Você está na página 1de 58

1

Material de apoio ao aluno


Direito Processual Penal I

Profa. Ms. Natália Montezori Marabezzi Maziero


Este material não tem sua reprodução autorizada, sendo seu uso restrito e
exclusivo aos alunos regularmente matriculados na matéria de Processo
Penal I da faculdade PUCCAMP.
2

Noções Gerais sobre o Processo Penal

1-) Conceito e finalidade do processo penal:


 Lesão ao bem jurídico ou ameaça a lesão ao bem jurídico → Direito
subjetivo da ação
 Prestação da tutela jurisdicional → Processo
 Processo → “Jus puniendi” x “jus libertatis”
 “Jus puniendi” → sanção → Art. 5°, XXXIX, CF/88 (“não há crime sem
lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”)
 Caráter instrumental do processo penal

Poder Jurisdicional →
Jus puniendi PROCESSO é → o
→ →
instrumento pela qual o
ESTADO Jus libertatis Estado exerce o Poder
Jurisdicional
3-) Sistemas processuais:
 Sistema acusatório;
 Sistema misto;
 Sistema inquisitivo

3.1-) Acusatório:
 Regimes democráticos
 Distinção entre as funções de acusar, defender e julgar
 Para que a relação processual seja instalada, obrigatoriamente, deve
existir acusação
 Contraditório e ampla defesa
 Obediências às normas processuais e garantias constitucionais
 Atos processuais são públicos (exceções excepcionais)
 Equilíbrio entre acuação e defesa
 O juiz não pode produzir provas de ofício

3.2-) Inquisitivo:
 Regimes ditatoriais
 O juiz reúne as funções de acusar, defender e julgar
 Juiz pode instalar a relação processual de ofício
 Não há observância de garantias processuais ou constitucionais
 Atos processuais não são públicos
 Desigualdade entre acusação e defesa
 O juiz pode produzir provas de ofício

3.3-) Misto:
 Modelo intermediário
 Restrições à publicidade do processo
 Garantias processuais e constitucionais observadas
 Inquisitivo garantista
 O juiz pode produzir provas de ofício
3

Acusatório Inquisitivo Misto


Regimes democráticos Regimes ditatoriais Modelo intermediário

Distinção entre as funções O juiz reúne as funções Inquisitivo garantista


de acusar, defender e de acusar, defender e
julgar; julgar
Equilíbrio entre acuação e Desigualdade entre
defesa acusação e defesa
Para que a relação Juiz pode instalar a
processual seja instalada, relação processual de
obrigatoriamente, deve ofício
existir acusação
Contraditório e ampla Não há observância de Garantias processuais
defesa garantias processuais ou e constitucionais
Obediências às normas
constitucionais observadas
processuais e garantias
constitucionais
Atos processuais são Atos processuais não são Restrições à
públicos (exceções públicos publicidade do
excepcionais) processo

O juiz não pode produzir O juiz pode produzir O juiz pode produzir
provas de ofício provas de ofício provas de ofício

4-) Princípios:

4.1-) Estado de Inocência:


 Art. 5°, LVII, CF/88
 Obs: O Princípio do Estado de Inocência sofreu uma relativização na
sua aplicação desde Fevereiro de 2016. O STF através do julgamento
do HC 126.292/SP (Ministro relator Teori Zavaski) decidiu que a
partir de condenação em 2º grau de jurisdição a pena já pode ser
executada provisoriamente.

Art. 5°, LVII, CF/88 - ninguém será considerado culpado até o trânsito em
julgado de sentença penal condenatória.
4

4.2-) Devido Processo Legal:


 Art. 5º, LIV, CF/88
 Pacto de São José da Costa Rica (Art. 8°) - Convenção Americana
sobre Direitos Humanos Decreto nº 678, de 6 de novembro de 1992

Art. 5º, LIV, CF/88 - Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens
sem o devido processo legal.

Art. 8º, Decreto n° 678 - Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as
devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal
competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei,
na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou para
que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza civil,
trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.

4.3-) Ampla defesa:


 Art. 5°, LV, CF/88;
 Autodefesa Direito de audiência – apresentar-se para o juiz da
causa
Direito de presença – acompanhar todos os atos
processuais
Direito de postular pessoalmente – ser assistido por
advogado
 Defesa técnica Direito de propor meios de provas
Direito de obter manifestação judicial motivada
sobre a recusa da prova
Direito à prática da prova admitida
Direito de obter manifestação judicial motivada
sobre a prova produzida

Art. 5°, LV, CF/88 - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo,


e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa,
com os meios e recursos a ela inerentes.

4.4-) Princípio do Contraditório:


 Art. 5°, LV, CF/88

Art. 5°, LV, CF/88 - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo,


e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa,
com os meios e recursos a ela inerentes.
5

4.5-) Princípio da Dignidade da Pessoa Humana:


 Art.1º, III, CF/88
 Súmula Vinculante 14
 Súmula Vinculante 11

Art. 1º, III, CF/88 - A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se
em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana

Súmula Vinculante 14 - É direito do defensor, no interesse do


representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito
de defesa.

Súmula Vinculante 11 - Só é lícito o uso de algemas em casos de


resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física
própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a
excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da
prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da
responsabilidade civil do Estado.

4.6-) Princípio da Verdade Real (verdade material ou substancial)


 Art. 566, CPP

Art. 566 - Não será declarada a nulidade de ato processual que não
houver influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da
causa.

4.7-) Duração razoável do processo:


 Art.5º, LXXVIII, CF/88
 O que é duração razoável do processo? Complexidade do caso
Conduta processual do
acusado
Conduta das autoridades
judiciárias

Critérios estabelecidos pela Corte Interamericana de Direitos Humanos e


pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos
6

Art. 5º, LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são


assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação.

4.8-) Princípio da publicidade:


 Art. 5°, LX, CF/88

Art. 5°, LX, CF/88 - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o
exigirem

4.9-) Princípio do Juiz natural:


 Art. 5°, LIII, CF/88
 Art. 5º, XXXVII, CF/88

Art. 5°, LIII, CF/88 - ninguém será processado nem sentenciado senão
pela autoridade competente

Art. 5º, XXXVII, CF/88 - não haverá juízo ou tribunal de exceção

4.10-) Princípio da isonomia (Princípio da igualdade ou da paridade das


armas):
 Art. 5º, caput, CF/88

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros...

4.11-) Princípio da iniciativa das partes:


 Compete à acusação a iniciativa da movimentação do Poder
Judiciário, não podendo o magistrado dar início ao processo de
ofício;
 Tal princípio é a manifestação do sistema acusatório.

4.12-) Princípio do impulso oficial:


 Art. 251, CPP (entre outros: Arts. 156, 176, 196, todos do CPP)

Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a


ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a
força pública.

4.13-) Princípio do duplo grau de jurisdição:


 Possibilidade de recurso
7

4.14-) Princípio do Nemo tenetur se detegere (vedação da produção de


prova contra si próprio, Princípio da não autoincriminação):
 Art. 5º, II, CF/88
 Art. 5º, LXIII, CF/88

Art. 5º, II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma


coisa senão em virtude de lei

Art. 5º, LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o
de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de
advogado;

APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL

Lei Processual Penal no Tempo

1-) Princípio do efeito imediato (Tempus regit actum):


 Qual lei deve reger o processo em caso de sucessão de leis
processuais?
 Art. 2°, CPP → Princípio do efeito imediato → Aplicação imediata da
lei processual

Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo,/ sem prejuízo da


validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.

Observações: Exceções legais ao Princípio Tempus regit actum

1-) Lei que modifica o prazo para interposição de recurso: Art. 3º, LICPP:
“O prazo já iniciado, inclusive o estabelecido para a interposição de
recurso, será regulado pela lei anterior, se esta não prescrever prazo
8

menor do que o fixado no Código de Processo Penal. ”

2-) Lei que estabelece novas condições de procedibilidade recursal: Art.


11, LICPP: “Já tendo sido interposto recurso de despacho ou de sentença,
as condições de admissibilidade, a forma e o julgamento serão regulados
pela lei anterior. ”

3-) Mudança de rito: Art. 6º, LICPP: “As ações penais, em que já se tenha
iniciado a produção de prova testemunhal, prosseguirão, até a sentença de
primeira instância, com o rito estabelecido na lei anterior. ”

4-) Nova lei que passa a estabelecer a necessidade de representação para


crime que antes era de ação penal pública incondicionada: Art.91, Lei nº
9.099/95: “Nos casos em que esta Lei passa a exigir representação para a
propositura da ação penal pública, o ofendido ou seu representante legal
será intimado para oferecê-la no prazo de trinta dias, sob pena de
decadência.”

2-) Irretroatividade:
 Lei processual penal NUNCA retroage
 Não há que se falar em extinção ou diminuição de direitos, lei
processual possui caráter instrumental

3-) Vigência e revogação:


 Art. 2°, LINDB

Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que
outra a modifique ou revogue.

4-) Repristinação:
 Art. 2°, §3º, LINDB

§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por


ter a lei revogadora perdido a vigência.

5-) Normas processuais heterotópicas:


 Normas processuais ≠ Normas materiais
 Heterotopia → Embora o conteúdo da norma confira uma
determinada natureza, encontra-se veiculada em diploma de
natureza diversa.
 Ex: Direito de silêncio durante o interrogatório (Art. 186, CPP),
Competência da Justiça Federal (Art. 109 CF/88)
9

6-) Normas processuais híbridas ou mistas:


 Normas que apresentam duplicidade de conteúdo
 Exemplos: Art. 366, CPP e Art. 387, IV, CPP

Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo
prescricional .....

Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:


IV - Fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela
infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido.

Lei Processual Penal no Espaço

1-) Conceito de território:


 Local onde as leis processuais penais são aplicadas
 Art. 1°, CPP → Princípio da Territorialidade
 O que é território brasileiro? Sentido estrito
Extensão (Art. 5°, §1°, CP)

Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por


este Código, ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos
ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da
República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de
responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2o, e 100);
III - os processos da competência da Justiça Militar;
IV - os processos da competência do tribunal especial (REVOGADO);
V - os processos por crimes de imprensa. (REVOGADO)
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos
referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não
10

dispuserem de modo diverso.

Art.5º, § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do


território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza
pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem,
bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo
correspondente ou em alto-mar.

INQUÉRITO POLICIAL

1-) Investigação preliminar:


 Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) (Art. 58, §3º, CF/88);
 Investigações feitas pelo MP (Art. 144, §1º, III, CF/88);
 Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO);
 Inquérito Civil;
 Inquérito Policial

Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões permanentes


e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no
respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de
investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos
nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos
Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente,
mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de
11

fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso,
encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade
civil ou criminal dos infratores.

Poderá ordenar quebra de sigilo bancário, fiscal, de dados, telefônicos, etc.


Ouvir testemunhas, sob pena de condução coercitiva
Ouvir investigados
Requisitar informações e documentos sigilosos à instituições diversas

Não poderá Sequestrar bens


Decretar prisão preventiva
Determinar interceptação telefônica
Determinar afastamento de cargo ou função
Decretar busca e apreensão domiciliar de documentos

2-) Inquérito Policial:


 Natureza jurídica: Procedimento administrativo
 Finalidade: Apuração de autoria e materialidade
 Quem é responsável? Art. 4°, CPP

Art. 4º A polícia judiciária (polícia civil) será exercida pelas autoridades


policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a
apuração das infrações penais e da sua autoria.

3-) Características:
 Procedimento escrito;
 Procedimento sigiloso;
 Procedimento indisponível;
 Procedimento obrigatório;
 Procedimento dispensável;
 Caráter inquisitivo;
 Caráter oficial;
 Incomunicabilidade (Não recepcionada pela CF/88)

3.1-) Procedimento escrito:


 Art. 9º, CPP

Art. 9o - Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado,


reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela
autoridade.
12

3.2-) Procedimento sigiloso:


 Art. 20, CPP;
 Sigilo Externo – Limitação da informação para o público externo
Interno – Limitação da informação ao sujeito da investigação

Art.20 - A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à


elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.

Observação relativa ao sigilo interno:


 Em regra não poderá ocorrer em razão do disposto no Estatuto da
OAB (Art. 7º, XIII, XV, XVI e §1º, Lei nº 8.096/94) e Súmula
Vinculante 14
Art. 7º São direitos do advogado:
XIII - examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou
da Administração Pública em geral, autos de processos findos ou em
andamento, mesmo sem procuração, quando não estejam sujeitos a sigilo,
assegurada a obtenção de cópias, podendo tomar apontamentos;
XV - ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer
natureza, em cartório ou na repartição competente, ou retirá-los pelos
prazos legais;
VI - retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo
de dez dias;
§ 1º Não se aplica o disposto nos incisos XV e XVI:
1) aos processos sob regime de segredo de justiça;
2) quando existirem nos autos documentos originais de difícil restauração
ou ocorrer circunstância relevante que justifique a permanência dos autos
no cartório, secretaria ou repartição, reconhecida pela autoridade em
despacho motivado, proferido de ofício, mediante representação ou a
requerimento da parte interessada;
3) até o encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de
devolver os respectivos autos no prazo legal, e só o fizer depois de
intimado.

STF Súmula Vinculante nº 14 - É direito do defensor, no interesse do


representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito
de defesa.
13

 Entretanto, há situações em que o sigilo interno deve incidir:


situações ligadas à natureza da medida ou à própria cautelaridade
do ato a justificar que se restrinja o acesso de uma das partes aos
atos de investigação sob pena de perda de sua eficácia.
Exemplo: Interceptação telefônica em andamento, busca e
apreensão na residência do investigado

Observação com relação à Lei nº 13.245/16 que alterou o Estatuto


da OAB no que tange aos direitos do advogado previstos no Art. 7º:

Art. 7º, XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir


investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de
investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que
conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em
meio físico ou digital

Art. 7º, XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de


infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou
depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e
probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente,
podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração:
a) apresentar razões e quesitos

 (Madeira, pg. 164) “É importante notar que a nulidade indicada no


inciso XXI não gera a contaminação dos atos do processo. Ainda
prevalece a máxima de que vícios do I.P não contaminam a ação
penal. A nulidade de que nos fala o inciso é a nulidade do ato
praticado no I.P que violem o inciso. Ainda subsiste o dogma de que
os vícios do I.P não contaminam a ação penal.
No entanto, esta fala precisa ser vista com ressalvas: se estes
elementos de investigação forem os únicos constantes dos autos,
não haverá justa causa para a ação penal, de forma que deverá o
juiz rejeitar a denúncia nos termos do Artigo 395, III, CPP. ”

3.3-) Procedimento indisponível:


 Art. 17, CPP
14

Art. 17 - A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de


inquérito.

3.4-) Procedimento obrigatório:


 Sendo narrado em tese um crime a autoridade policial tem o dever
funcional de instaurar I.P para investigação;

Observação com relação à obrigatoriedade de instauração do I.P:


 Se a autoridade policial entender que é o caso de não haver justa
causa para instauração do I.P, ela poderá indeferir a abertura do
mesmo.

 O que é considerado falta de justa causa?


→ Extinção da punibilidade
→ Requerimento não fornecer o mínimo indispensável
→ Fato atípico
→ Requerente for incapaz

 No caso de recusa por parte da autoridade policial, cabe recurso?


→ Art. 5º, II, CPP - Do despacho que indeferir o requerimento de
abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.

3.5-) Procedimento dispensável:


 O I.P é obrigatório para a autoridade policial, mas dispensável para a
ação penal;
 Arts. 12, 39, §5º e 46, §1º, CPP

Art. 12 - O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa,


sempre que servir de base a uma ou outra.

Art.39, § 5o - O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se


com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a
promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de
quinze dias.

Art.46, § 1o - Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial,


o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver
recebido as peças de informações ou a representação.

3.6-) Caráter inquisitivo:


 Não há ampla defesa e contraditório;
 Por essa razão é pacificado pelos Tribunais que eventuais vícios não
contaminam a ação penal
15

3.7-) Caráter oficial:


 É presidido pela autoridade policial → delegado de polícia

4-) Valor probatório do I.P:


 O juiz poderá utilizar os I.P na sua sentença? Art. 155, CPP

Art. 155 - O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação,
ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.

5-) Início do I.P:


 O início do I.P depende do tipo de ação penal prevista para o crime
cujo I.P se deseja iniciar;
 Art. 5º, CPP → Não é taxativo

Mecanismos para instauração do I.P:


 Notitia Criminis de cognição imediata ou espontânea – a
autoridade policial toma conhecimento dos fatos por meio de suas
atividades rotineiras. Neste caso a autoridade policial não é
provocada por qualquer pessoa. (Portaria)
 Notitia Criminis de cognição mediata ou provocada - a autoridade
policial toma conhecimento dos fatos por meio de expediente
escrito. Neste caso a autoridade policial é provocada.
(Requerimento e requisição)
 Notitia Criminis de cognição coercitiva – a autoridade policial
toma conhecimento dos fatos pela apresentação do acusado em
flagrante. (Auto de Prisão em flagrante)
 Delatio Criminis – Comunicação de uma infração penal à
autoridade policial feita por terceiro que não a vítima ou seu
representante legal.
 Delatio Criminis postulatória – Representação nos crimes que a
exigem. (Representação)
 Delatio Criminis inqualificada – Trata-se da notitia criminis sem
identificação (Conhecida como “denúncia anônima”) – Não é
possível a instauração do I.P com base na “denúncia anônima”,
entretanto, é possível à autoridade policial proceder à diligências
e, a partir delas, caso encontrem algum elemento, instaurar o I.P.

5.1-) Ação penal Pública Incondicionada:


 Art. 5°, I, II e §3º, CPP De ofício
Requisição do juiz e do MP
16

Requerimento do ofendido ou seu


representante legal
Delatio Criminis
Auto de prisão em flagrante

Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:


I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério
Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para
representá-lo

§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de


infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por
escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência
das informações, mandará instaurar inquérito. (“Delatio Criminis”)

Observação com relação a quem poderá ser o representante legal:


 Quando a vítima for incapaz → Representante legal
 Quando a vítima for incapaz e não tiver representante legal ou
interesses entre representante e representado forem colidentes →
Curador especial nomeado pelo juiz
 Quando o réu for morto ou declarado judicialmente ausente →
Membros do CADI

5.2-) Ação Penal Pública Condicionada à Representação do Ofendido:


 Art. 5°, §4°, CPP Representação do ofendido ou de seu
representante legal
Auto de prisão em flagrante (É necessária a
representação)

§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de


representação, não poderá sem ela ser iniciado.

Observação com relação a quem poderá ser o representante legal:


 Quando a vítima for incapaz → Representante legal
 Quando a vítima for incapaz e não tiver representante legal ou
interesses entre representante e representado forem colidentes →
Curador especial nomeado pelo juiz
 Quando o réu for morto ou declarado judicialmente ausente →
17

Membros do CADI

5.3-) Ação Penal Pública Condicionada à Requisição do Ministro da Justiça:


 Requisição do Ministro da Justiça
 Crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil
(Art.7º, §3º, b, CP)
 Crimes contra a honra praticados contra o Presidente da República
ou Chefe de Governo Estrangeiro (Art. 141, I, c/c Art. 145, Parágrafo
Único, CP);
 Crimes previstos na Lei nº 7.170/83 (Lei de Segurança Nacional)

5.4-) Ação Penal Privada:


 Art. 5°, §5°, CPP Requerimento do ofendido ou de seu
representante legal
Auto de prisão em flagrante (É necessária a
autorização)

§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá


proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para
intentá-la.

Observação com relação a quem poderá ser o representante legal:


 Quando a vítima for incapaz → Representante legal
 Quando a vítima for incapaz e não tiver representante legal ou
interesses entre representante e representado forem colidentes →
Curador especial nomeado pelo juiz
Quando o réu for morto ou declarado judicialmente ausente → Membros do
CADI
 Exceto ação penal privada personalíssima → somente o
ofendido

6-) O que deve conter no Requerimento ou na Requisição?


 Art. 5°, §1°, CPP

Art.5º, § 1o - O requerimento a que se refere o n o II conterá sempre que


possível:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as
razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os
motivos de impossibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e
18

residência.

7-) Desenvolvimento do I.P:


 Art. 6° e 7º, CPP

Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a


autoridade policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o
estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos
criminais;
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após
liberados pelos peritos criminais;
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do
fato e suas circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido;
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do
disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo
termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de
delito e a quaisquer outras perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico,
se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista
individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado
de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros
elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e
caráter.
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades
e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual
responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.
Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido
praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à
reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade
ou a ordem pública.
8-) Prazo para término do I.P:

Natureza Preso Solto


19

Regra geral (Art. 10, 10 dias podendo ser 30 dias


CPP) prorrogado por mais 10
dias
Justiça Federal (Art. 15 dias podendo ser 30 dias
66, Lei nº 5.010/66) prorrogado por mais 15
dias
Lei de Drogas (Lei 30 dias podendo ser 90 dias
nº11.243/06) prorrogado por mais 30
dias
Inquérito Militar 20 dias 40 dias
Crimes contra a 10 dias 10 dias
economia popular (Lei
1.521/51)

Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado


tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado
o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de
prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou
sem ela.

9-) Identificação civil e criminal:


 A regra é que a pessoa seja identificada civilmente. Caso tal
identificação não seja possível passar-se-á à identificação criminal
 Há hipóteses em que mesmo sendo identificado civilmente será
necessária a identificação criminal → Art. 3º, Lei nº 12.037/2009
(Atual lei de identificação)
 Identificação Civil → Art. 2º, Lei nº 12.037/2009 (Atual lei de
identificação)
 Identificação Penal Art. 5º, LVIII, CF/88
Art. 5º, Lei nº 12.037/2009 (Atual lei de
identificação)

Art. 5º, LVIII, CF/88 - o civilmente identificado não será submetido a


identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei.

Art. 2º A identificação civil é atestada por qualquer dos seguintes


documentos:
I – carteira de identidade;
II – carteira de trabalho;
20

III – carteira profissional;


IV – passaporte;
V – carteira de identificação funcional;
VI – outro documento público que permita a identificação do indiciado.

Art. 3º Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer


identificação criminal quando:
I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação;
II – o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o
indiciado;
III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com
informações conflitantes entre si;
IV – a identificação criminal for essencial às investigações policiais,
segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de
ofício ou mediante representação da autoridade policial, do Ministério
Público ou da defesa;
V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes
qualificações;
VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da
expedição do documento apresentado impossibilite a completa identificação
dos caracteres essenciais.

Art. 5º A identificação criminal incluirá o processo datiloscópico e o


fotográfico, que serão juntados aos autos da comunicação da prisão em
flagrante, ou do inquérito policial ou outra forma de investigação.
Parágrafo único. Na hipótese do inciso IV do art. 3 o, a identificação criminal
poderá incluir a coleta de material biológico para a obtenção do perfil
genético.

10-) Término do I.P:


 Relatório → Art. 10, §1°, CPP

Art. 10, § 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido


apurado e enviará autos ao juiz competente.

11-) Após o término do I.P, quais medidas a serem tomadas?


21

 Ações Penais Públicas Incondicionadas Oferecer a denúncia (Art.


24, CPP)
Requerer novas
diligências (Art. 18, CPP)
Requerer o arquivamento
(Art. 28, CPP)

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do
Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver
qualidade para representá-lo.

Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade


judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá
proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.

Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a


denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer
peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as
razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao
procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do
Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento,
ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.

 Ações Penais Públicas Condicionadas à Representação do Ofendido →


Representação (Art. 24, CPP)

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do
Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver
qualidade para representá-lo.

 Ações Penais Públicas Condicionadas à Requisição do Ministro da


Justiça → Requisição do Ministro da Justiça (Art. 24, CPP)

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do
Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver
qualidade para representá-lo.
22

 Ações Penais Privadas → Queixa (Art. 19, CPP)


 Crimes de ação penal privada existe arquivamento? Não → renúncia

Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do
inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a
iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao
requerente, se o pedir, mediante traslado.

Ação Penal

1-) Conceito:
 Poder de movimentar o aparelho jurisdicional estatal, a fim de
satisfazer uma pretensão punitiva

2-) Espécies de ação penal:


Açãã o Penãl Púú blicã (Denúú nciã - MP)

Art.100, CP

Açãã o Penãl Púú blicã Incondicionãdã

Art.24, CPP + Art.100, §1º, CP

Açãã o Penãl Púú blicã Condicionãdã ãà Representãçãã o

Art.24, CPP + Art. 100, §1º, CP

Açãã o penãl Púú blicã Condicionãdã ãà Reqúisiçãã o

Art.24, CPP + Art. 100, §1º, CP


23

Açãã o Penãl Privãdã (Qúeixã – Ofendido/Representãnte)

Art.30, CPP

Açãã o Penãl Privãdã Propriãmente ditã oú Exclúsivã

Art.30, CPP + Art. 100, §2º, CP

Açãã o Penãl Privãdã Personãlíússimã

Art.30, CPP + Art. 100, §2º, CP

Açãã o Penãl Privãdã Súbsidiãú riã dã Púú blicã

Art.30, CPP + Art. 100, §3º, CP

Ação Penal Pública Incondicionada

1-) Titularidade:
 MP - Art. 24, CPP + Art. 100, “caput” e §1°, CPP

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do
Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver
qualidade para representá-lo.

Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a


declara privativa do ofendido.
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo,
quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do
Ministro da Justiça.

2-) Princípios:
 Princípio da Obrigatoriedade Regrada (Art. 24, CPP) → O MP tem o
dever de oferecer denúncia contra todos aqueles contra quem
existirem indícios suficientes de autoria e prova da materialidade;
 Princípio da Indisponibilidade (Art. 42, CPP) → Uma vez ajuizada a
ação penal pelo MP não poderá dela desistir;
 Princípio da Oficialidade (Titularidade do MP) → A acusação deve ser
exercida pelos órgãos oficiais;
24

 Princípio da Divisibilidade (Art. 48, CPP) → O MP deverá oferecer


denúncia contra todos que se tenha conhecimento de autoria;
 Princípio da Oficiosidade → Os órgãos de acusação devem atuar de
ofício, independente de provocação.

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do
Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver
qualidade para representá-lo.

Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.

Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao


processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.
Ação Penal Pública Condicionada

1-) Titularidade:
 MP - Art. 24, CPP + Art. 100, “caput” e §1°, CPP
 Condição de procedibilidade Representação do ofendido (Art. 100,
§1°, CPP)
Requisição do Ministro da Justiça
(Art. 100, §1°, CPP)
 Uma vez iniciada passa a reger-se pelos Princípios da Ação Penal
Pública Incondicionada

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do
Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver
qualidade para representá-lo.

Condição de
procedibilidade

Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a


declara privativa do ofendido.
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo,
quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do
Ministro da Justiça.
25

Condição de procedibilidade

2-) Quem poderá oferecer a representação na Ação penal Pública


Condicionada à representação do ofendido?
 Regra → Ofendido (Art.30, CPP)
 Ofendido inimputável → Representante legal (Art. 30, CPP)
 Ofendido inimputável OU interesses entre representante e
representado forem colidentes→ Curador especial (Art. 33, CPP)
 Morte ou declarado judicialmente ausente CADI → (Art. 31, CP +
36, CPP)
 Pessoas jurídicas → Contrato social, estatuto OU sócios-gerentes e
diretores (Art. 37, CPP)

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do
Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver
qualidade para representá-lo.
§ 1o No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por
decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão.

Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 (dezoito) anos, ou mentalmente


enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou
colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá
ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento
do Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal.

Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, terá
preferência o cônjuge, e, em seguida, o parente mais próximo na ordem de
enumeração constante do art. 31, podendo, entretanto, qualquer delas
prosseguir na ação, caso o querelante desista da instância ou a abandone.

Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas


poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os
respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes,
pelos seus diretores ou sócios-gerentes.

Art.100, § 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado


ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir
na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
26

3-) Prazos para oferecimento da representação:


 6 meses (Art. 38, CPP) → Decadencial
 Art. 107, IV, CP → Extinção de punibilidade
 Contagem: Art. 10, CP
 Ofendido incapaz → Súmula 594, STF

Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante


legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer
dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é
o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo
para o oferecimento da denúncia.

Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os


dias, os meses e os anos pelo calendário comum.

SÚMULA 594 - OS DIREITOS DE QUEIXA E DE REPRESENTAÇÃO


PODEM SER EXERCIDOS, INDEPENDENTEMENTE, PELO OFENDIDO
OU POR SEU REPRESENTANTE LEGAL.

4-) Forma:
 Não há forma rígida estabelecida pela lei → Art. 39, §§1° e 2°, CPP

Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente


ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração,
escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à
autoridade policial.
§ 1o A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura
devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou
procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial,
presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida.
§ 2o A representação conterá todas as informações que possam servir
à apuração do fato e da autoria.

5-) Irretratabilidade:
 A representação será retratável até o oferecimento da denúncia (Art.
25, CPP)

Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.

6-) Quem poderá apresentar requisição na Ação Penal Pública


Condicionada à Requisição do Ministro da Justiça?
27

 Ministro da Justiça (Art.24, CPP)


 Hipóteses Crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro
fora do Brasil (Art.7º, §3º, b, CP);
Crimes contra a honra praticados contra o Presidente
da República ou Chefe de Governo Estrangeiro (Art.
141, I, c/c Art. 145, Parágrafo Único, CP);
Crimes previstos na Lei nº 7.170/83 (Lei de Segurança
Nacional)

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do
Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver
qualidade para representá-lo.

7-) Prazo para oferecimento e irretratabilidade da requisição:


 Prazo → Omisso;
 Irretratável

Ação Penal Privada

1-) Titularidade:
 Regra → Ofendido (Art.30, CPP)
 Ofendido inimputável → Representante legal (Art. 30, CPP)
 Ofendido inimputável OU interesses entre representante e
representado forem colidentes→ Curador especial (Art. 33, CPP)
 Morte ou declarado judicialmente ausente CADI → (Art. 31, CP +
36, CPP)
 Pessoas jurídicas → Contrato social, estatuto OU sócios-gerentes e
diretores (Art. 37, CPP)

Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá


intentar a ação privada.

Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por


decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará
ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 (dezoito) anos, ou mentalmente


enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou
colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá
ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento
28

do Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal.

2-) Princípios:
 Princípio da oportunidade e da conveniência → Cabe,
exclusivamente, pelo ao titular da queixa optar por ingressar ou não com a
ação;
 Princípio da disponibilidade → O querelante pode desistir da ação
penal proposta, desde que não tenha havido o trânsito em julgado da
sentença penal (Desistência, perdão do ofendido e perempção);
 Princípio indivisibilidade → A exclusão voluntária de um dos
querelados gera renúncia em relação a este extensível aos demais (Art. 48,
CPP)

Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao


processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.

4-) Prazo:
 06 meses (Art. 38, CPP) → 06 meses contados do conhecimento da
autoria delitiva

Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante


legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer
dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é
o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo
para o oferecimento da denúncia.

Ação Penal Privada Personalíssima

1-) Titularidade:
 Ofendido

2-) Hipótese:
 Art. 236, CP

Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro


contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento
anterior:
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente
enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a
sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.

3-) Prazo:
29

 06 meses → Art. 38, CPP + Art. 236, parágrafo único, CP → 06 meses


contados da data do trânsito em julgado no cível que declarou o
impedimento/vício ao casamento.

Ação Penal Privada Subsidiária da Pública

1-) Titularidade:
 Regra → Ofendido (Art.30, CPP)
 Ofendido inimputável → Representante legal (Art. 30, CPP)
 Ofendido inimputável OU interesses entre representante e
representado forem colidentes→ Curador especial (Art. 33, CPP)
 Morte ou declarado judicialmente ausente CADI → (Art. 31, CP +
36, CPP)
 Pessoas jurídicas → Contrato social, estatuto OU sócios-gerentes e
diretores (Art. 37, CPP)

2-) Hipótese:
 Art.29, CPP

Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta
não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a
queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os
termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a
todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como
parte principal.

3-) Prazo:
 06 meses (Art. 38, CPP + Art. 29, CPP) → 06 meses contados do dia
em que o MP perdeu o prazo para o oferecimento da denúncia.
30

Denúncia e Queixa

1-) Noções introdutórias:


 Exordiais acusatórias Ação Penal Pública → Denúncia
Ação Penal Privada → Queixa

2-) Requisitos:
 Art. 41, CPP

Art. 41 - A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso,


com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou
esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do
crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.

3-) Aditamento da queixa:


 Art. 569, CPP → A queixa poderá se aditada até a sentença
 Emendatio libelli (Art. 383, CPP) → O juiz promove a alteração (pode
ocorrer em 1º e 2º instância)
 Mutatio libelli (Art. 384, CPP + Súmula 453, STF) → Somente se
aplica às ações penais privadas subsidiária da pública → O MP
promove a alteração da queixa pelo fato de que a circunstância
factual não está narrada na queixa
31

Art. 569 - As omissões da denúncia ou da queixa, da representação, ou,


nos processos das contravenções penais, da portaria ou do auto de prisão
em flagrante, poderão ser supridas a todo o tempo, antes da sentença
final.

Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou


queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em
consequência, tenha de aplicar pena mais grave.

4-) Aditamento da denúncia:


 Art. 569, CPP → A denúncia poderá se aditada até a sentença
 Mutatio libelli (Art. 384, CPP + Súmula 453, STF) → O MP promove a
alteração da denúncia pelo fato de que a circunstância factual não
está narrada na denúncia;
 Emendatio libelli (Art. 383, CPP) → O juiz promove a alteração (pode
ocorrer em 1º e 2º instância)

Art. 569 - As omissões da denúncia ou da queixa, da representação, ou,


nos processos das contravenções penais, da portaria ou do auto de prisão
em flagrante, poderão ser supridas a todo o tempo, antes da sentença
final.

Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou


queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em
conseqüência, tenha de aplicar pena mais grave.

Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova


definição jurídica do fato, em conseqüência de prova existente nos autos
de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o
Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5
(cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em
crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito
oralmente.

Súmula 453, STF: Não se aplicam à segunda instância o art. 384 e


parágrafo único do Código de Processo Penal, que possibilitam dar nova
definição jurídica ao fato delituoso, em virtude de circunstância elementar
32

não contida, explícita ou implicitamente, na denúncia ou queixa.

Emendatio libelli – Art. 383, CPP Mutatio libelli – Art. 384, CPP
O fato está descrito na O fato não está descrito na
denúncia/queixa denúncia/queixa
Pode incidir em 1º e em 2º grau Somente incide em 1º grau (Súmula
453, STF)
Incide tanto na ação penal pública Incide apenas na ação penal pública
quanto na ação penal privada e na ação penal privada subsidiária
da pública
Pode condenar por crime mais Há necessidade de aditamento por
grave sem ouvir ninguém parte do MP

3-) Requisitos específicos:


 Exercício pessoal da queixa → jus postuland
 Procurador com poderes especiais (Art. 44, CPP)
 Assinatura na procuração → saneamento de irregularidades

Art. 44 - A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais,
devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a
menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem
de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal.

4-) Prazos:
 Denúncia 05 dias → indiciado preso
(Art. 46, CPP) 15 dias → indiciado solto

Art. 46 - O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso,


será de 5 (cinco) dias, contado da data em que o órgão do Ministério
Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 (quinze) dias, se o
réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do
inquérito à autoridade policial (Art. 16), contar-se-á o prazo da data em
que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.

Observação:
 Consequências da perda de prazo para o oferecimento da denúncia
→ Ação Penal Privada Subsidiária da Pública

 Queixa → 6 meses (Art. 38, CPP)

Art. 38 - Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante


33

legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer


dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que vier a saber
quem é o autor do crime, ou, no caso do Art. 29, do dia em que se esgotar
o prazo para o oferecimento da denúncia.

Observação:
 Consequências da perda de prazo para o oferecimento da queixa →
Decadência

5-) Causas de rejeição de denúncia ou de queixa:


 Art. 395, CPP

Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:


I - for manifestamente inepta;
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação
penal; ou
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.

5.1-) Manifestamente inepta:


 Inobservância de suas formalidades → Art. 41, CPP

5.2-) Faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação


penal:
 Pressupostos → Formação do processo (prazo, competência,
requisitos, legitimidade “ad processum”)
 Condições (possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir,
legitimidade “ad causam”)

5.3-) Faltar justa causa para o exercício da ação penal:


 Ausência de suporte fático ou jurídico regular
 Indícios de materialidade e autoria delitiva
34

PRISÃO

1-) Noções Gerais:


 Conceito de prisão → Privação da liberdade
 Regra → Liberdade
 Exceção → Privação da liberdade (Art. 5°, LVII, CF/88 → Princípio do
Estado de Inocência)

LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de


sentença penal condenatória.

Observação com relação ao Princípio do Estado de Inocência após


nova orientação proferida pelo STF: O Princípio do Estado de
Inocência sofreu uma relativização na sua aplicação desde Fevereiro de
2016. O STF através do julgamento do HC 126.292/SP (Ministro relator
Teori Zavaski) decidiu que a partir de condenação em 2º grau de jurisdição
a pena já pode ser executada provisoriamente.

3-) Tipos de prisão (Lei n°12.403/11):


 Pena → Prisão decorrente de sentença condenatória irrecorrível
 Sem pena/Processual Prisão cautelar Prisão preventiva (Arts.
312 e 313, CPP)
Prisão temporária (Lei n°
7.960/89)
Prisão em flagrante (Art. 310, CPP)
Prisão civil → Alimentos (Art. 5º, LXVII,
CF/88)
Transgressão militar e crime militar (Art.
5º, LXI, CF/88)

4-) Regras gerais:


35

 Mandado de prisão → Ordem escrita e fundamentada emanada pela


autoridade competente (Art. 283, CPP + Art. 5°, LXI, CF/88)
 Exceção em que não há necessidade de mandado de prisão: prisão
em flagrante, Estado de sítio (Art. 139, II, CF/88), Estado de defesa
(Art. 136, §3º, CF/88), crime inafiançável (Art. 287, CPP) e recaptura
de réu evadido (Art. 684, CPP)
 Autoridade competente para expedição de mandado de prisão: Juiz

Art. 283 - Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente,
em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou,
no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão
temporária ou prisão preventiva.
Art. 5°, LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente,
salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente
militar, definidos em lei;

 Cumprimento do mandado:
1°-) Efetuada a qualquer hora do dia e da noite: Art. 283, §2°, CPP + Art.
5°, XI, CF/88
2°-) Entrega da Nota de Culpa ao preso
3°-) Informação sobre os direitos do preso: Art. 5°, LXIII, CF/88

Casa:
→ Durante a noite: Consentimento, flagrante, desastre e prestação e
socorro
→ Durante o dia: Consentimento, flagrante, desastre, prestação de socorro
e mandado

Art. 283 - Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente,
em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou,
no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária
ou prisão preventiva.
§ 2o A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora,
respeitadas as restrições relativas à inviolabilidade do domicílio.”

Art.5°, XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo


penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito
36

ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação


judicial;

Art. 5°, LXIII, CF/88 - o preso será informado de seus direitos, entre os
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da
família e de advogado;

Observação com relação às exceções quanto ao momento da prisão:


 Não é permitida a prisão de eleitor, desde 5 dias antes até 48 horas
depois da eleição, salvo flagrante delito ou em virtude de sentença
penal condenatória por crime inafiançável (Art. 236, Código
Eleitoral);
 Fiscais de partido e membros de mesas receptoras não poderão ser
presos durante o exercício de suas funções, salvo em flagrante delito
(Art. 236, Código Eleitoral);
 Candidatos não poderão ser presos 15 dias antes das eleições, salvo
em flagrante delito (Art. 236, Código Eleitoral)

 Uso de algemas: Súmula 11, STF + Art. 284, CPP

STF Súmula Vinculante nº 11 - Uso de Algemas - Restrições -


Responsabilidades do Agente e do Estado - Nulidades
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio
de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do
preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena
de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e
de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da
responsabilidade civil do Estado.

Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no


caso de resistência ou de tentativa de fuga do preso.
37

MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO


(Arts. 319 e 320, CPP)

1-) Noções gerais:


 Fumus boni iuris (fumus comissi delicti) – Indício de autoria e
materialidade
 Periculum in mora (periculum libertatis) – Risco que a liberdade do
indiciado/acusado representa ao processo
 Medidas cautelares Prisão
Medidas cautelares diversas de prisão
 Princípios Necessidade (Art.
282, CPP) – Gravidade da conduta,
circunstâncias dos fatos e
condições pessoais
Adequação (Art. 282, CPP) – Capacidade da medida de
estimular o resultado pretendido
Proporcionalidade – Proporcionalidade da medida ao
fato concreto
38

 Jurisdicionalidade → Somente o Poder Judiciário poderá imputar


medidas cautelares. (Exceto a fiança.)

Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser


aplicadas observando-se a:
I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a
instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a
prática de infrações penais;
II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e
condições pessoais do indiciado ou acusado .

2-) Critérios para aplicação das medidas cautelares:


 Liberdade plena;
 Medida cautelar diversa de prisão (Art. 319 e 320, CPP);
 Prisão (Art. 282, §6º, CPP);
 Medida substitutiva à prisão (Art. 318, CPP)

Art. § 6o A prisão preventiva será determinada quando não for cabível a


sua substituição por outra medida cautelar (art. 319 )

3-) Espécies de medidas cautelares diversas de prisão (Art. 319 e 320,


CPP): Rol exemplificativo

Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:


I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas
pelo juiz, para informar e justificar atividades;
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado
permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações;
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela
permanecer distante;
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja
39

conveniente ou necessária para a investigação ou instrução;


V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando
o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos;
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza
econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para
a prática de infrações penais;
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados
com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser
inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de
reiteração;
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o
comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento
ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial;
IX - monitoração eletrônica.
§ 4o A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI
deste Título, podendo ser cumulada com outras medidas cautelares.

Art. 320. A proibição de ausentar-se do País será comunicada pelo juiz às


autoridades encarregadas de fiscalizar as saídas do território nacional,
intimando-se o indiciado ou acusado para entregar o passaporte, no prazo
de 24 (vinte e quatro) horas.

3-) Características:
 Cumulatividade (Art. 282, §1º, CPP)
 Atuação do juiz (Art. 282, §2º, CPP)
 Contraditório (Art. 282, §3º, CPP)
 Descumprimento (Art. 282, §4º, CPP)

§ 1o As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou


cumulativamente.
§ 2o As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz, de ofício ou a
requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por
representação da autoridade policial ou mediante requerimento do
Ministério Público.
3o Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da
40

medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a


intimação da parte contrária, acompanhada de cópia do requerimento e
das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo.
§ 4o No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o
juiz, de ofício ou mediante requerimento do Ministério Público, de seu
assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em
cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva (art. 312,
parágrafo único).
§ 5o O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-la quando
verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la,
se sobrevierem razões que a justifiquem.

FIANÇA
41

1-) Noções Gerais:


 Garantia de cumprimento das obrigações processuais
 Art. 319, VIII Assegurar o comparecimento a atos do processo
Evitar obstrução do seu andamento
Resistência injustificada à ordem judicial
 Infrações inafiançáveis → Arts. 323 e 324, CPP + Quebra da fiança
(Arts. 341, 327 e 328, CPP)

Art. 323. Não será concedida fiança:


I - nos crimes de racismo;
II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
terrorismo e nos definidos como crimes hediondos;
III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a
ordem constitucional e o Estado Democrático;

Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança:


I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente
concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a que
se referem os arts. 327 e 328 deste Código;
II - em caso de prisão civil ou militar;
III - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
IV - quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão
preventiva (art. 312).

Art. 327. A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a comparecer


perante a autoridade, todas as vezes que for intimado para atos do
inquérito e da instrução criminal e para o julgamento. Quando o réu não
comparecer, a fiança será havida como quebrada.

Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da fiança,
mudar de residência, sem prévia permissão da autoridade processante, ou
ausentar-se por mais de 8 (oito) dias de sua residência, sem comunicar
àquela autoridade o lugar onde será encontrado.

Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado:


42

I - regularmente intimado para ato do processo, deixar de comparecer, sem


motivo justo; (Art. 327)
II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo
III - descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança;
IV - resistir injustificadamente a ordem judicial;
V - praticar nova infração penal dolosa

2-) Legitimidade (Art. 322, CPP)

Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos
de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4
(quatro) anos.
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que
decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.

2-) Base para cálculo:


 Art. 325, CPP

Art. 325. O valor da fiança será fixado pela autoridade que a conceder nos
seguintes limites:
I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se tratar de infração
cuja pena privativa de liberdade, no grau máximo, não for superior a 4
(quatro) anos;
II - de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos, quando o máximo da
pena privativa de liberdade cominada for superior a 4 (quatro) anos.

§ 1o Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança poderá


ser:
I - dispensada, na forma do art. 350 deste Código;
II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços);
III - aumentada em até 1.000 (mil) vezes.

Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando a situação
econômica do preso, poderá conceder-lhe liberdade provisória, sujeitando-
o às obrigações constantes dos arts. 327 e 328 deste Código e a outras
medidas cautelares, se for o caso.
43

3-) Prazo para pagar:


 Art. 334, CPP

Art. 334. A fiança poderá ser prestada enquanto não transitar em julgado
a sentença condenatória

4-) Autoridade policial se recusar ou retardar em arbitrar a fiança:


 Art. 335, CPP

Art. 335. Recusando ou retardando a autoridade policial a concessão da


fiança, o preso, ou alguém por ele, poderá prestá-la, mediante simples
petição, perante o juiz competente, que decidirá em 48 (quarenta e oito)
horas

5-) Para que serve a fiança?


 Art. 336, CPP

Art. 336. O dinheiro ou objetos dados como fiança servirão ao pagamento


das custas, da indenização do dano, da prestação pecuniária e da multa, se
o réu for condenado.

R$ CUSTAS +
R$ INDENIZAÇÃO DO DANO CIVIL +
R$ PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA +
R$ MULTA +
____________________________________________
FIANÇA

6-) Quebra da fiança:


 Art. 341, CPP + Art. 327 + Art. 328, CPP

Resumindo:
 Mudar de residência, sem prévia permissão da autoridade
processante, ou ausentar-se por mais de 8 (oito) dias de sua
residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será
encontrado.
 Regularmente intimado para ato do processo, deixar de comparecer,
44

sem motivo justo; (Art. 327)


 Deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do
processo
 Descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança;
 Resistir injustificadamente a ordem judicial;
 Praticar nova infração penal dolosa

7-) O que acontece caso seja quebrada a fiança:


 Art. 343, CPP → perda da ½ do valor

Art. 343. O quebramento injustificado da fiança importará na perda de


metade do seu valor, cabendo ao juiz decidir sobre a imposição de outras
medidas cautelares ou, se for o caso, a decretação da prisão preventiva.

8-) Perdimento:
 Art. 344, CPP

Art. 344. Entender-se-á perdido, na totalidade, o valor da fiança, se,


condenado, o acusado não se apresentar para o início do cumprimento da
pena definitivamente imposta.

9-) Restituição:
 Art. 337, CPP

Art. 337. Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em julgado


sentença que houver absolvido o acusado ou declarada extinta a ação
penal, o valor que a constituir, atualizado, será restituído sem desconto,
salvo o disposto no parágrafo único do art. 336 deste Código
45

PRISÃO PREVENTIVA

1-) Previsão legal:


 Art. 311 a 316, CPP

2-) Fases:
 I.P e Processo → Art. 311, CPP

Art. 311 - Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do


processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício,
se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do
querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial.

3-) Legitimidade para requerer:


 I.P → Delegado, MP e querelante (na ação penal privada);
 Processo → MP e querelante (na ação penal privada).
 Observação: Na fase de I.P juiz não poderá decretar de ofício

4-) Legitimidade para decretar:


 Juiz

5-) Prazo:
 Não há prazo

6-) Requisitos:
 Hipóteses dos Artigos 312 e 313, CPP

Art. 312 - A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da


ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução
criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova
46

da existência do crime e indício suficiente de autoria.

Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a
decretação da prisão preventiva:
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima
superior a 4 (quatro) anos;
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença
transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64
do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal;
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher,
criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para
garantir a execução das medidas protetivas de urgência;
Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando
houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não
fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser
colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra
hipótese recomendar a manutenção da medida.

6.1-) Análise do Art. 312, CPP (fundamentos):


 Garantia da ordem pública Probabilidade de reiteração de
condutas delituosas
Gravidade em concreto do crime
(intranquilidade social)
Periculosidade do agente

 Garantia da ordem econômica Probabilidade de reiteração de


condutas delituosas
Gravidade em concreto do crime
Periculosidade do agente

Crimes econômicos Crimes contra a economia popular (Lei nº


1.521/51)
Aplicação ilegal de créditos (Lei nº 7.942/86)
Crimes contra o sistema financeiro (Lei nº
7.492/86)
Crimes contra o consumidor (Lei nº 8.078/90)
47

Crimes contra a ordem tributária (Lei nº


8.137/90)
Adulteração de combustíveis (Lei nº 8.176/91)
Crimes contra a propriedade imaterial (Lei nº
9.279/96)
Lavagem de capitais (Lei nº 9.613/98)
Lei de falência (Lei nº 11.101/05)
Lei Antitruste (Lei nº 8884/94)

 Conveniência da instrução criminal → Hipóteses em que o


indiciado/acusado atuam de maneira indevida na instrução
probatória, ou seja, ameaçar testemunhas, forjar provas, alterar cena
do crime, etc.

 Assegurar a aplicação da lei penal → Quando houver indícios


concretos de fuga por parte do indiciado/acusado

 Parágrafo Único → A prisão preventiva poderá ser decretada em caso


de descumprimento de quaisquer das medidas cautelares diversas de
prisão impostas. Entretanto é necessário que o juiz avalie se a
substituição por outra medida seria eficaz, sendo, portanto, a
conversão em prisão medida desnecessária.

6.2-) Análise do Art. 313, CPP (condições de admissibilidade):


 (Inciso I) Crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade
máxima superior a 4 (quatro) anos → Não cabe prisão preventiva em
crimes culposos e contravenção penal;
 (Inciso II) Tiver sido condenado por outro crime doloso, em
sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I
do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de
1940 - Código Penal → Reincidente em crime doloso, salvo se já tiver
passado o período de 5 anos (reincidência);
 (Inciso III) Crime envolver violência doméstica e familiar contra a
mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência,
para garantir a execução das medidas protetivas de urgência → Quando
houver descumprimento de medida protetiva;
 (Parágrafo Único) Dúvida sobre a identificação civil
48

7-) Revogação de prisão preventiva:


 Quando a prisão preventiva for decretada na ausência dos Arts. 312
e 313, CPP haverá revogação da prisão preventiva.

8-) Medida substitutiva da prisão preventiva – Prisão domiciliar


 Art. 317 + Art. 318, CPP

Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou


acusado em sua residência, só podendo dela ausentar-se com autorização
judicial.

Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar


quando o agente for:
I - maior de 80 (oitenta) anos;
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave;
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis)
anos de idade ou com deficiência;
IV - gestante;
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos;
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até
12 (doze) anos de idade incompletos.
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos
requisitos estabelecidos neste artigo.
49

LIBERDADE PROVISÓRIA

1-) Liberdade provisória obrigatória:


 Art. 69, Parágrafo Único, Lei nº 9.099/95 → O autor do fato deverá
ser indagado pela autoridade policial se concorda em comparecer à
audiência preliminar a ser designada perante o JECRIM. Caso
concorde não se imporá prisão em flagrante, devendo ser
obrigatoriamente liberado;
 Art. 301, Lei nº 9.503/97 → Nos crimes envolvendo CTB, ao condutor
do veículo, nos casos e acidente de trânsito em que resulte vítima,
não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar
pronto e integral socorro à vítima.

2-) Liberdade provisória possível:


 Trata-se da concessão de liberdade provisória com fiança ou sem
fiança;
 Em ambos os casos o juiz poderá deferir a liberdade provisória
cumulada com outras medidas cautelares previstas nos artigos 319 e
320, CPP.

3-) Liberdade provisória sem fiança:


 Liberdade provisória nos casos de crimes envolvendo excludentes de
ilicitude (Art. 310, Parágrafo Único, CPP);
 Liberdade provisória uma vez ausente os requisitos que autorizam a
decretação da prisão preventiva (Art. 321, CPP);
 Liberdade provisória nas hipóteses em que o réu é pobre (Art. 350,
CPP)

Art. 310. Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em


flagrante, que o agente praticou o fato nas condições constantes dos
incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de
50

dezembro de 1940 - Código Penal, poderá, fundamentadamente,


conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de
comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação.

Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão


preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for
o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 deste Código e
observados os critérios constantes do art. 282 deste Código .

Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando a


situação econômica do preso, poderá conceder-lhe liberdade provisória,
sujeitando-o às obrigações constantes dos arts. 327 e 328 deste Código
e a outras medidas cautelares, se for o caso.
4-) Liberdade provisória com fiança:
 Vide comentários sobre fiança
51

PRISÃO TEMPORÁRIA

1-) Previsão legal:


 Lei n° 7.960/89

2-) Fase
 I.P

3-) Legitimidade para requerer:


 Delegado, MP e querelante (na ação penal privada);
 Observação: Na fase de I.P juiz não poderá decretar de ofício

4-) Legitimidade para decretar:


 Juiz

5-) Prazo (Art. 2º, Lei nº 7.960/89):


 5 dias, prorrogáveis por mais 5 dias (crimes comuns)
 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias (crimes hediondos)
 Prorrogação: Somente em caso de extrema e comprovada
necessidade

Art. 2º A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da


representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério
Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em
caso de extrema e comprovada necessidade.

6-) Hipóteses de cabimento:


 Art. 1º, Lei nº 7.960/89

Art. 1º Caberá prisão temporária:


I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;
52

II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos


necessários ao esclarecimento de sua identidade;
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova
admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos
seguintes crimes:
a) homicídio doloso (Art. 121, caput, e seu § 2º);
b) seqüestro ou cárcere privado (Art. 148, caput, e seus §§ 1º e 2º);
c) roubo (Art. 157, caput, e seus §§ 1º, 2º e 3º);
d) extorsão (Art. 158, caput, e seus §§ 1º e 2º);
e) extorsão mediante seqüestro (Art. 159, caput, e seus §§ 1º, 2º e 3º);
f) estupro (Art. 213, caput, e sua combinação com o Art. 223, caput, e
parágrafo único);
g) atentado violento ao pudor (Art. 214, caput, e sua combinação com o
Art. 223, caput, e parágrafo único);
h) rapto violento (Art. 219, e sua combinação com o Art. 223, caput, e
parágrafo único);
i) epidemia com resultado de morte (Art. 267, § 1º);
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal
qualificado pela morte (Art. 270, caput, combinado com Art. 285);
l) quadrilha ou bando (Art. 288), todos do Código Penal;
m) genocídio
n) tráfico de drogas
o) crimes contra o sistema financeiro

7-) Conversão da prisão temporária em prisão preventiva:


 Findo o prazo da prisão temporária, se presente os requisitos
autorizadores da prisão preventiva, o juiz poderá, a requerimento,
converter a prisão temporária em preventiva.
53

PRISÃO EM FLAGRANTE

1-) Noções gerais:


 Prisão processual, mas não prisão cautelar

2-) Fases:
 1º - Prisão-captura;
 2º - Lavratura do auto de prisão em flagrante;
 3º - Prisão detenção;
 4º - Comunicações obrigatórias;
 5º - Análise judicial

3-) Duração:
 24 horas

4-) Sujeito ativo:


 Art. 301, CPP

Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus


agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante
delito.

5-) Modalidades:
 Art. 302, CPP + Hipóteses doutrinárias
54

Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:

I - está cometendo a infração penal; (Próprio - Comum a configuração


da tentativa)
II - acaba de cometê-la; (Próprio – Modalidade consumada –
imediatamente após a consumação é surpreendido no cenário do
crime)
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; (Flagrante
Impróprio ou Quase Flagrante – Perseguição de forma ininterrupta,
constantes diligências, sem intervalos longos)

“Iniciada a perseguição logo após o crime, sendo ela incessante nos


termos legais, não importa o tempo decorrido entre o momento do
crime e a prisão dos seus autores. Tem-se admitido pacificamente
que esse tempo pode ser de várias horas ou mesmo dias. STJ/HC
126.980, 5° Turma, DI 08.09.2009”.

Art. 290, 1º, CPP - § 1o - Entender-se-á que o executor vai em perseguição


do réu, quando:
a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, embora depois
o tenha perdido de vista;
b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu tenha
passado, há pouco tempo, em tal ou qual direção, pelo lugar em que o
procure, for no seu encalço.

IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis


que façam presumir ser ele autor da infração. (Flagrante Presumido ou
Ficto – Tempo maior de consumação do crime.)

 Flagrante provocado ou Preparado (CRIME IMPOSSÍVEL) → O


agente é induzido à prática de um crime por terceiro. (Súmula 145 do STF).
 Flagrante Esperado (VÀLIDO) → espera o momento da execução pra
realizar o flagrante
55

 Flagrante Forjado (INVÁLIDO) → É criada provas na busca de se


incriminar e prender alguém em flagrante.

STF Súmula nº 145 - 06/12/1963 - Preparação do Flagrante pela Polícia que


Torna a Consumação Impossível
Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna
impossível a sua consumação

6-) Infrações que não admitem prisão em flagrante:

 Flagrante nas infrações de menor potencial ofensivo


→ Art. 69, Parágrafo Único, Lei n°9.099/95 – “ao autor do fato que, após a
lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir
o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante,
nem se exigirá fiança.”

 Flagrante nas infrações culposas


→ Não há proibição, mas os Tribunais tendem a conceder liberdade
provisória aos agentes de crimes culposos.
→ Fundamento:
 descabimento e desproporção da prisão, haja vista que em caso de
condenação o regime será o semi-aberto ou a substituição d apena em
medida restritiva de direito.
 Normalmente os crimes culposos possuem pena de até 2 anos –
JECRIM

 Não ocorrerá prisão em flagrante:


→ Art. 301, CTB (9.503/97): “Ao condutor de veículos, nos casos de acidente
de trânsito de que resultem vítimas, não se imporá a prisão em flagrante,
nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.”

→ Art. 48, Lei de Drogas (11.343/2006): “Tratando-se da conduta prevista


no Art. 28 desta lei (porte de drogas para uso pessoal), não se imporá
prisão em flagrante, devendo o autor do fato ser imediatamente
encaminhado ao juízo competente ou, na falta deste, assumir o
56

compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e


providenciando-se as requisições dos exames e perícias necessários.”

→ Apresentação espontânea à autoridade

→ Nenhuma autoridade poderá, desde 5 dias antes até 48 horas depois do


encerramento da eleição, prender ou deter qualquer eleitor, salvo em
flagrante delito ou em virtude de sentença penal condenatória por crime
inafiançável.

7-) Formalidades do auto de prisão em flagrante:


 Regras presentes do Art. 304 ao 309, CPP → Caso não sejam
observadas acarretará no relaxamento da prisão

Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o


condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do
termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das
testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a
imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas respectivas
assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto.
§ 1o Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido,
a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto
ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se
para isso for competente; se não o for, enviará os autos à autoridade que o
seja.
§ 2o A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão
em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo
menos duas pessoas que hajam testemunhado a apresentação do preso à
autoridade.
§ 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder
fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas,
que tenham ouvido sua leitura na presença deste.
§ 4o Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a
informação sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem
alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos
cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.
57

Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa


designada pela autoridade lavrará o auto, depois de prestado o
compromisso legal.

Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão


comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à
família do preso ou à pessoa por ele indicada
§ 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será
encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o
autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a
Defensoria Pública.
§ 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota
de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do
condutor e os das testemunhas.

Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou


contra esta, no exercício de suas funções, constarão do auto a narração
deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer o preso e os
depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo
preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao juiz a quem couber
tomar conhecimento do fato delituoso, se não o for a autoridade que houver
presidido o auto.

Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado a


prisão, o preso será logo apresentado à do lugar mais próximo.

Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, depois
de lavrado o auto de prisão em flagrante.

8-) Atuação do juiz ao receber o auto de prisão em flagrante:


 Art. 310, CPP

Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá


fundamentadamente:
I - relaxar a prisão ilegal; ou
58

II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os


requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem
inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão;
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.

Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que


o agente praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do
caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 -
Código Penal (excludente de ilicitude) poderá, fundamentadamente,
conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de
comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação.

9-) Flagrante em algumas modalidades de crimes:


 Crime permanente → Enquanto durar a permanência a pessoa estará
em flagrante (Art. 303, CPP)

Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante


delito enquanto não cessar a permanência.

 Crimes habituais Corrente majoritária → não existe prisão em


flagrante
Corrente minoritária → existe prisão em
flagrante

 Crimes de ação penal privada ou pública condicionada à


representação do ofendido → Poderá haver prisão em flagrante desde
que haja manifestação do ofendido ou de seu representante legal.

Você também pode gostar