Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/268216049
CITATIONS READS
4 1,423
4 authors, including:
SEE PROFILE
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
All content following this page was uploaded by Lena Virgínia Soares Monteiro on 13 November 2014.
1 – Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, Rua do Lago, 562, São Paulo, SP. CEP 05508-080. E-
mail: lena.monteiro@usp.br
2 – Instituto de Geociências, Universidade Estadual de Campinas, Rua João Pandiá Calógeras, 51, Campinas,
São Paulo. CEP 13083-870. E-mails: xavier@ige.unicamp.br; beto@ige.unicamp.br;
carolina.moreto@ige.unicamp.br
43
Lena Virgínia S. Monteiro, Roberto P. Xavier, Carlos R. de Souza Filho & Carolina Penteado N. Moreto
tos et al. (2000) e Santos (2003), adotada por Os complexos máfico-ultramáficos de Serra Azul
Vasquez et al. (2008a), a província tectônica ar- (2.970 ± 7 Ma, U-Pb zircão; Pimentel & Machado
queana foi individualizada, denominada Província 1994) e Guará-Pará (Macambira et al. 1986) inter-
Carajás e subdividida nos domínios Rio Maria e ceptam as sequências greenstone-belt.
Carajás. A Província Carajás, segundo Vasquez et Três episódios de formação de suítes TTG fo-
al. (2008a), é limitada ao norte e ao sul pela Pro- ram reconhecidos no Domínio Rio Maria por Almei-
víncia Transamazonas (2,26 – 1,90 Ga), respecti- da et al. (2011): (1) ca. 2,96 ± 0,02 Ga (rochas
vamente pelos domínio Bacajá e Santana do Ara- mais antigas do Tonalito Arco Verde; 2.957 +25/-
guaia, que apresentam porções juvenis paleopro- 21 Ma, Macambira & Lancelot 1996; e do Trondje-
terozóicas e segmentos arqueanos retrabalhados mito Mogno); (2) ca. 2,93 ± 0,02 Ga (Complexo
durante o Paleoproterozóico. Ao leste, a província Tonalítico Caracol, Tonalito Mariazinha e rochas
é limitada pela Província Tocantins e pelo Cinturão mais novas do Tonalito Arco Verde); e (3) ca. 2,86
Araguaia, neoproterozóicos, e ao oeste pelas ro- ± 0,01 Ga (Trondjemito Água Fria; 2.864 ± 21 Ma,
chas vulcano-plutônicas e sedimentares paleopro- Leite et al. 2004). Outras unidades associadas às
terozóicas da Província Amazônia Central. suítes TTG mais novas compreendem o Tonalito
Parazônia (2,86 Ga; Pimentel & Machado 1994) e
Domínio Rio Maria o Granodiorito Cumaru (2.817 ± 4 Ma; Lafon &
Scheller 1994).
O Domínio Rio Maria (Fig. 1), denominado pre- Embora o magmatismo TTG seja considerado o
viamente de Terreno Granito-Greenstone Rio Ma- mais volumoso no Domínio Rio Maria, também são
ria por Huhn et al. (1988), compreende sequênci- reconhecidas rochas sanukitóides (Dall’Agnol et al.
as metavulcano-sedimentares do tipo greenstone 2006, Oliveira et al. 2009), exemplificadas pelo
belt agrupadas nos supergrupos Andorinhas e Serra granodiorito Rio Maria (2.874 +9/-10 Ma, Macam-
do Inajá por DOCEGEO (1988) ou nos gru- pos bira & Lancelot 1996; 2872 ± 5 Ma, Pimentel &
Gradaús, Serra do Inajá, Babaçu, Lagoa Seca, Machado 1994) e leucogranitos potássicos de afi-
Tucumã e Sapucaia (Vasquez et al. 2008a). nidade cálcio-alcalina, tais como Xinguara (2.865
Essas sequências possuem idade U-Pb em zir- ± 1 Ma, Leite et al. 2004), Mata Surrão (2.872 ± 10
cão entre 3,00 e 2,90 Ga (3.002 ± 3 Ma; Tassinari Ma, Lafon et al. 1994; 2.894 ± 38 Ma) e Rancho de
et al. 2005; 2988 ± 4 Ma, Rolando & Macambira Deus (Barbosa & Lafon 1996).
2003, 2.979 ± 5 Ma; Pimentel & Machado 1994; As coberturas sedimentares dos grupos Rio
2.971 ± 18 Ma, Macambira & Lafon 1995; 2.904 Fresco e Gemaque, depositadas em uma única
+29/-22 Ma, Macambira & Lancelot 1996). Inclu- bacia plataformal no Paleoproterozóico (Vasquez
em, em sua base, derrames komatiíticos, dunitos et al. 2008a), são compostas por sucessões psa-
com texturas cumuláticas e peridotitos e piroxeni- míticas na base e pelito-carbonáticas no topo, in-
tos com textura spinifex, metabasaltos toleiíticos cipientemente metamorfisadas, que marcam trans-
com pillow-lavas, metatufos, talco xistos e interca- gressões marinhas sobre sedimentos de ambien-
lações de formações ferríferas e metachert. No tes costeiros e continentais (Cunha et al. 1984,
topo, predominam rochas vulcânicas félsicas e me- Macambira et al. 1986, Santos & Pena Filho 2000).
tassedimentares clásticas e químicas (DOCEGEO Estas sequências transgressivas não seriam cor-
1988). relacionáveis à Formação Águas Claras (Nogueira
As rochas vulcano-sedimentares do Domínio Rio et al. 1995), reconhecida no Domínio Carajás como
Maria foram metamorfisadas nas fácies xisto ver- uma sequência marinha progradante. A Formação
de a anfibolito inferior durante evento tectonoter- Gorotire, paleoproterozóica, por sua vez, caracte-
mal concomitante com o desenvolvimento de uma riza-se por sedimentação psamítica quartzosa e
foliação de cisalhamento subvertical penetrativa arcoseana de ambiente continental, que sucedeu
de direção E-W a WNW-ESE (Souza et al. 1990), a sedimentação plataformal do Grupo Rio Fresco.
relacionada às grandes zonas de cisalhamento Granitos alcalinos a sub-alcalinos de ca. 1,88 Ga
Andorinhas e Gradaús. Estrutura sinformal asso- representados pelos granitos das suítes Gra-
ciada às zonas de cisalhamento foi interpretada daús, Bannach, Musa, Jamon, Seringa, São João,
como sinclinório (Silva et al. 1974) ou como resul- São José, Cachoeirinha, Velho Guilherme, Reden-
tante de sistemas de duplexes (Araújo et al. 1988). ção e Marajoara (Dall’Agnol et al. 1999, 2005,
44
Metalogêmese das Províncias Tectônicas Brasileiras: Província Carajás
Figura 1 - A. Localização da Província Carajás no Estado do Pará. B. Divisão da Província Carajás nos domínios
Rio Maria (DRM) e Carajás (DC), e seu limite norte com o Domínio Bacajá (DB), paleoproterozóico. C. Mapa
geológico do Domínio Rio Maria (Vasquez et al. 2008b, Oliveira et al. 2010, Almeida et al. 2011).
Dall’Agnol & Oliveira 2007) também são reconhe- desse magma TTG teria reagido, durante sua as-
cidas nesse domínio. censão, com a cunha mantélica espessada, resul-
Segundo Souza et al. (2001), Leite et al. (2004), tando em metassomatismo do manto sub-litosfé-
Vasquez et al. (2008a), Oliveira et al. (2010) e Al- rico.
meida et al. (2011), a evolução geológica do Do- Em ca. 2,87 Ga, eventos termais relacionados
mínio Rio Maria compreendeu ao menos dois está- a slab-break-off e ressurgência do manto astenos-
gios de acresção crustal com adição de material férico ou pluma mantélica, induziram a fusão do
juvenil. Em ca. 3,04 Ga, alto fluxo de calor teria manto previamente metassomatizado, gerando os
induzido a fusão parcial do manto superior e da magmas sanukitóides. Esses magmas podem ter
crosta oceânica produzindo grandes volumes de aquecido a base da crosta continental e causado
magma komatiítico e toleiítico associado aos gre- fusão da crosta basáltica, originando o Trondjemi-
enstone-belts formados em ambiente de arcos de to Água Fria (Oliveira et al. 2009, Almeida et al.
ilhas (Souza et al. 2001). Entre ca. 2,98 Ga e 2,92 2011) e demais suítes TTG mais novas.
Ga, a subducção teria possibilitado fusão de cros- Os leucogranitos potássicos de ca. 2,88-2,87 Ga
ta oceânica basáltica gerando magma TTG. Parte (granitos Xinguara, Mata Surrão e Rancho de
45
Lena Virgínia S. Monteiro, Roberto P. Xavier, Carlos R. de Souza Filho & Carolina Penteado N. Moreto
Deus) são considerados como marcadores do últi- nockitos que ocorrem ao longo do rio Cateté, nas
mo evento tectonotermal relacionado à cratoni- proximidades da aldeia indígena Chicrim, anteri-
zação do Domínio Rio Maria (Vasquez et al. 2008a). ormente considerados por Araújo & Maia (1991)
como parte do Complexo Pium, foram separados
Domínio Carajás por Ricci & Carvalho (2006) e Vasquez et al.
(2008a) e denominados de Ortogranulitos Chicrim-
O Domínio Carajás (Vasquez et al. 2008a), pre- Cateté.
viamente denominado de Cinturão de Cisalhamen- A Bacia Carajás compreende sequências meta-
to Itacaiúnas por Araújo et al. (1988), inclui a Ba- vulcano-sedimentares do Grupo Rio Novo (Hirata
cia Carajás e, em sua parte sul, uma faixa deno- et al. 1982) e do Supergrupo Itacaiúnas (Wirth et
minada de Subdomínio de Transição (Dall´Agnol al. 1986, DOCEGEO 1988, Machado et al. 1991),
et al. 2006, Feio 2011), na qual o possível emba- além da Formação Águas Claras, metassedimen-
samento mesoarqueano da bacia é predominan- tar (Araújo et al. 1988, Nogueira et al. 1995).
te. O Grupo Rio Novo inclui anfibolitos, xistos, me-
No Domínio Carajás (Fig. 2), o embasamento tagrauvacas, rochas metavulcânicas toleiíticas e
arqueano é atribuído ao Complexo Xingu compos- gabros (Hirata et al. 1982). O Supergrupo Itacaiú-
to de gnaisses tonalíticos a trondhjemíticos e mig- nas (Wirth et al. 1986, DOCEGEO 1988) é consti-
matitos e ao Complexo Pium com ortogranulitos tuído pelos grupos Igarapé Salobo (Wirth et al.
máficos a félsicos, cujos protólitos teriam idades 1986), Igarapé Pojuca (DOCEGEO 1988; 2.732 ±
de cristalização de 3,002 ± 14 Ma (U–Pb SHRIMP 3 Ma U-Pb zircão, Machado et al. 1991), Grão Pará
zircão; Pidgeon et al. 2000). O último episódio de (DOCEGEO 1988; 2.759 ± 2 Ma, U-Pb zircão, Ma-
migmatização que afetou as rochas do Complexo chado et al. 1991; 2.760 ± 11 Ma, U-Pb zircão,
Xingu (2.859±2 Ma e 2.860±2 Ma; U-Pb em zircão; Trendall et al. 1998) e Igarapé Bahia (DOCEGEO
Machado et al. 1991) e a granulitização das ro- 1988; 2.747 ± 1 Ma Pb-Pb zircão, Galarza & Ma-
chas do Complexo Pium (2.859±9 Ma, U–Pb SHRIMP cambira 2002).
zircão; Pidgeon et al. 2000) seriam coevos. O Grupo Igarapé Salobo inclui paragnaisses,
Estudos recentes (Gomes 2003, Moreto 2010, anfibolitos, meta-arcóseas e formações ferríferas,
Moreto et al. 2011a, Feio 2011, Silva 2011), no enquanto o Grupo Igarapé Pojuca apresenta ro-
entanto, sugerem que é possível individualizar chas metavulcânicas básicas, xistos pelíticos, an-
unidades mesoarquenas distintas nas áreas an- fibolitos e formações ferríferas metamorfisadas em
tes atribuídas ao Complexo Xingu, o que restrin- fácies xisto verde a anfibolito (DOCEGEO 1988). O
ge a ocorrência desse complexo na Província Ca- Grupo Grão Pará compreende derrames basálti- cos
rajás. Entre tais unidades geológicas, incluem-se: intercalados a jaspilitos, riólitos, rochas vulca-
(1) ca. 3,0 Ga – Tonalito Bacaba e Granito Sequei- noclásticas e diques/sills de gabros subordinados
rinho (Moreto et al. 2011a, 2011b); (2) 2,96-2,93 (Zucchetti 2007). O Grupo Igarapé Bahia, afloran-
Ga - Granito Canaã dos Carajás, de afinidade cál- te em uma janela estrutural dentro da Formação
cio-alcalina, e rochas mais antigas do Trondhjemi- Águas Claras, inclui rochas metavulcânicas, meta-
to Rio Verde (Feio 2011); (3) 2,87-2,83 Ga - Tron- piroclásticas e formações ferríferas (DOCEGEO
dhjemito Rio Verde e os granitos predominante- 1988).
mente cálcio-alcalinos Bom Jesus, Cruzadão e Ser- O Supergrupo Itacaiúnas é parcialmente reco-
ra Dourada (Feio 2011, Moreto et al. 2011a). Adi- berto pela Formação Águas Claras (Nogueira et al.
cionalmente, Barros et al. (2010) reinterpretou a 1995) representada por metaconglomerados,
idade U-Pb em zircão de ca. 2,86 Ga de Machado meta-arenitos, mármore dolomítico, filito carbono-
et al. (1991), atribuída à migmatização, como rela- so e sericita quartzitos, que refletem sedimenta-
tiva à idade de cristalização de alguns dos grani- ção marinha rasa a fluvial. Esta unidade tem ida-
tóides foliados da região de Serra Leste. de limitada ao Arqueano por datações de cristais
Na localidade-tipo do Complexo Pium, também de zircão detríticos em arenitos (2.681 ± 5 Ma, U-
foram individualizadas rochas ígneas, tais como Pb SHRIMP, Trendall et al. 1998) e por idade atri-
noritos, gabros e dioritos, maciças e foliadas, sob buída a sill de metagabro intrusivo (2.645 ± 12 Ma
a denominação de Diopsídio-norito Pium (Vasquez U-Pb, Dias et al. 1996; 2.708 ± 37 Ma U-Pb, Mou-
et al. 2008a). Os ortogranulitos, enderbitos e char- geot et al. 1996). Idades Pb-Pb em sulfetos dia-
46
Metalogêmese das Províncias Tectônicas Brasileiras: Província Carajás
Figura 2 - Mapa geológico do Domínio Carajás e áreas adjacentes (modificado de Vasquez et al. 2008b).
47
Lena Virgínia S. Monteiro, Roberto P. Xavier, Carlos R. de Souza Filho & Carolina Penteado N. Moreto
genéticos em arenitos de ca. 2,06 Ga foram obti- A estrutura dominante da Serra dos Carajás
das por Mougeot et al. (1996) e consideradas por foi definida inicialmente por Beisegel et al. (1973)
Fabre et al. (2011) evidência de idade paleoprote- como um sinclinório com eixo WNW-ESE, reinter-
rozóica para a Formação Águas Claras. pretado por Araújo et al. (1988) como associado a
Intrusões acamadadas representadas pelo uma estrutura em flor positiva. Rosière et al. (2006)
Complexo Máfico-Ultramáfico Luanga (2.763 ± 6 consideram que as estruturas das serras Norte e
Ma, U-Pb zircão; Machado et al. 1991), localizado Sul seriam relacionadas a um par antiformal-sin-
na Serra Leste, e pela Suíte Intrusiva Cateté (Ma- formal em forma de “S”, denominado de Dobra
cambira & Vale 1997), no Subdomínio de Transi- Carajás.
ção, hospedam importantes mineralizações de Ní- A complexa configuração estrutural da Bacia
quel e planitóides (Ferreira Filho et al. 2007). Dife- Carajás também foi atribuída ao desenvolvimento
rem devido à ausência de deformação ou meta- de zonas de cisalhamento de alto mergulho com
morfismo na Suíte Intrusiva Cateté (2.766 ± 6 Ma; direção regional E-W e ESE-NNW representadas
U-Pb em zircão, Lafon et al. 2000). na porção norte pelos sistemas transcorrentes
O magmatismo neoarqueano (ca. 2,76 a 2,74 Carajás e Cinzento (Araújo e Maia 1991). Tais zo-
Ga), restrito ao Domínio Carajás, foi responsável nas mostrariam evidências de diversos episódios
pela formação de granitos, em geral foliados, e de reativação, segundo Pinheiro & Holdsworth
que compreendem as suítes Plaquê, Planalto, Es- (1997), Holdsworth & Pinheiro (2000) e Pinheiro &
trela, Igarapé Gelado e Serra do Rabo (Huhn et al. Nogueira (2003). De acordo com estes autores, o
1999b, Avelar et al. 1999, Barbosa 2004, Sardi- longo período de evolução tectônica ocorreu em
nha et al. 2006, Barros et al. 2009, Feio et al. 2012). diversos eventos: (1) 2,85-2,76 Ga – transpres-
Granitos peralcalinos a meta-aluminosos, meso- são sinistral; (2) < 2,76 Ga – Formação de bacia
zonais com augita, representados pelos granitos pull-a-part com a deposição do Grupo Grão Pará;
Old Salobo e Itacaiúnas (ca. 2,57; Ga Machado et (3) 2,7-2,6 Ga – transtensão dextral, seguida do
al. 1991, Souza et al. 1996) foram caracterizados estabelecimento das zonas de cisalhamento trans-
apenas na parte norte do domínio, nas proximi- correntes Cinzento e Carajás; (4) ca. 2,6 Ga – in-
dades da Zona de Cisalhamento Cinzento. versão tectônica da bacia devido à reativação do
O magmatismo paleoproterozóico (ca. 1,88 Ga) sistema de falhas formadas durante o evento de
é representado pelos granitos alcalinos a sub-al- transpressão dextral; (5) 1,9-1,8 Ga – regime de
calinos do tipo A, que inclui os granitos Central de transtensão, que favoreceu a intrusão de diques
Carajás, Salobo Jovem (Young Salobo), Cigano, e plútons anorogênicos.
Pojuca, Breves e Rio Branco (Machado et al. 1991, Segundo Pinheiro & Holdsworth (1997), o par
Dall’Agnoll et al. 1994, Tallarico 2003). antiforme-sinforme estaria relacionado à trans-
Outras rochas intrusivas também ocorrem nes- pressão durante a evolução da Zona de Cisalha-
te bloco, tais como pórfiros dacíticos a riolíticos mento Carajás. Contudo, Rosière et al. (2006) con-
datados em 2.645 ± 9 Ma e 2.654 ± 9 Ma (Pb-Pb sideram que as zonas de cisalhamento de Cara-
SHRIMP zircão, Tallarico 2003) e diques de leuco- jás e Cinzento teriam se desenvolvido no flanco
granito alcalino datado em 1.583 ± 7 Ma (Pimen- rompido de pares antiformal-sinformal, paralela-
tel et al. 2003, U-Pb SHRIMP zircão). Grainger et al. mente ao plano axial da Dobra Carajás, como
(2008) também descrevem o Granito Formiga, que possível produto de amplificação da dobra duran-
apresenta mineralizações cupro-auríferas, consi- te os estágios tardios do encurtamento N-S.
derado neoproterozóico (ca. 600 - 550 Ma). Con- Segundo Feio (2011), o magmatismo meso- e
tudo, cristais de zircão ígneo neoproterozóicos não neoarqueano do Domínio Carajás, no Subdomínio
foram reconhecidos pelos autores, apenas cristais de Transição, é distinto do magnatism do Domínio
de zircão com idades mesoarqueanas, considera- Rio Maria e não favorece a hipótese de uma evo-
dos herdados. Também são registrados no Domí- lução tectônica idêntica ou similar em ambos os
nio Carajás outros eventos magmáticos pelas in- domínios.
trusões dos metagabros Borrachudo, Santa Inês A crosta arqueana do Domínio Carajás não tem
e Complexo Lago Grande (Villas & Santos 2001) e caráter juvenil e a curva de evolução do Nd suge-
diques de diabásio e gabro tardios, cujas idades re a existência de uma crosta um pouco mais anti-
radiométricas são desconhecidas. ga em relação à do Domínio Rio Maria, existente
48
Metalogêmese das Províncias Tectônicas Brasileiras: Província Carajás
pelo menos desde o Mesoarqueano (ca. 3,2 a 3,0 Leonardos et al. 1991). Destaca-se ainda nesse
Ga; Feio 2011). domínio, a principal reserva de Tungstênio conhe-
Magmatismo granítico neoarqueano (ca. 2,74 cida na Amazônia, representada pelo depósito de
Ga, Suíte Planalto), segundo Feio et al. (2012), Pedra Preta (Rios et al. 1988, 2003).
apresenta relação espacial e petrogenética com Além desses depósitos, Klein & Carvalho (2008)
rochas da séries charnoquítica, tais como os nori- relatam a presença no Domínio Rio Maria, de ge-
tos do Diopsídio-norito Pium, reconhecidos ape- mas, rocha ornamental, carvão e amianto, além
nas no Domínio Carajás, no Subdomínio de Tran- de ocorrências de outros bens metálicos, incluin-
sição. Essa associação seria análoga à relativa ao do: (i) Níquel laterítico associados a rochas máfi-
magmatismo em limites de blocos tectônicos ou cas-ultramáficas das sequências greenstone belt
em sua zona de interação. (Serra do Inajá; Cunha 1981; Serra dos Gradaús,
A relação da Bacia Carajás com sistemas trans- Correa 2006; Vale do Sol e Água Limpa, Correa
correntes Carajás, Cinzento e Araraquara sugere 2006); (ii) Cobre-Cobalto (Boa Esperança, Correa
para Pinheiro & Nogueira (2003) formação de uma 2006), (iii) chumbo e zinco associadas a grauva-
bacia pull-apart. No entanto, segundo Wirth et al. cas do Grupo Gemaque (Santos 1981) e a rochas
(1986), Gibbs et al. (1986), DOCEGEO (1988), Ma- metavulcânicas félsicas sericitizadas contendo pi-
cambira (2003) e Tallarico et al. (2005), a forma- rita e a gossans na Serra do Inajá (Palermo et al.
ção da Bacia Carajás estaria relacionada a aber- 2001); (iv) Ferro associado a formação ferrífera
tura de um rifte continental. As idades das intru- na Serra do Inajá (Cunha 1981); (v) Manganês
sões acamadadas máfico-ultramáficas do Comple- supergênico na Serra do Inajá (Cunha 1981) e (vi)
xo Luanga, próximas às do vulcanismo bimodal do molibdenita em microfraturas do Granito Marajoa-
Grupo Grão Pará sugerem, segundo Ferreira Filho ra (Suíte Intrusiva Jamon; Almeida et al. 2008).
et al. (2007), que tais intrusões correspondem a
câmeras magmáticas associadas ao rifteamento. Depósitos de Ouro orogênicos
Meirelles (1986), Dardenne et al. (1988), Mei-
relles & Dardenne (1991), Teixeira (1994), Lobato Depósitos auríferos (Diadema, Lagoa Seca,
et al., (2005), Silva et al., (2005) e Teixeira et al. Babaçu, Mamão, Tucumã, Inajá, Cuca) e vários
(2010), sustentam a hipótese de que a bacia te- garimpos (Serqueiro, Peladinha, Serrinha e Tatu-
ria se formado em ambiente de arco vulcânico, as- Frango) associados a veios de quartzo estrutu-
sociada à subducção, o que seria evidenciado pela ralmente controlados são reconhecidos no Domí-
afinidade cálcio-alcalina de alto potássio dos ba- nio Rio Maria (Oliveira & Leonardos 1990, Leonar-
saltos do Supergrupo Itacaiúnas e rochas intrusi- dos et al. 1991, Huhn 1992, Santos et al. 1998,
vas. Zucchetti (2007) considera que tais caracte- Villas & Santos 2001, Oliveira & Santos 2003).
rísticas poderiam refletir vulcanismo sobre crosta Alguns desses depósitos, tais como Babaçu
continental atenuada, em ambiente de retro-arco (855 kg de Ouro contido com teores entre 7-10 g/
desenvolvido em ca. 2,76 Ga. Nesse modelo geo- t Au, Carvalho 2004), Mamão (7050 kg de Ouro
tectônico, colisão continente-continente em ca. 2,74 contido com teores entre 7-10 g/t Au, Carvalho
Ga teria sido responsável pela justaposição dos 2004) e Logoa Seca (4650 kg de Ouro contido com
domínios Rio Maria e Carajás (Teixeira et al. 2010). teores entre 7-10 g/t Au, Carvalho 2004), foram
descobertos na década de 1970 em decorrência
METALOGENIA DO DOMÍNIO RIO MARIA de trabalhos de pesquisa efetuados pela DOCE-
GEO que incluíram levantamentos geológicos, geo-
Depósitos auríferos orogênicos (Groves et al. químicos e geofísicos (magnetometria e IP), visando
1998, Goldfarb et al. 2001) associados a zonas de inicialmente depósitos de metais básicos.
cisalhamento regionais que interceptam as sequ-
ências greenstone belt são reconhecidos no Domí- DEPÓSITO MODELO: DEPÓSITO AURÍFERO DE DIADEMA
nio Rio Maria (Oliveira & Leonardos 1990, Huhn
1992, Santos et al. 1998, Villas & Santos 2001). O depósito aurífero de Diadema (Fig. 3) locali-
Alguns depósitos auríferos, no entanto, apresen- za-se ao longo da Zona de Cisalhamento Diade-
tam associação espacial com intrusões, como o ma de direção WNW-ESE e com mais de 100 km
depósito aurífero de Cumaru (Santos et al. 1998, de extensão, que corta unidades do greenstone-
49
Lena Virgínia S. Monteiro, Roberto P. Xavier, Carlos R. de Souza Filho & Carolina Penteado N. Moreto
50
Metalogêmese das Províncias Tectônicas Brasileiras: Província Carajás
Figura 4 - Mapa e perfil geológico do depósito aurífero de Cumaru (Santos et al. 1998).
51
Lena Virgínia S. Monteiro, Roberto P. Xavier, Carlos R. de Souza Filho & Carolina Penteado N. Moreto
(microclínio-quartzo) são restritas a pequenas tone Belt Gradaús. Devido às evidências que su-
porções do plúton e sobrepostas pela alteração gerem participação de fluidos magmáticos na gê-
sericítica (Santos et al. 1998). nese do depósito, esse foi classificado por Santos
Fluidos aquo-carbônicos (H2O-CO2-NaCl) e car- et al. (1998) como de um tipo híbrido, denominado
bônicos em inclusões fluidos em quartzo dos vei- pelos autores de lode-porphyry.
os mineralizados foram considerados metamórfi-
cos, associados à Zona de Cisalhamento Serra Depósitos de Tungstênio
Ruim (Santos et al. 1998). Um outro tipo de fluido,
aquoso, representado pelo sistema H2O-NaCl-KCl- O depósito de wolframita de Pedra Preta (Fig.
CaCl2, foi interpretado como derivado do magma 5; Gastail1987, Cordeiro et al. 1984, 1988, Rios
associado ao Granodiorito Cumaru. Mistura entre 1995, Rios et al. 1998) constitui a principal reser-
fluidos metamórficos e fluidos magmáticos ao lon- va de Tungstênio conhecida na Amazônia com
go da zona de cisalhamento, seguida por circula- 508.300 toneladas de minério, com teor médio de
ção de fluidos de baixa salinidade de origem me- 1,01% de WO3 (Cordeiro et al. 1988).
teórica, foi proposta por Santos et al. (1998), com
base tanto nos dados microtermométricos como em ROCHAS HOSPEDEIRAS
isótopos de O e H.
Dois eventos de deposição do Ouro em condi- O minério de wolframita é filoneano e corta, em
ções de 350 a 350 °C e 1,3 a 3,8 kbar foram rela- profundidade, a cúpola do granito Musa (Dall’Agnol
cionados com oxidação do fluido mineralizante et al. 1994) e as rochas das sequências greensto-
causada pela imiscibilidade do fluido aquo-carbô- ne belt dos grupos Babaçu, dominado por rochas
nico e pelo abaixamento da fS2 nas rochas hospe- metavulcânicas básicas, e Lagoa Seca, predomi-
deiras. A mistura tardia do fluido aquo-carbônico nantemente metassedimentar.
com as salmouras também provocou oxidação do O Granito Musa é representado por monzo e
fluido mineralizante, com aumento da fO2 e dimi- sienogranitos e biotita microgranito com evidênci-
nuição do pH, favorecendo a deposição do Ouro as de greisenização (Gastai 1987, Rios et al. 1998).
(Santos et al. 1988).
Esse depósito difere dos demais por ser hos- EVENTOS HIDROTERMAIS: FORMAÇÃO DE VEIOS
pedado pelo Granodiorito Cumaru, além de unida-
des metavulcânicas félsicas atribuídas ao Greens- Registros de eventos hidrotermais no depósito
Figura 5 - Mapa e perfil geológico do depósito de Tungstênio de Pedra Preta (Rios et al. 1998).
52
Metalogêmese das Províncias Tectônicas Brasileiras: Província Carajás
de Maria Preta estão relacionados, segundo Rios pal de cristalização da wolframita seria relaciona-
et al. (1998), à formação de: (1) veios com quart- do à circulação desse fluido externo a condições
zo, topázio e sulfetos prévios à colocação do Gra- de 330 oC, seguido por metassomatismo de F, com
nito Musa, reconhecidos nas unidades metavulca- formação de topázio e fluorita relacionada a flui-
no-sedimentares; (2) veios principais com quart- dos aquosos e carbônicos. Os veios tardios teri-
zo, wolframita, topázio, fluorita, mica branca, piri- am sido associados a relaxamento tectônico e flu-
ta, pirrotita, calcopirita, molibdenita e bismutinita, xo de fluidos inicialmente hipersalinos (42 wt%
que se seguiram ao alojamento da intrusão; e (3) CaCl2 equivalente) progressivamente diluídos (H
veios tardios de quartzo. <30 wt% NaCl equivalente) e formados em condi-
Os veios principais no setor inferior do depósi- ções de 1,0 kbar e > 220 oC. Assim, os fluidos me-
to, localizado a profundidades abaixo de 160 m a talíferos no depósito de Pedra Preta teriam sido
partir da atual superfície de erosão, cortam as principalmente externamente derivados, possivel-
zonas apicais do Granito Musa, sua cúpula greise- mente metamórficos, e não derivados da cristali-
nizada e os metarenitos do Grupo Lagoa Seca, zação do Granito Musa (Rios et al. 2003).
enquanto no setor superior interceptam as rochas
de ambos grupos. METALOGENIA DO DOMÍNIO CARAJÁS
NATUREZA DOS FLUIDOS HIDROTERMAIS E ASSINA- No Domínio Carajás, além dos importantes de-
TURA ISOTÓPICA pósitos de Ferro, de Cobre-Ouro, Ouro-EGP, Ní-
quel, EGP, Cromo, Manganês e bauxita, são tam-
Os estudos isotópicos de oxigênio na jazida bém conhecidos, segundo Klein & Carvalho (2008),
Pedra Preta sugerem a participação de fluidos hi- indícios de mineralização de Estanho associada ao
drotermais empobrecidos em 18O (-3,16 e -0,10 ‰ Granito Serra dos Carajás (Rios et al. 1995a, b),
a 240 a 300 oC) na formação dos veios mineraliza- gemas (malaquita, crisoprásio, ametista e citrino;
dos principais, que não seriam condizentes com Costa & Costa 1985, Collyer et al. 1991, Costa et
fluidos magmáticos. De origem externa ao Granito al. 1994) e o depósito de Vaqueiro, no qual quart-
Musa, esses fluidos, com composição aquo-carbô- zito do Grupo Rio Novo é explotado para fabrica-
nica (H2O + CH4 + sais ± CO2) e fortemente reduzi- ção de silício metálico (Carvalho 2004).
dos, foram oxidados nas zonas apicais do grani-
to, onde o CH4 foi quase que totalmente transfor- Depósitos de Ferro
mado em CO2. Ao ascenderem, já enriquecidos em
CO2, os fluidos tornaram-se também enriquecidos A Província Carajás hospeda depósitos gigan-
em 18O propiciando a precipitação de quartzo com tes de Ferro nos distritos de Serra Norte (N1 a
maiores valores de 18O em relação ao setor inferi- N9), Serra Sul (S11 a S45) e Serra Leste (SL1 a
or (Rios et al. 1998). SL3), nos quais foram reconhecidos 39 corpos des-
contínuos de minério de Ferro de alto teor (Loba-
Gênese do minério de Tungstênio to et al. 2005). Reservas de aproximadamente 18
bilhões de toneladas de minério com teores entre
Segundo Rios et al. (2003), mistura entre flui- 60 e 67% de Fe são estimadas para os três distri-
dos aquo-carbônicos, pobres em F, exsolvidos do tos (Coelho 1986, Dardenne & Schobbenhaus
magma, e fluidos externos com CH4 e N2, em equi- 2001, Guedes et al. 2002).
líbrio com as rochas hospedeiras metavulcanos-
sedimentares teria sido responsável pela forma- DEPÓSITO MODELO: A MINA DE FERRO DE N4E
ção dos veios principais mineralizados com wol-
framita ao longo de planos de fraturas a pressões Na Mina N4E (Figs. 6, 7, 8a), os corpos de mi-
de 2 kbar. Reabertura de fraturas seladas teria nério de alto teor (> 65 % Fe) são hospedados
possibilitado a canalização de fluidos metamórfi- por uma sequência de formações ferríferas ban-
cos redutores com CH4. Devido às condições oxi- dadas, denominadas de jaspilitos, de 100 a 400
dantes geradas pela colocação do Granito Musa, m de espessura, cortadas por diques e sills de
transformação substancial de CH4 em CO2 ocorreu rochas máficas (Klein & Ladeira 2002). Os jaspili-
no sítio de deposição do minério. O estágio princi- tos (Formação Carajás, Grupo Grão Pará, Super-
53
Lena Virgínia S. Monteiro, Roberto P. Xavier, Carlos R. de Souza Filho & Carolina Penteado N. Moreto
Figura 6 - Mapa geológico da Mina N4E (VALE em Lindenmayer et al. 2005, 2008).
Figura 7 - Perfil geológico da Mina N4E mostrando as relações entre os minérios de ferro friável, compacto e
rochas metabásicas (VALE em Lindenmayer et al. 2005).
grupo Itacaiúnas) ocorrem intercalados entre uni- dadas e riólitos em derrames homogêneos, além
dades metavulcânicas máficas, inferior e superior, de tufos de lapilli e hialoclastitos (Hirata et al. 1982,
do Grupo Grão Pará (2757-2760 Ma; Wirth et al. Gibbs et al. 1986). A unidade superior, pertencen-
1986, Machado et al. 1991, Trendall et al. 1998). te à Formação Igarapé Cigarra, inclui metabasal-
Tanto o minério de Ferro (Figs. 8b a 8e) como as tos com intercalações de tufos recobertos por
rochas metabásicas decompostas são recobertas metassedimentos clásticos (arcósios e arenitos),
por canga limonítica. formações ferríferas bandadas e chert. As duas
unidades são interceptadas por diques e sills de
Rochas hospedeiras: metabasaltos e jaspilitos do gabro.
Grupo Grão Pará Os jaspilitos (Formação Carajás) apresentam
contatos com as rochas metavulcânicas concor-
A unidade metavulcânica inferior, atribuída à dantes e tectônicos, caracterizados por planos de
Formação Parauapebas, inclui metabasaltos amig- falha com slickensides e desenvolvimento de folia-
daloidais (Fig. 8f), porfiríticos e com lavas almofa- ção nas rochas metabásicas. Na área da Serra
54
Metalogêmese das Províncias Tectônicas Brasileiras: Província Carajás
Figura 8. (A-I Serra Norte, N4E) A. Vista parcial da Mina de Ferro N4E; B. Minério de ferro friável laminado
(HM) da Mina de Ferro N4E; C. Jaspilito com bandas constituídas por jaspe e quartzo microcristalino parcial-
mente substituído por hematita; D. Jaspilito parcialmente substituído por hematita, cortado por vênulas
carbonáticas; E. Minério de ferro compacto constituído predominantemente por hematita, com porções bre-
chadas e cimentadas por carbonatos hidrotermais; F. Rocha metabásica cloritizada com vesículas preenchi-
das por quartzo e calcita; G. Rocha metabásica intensamente hematitizada, brechada e cortada por vênulas
carbonáticas; H. Jaspilito com bandas constituídas por jaspe e quartzo microcristalino parcialmente substi-
tuído por hematita; I. Jaspilito com pirita fina disseminada cortado por vênulas e bolsões carbonáticos; (J-M
Serra Sul) J. Jaspilito parcialmente substituído por hematita, magnetita e carbonatos; L. Concentrações de
magnetita e vênulas carbonáticas; M. Formação ferrífera bandada com magnetita cortada por veio de brecha
com matriz constituída por hematita. Abreviações: HM = hematita friável; HD = hematita compacta; Jp =
jaspilito; Hm = hematita; Mt = magnetita; Cc = carbonato; Py = pirita.
Norte, os jaspilitos (Figs. 8 g e 8h) são rochas fi- gânica (Meirelles 1986, Macambira 2003).
namente laminadas, com estrutura plano-parale- Tanto os padrões de distribuição de ETR (Lin-
la, constituídas por bandas alternadas de quart- denmayer et al. 2001, Klein & Ladeira 2002, Ma-
zo microcristalino e de jaspe vermelho com hema- cambira 2003) nos jaspilitos como sua composi-
tita esferulítica, maghemita, martita e, subordina- ção isotópica de Ferro (Fabre et al. 2011) indicam
damente, magnetita (Lindenmayer et al. 2001). formação em ambiente marinho a partir de águas
Apresentam estruturas deposicionais preservadas, de ressurgência. O trend de enriquecimento rela-
tais como estruturas de escavação e preenchimen- tivo em ETRL e anomalia positiva de Eu são indica-
to e esferulitos/grânulos de provável origem or- tivos de associação com fumarolas hidrotermais e
55
Lena Virgínia S. Monteiro, Roberto P. Xavier, Carlos R. de Souza Filho & Carolina Penteado N. Moreto
soluções de fundo oceânico (Lindenmayer et al. em contato com minério compacto. A alteração hi-
2001). Os valores altamente positivos de 57FeIRMM- drotermal seria responsável por diminuição dos
14 (2,06±0,34‰), poderiam ser explicados por oxi- valores de 18O das rochas hidrotermalizadas, além
dação parcial do Fe2+ aq na superfície do oceano, de perda de Si, Ca, Na e V e ganho relativo de P,
subsequente à ressurgência hidrotermal de águas Zr e ETRL (Teixeira 1994, Teixeira et al. 1997).
marinhas anóxicas e profundas. Isso teria resul- O zoneamento da alteração hidrotermal nas
tado na formação de hidróxidos de Ferro e sua rochas máficas, de acordo com Lobato et al. (2005,
conversão para hematita na zona fótica, mais rasa 2008) e Zucchetti (2007), inclui: (i) zonas distais
e oxidada, em um processo sazonal (Fabre et al. com clorita-quartzo-carbonato ± hematita; (ii) zo-
2011). nas intermediárias com clorita-hematita-quartzo-
albita-mica-carbonato ± titanita ± magnetita ±
Metamorfismo e alteração hidrotermal dos metaba- sulfetos, e (iii) zonas proximais com hematita-clo-
sitos rita-quartzo-albita-mica-carbonato ± titanita ±
magnetita ± sulfetos
Embora efeitos de metamorfismo de fundo oce- Segundo Teixeira (1994) e Teixeira et al. (1997),
ânico, ou espilitização, nas rochas básicas do Grupo a alteração hidrotermal teria resultado da intera-
Grão Pará sejam considerados intensos (Meirel- ção das rochas metabásicas com fluidos meteóri-
les 1986, Teixeira 1994, Teixeira et al. 1997), o cos aquecidos pela colocação do Granito Central
registro de metamorfismo regional nessas rochas de Carajás. Zucchetti (2007) considera, entretan-
é ambíguo. to, que além dos fluidos meteóricos de baixa sali-
A preservação de estruturas primárias e ausên- nidade, mistura de fluidos teria envolvido contri-
cia de foliação, em geral reconhecidas apenas pró- buição magmática, responsável por componentes
ximo a falhas, levou diversos autores a conside- de alta salinidade para o sistema hidrotermal.
rarem que tais rochas não apresentam evidências
claras de metamorfismo regional (Beisiegel et al. Minério de Ferro
1973, Beisiegel 1982, Lindenmayer et al. 2001).
Paragêneses minerais compatíveis com condições A distribuição dos corpos de minério de Ferro
de fácies dos xistos verdes foram relacionadas com de alto teor da Serra Norte teria sido controlada
alteração hidrotermal ou metamorfismo dinâmico por zonas de maior permeabilidade, localizadas na
associado ao desenvolvimento de zonas de cisa- zona de charneira do antiforme da Dobra Cara-
lhamento regionais (Dardenne & Schobbenhaus jás, que se apresenta desmembrada em diversos
2001, Macambira & Schrank 2002, Macambira blocos rotacionados (Rosière et al. 2006).
2003). De acordo com Gibbs et al. (1986), Teixeira O minério de Ferro de alto teor é representado
(1994), Teixeira et al. (1997), no entanto, as ro- por corpos de hematita friável ou mole (HM, Fig.
chas do Grupo Grão Pará foram metamorfisadas 8b) e hematita compacta, ou dura (HD, Fig. 8d).
em baixo grau, possivelmente durante o evento Os corpos tabulares de hematita friável (HM), com
tectono-metamórfico associado ao desenvolvimen- espessura de até 350 m, em geral, são bastante
to da Dobra Carajás (Zucchetti 2007). porosos, descontínuos e ocorrem de forma pulve-
Efeitos de alteração hidrotermal nos metabasi- rulenta ou apresentam-se bandados a laminados.
tos foram reconhecidos principalmente próximo ao São constituídos por hematita lamelar muito fina
contato com os jaspilitos e com o minério de alto intercalada com hematita pulverulenta. Próximo ao
teor (Teixeira 1994, Teixeira et al. 1997, Guedes et contato com as rochas máficas superiores, o mi-
al. 2002, Dalstra & Guedes 2004, Zucchetti 2007). nério friável apresenta como contaminantes alu-
Os metabasitos apresentam evidências de inten- mina e Fósforo, enquanto em contato com a rocha
sa cloritização, acompanhada de Fe-metassoma- máfica inferior apresenta enriquecimento em Man-
tismo, com formação de hematita (hematitização) ganês. Maiores teores de sílica associam-se a
e brechação (Fig. 8g). Guedes et al. (2002) tam- maiores profundidades, enquanto em zonas de
bém descreve auréolas de alteração hidrotermal cisalhamento há maior concentração de Manga-
com carbonatação associada, brechas hidráulicas nês e Fósforo (CVRD 1996 em Lobato et al. 2005)
hidrotermalizadas e vênulas de hematita e caoli- Corpos de minério representados por hemati-
nita em stockwork nas rochas vulcânicas máficas ta compacta (HD) constituem corpos tabulares ou
56
Metalogêmese das Províncias Tectônicas Brasileiras: Província Carajás
57
Lena Virgínia S. Monteiro, Roberto P. Xavier, Carlos R. de Souza Filho & Carolina Penteado N. Moreto
nas zonas intermediárias de alteração dos meta- ponsável por metassomatismo intenso das rochas
basaltos. máficas adjacentes ao protominério.
Isótopos de carbono e oxigênio em carbona- Estudos realizados por Figueiredo e Silva et al.
tos (calcita, kutnahorita e dolomita) de veios de (2008, 2011) indicam que os processos hidroter-
diferentes gerações revelam intervalo restrito de mais teriam sido responsáveis pela substituição
valores de 13C (–6,0 a –2,0‰) e maior variação dos jaspilitos e formação do minério compacto.
de 18O (+8,0 a +20,0‰), que foi atribuída a dife- Esse processo teria envolvido interação com flui-
rentes fontes de fluidos ou mudanças significati- dos iniciais magmáticos de alta salinidade e relati-
vas no razão fluido-rocha. A composição isotópica vamente reduzidos, responsáveis pela formação
de estrôncio (87Sr/86Sr) de calcita ± kutnahorita em inicial de magnetita e lixiviação de sílica, predomi-
equilíbrio com magnetita e kutnahorita-dolomita nantemente nas zonas distais. Esse fluido teria
varia de 0,712 a 0,750, o que também pode refle- se tornado mais oxidante, possivelmente devido
tir, de acordo com Figueiredo e Silva et al. (2008), à mistura com fluidos meteóricos, sendo associa-
fontes graníticas altamente radiogênicas. do ao avanço da martitização e formação da he-
matita em veios nas zonas de alteração interme-
Gênese do Minério de Ferro diárias. A predominância de fases oxidadas, como
a hematita tabular e euhedral, associadas com flui-
A formação do minério de Ferro a partir dos jas- dos de mais baixas salinidades, evidenciam gran-
pilitos foi atribuída por Tolbert et al. (1971), à lixi- de aporte de fluidos meteóricos nos estágios de
viação da sílica das formações ferríferas por águas alteração mais avançada nas zonas proximais.
superficiais, resultando no enriquecimento residual Segundo Lobato et al. (2005a) e Figueiredo e
dos óxidos de Ferro e na formação dos atuais cor- Silva et al. (2008), a mineralização de Ferro teria
pos de minério. De modo análogo, enriquecimen- sido relacionada a um sistema magmático-hidro-
to supergênico foi considerado por outros auto- termal relativamente raso e representaria um
res responsável pela lixiviação da sílica e forma- membro de baixa temperatura dos depósitos de
ção do minério friável (Beisiegel et al. 1973, Dar- óxidos de Ferro-Cobre-Ouro (iron oxide-copper-gold
denne & Schobbenhaus 2001). deposits ou IOCG) conhecidos em Carajás ou se-
Entretanto, Beisiegel et al. (1973) propuseram ria associada aos depósitos de Au-Cu relaciona-
origem hipogênica para a hematita compacta com dos à colocação dos granitos anorogênicos pale-
substituição metassomática do quartzo, favoreci- oproterozóicos. Segundo Santos et al. (2010), no
da pelo calor associado à colocação de diques entanto, a atividade hidrotermal na Bacia de Ca-
básicos e/ou deformação tectônica. Outros estu- rajás pode ter sido episódica, relacionada a pelo
dos também enfatizam a importância de proces- menos dois pulsos (ca. 1,7 e 1,6 Ga) associadas à
sos hidrotermais para a formação dos corpos de fluidos bacinais durante o Stateriano, após a gra-
hematita compacta (Guedes et al. 2002, Figueire- nitogênese paleoproterozóica.
do e Silva 2004, Dalstra & Guedes 2004, Lobato Os depósitos de Ferro de Carajás apresentam
et al. 2005, 2008, Figueiredo e Silva et al. 2008, consideráveis diferenças nos três distritos, Serra
Figueiredo e Silva 2009). Norte, Serra Sul e Serra Leste, sendo que nos
Guedes et al. (2002) e Dalstra & Guedes (2004), depósitos da Serra Sul, segundo Lindenmayer et
consideram que as rochas ricas em minerais car- al. (2001), evidências de metamorfismo ao longo
bonáticos representariam protominérios carboná- de zonas de cisalhamento de alto ângulo resulta-
ticos (até 45% de Fe) formados em condições ra- ram em recristalização das formações ferríferas
sas e relativamente frias (< 300 oC) com influência bandadas, que são constituídas principalmente por
de fluidos hidrotermais descendentes e oxidados, magnetita e quartzo (Figs. 8l a 8m).
possivelmente meteóricos. O modelo proposto por
Dalstra & Guedes (2004) envolve alteração hidro- Depósios de Óxidos de Ferro-Cobe-Ouro
termal inicial resultando em diminuição de sílica da
formação ferrífera e formação de carbonatos hi- A Província Carajás destaca-se mundialmente
drotermais, seguida por lixiviação intempérica dos por apresentar a maior quantidade conhecida de
carbonatos para formação do minério de Ferro de importantes depósitos de óxido de Ferro-Cobre-
alto teor. O mesmo sistema hidrotermal seria res- Ouro (iron oxide-copper-gold deposits ou IOCG; Hit-
58
Metalogêmese das Províncias Tectônicas Brasileiras: Província Carajás
zman et al. 1992, Hitzman 2000). Os depósitos metavulcânicas ácidas com lentes de rochas ultra-
IOCG de Carajás são também considerados os máficas, representadas por tremolita-talco xistos
únicos de classe mundial de idade arqueana (Ré- com relíquias de olivina. Consideradas como per-
quia et al. 2003, Tallarico et al. 2005, Groves et al. tencentes ao Supergrupo Itacaiúnas, o posiciona-
2010, Xavier et al. 2010), refletindo a particular mento estratigráfico das rochas metavulcânicas
evolução da Província Carajás. ainda é incerto. O Corpo Pista, que representa uma
Entre os depósitos dessa classe destacam-se extensão a oeste do Corpo Sequeirinho, é hospe-
Salobo (com reservas de 789 Mt @ 0.96% Cu e dado essencialmente por tais rochas metavulcâ-
0.52 g/t Au; Lindenmayer 1990), Igarapé Bahia- nicas félsicas milonitizadas. Todos os litotipos hos-
Alemão (219 Mt @ 1.4% Cu e 0.86 g/t Au; Tavaza pedeiros apresentam aspecto anastomosado e,
1999, Tallarico et al. 2005), Sossego (355 Mt @ localmente, foliação milonítica relacionada ao trend
1.5 % Cu e 0.28 g/t Au; Lancaster et al. 2000), regional WNW-ESE.
Cristalino (500 Mt @ 1.0% Cu e 0.3 Au; Huhn et al. O Corpo Sossego (Figs. 9b, 10l a 10s), localiza-
1999a) e Alvo 118 (170 Mt @ Cu e 0.3 g/t Au; Ri- do ao leste do Corpo Sequeirinho, é hospedado
gon et al. 2000), além de vários outros depósitos pelo Granito Sequeirinho e, principalmente, pelo
em avaliação. Granito Granofírico Sossego (2.740 ± 26 Ma, Mo-
As minas de Cobre de Sossego e Salobo, ope- reto et al. 2011b), caracterizado por texturas de
radas pela VALE, foram as primeiras da província intercrescimento de quartzo com cor azulada e
a entrarem em produção, em 2004 e 2011, res- feldspato potássico, indicativas de colocação rasa,
pectivamente. A Mina de Sossego, localizada no além de corpos de gabronoritos coevos.
limite sul da Bacia Carajás, situa-se no Cinturão Intrusivos nas unidades hospedeiras dos cor-
Sul do Cobre com mais de 60 km de extensão, pos Sossego e Sequeirinho são reconhecidos di-
assim como os depósitos Cristalino, Alvo 118, Cas- ques de quartzo-feldspato pórfiros (ca. 1,88 Ga;
tanha, Bacaba, Jatobá, Bacuri, Visconde. A Mina C.P.N.Moreto, comunicação verbal), de coloração
de Salobo, localizada a 30 km ao norte da Serra marrom, relativamente preservados, apenas com
de Carajás, localiza-se ao longo de uma zona de incipiente alteração hidrotermal, que interceptam
cisalhamento regional próximo ao limite entre os as zonas fortementente hidrotermalizadas. Adici-
domínios Carajás e Bacajá, paleoproterozóico (2,26 onalmente, o Granito Rio Branco, também consi-
– 1,95 Ga). No setor norte do Domínio Carajás derado paleoproterozóico, aflora a sul das cavas
também são conhecidos os depósitos Gameleira, da Mina do Sossego, e não tem evidências de al-
Pojuca, Paulo Alfonso, Furnas, Polo e Igarapé Cin- teração hidrotermal ou mineralização cuprífera.
zento/Alvo GT46. O depósito de Igarapé Bahia/Ale-
mão, por sua vez, situa-se em uma janela estru- Alteração hidrotermal
tural que expõe unidades do Supergrupo Itacaiú-
nas, dentro da Formação Águas Claras. O Corpo Sequerinho ocorre ao longo de falha
sinistral NE-SW que intercepta a zona de cisalha-
Depósito Modelo: A Mina de Sossego mento regional (Fig. 10b; Morais & Alkmim 2005,
Domingos 2010). Regionalmente são reconhecidas
A Mina de Sossego é constituída por dois gru- nesse corpo, extensas zonas de alteração sódica
pos de corpos de minério (Sequerinho-Baiano-Pista (albita–hematita) e sódica–cálcica (actinolita-albi-
e Sossego-Curral). Os corpos principais, Sequeiri- ta-titanita-epidoto-allanita), desenvolvidas parti-
nho e Sossego (Figs. 9 e 10), correspondem, res- cularmente no granito, controladas pelo desenvol-
pectivamente, a 85% e 15% dos recursos, lavra- vimento da foliação milonítica WNW-ESE (Fig. 10c
dos em duas cavas separadas. a 10e). No gabronorito, alteração sódico-cálcica
inicial resultou na formação de potássio-cloro has-
Rochas hospedeiras tingsita-escapolita-albita-(biotita), seguida por
actinolita, e posteriormente por grandes quanti-
O Corpo Sequeirinho (Figa. 9a, 10a a 10j) é hos- dades de biotita.
pedado pelo Granito Sequeirinho (3.010 ± 21 Ma; Próximo a corpos de maciços de magnetita–
Moreto et al. 2011b), por intrusões de gabronori- (apatita) (Fig. 10h) e apatititos (Fig. 10f) um en-
tos (ca. 2,74 Ga; Moreto et al. 2012) e por rochas velope de rochas constituídas essencialmente por
59
Lena Virgínia S. Monteiro, Roberto P. Xavier, Carlos R. de Souza Filho & Carolina Penteado N. Moreto
Figura 9 - Mapa geológico dos corpos Sequeirinho (A) e Sossego (B) da Mina de Cobre do Sossego (VALE em
Domingos 2010).
Figura 10 - (Página oposta) - (A-J Corpo Sequeirinho) A. Vista da mina a céu aberto; B. Frente de lavra
mostrando alteração hidrotermal sódica, sódico-cálcica e potássica controlada por estruturas dúcteis-rúp-
teis; C. Intensa alteração sódica em rocha metavulcânica ácida; D. Vênulas de actinolita cortando rocha
previamente albitizada; E. Intensa alteração sódico-cálcica com predominância de actinolita; F. Cristais de
fluorapatita associados com actinolita; G. Brecha com fragmentos do granito albitizado e substituído por
epidoto em matriz com feldspato potássico e óxidos de ferro; H. Rocha rica em magnetita (magnetitito) com
actinolita associada; I. Associação de calcopirita, magnetita e calcita; J. Aspecto típico das brechas minerali-
zadas com calcopirita do Corpo Sequeirinho, com fragmentos cominuídos de magnetita, apatita e actinolita
hidrotermais; (L-S) Vista do Morro do Sossego mostrando a distribuição de veios sulfetados substituídos por
malaquita (Abril de 2005); M. Aspecto típico da brecha mineralizada do Corpo Sossego com fragmentos do
Granito Granofírico envolvidos por filme de magnetita e imersos em matriz constituída por quartzo, calcita,
calcopirita, apatita e actinolita; N. Calcopirita associada a calcita e quartzo em bolsão no Granito Granofírico;
O. Alteração potássica com feldspato potássico e cloritização controladas pelo desenvolvimento de foliação
milonítica; P. Brecha com fragmentos do Granito Granofírico previamente albitizados com calcopirita, na
matriz (Coleção de Referência VALE); Q. Zona mineralizada com calcopirita associada com calcita em quartzo
na matriz de brechas com fragmentos do Granito Granofírico cloritizado; R. Vênula com calcopirita associada
com clorita e calcita; S. Cristais euhedrais de apatita associados a calcita, quartzo e clorita (Coleção de
Referência VALE). Ab = albita; Act = actinolita; Ap = apatita; Cc = calcita; Chl = clorita; Cpy = calcopirita; Ep
= epidoto; Hm = hematita; Kfs = feldspato potássico; Mt = magnetita.
60
Metalogêmese das Províncias Tectônicas Brasileiras: Província Carajás
61
Lena Virgínia S. Monteiro, Roberto P. Xavier, Carlos R. de Souza Filho & Carolina Penteado N. Moreto
cular, vertical, no qual a brecha mineralizada ocor- minério reflete enriquecimento em Cu-Fe-Au-(Ag-
re na parte central, envolvida por stockwork de Ni-Co-Pd-P-ETRL) (Carvalho 2009).
veios (Fig. 10l e 10r); Morais & Alkmim 2005, Car- Datações Pb-Pb em calcopirita de amostras do
valho 2009, Monteiro et al. 2008a, Domingos minério indicaram idades de 2.530±25 Ma e
2010). Nas zonas mais externas, ao redor do pipe 2.608±25 Ma para o Corpo Sequeirinho e 1.592±45
de brecha, a alteração sódica é pouco desenvolvi- Ma para o Corpo Sossego (Neves 2006).
da, sendo por vezes reconhecida em fragmentos
das rochas hospedeiras nas brechas mineraliza- Natureza dos fluidos hidrotermais e assinaturas iso-
das (Fig. 10p). A alteração potássica (Fig. 10o) e tópicas
clorítica são intensas e alteração hidrolítica com
sericita e hematita ocorre associada aos sulfetos Estudos de isótopos estáveis indicaram que a
nos corpos de minério. alteração sódico-cálcica e a formação dos actinoli-
titos e dos corpos de magnetita maciça do Corpo
Corpos de minério cupro-aurífero Sequeirinho foram associadas a fluidos hidroter-
mais de alta temperatura (> 550 oC) com composi-
A mineralização cupro-aurífera associa-se a bre- ção isotópica de oxigênio (18Ofluido = 6,9±0,9‰
chas hidrotermais. No Corpo Sequeirinho, as bre- SMOW) similar à de fluidos magmáticos ou forma-
chas apresentam predominância de calcopirita na cionais/metamórficos (Figs. 11 e 12). Fluidos com
matriz (Fig. 10j) associada a pirita, magnetita, epi- a mesma composição isotópica e temperatura te-
doto, allanita, apatita e clorita (Monteiro et al. riam sido responsáveis por formação inicial de
2008a, 2008b). A matriz rica em sulfetos envolve magnetita e actinolita nas brechas do Corpo Sos-
fragmentos cominuídos, parcialmente arredonda- sego (Fig. 11; Monteiro et al. 2008a).
dos, de actinolititos e magnetititos, além de cris- O estágio de mineralização nos diferentes cor-
tais hidrotermais de actinolita, apatita e magneti- pos do depósito foi associado a menores tempe-
ta fragmentados. A mineralização de Cobre-Ouro raturas (~300 oC) e à introdução de fluidos mete-
foi tardia e desenvolveu-se em condições essen- óricos, como indicado pelos valores de 18Ofluido (–
cialmente rúpteis. No Corpo Sossego, as brechas 1,8± –3,4‰) em equilíbrio com fases minerais pre-
apresentam fragmentos angulosos do granito gra- sentes (quartzo, calcita, clorita e epidoto) nas bre-
nofírico hidrotermalizado (Figs. 10m, 10n e 10q), chas mineralizadas (Monteiro et al. 2008a).
em geral, com evidências de alteração potássica, As inclusões fluidas em quartzo das brechas
envolvidos por magnetita em matriz constituída por mineralizadas dos corpos Sequeirinho, Sossego e
calcopirita, calcita, quartzo, epidoto, allanita, apa- Pista indicam a participação de: (1) salmouras hi-
tita (Fig. 10s) e clorita com texturas de preenchi- persalinas de alta temperatura (35 a 70% NaCl
mento de espaços abertos (Fig. 10n) desenvolvi- equivalente; Tht = 570 a 250 °C) com cristais de
das também em condições essencialmente rúpteis saturação e multi-sólidos; (2) salmouras salinas
(Monteiro et al. 2008a, 2008b). (11 a 31% NaCl equivalente) de baixa temperatu-
Segundo Domingos (2010), as brechas mine- ra (~150 oC) e ricas em CaCl2; e (3) fluidos aquo-
ralizadas do Corpo Sossego apresentam caracte- sos compostos por NaCl-H2O de baixa salinidade
rísticas de brechas de explosão imaturas, enquan- (<11% NaCl equivalente) e baixa temperatura (<
to as brechas do Corpo Sequeirinho seriam bre- 250 oC), (Rosa 2006, Carvalho 2009). As salmou-
chas tectônicas maduras, com fragmentação do- ras salinas ricas em CaCl2 poderiam refletir uma
minada por desgaste e atrito associado ao desli- evolução contínua a partir de um fluido hipersali-
zamento ao longo da zona de falha. no magmático ou bacinal (Carvalho 2009), ou ain-
O minério de Cobre-Ouro dos dois corpos é da, representarem fluidos metamórficos que inte-
constituído pela associação de calcopirita com pi- ragiram com metevaporitos ou metaexalitos e tor-
rita (com até 2,3% de Co e 0,2% de Ni), magneti- naram-se mais salinos (Rosa 2006). Os fluidos de
ta parcialmente substituída por hematita, Ouro baixa salinidade podem representar o aporte de
(com até 14,9 % de Ag), siegenita, millerita, vae- fluidos meteóricos no sistema hidrotermal.
sita, Pd-melonita e, subordinadamente, hessita, As composições isotópicas de boro de turmali-
cassiterita, esfalerita, galena e molibdenita (Mon- na do Corpo Pista do depósito Sossego indicam
teiro et al. 2008b). A assinatura geoquímica do participação de fonte magmática, talvez proveni-
62
Metalogêmese das Províncias Tectônicas Brasileiras: Província Carajás
Figura 11 - Perfil esquemático da distribuição das zonas de alteração hidrotermal nos corpos Sequeirinho e
Sossego, Mina Sossego, assim como as composições isotópicas de oxigênio dos fluidos hidrotermais associados
a cada estágio de alteração hidrotermal e as respectivas temperaturas estimadas a partir de isótopos estáveis
(Monteiro et al. 2008a).
63
Lena Virgínia S. Monteiro, Roberto P. Xavier, Carlos R. de Souza Filho & Carolina Penteado N. Moreto
Figura 12 - Composição isotópica de oxigênio e hidrogênio do fluido hidrotermal em equilíbrio com minerais
hidrotermais de depósitos cupro-auríferos de Carajás. Fonte dos dados: Sossego (Monteiro et al. 2008a);
Bacaba & Castanha (Pestilho 2011), Estrela (Lindenmayer et al. 2005) e Breves (Botelho et al. 2005).
e cloritização, é característica de níveis crustais o que teria importância para a compreensão dos
intermediários a rasos, segundo o modelo de Hit- sistemas IOCG no Cinturão Sul do Cobre.
zman et al. (1992), Hitzman (2000) e Williams et A participação de fontes magmáticas profundas
al. (2005). na evolução do(s) paleo-sistema(s) hidroter-
Notadamente no Corpo Sequeirinho, os está- mal(is) é fortemente sugerida, assim como proces-
gios iniciais de alteração hidrotermal foram acom- sos de interação fluido-rocha responsáveis por
panhados por deformação dúctil, enquanto o es- significativa lixiviação de metais da sequência de
tágio de mineralização cupro-aurífera em todos os rochas hospedeiras, notadamente máficas e ultra-
corpos desenvolveu-se em condições dúcteis-rú- máficas, como evidenciado pelos enriquecimentos
pteis a essencialmente rúpteis. Segundo Domin- em Ni, Co e Pd do depósito Sossego, tanto no
gos (2010), a evolução do(s) sistema(s) hidroter- Corpo Sequeirinho como no Corpo Sossego (Mon-
mal(is) pode ter sido relacionada à progressiva teiro et al. 1998b, Carvalho 2009). Mistura com flui-
exumação associada com transpressão regional. dos externamente derivados, frios e diluídos, no
As idades obtidas no minério do Corpo Sequei- estágio de mineralização representou um impor-
rinho (ca. 2,6 Ga) foram atribuídas por Neves (2006) tante mecanismo de precipitação do minério. No
a processos metamórfico-deformacionais ao lon- entanto, tendências evolutivas distintas apontam
go das zonas de cisalhamento regionais, enquan- para contribuição de fluidos meteóricos no Corpo
to a idade mais nova (ca. 1,6 Ga) relativa ao Cor- Sossego e fluidos derivados da água do mar no
po Sossego não foi associada a um evento geoló- Corpo Sequeirinho (Fig. 12).
gico específico.
Embora os dados petrográficos, estruturais, de Outros depósitos IOCG de Carajás
inclusões fluidas e isótopos estáveis dos diferen-
tes corpos mineralizados apontem para uma evo- Processos genéticos muito distintos já foram
lução associada a fluidos composicionalmente e propostos para os depósitos cupríferos de Cara-
isotopicamente idênticos nos corpos Sequeirinho jás. A gênese dos depósitos de Salobo e Igarapé
e Sossego, os dados geocronológicos sugerem ou Bahia, hospedados principalmente por rochas me-
a abertura do sistema isotópico no Stateriano ou tavulcano-sedimentares do Supergrupo Itacaiú-
uma evolução multifásica do sistema hidrotermal, nas, foi atribuída inicialmente a modelos singené-
64
Metalogêmese das Províncias Tectônicas Brasileiras: Província Carajás
65
Lena Virgínia S. Monteiro, Roberto P. Xavier, Carlos R. de Souza Filho & Carolina Penteado N. Moreto
de um sistema IOCG (Siepierski 2008). Estágios não-magmáticos, para o sistema hidrotermal as-
subsequentes de alteração sódica-cálcica (horn- sociado à gênese desses depósitos. Esse compo-
blenda-actinolita-escapolita-albita-apatita) de alta nente poderia ser derivado tanto de fluidos hidro-
temperatura (>550 oC) verificados nesse depósi- termais de fundo oceânico como da água do mar
to são análogos aos reconhecidos nos depósitos modificada e, de forma análoga ao verificado para
de Castanha, Cristalino e Sossego (Corpo Sequei- os depósitos IOCG do Cinturão Sul do Cobre, indi-
rinho) desenvolvidos em condições ainda relati- ca que os depósitos da parte norte também seri-
vamente profundas (Monteiro et al. 2008a, Ribei- am híbridos, formados com contribuições de com-
ro 2009, Pestilho 2011). ponentes de múltiplas fontes.
Alguns depósitos apresentam predominância A gênese dos depósitos IOCG de Carajás tem
de componentes magmáticos e contribuição muito sido relacionada a três eventos de alojamento de
limitada de fluidos externos, como o depósito de granitos identificados no Domínio Carajás com base
Castanha (Pestilho 2011), o que é evidenciado pela em dados geocronológicos (Fig. 14): (i) ca. 2,76-
ausência de fluidos de baixa salinidade ou com 2,74 Ga Ga (Huhn et al. 1999b, Galarza et al.
menores valores de 18O que os tipicamente mag- 2003); (ii) ca. 2,57 Ga (Réquia et al. 2003, Tallarico
máticos. Nesse depósito, assim como no Alvo GT et al. 2005, Grainger et al. 2008), e (iii) ca. 1,88 Ga
34, a presença de brechas com pirrotita, calcopiri- (Pimentel et al. 2003, Tallarico 2003).
ta, pirita, pentlandita evidenciam também enrique- A importância das intrusões graníticas do Neo-
cimentos em Ni e Co, associados ao Cu, Fe, P e arqueano (ca. 2,57 Ga), semelhantes aos grani-
ETR (Siepierki 2008, Pestilho 2011). tos Old Salobo e Itacaiúnas, para o estabelecimen-
No entanto, a participação de fluidos superfi- to dos sistemas magmático-hidrotermais IOCG de
cais (água meteórica e salmouras derivadas da Carajás tem sido enfatizada por alguns autores
água do mar) parece ter sido importante em de- (Réquia et al. 2003, Tallarico et al. 2005, Grainger
pósitos desenvolvidos em níveis crustais mais ra- et al. 2008, Groves et al. 2010), com base em da-
sos (por exemplo, Alvo 118; Torresi 2009, Torresi dos geocronológicos considerados bastante robus-
et al. 2012; Corpo Sossego; Monteiro et al. 2008a) tos (Re–Os molibdenita, Salobo, Réquia et al. 2003;
e intermediários (Corpo Sequeirinho, Bacaba, Ba- U-Pb SHRIMP monazita, Igarapé Bahia, Tallarico et
curi; Augusto et al. 2008, Pestilho 2011), e seria al. 2005; Fig. 14).
responsável por favorecer a deposição do Cobre Entretanto, essa idade também é contestada,
transportado como complexos cloretados pelos uma vez que o magmatismo de ca. 2,57 Ga é mui-
fluidos metalíferos devido à diminuição de tempe- to restrito no Domínio Carajás, sendo ainda des-
ratura e salinidade. conhecido no Cinturão Sul do Cobre. Segundo Tei-
Na parte norte do Domínio Carajás, algumas xeira et al. (2010), essa idade seria próxima da
diferenças em relação aos depósitos IOCG da parte atribuída ao desenvolvimento da zona de cisalha-
sul são notáveis. O depósito de Salobo destaca- mento (2.555 ± 4 Ma; Machado et al. 1991) ao
se pela presença de almandina, grunerita e faya- longo da qual situa-se o depósito de Salobo. Ida-
lita entre as associações hidrotermais e pela pre- des Pb-Pb em calcocita (2.705±42 Ma), turmalina
dominância de distinta associação de minério com (2.587±150 Ma), calcopirita (2.427±130 Ma) e
bornita-calcosita-calcopirita (Lindenmayer 1990, magnetita (2.112±12 Ma) obtidas por Tassinari et
2003). Adicionalmente, apenas nos depósitos Iga- al. (2003), embora imprecisas e obtidas por méto-
rapé Bahia, Salobo e Igarapé Cinzento, inclusões do considerado menos robusto, revelam uma his-
fluidas carbônicas e aquo-carbônicas foram des- tória mais complexa para o Depósito Salobo, que
critas (Réquia 1995, Dreher 2004, Silva et al. 2005, inclui remobilização no Paleoproterozóico e/ou
Dreher et al. 2008). Embora a presença de tais sobreposição de eventos hidrotermais arqueanos
inclusões possa ser consideradas evidência de e paleoproterozóicos. De forma análoga, os de-
processos de desmistura de fluidos magmáticos pósitos Alvo GT46, Gameleira e Estrela também
em profundidade, como proposto por Pollard podem refletir múltiplos estágios de atividade hi-
(2001, 2006), isótopos de boro (11B = 14 a 26,5‰, drotermal e mineralização cuprífera em Carajás.
Xavier et al. 2008) em turmalina dos depósitos de Em que pese a importância de granitos neoar-
Igarapé Bahia e Salobo revelam também a partici- queanos e/ou paleoproterozóicos para o estabe-
pação de componentes externamente derivados, lecimento de sistemas magmático-hidrotermais em
66
Metalogêmese das Províncias Tectônicas Brasileiras: Província Carajás
Figura 14 - Dados geocronológicos relativos aos eventos de mineralização e intervalos de idade dos principais
eventos magmáticos e tectônicos registrados no Domínio Carajás. Fonte dos dados: (1) Tallarico et al.
(2005); (2) Galarza et al. (2002); (3) Galarza and Macambira (2003); (4) Réquia et al. (2003); (5) Huhn et
al. (1999); (6) Neves (2006); (7) Silva et al. (2005); (8) Tallarico (2003); (9) Pimentel et al. (2003); (10)
Marshick et al. (2005); (11) Lindenmayer et al. (2005); (12) Tallarico et al. (2004); (13) Grainger et al.
(2008); (14) Santos et al. (2010).
larga escala, áreas de alta favorabilidade para de- Depósitos de Cobe-Ouro polimetálicos
pósitos IOCG não são coincidentes com as gran-
des intrusões reconhecidas no Domínio Carajás. As tipologias de depósitos cupro-auríferos re-
O modelo de prospectividade (Fig. 15), proposto conhecidas na Província Carajás incluem, além dos
por Leite & Souza Filho (2009), obtido a partir de depósitos de óxidos de Ferro-Cobre-Ouro, depó-
redes neurais artificiais com base em dados geo- sitos sem significativos conteúdos de óxidos de
lógicos, magnetométricos e gama-espectrométri- Ferro (e.g. depósito de Cu-Au-(Mo) de Serra Ver-
cos para depósitos de Cu-Au em Carajás, mostra de; Villas & Santos 2001, Reis & Villas 2002, Mars-
que zonas de alta favorabilidade podem ser as- chik et al. 2005) e depósitos paleoproterozóicos
sociadas a sequências espessas de rochas meta- polimetálicos, tais como o depósito de Cu-(Au) de
vulcânicas do Supergrupo Itacaiúnas, que repre- Águas Claras (Villas & Silva 1998), de Cu–Au–(W–
sentam unidades reativas na presença de fluidos Bi–Mo–Sn) de Breves (Tallarico et al. 2004, Xavier
oxidados e ácidos, próximo às zonas de contato et al. 2005, Botelho et al. 2005) e de Cu-Au-(Li-Be-
com embasamento ou com intrusões, e ao longo Sn-W) de Estrela (Lindenmayer et al. 2005), que
de grandes descontinuidades crustais que mar- apresenta padrões distintos de alteração hidro-
cam esses contatos. termal, como por exemplo, com zonas de greisens.
67
Lena Virgínia S. Monteiro, Roberto P. Xavier, Carlos R. de Souza Filho & Carolina Penteado N. Moreto
Figura 15 - Modelo de prospectividade para depósitos de Cu-Au no Domínio Carajá gerados a partir de análise
espacial de dados exploratórios por redes neurais artificiais. Áreas coloridas entre tons de violeta a vermelho
correspondem a setores progressivamente de mais alta prospectividade para Cu-Au (Fonte: Leite & Souza
Filho 2009).
68
Metalogêmese das Províncias Tectônicas Brasileiras: Província Carajás
Modelo Genético
69
Lena Virgínia S. Monteiro, Roberto P. Xavier, Carlos R. de Souza Filho & Carolina Penteado N. Moreto
uma joint venture da Colossus (75%) e da Coope- escarnitos com actinolita-calcita ± diopsídio e tal-
rativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pe- co-calcita-quartzo. Rochas metavulcânicas máficas
lada (25%). Embora dados relativos às reservas e ultramáficas com intercalações de formações fer-
atuais não tenham sido divulgados, interceptos ríferas do Grupo Rio Novo (Hirata et al. 1982) aflo-
extensos com elevados teores de Ouro, Platina e ram a 5 km a leste do depósito sotopostas à For-
Paládio (7,30 m com 1.494,70 g/t de Ouro, 516,60 mação Águas Claras (Tallarico et al. 2000). As uni-
g/t de Platina e 558,90 g/t de Paládio e 70,70m dades metavulcano-sedimentares do Grupo Rio
com 53,59g/t de Ouro, 20,77 g/t de Platina e 31,30 Novo são intrudidas tanto pelo Complexo Luanga,
g/t de Paládio) foram reportados por (2010). representado por intrusões acamadadas máfico-
ultramáficas, aflorantes a 11 km a leste de Serra
ROCHAS HOSPEDEIRAS Pelada, como pelo Granito Cigano (1883±2Ma, U–
Pb zircão, Machado et al. 1991). Esse último é res-
O depósito de Serra Pelada (Figs. 17 e 18) é ponsável por auréola de metamorfismo de conta-
hospedado por rochas metassedimentares clásti- to nas unidades do Grupo Rio Novo, caracterizada
cas próximo ao contato com mármores dolomíti- pelas associações de biotita-anfibólio-cordierita e
cos da Formação Águas Claras (Tallarico et al. 2000, espinélio-hiperstênio-biotita-cordierita (Gonçalez
Moroni et al. 2001). Entre tais rochas, intensamen- et al. 1988). O Granito Cigano também intercepta
te intemperizadas, comumente brechadas e hidro- as rochas da Formação Águas Claras a aproxima-
termalizadas, são reconhecidos: (1) metarenitos, damente 7 km a oeste de Serra Pelada, resultan-
por vezes manganesíferos, (2) metassiltito carbo- do em auréola com cordierita e grandes quantida-
noso, ferruginoso e caolinizado e metassiltito cin- des de hematita (Berni 2009).
za com 2 a 10 % de carbono, (3) metassiltitos la-
minados vermelhos com óxidos de Ferro, (4) ro- CONTROLE ESTRUTURAL
cha friável e terrosa, preta a marrom, denomina-
da de “hidrotermalito”, (5) brechas alternadas a O depósito de Au-(Pd-Pt) de Serra Pelada é lo-
metassiltitos e metarenitos silicificados e ricos em calizado no segmento leste da Zona de Cisalha-
hematita e (6) mármore quartzo dolomítico (Bet- mento Cinzento, de direção ENE-WNW, em zona
tencourt et al. 2008). de charneira de um sinclinal invertido e inclinado
Intrusões dioríticas interceptam o mármore (Sinclinal Serra Pelada, Berni 2009). Na área de
dolomítico abaixo da zona mineralizada e, segun- Serra Leste, na qual se localiza o depósito, dois
do Tallarico et al. (2000), resultaram em zonas de episódios de deformação não-coaxial foram iden-
Figura 17 - Mapa geológico da área do depósito de Au-(Pd-Pt) de Serra Pelada (modificado de Docegeo 1988,
Tallarico et al. 2000).
70
Metalogêmese das Províncias Tectônicas Brasileiras: Província Carajás
Figura 18 - Perfil geológico do depósito de Au-(Pd-Pt) de Serra Pelada mostrando a distribuição das zonas de
alteração hidrotermal (Colossus, em Jones 2010).
tificados, sendo o primeiro responsável pelas do- acordo com Berni (2009), contudo, três importan-
bras recumbentes similares de grande amplitude tes zonas de alteração hidrotermal representadas
e orientação E–W com eixo com caimento de 15 a por enriquecimento hidrotermal em Carbono, ar-
25° para SW associadas a falhas de empurrão de gilo-minerais e sílica, podem ser identificadas na
direção E–W. O segundo é representado por sis- zona de charneira do Sinclinal Serra Pelada.
temas de falhas e dobras abertas, que seriam A zona de silicificação é o envelope de jaspe-
responsáveis por inflexão das dobras formadas róide (jaspe com sericita, pirita, turmalina, caolini-
no primeiro evento e dobramento do seu eixo ta, clorita, hematita) com 5 a 50 m de espessura
(Tallarico et al. 2000, Berni 2009, Jones 2010). descrito por Tallarico et al. (2000) e Grainger et al.
O importante papel do controle estrutural para (2002). A zona de alteração argílica, localizada
a mineralização de Serra Pelada é enfatizado por próximo ao contato entre os metassiltitos e ro-
vários autores, que o relacionam a: (i) zona de chas dolomíticas, caracteriza-se por intensa subs-
charneira do Sinclinal Serra Pelada com minerali- tituição das rochas hospedeiras por caolinita-(se-
zação posterior ao evento D1 e anterior à D2 (Ber- ricita) e quantidades variáveis de óxidos de Ferro,
ni 2009); (ii) Zona de Cisalhamento do Cinzento além de apresentar enriquecimentos em Bi, Pb, Cu
(Moroni et al. 2001) e, mais especificamente, a es- e U e ETRL (Berni 2009, Jones 2010).
truturas R’ associadas a sistema transtensivo dex- O minério de Au-Pd-Pt é associado a zonas de
tral desenvolvido entre as zonas de cisalhamento alteração argílica com baixo conteúdo de Fe2O3 e,
regionais ENE-WNW (Freitas-Silva 1998); (iii) fra- principalmente, com zonas com rocha carbonosa
turas em todas as escalas, associadas a falhas pós- fina e isótropa com quartzo, sericita, caolinita, mo-
D2 (Jones 2010). nazita, hematita, goethita, óxidos de Manganês,
além de turmalina, carbonato, clorita e magnetita
ALTERAÇÃO HIDROTERMAL (Tallarico et al. 2000). Segundo Jones (2010), o
Carbono nessas rochas é preferencialmente ori-
A alteração hidrotermal pode ser bastante su- entado ao longo da clivagem de crenulação S2. A
til e até críptica, ocorrendo em halos de poucos relação entre a concentração de Au-Pt-Pd e con-
centímetros a centenas de metros. No entanto, a centrações de Carbono, no entanto, não é clara,
intensidade da alteração hidrotermal não é indi- uma vez que alguns autores afirmam que não há
cativa dos maiores teores de Au-EGP, que podem correlação entre tais concentrações (Berni 2009),
ocorrer em fraturas menores sem evidências de enquanto outros consideram que houve precipi-
alteração hidrotermal (Grainger et al. 2008). De tação preferencial de Au-Pt-Pd nas zonas com con-
71
Lena Virgínia S. Monteiro, Roberto P. Xavier, Carlos R. de Souza Filho & Carolina Penteado N. Moreto
centrações mais elevadas de Carbono (Jones de de 1.861±45 Ma para o minério de Serra Pela-
2010). da. Adicionalmente, idade 40Ar/39Ar de 1.882±3 Ma
Espacialmente zonas mineralizadas associam- se foi obtida para biotita do halo de alteração distal
também a brechas hidrotermais ricas em mag- (Grainger et al. 2008). Datações 40Ar/39Ar de cama-
netita e hematita-(sericita), a zonas de hematiti- das de óxido de Manganês intercaladas a quartzi-
zação e zonas com sílica-muscovita-monazita com tos da Formação Águas Claras da área de Serra
óxi-hidróxidos de Ferro (Grainger et al. 2008). Pelada forneceram idades de 35±1 Ma e 44±2 Ma,
interpretadas como correspondentes a dois epi-
Minério de Ouro-EGP sódios de lateritização. Cabral et al. (2011) obti-
veram idade 40Ar/39Ar de 75±6 Ma para amostra de
Sulfetos primários são raramente preservados massas de isomertieita e romanèchita intercresci-
nas zonas mineralizadas devido à intensa altera- das, que substituem as brechas ricas em goethi-
ção supérgena, contudo podem ainda ser reco- ta, tipo “bonanza”.
nhecidos, segundo Tallarico et al. (2000), pirita, cal-
copirita, arsenopirita, covelita, bornita, galena, sul- ASSINATURA GEOFÍSICA
fetos de Níquel (millerita e pentlandita) e de Ní-
quel e Cobalto (carrolita e siegenita). O processamento de dados aerogeofísicos e
Próximo à superfície, o Ouro ocorre como partí- modelamento espacial permitiram identificar a as-
culas livres e em pepitas em meio ao material ter- sinatura geofísica do depósito da Serra Pelada,
roso e massas argilosas completamente desagre- pelos altos valores de ASA (Fig. 19a), alta percen-
gadas ricas em quartzo brechado, caolinita, goe- tagem de K, alta contagem de radiação gama to-
thita, hematita, óxidos de Manganês e material tal (Fig. 19b), baixo Th e elevada condutividade
carbonoso (Tallarico et al. 2000). Ouro paladiado, eletromagnética (Souza Filho et al. 2007). Essa
Paládio nativo, ligas de Au-Ag-Pd e outros mine- assinatura reflete, possivelmente, as zonas de
rais portadores de elementos do grupo da Platina alteração hidrotermal que apresentam elevado
(“guanglinita”, atheneita, potarita, isoferroplatina, conteúdo de carbono, brechas hidrotermais ricas
isomertieita, sudovikovita e palladseita) ocorrem em magnetita, além das zonas com sericita e/ou
associados ao Ouro (Tallarico et al. 2000, Cabral muscovita. A partir da deconvolução Euler 3D do
et al. 2002a, 2002b). campo magnético anômalo, foram identificadas na
Adicionalmente, agregados grossos de Ouro área de Serra Pelada fontes magnéticas profun-
com aproximadamente 1 cm de comprimento ocor- das (500 a >1000 m de profundidade) relaciona-
rem em brechas com matriz rica em goethita, co- das com pipes verticais (Souza Filho et al. 2007).
nhecidas como do tipo “bonanza”, que apresen-
tam cavidades preenchidas por hematita tabular MODELOS GENÉTICOS PARA O DEPÓSITO DE AU-PD-
(Cabral et al. 2011). Essas brechas apresentam- PT DE SERRA PELADA
se parcialmente substituídas por uma associação
de Ouro com Paládio e Mercúrio e isomertieite Os modelos genéticos propostos para o depó-
(Pd11As2Sb2) que ocorre em uma matriz de óxidos sito de Serra Pelada não são consensuais. Moroni
de Manganês e Bário, análoga à romanèchite (Ca- et al. (2001) consideram que a alteração supérge-
bral et al. 2002b, 2011). na teria resultado em forte enriquecimento em Au
Alteração supérgena resultou em perfil de al- e EGP a partir de mineralização hidrotermal de
teração profundo, caracterizado por oxidação das baixo teor. Estudos de isótopos estáveis realiza-
rochas clásticas, lixiviação dos mármores e desen- dos por Bettencourt et al. (2008) também suge-
volvimento de brechas de colapso impregnadas rem forte sobreposição de assinatura supérgena
com óxidos e hidróxidos de Manganês e Ferro. à hidrotermal nas amostras mineralizadas. Segun-
do esses autores, as assinaturas isotópicas de
DADOS GEOCRONOLÓGICOS oxigênio de amostras Serra Pelada sugerem se-
melhança com as do depósito de Au-EGP-U de
Datação U-Pb de monazita hidrotermal (Grain- Coronation Hill, Austrália (Mernagh et al. 1994),
ger et al. 2008) considerada geneticamente rela- relacionado a inconformidade, no qual a ação de
cionada à mineralização de Au-Pt-Pd indicou ida- fluidos salinos e ácidos de baixa temperatura e
72
Metalogêmese das Províncias Tectônicas Brasileiras: Província Carajás
73
Lena Virgínia S. Monteiro, Roberto P. Xavier, Carlos R. de Souza Filho & Carolina Penteado N. Moreto
74
Metalogêmese das Províncias Tectônicas Brasileiras: Província Carajás
Figura 19 - (A) Mapa da amplitude do sinal analítico (ASA) em pseudo-cor. Note que existe uma clara asso-
ciação entre o depósito de Au-PGE de Serra Pelada, de Fe de Serra Leste, dos corpos de rochas máficas-
ultramáficas do Complexo Luanga e de falhas com elevados valores de ASA. (B) Mapa da contagem total (CT)
de radiação gama em pseudo-cor mostrando a delimitação dos corpos ultramáficos do Complexo Luanga, que
possuem uma marcante assinatura de baixo CT (e do radionuclídio eTh). Intrusões máficas-ultramáficas:
(a) Luanga; (b) Luanga Sul; (c) Orion; (d) Afrodite; (e) Formiga; (f) Luanga Sul; (g) Pegasus; e (h) Centauro;
AgrGni e AGrGntton = Complexo Xingu; AGrE = Granito Estrela; EoPgrC = Granito Cigano; SPDS = Falha de
Serra Pelada; CTSZ = Zona de Cisalhamento Transcorrente Cinzento. Fonte: Souza Filho et al. (2007).
75
Lena Virgínia S. Monteiro, Roberto P. Xavier, Carlos R. de Souza Filho & Carolina Penteado N. Moreto
Figura 21 - Secção esquemática do Complexo Luanga (modificado de VALE por Ferreira Filho et al. 2007).
tercrescimentos pseudomimerquíticos entre silica- (Diella et al. 1995, Girardi et al. 2006).
tos e cromita atestam a cristalização contemporâ- Os minerais de EGP nos cromititos (braggita,
nea de olivina, ortopiroxênio e cromita. A comum sperrylita, sulfo-arsenietos portadores de EGP,
associação entre cromititos estratiformes e orto- Pt(Rh) ou Pd nativos) ocorrem como agregados
piroxenitos bronzíticos assemelha-se a de alguns multifásicos e, menos comumente, como grãos iso-
níveis da Zona Crítica Superior do Complexo lados, variando entre 2 a 15 mm, associadamente
Bushveld (Dillela et al. 1995). a sulfetos de metais base (pentlandita, pirrotita,
millerita, calcopirita, mackinawita, ligas de Ferro-
Mineralização de EGP-Níquel: Luanga Reef, cromiti- Níquel; Suita 1988, Diella et al. 1995, Girardi et al.
tos e milonitos 2006). Ocorrem como inclusões em associações si-
licáticas, especialmente a sperrylita, e próximo aos
Zonas mineralizadas em EGP-(Ni) são hospe- grãos de cromita, notadamente a braggita.
dadas por: (i) metaortopiroxenitos cumuláticos com Mineralização de EGP também foi reconhecida
pirrotita, pentlandita e calcopirita intercúmulus; (ii) associada com alteração hidrotermal estrutural-
níveis de cromita disseminada a maciça; (iii) clori- mente controlada em zonas milonitizadas nas quais
ta-tremolita-actinolita-talco milonitos, originados ocorrem magnetita serpentinitos e clorita-
76
Metalogêmese das Províncias Tectônicas Brasileiras: Província Carajás
77
Lena Virgínia S. Monteiro, Roberto P. Xavier, Carlos R. de Souza Filho & Carolina Penteado N. Moreto
Figura 22 - Seção geológica transversal da Mina do Azul mostrando a sucessão de rochas sedimentares e a
topo-sequência laterítica (adaptado de Costa et al. 2005).
78
Metalogêmese das Províncias Tectônicas Brasileiras: Província Carajás
Valarelli et al. 1978, Silva 1988). O avanço das fren- mação da pirita. Condições análogas são descri- tas
tes de lavra e sondagens mais profundas eviden- para o período imediatamente posterior ao Grande
ciaram, segundo Costa et al. (2005), que as mar- Evento de Oxidação em 2,1±0,2 Ga, perí- odo no
gas ou folhelhos carbonáticos com rodocrosita ocor- qual outros importantes depósitos mundi- ais de
rem como lentes e camadas delgadas de rocha Manganês foram formados no Gabão e na África do
cinza-esverdeada sem matéria orgânica, interca- Sul. Segundo os autores, esses dados sugerem
ladas aos siltitos. uma idade paleoproterozóica para a For- mação
Um dos minérios mais ricos da mina, considera- Águas Claras, relacionada a uma importante época
do primário, associa-se a lentes e camadas de fo- metalogenética para formação de depósi- tos
lhelhos negros com óxi-hidróxidos de Manganês, manganesíferos sedimentares.
classificados como bióxido ou criptomelana, ricos
em matéria carbonosa, com centenas de metros MINÉRIO LATERÍTICO DE MANGANÊS
de extensão aparente e espessura máxima de 5
m, alojadas em siltitos vermelhos listrados. Segundo Costa et al. (2005), o perfil laterítico é
profundo (< a 100 m), bem desenvolvido e madu-
GÊNESE DA MINERALIZAÇÃO MANGANESÍFERA SE- ro, com espesso horizonte argiloso sobreposto ao
DIMENTAR domínio das lentes manganesíferas contidas nos
siltitos. O principal mineral de Manganês é a
Segundo Dardenne & Schobbenhaus (2001), o criptomelana, tanto herdada como neoformada,
protominério carbonático da Mina do Azul corres- ocorrendo também hollandita, todorokita,
ponderia a depósitos marinhos singenéticos for- pirolusita, litioforita e nsutita. Uma crosta laterítica
mados em bacias estratificadas na zona de talu- Ferro-aluminosa, nodular, brechóide e cavernosa
de, próximo da transição de uma bacia profunda a maciça, desenvolveu-se sobre o horizonte argi-
anóxica, no qual se depositaram folhelhos negros, loso, contendo também criptomelana e litioforita.
para um ambiente plataformal mais raso e oxida- A crosta laterítica encontra-se parcialmente trans-
do, com precipitação carbonática. Nesse contex- formada em materiais argilosos a terrosos, mar-
to, a rodocrosita representaria um produto diage- rom amarelos com esferolitos, que constituem so-
nético precoce a partir de matéria orgânica, en- los residuais ou depósitos de tálus. A lateritiza-
quanto a criptomelana foi considerada como pro- ção foi iniciada há 68 Ma, com maior desenvolvi-
duto da alteração supérgena da rodocrosita. mento entre 45 a 36 Ma, sendo seguida a partir
De acordo com Costa et al. (2005), no entanto, de 26 Ma por intenso intemperismo químico e, pos-
as lentes ricas em criptomelana também teriam ori- teriormente, físico-erosivo quando foram formados
gem sedimentar diagenética, relacionada à sedi- os solos residuais (Costa et al. 2005).
mentação em várias sub-bacias restritas nas quais
a diminuição de energia teria sido acompanhada Depósitos de Ouro laterítico
por aumento da atividade orgânica carbonosa. Nes-
se contexto, os óxi-hidróxidos de Manganês seri- Depósitos de Ouro laterítico no Domínio Cara-
am contemporâneos à sedimentação (Costa et al. jás incluem a Mina de Igarapé Bahia (Zang & Fyfe
2005). Deformação pós-diagenética seria respon- 1993, Angélica 1996, Porto et al. 2010) que pro-
sável por remobilização de Manganês e formação duziu, até 2003, cerca de 92 t de Ouro, além de
das vênulas com sulfetos e com óxi-hidróxidos de garimpos, entre os quais o de Cutia, localizado na
Mn, quartzo, rodocrosita e caolinita. Serra Leste (Domingos & Santos 2001).
Estudos de isótopos de Ferro (57 Fe IRMM-14 = O depósito de Igarapé Bahia situa-se em um
1,02±0,2‰) e enxofre (34S = 11,97±0,12‰; 33S platô escarpado, sustentado por regolito lateríti-
= 0,013±0,003‰) indicam assinatura isotópica co maduro (Costa 1991), formado há 50 a 70 Ma
para pirita cedo-diagenética da Formação Águas (Vasconcellos et al. 1994) durante o Ciclo geomor-
Claras distinta daquela da pirita formada em am- fológico Sul Americano, tendo sido alterado pelo
bientes marinhos modernos (Fabre et al. 2011). Ciclo Geomorfológico Velhas, subsequente, respon-
Essas assinaturas isotópicas indicam condições de sável por formação de latossolos que encobrem
fugacidade de oxigênio relativamente elevadas, as encostas (Medeiros Filho 2002).
mas limitada disponibilidade de sulfato para a for- A espessura do regolito das brechas hidroter-
79
Lena Virgínia S. Monteiro, Roberto P. Xavier, Carlos R. de Souza Filho & Carolina Penteado N. Moreto
mais mineralizadas atinge até 200 m, sendo que foram remobilizados e incorporados na zona fer-
nos 150 m superiores os corpos gossânicos com ruginosa, conforme o avanço do intemperismo e
goethita, hematita, gibbsita, caolinita e fosfatos erosão. Na terceira fase, após a elevação e a inci-
ricos em ETR representam a principal fonte do mi- são da paisagem, lixiviação de cloreto teria sido
nério de Ouro, muito empobrecido em Cobre (An- responsável por separar a Prata dos grãos de
gélica 1996). Uma zona de transição para o miné- Ouro. A presença de eléctrum na parte superior
rio primário de Cobre com malaquita, azurita, pseu- da zona ferruginosa pode ser atribuída às meno-
domalaquita, Cobre nativo, calcocita, digenita e res concentrações de cloreto na água subterrâ-
cuprita, ocorre de 150 m a 200 m. nea próximo à superfície e ao enriquecimento de
matéria orgânica que pode diminuir o potencial
ESTRATIGRAFIA DO REGOLITO redox e aumentar a estabilidade de Prata nativa.
80
Metalogêmese das Províncias Tectônicas Brasileiras: Província Carajás
tral dos dois corpos de rochas ultramáficas. Os sob condições climáticas mais secas, resultou em
perfis desenvolvidos sobre as demais rochas apre- silicificação generalizada, principalmente ao longo
sentam teores muito baixos de Níquel, sendo con- das fraturas, na base do perfil, isolando bolsões
siderados estéreis. de rocha fresca. Posteriormente, uma mudança cli-
mática favoreceu a erosão e um novo ciclo de la-
PERFIL LATERÍTICO teritização que atingiu esses bolsões e levou ao
desenvolvimento de um perfil laterítico abaixo do
O perfil típico do depósito (Alves et al. 1986, nível silicificado.
Carvalho e Silva & Oliveira 1995) foi desenvolvido
a partir de rocha constituída por serpentina, opa- Depósitos de bauxita
cos e restos de olivina e piroxênio e inclui, da base
para o topo, saprólito grosso com serpentina, clo- O depósito de bauxita do Platô N5 foi desco-
rita, esmectita, espinélios, opacos, goethita, quart- berto no final de 1974, quando foi constatada a
zo e calcedônia, além de produtos amorfos e goe- existência de nível de 4,5 m de espessura de bau-
thita, saprólito fino com goethita, clorita, quartzo, xita metalúrgica desenvolvido a partir de rochas
espinélios e caolinita e laterita vermelha. básicas do Grupo Grão Pará sem cobertura esté-
O minério silicático ou garnierítico com até 3- ril. Trabalhos de pesquisa seguiram-se à desco-
4% Ni relaciona-se aos horizontes de saprólito berta da ocorrência, conduzidos pela Amazônia Mi-
grosso, enquanto o minério oxidado com até 2% neração S.A, em 1974, e pela Docegeo, entre 1979
Ni é representado por saprólito fino. e 1983. As reservas foram estimadas em 48,92 Mt
As fases portadoras do Níquel no minério sili- de minério bruto, com espessura média de 4,2 m
catado seriam serpentinas, clorita e os produtos e sem capeamento estéril, e teores de 34,9% de
amorfos sílico-ferruginosos, além de esmectita su- Al O , 1,7 % de SiO , 25% de Fe O e 3,9 % de TiO
2 3 2 2 3 2
81
Lena Virgínia S. Monteiro, Roberto P. Xavier, Carlos R. de Souza Filho & Carolina Penteado N. Moreto
formação de cimento gibbsítico, (6) retrabalhamen- Ga; Huhn et al. 1999b ou 2,57 Ga; Réquia et al.
to, (7) deposição de bauxita terrosa e (8) aplaina- 2003, Tallarico et al. 2005).
mento, soerguimento regional, reativação da ero- Os depósitos de Níquel-EGP, assim como os de
são e individualização dos platôs. Cromo, seriam ortomagmáticos, porém formados
por processos diversos, que incluiriam segrega-
CONSIDERAÇÕES FINAIS ção de um líquido sulfetado imiscível coletor de EGP
no “Luanga Reef”, Complexo Luanga, ou, no caso
A distinta evolução geológica dos domínios Rio do Complexo Serra da Onça, cristalização de cu-
Maria e Carajás reflete-se de forma notável na me- mulados de Minerais do Grupo da Platina direta-
talogênese da Província Carajás. No Domínio Rio mente a partir do magma (Ferreira Filho et al.
Maria, os depósitos de Ouro apresentam a diver- 2007). O modelo genético proposto para o “Luan-
sidade esperada para os depósitos auríferos oro- ga Reef” por Ferreira Filho et al. (2007) seria aná-
gênicos. Essa classe, que inclui depósitos hospe- logo ao de Naldrett (2004) para os depósitos es-
dados comumente em sequências de greenstone tratiformes de EGP associados a sulfetos de
belts localizados ao longo de zonas de cisalhamen- Bushveld (Merensky Reef), Stillwater (J-M Reef) e
to, seria relacionada à circulação regional de flui- Great Dyke (Main Sulfide Zone).
dos associados à evolução dos orógenos, ou seja, Embora os grandes depósitos de EGP magmá-
ao tectonismo em margens convergentes (Groves ticos tenham sido formados predominantemente
et al. 1998, Goldfarb et al. 2001). no interior de crátons arqueanos, grande parte
Embora o depósito de Cumaru, espacialmente dos depósitos de Ni-(Cu-EGP) são relacionados com
relacionado à intrusão granodiorítica, tenha sido a ascensão de plumas mantélicas ao longo de ir-
considerado distinto, sua gênese pode ser inseri- regularidades nos limites litosféricos abaixo das
da no mesmo contexto dos demais depósitos, na margens de crátons arqueanos (Maier & Groves
qual a relação temporal e espacial com granitói- 2011). Esse ambiente geológico também foi con-
des indicaria que tanto magma como fluidos re- siderado propício à formação de depósitos IOCG,
presentam produtos inerentes à evolução termal relacionados a underplating do manto ou eventos
durante as orogêneses (Goldfarb et al. 2001). de superplumas e magmatismo granítico tipo A
As relações geológicas descritas por Santos et (Pirajno et al. 2008, Groves et al. 2010). Além dis-
al. (1998) permitem considerar a gênese do depó- so, a associação espacial de depósitos de Ni–(Cu)
sito de Cumaru como posterior ao metamorfismo e de IOCG também já foi caracterizada no contex-
regional da sequência greenstone belt, tardi-tec- to de colisão oblíqua e/ou continente–continente
tônica em relação ao desenvolvimento da zona de na Ossa Morena Zone, Iberia, desenvolvida duran-
cisalhamento e associada a magmatismo mesoar- te a orogenia Variscan (Tornos & Casquet 2005).
queano (ca. 2,82 Ga). Embora informações relati- Em Carajás, o contexto tectônico proposto para
vas às idade das demais mineralizações auríferas o Neoarqueano (ca. 2,76 – 2,74 Ga) seria relativo
no Domínio Rio Maria sejam escassas, possivel- à abertura de um rifte continental para a forma-
mente também formaram-se durante o último ção da Bacia Carajás (Wirth et al. 1986, Gibbs et
evento tectonotermal que antecedeu à cratoniza- al. 1986, DOCEGEO 1988, Tallarico et al. 2005) ou
ção do Domínio Rio Maria em ca. 2,86-2,80 Ga. Sua ambiente de arco vulcânico associado a subduc-
formação durante o Mesoarqueano coincide com ção (Dardenne et al. 1988, Meirelles & Dardenne
uma época metalogenética (ca. 2,8–2,55 Ga; Gol- 1993, Teixeira 1994), seguido por colisão conti-
dfarb et al. 2001) extremamente favorável para a nente-continente em ca. 2,74 Ga, responsável pela
formação de depósitos auríferos orogênicos, como justaposição dos domínios Rio Maria e Carajás (Tei-
os reconhecidos em sequências de greenstones xeira et al. 2010).
dos crátons Yilgarn, na Austrália, Dharwar, na In- Os dois cenários poderiam ser compatíveis com
dia, Slave, no Canadá, São Francisco, no Brasil, e a associação espacial de IOCGs e depósitos de
Tanzânia. Ni-EGP magmáticos, porém, tem implicações dis-
No Domínio Carajás, a metalogênese do Arque- tintas para a gênese dos depósitos e para a ex-
ano refere-se principalmente aos depósitos de Cro- ploração mineral. No primeiro caso, grandes zo-
mo e Níquel-EGP (ca. 2,76 Ga; Machado et al. 1991, nas de cisalhamento translitosféricas E-W, que
Lafon et al. 2000) e aos depósitos IOCG (ca. 2,74 marcam os limites dos domínios tectônicos, exer-
82
Metalogêmese das Províncias Tectônicas Brasileiras: Província Carajás
ceriam um controle de primeira ordem. A herança néticos formados em bacias estratificadas, próxi-
de magmas originados a partir da fusão do manto mo à transição de uma bacia profunda anóxica
litosférico subcontinental metassomatizado duran- para um ambiente plataformal mais raso e oxige-
te processos anteriores de subducção, seria im- nado (Dardenne & Schobbenhaus 2001) ou em
portante para explicar as características do mag- várias sub-bacias restritas (Costa et al. 2005). As
matismo e dos fluidos magmáticos associados aos condições de fO2 do oceano durante a deposição
depósitos IOCG (Hayward & Skirrow 2010, Groves da Formação Águas Claras seriam análogas às do
et al. 2010). No segundo, a associação com depó- período imediatamente posterior ao Great Oxidati-
sitos de Cu-Mo do tipo pórfiro, de Au epitermais e on Event em 2,1±0,2 Ga, que representa uma im-
escarnitos, vinculado a magmatismo cálcio-alcali- portante época metalogenética para formação de
no seria esperada, mas intrusões máfico-ultramá- depósitos manganesíferos sedimentares, como os
ficos muito profundas poderiam estar relaciona- do Gabão e da África do Sul (Fabre et al. 2011), o
das à origem do magmatismo associado aos de- que pode sugerir idade proterozóica para a For-
pósitos IOCG. mação Águas Claras. Contudo, se a idade arque-
O retrabalhamento crustal no Neoarqueano e ana da Formação Águas Claras, relativa a sill de
o desenvolvimento de grandes zonas de cisalha- metagabro intrusivo (2.645 ± 12 Ma U-Pb, Dias et
mento permitiram circulação de fluidos hidroter- al. 1996; 2.708 ± 37 Ma U-Pb, Mougeot et al. 1996)
mais em larga escala em Carajás. Particularmente for confirmada, mudanças nas condições físico-quí-
no Complexo Luanga, processos metamórficos-hi- micas dos oceanos no final do Neoarqueano na
drotermais reconhecidos em clorita-tremolita-ac- Província Carajás poderiam ser evidenciadas. Isso
tinolita-talco milonitos com mineralização de EGP tem particular relevância para a compreensão da
(Suita 1988, Ribeiro 2004, Ribeiro et al. 2005, Sui- evolução de depósitos IOCG, nos quais componen-
ta et al. 2005), podem ter resultado também em tes derivados da água oceânica foram apontados
mobilização e redistribuição de EGP a partir de por métodos indiretos (eg. isótopos de boro, Xa-
sulfetos magmáticos devido à interação fluido-ro- vier et al. 2008; razões Cl/Br–Na/Cl, Xavier et al.
cha envolvendo fluidos salinos. Esses processos 2009; isótopos estáveis; Pestilho 2011) e poderi-
são análogos aos descritos nos depósitos de Cu- am refletir o ambiente de formação de alguns dos
Ni-(EGP) de Rathbun Lake, Canadá (Rowell & Ed- depósitos.
gar 1986), New Rambler, EUA (Nyman et al. 1990), Durante o Paleoproterozóico, a evolução me-
EGP de Jinchuan, China (Yang et al. 2006) e Ni– talogenética da Província Carajás foi fortemente
Cu–Co-(EGP) de Ferguson Lake, Canada (Campos- associada à colocação de granitos tipo A, anoro-
Alvarez et al. 2012). Têm especial importância para gênicos, em ca. 1,88 Ga. No Domínio Rio Maria, a
a evolução metalogenética de Carajás, visto que principal reserva de Tungstênio conhecida na Ama-
podem ter contribuído para a especialização dos zônia é representada pelo depósito de Pedra Pre-
depósitos de Ouro-EGP hospedados em rochas ta (Rios et al. 1988, 2003), espacialmente relacio-
metassedimentares (Serra Pelada) e dos IOCG, nado à cúpula do Granito Musa. Sua colocação
que apresentam concentrações significativas de pode ter favorecido o estabelecimento do siste-
EGP, notadamente de paládio (eg. Sossego; Mon- ma hidrotermal, contudo o papel de fluidos hidro-
teiro et al. 2008b; Carvalho 2009). termais externamente derivados foi sugerido (Rios
Também durante o Arqueano, os jaspilitos da et al. 2003).
Formação Carajás, Grupo Grão Pará (ca. 2,76 Ga; No Domínio Carajás, depósitos de Cu-Au-(Mo-
Machado et al. 1991) formaram-se em ambiente W-Bi-Sn) e Cu-Au-(Li-Be-Sn-W), tais como Breves,
marinho a partir da oxidação parcial do Fe2+ aq na Águas Claras e Estrela, além de ocorrências esta-
superfície do oceano, subsequente à ressurgên- cia níferas, relacionam-se espacial e temporalmente
hidrotermal de águas marinhas anóxicas e pro- com a colocação de granitos anorogênicos do tipo
fundas (Lindenmayer et al. 2001, Macambira 2003, A. Os depósitos IOCG Alvo 118 (Tallarico 2003),
Fabre et al. 2011). Gameleira (Pimentel et al. 2003) e Igarapé Cin-
Os depósitos manganesíferos hospedados na zento (Silva et al. 2005) também apresentam ida-
Formação Águas Claras, que apresentam impor- de paleoproterozóica. Embora compartilhem evo-
tante enriquecimento supergênico, têm gênese lução paragenética e fluidal muito semelhante com
inicial semelhante à de depósitos marinhos singe- os demais depósitos arqueanos dessa classe, fo-
83
Lena Virgínia S. Monteiro, Roberto P. Xavier, Carlos R. de Souza Filho & Carolina Penteado N. Moreto
84
Metalogêmese das Províncias Tectônicas Brasileiras: Província Carajás
85
Lena Virgínia S. Monteiro, Roberto P. Xavier, Carlos R. de Souza Filho & Carolina Penteado N. Moreto
da Serra Verde (Região de Carajás). In: SBG, Simp. nerografia do gossan aurífero da Cutia, Carajás-
Geol. Amaz., 2, Anais, v. 2, p. 189-199. PA. In: SBG, Simp. Geol. Amaz., 7, Belem, Res. Exp.,
Craveiro G.S. 2011. Geologia, fluidos hidrotermais e [CD-ROM]
origem do depósito cupro-aurífero Visconde, Pro- Dreher A.M., 2004. O depósito primário de Cu-Au de
víncia Mineral de Carajás. Dissertação de Mestra- Igarapé Bahia, Carajás: Rochas fragmentárias, flui-
do, UFPA. dos mineralizantes e modelo metalogenético. Tese
Cunha B.C.C. 1981. Geologia. In: DNPM, Projeto Ra- de Doutorado, UNICAMP, 221p.
dambrasil. Folha SC. Tocantins: geologia, geomor- Dreher A.M., Xavier R.P., Taylor B.E., Martini S. 2008.
fologia, pedologia, vegetação e uso potencial da ter- New geologic, fluid inclusion and stable isotope stu-
ra. p. 21-196. dies on the controversial Igarapé Bahia Cu-Au de-
Cunha B.C.C., Santos D.B., Prado P. 1984. Contribui- posit, Carajás Province, Brazil. Miner. Dep., 43:161-
ção ao estudo da estratigrafia da região dos Gra- 184.
daús, com ênfase no Grupo Rio Fresco. In: SBG, Duncan R., Stein H., Evans K., Hitzman M., Nelson Ki-
Cong. Bras. Geol., 33, Anais, v. 2, p. 873-885. rwin D. 2011, A new geochronological framework
Dall’Agnol R. & Oliveira D.C. 2007. Oxidized, magneti- te- for mineralization and alteration in the Selwyn-Mount
series, rapakivi-type granites of Carajás, Brazil: Dore corridor, eastern fold belt, Mt. Isa Inlier, Aus-
Implications for classification and petrogenesis of A- tralia: Genetic implications for iron oxide-copper-
type granites. Lithos, 93:215–233. gold deposits: Econ. Geol., 106:169-192.
Dall’Agnol R., Oliveira M.A., Almeida J.A.C., Althoff F.J., Fabre S., Nédélec A., Poitrasson F., Strauss H., Thoma-
Leite A.A.S., Oliveira D.C., Barros C.E.M. 2006. Ar- zo C., Nogueira A. 2011. Iron and Sulphur isotopes
chean and paleoproterozoic granitoids of the Cara- from the Carajás mining province (Pará, Brazil): im-
jás Metallogenic Province, eastern Amazonian cra- plications for the oxidation of the ocean and the at-
ton. In: Symposium on magmatism, crustal evoluti- mosphere across the Archaean-Proterozoic transi-
on and metallogenesis of the Amazoniam Craton, tion. Chem. Geol., 289:124-139.
Belém, Excursion Guide, p.: 99-150. Faraco M.T.L., Carvalho J.M.A., Klein E.L. 1996. Carta
Dall’Agnol R., Rämö O.T., Magalhães M.S., Macambira metalogenética da Província de Carajás - SE do Es-
M.J.B. 1999. Petrology of the anorogenic, oxidised tado do Pará, Folha Araguaia (SB-22). Nota Expli-
Jamon and Musa granites, Amazonian craton: im- cativa. Belém, CPRM, 28p.
plications for the genesis of Proterozoic A-type gra- Feio GRL 2011. Magmatismo Granitóide arqueano da área
nites. Lithos, 46:431–462. de Canaã dos Carajás: Implicações para a evo- lução
Dall’Agnol R., Costi H.T., Leite A.A., Magalhães M.S., Tei- crustal da Província Carajás. Tese de Douto- rado,
xeira N.P. 1999a. Rapakivi granites from Brazil and UFPA, Brasil. 205p.
adjacent areas. Precamb. Res., 95:9-39. Feio GRL., Dall’Agnol R., Dantas E.L., Macambira M.J.B.,
Dall’Agnol R., Teixeira N.P., Rämö O.T., Moura C.A.V., Gomes A.S., Sardinha D.C., Oliveira D.c., Santos
Macambira M.J.B., Oliveira D.C. 2005. Petrogenesis R.D., Santos P.A. 2012. Geochemistry, geochrono-
of the Paleoproterozoic, rapakivi, A-type granites logy, and origin of the Neoarchean Planalto Granite
of the Archean Carajás Metallogenic Province, Bra- suite, Carajás, Amazonian craton: A-type or hydra-
zil. Lithos, 80:101-129. ted charnockitic granites? Lithos. Online. http://
Dall’Agnol R., Lafon J.M., Macambira M.J.B. 1994. Pro- dx.doi.org/10.1016/j.lithos.2012.02.020
terozoic anorogenic magmatism in the Central Ama- Fernandes C.M.D., Juliani C., Monteiro L.V.S., Lagler B.,
zonian Province, Amazonian Craton: geochronolo- Misas C.M.E. 2011. High-K calc-alkaline to A-type
gical, petrological and geochemical aspects, Miner. fissure-controlled volcano–plutonism of the São Fé-
Petrol., 50:113-138. lix do Xingu region, Amazonian Craton, Brazil: Ex-
Dalstra H. & Guedes S. 2004. Giant hydrothermal he- clusively crustal sources or mixed Nd model ages?
matite deposits with mg-fe metasomatism: a com- J. South Am. Earth Sci., 32:351–368.
parison of the Carajás, Hamersley, and other iron ore. Ferreira Filho C.F., Cançado F., Correa C., Macambira
Econ. Geol., 99:1793–1800 E.M.B., Junqueira-Brod T.C., Siepierski L. 2007. Mi-
Dardenne M.A., Ferreira Filho C.F., Meirelles M.R. 1988. neralizações estratiformes de PGE-Ni associadas a
The role of shoshonitic and calc-alkaline suites in complexos acamadados em Carajás: os exemplos
the tectonic evolution of the Carajás district, Brazil. de Luanga e Serra da Onça. In: L.T. Rosa-Costa, E.L.
J. South Am. Earth Sci., 1:363-372. Klein, E.P. Viglio (Ed.) Contribuições à geologia da
Dardenne M.A. & Schobbenhaus C.S. 2001. Metalogê- Amazônia. Belém: SBG-Núcleo Norte, v. 5, p. 1-14.
nese do Brasil. Ed.UnB/CNPq, Brasília, 392 p. Figueiredo e Silva R., Lobato L.M., Rosière C.A., Zuc-
Dias G.S., Macambira M.B., Dall’Ágnol R., Soares A.D.V. chetti M., Hagemann S., Baars F.J., Morais R., An-
Barros C.E.M. 1996. Datações de zircões de sill de drade I. 2008. Hydrothermal origin for the jaspilite-
metagabro: comprovação de idade arqueana da hosted, giant Serra Norte iron ore deposits in the
Formação Águas Claras, Carajás, Pará. In: SBG, Simp. Carajás mineral province, Para State, Brazil. Revi- ews
Geol. Amaz., 5, Belém, pp. 376-378. in Econ. Geol., 15:255–290.
Diella V., Ferrario A., Girardi V.A.V. 1995. PGE and PGM Figueiredo e Silva R.C. 2004. Caracterização petrográ-
in the Luanga mafic-ultramafic intrusion in Serra dos fica e geoquimica de jaspilitos e minérios de ferro
Carajás (Pará State, Brazil). Ore Geol. Rev., 9: 445- dos depósitos N1, N4W, N4E e N5E, Província Mine-
453. ral Carajás, Pará: Implicações para a mineraliza-
Docegeo 1988. Revisão litoestratigráfica da Província ção de ferro. Dissertação de Mestrado, UFMG.
Mineral de Carajás – Litoestratigrafia e principais Figueiredo e Silva R.C. 2009. Evolução e gênese do
depósitos minerais. In: Cong. Bras. Geol., 35, SBG, minério de ferro hidrotermal nos depósitos da Ser-
p. 11-54. ra Norte, Província Mineral Carajás. Tese de Douto-
Domingos F.H.G. 2010. The structural setting of the Ca- rado, UFMG.
naã dos Carajás Region and Sossego-Sequeirinho Figueiredo e Silva R.C., Lobato L.M., Rosiere, C.A., Ha-
deposits, Carajás – Brazil. PhD Thesis, University gemann S.G. 2011. Petrographic and gechemical
of Durham. studies at giant Serra Norte iron ore deposits in the
Domingos F.H.G. & Santos M.D. 2001. Petrografia e mi- Carajás mineral province, Pará State, Brazil. Geo-
86
Metalogêmese das Províncias Tectônicas Brasileiras: Província Carajás
87
Lena Virgínia S. Monteiro, Roberto P. Xavier, Carlos R. de Souza Filho & Carolina Penteado N. Moreto
88
Metalogêmese das Províncias Tectônicas Brasileiras: Província Carajás
mistry of low-temperature hydrothermal gold, pla- ditions associated with intermediate temperature PGE
tinum and palladium (± uranium) mineralization at mineralization at the New Rambler deposit, southe-
Coronation Hill, Northern Territory, Australia. Econ. astern Wyoming. Can Mineral., 28:629–638
Geol., 89:1053-1073. Oliveira M.A., Dall’Agnol R., Althoff F.J., Leite A.A.S. 2009.
Mineração Gradaús Ltda. 1987. Processo: DNPM850428/ Mesoarchean sanukitoid rocks of the Rio Maria Gra-
83. Inédito. nite-Greenstone Terrane, Amazonian craton, Bra-
Monteiro L.V.S., Xavier R.P., Carvalho E.R., Hitzman M.W., zil. J. South Am. Earth Sci., 27:146-160
Johnson C.A., Souza Filho C.R., Torresi I. 2008a. Oliveira M.A., Dall’Agnol R., Scaillet B. 2010. Petrologi-
Spatial and temporal zoning of hydrothermal alte- cal constraints on crystallization conditions of Me-
ration and mineralization in the Sossego iron oxi- soarchean Sanukitoid Rocks, southeastern Amazo-
de–copper–gold deposit, Carajás Mineral Province, nian craton, Brazil. J Petrol., 51:2121-2148.
Brazil: paragenesis and stable isotope constraints. Oliveira C.G. 1993. Interação entre os processos de
Miner. Depos., 43:129–159. deformação, metamorfismo e mineralização aurí-
Monteiro L.V.S., Xavier R.P., Hitzman M.W., Juliani C., fera durante a evolução da zona de cisalhamento
Souza Filho C.R., Carvalho E.R. 2008b. Mineral de Diadema, sul do Pará. Tese de Doutorado, UnB,
chemistry of ore and hydrothermal alteration at the pp. 187.
Sossego iron oxide–copper–gold deposit, Carajás Mi- Oliveira C.G., Santos R.V., Lafon J.M. 1994. Variação
neral Province, Brazil. Ore Geol. Rev., 34:317-336. da razão 87Sr/86Sr durante a evolução da zona de
Morais R.P.S. & Alkmim F.F. 2005. O controle litoestru- cisalhamento aurífera de Diadema, Sudeste do Pará.
tural da mineralização de cobre do Depósito Se- In: SBG, Cong. Bras. Geol., 38, Res. Exp., v. 2, pp.
queirinho, Canaã dos Carajás, PA. In: Simp. Bras. 415–416.
Metalogenia, 1, Gramado, [CD-ROM]. Oliveira C.G. & Leonardos O.H. 1990. Gold mineraliza-
Moreto C.P.N. 2010. O depósito de óxido de ferro-co- bre- tion in the Diadema shear belt, northern Brazil. Econ.
ouro Bacaba, Província Mineral de Carajás: Ge- Geol., 85:1034-1043.
ocronologia U-Pb das rochas hospedeiras. Disser- Oliveira C.G. & Santos R.V. 2003. Isotopic domains con-
tação de mestrado. UNICAMP. 85p. trolled by transtentional and transpressional sectors
Moreto C.P.N., Monteiro L.V.S., Xavier R.P., Amaral W.S., in the auriferous Diadema shear belt, northern Bra-
Santos T.J.S., Juliani C., Souza Filho C.R. 2011a. Me- zil. J. South Am. Earth Sci., 16:513-522.
soarchean (3.0 and 2.86 Ga) host rocks of the iron Palermo N., Lepine R.D., Winer N. 2001. Indícios de
oxide-Cu-Au Bacaba deposit, Carajás Mineral Pro- mineralização de Cu-Au e Zn no Supergrupo Inajá,
vince: U-Pb geochronology and metallogenetic im- sul do Pará. In: SBG, Simp. Geol. Amaz., 7, Belém,
plications. Miner. Dep., 46:789-811. Res. Exp. [CD-ROM].
Moreto C.P.N., Monteiro L.V.S., Xavier R.P., Kemp T.I.S., Palmer M.R. & Swihart G.H. 1996. Boron isotope geo-
Sato, K., Amaral, W.S. 2012. SHRIMP II and LA- chemistry: an overview. In: E.S. Grew & L.M. Ano-
ICPMS U-Pb zircon geochronology of the host rocks vitz (eds.) Boron Mineralogy, Petrology and Geo-
of the Sossego, Bacaba and Castanha IOCG depo- chemistry. Reviews in Mineralogy, 33:709-744.
sits, Carajás Mineral Province, Brazil. In: Inter. Geol. Pestilho A.L.S. 2011. Sistemática de isótopos estáveis
Congr., 34, [CD-ROM] aplicada à caracterização da evolução dos paleo-
Moreto C.P.N., Monteiro L.V.S., Xavier R.P., Kemp T.I.S., sistemas hidrotermais associados aos depósitos cu-
Souza Filho CR. 2011b. In situ LA-ICPMS U-Pb zir- príferos Alvo Bacaba e Alvo Castanha, Província Mi-
con dating of the host rocks of the Sossego and neral de Carajás, PA. Dissertação de Mestrado, UNI-
Bacaba iron oxide-copper-gold deposits, Carajás Mi- CAMP.
neral Province, Brazil. 11th Biennial SGA Meeting, Pidgeon R.T., Macambira M.J.B., Lafon J.M. 2000. Th–
Proceedings, Antofagasta, Chile. U–Pb isotopic systems and internal structures of com-
Moroni M., Girardi V.A.V., Ferrario A. 2001. The Serra plex zircons from an enderbite from the Pium Com-
Pelada Au–PGE deposit, Serra dos Carajás (Pará State, plex, Carajás Province, Brazil: evidence for the ages
Brazil): geological and geochemical indicati- ons for a of granulite facies metamorphism and the protolith
composite mineralising process. Min. De- pos., of the enderbite. Chem. Geol., 166:159–171.
36:768-785. Pimentel M.M., Lindenmayer Z.G., Laux J.H., Armstrong
Mougeot R., Respaut J.P., Briqueu L., Ledru P., Milesi J.P., R., Araújo J.C. 2003. Geochronology and Nd geo-
Macambira M.J.B., Huhn S.B. 1996. Geochronological chemistry of the Gameleira Cu-Au deposit, Serra dos
constrains for the age of the Águas Claras Formation Carajás, Brazil: 1.8–1.7 Ga hydrothermal alte- ration
(Carajás Province, Pará, Brazil). In: SBG, Cong. Bras. and mineralization. J. South Am. Earth Sci., 15:803-
Geol, 39, Salvador, Anais, v. 6, p. 579-581. 813.
Multiplic Mineração S.A. 1989. Processos: DNPM 850779/ Pimentel M.M., Machado N. 1994. Geocronologia U-Pb
80 e 850780/80. Inédito. dos terrenos granito-greenstone de Rio Maria, Pará.
Naldrett A.J. 2004. Magmatic sulfide deposits. Sprin- ger, In: SBG, Cong. Bras. Geol., Anais, v. 2, pp. 390-
Heidelberg, 728 pp. 391.
Neves M.P. 2006. Estudos isotópicos (Pb-Pb, Sm-Nd, C Pinheiro R.V.L. & Holdsworth R.E. 1997. Reactivation of
e O) do depósito Cu-Au do Sossego, Província Mine- Archaean strike-slip fault systems, Amazon region,
ral de Carajás. Dissertação de Mestrado, UFPA. Brazil. J. Geol. Soc. London, 154:99–103.
Nogueira A.C.R., Truckenbrodt W., Pinheiro R.V.L. 1995. Pinheiro R.V.L. & Nogueira A.C.R. 2003. Carajás: Bacia
Formação Águas Claras, Pré-Cambriano da Serra dos transtensiva invertida em fl or positiva ou segmen-
Carajás: redescrição e redefinição litoestrati- gráfica. to de bacia extensional localmente invertida por
Bol. Mus. Par. Em. Goeldi, 7:177-277. transpressão? In: SBG, Simp. Geol. Amaz., 8, Res.
Nunes A.R. 2002. Análise de dados geológicos, geofísi- Exp. [CD-ROM].
cos e de sensoriamento remoto para geração de Pirajno F., Mao J., Zhang Z., Chai F. 2008. The associa-
modelos prospectivos para a região de Serra Leste, tion of mafic-ultramafic intrusions and A-type mag-
Carajas (PA). Dissertação de Mestrado, UNICAMP. matism in the Tian Shan and Altay orogens, NW Chi-
Nyman M.W., Sheets R.W., Bodnar R.J. 1990. Fluid in- na: Implications for geodynamic evolution and po-
clusion evidence for the physical and chemical con- tential for the discovery of new ore deposits. J. Asi-
89
Lena Virgínia S. Monteiro, Roberto P. Xavier, Carlos R. de Souza Filho & Carolina Penteado N. Moreto
an Earth Sci., 32:165-183 in the Pedra Preta wolframite ore deposit, Paleo-
Pollard P.J. 2001. Sodic–(calcic) alteration in Fe-oxide– proterozoic Musa Granite, eastern Amazon craton,
Cu–Au districts: an origin via unmixing of magma- Brazil. J. South Am. Earth Sci., 15:787-802.
tic H2O-CO2-NaCl + CaCl2-KCl fluids. Miner. Depos., Rolando A.P. & Macambira M.J.B. 2003. Archean crust
36:93-100. formation in Inajá range area, SSE of Amazonian
Pollard P.J. 2006. An intrusion-related origin for Cu-Au Craton, Brazil, based on zircon ages and Nd isoto- pes.
mineralization in iron oxide-copper-gold (IOCG) pro- In: SSAGI, 4, Salvador, Exten. Abstracts, [CD- ROM]
vinces. Miner. Dep., 41:179-187. Rosa A.G.N. 2006. Rochas encaixantes, alteração hi-
Porto C.G., Imbernon R.A.L., Toledo M.C.M., Menezes drotermal e caracterização dos fluidos relacionados
R.O.G., Souza J.J., Borges C.E.P. 2010. Depósitos à formação do Corpo Sequeirinho do Depósito Cu-
de Cu-Au lateríticos do Brasil: casos de Chapada Au do Sossego, região de Carajás. Dissertação de
(GO), Igarapé Bahia e Salobo (Carajás, PA). In: Mestrado, UFPA.
R.S.C. Brito, M.G. Silva, R.M. Kuyumjian. (Org.). Rosiere C.A., Baars F.J., Seoane J.C.S., Lobato L.M., Silva
Modelos de depósitos de cobre do Brasil e sua res- L.L., Mendes G.E. 2006. Structure and iron mi-
posta ao intemperismo. Brasilia: CPRM, 2010, p. 191- neralization of the Carajás Province. T I Min Metall,
213. B115:126-133.
Reis F.N. & Villas R.N. 2002. Mineralização e alteração Rowell W.F. & Edgar A.D. 1986. Platinum-group element
hidrotermal no depósito cupro-aurífero de Serra mineralization in a hydrothermal Cu–Ni sulfide oc-
Verde, Província Mineral de Carajás. Rev. Bras. Geoc., currence, Rathbun Lake, northeastern Ontario. Econ
32:69-86. Geol., 81:1272–1277
Réquia K., Stein H., Fontboté L. Chiaradia M. 2003. Re- Santos A. & Pena Filho J.I.C. 2000. Xinguara: folha
Os and Pb-Pb geochronology of the Archean Salobo SB.22- Z-C. Estado do Pará, escala 1:250.000. Bra-
iron oxide copper–gold deposit, Carajás Mineral Pro- sília: CPRM, Programa Levantamentos Geológico Bá-
vince, northern Brazil. Miner. Dep., 38:727-738. sicos do Brasil (PLGB), [CD-ROM].
Réquia K.C.M. 1995. O papel do metamorfismo e fases Santos, B.A.C. 1981. Amazônia, potencial mineral e
fluidas na gênese da mineralização de cobre de Sa- perpectivas de desenvolvimento. USP, 256 p.
lobo, Província Mineral de Carajás, Pará. Disserta- ção Santos, J.O.S. 2003. Geotectônica do Escudo das Gui-
de Mestrado, UNICAMP. ana e Brasil-Central. In: Bizzi, L.A. (Ed.). Geologia,
Ribeiro A.A. 2008. Litogeoquímica e geologia isotópica tectônica e recursos minerais do Brasil: texto, ma-
estável (C, S, O) do Depósito Cupro-aurífero do Alvo pas e SIG. Brasília: CPRM, p. 169-226.
Cristalino Sul, Província Mineral de Carajás, Pará. Santos J.O.S., Hartmann L.A., Gaudette H.E., Groves
Dissertação de Mestrado, UFOP, 127p. D.I., McNaughton N.J., Fletcher I.R. 2000. New un-
Ribeiro V.E. 2004. O Complexo Máfico-Ultramáfico Lu- derstanding of the Amazon Craton provinces, ba-
anga (Provínica Mineral de Carajás, Pará): caracte- sed on field work and radiogenic isotope data. Gon-
rísticas magmáticas, metamórficas, hidrotermais e dwana Res., 3:453-488.
mineralizações de Pt-Pd. Dissertação de Mestrado, Santos J.O.S., Lobato L.M., Figueiredo e Silva R.C., Zuc-
UFOP. chetti M., Fletcher I.R., McNaughton N.J., Hagemann
Ribeiro V.E., Suita M.T.F., Hartmann L. A. 2005. Meta- S.G. 2010. Two Statherian hydrothermal events in
morfismo e Metassomatismo Alcalino no Complexo the Carajás Province: Evidence from Pb-Pb SHRIMP
Máfico-ultramáfico Luanga (Provínica MIneral de and Pb-Th SHRIMP datings of hydrothermal anatase
Carajás, Pará). In: SBGq, Cong. Bras. Geoq., 10, and monazite. In: SSAGI, 7, Brasília [CD-ROM]
REcife, Anais [CD-ROM] Santos M.D., Leonardos O.H., Foster R.P., Fallick A.E.
Ricci P.S.F., Carvalho M.A. 2006. Rocks of the Pium- Area, 1988. The lode-porphyry model as deduced from the
Carajás Block, Brazil – A Deep seated High-T Gabbroic Cumaru mesothermal granitoid-hosted gold de- posit,
Pluton (Charnockitoid-Like) with Xenoli- ths of Southern Para, Brazil. Rev. Bras. Geoc., 28:327-338.
Enderbitic Gneisses Dated at 3002 Ma – The Basement Santos M.D., Leonardos O.H., Foster R.P., Fallick A.E.
Problem Revisited. In: SBG, Simp. Geol. Amaz., 8, 1998. The lode-porphyry model as deduce from the
[CD-ROM] Cumaru, mesothermal granitoid-hosted gold depo- sit,
Rigon J.C., Munaro P., Santos L.A., Nascimento J.A.S., southern Pará, Brazil. Rev. Bras. Geoc., 28:327- 338.
Barreira C.F., 2000. Alvo 118 copper-gold deposit: Santos P.F. 2006. Abordagem estratigráfica dos regoi-
geology and mineralization, Serra dos Carajás, Pará, tos da mina de Igarapé Bahia, Carajás. Dissertação
Brazil. In: Inter. Geol. Congr, 31, Rio de Ja- neiro, de Mestrado, UFRJ, 115p.
SBG-IUGS, [CD-ROM]. Sardinha A.S., Barros C.E.M., Krymsky M. 2006. Geo-
Rios F..J., Villas R.N., Fuzikawa K., Sial A.N., Mariano G. logy, geochemistry and U–Pb geochronology of the
1998. Isótopos de oxigênio e temperatura de for- Archean (2.74Ga) Serra do Rabo granite stocks,
mação dos veios mineralizados com wolframita da Carajás Metalogenetic Province, northern Brazil. J.
jazida Pedra Preta, sul do Pará. Rev. Bras. Geoc., South Am. Earth Sci., 20:327–339.
28:253-256. Schwarz M.R. 2010. Depósito de Cobre e Zinco de Po-
Rios F.J. 1995. A jazida de wolframita de Pedra Preta, juca Corpo Quatro, mineralização do tipo VMS na
granito Musa (PA): estudo dos fluidos mineralizan- Província Mineral de Carajás. Dissertação de Mes-
tes e isótopos estáveis de oxigênio em veios hidro- trado, UFRGS, p.
termais. Tese de doutorado, UFPA, Belém, 214p. Siepierski L. 2008. Geologia e petrologia do Prospecto GT-
Rios F.J., Villas R.N., Dall‘Agnol R. 1995a. O granito Serra 34: evidência de metassomatismo de alta tem-
dos Carajas: I. Facies petrograficas e evolução pe- peratura e baixa fO2, Província Mineral Carajás, Bra-
trologica do setor norte. Rev. Bras. Geoc., 25:146- sil. Dissertação de Mestrado, UnB.
150. Silva M.A.D. 2011. O Domínio de Transição da Provín-
Rios F.J., Villas R.N., Fuzikawa K. 1995b. O granito Ser- cia Mineral de Carajás: Contexto geológico e lito-
ra dos Carajas: II. Caraterizacao dos fluidos aquo- química das unidades hospedeiras de mineraliza-
sos e alteracao hidrotermal. Rev. Bras. Geoc., 25:32-
40.
Rios F.J., Villas R.N., Fuzikawa K. 2003. Fluid Evolution
90
Metalogêmese das Províncias Tectônicas Brasileiras: Província Carajás
91
Lena Virgínia S. Monteiro, Roberto P. Xavier, Carlos R. de Souza Filho & Carolina Penteado N. Moreto
Valarelli J.V., Bernardelli A., Besiegel V.R. 1978. Aspec- Winter C.J. 1994. Geology and Base Metal Mineralizati-
tosgenéticos do minério de manganês do Azul. In: on associated with Archean Iron Formation in the
SBG, Congr. Bras. Geol, 30. Recife, Anais, v. 4, p. Pojuca Corpo Quatro Deposit, Carajás, Brazil. Tese
1670-1679. de Doutorado, University of Southampton.
Vasconcelos P.M., Renne P.R., Brimhall G.H, Becker T.A., Wirth K.R., Gibbs A.K., Olszewski W.J.Jr. 1986. U-Pb ages
1994. Direct dating of weathering phenomena by of zircons from the Grão Pará Group and Serra dos
40
Ar/39Ar and K-Ar analysis of supergene K-Mn oxi- Carajás granite, Pará, Brasil. Rev. Bras. Geoci., 16:
des. Geoch. Cosmoch. Acta, 58:1635–1665. 195-200.
Vasquez L.V., Rosa-Costa L.R., Silva C.G., Ricci P.F., Bar- Xavier R.P., Monteiro L.V.S., Souza Filho C.R., Torresi
bosa J.O., Klein E.L., Lopes E.S., Macambira E.B., I., Carvalho E.R., Dreher A.M., Wiedenbeck M., Trum-
Chaves C.L., Carvalho J.M., Oliveira J.G., Anjos G.C., bull R.B., Pestilho A.L.S., Moreto C.P.N. 2010. The
Silva H.R. 2008a. Geologia e Recursos Minerais do iron oxide copper-gold deposits of the Carajás Mi-
Estado do Pará: Sistema de Informações Geográfi- cas neral Province, Brazil: an updated and critical revi-
– SIG: Texto Explicativo dos Mapas Geológico e ew. In: T.M. Porter (ed) Hydrothermal Iron Oxide
Tectônico e de Recursos Minerais do Estado do Pará. Copper-Gold & Related Deposits: A Global Perspec-
Organizadores: M.L Vasquez, L.T. Rosa-Costa. Es- cala tive. Australian Miner. Fund, Adelaide, Vol 3, pp. 285-
1:1.000.000. Belém: CPRM. 306.
Vasquez M.L., Sousa C.S., Carvalho J.M.A. (Orgs) 2008. Xavier R..P., Wiedenbeck M., Trumbull R.B., Dreher A.M.,
Mapa Geológico e de Recursos Minerais do Estado Monteiro L.V.S., Rhede D., Araújo C.E.G., Torresi I.
do Pará, escala 1:1.000.000. Programa Geologia do 2008. Tourmaline B-isotopes fingerprint marine eva-
Brasil (PGB), Integração, Atualização e Difusão de porites as the source of high-salinity ore fluids in iron
Dados da Geologia do Brasil, Mapas Geológicos Es- oxide-copper-gold deposits, Carajás Mineral Province
taduais. Belém: CPRM. (Brazil). Geology, 36:743-746.
Vieira E.A.P., Saueressig R., Siqueira J.B., Silva E.R.P., Xavier R.P., Araújo C.E.G. de, Dreher A.M., Nunes A.R.,
Rego J.L., Castro F.D.C., 1988. Caracterização geo- Rego J.L. 2005. Fluid evolution in the Paleoprotero-
lógica da jazida polimetálica do Salobo 3a, In: SBG, zoic intrusion-related Breves Cu-Au -(Mo-W-Bi-Sn)
Cong. Bras. Geol., 35, Belém, p. 165. deposit, Carajás Mineral Province, northern Brazil. In:
Villas R.N., Lima L.F.O., Neves M.P., Sousa F.D.S., La- SBG-Núcleo Norte. (Org.). Contribuição à Geo- logia
marão C.N., Fanton J., Morais R. 2005. Relações da Amazônia, v. 4, p. 129-137.
entre deformação, alteração hidrotermal e minera- Xavier R.P., Rusk B., Emsbo P., Monteiro L.V.S. 2009.
lização no depósito Cu-Au do Sossego, Província Composition and source of salinity of ore-bearing
Mineral de Carajás. In: Simp. Bras. Metalogenia, fluids in Cu-Au systems of the Carajás Mineral Pro-
1,[CD-ROM] vince, Brazil. In: SGA Biennial Meeting, 10, pp. 272-
Villas R.N. & Santos M.D. 2001. Gold deposits of the 274.
Carajás Mineral Province: deposit types and me- Yang X.Z., Ishihara S., Zhao,D.-H. 2006. Genesis of the
tallogenesis. Miner. Dep., 36:300-331. Jinchuan PGE deposit, China: evidence from fluid
Villas R.N. & Silva C.M.G. 1998. The Águas Claras Cu- inclusions, mineralogy and geochemistry of precious
sulfide + Au deposit, Carajás region, Pará, Brazil: elements. Miner. Petrol., 86:109–128.
geological setting, wall-rock alteration and minera- Zang W. & Fyfe W.S. 1995. Chloritization of the hydro-
lizing fluids. Rev. Bras. Geoc., 28:315-326. thermally altered bedrock at the Igarapé Bahia gold
Williams P.J., Barton M.D., Johnson D.A, Fontboté L., de deposit, Carajás, Brazil. Miner. Dep., 30:30-38.
Haller A., Mark G., Oliver N.H.S., Marschik R. 2005. Zucchetti M. 2007. Rochas máficas do Grupo Grão Pará
Iron oxide-copper-gold deposits: Geology, space- time e sua relação com a mineralização de ferro dos de-
distribution, and possible modes of origin. In: pósitos N4 E N5, Carajás, PA. Tese de Doutorado,
J.W. Hedenquist, J.F.H. Thompson, R.J. Goldfarb, J.P. UFMG, 165p.
Richards (eds.) 100th Anniv. Vol. Econ. Geol., SEG,
pp. 371-405.
92