ter evitado o incidente.
Mas eu estou ouvindo uma reviravolta definitiva na maneira que
você está falando sobre isso, Gabe. Em vez de dizer: ‘Eu devia ter
parado’, agora você está dizendo: ‘Eu gostaria de poder ter parado.’
Você já reparou nisso? Qual é a sensação de perceber que tudo isso
estava fora do seu alcance? Como você se sente?” Lembro-me das
perguntas.
A noite passada foi à primeira noite em um ano que eu não tive
pesadelo. Após a terapia individual, na noite passada, eu cai duro e
quando acordei, a uma hora atrás, levei um minuto para perceber
por que eu me sentia tão bem e descansado. Porque eu realmente
dormi. É uma porra de um incrível sentimento. Eu tinha esquecido o
que sentia.
Também percebi que meu terapeuta estava certo. Acho que
realmente mudei a culpa pelo que aconteceu, em longe de mim.
Quero dizer, na minha cabeça, sempre soube que não era culpa
minha. Mas cabeça e coração nem sempre concordam e meu coração
estava se sentindo culpado como o inferno.
Mas não se sente mais tão culpado.
Não sobre isso, de qualquer maneira.
Culpo-me sobre Maddy, que ainda está viva e bem. Mas eu sei
que não pode ser resolvido aqui. No entanto, isso não pode ser
resolvido se ela não quiser falar comigo.
As sessões hoje, não parecem tão cansativas como
normalmente, provavelmente porque estou me acostumado com elas
agora, mas também porque o fim está à vista. Só tenho uma mais um
dia, então, posso sair amanhã.
Mas e depois?
O que vou fazer, então?
Terei coragem de voltar para Maddy e tentar explicar? Porque,
pela primeira vez, sinto como se eu realmente pudesse vencer isso. E
se puder, sei que nunca a machucaria de novo... Mas se ela não vai
mesmo falar comigo, então não há nenhuma maneira dela me ouvir
tentar explicar. Só posso dizer que o vazio que sinto sem ela é
enorme. Não tinha percebido quanto da minha vida ela levou, até
que me afastei durante esta semana. De repente, notei sua
importância. E não há nenhuma maneira que eu quero continuar
assim.
De jeito nenhum.
Termino a minha sessão e faço o meu caminho de volta para a
minha sala, ignorando a voz de Annie chamando por mim no
corredor.
Não posso lidar com ela agora.
Estou no caminho para o meu laptop, para enviar a Maddy
outro e-mail, quando meu telefone toca na cômoda.
Brand.
"Cara, não quero interromper o seu tratamento, mas há algo
que você tem que saber. Quando você sair de manhã, você tem que
voltar para Angel Bay."
Antes que eu possa protestar ou argumentar, ele continua com
sua voz grave.
"Tony, o barman do Hill, está morto.”
"O quê?” eu pergunto, incrédulo. "O que aconteceu?"
Brand suspira longo e alto. “É uma longa história, mas envolve
Jacey.”
Engulo em seco. “O que aconteceu?”
“Ela aparentemente voltou para aquele porra do Jared. Eu não
sei os detalhes, mas Tony saiu para falar com ela e Jared jogou-o
fora da estrada. Ele morreu na hora.”
Como os pais de Madison.
Essa é a única coisa que posso pensar neste minuto.
"Jacey está bem?” peço calma. "Ela estava lá?”
“Sim, ela está bem. E sim, ela estava lá. Ela foi com Jared para
tentar acalmar a situação e ela não pode impedi-lo. Ela está muito
abalada, mas está bem.”
"E quanto a Jared?” Minha voz é de doer.
"Na prisão.”
Pausa.
“E Maddy?”
A voz de Brand amolece. "Jacey disse que Maddy vive um
naufrágio. Ela não quer falar com Jacey agora. Aparentemente, esse
cara era como um pai para ela. Está sendo difícil para ela. Ela estava
no local também. Você precisa vir pra casa, Gabe. Acho que ela
precisa de você. E Jacey também.”
“Estarei aí amanhã", digo a ele. “Diga a Jacey que estou indo.”
“E Maddy?”
"Não mencione a ela.”
"Mas..."
"Nada de, mas." interrompo. "Estarei aí Brand. Basta dizer a
Jacey”.
Desligo e olho para a parede.
Isso vai matar Madison. Eu sei que ela está devastada. Eu sei o
quanto ela amava Tony. Ela teve que lidar com tantas perdas em sua
vida - incluindo a minha.
Isso não é justo, porra!
Mas a vida não é justa, porra!
Tudo que quero fazer é pegar minhas coisas e ir embora.
Dirigir em linha reta para Angel Bay, agarrá-la e protegê-la de tudo.
Mas não posso protegê-la do presente. Não posso mudar a
morte de Tony.
Tomo uma chuveirada e arrumo minhas coisas. Em seguida,
caio na cama, contando as horas até que eu possa sair deste lugar e
voltar para onde eu pertenço.
Capítulo Vinte e Oito
Madison
Gabriel
Quando entro pela porta dos fundos do chalé dos meus avós,
sou praticamente atropelado por Jacey que se lança em meus braços.
"Graças a Deus você está em casa", ela grita enquanto enterra-
se em meu peito. Olho através da cozinha para ver Brand encostado
na porta e ele parece cansado. Ele, provavelmente, esteve
conversando com Jacey a noite toda.
"Ei, pessoal," saúdo-os calmamente, enquanto solto minha
bolsa no chão. "Eu sinto muito por Tony, Jacey. Sei que você era
próxima dele.”
Ela me agarrou, com o rosto coberto de lágrimas virou-se para
mim. "Eu o amo, Gabe. Você sabe disso, né? Você sabe que eu nunca
faria isso de propósito.”
Tenho que lutar contra o impulso de lhe dar um sermão, para
dizer a ela o quão errado era em primeiro lugar mentir sobre Jared
assediá-la, e então na verdade, voltar ao babaca.
Ela está muito frágil agora, eu posso ver. Seus ombros
delgados tremendo enquanto ela chora.
Brand balança a cabeça para mim alertando-me.
"Eu sei, Jace," digo a ela em seu lugar. "Isto não foi sua culpa.
Isso é culpa de Jared. Não há nada o que podemos fazer agora, mas
honraremos a memória de Tony.”
"Mas Maddy não vai mesmo falar comigo", Jacey continua a
chorar. "Ela acha que a culpa é minha. E ela provavelmente está
certa. Se eu não tivesse voltado para Jared. Se eu tivesse escutado
todos. O funeral será na parte da manhã e eu sei que se eu for ela
ficará perturbada. Mas eu preciso ir, Gabe. Ele era o meu amigo
também. E isso é tudo culpa minha.”
Eu a acariciei, acalmei e assegurei da melhor maneira que
pude. Em minha cabeça, estou chateado com ela. Mas não posso
fazê-la sentir-se ainda pior. Foi uma coisa estúpida de se fazer, mas
Jacey não tem um osso significativo em seu corpo. Ela nunca quis
que ninguém se machucasse.
Eu a levei para seu quarto e sentei-a em sua cama.
"Você precisa descansar, Jacey," eu a instrui. "Você têm bolsas
sob os olhos. Eu sei que você não dormiu. Isso não foi sua culpa e
você irá ao funeral. Eu vou com você, ok?"
Ela acena com a cabeça silenciosamente e se enrola. Puxo o
cobertor até o queixo e fecho a porta na saída.
Brand está esperando por mim na cozinha.
"Ela vai ficar bem," ele me diz enquanto me joga uma cerveja.
"Ela ficou acordada a noite toda. Mas ela vai ficar bem. Sei que
Maddy voltará atrás. Essas coisas que acontecem tão de repente são
sempre difíceis de aceitar."
Concordo com a cabeça, bebendo a cerveja e esmagando a lata
na minha mão, antes de sair de casa pela porta dos fundos.
"Onde você está indo?" Ele me chama.
"Vou sair", respondo, sem parar. Ele me conhece bem o
suficiente para não seguir-me enquanto ando o caminho pela praia.
Quando chego à beira da água, abaixo-me e olho para o
horizonte.
A partir desse ponto, tudo o que posso ver é o lago. É vasto,
amplo e me faz sentir pequeno.
Faz-me sentir como apenas um maldito pontinho no universo,
como se toda a minha merda fosse pequena para se preocupar.
Porque no esquema das coisas, é isso que é.
A vida continua. Se for bom ou ruim, não vai parar. E não há
nada o que eu possa fazer se não fizer o melhor dela.
A melhor coisa que posso fazer é de alguma forma consertar as
coisas com Maddy. Agora não é o momento, porque sei que ela está
atravessando o inferno, mas eu sei que eu tenho que tentar.
Mais uma vez.
Se ela me odeia e não quer falar comigo, eu vou ter que lidar
com isso.
Mas eu nunca vou me perdoar se eu nem tentar. Não sou a
porra de um desistente.
Não posso parar com isso. Não até que o jogo acabe
definitivamente.
Não que isso fosse sempre um jogo em tudo.
Capítulo Trinta
Madison
"Ainda não acho que isso seja uma boa ideia", afirmo a Mila,
enquanto Pax a transporta escada abaixo e a coloca em uma cadeira
de rodas alugada. Ela olha para mim.
"Eu amava Tony tanto quanto você", ela responde. "Como no
mundo eu poderia ficar aqui na cama durante seu funeral? Sério,
Maddy. Ele esteve lá para nós cada vez que precisamos dele. Estarei
lá para ele agora."
"Os funerais são para os vivos Mi", afirmo novamente. "Tony
não vai saber a diferença."
Pax balança a cabeça para mim. "Confie em mim. Argumentei
com ela a noite passada toda. Sua mente está decidida. Ela só vai ter
que ficar nessa cadeira de rodas e vamos levá-la diretamente para
casa.”
Suspiro de frustração. "Mila, a última coisa que precisamos
hoje é nos preocuparmos com você. Vai ser difícil o suficiente.”
Mila olha para mim de novo, os olhos vermelhos e seu rosto
coberto de lágrimas. “Maddy, hoje não é sobre você. Lamento soar
rude. Mas hoje é sobre Tony e todos nós devemos estar lá. Quero
estar lá.”
Suas palavras atingiram o alvo, bem no meio do meu coração.
Ela está certa. Hoje não se trata de mim e ela tem o direito de estar
lá também. Eu aceno lentamente.
“Você está certa. Sinto muito. Claro que você deve estar lá. Mas
nós vamos ter que trazê-la de volta para casa. Você não pode ficar
por muito tempo." Ela acena com a cabeça.
“Eu sei. Prometo que irei direto para casa assim que acabar.”
Pax a coloca no carro. Em seguida, carrega a cadeira de rodas
até o porta-malas e se vira para mim.
"Não gosto disso", ele me diz. "Mas ela tem um ponto. É
importante para obter o fechamento. Ela merece, tanto quanto todos
os outros.”
Concordo com a cabeça em silêncio, enquanto subo no banco
de trás.
Estou em silêncio enquanto nós dirigimos para a igreja,
silêncio enquanto nós descarregamos Mila. Silêncio enquanto
caminhamos para a igreja, silêncio quando encontramos nossos
lugares na seção da família ao lado de Maria e Sophia. Maria se
inclina para me dar um abraço e sentamos nos bancos de madeira
dura.
O cheiro esmagador de flores de funeral... Os lírios e cravos...
Eles têm um cheiro tão doce que fazem meu estômago virar e
provocam lembranças do funeral de meus pais. Do choro, da dor, do
sofrimento. Mas eu as bloqueio.
Hoje não é sobre mim. Olho para frente, na urna em preto
brilhante que segura Tony. É tão pequeno e ele estava tão grande.
Mal posso acreditar que ele cabe nela. Mas ele está lá.
Mal posso acreditar que isso aconteceu. Mas aconteceu. Tudo
realmente pode mudar num instante. Tudo pode acabar e está fora
de nossas mãos. É deprimente. Fecho meus olhos, ouvindo a estirpe
assombração de "Amazing Grace" filtrando através dos alto-falantes.
Não abro meus olhos novamente até Mila me cutucar ao lado.
Meus olhos se abrem e sigo seu olhar. Gabriel e Jacey estão
andando pelo corredor, a sua mão em seu cotovelo, enquanto ele a
guia para a igreja. Seu rosto está coberto de lágrimas e cansado, mas
não é nela que eu estou focada.
É nele.
Ele está aqui.
Meu coração salta de seu sono dormente, fora dos limites de
meu peito e para na minha garganta, enquanto pego e seguro seu
olhar. O seu é tempestuoso e preto, tão negro como a noite, tão preto
como sempre.
Ele não afasta do meu, ele mantém lá, como se uma fita
invisível estivesse nos segurando juntos.
Meu coração bate forte e sinto um absoluto alívio ao vê-lo.
Mesmo que eu queira odiá-lo, mesmo que eu queira estar furiosa
com ele e tenha raiva dele, tudo o que eu sinto é alívio.
Porque ele está aqui.
“Ele veio,” Mila sussurra. Concordo com a cabeça, sem dizer
uma palavra, sem quebrar o olhar de Gabe. Brand está atrás dele,
ambos usando seus uniformes de gala do Exército. Eles estão
impressionantes, enquanto sentam no banco de Jacey. Seus chapéus
nas mãos enquanto se sentam encarando à frente, duro, reto e digno.
Mesmo que Gabe não esteja olhando para mim agora, a fita
que nos mantém juntos ainda está lá, tão forte quanto sempre. É
como se mil volts de eletricidade estivessem ondulando no ar dele
para mim. Mas, então, o serviço é iniciado e eu forço minha atenção
dele para onde ela pertence... Para homenagear o homem que se
tornou o meu pai substituto, o melhor em muitos aspectos do que o
verdadeiro.
"Queridos amigos, estamos aqui reunidos hoje para celebrar a
vida de Tony Romano. Um marido, um pai, um amigo...”
Com os meus olhos para cima, pressiono um lenço nos cantos,
enquanto a voz do Pastor zumbe. Estou consciente do choro
silencioso de Maria ao meu lado, o braço de Pax enrolado em Mila,
das flores, da urna, das pessoas de luto.
Estou muito consciente de tudo isso, mas ainda é como se eu
estivesse suspensa. Distante. É como se estivesse vendo tudo através
de um véu.
Isso é o que tenho que fazer para não desmoronar.
Isso é o que sempre faço. Recuo atrás de um muro.
Os segundos transformam-se em minutos e, em seguida, em
horas. E só quando acho que acabou, Gabe está em pé. Olho para ele
no meio da confusão, não sei o que está acontecendo.
Mas ele avança para frente com um propósito, um papel
branco na mão.
Ele murmura algumas palavras para o pastor. Em seguida, o
pastor se vira para nós.
"O tenente Gabriel Vincent gostaria de dizer algumas
palavras.”
Puta merda. Meu coração bate. Mas que diabos?
Mila e eu nos olhamos rapidamente, mas minha atenção
imediatamente é completamente consumida por Gabriel. Ele é o
dono de púlpito, ele é o dono da sala.
Ele é dono de mim.
Não importa o que aconteceu ou o que vai acontecer. Ele é
dono de mim. Eu sei disso agora. Sei quando ouço a sua voz
profunda e rouca falando, quando ele se vira para me encontrar no
meio da multidão, quando seu olhar encontra o meu.
Escuro, tempestuoso e preto.
"Não conhecia Tony assim tão bem", ele admite aos que
choram. "Nós não fomos amigos próximos, porque eu não tive
tempo para realmente conhecê-lo. Mas a partir do que eu vi, sei que,
com o tempo, teríamos que ficar muito perto. Ele encarnou valores
que eu considero importantes. Força, integridade e honestidade.
Mais importante ainda, ele era fiel. Ele cuidou daqueles que eram
próximos a ele de uma forma feroz e poderosa. Ele cuidou de minha
irmã, Jacey, que é algo que serei eternamente grato. Ele cuidou dela
quando eu não podia estar aqui e cuidar eu mesmo."
Gabe faz uma pausa para respirar fundo e acho que eu não
consigo respirar. De alguma forma, em apenas algumas frases, Gabe
está conseguindo detalhar a essência de quem Tony era de uma
maneira que o pastor não foi capaz em uma hora. Não consigo tirar
meus olhos dele, em relação à forma como ele está em pé e pelo
cuidado. Como ele é tão sincero. Este não é um show. Este não é um
ato. Esta é uma crua demonstração de gratidão. Engulo enquanto ele
continua.
"Eu não quero tomar muito do seu tempo hoje, mas eu só
queria homenagear Tony em meu próprio caminho, para agradecer-
lhe por proteger a minha irmã e por cuidar de Mila e Mandy todos
esses anos. Como você pode ver, sou um soldado do exército. Ou eu
era. E eu posso dizer que eu recebi minha metade de heróis ao longo
dos anos. E há uma coisa que eu posso dizer... Tony Romano era um
herói. Eu não o conhecia bem, mas eu sei disso.”
Ele se afasta do púlpito e faz seu caminho de volta ao seu lugar,
caminhando altivo e confiante. Finalmente recupero o fôlego e em
seguida, ele olha para mim, levando-me para longe de novo. Suas
palavras eram tão lindas que eu só queria chorar novamente. Nunca
pensei que ele pudesse ser tão eloquente. Mas ele era. E ele disse
exatamente as coisas mais perfeitas.
Os porteiros chegam para colocar todo mundo para fora, fileira
por fileira. Estou presa e falando com Maria, Sophia, Mila, Pax e as
pessoas sentadas atrás de nós. Quando eu me viro de novo, Gabriel,
Brand e Jacey sumiram.
Suspiro.
"Foi lindo", Mila me diz com conhecimento de causa, seus
olhos verdes olhando para os meus. "Você precisa ir encontrá-lo.”
"Eu não sei," digo a ela, hesitante. "Ele me deixou, Mila. Isso
não muda nada.”
Ela olha para mim, incrédula. "Madison. Ele a deixou para
buscar ajuda. Ele voltou. Ele está aqui. Qualquer pessoa nesta sala
pode sentir o quanto ele te ama quando ele olha para você. Confie
em mim. Isto muda tudo.”
Engulo em seco, todas as emoções do dia ameaçando me
oprimir.
"Precisamos levá-la para casa", digo a ela, recusando-me
responder a isso. "Maria vai espalhar as cinzas de Tony outro dia.
Não há nenhuma maneira de você ficar para o jantar."
“Não deixe Maria", Mila me diz com firmeza. "Você fica. Eu
vou com Pax para casa e então ele pode voltar e te pegar. Ela precisa
de você.”
Concordo com a cabeça. "Ok. Se Pax não se importar.”
"Eu não", ele me tranquiliza atrás de Mila. "Chame-me quando
estiver pronta."
Ele levou minha irmã embora e sigo através da massa de
pessoas para fazer meu caminho para o jantar. Mãos rápidas me
agarram, me puxando para um canto.
Jacey.
"Sinto muito Madison", ela me diz chorando. "Por favor,
acredite em mim. Detesto que você está chateada comigo. Detesto
que você ache que a culpa é minha. Eu sei que é minha culpa. Eu me
sinto tão culpada estando aqui, mas eu não poderia ficar de fora. Eu
tinha que ver Tony partir.”
Um nó se forma em minha garganta novamente e eu não posso
deixar de abraçá-la. Seus olhos são tão tristes.
"Eu sei", murmuro em seu cabelo. "Sei que não é culpa sua.
Você tomou uma decisão estúpida, mas isso foi culpa de Jared. Eu
estava apenas perturbada outro dia. Sinto muito.”
"Você mandou uma mensagem para esperar, mas Jared ficou
chateado e pulou em seu caminhão. Não sabia mais o que fazer a não
ser ir com ele, para tentar impedi-lo de fazer algo estúpido. Mas
quando ele viu Tony chegar a redor da curva, ele desviou mais. Eu
não sei se ele estava blefando ou o quê. Mas Tony perdeu o controle
de seu caminhão. Eu não poderia impedi-lo, Maddy. Eu não poderia
impedi-lo.”
Sua voz quebra e murmuro: "É claro que você não podia Jacey.
Ninguém pode controlar ele.”
Ela chora, nos abraçamos e ficamos juntas para o que parece
uma eternidade, até que alguém limpa a garganta. Olho por cima do
ombro de Jacey para encontrar Gabriel encostado na parede,
olhando para nós. Seu olhar imediatamente me espetando direto no
coração.
Deixei Jacey ir e fiquei mole de repente, somos apenas Gabe e
eu.
O quarto gira ao redor e estamos sozinhos nele, sozinhos no
mundo. Como se ela estivesse falando do nevoeiro, eu ouço Jacey me
dizer que ela vai nos deixar sozinhos para conversar, mas eu não
posso nem reconhecê-la.
Tudo que posso fazer é olhar para Gabriel.
Ele dá um passo em minha direção, depois outro. Então, ele
está perto o suficiente para que eu possa sentir seu cheiro, o cheiro
que é tão claramente dele.
"Você me deixou." sussurro, olhando diretamente em seus
olhos. "Eu te odeio por isso."
Seu rosto está triste e ele concorda. "Eu sei. Eu me odeio por
isso também. Sinto muito, Madison. Eu sinto muito. Não vejo outra
maneira. Mas eu estava errado.”
Aceno formalmente porque eu não sei o que fazer. Porque ele
estava errado. Porque o mundo está girando ao redor e tudo o que eu
quero fazer é lançar-me em seus braços, mas eu não posso. Eu não
deveria. Está tudo confuso na minha cabeça e eu não consigo
lembrar como eu deveria me sentir.
Tudo o que sei é como eu me sinto.
Senti muito a falta dele. Tudo que eu quero é ele.
Estou congelada e Gabe pode ver isso.
"Posso levá-la de volta para jantar. E então talvez mais tarde...
Você poderia falar comigo por alguns minutos?"
Seu belo rosto está esperançoso e vulnerável, mesmo quando
ele é forte. E não há nada que eu possa fazer a não ser concordar.
“Sim.”
Porque eu tenho concordar.
Porque eu preciso de você para dizer todas as coisas certas.
Por favor.
Capítulo Trinta e Um
Gabriel
****************************************************************
Madison
Isto é real.
Essa é a única coisa que posso pensar quando Gabriel me leva
para a casa e para a cama. Isto é real e Gabriel está aqui.
Não sei o que eu deveria estar sentindo agora, se estou o
deixando ir muito facilmente ou se eu deveria tentar ser distante.
Tudo o que sei é que eu não posso.
Porque o que aconteceu o torturou.
Posso ver isso em seu rosto e isso parte meu coração.
E eu sei que eu preciso dele.
Olho para ele, e por alguma razão, todas as sobras de
sentimentos... Estar brava com ele, a dor, o medo... Tudo desaparece
para longe. Sei o que é importante agora.
Ele e eu. É isso aí.
Isso é tudo que importa. Podemos separar todo o resto fora.
"Nunca parei de confiar em você", eu digo-lhe com
sinceridade. "Não é verdade. Quando eu percebi que você se foi, eu
estava chateada. E magoada. Mas eu descobri porque você me
deixou muito rapidamente. E então, eu estava chateada novamente.
Mas eu sempre confiei que você pensava estar fazendo a coisa certa."
Ele olha para mim, o rosto áspero e pensativo. "Tudo que eu
quero é você", ele me diz em voz baixa. "Eu prometo a você. Sinto
muito te machucar. Lamento que o nosso caminho tenha sido
torcido e duro. Mas eu quero que você saiba... Pensar em você me
deu força para aguentar a CPT. Na parte de trás da minha cabeça, eu
sempre mantive a esperança de que se pudesse me corrigir, então
poderíamos nos corrigir.”
Engulo em seco. "Isso estava na parte de trás da minha mente
também. Mesmo quando eu estava chateada com você. Mesmo
quando eu o odiei.”
Ele olha para mim, com os olhos tão tempestuosos. "Não me
odeie, Maddy. Sou capaz de lidar com qualquer outra coisa que o
mundo jogar em mim, mas eu não posso lidar com isso. Eu te amo.
Conheço você há algum tempo e eu estava com medo de dizer isso.
Não tenho certeza de que estou curado, mas tenho certeza como o
inferno que estou indo na direção certa. Não vou te machucar de
novo, não vou deixar isso acontecer. Preciso que você saiba disso.”
"Eu sei", sussurro, puxando-o para perto e agarrando ele mais
apertado. "Eu preciso de você, Gabe."
Ele engole. "Eu preciso de você, também."
"Então me mostre," sussurro.
Sem dizer uma palavra, ele me coloca em cima da cama,
cobrindo meu corpo com o seu. Senti falta do peso, a forma como o
seu corpo desliza contra o meu apenas para a direita, pressionando-
me.
"Senti sua falta", ele diz, logo antes de me beijar. Sua língua se
aprofunda em minha boca e ele tem gosto de hortelã.
Ele beija-me suave, ele me beija duro. Então, ele geme e fode
minha boca com a língua, devastando-a enquanto ele não pode
controlar a si mesmo, porque me perdeu muito.
O ar ao nosso redor é desesperador, quente e eu quero
respirar.
Suas mãos estão em toda parte, escorregando em meus
quadris, puxando minhas roupas. Ajudo chutá-las fora e dentro de
um minuto estamos ambos nus. O atrito é delicioso e eu me deleito
com a sensação de seu corpo contra o meu.
Meus quadris se inclinam e ele me aperta lá, com a boca
traçando meu braço.
"Adoro o seu cheiro", ele me diz enquanto corre os lábios ao
longo do meu ombro, beijando minha pele levemente. Ele faz o seu
caminho de volta para minha boca. "Sonho com aquele cheiro."
Eu sonho com ele.
Com esse momento.
Levanto as minhas pernas em torno de seus quadris e puxo-o
para mim... Em mim.
E de repente me sinto completa. Ele toma tudo de mim, dos
meus dedos aos meus pés, para o íntimo do meu coração.
Minhas partes escondidas.
Meus segredos.
Ele leva, toma e eu dou tudo.
Porque eu quero o que ele tem.
Quando ele desliza para dentro de mim, sei que não quero ficar
sem ele novamente. É uma sensação inebriante e não me assusta
nem um pouco.
Enquanto ele lentamente empurra para dentro de mim, dentro
e fora, sem pressa, ele desliza suas mãos em todos os lugares... Como
se ele não conseguisse parar de me tocar.
Enquanto ele está tentando decidir se sou real.
Olho em seus olhos escuros. "Eu te amo", sussurro.
Ele sorri, um sorriso lento, que se espalha para os olhos.
“Eu sei", ele responde, antes de enterrar o rosto no meu
pescoço e estremece a partir de sua libertação. "Eu também te amo.
Deus, eu te amo.”
Suas palavras, ásperas e cruas, perfuram meu coração e me
mandam por cima da borda e o sigo, tremendo e arqueando contra
ele, gritando seu nome enquanto eu venho.
Enquanto estou deitada debaixo dele, eu sei que poderia ter
uma morte feliz aqui em seus braços e nós deitamos entrelaçados
pelo que parece uma eternidade, apenas ouvindo o outro respirar.
Mas, eventualmente, sentimos fome. Então, faço uma bandeja
de carne fatiada, queijo e biscoitos, e nos enrolamos no sofá com
uma garrafa de vinho.
"E os seus pesadelos?" Pergunto enquanto saboreio o meu
vinho. "Eles já acabaram?"
Ele balança a cabeça. "Tive, mas apenas durante uma parte da
noite. Costumava ser algo contínuo, durante toda a noite. Podemos
manter nossos dedos cruzados que isso dure. De qualquer maneira é
um progresso. Por enquanto, porém, vou dormir na sua
espreguiçadeira. Não quero tomar todas as possibilidades ainda.”
Aceno, mesmo que eu não queira. Não quero dormir separada,
mas eu também não quero ser estrangulada novamente. Então,
vamos fazer o que temos fazer.
"Você notou a casa?" Pergunto em voz baixa e ele olha em
volta, só agora percebendo a nova pintura e mobiliário. "Sei que você
me levou para meu antigo quarto e eu não te corrigi, mas eu me
mudei para o quarto principal. Tive que mudar tudo... Para fazer isto
por minha conta."
Gabe olha para mim, com algo muito próximo de admiração
em seus olhos. "Então, você passou de não ser capaz de abrir a porta
para movê-la em duas semanas?"
Sorrio. "Eu tenho bolas, Gabe. Alguém me disse isso uma vez.”
Ele sorri de volta. "Você tem bolas. Quem te disse isso foi
brilhante."
Nós rimos e largamos nossos pratos na pia. Em seguida,
voltamos para a cama, onde me enrolo em seus braços.
"Não me deixe de novo", digo a ele antes de fechar meus olhos
para dormir. "Nunca mais."
"Não se preocupe", ele responde em voz baixa, dando um beijo
no topo da minha cabeça. "É bom estar em casa."
Olho para ele, lutando para manter os olhos abertos após este
longo dia infernal. "Você realmente considera Angel Bay sua casa
agora?"
"Maddy, considero onde quer que você esteja a minha casa."
Capítulo Trinta e Dois
Madison
Gabriel
23
Empresa do Gabe.
E há. Está jorrando por toda parte, gotejando, pingando pelo
lençol e sobre Pax, saturando suas roupas.
"Vou dirigir", eu ofereço, saltando para a porta do lado do
motorista. Maddy mergulha no banco de trás e Pax cai no banco do
passageiro com Mila em seu colo. É apertado, mas em seu desespero,
ele faz dar certo.
"Depressa," ele manda, embora não há nenhuma necessidade.
Meu pé já está no chão.
As rodas mal tocam o chão enquanto nós voamos até o
hospital. Enquanto eu dirijo, Maddy chama Pax, "Você sabe o
número do médico dela?”
“Claro que não,” Pax retruca. “Não sei esta merda. Apenas
ligue para o 911. Eles podem avisar ao hospital que estamos a
caminho.”
Então Maddy liga. Sua voz está estridente enquanto ela dizia
ao atendente a situação.
Mila não abriu seus olhos por todos os dez minutos a caminho
do hospital, independente da súplica de Pax.
“Mila, apenas olhe pra mim,” ele implora, tirando seu cabelo
do rosto. Ele tentou limpar o sangue da sua bochecha, apenas ficou
pior. “Por favor, acorde,” ele murmura impotente.
Há sangue em todo lugar.
“Ela não está respirando,” Pax de repente deixa escapar,
baixando seu ouvido para escutar em sua boca. “Ela não está
respirando. Jesus Cristo.”
Maddy luta para tentar ajudar atrás de nós, enquanto
chegamos ao estacionamento.
Antes mesmo que eu parasse no meio fio, Pax abre a porta e
desliza Mila pra fora na calçada.
“Respire baby,” ele implora enquanto ajoelha e lhe dá fôlego.
“Respire.”
Ele está frenético, desesperado e coberto pelo sangue de Mila.
“Pax,” Maddy grita, puxando seu braço. “Nós temos que levá-la
pra dentro. Nós não temos tempo pra isto.”
Ela o puxa, mas Pax não está pensando claramente e ele a
sacudiu, voltando a Mila, tentando empurrar ar em sua boca.
Ele é interrompido por uma equipe de pessoas estourando
através das portas com uma maca. Pax pula com Mila em seus
braços e entrega para equipe médica.
“Ela não está respirando,” ele diz pra eles desesperado. “Por
favor, a ajudem.”
Os médicos e as enfermeiras fecham ao redor de Mila
enquanto a deitam na maca e correm com ela pra dentro.
Enquanto eles correm, Maddy se apega impotente ao lado da
maca. Olhando para baixo, eu vejo que os olhos de Mila ainda estão
fechados e ela está tão pálida como eu nunca vi ninguém. Mais
terrível que isto, porém, são as palavras vindas das bocas das
enfermeiras.
Ela não está respondendo.
Não há pulso.
Precisamos das pás.
Maddy se encolhe assim que ela os ouve, as lágrimas escorrem
por seu rosto.
"Vai dar tudo certo", Maddy diz a sua irmã enquanto a equipe
empurra a maca pela porta dupla e fora de nossa vista. "Mila, você
vai ficar bem."
"Mila estou aqui!" Pax chama atrás dela, quando uma
enfermeira bloqueia seu caminho. Mas Mila permanece sem se
mover. Ela não pode ouvir nada disto.
Merdaaaaaaaaaaaaaaaaaaa.
Nunca me senti tão impotente como quando os assisti levá-la
embora. Eu sei que não há nada que eu possa fazer e pelos olhares
de todos com todo aquele sangue manchando os lençóis que a cobre,
não tenho certeza se há qualquer coisa que alguém possa fazer. Não
há nenhuma maneira, ela não vai morrer.
Há muito sangue.
Inferno. De repente, o sangue me faz lembrar muito daquela
noite no Afeganistão e os meus sentidos ameaçam me ultrapassar: o
cheiro de sangue, o gosto do medo, a sensação de pânico.
A fumaça.
A morte.
As crianças ensanguentadas.
Luto, tentando respirar.
Maddy precisa de mim. Não posso me perder na minha merda.
Respiro fundo, sugando o medo e liberando na expiração.
Respiro em pânico, liberando na expiração.
É um truque que Dr. Hart me ensinou e parece funcionar.
No momento em que Maddy cai em meus braços, um minuto
depois, virando o rosto no meu peito, eu me acalmei. Posso respirar
novamente.
Estou bem, mesmo que Mila não esteja.
Que porra é essa? Onde está à justiça nisso?
Maddy esconde o rosto como se ela estivesse escondendo o que
está acontecendo, se escondendo do mundo, se escondendo da
morte. Engasgo quando percebo alguma coisa.
A perda é o seu maior medo. Ela acabou de perder Tony e
agora ela pode perder Mila também.
Sua única coisa ruim a pegou.
Fecho os meus braços em volta dela. É a única coisa que posso
fazer.
"Ela vai ficar bem," diz Maddy pela centésima vez enquanto
todos nós andamos pela sala de espera do hospital. "Ela vai ficar
bem. Não posso perdê-la também. Simplesmente não posso. Ela vai
ficar bem."
Nem acho que ela sabe que ela está falando. As palavras só
vêm automaticamente para fora da boca em intervalos de tempo,
desajeitada e sem vida. Concordo com ela. Digo a ela que Milla vai
ficar bem, apesar de nem eu mesmo acreditar. Maddy nem percebe.
Pax está em seu próprio mundo. Eles não o deixaram ir com
Mila e ele é como um leão enjaulado aqui. Seus músculos enrolam
enquanto ele anda em círculos apertados. A tensão nesta sala é
palpável. Posso provar o medo no ar, mas ninguém reconhece isso.
"Eles são médicos", Maddy diz a Pax. "Eles podem consertá-
la."
Pax olha para cima, seus olhos completamente estáticos, mas
não responde enquanto ele passa por Maddy.
Por sua vez, Maddy passa por mim.
É um ciclo contínuo, desesperador.
Nós fomos deixados aqui fora sozinhos, imaginando o que
diabos está acontecendo. O pior é não saber. Mas saber vai ser ainda
pior. Me sinto tão certo sobre isso. Porque não há nenhuma maneira
que Mila possa sobreviver.
Não há nenhuma maneira.
E quando olho para Pax e vejo como seu rosto é desenhado,
como ele está pálido, como ele está andando, flexionando as mãos e
tentando respirar, eu sei que ele sabe disso também.
Sua única coisa ruim o pegou também.
A pior coisa possível.
Segundos se passam. Então minutos. Então uma hora. Então
duas. Uma enfermeira vem uma ou duas vezes para nos dizer que os
médicos ainda estão trabalhando, que eles voltarão quando houver
qualquer novidade.
Mais tempo passa.
Pego café para Pax e Madison. Pego água. Vou ao banheiro e
trago pra eles papel toalha molhado para limpar o sangue de seus
rostos. Nenhum deles sequer notou.
Eles estão imersos no medo.
“Ela estava tão fria,” Madison me diz sua voz quase sem
emoção. “Ela estava tão fria, Gabe.”
Esfrego suas costas e a puxo para perto. Observo o relógio.
Outra meia hora passa.
Não há maneira dela sobreviver. Não há maneira.
Finalmente o médico sai das portas duplas. Ele parece exausto.
Mas mais do que isto, ele parece condensado.
Merda. Prendo a respiração.
Pax salta em seus pés e Maddy congela ambos esperando pelo
pior, rezando pelo melhor, com medo de saber qual deles.
“Ela vai ficar bem,” o médico nos assegura, depois de quase
uma eternidade. “Sua placenta deslocou, causando uma hemorragia.
E quando vocês a entregaram lá fora, ela não tinha pulso. Ela perdeu
muito sangue. Seu corpo desligou em total choque. Conseguimos
reanimá-la, felizmente. Isto levou um tempo, mas nós fomos capazes
de estancar o sangue e reparar os danos.” Ele parou, deixando isto
descer.
Ambos, Pax e Maddy olharam feridos.
“Ela realmente morreu?” Pax perguntou em choque.
O médico assentiu. “Ela não tinha batimento cardíaco quando
ela chegou. Mas nós fomos capazes de trazê-la de volta dentro de
dois minutos. Ela vai ficar bem. E ela está pedindo para ver você.”
Ele disse a Pax. “Você vai ter que ser breve. Ela está exausta.”
Pax imediatamente começa a passar pela porta, mas para. “O
bebê?” ele pergunta ansioso, seus olhos brilhando molhados.
O médico sorri. “Uma saudável menina. Como ela nasceu
semanas mais cedo, ela vai ficar aqui por uns dias. Mas tudo parece
bem, filho. Parabéns.”
Suas palavras limparam as nuvens de medo da sala,
evaporaram e Pax sorri assim que ele passou pela porta.
Maddy cai em mim, desmorona ao meu lado com um soluço.
Eu a abraço, então encaro seus olhos.
“Eu lhe disse que ela ficaria bem,” eu a lembro. “Viu? Eu
mantive minha promessa.”
Ela finalmente se permitiu um sorriso.
“Você cumpriu, não foi?” ela murmura. “Estava com tanto
medo, Gabe.”
“Eu sei” eu disse suavemente. Eu a segurei perto de mim por
muitos minutos, esperando enquanto ela voltava a si. Finalmente ela
empurrou seu cabelo do rosto, levantou e andou.
“Não posso esperar para ver minha sobrinha.” Ela finalmente
me disse. “Quero saber com quem ela se parece.”
“Bem, ela tem bons genes,” eu aponto. “Ela vai ser linda.”
Maddy cai novamente no meu colo.
“Você não faz ideia como eu estava com medo.” Ela admite
calmamente. “Não sei o que eu faria se eu perdesse Mila.”
Eu a encarei. “Eu sei. Mas você segurou isto tudo tão bem,
Maddy. Estou orgulhoso de você.”
Ela sorriu um pouco. “Tenho que lembrar a mim mesma que o
medo é uma escolha, mas não funciona muito bem pra mim. Estava
com muito medo.”
Sorrio de volta. “Eu acho que nesta situação, isto é permitido.”
Digo a ela. “Isto foi assustador. Mas vai ficar tudo bem. O bebê está
bem. Tudo está bem.”
Maddy relaxa contra mim, nervosamente especulando sobre
quem o bebê parece e como vai se chamar.
“Você apenas não pode esperar até comprar pequenos sapatos
pra ela,” eu brinquei tentando tirar um pouco da ansiedade. Maddy
sorriu.
“Oh, eu definitivamente não posso esperar por isto. Esta vai
ser a bebê mais bem vestida de todo estado.”
Nós ansiosamente esperamos até Pax vir para nos pegar e
então, Maddy dispara e nos deixa pra trás do quarto de Mila.
Quando nós chegamos, Maddy está sentada perto de Mila,
segurando sua mão, dizendo a ela quanto todos nós estávamos com
medo.
Olhei ao redor, mas não há nenhum bebê.
Olhei para Madison questionando.
“Como ela nasceu prematura, eles tiveram que levá-la para
unidade neonatal,” ela explicou. “Pax pode nos mostrar através da
janela um pouquinho.”
Mila está pálida e obviamente cansada, mas apesar de tudo ela
parece bem.
“Você pode ir e vê-la agora,” ela nos diz cansada. “Sei que você
quer vê-la, Mad.”
“Você tem certeza?” Pax pergunta. “Nós podemos esperar.”
Mila assente. “Tenho certeza. Vá ver nossa filha.”
Nós achamos a unidade neonatal e todos nós pressionamos
nossos narizes no vidro. Quando a enfermeira empurrou a
incubadora mais perto da janela, Maddy sorri para a bebezinha
através do vidro.
“Ela é a coisa mais linda que eu já vi na vida,” ela anuncia,
embora eu pessoalmente ache ela vermelha e enrugada. “Como ela
vai chamar?” Pax olha para Maddy.
“Madelyn Susanna Tate,” ele anuncia orgulhosamente. “Como
você e minha mãe.”
Maddy fica completamente imóvel, com a boca aberta em
choque. “Vocês estão dando a ela o meu nome”? Ela sussurra. Pax
sorri.
“De quem mais nós poderíamos dar o nome? Não há muitos
derivados de Pax.”
Maddy sorri amplamente e depois vira para a bebê de novo,
conversando com ela através do vidro.
“Escute Mad. Você e eu vamos ficar grudadas juntas. Vou te
comprar tantos pares de sapatos que o seu pai vai ter que construir
uma nova casa apenas para guardá-los. Sim, eu sei... Isto é muito.
Mas você vale a pena.”
Balancei minha cabeça para o Pax.
“Sinto por você cara,” digo a ele. “Ela provavelmente não está
exagerando.”
“Oh, eu sei que ela não está,” Pax suspira. “Mas tudo bem.
Minhas garotas já me têm enroladas em seus dedos. Sou homem o
suficiente para admitir isto.”
Não posso deixar de sorrir com isto. Mas, eu nunca vou culpá-
lo por isto. Tenho uma fraqueza também. Olho para Maddy de novo
e decido que se for para eu ter uma fraqueza, eu estou feliz que seja
bela.
“Madison, nós devemos dizer adeus pra sua irmã para que ela
possa descansar,” sugiro á ela gentilmente. “Nós podemos voltar
amanhã. E podemos até trazer sapatos para Madelyn, se você
quiser.”
“Ah, eu quero,” ela disse firmemente. Ela sopra um beijo para
a bebê e nós fazemos o caminho de volta para o quarto da Mila.
“Nós vamos voltar amanhã, mana.” Maddy beija Mila na
bochecha. “Nunca mais me assuste assim de novo,” ela acrescenta
com firmeza. Mila sorri cansada por ser uma nova mamãe,
prometendo que ela não vai. Nunca mais.
E com isto, nós deixamos o quarto.
Enquanto dirigíamos para casa, eu pego a mão de Madison.
“Você está bem?” pergunto pra ela solenemente. “Isto foi
intenso.”
Ela me encarou.
“Isto foi intenso,” ela concordou. “Achei que fosse ter um
ataque cardíaco. Primeiro havia aquele monte de sangue, e então
Mila morreu. Não sabia o que fazer. Ela morreu, Gabe. Ainda não
acredito. Mas ter você lá comigo na sala de espera... Você fez tudo
certo, Gabe.”
Eu me senti chocado com suas palavras, pela força com que ela
lida com tudo na vida. Pela confiança que ela coloca em mim.
Quando eu coloquei meu carro na entrada da garagem, eu
beijei sua testa.
“Estou orgulhoso de você,” disse pra ela calmamente.
“Realmente. Você pensa que sou a pessoa mais forte que você
conhece, mas realmente, é você. Você é mais forte do que todos nós.”
Ela revirou os olhos, mas ficou em silêncio quando fomos pra
dentro.
Nós jantamos num silêncio pensativo, em seguida sentamos
um tempo na sala de estar, ainda quietos enquanto Maddy senta no
meu colo. "Devemos ir até a casa de Pax e Mila e limpar todo aquele
sangue", ela me diz. "Sei que Pax ficará com Mila esta noite."
Concordo com a cabeça.
"Nós vamos. Mas vamos fazê-lo amanhã. Você está cansada
esta noite."
Ela concorda com a cabeça. Ela está tremendo de frio e com o
choque do que aconteceu, então sugiro um banho quente. Ela fica lá
por meia hora.
Quando ela finalmente sai, seguro uma toalha para ela e a
envolvo com ela, puxando-a em meus braços enquanto eu a seco.
Ela ainda não disse nada e é ainda mais silenciosa depois de
cair na cama.
"O que foi?” Finalmente pergunto a ela, porque o silêncio está
me matando.
Ela suspira no escuro.
"É só que eu sei o quão rápido tudo pode acabar. Meus pais
tinham ido embora há um instante e hoje parecia que Mila poderia
escapar também. E naquele instante, meu coração seria quebrado
para sempre, eu sei disto - porque eu passei por isto antes. Corações
são tão frágeis, Gabe."
Ela faz uma pausa enquanto olha para mim. Eu não tenho
certeza o que ela está querendo me dizer. Mas ela não me dá uma
chance de responder a tudo antes de continuar.
"Isso me faz lembrar o quão rápido eu poderia perdê-lo. Tudo
pode acontecer e isso assusta a merda fora de mim. Assusta-me que
você tem esse poder sobre mim."
Ela para de falar e me encara. Suas mãos estão tremendo e eu
pego uma.
"Maddy, você tem esse mesmo poder sobre mim. Isto se chama
amar alguém. E sim, é assustador como o inferno. Odeio saber que
te amar me faz fraco... Mas isso me faz forte também. Amar você me
faz feliz de uma maneira que nada mais me fez, e isso é saudável,
Madison. Isso é mais saudável do que qualquer outra coisa no
mundo. Ele cura um monte de merda. Isto ainda tem me curado e eu
estou fodido. Portanto, antes de pensar e decidir que me amar não
vale a pena por medo de me perder, basta lembrar como você está
feliz quando estamos juntos. O medo é uma escolha, Maddy. Mas
isso é ser feliz.”
"Eu sei," ela admite calmamente. "Minha cabeça sabe disso.
Mas meu coração está com medo, porque ele sabe que em um
momento você pode ir embora. Todo mundo sempre parece me
deixar, Gabe. Meus pais, Tony. Mila quase o fez. E se você partir... Se
você partir nada vai ficar bem de novo.”
Sua voz quebra e ela chora, suavemente no meio da noite, e
isto aperta meu estômago em nós.
"Maddy, eu sei por que você está com medo. Qualquer um
estaria em seu lugar. Você já teve muitas perdas. Mas a morte faz
parte da vida e o medo disto não pode nos impedir de viver. Isso é
algo que eu aprendi no Afeganistão. Ser governado pelo medo é pior
do que nunca viver em tudo. Nós vamos ficar bem, Maddy. Você não
vai me perder, não até estamos velhos, grisalhos e cansados. Eu te
amo."
Ela está quieta e parada até que ela se encolhe contra mim,
com as mãos esguias segurando firme as minhas.
"Então vamos fazer isto funcionar, não importa como.
Prometa-me, Gabe. Sei que há uma merda para trabalhar. Mas
podemos fazê-lo. Porque tudo o que realmente importa é você e eu.”
Sua voz é fina e ansiosa. Corro minhas mãos ao longo de seu
rosto, soltando para acariciar seu ombro. Ela treme sob meus dedos
e eu a abraço mais perto. Eu sei o quanto levou para ela dizer isto,
para ela se comprometer a tentar algo de longo prazo comigo. Isto
apenas confirma tudo o que eu sempre soube sobre ela.
A garota tem bolas.
“Madison, tudo vai ficar bem,” digo firme a ela. “Agora estou
de volta, você está presa a mim. E nunca vou te deixar. Por favor,
não se preocupe. Você não tem mais nada a temer.”
Posso sentir seu sorriso através do meu peito. E então, ela se
aconchega mais perto de mim. Eu descanso minhas mãos ao seu
lado e a encaro no escuro.
Ela bufou. “A única coisa que tenho medo é de perder você.”
“Isto não vai acontecer,” respondo firmemente, ignorando a
dor no meu peito por suas palavras. “Isto nunca vai acontecer.”
Eu a segurei enquanto ela foi dormir. Então, eu continuei a
segurar por quanto tempo eu ousei ficar na cama. Quando eu
finalmente soube que eu não podia mais segurar meus olhos abertos,
cuidadosamente escorreguei para a cadeira.
A cadeira é fria e isto parece mil milhas longe de Maddy, mas
eu ainda estou aqui com ela. Isto é o que importa.
Fechei meus olhos.
Capítulo Trinta e Quatro
Madison
Gabriel
Um ano depois
Arlington, Virginia
24
Medalha concedida a quem tenha sofrido algum dano especificamente do inimigo. É uma das
mais respeitadas e mais antigas, condecorações do Exército dos EUA
25
Mais alta condecoração dos EUA para os militares. Para conseguir uma você praticamente
tem que mostrar destemor absoluto e bravura, heroísmo e capacidade sobre-humana contra
um inimigo dos Estados Unidos.
26
Bebida forte.
"Você está se sentindo bem?" Pergunto. "Está quente. Você
quer um pouco de água?"
Ela sorri. "Estou bem, querido. Pergunte-me novamente em
alguns meses. Agora estou bem."
Brand envolve um braço em volta dos seus ombros e o outro
em torno de Jacey. Juntos os quatro, por um segundo, ficamos na
imersão da calma. Uma silenciosa homenagem a todos os soldados
mortos que nos rodeiam. Eu sei que Brand está pensando a mesma
coisa que eu. Poderia facilmente ter sido um de nós a ser enterrado
aqui sob a sujeira e a grama.
Mas não foi.
"Se o bebê for um menino, quero chamá-lo de Elias."
Finalmente disse a Maddy. "Tudo bem?"
Seus olhos se aquecem e ela concordou. "Desde que seu nome
do meio seja Gabriel."
O calor fluiu através de mim. "Feito." consigo dizer,
entrelaçando os dedos com os dela.
"Você pode não querer falar sobre isso", ela me diz
suavemente. "Mas o nosso filho vai saber que você é um herói. Só
para você saber disso."
Ela solta minha mão, agarrando o meu braço em vez disso, e
eu penso sobre as palavras abaixo de seus dedos.
Morte antes da desonra.
Mad Dog está morto e não há nada que eu possa fazer sobre
isso. Ele morreu com honra junto com Ara Sahar e todas aquelas
outras mulheres e crianças. Mas eu ainda estou vivo. Portanto, só há
uma coisa que posso fazer. Viver para eles.
Viver com honra.
"Você está pronto?” Brand pergunta, olhando para mim.
Concordo com a cabeça. "Sim."
E, finalmente, estou.
Saímos juntos, deixando o passado para trás, onde ele
pertence.
Agradecimentos
Capítulo Um
Dominic
Gosto de assistir.
Sei que não deveria, mas realmente não dou à mínima.
Gosto do brilho de pele, os membros suado, o sexo, os cheiros, a
porra....
Assistindo me faz sentir alguma coisa. É uma das únicas
coisas que faz.
"Algumas coisas nunca mudam, Dominic", murmura
Kira com suas mãos espalhadas em toda a minha camisa aberta, seu
longo cabelo castanho se movendo ao vento, fazendo cócegas no meu
peito enquanto ela assiste comigo. "Você é apenas o mesmo... uma
aberração. Amo isso.”
Não respondo por que ela está certa. Sou uma porra de
aberração. Ela sabe disso e eu sei disso, e nenhum de nós se importa.
Se qualquer coisa, Kira gosta. Ela deve, porque está presa em mim
durante muito tempo. Me conhece melhor do que ninguém... e
definitivamente sabe o que gosto.
Mesmo que ela seja bonita e familiar, ignoro os dedos à
medida que rastreia toda a minha pele, pastam as pontas dos meus
mamilos e trilha até a minha virilha. Meu pau é resistente ao toque
dela esta noite e permanece macio por dentro da calça. Não porque
ela não está quente ou sexy, porque ela é, mas porque seu toque é
familiar e normal, não agita meu sangue. Vi praticamente tudo de
uma vez ter feito isso várias vezes. Normal não fazê-lo para mim.
Coisas proibidas são o que levanta o meu pau. Coisas
escuras, coisas ruins.
Olho para baixo a partir da varanda, olhando além da piscina
cintilante abaixo, passando pela água ondulante que lança luz azul
em tudo ao seu redor, para as imagens que vacilam na noite. As
imagens de duas pessoas do caralho.
Sabendo que eu não deveria ver é o que me excita sobre
isso e então não desvio os olhos do casal fazendo sexo ao lado da
piscina do meu irmão.
Tomo outro gole de uísque, deixando o ardente líquido
sentar na minha boca antes que eu engula, deixando-a enrolar seus
dedos ao redor do meu estômago, aquecendo meu intestino.
Assistindo o casal em silêncio, me inclino contra o
parapeito, meio escondido pelas sombras, envolvido pela noite. É
exatamente como gosto.
Na minha frente, a cena se transforma em bruto.
E meu pau se transforma, imediatamente fica duro.
Os dentes da garota afundam no pescoço do cara, então
ela sussurra algo ininteligível em seu ouvido, palavras que silvam
enquanto arrasta os dentes através de sua pele. Duro, agressivo,
áspero. Posso ver o rastro vermelho de dor que ela deixa para trás a
partir daqui.
"Ela acabou de mordê-lo?" Kira diz com diversões, sua
mão congelada a minha cintura.
Concordo com a cabeça. Ela fez. E isso me fez duro como
uma rocha.
Adoro assistir dor. Isso me distrai da minha
O cara sorri, gostando também. Ele levanta as pernas
sobre seus ombros como ele empurra para dentro dela. Duro. Depois
libera uma das mãos para agarrar o pescoço dela. Duro. Seus dedos
cavam a pele delicada lá, cortando a carne, deixando marcas
vermelhas que só poderia ficar roxo pela manhã..
Mas ela gosta.
Posso dizer pelo jeito que ela coça as costas e geme mais.
Posso dizer pelo jeito que ela traga ainda mais em si mesma, indo
contra seus quadris para levá-lo ainda mais profundo. Posso dizer
pelo jeito que ela nem tenta tirar a mão dele de sua garganta.
Isto sempre me fascina quando vejo mulheres que se
rebaixam, as que gostam de uma vida difícil, aquelas que querem ser
dominadas ou humilhadas.
Não faz qualquer sentido, mas vejo isso todo o tempo,
mais e mais, especialmente aqui na casa do meu irmão em uma de
suas festas intermináveis. Em torno de sua piscina, em sua banheira
de água quente, em seu gramado. As pessoas parecem perder suas
inibições quando passam por estas portas, o que não faz qualquer
sentido, também. A maioria deles não o conheço, não realmente.
Mas isso não os impede.
Basta dizer que estou sempre entretido quando venho lhe
visitar.
"Você acha que eles sabem que estamos assistindo?" Kira
inclina-se na ponta dos pés, murmurando com a respiração quente
em meu ouvido quanto uma mão acaricia minhas bolas.
Olho para trás, para baixo e para o casal, observando o
rosto a contorcer e o torcer do cara, e vendo a garota gemer e se
contorcer debaixo dele. Eles não têm ideia de que estamos aqui, mas
tenho a sensação de que não se importariam mesmo que o fizessem.
"Acho que essa menina me serviu champanhe mais
cedo!" Kira exclama, inclinando-se mais perto para olhar.
"Você provavelmente está certa", respondo, olhando para
o uniforme de servidor acanhado da garota. Brevemente me
pergunto onde seu chefe pensa que ela está. Certamente, ele não tem
ideia de que ela está transando com um convidado da festa ao lado
da piscina.
Mas isso não é problema meu.
A protuberância entre as minhas pernas é o meu
problema agora. Tem crescido mais grosso e mais pesado e eu mudo,
aliviando a pressão do meu jeans longe do meu pau. Escovo minha
mão contra o jeans cobrindo minha virilha, acariciando-me. Só um
pouco. De forma rápida e eficiente.
Não farei nada em publico, por causa da minha
profissão, aprendi que proteger minha imagem. A imprensa teria um
dia de campo do caralho se imagens minhas imagens masturbando-
me vazassem.
Kira cuida da situação para mim, assim como ela sempre
faz quando estou na cidade. Ela me empurra para trás para as
sombras, onde ela sai do seu short na minha frente. Ela não está
usando calcinha.
Ela está certa. Algumas coisas nunca mudam.
"Foda-me com a sua mão enquanto você os vê", ela me
instrui baixinho, os olhos verdes brilhando. "Faça isso, Dom. E então
vou deixar você vir na minha cara, da maneira que você gosta. "
Ela fica inerte na minha frente, com a cabeça apoiada no
meu ombro enquanto deslizo dois dos meus dedos dentro e fora
dela. Sei exatamente onde tocá-la. Ela suga a respiração e tenho que
sorrir. Sei cada centímetro dela. Há algumas coisas a serem ditas por
familiaridade.
Ela está toda molhada, como se ela estivesse esperando
por isso desde que a tinha visto pela última vez. Ela não estava, é
claro. Kira e eu temos um arranjo de conveniência. É conveniente,
porque nos conhecemos, nós confiamos um no outro. E não há
sentimentos envolvidos. Ela e eu somos da mesma forma.
Posso ouvir a menina na piscina gemendo alto e faz os
meus dedos se movem mais rapidamente, trabalhando Kira mais
duro, em vez de impulsos suados do cara. Kira geme como a menina
na piscina e fecho meus olhos, ouvindo os sons do caralho. Com a
minha mão enterrada na virilha de Kira, os sons são tudo que
preciso agora.
Se eu fosse decente, recuaria a partir da varanda e daria
ao casal um pouco de privacidade e daria a Kira mais cobertura das
sombras... apenas no caso de alguém nós observar.
Mas foda-se. Não sou digno. Não mais.
Depois de mais alguns minutos de foda dura, o cara puxa
para fora da garçonete e agarra-a com força, puxando-a para fora da
carruagem e forçando-a para baixo na frente dele, de joelhos. Posso
ver sua pele roçar os tijolos, assim como posso ler seus lábios.
Chupe-me.
Faço uma pausa enquanto a menina balança a cabeça,
tentando ir embora, mas ele segura rápido pelos seus cabelos,
fazendo-a levá-lo em sua boca. Fazendo-a chupar seu próprio gosto
nele.
Ela definitivamente não é para ele agora. Ela balança
seus braços para ele freneticamente, mas ele segura seu cabelo com
força, envolve-o em torno de suas mãos, recusando-se a deixá-la ir.
Assisto a lavagem de medo sobre o seu rosto e meu
intestino aperta em reação.
Foda-se.
Kira levanta a cabeça quando a minha mão se silenciou.
"O quê?"
Seus olhos estão vidrados enquanto ela olha para mim.
Concordo com a cabeça em direção à piscina, na luta acontecendo lá
embaixo, para a garota tentando desesperadamente escapar das
garras do imbecil.
"Inferno", Kira suspira. "Ignore-o, Dom. Não é o seu
problema. Não estamos aqui."
Suspiro também, porque sei que não posso ignorar isso.
Isso vem acontecendo de forma demasiada. Pessoas vêm
aqui e ficam perdidos e fora de controle. Não vale a pena, mas o meu
irmão continua tendo parte de qualquer maneira. Ele diz que o
mantém relevante, qualquer que seja o que isso significa. Não pareço
ter um problema de ser relevante e não hospedaria uma única festa.
Agito o aperto de Kira fora do meu pulso, engulo o resto
da minha bebida e desço as escadas, ignorando os chamado de
protesto dela.
Demoro um minuto para tecer discretamente através das
massas de pessoas espalhadas pela casa e fazer o meu caminho
através do gramado e sobre as pedras que leva à piscina. Mas
alcanço o casal dentro de dois minutos e, mesmo sem fazer uma
pausa, pego o cara por trás, puxando-o para trás. Ele assobia quando
dentes da garota raspam o pau dele.
Ela serve bem. O filho da puta me interrompeu.
Ele grita e eu jogo-o no chão, assistindo satisfeito quando
ele machuca o rosto na pedra tijolos antes de ele rolar no gramado.
"Cai fora", grito pra ele. "Ninguém fica forçado contra a
sua vontade aqui."
"Essa cadela queria", ele protesta quando ele sobe a seus
pés. "Ela estava pedindo por isso."
Balancei minha cabeça. "A última vez que verifiquei, não
significa não. Não é uma nova maneira de perguntar para ele. Fora
daqui."
O cara olha para mim de novo, reconhece quem eu sou, e
depois segue longe sem outra palavra. Pego uma toalha de piscina e
envolvo-a em torno dos ombros da menina.
Seu uniforme acanhado, o que era mal lá, em primeiro
lugar, está pendurado em torno de sua cintura, agora,
aparentemente rasgado em sua briga. Ela parece autoconsciente,
mas honestamente, quase não notei. Ela é jovem e tem peitos
alegres, mas assim como milhares de outras mulheres. Ela não faz
muito para mim. Principalmente porque sei que ela ia oferecer-se
em um prato, se quisesse ela. Considero brevemente convidando-a
para se juntar a Kira e eu, mas não o faço. Ela está bêbada, e mesmo
que ela não estivesse muito bêbada para se lembrar, ela tinha
acabado de ser quase violada.
"Você está bem?" Pergunto rispidamente. Ela balança a
cabeça, choramingando, assim quando outra menina, uma linda
loira em um correspondente uniforme, apressa-se.
"Puta merda, Kaylie. O que diabos aconteceu? "
A loira está evidentemente assustada, preocupada, e
enquanto Kaylie explica sobre o idiota, tento desaparecer nas
sombras. Independentemente da minha profissão, tento ficar fora do
holofote quando as câmeras não estão rolando. Infelizmente, antes
que consiga desaparecer Kaylie agarra meu braço, então envolve-se
em torno da minha cintura.
"Obrigada", ela me diz com voz trêmula, com os braços,
como bandas finas, não me dando espaço para sequer me contorcer.
Olho para ela, e observo seu delineador manchado de lágrimas ao
fixar em seus olhos em pânico.
"Não é um problema. Mas você precisa ficar fora de
situações como essa. Não haverá sempre alguém para intervir e
salvar você."
De sua expressão chocada, decido que poderia ter sido
um pouco duro demais com ela. Mas merda. As mulheres têm que
ser mais cuidadosas. Elas não podem desfilar em apenas qualquer
roupa, ter sexo violento com um estranho e só esperar que ele seja
um cavalheiro. Homens, em geral, não são cavalheiros. Nós somos
idiotas.
Kaylie olha para mim, muito bêbada ou alta até mesmo
para responder. Mas sua amiga não é tão silenciosa.
Grandes olhos castanhos morde-me com raiva. "Por que
você está preocupado com ela? Ela estava apenas assustada, no caso
de você não perceber."
Reviro os olhos.
"É o que você chama isso? Ela estava tendo sexo violento
com aquele idiota em público, quando ela deveria estar trabalhando,
poderia acrescentar. Pareceu-me como se fosse um incidente que
ficou fora de controle. Parei por ela. Você é bem-vindo.”
Linda loira me olha pasmo. "Você está tentando insinuar
que ela não é uma vítima, que era culpa dela que isso aconteceu?"
Suspiro. "Claro que não. Estou dizendo que ela não
deveria ter encorajado um bêbado estranho para ser áspero com ela
em primeiro lugar. Boa noite.”
Começo a ir embora, mas, aparentemente, ela não está
satisfeita.
"Quem diabos você pensa que é?" Ela exige. "Você pode
não ter ouvido falar, mas você realmente não deve culpar a vítima."
"Não estou culpando..." Começo, mas sou interrompido
por seu suspiro quando passo totalmente para a luz e ela vê meu
rosto.
"Puta merda", ela respira. "Você é a porra do caralho de
Dominic Kinkaide".
Não posso deixar de sorrir, só um pouco, apenas o suficiente
para puxar os cantos dos meus lábios para cima. "Dominic fica. Eu
tiro o 'porra'. A menos, claro, sou realmente do caralho."
Ela sorri um sorriso de tirar o fôlego que deveria me
afetar. A menina está uma pilha, tem pernas que se estendem por
quilômetros, e está vestindo quase nada. Ela deveria me afetar. Mas
ela não faz. Porque nada me afeta mais. Estou cansado pra caralho.
"Ouvi que você é problema", ela anuncia assunto com
naturalidade, olhando-me de cima a baixo com um olhar lento e fogo
em seus olhos. "Isso é sorte, porque acontece que gosto problemas."
"Aposto que você faz", respondo de volta, tentando
ignorar a forma como ela está agindo agora que ela sabe quem sou.
Todos eles agem assim. Cada um deles. Fica monótono. Só uma vez,
não pode alguém me surpreender? "Prazer em conhecê-la."
Me viro e caminho de volta para a casa, mas ela dá dois
passos e pega meu braço. Faço uma pausa.
"Mas você não fez", diz ela, hesitante, um pouco insegura
agora. "Você não me conhece. O meu nome é Jacey".
Suspiro. "Seu nome não importa."
Continuo andando, ignorando a forma como ela suga o
fôlego, a forma como ela chama por mim depois em agitação, do
jeito que ela desiste e para na derrota.
Posso ser um idiota, mas eu não minto.
Seu nome não importa.
Não para mim.
Aguardem...