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‘SOBRE 0 MODULO DE YOUNG Emesto Guilherme Walter* evidenciando a formidével capacidade de sintese desta fltima. Mostra, em seguida, a evolugso de certos conccitoe ‘Shuimente corrigueiros ¢ como foi dffil e demorado que se tomnassem exatamente corriqueiros. Como, frequen {emente, sébios eminentes sentiram a necessidade desses conceitos para resolver e desenvolver seus racicctnice so ‘bro um determinado assunto, passavam perto deles € nfo os vishumbravam Os conceitos de momento de inérel ‘As observagbes de ordem didético/histéri- definic#o como mais uma de suas invectivas es- cas que a seguir faremos sio daquelas que, pirituosas. Espirituosa ela realmente €, mas € eventualmente, podem ser consideradas como — também lapidar e concisa. dispenséveis, em especial Aquelas mentes obje- Acertando a diferenga entre a matemética tivas ¢ préticas. A estas pevenimos logo que, de pura ¢ a matemética aplicada, disse ainda Rus- fato, pouco proveito guardario do artigo. sell, no mesmo artigo: Aquelas mentes mais a-toa, porém, pelas pri : : us imeiras tas avondas, € possfvel que essas ob- izle pure cont inerament de uma seragdes ocupemipes 0 tempo como um de- Se ames de qual gal ros “senfado interessante’ Assim estimulados os su- fe talon mar en, age, aalauer cs, en tis © corretamente alertados os geométricos, eis ‘gio a uma coisa dada, E essencial nfo discutir se a do que se tata, Primera proposicdo ¢ realmente verdadera © ‘Num famoso ensaio, publicado em 1901 na ee ree maine coi que ur} i ; i Ser verdad. Ambos txt dctales percocet TA Matemaicn ce Meee, ge cae pte ae es perenoeran Russell (1872-1970) saiu-se com a seguinte Neste trecho do ensaio, convenhamos, Russell 6 Proposicéo: “A matemética pode ser definida sinda conciso, todavia menos concessivo. Como a matéria na qual jamais sabemos do que“ Galiteu Galilei (1564-1642), na sua obra I! estamos falando, nem se 0 que dizenws € ver- Sagsiator! (© Eneaiadoy), ded t eoteoe eee dade”. Nio satisfeto com 0 espanto causado, 1as8 "nha, gas ‘Ivo de nae arematou: “Espero que aqueles que se assom og sempre aber dime eo ee braram com os comegos da matemética encon- verdadeira filosofia estf escrita nele. Em sone trem consolo nesta definigio © que concordem propre palevrnc Ses resiso”. Como Bertrand foi um nos, PCP Pa rte ee ante io nae eee eared mereederaraal 1 aor coalaence potas eae ae (sto 6, universe), que nfo se pode compreender antes de entender a lingua e conhcoer os caacte- Te com os quas es escrito, Ele esté escrito em Hiogua matemétca, os caracteres so tinguls, * Profemor do Tosttuio de Arquittura da Universidade de Brasfin, 1. “Tove who dream By day are conirant of many things _circunfertncias e cura figuras geométicas soon wtih aca st Sy igh." Eagar Alien eos meios € inpossvel eotendet humanamsnte Pox 5 “Eero somes prs womens serniiagpre- 5 palavragy sem eles Ns YaguOS perddos dees concaiday,qo saber wenden losfar ee Fe ar ; a Sn 8 gh ay ym oro ems opie SP UObaCTO ebro (CALILEU, 1973p, ‘Sime. Willam Gibere : Revista da SBHC, n. 6, p. 45-58, 1991 45 Emesto Guilherme Walter ‘Somando as observagées de Russell ¢ de Galileu, cabe explicitar 08 significados profun- dos de ambas assertivas, ¢ © que delas se pode colher. Preleg6es sobre a filosofia da mateméti- cc tem, de imediato, a vantagem de descerrar os hhorizontes do pensamento abstrato, entendido aqui como exerefcios de criatividade. TImaginamos como amostra das caracterfsti- ‘cas da lingua matemética, uma dissertagio sobre sua extraordinéria capacidade de expressar de forma sintética as mais complexas informag6es, ‘quando comparada com outros modos de comu- nicagko. E 0 corolério maior dessa vocaglo de sintese, que 6 a decodificagSo de mensagens nfo explicitas, pelo re-arranjo dos termos da mensagem original Para ilustrar, podemos fazer uma andlise da chamada Lei de Hooke, que relaciona defor- mages e tensées em pecas submetidas a esfor- ‘g0s. Na sua verséo original, em latim — ut ten- tio sic vis — so “gastos” 14 s{mbolos gréfi- cos (letras) para expressar a Jei. Em portugues, jf se fazem necessérios 30 desses simbolos: a deformagSo € proporcional & forga. Expres- sando a lei na lingua matemftica, evidencia-se de pronto 0 menor consumo de sfmbolos: d=kP(D, Considerando 0 princfpio desejfvel de que quanto mais complexa a informagio a transmi- tir, mais simples deve ser a linguagem usada na sua transmissio, € fécil entender porque Galileu preveniu ser indispensével o conhecimento da Ifngua matemética, para bem acompanhar a lei- ‘ura do livro da natureza. Essa extraordinéria capacidade de sintese ‘no 6, como jf frisamos, a maior das virtudes da matemtica. Mais importante ainda é 0 corolério ‘a que também j& nos referimos atrés, isto 6, permitir a decodificagho de mensagens embu- tidas mas nfo aparentes na mensagem primeira. Re-ordenando os termos de uma orago mate- mética, seja invertendo-a de oragéo direta em apenas 5 deles ! coragho indireta, seja passando-a de principal a subordinada; manipulando com os predicados inteligentemente com as regras da sintaxe ma- temética, chega-se no sO a um sujeito diferente de dizer a mesma coisa, o que seria uma simples questio de estilo, mas chega-se contingente- mente a descobrir facctas da realidade do Revista da SBHC, n. 6, p. 45-58, 1991 mundo fisico, no vislumbrados pela obser- vaso direta que gerou a locuglo original. ‘© que estamos querendo dizer com esas demazias verbais, fica mais doméstico se ape- larmos mais uma vez. para a lei de Hooke. A lo- ccugio original completa, resultado de experi- ‘mentagdes sobre hastes, € expressa em Ifagua matemética assim: d = K.P.L/A (2); 9 sfmbolos represesi- deformagfio total da haste “L” = comprimento original da haste “A” = seco original da haste “p" = carga causadora da deformac&o “"K" = uma constante, relacionada com a substincia de que € feita a haste ig. 0. A leitura da mensagem matemstica de Hoo- ke nos informa que: alterando P ou L, em uma certa proporo, mantendo fixo o valor de A, a deformagio d altera na mesma 3 alte- rando A, permanecendo fixos P ¢ L, 0 valor de se altera de um modo inversamente propor- cional. Vale dizer: se dobrarmos a carga, man- tendo fixas as dimens6es (Le A), dobra-se a deformacio; se reduzirmos & metade 0 compri- ‘mento L, conservando inalterados os valores de Pe A, a deformagio d reduz-se A metade; se alterarmos seco “A, aumentando ou diminuin- do de 1/3 por exemplo, fixos Pe L, a deformaco d diminuiré ou aumentar de 1/3: finalmente, se repetirmos esses testes com ‘outro material os resultados sero outros.

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