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Nariangela RIOS de Ollvelra
Maria Maura Cezario
Angélica Furtado da Cunha
Sebast|ao Votre
Marcos Antonio Costa
Victoria Wilson
Eduardo Kenedy
Mzircio Martins Leitio
Roza Palomanes
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Sociolinguisfico
Marin Marara (frzario
Sebamrio Vom
A sociolinguistica é uma area que estuda a lingua em seu uso real, levando em
consideragio as relagoes entre a estrutura linguistica e os aspectos sociais e culturais da
producio linguistica. Para essa corrente, a lingua é uma instituicio social e, portzmto, niio
pode ser estudada como uma estrutura autonoma, independente do contexto situacional,
da cultura c da histéria das pessoas que a utilizam como meio de comunicagao.
A sociolinguistica parte do principio de que a variagio e a mudanca sio inercntes
3' _ . nguas e que, por isso, devem sempre ser levadas cm conta na anélise linguistica. O
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Sociolinguisfico l 43
\,-'5rifieor1—se. também, que a Fal ta de concordancia podia ocorrer tanto na fala de pessoas
analfabetas como na Fala de alunos universitarios, por exemplo. Mas a frequéncia dc
U50 era muito diferente e continua a ser muito diferente. As pessoas analfabetas rérn
wndéncia a marcar o nrimero plural apenas no prirneiro elemento do sujei to, deixando 0
subsrantivo e, sobretudo, 0 verbo sem marcas. ]a as pessoas mais instruidas tém tendéncia
aha dc expressar 0 plural no nucleo dos sujeitos, nos determinantes e no vcrbo (que,
assim, concorda com 0 sujeito em numero e pessoa). Mas isso nao significa que a forma
Padrao nao ocorra na fala nio culta; também nao significa que a Forma nao padrio nao
aparega na elasse dos universitarios. Entretanto, as probabilidades de ocorréncia num
e noutro grupo sfio distintas e relevantes. Cabe ao sociolinguista descobrir os contextos
que Favorecem a variacio: a) na fala de um mesmo grupo de falantes; b) entre grupos
distintos dc falantes divididos segundo variaveis convencionais, a exemplo de sexo, idade,
escolaridade, procedéncia, etnia, nivel socioeconomico. A partir da frcquéncia dc uso
das variantes, cabe a ele estimar as tendéncias associadas a cada frequéncia e verificar sc
se trata dc variaciio instavel ou estavel. No primeiro caso, poderia ainda indagar se algum
tipo dc mudanca linguistica esta ocorrendo ou se esta prestes a ocorrer.
Como vimos pelos dois exemplos citados, 0 conjunto das variantes denomina-
se “grupo de fatores” ou “variavel linguistica”. Cabe ao linguista estabelecer através
da anélise quais sio as variaveis linguisticas relevantes para a descrigao e interpretagao
do fenomeno que esta estudando. Por exemplo, a sibilante e a auséncia da mesma
em “meninas” e “rnenina” siio variantes de mimero. Podemos dizer que a variavel <s>,
cuja representacio é feita com parénteses angulares, tem as variantes sibilante e zero.
Uma variavel pode ser binaria, como a dc mimero singular e plural, com duas
variantes, ou enearia, com trés ou mais variantes. Vamos ilustrar avariavel enearia com a
vibrante final. O “r” final, que ocorre em palavras como “cantar” , “for” , “der” , “qualquer” ,
“melhor”, “mulhcr”, rem diversas variantes fonéticas no Brasil: a) a promincia vibrante
alveolar do Sui do Brasil; b) a promincia retrofiexa (corn a ponta da lingua wioltada para
Iris) do interior de estados como S50 Paulo; c) a promincia velar do Rio de Janeiro, por
exemplo; d) a Fricativa glotal e e) zero, ou seja, a auséncia dc som. Podemos dizer que
essas sao as principais variantes da variavel vibrante /r/ na realidade. Para simplificar
H anilise, vamos reduzir a variavel vibrante a duas variantes: presenca ou auséncia de
Consoante vibrante final. E vamos chama-la de varidveldependente. Examinemos agora
fllgumas das variaveis linguisticas associadas a presenca ou a auséncia de vibracéo.
Vamos chama-las de wzria'veis independentes. As variaveis linguisticas podem ser (1) a
Classe sintatica da forma em —r: verbo, nome, adjetivo, outros; (2) no caso dc verbo,
a classe modo-temporal: infinitivo, subjuntivo; (3) ainda no caso de verbo, a vogal
Ifirnatica indicadora de conjugagio: -a, -e, -i, -0; (4) a variavel extensiio, com as variantes:
monossflabo, dissilabo, trissilabo e polissilabo. As variaveis extralinguisticas envolvem:
f‘) g@"¢f0, corn as variantes masculino e feminino; b) idade, com as variantes: crianga,
Jovem) adulto, velho ou uma escala de idade.
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144 Manon! tie linguislitfo
Em varias Iinguas em que o sujeito pode ser explicito ou oculto, ¢l¢ tend‘
a ocorrer no inicio do enunciado e na mudanea de referentc (por exemplfh 5‘? °
informante esta falando de Pedro e passa a falar dc si proprio), e o sujeito ocL1lt0I¢ndc a
°°°"er “Q Cadfiia de f6Pi<I0, Ou Séja, quando ha varias oracoes se referindo a uma mfisma I I,
P¢850&, tornando o discurso mais coeso e economico (ver o capitulo “Funcionalismo )-
D¢553 fofmfl, o aparente caos da variagio é desfeito, e o linguista dBIT1°n5m
- que existe
a sisrematizacao . _
no uso das variantes . -
de uma lingua. A (llV€l'5ld3dc 5 3
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Sociolinguistics 145
O odvenlo do correnle
sociolinguislico voriocionislo
O estruturalismo e o gerativismo nio incluiram nas suas analises a variagio
porque esta estava fora do fimbito do objeto da linguistica, o qual deveria ser abstraldo
do “caos” da realidade do uso linguistico.
Como fruto da insatisfagao diante dos modelos existentes que afastavam o objeto
da linguistica da realizacio da lingua e de suas diversas manifestagoes, varios linguistas
procuraram outros caminhos. Um desses caminhos culminou com o surgimento <11
sociolinguistica.
O termo “sociolinguistica” surge pela primeira vez na década de 1950, mas Se
desenvolve como corrente nos Estados Unidos na década de 1960, especialmente com
os trabalhos de Labov, bem como os de Gumperz e Dell Hymes e a conferéncia Th!
Dzmenszans ofSocz'olinguz'stz'cs, de W/illiam Bright, publicada em 1966 sob 0 tltulo dc
Soczolmguzstzcs. Na conferéncia, o autor afirma que o escopo da sociolingulsticfl 55¢
na demonstracao de que existe uma sistematica covariacao entre a estrutura lingulsda
e a estrutura social.
Den Hymes (1977), Como antropologo, concebe a sociolinguistica como um
CamP° q"@ indui C011"ibUi§5o de varias disciplinas, como a sociologifli 3 linguist”,
.
=1 antropologia, a educa9 ao , H poética, , dc
o Folclore e a psicologia. Enfatiza qufl» 3P°§aI_
3951053? tilmils iffias, a sociolinguistica é uma disciplina autonomfl, P015 53“ obleflvo
final é diferente dos ob'etiv d . - (31
l O8 e cada uma das disciplinas citadas. Interessa~lhe idenflfi ’
de5¢T@v¢T ¢if1I€rpretar as variaveis que interferem na variacfio e mudaI1§3 linguisdw
Labov (tal qual Saussure) vé a lin ui ' '“ - - de$$3
' d SOCIZIL
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forma, a sociolmguistica e uival g, . stlca como uma ciencla,- 0\ ' I
_ d6
IS
\ - C
mm _ q 6 =1 llnguisuca com énfase na atencao 11$ Van“
F6121 extralingulstica.
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Sociolinguislico 147
Os precursores do sociolinguislico
Conforme podemos imaginar, a variacao linguistica nao era ignorada pelos
amigos estudiosos da lfngua nem pela linguistica como ciéncia antes da década de
1960. Muitos linguistas procuraram demonstrar a relacio entre lingua, cultura e
sociedade c podem ser considerados os precursores da corrente sociolinguistica. Aqui
apenas Faremos mencfio a movimentos em favor da inclusao dc variaveis sociais nos
Estados Unidos e na Franca.
Na década dc 1930, os dialetologos que trabalhavam no Linguistic Atlas of
the United States and Canada passaram a incorporar informagoes sociais, além das
geograficas, para o levantamento dos dialetos, dividindo os informantes em trés grupos
dc acordo com 0 nivel de escolaridade.
Meillet (1926), procurando uma explicagao para as mudaneas linguisticas na
Franga, afirmou que toda modificacao na estrutura social acarreta uma mudanca nas
condigoes nas quais a linguagem se desenvolve e que, portanto, a histéria das linguas
é inseparavel da historia da cultura e da sociedade.
Os sociolinguistas contemporaneos vém consolidando as bases teoricas e
metodologicas do estudo da lfngua em situacio real de comunicacio e demonstrando
a existéncia da natureza socioestrutural da linguagem. As pessoas provenientes dc
diferentes classes sociais falam dialetos bastante diferentes (com divergéncias em todos
OS niveis, incluindo o gramatical).
Sociedocle e linguagem
O individuo, inserido numa comunidade de fala, partilha com os membros dessa
Comunidade uma série dc experiéncias e atividades. Dai resultam varias semelhancas
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I,-16 |ingiJi3li/if]
Nl(](lUO
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Sociolinguistics l 49
, . , r 35 so P odcm ser P roferidas p elo s homens e outras, apenas pelas mulheres, P0;
Pal.“
ex¢fl1P|°' cm Zulu’ uma “"5113 Mada Ila Africa, a mulher é proibida de dizer 0 nome do
Sogm, 0 nome dos lrm-105 deste e o nome do genro, quer estejam vivos ou mortos, e também
H510 pode Falar uma palavra semelhante ou derivada: uma mulher cujo genro chame-se
Z/inriiizi C0111 0 F355531 mdnzi (igua), POI exemplo, devera evitar todos os vocabulos em
que se apresenta a palavra mdnzi e os complexos fonicos semelhantes.‘
Nas Sociedades em que as Funcoes sociais entre homens e mulheres se aproximam,
a diferenca de linguagem de um e outro é menos nitida, mas existe. Por exemplo, em
nossa lingua, 0 marido pode dizer “Esta é minha mulher”, ja a mulher deve evitar a
frase “E816 <5 0 H1611 lwmflm”, que, em determinados contextos, soa vulgar.
Pesquisas mostram que as mulheres tendem a usar as formas padrao de uma lingua
com maior frequéncia do que os homens. Ha muitas tentativas de explicacao para a
diferenca, nenhuma totalmente convincente ou suficiente. Segundo alguns estudiosos,
isso se da porque, dentre outros fatores, da mulher é cobrado um comportamento
mais rigido, em conformidade com as normas, em todos os sentidos, inclusive no que
se refere ao comportamento linguistico. Devido a essa cobranga social, a mulher teria
uma preocupacio maior em reproduzir as formas linguisticas consideradas de prestigio
dentro de uma comunidade linguistica. Nos estudos efetuados sobre o portugués do
Brasil, quando uma variante é estigmatizada e outra é prestigiada, verifica-se a tendéncia
de as mulheres empregarem avariante de prestigio. Quando Luna forma nova deixa de ser
estigmatizada, as mulheres utilizam—na geralmente com maior frequéncia que os homens.
Aspecios ieérico-meiodologicos
do sociolinguisiico
A pesquisa sociolinguistica tem como ponto de partida o objeto de estudo para
dai construir 0 modelo teorico. O objeto de estudo normalmente se localiza no uso
do vernziculo, ou seja, da lingua falada em situagocs naturais, espontaneas, em que
supostamente o falante se preocupa mais com 0 que dizer do que com o como dizer.
Trabalha-se com 0 falante-ouvinte real, em situagoes reais de linguagem. Busca-
se, atravég do estudo das manifestagoes linguisticas concretas, dcscrever e explicar o
fenomeno da linguagem.
A analise dos fenomenos de mudanca linguistica (mais do que dc variacao)
procura levar em conta cinco grandes dimensoes estabelecidas por Weinreich, Labov
6 Herzog, em seu estudo classico de 1968:
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]5[) _
Miiiiiifl ide |il1QlJiSii(fO
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Sociolinguisiico 151
U Pt.N,‘gi,i entre classes. sexos e geragoes. Mas, para ocorrer a mudanca, é necessario
Um Pg,-iodo de variacao entre formas.
A variacao estavel consiste em diferencas linguisticas que caracterizam cada
gmpo social, cada cidade, regiao, cada canal (oral ou escrito). A variaefio esta presente
gm [0d;1S as linguas num dado momento. Assim, por exemplo, podemos citar a variacio
L.nm= [1]] (consoante velar) e [n] (consoante alveolar) para a terminacao -igg dos verbos
do inglés (speaking/“Falando”, walking/“andando”, watt/ring/“assistindo”), que é um
caso de variagio que permanece estavel na lingua inglesa ha séculos. Essa variacao é
determinada pelo grau de escolaridade e pela classe social: falantes com grau alto de
escolaridade usam a forma padrio [1]] e Falantes com grau bajxo de escolaridade e da
classe baixa tendem a usar a Forma nao padrfio [n].
Outro exemplo é o caso da alternancia [l] vs. [r] dos grupos consonantais do
portugués: “c[l]aro” ~ “c[i‘]aro”, “bicic[l]eta” »- “bicic[i‘]eta”. Pesquisas demonstram
que esse é um caso de variagio estavel que caracteriza duas comunidades de Fala: a forma
nao padréio [r] é usada pelos falantes das classes menos favorecidas e com baixo grau de
escolaridade. A outra forma, canonica, é usada pelo grupo mais escolarizado.
A medida que as criancas entram na escola e o seu nivel de escolaridade sobe,
aumenta a ocorréncia da forma padrfio [1] na sua fala.5 A mudanca ocorre quando,
apos um periodo de variacio de duas ou mais formas, a forma mais nova e de menor
prestigio se espalha e substitui a forma antes mais usada. Podemos dar como exemplo
a proniincia /l/ pos-vocalico do portugués do Brasil, que passou a ser pronunciado
como uma semivogal ( sa[w], pape[w]) em todo 0 territorio brasileiro, exceto na regiao
Sul (que mantém a consoante).
A0 analisar o momento atual de uma lingua, é diffcil dizer se um determinado
fenomeno linguistico é um caso de variacao cstzivel ou de mudanca em curso. Os
sociolinguistas rem uma metodologia para dizer se uma forma esta ou nao vencendo
outra forma mais antiga. E possfvel analisar 0 tempo real ou 0 tempo aparente. O tempo
real e’ observado através da pesquisa de duas ou mais épocas, sendo ideal o estudo de
dois momentos que se distanciam no rninimo em 12 anos e no maximo em 50 anos.
O linguista pode gravar informantes e revisita-los anos mais tarde para ver como é o
Cflmporramento de determinadas variaveis, como concordancia nominal, concordancia
verbal, uso de pronomes, prontincia do /r/ final, etc. Pode também comparar gravacoes
dff entrevistas atuais com entrevistas dadas em radio ha varias décadas. Pode comparar
dados de textos amigos, observar atlas linguisticos, estudar as descrigoes Feiras por
outros linguistas ou gramaticos. Ele tera, assim, diversos meios dc verificar se duas
fofmas estao em variacao ou se sao um caso de mudanga.
Muito comum rambém é a técnica de estudo do tempo aparente: 0 linguista grava
Hfllostras de informantes de diferentes faixas etarias para observar se uma dada forma ocorre
mm "H fala de criancas e jovens do que ria de adultos e idosos. Um uso muito elevado de
Ocorféncia da forma nova na Fala de jovens pode indicar mudanca em curso.
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152 Mommi C19 |ingriisiicci
Qurros latores devem ser sonilados a iaixa etaria f-para dar mais Cantu ao
- , . J c mini 0 - .
pesquisador. A escol;ir|d.idc. POI “xfimp 0’ U P rtflm? amt‘ quflfldo falanrgs mais
_ _ . ma ue anteriormente nao tinha resti ' ' - -
cultos esrao usando uma For _ q P 310, lS$0 mgmfica
- ' ' da e assou a ser normal dentr -
que ela deixou de ser esngma"Z<1 P 0 da C9mUI'llCl3dc dc
fala de pessoas escolarizadas, o que pode significar mudanca, ou seja, substimigio
de uma forma mais antiga pela forma nova.
Vemos que a sociolinguistica nao trabalha com a ideia de se separar a sincronia da
diacronia, como era normal na metodologia estruturalista. Ao analisar um determinado
momento, é possivel verificar aspectos relativos a mudanca da llngua quando’ pol,
exemplo, se compara a Fala dc jovens e adultos de mais de 40 anos. O linguista gm
também estudando a sincronia porque jovens e adultos realizarn a lfngua num dadq
recorte do tempo. Portanto, a sociolinguistica tanto descreve 0 que ocorre nas diferentes
comunidades de fala, tendo em vista diferentes fatores linguisticos e extralingulsticos,
como da explicagoes relativas as tendéncias de mudancas.
Essa corrente trabalha com dados estatisticos, mas os niimeros sao apenas 0
ponto de partida para o linguista Fazer as suas analises. 56 ele pode chegar a conclusoes
sobre os fatores que motivam ou desfavorecem uma variante. Ele seleciona os fatores
importantes a partir de sua experiéncia, de seu conhecimento sobre a teoria e sobre
0 fenomeno em questao e de sua intuicao. Depois, de acordo com os resiiltados
preliminares de sua pesquisa, fara os cruzamentos de fatores, como, por exemplo, (a)
a Forma “a genre” e o grau de formalidade do verbo, e (b) a forma “a genre”, o grau dc
formalidade do verbo e 0 fator idade. Os dados estatisticos servem para comprovar,
refutar e reconstruir hipoteses a partir do olhar treinado do linguista.
Para aprimorar as amilises com um numero grande de dados e de Fatores, houvc
um grande desenvolvimento de programas computacionais para essa area.
Exponsoo do sociolinguisiico
Além de contribuir para a descricio e explicacio de Fenomenos lingulstiC0&
a sociolinguistica também fornece subsidios para a area do ensino de llnguas O5
sociolinguistas postulam que os dialetos das classes desfavorecidas niio sao inferioi'€$»
insuficientes ou corrompidos. Afirmam que esses dialetos sao estruturados com bis‘
em regras gramaticais, muitas das quais diferentes das regras do dialeto padrao. D5593
f0_rm=1, asociolinguistica cria nos (futuros) professores uma visa-'io menos preconceiflwsa
e incentiva-os a valorizar todos os dialetos e a mostrar a crianga que o dialeto ¢\1k°é
Consldemdo melhor 5°Cia1m@f1I¢, mas que estrutural e Funcionalmente nfio é "cm
mc lh or me") Plot
' que 0 dialeto
- .
da comunidade do aluno.
A sociolinguistica, com suas pcgquisas baseadas na produgao real dos individuofii
da-nos informacoes detalhadas acerca da variante roduzida pelas pessoas mais
. _ p
escolarizadas, sobre as variantes que deixaram de ser estigmatizadas e das mudami”
9
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Sociofinguisficci 153
jg implementadas na fala, mas que ainda nao sao aceitas nas gramaticas normativas
(:0lTl isso. a area da educacio se enriquece com as informacoes que podem Sc; usada;
também no ensino ' d a l ingua culta, que passa a ser baseada em dados reais.
No que se refere ao ensino de linguas estrangeiras, as pesquisas acerca da variacio
podem contribuir para fornecer material para que as aulas sejam baseadas na forma
como realmente ()5 nativos falam, na preparacao de material com diversos tipos de
[egiS[I'OS com as suas variagoes linguisticas tipicas, na escollia do dialeto a ser ensinado,
dentre outros elementos.
Os pressupostos teorico-metodologicos da sociolinguistica sao trabalhados em
diversos centros de pesquisa no mundo. No Brasil, as pesquisas nessa linha comeearam
a ser desenvolvidas na década de 1970, através da atuacio de alguns grupos de
pesquisadores, a saber: o grupo do projeto Mobral Central, o grupo do projeto da
Norma Urbana Oral Culta do Rio de Ianeiro (Nurc) e o do projeto Censo davariagio
Linguistica no Estado do Rio de Ianeiro (Censo), tendo como coordenadores os
professores Miriarn Lemle, Celso Curiha e Anthony Naro, respectivamente. A partir
daquela década, muitos trabalhos forarn realizados nessa linha.
Hoje, em vzirias universidades brasileiras, ha grupos que seguem os pressupostos
téorico-metodologicos da socioliriguistica, como 0 Programa de Estudos sobre o Uso
da Lingua (Peul), continuidade do Projeto Censo, o proprio Nurc - na Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); 0 projeto de Variagio Linguistica da Regiiio Sul do
Brasil (Varsul) — na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e na Univers-idade
Federal do Rio Grande do Sui (UFRS). Diversas teses foram defendidas com o objetivo de
descrever as formas variantes do porttigui’-"‘:s do Brasil e de explioar oslfatores lingtusticos
e extralinguisticos que favorecem/desfavorecem as variantes lingtust1<ifl$-
Muitos projetos buscam riovas alternativas Pam ?XPhCaI 3 Vmago e 3 m}‘dm‘-ia’
Exercicios
_ - ' ' 'stica.
1) Caracrerize a area de estudos denominada de sociolingul
_ _ , . - - ' gum - ? Cite - exern los no nivel' fonetico
’ ' -fonolo gico.
2) Quais sao os trés tipos basicos de varia§a° 1'“ ‘ca P
_ _ - - d 1' r 0 uso das variantes do
3) Cite algumas variaveis lingulsticas e extralinguisticgs atria |:;a;:)1 “P ‘C3
fonema /1"’ em Pomlgués Cm Poskiéo P65-vocahca ( n . , rte ling"?! e sociedade
’ 3. en '
4) Cite um exemplo em que fique claro que hi uma rcmiao mmnscc _
. , _ , _ ue recursos metodologicos ' 0 linguista pode
5) Diferencie varxattia esta:/e1 de mudanea em curso Q
_ , . - - ' ' 0 de mudan a em curso.F
uiilizar para afirmar se um fenomeno lingul$Il¢° 3 ‘:35 ‘i
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