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Ministério da Educação

Tecnologia e Inovação
Eduardo Diniz Amaral

Curso Técnico em Transações Imobiliárias


EDUARDO DINIZ AMARAL

TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

1ª edição

Montes Claros
Instituto Federal do Norte de Minas Gerais
2015

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TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

Eduardo Diniz Amaral

Montes Claros-MG
2015

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Presidência da República Federativa do Brasil
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica

Instituto Federal do Norte de Minas Gerais

Reitor Revisão Editorial Equipe Técnica


Prof. José Ricardo Martins da Silva Antônio Carlos Soares Martins Alexandre Henrique Alves Silva
Ramony Maria Silva Reis Oliveira Cássia Adriana Matos Santos
Pró-Reitora de Ensino Rogeane Patrícia Camelo Gonzaga Dilson Mesquita Maia
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Edmilson Tadeu Cassani
Maircon Rasley Gonçalves Araújo
Maykon Thiago Ramos Silva Coordenação de Produção de Material
Pró-Reitor de Extensão
Karina Carvalho de Almeida
Paulo César Pinheiro de Azevedo
Coordenação Pedagógica
Ramony Maria Silva Reis Oliveira Coordenação Gráfica e Visual
Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e
Leonardo Paiva de Almeida Pacheco
Inovação
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Coordenadora de Ensino Flávia Santos Aquino
Ramony Maria da Silva Reis Oliveira
Revisão Linguística
Coordenador de Administração e Liliane Pereira Barbosa
Planejamento Ana Márcia Ruas de Aquino
Alessandro Fonseca Câmara Marli Silva Fróes

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ÍCONES INTERATIVOS

Utilizado para sugerir leituras, bibliografias,


sites e textos para aprofundar os temas discuti-
dos; explicar conceitos e informações.

Utilizado para auxiliar nos estudos; voltar em


unidades ou cadernos já estudados; indicar si-
tes interessantes para pesquisa; realizar expe-
riências.

Utilizado para defininir uma palavra ou expres-


são do texto.

Utilizado para indicar atividades que auxiliam


a compreensão e a avaliação da aprendizagem
dos conteúdos discutidos na unidade ou seções
do caderno; informar o que deve ser feito com
o resultado da atividade, como: enviar ao tutor,
postar no fórum de discussão, etc..

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SUMÁRIO

Palavra do professor-autor 9

Aula 1 - Conceitos sobre tecnologia e inovação 11


1.1 Introdução 11
1.2 Ciência, tecnologia e inovação 11
1.3 Progresso tecnológico e desenvolvimento econômico 30

Aula 2 - Políticas e incentivos à inovação tecnológica 35


2.1 Tecnologia, inovação e patentes 35
2.2 Instrumentos estatais de fomento à pesquisa e à tecnologia 40
2.3 Institutos públicos de pesquisa e suas relações
com empresas privadas 43
2.4 Um breve histórico das leis de patentes no brasil 45
2.5 Situação atual de patentes no brasil 49

Aula 3 - Tecnologia e inovação nas organizações 59


3.1 A cultura empresarial e seus reflexos econômicos 59
3.2 Inovação no processo de inteligência competitiva 63
3.3 Estratégias e aprendizados em tecnologia e inovação 66
3.4 Operacionalização das estratégias tecnológicas 69

Aula 4 - Perspectivas em tecnologia e inovação 75


4.1 Inovação e desenvolvimento sustentável 75
4.2 A inovação como principal motor do desenvolvimento 77

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4.3 O cenário brasileiro em inovação tecnológica 77
4.4 As tecnologias da informação e comunicação em foco 80

Aula 5 - Tecnologia e inovação no mercado imobiliário 83


5.1 A era da informação e o marketing digital 83
5.2 Inovações e ferramentas da atualidade 85
5.3 Estudos de caso 90

Referências Bibliográficas 96

Currículo do Professor-autor 101

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PALAVRA DO PROFESSOR-AUTOR

Caríssimo(a) cursista:

Seja muito bem-vindo à disciplina TECNOLOGIA E INOVAÇÃO do curso


técnico em Transações Imobiliárias!

Até aqui você deve estar se perguntando o motivo ou relação desta disciplina
com o curso técnico. Vamos falar um pouco sobre isso.

Nós sabemos que a tecnologia hoje transformou radicalmente todos os nossos


hábitos. Estamos vivenciando a Era da Informação, na qual o avanço tecno-
lógico é frenético, a informação é processada e disseminada em tempo real,
afetando, dessa forma, a vida de toda a sociedade.

No entanto, para tirar o máximo proveito deste momento, é essencial enten-


dermos de onde veio toda essa transformação tecnológica e qual foi a influ-
ência da inovação nisso tudo.

Mas o que é inovação? Para entendermos esse termo a fundo, este material
faz um resgate histórico e profundo sobre as diversas origens do tema, pin-
celando diversos autores, com o propósito de trazer a você, estudante, uma
formação sólida a esse respeito.

Nosso material terá como objetivo passar pelas entranhas da ciência, tecno-
logia, inovação, conceitos históricos, legislações e outros para, em seguida,
entendermos como a roda da inovação gira atualmente, além de tomarmos
conhecimento dos produtos mais recentes por ela influenciados. Isso tudo em
nível nacional e internacional.

Ao final da nossa disciplina você será capaz de compreender as relações entre


ciência, política, tecnologia e inovação, bem como compreender as atuais
perspectivas para esses movimentos no desenvolvimento econômico, social e
cultural do nosso país.

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Lembre-se: sua participação nas atividades, nas dicas e informações extrama-
teriais são essenciais para o seu aprendizado e consequente desempenho du-
rante a nossa disciplina. Utilize ao máximo as potencialidades que a internet
nos oferece. Explore, vá além!

Desejo que você faça uma boa viagem no túnel da Tecnologia e Inovação.
Bons estudos!

O autor

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Aula 1 - Conceitos sobre tecnologia e inovação

1.1 Introdução

Na Aula 1 nós faremos uma breve viagem no tempo, para entender melhor o
significado e interação entre as palavras ciência, tecnologia e inovação. Em
seguida, aprofundaremos os conceitos de inovação, seus tipos, modelos e ca-
racterísticas.

Após isso, vamos entender melhor como o progresso tecnológico, através da


ciência, tecnologia e informação, está ligado ao desenvolvimento econômico,
influenciando-o diretamente.

BONS ESTUDOS!

1.2 Ciência, tecnologia e inovação

A linha do tempo dos seres humanos iniciou-se há cerca de sete milhões de


anos, no Continente Africano, quando a evolução das populações dos maca-
cos africanos proporcionou a divisão destes em grupos. Um destes grupos
evoluiu para os atuais gorilas, outro deu origem aos chipanzés e um terceiro
evoluiu para humanos. Esse grupo inicial de proto-humanos ficou conhecido
como Australopithecus africanus.

As conjunturas descritas nos próximos parágrafos foram narradas conforme


Diamond (2003) e Tigre (2006), apud Pinto (2012). Há quatro milhões de
anos, o chamado Homo habilis alcançou a postura vertical. A mudança para
essa posição, com a liberação dos membros anteriores, gerou consequências
imprevistas e muito significativas no desenvolvimento desses hominídeos.
Talvez a mais importante delas tenha sido o fato de, com a adoção dessa nova
posição corporal pelas fêmeas, os filhotes passarem a nascer prematuros e,
portanto, necessitarem de cuidados por parte das mães por muito mais tempo.

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Ainda segundo PINTO (2012), essa fraqueza, para filhotes e fêmeas, acabou
transformando-se em grande força para a nova espécie que se desenvolvia:
a necessidade de formação de grupos de cooperação mais estáveis, que per-
maneciam juntos por mais tempo, formando laços afetivos e, também, de
aprendizado.

Aprendizado: é o processo pelo qual novos conhecimentos são adquiridos,


novas competências são desenvolvidas e, com isso, mudanças no comporta-
mento são geradas.
Fonte:Kleinae Martins (2012).

Este é um artifício fundamental de diferenciação dos humanos em relação


às outras espécies animais na Terra: a habilidade em descobrir novas coisas
e transmitir essas descobertas a outros membros da espécie, que são capazes
de aprender com o aprendizado e experiência dos outros, incorporar esses co-
nhecimentos aos descendentes e efetuar novas descobertas. Assim, a espécie
humana adquiriu a capacidade de transformar a si mesma e todo o ambiente
ao seu redor de modo pioneiro.

Figura 1: Evolução cultural do homem, relacionada ao crescimento do cérebro.


Fonte: http://yedaseveral.com.br/yeda-several/?page_id=580 Acesso em: 05/11/2014.

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Segundo Pinto (2012), o fato de formarem grupos mais duradouros, que ne-
cessitavam permanecer juntos por muitos anos para garantir a sobrevivência
dos filhotes, gerou a necessidade de conversação de modo a garantir uma
organização mínima nos grupos. Os membros anteriores (braços e mãos), já
possibilitados da função de locomoção, podiam ser usados para o manejo e
transporte de coisas e, também, para a comunicação por gestos. A evolução
seguia o percurso natural.

Pinto (2012) afirma que, há aproximadamente 1 milhão de anos atrás, o Homo


erectus foi capaz de sair da África e povoar o sul da Ásia e, após 500 mil anos
já habitando a Europa e a Ásia, os humanos possuíam esqueletos maiores e
crânios mais arredondados, bastante semelhantes aos nossos, passando a ser
conhecidos como Homo sapiens. Estes foram responsáveis pela iniciação da
utilização do elemento FOGO como instrumento pela espécie.

A descoberta e aplicação do fogo, conforme Pinto (2012), impactaram em


profundas alterações na vida do homem. Os alimentos agora passaram a ser
cozidos, tornando-se mais saborosos e de digestão facilitada. A iluminação
e o aquecimento dos locais frios e escuros tornaram a permanência nas ca-
vernas mais fácil. A defesa diante dos animais ferozes tornou-se mais eficaz,
pois estes temiam o fogo. E, também, a elaboração dos instrumentos aperfei-
çoou-se, com o endurecimento das pontas das lanças, justamente pelo fogo,
tornando-as mais resistentes.

Figura 2: Pintura artística da utilização do fogo pelas civilizações primitivas.


Fonte: http://www2.assis.unesp.br/darwinnobrasil Acesso em: 11/11/2014.

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A utilização do fogo como ferramenta provocou, ainda, alterações demográ-
ficas e sociais na vida das primeiras comunidades. Pinto (2012) ressalta que
a ingestão de alimentos cozidos e com maior variedade proporcionou maior
resistência a doenças e, consequentemente, contribuiu para o aumento popu-
lacional. Além disso, o convívio em volta das fogueiras teria fortalecido o
sentimento de união entre os elementos do grupo, contribuindo para o desen-
volvimento da própria linguagem.

Segundo Pinto (2012), as populações humanas do leste da África e do oeste


da Eurásia continuavam a diferenciar-se umas das outras e dos povos do leste
da Ásia. Os humanos da Europa e do oeste da Ásia, no período entre 130.000
e 40.000 anos atrás, ficaram conhecidos como homens de Neanderthal. Eles
foram os primeiros humanos a deixar provas de que enterravam seus mortos e
cuidavam de seus doentes. Não preservaram qualquer manifestação artística
e, a julgar pelos ossos das espécies animais que capturavam, suas habilidades
para caça eram limitadas. Não conseguiam pescar ainda.

Então, há cerca de 50.000 anos, a história da espécie humana dá um verdadei-


ro salto com os chamados homens de Cro-magnon. Conforme afirma Pinto
(2012), em seus sítios arqueológicos, há utensílios de pedra padronizados e
também moldados em ossos. Esses artefatos eram produzidos de formas va-
riadas e para várias funções como agulhas, furadores e fixadores. Há utensí-
lios constituídos de várias peças como arpões, lanças e flechas. Esses utensí-
lios fazem parte de uma tecnologia de caça superior. Os meios de matar a uma
distância segura permitiram a caça de animais perigosos, enquanto as cordas,
redes e armadilhas permitiram adicionar peixes e pássaros à sua dieta. Sua
tecnologia, desenvolvida para a sobrevivência em climas frios, é facilmente
identificada em restos de casas e roupas costuradas. Por outro lado, resquícios
de joias e de esqueletos cuidadosamente enterrados indicam acontecimentos
revolucionários em termos estéticos e culturais.

Tecnologia: esse termo deriva do grego techne (artefato) e logos (pensamen-


to, razão), significando, portanto, o conhecimento sistemático transformado
ou manifestado em ferramentas.
Fonte: Moreira e Queiroz (2007).

As discussões anteriores, no entanto, limitam-se ao uso das ferramentas. No


contexto em que estamos discutindo o termo tecnologia, esta palavra pode
ser referenciada de modo a descrever como um determinado grupo realiza as
tarefas.

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Dessa forma, as tecnologias de caça, naqueles grupos, eram capazes de deter-
minar locais, tipos, horários, hábitos dos animais caçados, armas, estratégias
dos grupos etc. Assim, a tecnologia está, portanto, ligada a maneira na qual o
conhecimento é transmitido entre gerações, sofrendo aperfeiçoamento e acú-
mulo ao longo dos séculos.

Sugiro que você veja o documentário A ORIGEM DO HOMEM, publicado


na Discovery Channel. O filme conta a história de uma mulher chamada Eva,
que viveu na África há 140.000 anos. Mas, também, é a história de todos os
seres humanos que vivem na Terra hoje. Conta como todos fazemos parte
de uma pequena família, como descendemos de um grupo de pessoas que
deixaram a África há 80.000 anos e, pouco a pouco, chegaram à América.
O programa traz a expansão do ser humano através do mundo, desde nossos
princípios: da África, passando pelo Sul da Ásia, Austrália, Europa e, final-
mente, chegando à América.

A humanidade, a partir de então, desencadeou um processo de crescimento


em proporções geométricas, em que o intervalo entre invenções tecnológicas
era cada vez menor. Passamos por guerras (que tiveram papéis importantíssi-
mos na evolução tecnológica), pelas revoluções industriais, robóticas, genéti-
cas e informacionais. Em pleno século XXI, vivemos a era da informação, na
qual as tecnologias da informação e comunicação proporcionam um ritmo de
desenvolvimento cada vez mais frenético à civilização humana. É importante,
assim, definir os termos ciência, tecnologia e inovação, antes de prosseguir-
mos. Estes termos foram essencialmente fundamentais durante o processo de
evolução humana e, por isso, merecem atenção especial.

1.2.1 Ciência

As proposições dos próximos parágrafos foram feitas segundo Longo (2007),


que define ciência tanto como o processo de investigação ou estudo da natu-
reza, direcionado à descoberta das verdades sobre o Universo, quanto como
o corpo organizado de conhecimentos adquiridos através de tal investigação
ou pesquisa. Ou seja, a ciência pode ser definida como atividade ou como um
sistema de conhecimento. A investigação referida é feita, normalmente, de
acordo com um método: o chamado método científico.

Identificado um fenômeno, o cientista trata de formular uma hipótese sobre


a natureza desse fenômeno. Uma hipótese é uma conjetura admissível que
(ainda) não foi bem embasada nem demonstrada de maneira experimental. De
fato, as hipóteses são suposições que dirigem as pesquisas.

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A palavra CIÊNCIA vem do latim scientia, traduzido por “conhecimento”.


Em tempos pré-históricos, conselhos e conhecimento eram passados de gera-
ção em geração em uma tradição oral. O desenvolvimento da escrita permitiu
que o conhecimento fosse armazenado e comunicado através das gerações
com muito mais fidelidade. Combinado com o desenvolvimento da agricultu-
ra, que permitiu um aumento na reserva de comida, isso tornou possível que
as civilizações antigas se desenvolvessem, porque foi possível dedicar mais
tempo a outras tarefas que não fossem a sobrevivência. Muitas civilizações
antigas coletavam informações astronômicas de maneira sistemática através
da simples observação. Apesar de eles não terem um conhecimento da verda-
deira estrutura física dos planetas e estrelas, muitas explicações teóricas foram
propostas. Fatos básicos sobre fisiologia humana já eram de conhecimento em
alguns lugares, e a alquimia era praticada por várias civilizações. Observações
consideráveis sobre flora e fauna macrobióticas também foram realizadas.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/História_da_ciência.

Buscando por um entendimento para a ordem reinante na natureza, o cientista


propõe e testa teorias que pretendem explicar aspectos dessa ordem e fazer
predições. Segundo Longo (2007), por meio de teorias, os cientistas raciona-
lizam as chamadas leis da natureza. Ex.: teoria atômica, teoria da relatividade
geral, teoria da gravitação universal de Newton. Uma lei da natureza é uma
generalização científica baseada em observações empíricas. Ex.: leis da ter-
modinâmica, lei de Hooke. Algumas leis são formuladas com as teorias das
quais fazem parte. Ex.: leis da mecânica quântica (LONGO, 2007).

Conforme Longo (2007), o saber científico avança sempre na direção do pos-


sível, nem sempre na direção do que seria desejável. Em princípio, o cientista
não se propõe a fazer nem o bem nem o mal, mas explicar os fenômenos do
universo. Seu compromisso é com a verdade. Porém, o uso que se venha a
fazer do conhecimento científico envolve tantos fatores, inclusive éticos, que
faz com que, necessariamente, ele deva ser regulado pela sociedade.

Ainda de acordo com Longo (2007), a palavra descoberta refere-se à identifi-


cação e/ou explicação de fenômeno da natureza (conhecimento científico). A
geração de conhecimento científico faz-se mediante a pesquisa ou investiga-
ção científica. Na pesquisa, o cientista segue as etapas do que se convencionou
chamar método ou metodologia científica, que, resumidamente, consiste na:

• definição das questões levantadas pela observação de algum fenômeno;

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• postulação de hipóteses que expliquem a ocorrência do fenômeno;

• experimentação para verificar essas hipóteses;

• proposição de uma lei ou teoria fundamentada na(s) hipótese(s) compro-


vada(s) e nos resultados da evidência experimental;

• validação da proposição pelos pares, ou seja, por outros cientistas.

Essa última etapa do método, afirma Longo:


torna o trabalho do cientista um processo social, já que as teorias
e conclusões do seu trabalho de pesquisa devem ser relatadas
publicamente e sobreviver a um período de debate, à avaliação
crítica e à repetição dos cálculos, ensaios e testes, feita por ou-
tros profissionais com nível de competência adequada para reba-
tê-las ou validá-las. Só assim, se confirmados, os novos conhe-
cimentos são incorporados ao acervo científico universal. Essa
exposição à confirmação, realizada, normalmente, por outros
cientistas, forçou, historicamente, que o conhecimento científi-
co tivesse livre divulgação e circulação. Em consequência, tal
conhecimento é um bem público, constituindo-se em um acervo
da humanidade.(Longo, 2007, p. 102).

Figura 3: Fluxograma básico (esboço) de um método científico.


Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Metodo_cientifico.svg Acesso em: 11/11/2014.

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1.2.2 Tecnologia

Ainda segundo Longo (2007), alguns autores consideram a tecnologia como


sendo ciência aplicada. De fato essa definição pode não ser sempre verdadei-
ra, embora, no mundo atual, a tecnologia dependa cada vez mais de conheci-
mentos científicos. Como prova de que a definição é imperfeita, Jorge Saba-
to usava como exemplo a invenção do container que, a rigor, não envolveu
nenhum conhecimento científico, mas que é uma das tecnologias de maior
sucesso no setor de transportes.

Nos tempos atuais, a ligação estreita entre a ciência e a tecnologia ocasionou


o surgimento do termo Ciência e Tecnologia, referido no singular e designado
pela sigla C&T. A junção ciência/tecnologia tornou-se mais próximo ainda a
partir do momento em que o método científico passou a ser utilizado para o
aperfeiçoamento da inovação tecnológica.

Longo (2007) afirma que o domínio do conjunto de conhecimentos específi-


cos que constituiu a tecnologia permite a elaboração de instruções necessárias
à produção de bens e de serviços. A simples posse dessas instruções (plantas,
desenhos, especificações, normas, manuais), que são expressões materiais
e incompletas dos conhecimentos e a capacidade de usá-las, não significa
que, automaticamente, o usuário tornou-se detentor dos conhecimentos que
permitiram a sua geração, ou seja, da tecnologia. Frequentemente, tem sido
empregada a palavra tecnologia para designar tais instruções, e não os conhe-
cimentos que propiciaram a base para a sua geração, e que, em geral, estão
armazenados em cérebros de pessoas. Isso tem sérias implicações na correta
compreensão do que seja o potencial ou independência tecnológica de uma
indústria ou mesmo de uma nação.

Exemplificando, chega-se ao absurdo de acreditar que, quando uma empresa


multinacional coloca em funcionamento, num país periférico, o último mo-
delo de uma máquina importada de fazer parafusos, este está dotado da mais
alta tecnologia de fazer parafusos. Na realidade, ele está dotado das mais altas
instruções para fazer parafusos (LONGO, 2007).

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As instruções, o saber apenas como fazer (knowhow) para produzir algo, e


não por que fazer (knowwhy), é o que se deve entender por técnica. No entan-
to, diversos autores, principalmente da área do direito, usam a palavra tecno-
logia como tradução de knowhow.

• Tecnologia instruções técnica.

(knowwhy) (knowhow)

• Para quem produziu as instruções, estas são expressões do knowwhy; para


quem simplesmente as usa, não passam de knowhow (técnicas).

No entanto, Longo (2008) sugere que se o detentor de todos os conhecimen-


tos que resultaram numa dada tecnologia transferir para um terceiro apenas
as instruções de como fazer um bem ou serviço, esse terceiro terá absorvido
apenas técnica. Assim, o que, para um, é intrinsicamente tecnologia, para o
outro pode ser apenas uma técnica. Desse fato, pode resultar grande confusão
na compreensão da questão tecnológica.

Longo (2008) reforça que, além das instruções, a palavra técnica é utilizada,
também, para o conjunto de regras práticas, puramente empíricas, utilizadas
para produzir coisas determinadas, envolvendo a habilidade do executor. Como
consequência, conforme exposto anteriormente, a tecnologia é entendida, por
alguns autores, como o estudo e conhecimento científico da técnica, implican-
do o emprego dos métodos das ciências físicas e naturais nas suas atividades.

Em linhas gerais, segundo Longo (2007), o que se entende por uma determi-
nada tecnologia, que, ao ser empregada, resulta num produto ou processo, en-
volve conhecimentos decorrentes de aplicações das ciências naturais (física,
química, biologia, etc.), de conhecimentos ligados a regras empíricas (técni-
cas) e de conhecimentos oriundos da aplicação da metodologia científica de
pesquisa na compreensão e solução de problemas surgidos durante o processo
de concepção e/ou produção que, segundo Zagottis (1987), são chamadas de
“ciências operativas”, que se aproximam do que poder-se-iam nomear como
“ciências da engenharia”.

Geralmente, as tecnologias são, também, referidas em correspondência com


as várias etapas de aglutinação de valor/conhecimentos envolvidos na pro-
dução e comercialização de bens ou de serviços. Dessa maneira, podemos
localizar referências à tecnologia de produto, processo, operação etc.

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Figura 4: A roda foi inventada em 4000 a.C., e tornou-se uma das tecnologias mais famosas
e úteis do mundo.
Fonte: www.zmescience.com Acesso em: 12/11/2014.

Longo (2007) afirma que além de fator de produção – ao lado do capital,


insumos e mão de obra –, a tecnologia comporta-se, também, como uma
mercadoria, pois é objeto de operações comerciais, tendo preço e dono. Em
consequência, trata-se de um bem privado. Para reforçar o argumento da
sua condição de mercadoria, basta lembrar que, além de poder ser vendida
e comprada, ela pode ser alugada, estando ainda sujeita à sonegação, ao
contrabando e ao roubo.

Conforme Longo (2007), sendo a tecnologia uma mercadoria, um bem priva-


do, é importante a aceitação de sua propriedade pelo sistema econômico. Por
se tratar, porém, de bem intangível, a sociedade criou convenções, normas
e instituições específicas, a fim de qualificar e proteger a propriedade tec-
nológica. Na realidade, o aparato legal da propriedade tecnológica, também
chamada de propriedade industrial, faz parte do direito mais amplo que é tra-
tado pela propriedade intelectual. A propriedade industrial e o direito de autor
(copyright) compõem a propriedade intelectual, cujo fórum é a Organização
Mundial da Propriedade Intelectual – OMPI. Ultimamente, no entanto, as
questões relativas à propriedade industrial, cujo comércio no nível interna-
cional, em dólares, atinge a casa dos bilhões, passaram a ser objeto de fortes
interferências da Organização Mundial do Comércio – OMC.

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É necessário, ainda de acordo com Longo (2007), que se distinga invenção de
inovação. Na terminologia da propriedade industrial, a invenção usualmente
significa a solução para um problema tecnológico, considerada nova e sus-
cetível de utilização. É patenteável a invenção que atenda aos requisitos de
novidade, atividade inventiva e aplicação industrial.

Inúmeras invenções nunca foram patenteadas, e o que pode ser patenteado


varia, de certa maneira, de país para país. É patenteável como artefato ou
modelo útil o objeto de uso prático, ou parte deste, que pode ser aplicado
industrialmente, que possa apresentar uma nova disposição ou forma, através
de ato inventivo que possa trazer melhoria funcional no seu uso ou em sua
manufatura. Na realidade, a invenção é uma etapa do desenvolvimento onde
uma nova ideia, desenho ou modelo são produzidos para um novo ou um
melhor produto, processo ou sistema, nos quais os efeitos são passivos de
restrição ao âmbito do ambiente em que foi originada essa criação.

1.2.3 Inovação

A inovação, por sua vez, significa a solução de um problema tecnológico sen-


do utilizada pela primeira vez, compreendendo a introdução de um novo pro-
duto ou processo no mercado, em escala comercial, tendo, em geral, positivas
repercussões socioeconômicas. O Manual Oslo, da OECD (1997), tratando
do assunto, no nível das empresas, considera que as inovações tecnológicas
de produtos e de processos (TPP) compreendem a implementação de produ-
tos e processos, tecnologicamente novos, assim como melhorias tecnológicas
importantes em produtos e processos existentes. O nível mínimo considerado
para empresas corresponde a um produto ou processo “novo para a firma”,
não tendo que ser “novo para o mundo”.

No começo do século XX, Edison e outros inventores-empresários como


Werner Siemens, Alexander Graham Belle George Westinghouse criaram
grandes indústrias inovadoras que “oligopolizaram” o novo setor produtor de
equipamentos de transmissão, aplicação e geração de energia. A moderniza-
ção da eletricidade permitiu o desenvolvimento de máquinas maiores e mais
eficazes e de sistemas interligados de produção como as linhas de montagem.

Segundo Longo (2007), foi nesse ambiente concorrencial do início do século


XX, quando pequenos fabricantes se iniciavam na concorrência com grandes
empresas monopolistas, que viveu o economista Joseph Alois Schumpeter.
Suas observações sobre a realidade econômica da época o levaram a publicar,
em 1912, a Teoria do Desenvolvimento Econômico, na qual ele ressaltava,
de forma explícita, a importância central da inovação na competição entre
firmas, na evolução das estruturas industriais e no próprio desenvolvimento
econômico.

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Figura 5: Desenvolvimento do motor de combustão interna – inovação do século XVII.


Fonte: http://www.zmescience.com/science/five-scientific-discoveries-changed-course-history Acesso em:
15/11/2014.

Schumpeter (1982) atribuía às firmas o papel central de propulsoras do pro-


cesso de inovação, devido à possibilidade de obtenção de lucros extraordiná-
rios advindos da introdução de novas tecnologias no mercado, fossem elas
novos produtos ou processos, novas formas de organização empresarial, a
abertura de novos mercados ou até mesmo a utilização de novas fontes de
matérias-primas.

Este mesmo autor distinguia claramente os processos de invenção, inova-


ção e difusão. Para ele, invenção estava ligada à geração de novas ideias, ao
progresso do conhecimento científico propriamente dito e sua aplicação na
geração de novos equipamentos ou artefatos ou mesmo processos novos, mas
sempre em fase pré-comercial. Inovação referia-se à inserção comercial de
uma invenção na esfera técnico-econômica. Para isso, seria necessário um
agente com uma expectativa de retorno econômico: o empresário inovador.

Um site enumerou as 21 invenções mais importantes da humanidade. Leia


no seguinte endereço: http://www.tecmundo.com.br/ciencia/45705-conhe-
ca-21-das-maiores-invencoes-da-humanidade.htm Após a leitura, pesquise
sobre os autores destas invenções e quais foram as fontes de inspiração para
seus inventos.

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A inovação seria escolhida, favorável ou desfavoravelmente, pelo mercado,
conforme Schumpeter (1982). Conforme este autor, na primeira hipótese, a
inovação passaria à fase de difusão. Na segunda hipótese, a inovação seria
descartada e o esforço empreendido, até ali, perdido. A difusão ocorreria a
partir do momento em que os agentes econômicos pudessem observar os
resultados compensadores das mudanças implementadas e passassem, eles
mesmos, a aglutinar a novidade: de produto, processo, mercado, matéria-pri-
ma ou organização.

1.2.4 Modelos de inovação

Podemos observar que o autor Schumpeter (1982) já percebia o processo de


inovação associado ao avanço do conhecimento científico. Como você mes-
mo pode concluir, Schumpeter já revelava, através das observações acerca de
produção econômica, a interação entre ciência, tecnologia e inovação. Outros
autores seguem esse mesmo raciocínio.

Davies (1994) esclarece que a ciência tem de abarcar mais do que a mera ca-
talogação de fatos e de descoberta, através da tentativa e erro, de maneiras de
proceder que funcionem. O que é peça-chave na verdadeira ciência é o fato
de envolver a descoberta de princípios que subjazem e conectam os fenôme-
nos naturais. A ciência verdadeira consiste em saber em que circunstâncias as
coisas funcionam.

O autor acima referido ainda afirma que podemos analisar o fato de que a
aplicação do conhecimento científico, da compreensão das leis que regem
os diversos fenômenos, resulta em acréscimo da produtividade na geração
de novas tecnologias, quando comparada ao método da tentativa e erro. As
transmissões de sons, imagens e dados via ondas eletromagnéticas, o uso da
energia nuclear, a produção de insulina humana por bactérias geneticamente
modificadas, nada disso seria possível sem a compreensão teórica profunda
dos diversos fenômenos subjacentes a essas tecnologias.

Segundo Dasgupta e David (1994), a ciência é, portanto, um conjunto de


atividades cuja organização conduz ao rápido crescimento do conhecimento,
enquanto as tarefas relacionadas com a tecnologia buscam alcançar o rápido
crescimento dos benefícios materiais a partir do novo conhecimento.

Em torno da década de 1930, tendo sido reconhecida a combinação entre


as esferas científica e tecnológica como forma de alavancar o movimento
de inovação e o valor econômico das novas tecnologias, começaram a ser
desenvolvidos modelos que procuravam detalhar os processos de interação
entre Ciência e Tecnologia como criadores de inovações tecnológicas, com o
intuito de embasar, com conhecimentos, os esforços político-financeiros de
apoio à inovação tecnológica.

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De acordo com Pinto (2012), o primeiro e mais simples foi o Modelo Linear
de Inovação ou science push. Segundo esse modelo, o processo de inovação
tecnológica é iniciado pela pesquisa básica, passando pela pesquisa aplicada,
pelo desenvolvimento, pela engenharia até chegar à comercialização pioneira.

Figura 6: Modelo linear de inovação tecnológica ou Science push.


Fonte: Pinto, 2012. Acesso em: 01/12/2014.

A aplicação do modelo linear de inovação, difundido até recentemente, remonta ao


período pós-guerra e baseou-se no relatório Science: the endless frontier, desenvol-
vido por Vannevar Bush. Foi adotado no fim da década de 1950 como base para
as políticas de C&T dos Estados Unidos e da maioria dos países industrializados.

Segundo Conde e Araújo-Jorge (2003), a inovação na concepção linear, em


especial na abordagem science push, é compreendida como uma sequência de
estágios em que novos conhecimentos, advindos da pesquisa científica, leva-
riam a processos de invenção que seriam seguidos por atividades de pesquisa
aplicada e desenvolvimento tecnológico, resultando, ao final da cadeia, na
introdução de produtos e processos comercializáveis.

O esquema linear colocou as bases da política de ciência e tecnologia nos


EUA, na primeira metade do século XX, tendo influenciado sobre a definição
de políticas semelhantes em vários países do mundo, incluindo o Brasil.

Podemos aqui, no entanto, relatar que este modelo apresenta algumas restri-
ções. Começamos divisão do trabalho entre as esferas empresarial e científica
(as atividades de pesquisa básica e aplicada pertenceriam ao reino da ciência
e as atividades de desenvolvimento e engenharia ao domínio da tecnologia,
conforme classificação proposta por Dasgupta e David (1994), vista anterior-
mente). Em seguida, podemos relatar que este modelo admite, hipoteticamen-
te, que a transferência, para a esfera empresarial, dos conhecimentos gerados
na esfera científica é um processo “natural”. E, em terceiro, não reconhece
as diferenças entre os campos de conhecimento, em termos de produção de
resultados com potencial econômico.

Assim, a evolução da ciência não é autônoma, pois são interferidos diretamen-


te por políticas públicas – nas quais o administrador público tem responsabi-
lidade direta – e pelas trajetórias tecnológicas. A relação entre C&T mostra
um caráter interativo que também abrange os contextos político, econômico e
tecnológico de cada país ou região, que serão mostrados mais adiante.

A evidência principal em favor do Modelo Linear de Inovação, segundo Iaco-


no & Almeida (2011) é a de que a ciência básica tem, de maneira efetiva, cria-

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do oportunidades significativas para algumas aplicações tecnológicas lucrati-
vas. No entanto, apesar de explicar o processo de inovação que levou ao laser
e à bomba atômica, o modelo linear não explica completamente inovações
que tenham sido motivadas pela percepção de necessidades não atendidas
como o desenvolvimento de motores elétricos e aparelhos eletrodomésticos
ou corantes, antibióticos e explosivos.

Conforme este mesmo autor, foi proposto então o Modelo Linear Reverso ou
demand pull, o qual considera que as inovações emergem a partir de demandas
identificadas no mercado ou por problemas operacionais apontados pelas empresas.

Figura 7: O modelo linear reverso ou demand pull.


Fonte: IACONO & ALMEIDA, 2011. Acesso em: 02/12/2014.

O Modelo Linear Reverso aponta todo o foco do processo de inovação na de-


manda identificada no mercado. Dessa forma, o conhecimento científico fica
subordinado a solucionar problemas surgidos na procura pelo atendimento às
deficiências de mercado (IACONO & ALMEIDA, 2011).

Ao longo da história das criações, é possível observar que as experiências de


Thomas Edison com o fonógrafo, por exemplo, demonstraram que a precisão
não é, indispensavelmente, a mãe da invenção, ou seja, nem sempre a inven-
ção é influenciada pelas condições de demanda.

Os dois modelos estudados até aqui são parciais. Explanam parte do processo
de inovação, mas não o seu todo. A estrutura linear demonstra-se insuficiente
para demonstrar efetivamente a inovação como processo.

A obrigação de se ter modelos que explicassem melhor a interação entre Ciência,


Tecnologia e Inovação conduziu aos trabalhos de Kline (1978) e Kline e Rosenberg
(1986), que propuseram o Modelo de Ligações em Cadeia ou chain linked model,
que enfatiza a permanente retroalimentação entre as diversas fases do processo.

Esse modelo, segundo Pinto (2012), sugere que o processo de inovação pres-
supõe a existência de múltiplas sequências de interação entre as suas diversas
etapas e a existência de muitas formas de ampliação do estoque de conheci-
mentos, e não apenas avanços no campo científico.

Assim, neste modelo, a cadeia central de inovação é embasada por múltiplos


elos internos de retroalimentação do processo. Toda a cadeia central de ino-
vação articula com as atividades de pesquisa - fontes de novos conhecimentos
para o processo de inovação.

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Pinto (2012) exemplifica esse processo com o caso do desenvolvimento de
um novo modelo de aeronave por uma empresa como a Embraer. Desde a
etapa inicial de levantamento de requisitos para a elaboração do projeto da
aeronave, até os testes finais, são envolvidos, no processo, engenheiros das
mais variadas especialidades e conhecimentos (aeronáuticos, mecânicos, de
automação, de softwares, para citar apenas alguns), mas também são consul-
tados passageiros, pilotos, comissários de bordo, agentes de viagem, atenden-
tes das companhias aéreas, mecânicos de manutenção das aeronaves, ou seja,
todos os tipos de atores que têm envolvimento com a futura aeronave e pontos
de vista diferentes sobre os produtos similares já existentes no mercado; são
pessoas que podem ter contribuições relevantes a dar para que o produto seja
efetivamente uma inovação bem-sucedida.

Pinto (2012) reafirma que o reconhecimento da complexidade da onda de ino-


vação tem sido cada vez maior. Nos dias atuais, sabe-se que todas as diversas
interações necessárias para que o processo de inovação aconteça dependem
não somente das organizações centrais desse processo (as empresas e as orga-
nizações geradoras de novos conhecimentos como universidades e institutos
de pesquisa), mas de toda a rede de instituições dos setores público e privado,
cujas atividades e interações iniciam, importam, modificam e difundem no-
vas tecnologias.

Figura 8: Modelo de Ligações em cadeia.


Fonte: IACONO & ALMEIDA, 2011. Acesso em: 03/12/2014.

Ainda segundo Pinto (2012), com a perspectiva econômica lançada à ino-


vação por Schumpeter a partir do século XX, inovar passou a significar não
apenas criar algo tecnologicamente novo, mas dar destinação econômica para
uma nova ideia. Nos dias de hoje, é totalmente reconhecida a importância
central da inovação no desenvolvimento econômico das sociedades.

Produtos inovadores criam mercados consumidores novos, e processos novos


de produção podem implicar em menores custos de produção e, portanto,

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menores preços e aumento de vendas. Novas formas de venda, por exemplo,
pela internet, podem também significar o alcance de novos mercados consu-
midores, o que implicará em aumentos de escala de produção e diminuição
de custos. Segundo Pinto (2012), essas são apenas algumas situações que
demonstram a relevância da inovação tecnológica nas sociedades capitalistas
contemporâneas. A principal referência para esse fim é o Manual de Oslo,
documento desenvolvido pela Organização para Cooperação e Desenvolvi-
mento Econômico (OCDE).

Composta por 34 países que possuem como característica comum a demo-


cracia e o apoio à livre economia de mercado, a OCDE tem como seu prin-
cipal intuito viabilizar que os países membros possam discutir, dimensionar,
comparar e coordenar problemas e políticas em comum que tenham como
propósito o desenvolvimento científico e econômico. Fazem parte da lista
de signatários a França, a Itália, os EUA, Portugal, Reino Unido, México e
Chile. O Brasil ainda não é signatário, porém atua de forma bastante próxima
à organização.

A OCDE tem como uma das contribuições mais importantes para esta ciranda
científico-diplomática a publicação de uma série de manuais que, embora pu-
blicados ao longo dos anos, possuem metas similares: definir a teoria, propor
metodologias e parametrizar a coleta de estatísticas em atividades de Pesqui-
sa, Desenvolvimento e Inovação nos países integrantes.

De acordo com a OECD (1997), as inovações podem ser classificadas, quanto


ao seu foco, em: inovações de produto, de processo e organizacionais.

As observações a seguir foram feitas com base em Pinto (2012).

As inovações de produto se referem à inserção de produtos tecnologicamente


inovadores, cujos atributos diferem de forma significativa de todos os produ-
tos antes já desenvolvidos. Isso inclui ainda os aperfeiçoamentos de produ-
tos previamente existentes, onde os desempenhos tenham sido aprimorados
significativamente, por meio de novas matérias-primas ou componentes de
maior ganho. Como exemplos de inovação de produto temos os televisores
de LED; refrigeradores frost-free, os quais não precisam de descongelamento;
carros elétricos; notebooks etc.

As inovações de processo são formas de operação novas ou aprimoradas tec-


nologicamente, de forma substancial, que são obtidas pela inserção de tecno-
logias novas de produção, assim como de metodologias novas ou notadamen-
te aperfeiçoadas de manuseio e entrega de produtos. Tais inovações alteram
de modo considerável a qualidade dos produtos ou do custeio de produção e
entrega. Um exemplo interessante é o sistema de autosserviço (self-service)
nos restaurantes, o qual reduziu significativamente o custo e o tempo para se
fazer as refeições nesses lugares.

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Por fim as inovações organizacionais referem-se a transformações que acon-
tecem na estrutura gerencial da empresa, na forma de articulação entre suas
diferentes áreas, no relacionamento com fornecedores e clientes, na especia-
lização dos trabalhadores e nas múltiplas técnicas de organização dos proces-
sos de negócios. A adoção de técnicas Just-in-time (produção sob demanda
em tempo real) nas metodologias produtivas da organização é um exemplo
disso.

No que se refere ao grau de novidade, as inovações podem ser radicais ou


incrementais, segundo Tigre (2006).

As inovações radicais representam o desenvolvimento e a introdução de no-


vos produtos, processos ou formas de organização totalmente novos, para os
quais não há precedentes. Esse tipo de inovação rompe com os padrões tec-
nológicos anteriores, dando origem a novos mercados, setores ou indústrias.

As inovações incrementais, por outro lado, conforme observa Tigre (2006),


abrangem melhorias feitas no design ou na qualidade dos produtos, aperfeiço-
amentos em layout e processos, novos arranjos logísticos e organizacionais e
novas práticas de suprimentos e vendas. As inovações incrementais ocorrem
de forma contínua em qualquer indústria. Elas não derivam necessariamente
de atividades de Pesquisa e Desenvolvimento e, comumente, resultam do pro-
cesso de aprendizado interno e da capacitação acumulada.

BOX 1

Conheça 5 Manuais Essenciais sobre Metodologias e Coleta de Dados e Indicadores Estatísticos em


Ciência, Tecnologia e Inovação

Manual de Frascati: Pesquisa e Desenvolvimento

O documento propõe uma “metodologia para levantamen-


tos sobre pesquisa e desenvolvimento experimental“. Em
outras palavras, define o que é Pesquisa Científica e a para-
metriza entre os países membros da organização, com o in-
tuito de propor boas práticas para a coleta e análise de dados
estatísticos em projetos de P&D. O manual é bibliografia
básica, pois, além de clarificar a teoria, é utilizado como
referência na criação de leis e incentivos governamentais
mundo afora, como no caso da Lei do Bem aqui no Brasil.
(Data de publicação original: 1963.)

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Manual de Oslo: Inovação

Comumente conhecido como Manual da Inovação,


apresenta diretrizes para a coleta e a interpretação de
dados relacionados a inovações tecnológicas. Ou seja,
uma “baita mão na roda” para você aprender a falar a
linguagem que dita a medição dos resultados de ino-
vação mundo afora. Se você está, por exemplo, geren-
ciando os custos de um projeto de Inovação, vale ao
menos a leitura do capítulo 6, item 2.5. que aborda o
limite entre as atividades de inovação baseadas e não
baseadas na P&D (página 111). (Data de publicação
original: 1990.)

Manual de Balanço de Pagamentos Tecnológicos

Este terceiro manual publicado pela OCDE propõe


um método padrão para a coleta e interpretação de
dados sobre o balanço de pagamentos tecnológicos de
um país. O balanço de pagamentos tecnológicos cal-
cula tudo que um país importa e exporta de tecnolo-
gias, uma vez que é praticamente impossível para
uma nação ser autossuficiente em todos os campos do
conhecimento. (Data de publicação original: 1990.)

Manual de Patentes

Com o objetivo de prover uma metodologia para a


medição de dados relacionados a patentes em ciência
e tecnologia e a construção de indicadores referentes
às atividades tecnológicas, o quarto manual da OCDE
talvez seja o que menos poderá auxiliar uma empresa
na criação de um sistema de indicadores de inovação,
uma vez que sua aplicação faz mais sentido quando se
relaciona a um cenário de escala nacional. (Data de
publicação original: 1994.)

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Manual de Canberra: Recursos Humanos

O mais recente dos manuais aqui apresentados trata do tema mais complexo
e mais valioso de todos os aqui apresentados: pessoas. Desenvolvido pela
OCDE em parceria com a DGXII e a Eurostat, o documento tem o intuito de
estabelecer diretrizes para a medição e análise dos recursos humanos dedi-
cados à Ciência e Tecnologia. Apesar do foco em dados nacionais, a leitura
deste guia provoca boas reflexões sobre como estruturamos nossas equipes
de PD&I e, até mesmo, sobre como anda nosso preparo científico. (Data de
publicação original: 1995.)
Fonte: http://inovacaoaplicada.com.br/tag/oslo/

1.3 Progresso tecnológico e desenvolvimento econômico

O desenvolvimento da pesquisa científica e da inovação é hoje um dos pilares


para assegurar o desenvolvimento econômico dos países. É crescente a pre-
ocupação com a qualidade do crescimento econômico das nações diante do
intenso processo de inovação por que passam as diversas cadeias produtivas.
Os relatos a seguir foram fundamentalmente orientados por Rafael Dubeux,
em seu trabalho intitulado “Inovação no Brasil e na Coréia do Sul”, publi-
cado no ano de 2010.

Dubeux (2009) ressalta que os avanços tecnológicos, quase sempre decorren-


tes de avanços científicos, têm proporcionado um ritmo veloz e intenso de
mudanças, provocando um processo de inovação extremamente dinâmico e,
em alguns casos, aprofundando a defasagem tecnológica existente e criando
outras. Os fatores que levam ao crescimento econômico são objeto de estudo
da economia desde seus primórdios. Tanto Adam Smith (1723-1790) quanto
Karl Marx (1818-1883) versaram sobre o crescimento econômico e sobre fa-
tores que impulsionavam os avanços na produtividade da economia, notada-
mente o capital e o trabalho. Foi a partir dos trabalhos de Joseph Schumpeter
(1883-1950), na primeira metade do século XX, que a tecnologia passou a ser
considerada como um fator efetivo para a trajetória do crescimento. Em sua
obra “Capitalismo, Socialismo e Democracia”, de 1942, Schumpeter (1975)
escreveu um curto capítulo VII, que até hoje serve de ponto de partida para as
teorias evolucionárias do crescimento.

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BOX 2

O impulso essencial que determina e mantém a máquina capitalista em movi-


mento provém dos novos produtos, dos novos métodos de produção e trans-
porte, dos novos mercados, das novas formas de organização industrial que os
empreendedores criam. Assim, o autor conclui haver um processo constante
de destruição criativa, por meio do qual as estruturas econômicas são modi-
ficadas por dentro, incessantemente destruindo as velhas e criando novas.
Constitui uma história de revoluções as mudanças verificadas, por exemplo,
nos aparatos produtivos de uma fazenda, desde o início, com o sistema racio-
nalizado de rotação de colheitas e de arado, até os modernos mecanismos da
agricultura mecanizada e das autoestradas. O mesmo se constata na estrutura
produtiva da indústria do ferro e do aço, no setor energético baseado no car-
vão ou nos cursos d’água, assim como nos transportes, passando das carrua-
gens aos aviões. A abertura de novos mercados (nacionais ou estrangeiros), a
estrutura organizacional (dos ofícios às fábricas), tudo isso indica o mesmo
processo de mutação industrial. Daí porque, para o autor, a análise de uma
indústria isoladamente pode clarificar detalhes de seus mecanismos, mas é
inconclusiva para além dela. Afinal, o processo de destruição criativa, por
vezes, faz desaparecer setores inteiros de uma economia, em razão do desen-
volvimento de outro mais moderno.
Fonte: Disponível em repositorio.unb.br/bitstream/10482/.../2009_RafaelRamalhoDubeux.pdf. Acesso 24 de Abril
de 2015.

Dubeux (2012) relata que um exemplo recente é o caso do telégrafo, instru-


mento hoje inteiramente obsoleto e substituído por diversos outros métodos
de comunicação totalmente superiores: mais rápidos, mais seguros e mais
econômicos. Schumpeter destaca ainda que, embora a revolução seja inces-
sante, ela se manifesta tanto em momentos mais intensos como em outros,
de relativa calmaria. Conquanto o processo esteja sempre em curso – no sen-
tido de que sempre há revolução ou absorção de seus resultados –, podem
ser constatados ciclos econômicos. Com base nessa análise, o autor também
critica a análise tradicionalmente feita a respeito da concorrência, em geral
baseada apenas no critério de preços.

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Figura 9: O primeiro telégrafo – instrumento utilizado para comunicação a distância.


Fonte: http://infnetmidiasdigitais.wordpress.com Acesso em: 05/12/2014.

Mesmo relevando-se parâmetros mais amplos para a competição, como qua-


lidade e métodos de venda, Dubeux (2012) ainda os julga rígidos e não cor-
respondentes à realidade da disputa: o que realmente conta é a competição de
novos produtos, novas tecnologias, novos mananciais de suprimento, novos
tipos de organização (organização de larga escala, por exemplo). São elas
que geram alterações substantivas nos preços e na qualidade e repercutem
na sobrevivência das empresas, ao passo que a competição, tradicionalmente
discutida, é meramente marginal na taxa de lucro das empresas.

Vê-se, portanto, que a inovação tecnológica é elemento-chave para as-


segurar o crescimento econômico de longo prazo. Nessa perspectiva, dois
assuntos centrais devem ser chamados ao debate: a) o papel do Estado no
fomento à ciência e tecnologia; e b) o papel da legislação de patentes para pa-
íses com baixo, médio e alto graus de desenvolvimento econômico. No caso
do Brasil, a Constituição de 1988 disciplina, no Título VII, a atividade eco-
nômica, fixando que cabe ao Estado o papel de agente normativo e regulador
e também impondo à lei a tarefa de planejar o desenvolvimento nacional
equilibrado.

Tecnologia e Inovação

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Resumo

Vimos que Tecnologia significa “a forma utilizada para realizar as tarefas”.


O termo pode ser usado de forma genérica como na expressão: “a tecnologia
para produção de alimentos está sendo continuamente melhorada” ou de for-
ma específica como na expressão: “com a nova tecnologia de branqueamento
sem cloro”, por exemplo.

Já o termo Inovação pode ser entendido de duas formas. Em primeiro lugar,


como um processo de geração e disseminação, na malha econômica e social,
de novas tecnologias, sejam elas efetivamente um novo produto ou serviço
ou uma nova forma de se exercer determinada atividade utilizando novos
recursos ou os recursos existentes combinados de nova maneira. Em segundo
lugar, como resultado desse processo de inovação, é entendida como a cria-
ção do produto ou artefato. Uma observação importante é quanto ao caráter
sistêmico e integrado da inovação: as mudanças que observamos não se de-
vem à inovação isolada, mas sim a uma sucessão de inovações tecnológicas e
organizacionais radicais e incrementais, em um contexto social e econômico
favorável.

Vimos ainda que, a partir das primeiras décadas do século XX, as mudanças
nos modos de produção, tecnológicas ou organizacionais, passaram a ter uma
influência tão significativa sobre a economia e a sociedade que, de modo
geral, tornaram-se objeto de estudo e investigação. Os conceitos de ciência,
tecnologia e inovação foram explicitados e interligados.

São duas as constatações sobre ciência, tecnologia e inovação que devem ser
ressaltadas aqui. Em primeiro lugar, o conhecimento científico adquiriu um
papel fundamental no processo de desenvolvimento de novas tecnologias: a
ciência, então, constituiu-se como base para as novas tecnologias. Em segun-
do lugar, o processo de inovação tecnológica, resultado do avanço do conhe-
cimento científico-tecnológico, inseriu-se no sistema socioeconômico e pas-
sou a ser justificado pelo seu valor econômico. Desde então, a importância da
articulação entre as esferas científica e tecnológica, de maneira a impulsionar
o processo de inovação, passou a ser reconhecida.

Existem vários modelos e manuais de inovação tecnológica, cada um com


seus indicadores e diretrizes para gerenciar e medir o processo de inovação.
Um dos principais é o Manual de Oslo, conhecido também como o manual
da inovação.

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1. Diferencie ciência, tecnologia e inovação e explique como estas palavras


estão, de certa maneira, intimamente ligadas.

2. Como a inovação tecnológica pode trazer progresso econômico a uma


nação? Qual o papel do Estado nesse processo?

3. Pesquise sobre o que vem a ser a LEI DO BEM e qual a sua importância
para o cenário brasileiro em Tecnologia e Inovação.

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Aula 2 - Políticas e incentivos à inovação tecnológica

Na Aula 2 trataremos de conceitos teóricos que envolvem ciência, tecnologia,


inovação e políticas de fomento, gestão e difusão desses pilares do desenvol-
vimento econômico e social.

Conheceremos as formas e instrumentos que o Estado possui para interferir


direta e indiretamente no avanço tecnológico e seus aspectos inovadores.

Serão demonstrados ainda o histórico e a situação atual das leis de patentes


existentes no Brasil e as influências recebidas por outros países mais desen-
volvidos.

BONS ESTUDOS!

2.1 Tecnologia, inovação e patentes

Ao se estudar tecnologia e inovação, é possível utilizar diversas abordagens


e indicadores. Conquanto vários deles sejam válidos, empregaremos, neste
trabalho, fundamentalmente o registro de patentes de invenção. Antes de ex-
plicar como funcionam as patentes e por que as utilizaremos como principal
indicador de inovação tecnológica, cabe esclarecer os diferentes conceitos
com que se trabalha nesse campo. Os conceitos a seguir são baseados no
trabalho de Dubeux (2009).

Já pudemos enxergar até aqui que Tecnologia consiste num aprimoramento


técnico para se atingir certa finalidade. Pode-se dizer que, em tempos remo-
tos, a utilização do fogo ou de pedras como instrumentos de defesa e de caça
constituiu uma tecnologia, ainda que rudimentar. Segundo Dubeux (2009),
trata-se de um mecanismo que permite alcançar determinado objetivo por
uma via mais fácil, mais segura ou, mesmo, mais conveniente. Já inovação
consiste na capacidade de utilizar um novo produto ou processo que não era
antes utilizado, ou, ao menos, não para essa nova finalidade. Trata-se de
conceito relacionado à existência anterior de determinado produto. Não obri-
gatoriamente está relacionado à tecnologia, já que um produto inovador pode
não ter base tecnológica.

Pesquisas recentes comprovam que mais de 60% do desempenho da eco-


nomia dos países europeus estão relacionados diretamente à inovação.
Acontece o mesmo na economia americana, ou pode ser encontrado nas fon-
tes da vitalidade da economia asiática. Inovação está associada a processos
dinâmicos capazes de transformar uma ideia em um serviço ou um produto
novo; diz respeito a modelos novos de negócio, ou a formas de superar garga-
los de gestão, de marca, de logística; ou, dito de modo mais simples, inovação

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expressa toda atividade que permite a uma empresa exibir um diferencial de
mercado. A ideia de que inovação estaria associada exclusivamente às ativi-
dades de alta tecnologia ou às pesquisas científicas de longa duração pertence
ao passado. Essas ideias assinalaram o século passado, então conseguem dar
conta das atividades cada vez mais intensas em conhecimento, atividades que
já impregnaram, em maior ou menor grau, todo o tecido econômico e social.
As patentes, por sua vez, detém um conceito definido em lei: trata-se de in-
venção que atenda a três requisitos: novidade, atividade inventiva e aplicação
industrial (Lei 9.279, de 14.05.1996, art. 8º).

Dubeux (2009) relata que uma patente, na sua formulação clássica, é uma
concessão pública, adjudicada pelo Estado, que garante ao seu titular a ex-
clusividade ao explorar comercialmente a sua criação. Ainda, em compen-
sação, é disponibilizado acesso ao público sobre o conhecimento dos pontos
essenciais e as reivindicações que caracterizam a novidade no invento. Os
direitos exclusivos garantidos pela patente referem-se ao direito de prevenção
de outros de fabricarem, usarem, venderem, oferecerem vender ou importar
a dita invenção. Diz-se também patente (mas, no Brasil, com maior precisão,
carta-patente) o documento legal que representa o conjunto de direitos exclu-
sivos concedidos pelo Estado a um inventor.

As primeiras patentes de que se têm notícia datam de 1421, em Florença, na


Itália, com Felippo Brunelleschi e seu dispositivo para transportar mármore,
e, em 1449, na Inglaterra, com John de Utynam ganhando o monopólio de 20
anos sobre um processo de produção de vitrais. A primeira lei de patentes do
mundo é então promulgada em 1474, em Veneza, já com a visão de proteger
com exclusividade o invento e o inventor, concedendo licença para a explo-
ração, reconhecendo os direitos autorais e sugerindo regras para a aplicação
no âmbito industrial.
Fonte: Disponível em: pt.wikipedia.org/wiki/Patente. Acesso 24 de Abril de 2015.

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Figura 10: Uma ilustração da patente de 1879, de Thomas Edison, sobre a lâmpada elétrica,
seu primeiro aparelho.
Fonte: http://pessoas.hsw.uol.com.br/patentes.htm Acesso em: 05/12/2014.

Apenas serão concedidas patentes às invenções que não estejam abrangidas


pelo estado da técnica. Ainda que a invenção não esteja patenteada no país ou
no estrangeiro, se já se tratar de um invento exposto ao público antes do depó-
sito da patente no país, não poderá ser concedido o privilégio. Aquele que, em
viagem ao exterior, descobre uma invenção por lá disseminada, não terá direi-
to de patenteá-la no país, pois o estado da técnica também leva em conta o que
é acessível ao público em outros países. De fato, é nesse sentido que dispõe a
atual Lei de Patentes brasileira, no art. 11, §§ 1º e 2º. § 1º: O estado da técnica
é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes da data de

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depósito do pedido de patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou qual-
quer outro meio, no Brasil ou no exterior, ressalvado o disposto nos artigos
12, 16 e 17. § 2º: Para fins de aferição da novidade, o conteúdo completo de
pedido depositado no Brasil, e ainda não publicado, será considerado estado
da técnica a partir da data de depósito, ou da prioridade reivindicada, desde
que venha a ser publicado, mesmo que subsequentemente. Além da novida-
de, será necessário demonstrar a atividade inventiva, característica que será
reconhecida se, para um técnico no assunto, a pretensa invenção não decorrer
de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica (Lei de Patentes: “Art. 13.
A invenção é dotada de atividade inventiva sempre que, para um técnico no
assunto, não decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica”).

BOX 3

Federman exemplifica as condições para concessão de uma patente.

Se colocarmos meio quilo de sal em uma jarra com um litro de água, teremos
uma água salgada. Se nessa mesma jarra colocarmos 50 gramas de sal, é ób-
vio que a água ficará mais salgada. Logo, não existe, em relação ao estado da
técnica, nenhuma atividade inventiva em adicionarmos 50 gramas de sal em
um litro de água. Entretanto, se colocando essa pequena quantidade de sal o
sabor final da água for “doce”, aí então teríamos atividade inventiva, uma vez
que, utilizando procedimentos conhecidos, foi obtido um resultado diferente
e inesperado. Para que se conceda uma patente, é preciso ainda verificar se a
invenção apresenta alguma aplicação industrial.
Fonte: DUBEUX (2012).

Assim, por exemplo, produtos meramente decorativos não são patenteáveis


(podem até gozar de outra proteção legal, como o direito autoral, mas não da
patente de invenção). Daí por que o art. 10 da Lei de Patentes brasileira veda
o patenteamento de teorias científicas, métodos matemáticos, obras literárias
e estéticas, regras de jogo, etc. Por fim, embora não seja um requisito intrín-
seco à natureza da patente, Federman alerta que, além dessas três condições
intrínsecas para o patenteamento, é preciso acrescentar uma outra, de ordem
formal, relacionada ao pedido de patente: a suficiência descritiva.

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Trata-se, na verdade, de condição formal para que o pedido de patente seja
deferido. Apesar disso, essa é uma exigência extremamente relevante, pois
é justamente o que legitima o pedido de patente, eis que permite que tanto
o examinador de patentes, quanto a sociedade consigam entender e even-
tualmente reproduzir a invenção. É essa a moeda de troca pela garantia de
exclusividade de exploração da invenção. De fato, esclarece Denis Borges
Barbosa (BARBOSA, 2003): Como contrapartida pelo acesso do público ao
conhecimento dos pontos essenciais do invento, a lei dá ao titular da patente
um direito limitado no tempo, no pressuposto de que é socialmente mais pro-
dutiva em tais condições a troca da exclusividade de fato (a do segredo da tec-
nologia) pela exclusividade temporária de direito. Assim, para concluir a con-
ceituação de patente e sua relação com inovação e tecnologia, transcrevemos
novamente a lição de Barbosa: “patente, na formulação clássica, é um direito,
conferido pelo Estado, que dá ao seu titular a exclusividade da exploração de
uma tecnologia”. Registre-se, ainda, que, afora a patente de invenção, sobre
a qual discorremos brevemente acima, a legislação prevê também a patente
de modelo de utilidade. Segundo a Lei de Patentes (art. 9º), “é patenteável
como modelo de utilidade o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível
de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo
ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabri-
cação”. Como, porém, os modelos de utilidade estão relacionados em regra a
mudanças meramente incrementais nos produtos, não os abordaremos neste
material.

No Estado da evolução dos países rumo à economia do conhecimento, é pre-


ciso reconhecer a dificuldade em aferir a intensidade das inovações ou das
tecnologias. Os melhores indicadores desses conceitos em âmbito nacional
somente podem ser obtidos por meio de dispendiosas pesquisas de campo
com grande amostragem nacional. Daí por que a utilização de dados conso-
lidados de patentes se revela o melhor instrumento para avaliar a capacidade
tecnológica de um país, ainda que esse indicador apresente insuficiências. De
fato, o patenteamento em um país não é uma medida acurada do grau de ino-
vação presente em sua economia, pois alguns fatores distorcem uma aferição
precisa.

Influenciam nesse processo, distorcendo para maior ou menor: a cultura em-


presarial local; o ramo de atividade econômica; a utilização intensa do se-
gredo industrial em lugar da patente; a estrutura dos órgãos de registro de
patentes; o grau de integração das empresas locais com a economia mundial,
etc. Apesar das impropriedades, o registro de patentes, em larga medida, é o
principal indicador da produção tecnológica de um país. Como indica o rela-
tório da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – Fapesp – a
respeito da produção científica e tecnológica do estado de São Paulo, “esta-
tísticas de patentes contribuem para a avaliação da dimensão tecnológica de
sistemas de inovação”. (FAPESP, 2005).

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A Fapesp foi fundada em 1962, cumprindo disposição da Constituição esta-


dual de 1947, com o objetivo de incentivar e subsidiar a pesquisa e inovação
no Estado de SP, especialmente a desenvolvida nas universidades. Com auto-
nomia garantida por lei –, o que significa que os seus dirigentes, escolhidos
pelo Governador em listas tríplices, têm mandato fixo –, a Fapesp concede
auxílios a pesquisa e bolsas em todas as áreas do conhecimento e financia
outras atividades de apoio à investigação, ao intercâmbio e à divulgação da
ciência e da tecnologia e inovação em São Paulo. Atualmente, a Fapesp re-
cebe um percentual fixo dos impostos arrecadados no estado de São Paulo
e concedeu, em 2006, mais de 580 milhões de reais em bolsas e auxílios a
pesquisa, em diversas áreas, como Ciências Biológicas, Ciências da Saúde,
Ciências Exatas, Engenharias, Ciências Agrárias, Ciências Sociais Aplicadas,
Ciências Humanas, Letras, Linguística e Artes. Em Minas Gerais, a agência
Fapesp cumpre papel semelhante.
Fonte: Disponível em: www.fapesp.br e www.fapemig.br.

2.2 Instrumentos estatais de fomento à pesquisa e à tecnologia

A industrialização demorada exigiu estratégias econômicas distintas daque-


las adotadas por países cuja tecnologia já se encontrava no estado da arte. O
estudo da industrialização, mesmo em outros países com índices de desenvol-
vimento semelhantes, indica bem alguns dos mecanismos utilizados. A nossa
referência nesse assunto continua sendo DUBEUX (2009).

Entre os diversos mecanismos utilizados, podemos destacar avariadas políti-


cas que favorecem a indústria nascente, especialmente naqueles setores que
têm potencial de longo prazo: créditos subsidiados para determinados ramos;
proteção à produção nacional por meio de tarifas aduaneiras; quotas de im-
portação; isenção tributária para importação de máquinas; equipamentos e
insumos essenciais; apoio à exportação de produtos; tributação da exportação
de itens com baixo grau de tecnologia e redução progressiva dos encargos
para a alta tecnologia; benefícios tributários para a industrialização, etc.

Todas essas ações, com variações e combinações distintas de modalidade e


de intensidade, foram aplicadas pelos países em sua largada de industrializa-
ção. A Inglaterra, os Estados Unidos, a Alemanha, a França, o Japão, nenhum
deles deixou de fazer uso dessas políticas defendidas pelo norte-americano
Alexander Hamilton (1791) e pelo alemão Friederich List (1841), arquitetos
teóricos da industrialização de seus países. As opções de política industrial

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dos países latino-americanos e dos países do Leste asiático (os tigres asiáti-
cos) não foram por outro caminho: em alguns casos, como a Coreia, houve
apenas um aprimoramento das medidas, visando a torná-las mais eficazes
(CANUTO, 1994; CHANG, 2004).

Em Instituições e políticas moldando o desenvolvimento industrial, numa


nota introdutória, Cimoli, Dosi, Nelson e Stiglitz (2006) apontam o estrei-
tamento das opções de política industrial nos últimos anos do século XX.
Pressões internacionais de variadas espécies restringiram o rol de políticas
que as nações em desenvolvimento podiam escolher no processo de empare-
lhamento. Como apontam os autores citados, é preciso considerar a fragilida-
de da tese de que as políticas públicas só se fazem necessárias, do ponto de
vista teórico, quando existirem falhas de mercado (concorrência imperfeita,
informação assimétrica, externalidades, etc.).

Dubeux (2009) ressalta que, apesar da polêmica que envolve o tema, a ideia
das falhas de mercado pode conduzir a erro, pois presume que as condições
sob as quais se desenvolve a economia comum estariam, em regra, apartadas
dessas falhas. Para os autores, porém, não é bem isso o que ocorre, como
explica o excerto a seguir: Ao contrário: o problema está em que dificilmente
uma situação empírica qualquer apresentará alguma semelhança significa-
tiva com tal “padrão de medida” – por exemplo, em termos de plenitude do
mercado, de perfeição da concorrência, dos conhecimentos possuídos pelos
agentes econômicos, da imutabilidade das tecnologias e preferências, da “ra-
cionalidade” da tomada de decisões, etc.

O grau de liberdade vigente para os países formularem suas políticas ainda


permite adoção de algumas medidas importantes. Sua utilização, porém, va-
riará conforme o setor e a tecnologia e, também, segundo a distância de cada
país em relação ao alcance tecnológico.

As medidas que Cimoli et al. (2006) destacam como ainda possíveis, em al-
guma sorte, encontram-se transcritas na tabela 1, a qual sintetiza as principais
providências para o processo de aprendizado tecnológico, indicando seus pro-
pósitos específicos e as instituições incumbidas de sua execução.

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Tabela 1: Classificação das variáveis e dos processos que atuam nas instituições
e políticas (fatores gerais e fatores relativos ao aprendizado tecnológico).
ÁREAS DE INTERVENÇÃO INSTITUIÇÕES
MEDIDAS DE POLÍTICAS
DE POLÍTICAS RELACIONADAS
(I) Oportunidades de inovação Políticas científicas, cursos de pós- Universidades de pes-
científica e tecnológica graduação, projetos tecnológicos de quisa, centros púbicos
fronteira. de pesquisa, instituições
médicas, agências espaciais
e militares, etc.
(II) Aprendizado e aptidões tec- Políticas educacionais e de treina- Da educação primária
nológicas socialmente distribuí- mento em sentido amplo. às escolas politécnicas,
dos. aos land-grant colleges
dos EUA.
Medidas de apoio direciona- Da formação de empresas de proprie- Holdings de proprieda-
das à indústria, afetando, por dade do Estado à sua privatização, de estatal, bancos mer-
exemplo, os tipos de firmas, etc. das políticas para “campeões nacio- cantis públicos, capita-
— primordialmente a estrutura, a nais” a políticas que afetam os inves- listas de risco do setor
propriedade e as formas de gover- timentos de empresas multinacionais, público, empresas de
nança das formas mercantis (lo- passando por toda a legislação relati- utilidade pública.
cais versus estrangeiras, empresas va à governança empresarial.
de propriedade familiar versus
companhias de capital aberto,
etc.).
As capacidades dos agentes eco- Cf. especialmente os pontos (ii), (iii) Agências reguladoras
nómicos (em primeiro lugar as e também as políticas de P & D e po- vinculadas, agências
de firmas mercantis) em termos líticas que afetam a adoção de novos que controlam os subsí-
de conhecimentos tecnológicos equipamentos etc. dios à pesquisa e à pro-
incorporados a eles. a eficiência dução, entidades con-
e velocidade com que buscam o troladoras do comércio,
acesso a novos avanços tecnoló- agências que concedem
gicos e organizacionais etc. e controlam os Direitos
de Propriedade Intelec-
tual.
(V) Os sinas e os incentivos eco- Regulação de preços, tarifas e quotas Autoridades antitruste,
nômicos percebidos pelos agen- no comércio internacional, regimes instituições que con-
tes com fins lucrativos (viciando de Direitos de Propriedade Intelectu- trolam os processos de
preços e taxas de lucratividade al, etc. falência, etc.
reais e esperados, condições
para a apropriabilidade de ino-
vações, barreiras ao ingresso,
etc.).
(VI) Mecanismos de seleção Políticas e legislação antitruste e que
(superpostas às acima mencio- regulam a concorrência, o ingresso no
nadas) mercado e as falências; alocação de fi-
nanciamentos; mercados para proprie-
dade empresarial, etc.
(VII) Padrões de distribuição de Governança dos mercados de tra-
informações e de interação entre balho, dos mercados de produtos,
os diferentes tipos de agentes relações entre os bancos e o setor
(como clientes, fornecedores, produtivo, etc., passando por todos
bancos, acionistas, administra- os arranjos coletivamente comparti-
dores, trabalhadores, etc.). lhados para o controle e a mobilidade
do compartilhamento de informações
no interior das firmas, formas de co-
operação e concorrência entre firmas
rivais, etc.
Fonte: DUBEUX, 2010.

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2.3 Institutos públicos de pesquisa e suas relações com empresas privadas

Com o Acordo Trips, em 1994, consolidou-se um novo regime internacional


da propriedade intelectual, com profundas alterações decorrentes da fixação
de regras mais rigorosas (DUBEUX, 2009). O novo regime impôs às nações
em desenvolvimento a busca de novos mecanismos para estimular o progres-
so tecnológico, tais como modificações no tipo de educação ofertado e no
papel dos institutos públicos de pesquisa, já que a simples cópia de produtos
estrangeiros ficou restrita. Nesse contexto se insere a temática da integração
dos institutos públicos de pesquisa com as empresas.

BOX 4

O Acordo TRIPS / ADPIC (em português)

O Acordo Relativo aos Aspectos do Direito da Propriedade Intelectual Rela-


cionados com o Comércio – ADPIC, mais conhecido como TRIPS (devido às
iniciais em inglês do Tratado), é um tratado Internacional, integrante do con-
junto de acordos assinados em 1994, que encerrou a Rodada Uruguai e criou
a Organização Mundial do Comércio, para reduzir distorções e obstáculos ao
comércio internacional, levando em consideração a necessidade de promover
uma proteção eficaz e adequada dos direitos de propriedade intelectual e as-
segurar que as medidas e procedimentos destinados a fazê-los respeitar não se
tornem, por sua vez, obstáculos ao comércio legítimo.
Fonte: http://www.proppi.uff.br/portalagir/legislacao-sobre-patentes. Acesso em 15/12/2014.

Dubeux (2009) relata que a principal referência na literatura sobre essa inte-
gração é Henry Etzkowitz, que propôs o modelo denominado hélice tripla.
Segundo o modelo, a integração entre governos, academia e empresas geraria
um ambiente propício ao desenvolvimento tecnológico, já que permitiria reu-
nir aspectos relevantes de cada um desses três atores, formando uma relação
virtuosa entre eles e estabelecendo uma dinâmica favorável à pesquisa e ao
desenvolvimento tecnológico (PRADO; PORTO; MECENAS, 2002 e DAG-
NINO, 2003).

Segundo esse modelo conceitual da tripla hélice, as mudanças profundas por


que passa a economia moderna – tanto na forma de produzir ciência como na
incorporação do conhecimento à produção de bens e serviços – estão a exigir
uma nova configuração de forças institucionais (empresas, universidades e

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governo), uma vez que cada vez mais a inovação está baseada no conheci-
mento. Assim, identificam-se duas tendências principais para a universidade:
a primeira consiste no deslocamento para uma dependência sempre maior da
produção de conhecimento para a economia, ao passo que a segunda corres-
ponde à atuação da universidade como guia das ações futuras na produção do
conhecimento e suas implicações para a sociedade. O fato é que as universi-
dades se tornaram parte da infraestrutura do novo modelo econômico e passa-
ram a ser cobradas como um relevante recurso de promoção da tecnologia em
que se baseia a economia moderna (PRADO; PORTO; MECENAS, 2002).

Figura 11: Esquema básico do modelo tripla hélice, envolvendo governo, empresas e univer-
sidades.
Fonte: http://politicasdeinovacao.wordpress.com Acesso em: 15/12/2014.

Na América Latina, em que universidades e indústrias têm habitualmente con-


vivido de modo apartado, sendo a academia parte da esfera governamental,
considera-se a hélice tripla um modelo normativo. Afinal, por esse modelo se
propõe uma nova configuração institucional para promover a inovação, supe-
rando as rígidas fronteiras que separam essas instituições. Desse modo, por
meio dessa estratégia, busca-se criar um ambiente mais flexível, em que cada
uma das hélices assumiria parte do papel da outra: a universidade promoveria
novas empresas por meio da incubação; as empresas cumpririam um papel
educacional por meio de seus centros de pesquisa; o governo desempenharia
o papel de financiador de empreendimentos de risco (pesquisa e desenvolvi-
mento) e de colaborador de pesquisas entre empresas e institutos públicos de
pesquisa, em favor do aumento da competitividade nacional (ETZKOWITZ,
2002).

Ainda segundo Etzkowitz, do lado das empresas, a motivação para essa in-
tegração partiria: a) do custo crescente da pesquisa associada ao desenvolvi-
mento de produtos e serviços necessários para assegurar posições vantajosas

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num mercado cada vez mais competitivo; b) da necessidade de compartilhar
o custo e o risco das pesquisas pré-competitivas com outras instituições
com financiamento estatal; c) do elevado ritmo de introdução de inovações no
setor produtivo e da redução do intervalo de tempo que decorre entre a obtenção
dos resultados e sua aplicação; d) da redução dos recursos públicos para pesquisas
em setores que gozavam de amplo apoio anteriormente, especialmente o comple-
xo industrial-militar (item aplicável sobretudo aos Estados Unidos).

Etzkowitz (2002) ressalta a perspectiva das universidades acerca deste tema.


As razões principais, sob esta ótica, seriam: a) dificuldade crescente para obter
recursos públicos para pesquisa e expectativa de que esses recursos pudessem
ser fornecidos pelo setor privado, em razão do potencial de retorno comercial
dos resultados; b) legitimação da comunidade acadêmica na sociedade, que é,
afinal, quem custeia sua estrutura (mostrar que as universidades fazem algo
de “útil” à sociedade). Do lado do governo, o interesse se concentraria em
promover o desenvolvimento tecnológico e econômico do país, o que seria
obtido pela otimização dos parcos recursos em atividades de pesquisa que
produzissem grandes externalidades em termos de ganhos financeiros para a
sociedade.

Ocorre que, mesmo para formar mão de obra qualificada para trabalhar em
centros de pesquisa empresariais, é útil alguma aproximação da universidade
com os interesses mais imediatos das indústrias locais e mesmo das práticas
de pesquisa e desenvolvimento. Por certo, é relevante a preocupação com a
não mercantilização das instituições públicas, mas a realidade das universida-
des brasileiras é bem diversa. Em rigor, há uma separação contundente entre
os centros públicos de pesquisa e as empresas privadas, com raras exceções.
Uma aproximação entre esses atores, aparentemente, poderia gerar resultados
significativos. Daí por que este trabalho considera que o estudo da integração
entre os institutos públicos de pesquisa e as empresas privadas, juntamente
com seus mecanismos de implementação, pode revelar um importante fator
na produção de processos e de produtos inovadores, o que se manifestaria por
meio de um número maior de patentes nos países que melhor otimizassem o
funcionamento dessa tripla hélice.

2.4 Um breve histórico das leis de patentes no brasil

Não foi o Acordo Trips que impôs uma legislação de patentes ao Brasil. Pelo
contrário, o Brasil é um dos primeiros países a prever, em suas leis, regras
para conferir benefícios aos inventores. Já com Dom João VI, ainda antes da
independência, foi editado o Alvará de 28.04.1809, garantindo aos inventores
o privilégio de exploração exclusiva de seu invento por quatorze anos. Isso
fez do Brasil uma das quatro primeiras nações, no mundo, a dispor de legis-
lação nessa área (BARBOSA, 2003).

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Com a proclamação da independência e outorga da primeira Constituição do
Brasil por D. Pedro I, o privilégio dos inventores passou a gozar de respal-
do constitucional. De fato, a Constituição Política do Império do Brasil, de
25.03.1824, assim dispunha: Art. 179. [...] XXVI. Os inventores terão a pro-
priedade das suas descobertas, ou das suas produções. A Lei lhes assegurará
um privilégio exclusivo temporário, ou lhes remunerará em ressarcimento da
perda, que hajam de sofrer pela vulgarização. Durante o século XIX, houve
alterações na legislação: em 1830 (na prática, a lei restringiu a concessão do
benefício apenas aos inventores nacionais) e em 1882 (a nova lei flexibilizou
a concessão da vantagem também para estrangeiros).

Essa última lei foi editada pouco antes das negociações que culminaram na
aprovação da Convenção de Paris, em 1883. A legislação já atendia funda-
mentalmente às regras do acordo internacional, de tal modo que não foi
necessário proceder a mudanças nas leis nacionais (DUBEUX, 2010). Como
apontamos no capítulo anterior, as grandes diretrizes da Convenção de Paris
consistiam em tratamento nacional (isto é, o estrangeiro deveria ser tratado
tal qual o nacional), prioridade unionista (fixava prazo para postular a patente
em outros países) e territorialidade (a patente se aplica apenas ao território do
país que a reconhece).

Dubeux (2010) afirma que merece destaque o fato de que esse tratado não
uniformizava regras, nem impunha direitos patentários: apenas fixava que,
caso o país entendesse conveniente a concessão de patentes, não poderia dei-
xar de reconhecê-las também para os estrangeiros. Afora pequenas mudanças
acessórias, a nova grande mudança na legislação nacional ocorreu com o
Dec.-lei 7.903, de 27.08.1945, que instituiu o Código de Propriedade Indus-
trial. Essa norma se manteve em vigor até que o novo Código de Propriedade
Industrial fosse editado em 21.12.1971 (embora as normas de caráter penal
daquele tenham se mantido em vigor até a década de 1990).

Um ano antes do novo Código de Propriedade Industrial, foi criado o Insti-


tuto Nacional de Propriedade Industrial – INPI, por meio da Lei 5.648, de
11.12.1970. Essa nova autarquia federal ficou incumbida de examinar os pe-
didos de propriedade industrial, sucedendo ao departamento anteriormente
existente. Ocorre que, até meados da década de 1990, à propriedade industrial
não era conferida tanta preocupação. Em rigor, o país lançava mão do frá-
gil sistema de patentes para copiar produtos estrangeiros, evitando arcar com
os altos e arriscados custos das pesquisas e evitando o pagamento de royalties
aos inventores estrangeiros (DUBEUX, 2010).

A atual sede do INPI se encontra no Rio de Janeiro e foi transferida do edifí-


cio “A Noite” para o edifício da “White Martins”, no início de 2007. Atual-
mente ainda existem atividades do INPI no edifício “A Noite”.

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As leis brasileiras de patentes, de fato, visava, prioritariamente, promover o de-
senvolvimento econômico do País. Para isso, o Código de Propriedade Industrial
de 1971 previa o patenteamento de produtos e de processos, mas estabelecia ex-
ceções (no artigo 9º da referida lei), entre as quais alimentos, produtos farmacêu-
ticos, ligas metálicas e microrganismos (DUBEUX, 2010). A duração da patente
era de 15 anos, contados a partir da data do depósito do pedido de concessão no
INPI. A lei exigia ainda que a patente fosse explorada no País, isto é, a mera im-
portação do produto não eximiria o detentor da patente de explorá-la localmente,
cabendo a licença compulsória, em caso de descumprimento (art. 33).

Posteriormente, o Brasil viu na sua legislação doméstica a interferência da


mudança do regime internacional de propriedade industrial, iniciada em mea-
dos dos anos 80. Nesse período, é válido examinar o que ocorreu com a pro-
dução de patentes, quer em nível nacional, quer em nível internacional. Isto é,
quer avaliar se a modificação legislativa resultou num esforço das empresas
para ampliar suas atividades de patenteamento.

Segundo Dubeux (2010), no âmbito nacional, os pedidos de depósito de pa-


tentes de pessoas físicas e jurídicas no INPI resultaram no gráfico 1:

Gráfico 1: Pedidos de patentes depositados no INPI,


no período de 1990 a 2006.

Fonte: DUBEUX, 2010.

É possível observar que, em número total de patentes, houve certo aumento


a partir da publicação da nova lei de patentes, em 1996. No entanto, confor-
me indica o gráfico 1, a quantidade de patentes obtidas por residentes não se
alterou significativamente. Pode-se dizer, portanto, que há um aumento do in-
teresse internacional no mercado brasileiro, mas a atividade inovadora reali-
zada no próprio País não mostrou sinais substantivos de avanço após a Lei de
Patentes (DUBEUX, 2010). Tal indicador, vale esclarecer, diz respeito apenas
a pedidos de patentes, e não a expedições de carta-patente (etapa final).

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Acerca da concessão de cartas-patente, os números são mais medianos,
conforme gráfico 2 (Os valores incluem a soma dos privilégios de inven-
ção – PI, modelos de utilidade – MU, e certificados de adição – CA):

Gráfico 2: Concessão de patentes de privilégio de invenção,


no período de 1990 a 2006.

Fonte: DUBEUX, 2010.

Os números não mostram nenhuma tendência de aumento substancial na ati-


vidade de patenteamento no Brasil. Em exatidão, exceto pelo ano 2000, de-
monstram uma trajetória de relativa estagnação, embora outros indicadores
sugiram que as atividades de P&D no Brasil tenham crescido nos últimos
anos, mesmo que em ritmo lento. No cenário internacional, o indicador prin-
cipal de patentes é o escritório norte-americano de patentes, o USPTO, por ser
o mercado mais significativo do planeta, comportando um número de paten-
tes, cujo primeiro titular brasileiro resultou no quadro exposto no gráfico 3:

Gráfico 3: Concessão de patentes no USPTO a residentes no Brasil.

Fonte: DUBEUX, 2010.

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Enxerga-se, portanto, que houve modificação tênue na produção de paten-
tes por empresas brasileiras após a nova legislação (1996-1997). Embora te-
nha havido alguma melhoria a partir de 1998, é preciso observar que avan-
ços de proporção equivalente também aconteceram no início da década de
1990, mesmo sem nova legislação. É certo que a lei, sozinha, não modifica
a realidade. É preciso ponderar, na verdade, que essa melhoria sutil, quando
comparada com os saltos verificados por outros países no mesmo período,
representa avanço quase vegetativo da produção de patentes no Brasil. Tra-
ta-se de mudança restrita a casadas unidades, ao passo que os avanços da
Coreia fizeram os números saltar das unidades para os milhares. Para que as
empresas brasileiras se movimentassem no sentido de investir em pesquisa e
desenvolvimento, seriam necessários outros mecanismos adicionais. O que
se quer enfatizar, por enquanto, é que a adoção de uma legislação rigorosa de
patentes no Brasil aconteceu sem que as empresas locais estivessem inseridas
e preparadas para o novo modelo de competição em torno do conhecimento
(DUBEUX, 2010).

2.5 Situação atual de patentes no brasil

2.5.1 Documento de Revisão da Lei de Patentes

Os trechos a seguir foram transcritos do documento de revisão da lei de pa-


tentes, publicado pela Câmara dos Deputados, em 2013, tendo como relator o
deputado Newton Lima Neto.

Entendemos que a nossa Lei da Propriedade Industrial (Lei 9.279/1996) é


atual e está em plena sintonia com as demais legislações modernas (espe-
cialmente as europeias), bem como com os tratados internacionais vigentes,
assinados pelo Brasil. A respeito do polêmico ponto das patentes pipelines,
entendemos que essa medida foi razoável e acertada para o momento de tran-
sição da legislação patentária pelo qual passava o País, de tal maneira que
esse tipo de patente foi importante instrumento para propiciar grandes bene-
fícios à indústria farmacêutica, à época. Dessa forma, entendemos que a le-
gislação de patentes atende de forma satisfatória à indústria nacional (LIMA
NETO, 2013).

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BOX 5

Patentes pipelines

O termo “patente pipeline” surge da expressão do inglês in the pipeline, que,


em tradução livre, pode ser interpretada como algo que está sendo discutido,
planejado ou preparado para advir em um momento não muito distante. (OX-
FORD ADVANCED LEARNER’S DICTIONARY, 2005, p. 1144).

A patente pipeline é um instituto que permite o depósito - perante o INPI - de


pedidos de patentes de determinados produtos e processos de obtenção ou
modificação desses produtos, enquanto estes ainda não foram postos no mer-
cado - ou seja, ainda estão na fase de planejamento. Está prevista nos artigos
229, 230 e 231 da Lei nº 9.279/1996 que regula os direitos e obrigações rela-
tivos à propriedade industrial.
FONTE: www4.jfrj.jus.br/seer/index.php/revista_sjrj/article/view/245/233 Acesso em 16/12/2014.

Por outro lado, no que concerne às possíveis e futuras alterações na legislação


de patentes do Brasil, mais precisamente no campo das mudanças que viabili-
zam a flexibilização da concessão, há grande necessidade de se fomentar um
debate aprofundado sobre o assunto. A propósito, o tema tem vindo frequen-
temente à tona, pois, notadamente, vários são os casos práticos de mudanças
nesse sentido em legislações de países como Japão, Coreia do Sul, China e
Estados Unidos, sendo válido ressaltar que a Europa tem se mantido inerte
no que tange a tal flexibilização (LIMA NETO, 2013). No entanto, afirmar
que o Brasil deve seguir essa corrente na flexibilização dos requisitos é algo
bastante discutível, pois não há consenso ou maioria significativa de opiniões
formadas sobre a questão. Além disso, mesmo que as legislações de patentes
sejam parecidas em seus conceitos e praxes, por força da uniformização im-
posta pelos diversos tratados internacionais que regulam a propriedade inte-
lectual no mundo, os países citados possuem realidades e cenários jurídicos,
econômicos e culturais diferentes dos nossos, de tal modo que a aplicação
incauta de emendas legislativas iguais às estrangeiras ou, ainda, a criação de
adaptações legislativas dos conceitos aplicados no exterior (“nacionalização”
dessas flexibilizações) pode gerar dispositivos legais que não atendam às re-
alidades e necessidades brasileiras (LIMA NETO, 2013).

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Figura 12: Capa do documento de revisão da lei de patentes, publicado em 2013.


Fonte: http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/14796/revisao_lei_patentes.pdf?sequence=1%20
Acesso em: 16/12/2014.

Por isso, inicialmente, mais do que ter pressa para adaptar ou criar disposi-
tivos que versem sobre tal flexibilização, é necessário, como dito, promo-
ver um profundo e amplo debate, o qual, fatalmente, deverá recair sobre as
proibições previstas do art. 10 da nossa Lei da Propriedade Industrial (Lei nº
9.279/1996). Nesse sentido, o largo escopo dessas proibições precisa ser dis-
cutido com o intuito de verificar se a sua possível flexibilização atenderia de
forma satisfatória aos interesses da indústria (LIMA NETO, 2013).

Por fim, cabe a ressalva e a recomendação de que, para acompanhar essa dis-
cussão de forma enriquecedora, o Brasil precisa, ainda, aprimorar o sistema
de exame de patentes e seus mecanismos de avaliação, incluindo nesses pon-
tos a capacitação e atualização dos examinadores do INPI e a maior agilidade
da concessão de patentes (LIMA NETO, 2013). Dessa forma, a maturidade
dos mecanismos e conceitos de exame e avaliação proporcionarão um apro-
veitamento maior da discussão sobre uma possível flexibilização da conces-
são de patentes no Brasil.

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Segundo Lima Neto (2013), a quantidade de pedidos de patentes perante o
INPI vem aumentando a cada ano. O número de examinadores de patentes do
Instituto não vem acompanhando, contudo, o aumento dos pedidos de patentes,
o que, entre outros motivos, vem gerando um atraso considerável no exame das
patentes – o que se chama de backlog. O gráfico a seguir indica que o número de
pedidos de patentes pendentes de análise, de 2005 a 2011, cresceu 56%, passando
de 110.854 pedidos pendentes de análise, para 173.000 pendências:

Gráfico 4 : Evolução de pedidos de patentes com análise pendente (backlog).

Fonte: LIMA NETO, 2013.

De 2005 em diante, o número de examinadores de patentes do INPI dobrou, o


que corresponde a um avanço digno de aplauso. Dados de 2008 indicam que
o INPI possuía 275 examinadores de patentes naquele ano. No final de 2011,
segundo relatório de gestão da Diretoria de Patentes (DIRPA) do INPI, o nú-
mero de examinadores de patentes tinha caído para 229. Segundo Lima Neto
(2013), em 2012, por meio de declarações públicas do Instituto, bem como
por meio de amostragem do sistema interno, avalia-se que o INPI possuía cer-
ca de 230 examinadores de patentes – diminuição em relação a 2008, devido a
transferências para outras diretorias, saídas do Instituto, aposentadorias, entre
outros fatores. Esses números de examinadores é insuficiente para dar conta,
com a devida qualidade, dos exames dos crescentes pedidos de patentes pe-
rante a autarquia.

2.5.2 Documento de Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação 2012-2015

Os trechos a seguir foram transcritos do documento Estratégia Nacional de


Ciência, Tecnologia e Inovação 2012-2015, publicado em 2011 como sendo
um balanço das atividades estruturantes pelo Ministério de Ciência, Tecnolo-
gia e Inovação do Brasil.

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O Brasil viveu, nos últimos anos, especialmente a partir de 2003, um processo
de inflexão em seu padrão de desenvolvimento, superando parte importan-
te das históricas restrições ao seu processo de crescimento econômico. São
inegáveis os avanços obtidos pela economia brasileira no que diz respeito ao
crescimento e dinamismo do seu mercado interno e à ampliação de sua inser-
ção internacional, a qual também avançou na esfera política, notadamente no
âmbito da América Latina, da África e do G-20 (MCTI, 2012).

Segundo o MCTI (2012), a redução da vulnerabilidade externa e da fragili-


dade fiscal à estimativa da relação entre a dívida líquida e o PIB para 2011
é de 39%, e o fortalecimento do mercado interno como vetor dinâmico da
economia, a partir de um inédito processo de redução da pobreza – mais de
40 milhões de pessoas retiradas da condição de pobreza nos últimos oito anos
– contribuíram para que o País fosse relativamente menos afetado logo após
a eclosão da crise internacional, em 2008. Soma-se a isso o fortalecimento de
instrumentos relevantes de planejamento e regulação econômica do Estado
Brasileiro.

É papel do MCTI impulsionar essa nova economia brasileira, apoiando os


setores portadores de futuro, preparando o Brasil para a economia do conhe-
cimento e da informação, auxiliando na transição para uma economia verde e
criativa e contribuindo para a inclusão produtiva. Esse documento estabelece
diretrizes para consolidar um sistema nacional de C,T&I capaz de conjugar
esforços em todos os âmbitos – federal, estadual, municipal, público e priva-
do – e promover o aperfeiçoamento do marco legal e a integração dos diferen-
tes instrumentos de apoio a C,T&I disponíveis no País (MCTI, 2012).

Propõem-se ainda, estratégias e linhas de atuação para expandir e fortalecer


a infraestrutura de pesquisa e desenvolvimento – os recursos destinados, por
exemplo, ao apoio à expansão da pós-graduação, ao fortalecimento dos ins-
titutos de pesquisa científica e tecnológica e à criação e ampliação de labora-
tórios multiusuários serão significativamente ampliados. Destaca-se o impor-
tante papel desempenhado pelos institutos do MCTI, que preenchem lacunas
em áreas onde o País ainda não tinha competências instaladas, e que estão
sendo redesenhados para fazer frente ao desafio do adensamento da pesquisa
e da intensificação da relação com as empresas (MCTI, 2012).

O documento alerta que linhas de ação da ENCTI (Estratégia Nacional de


Ciência, Tecnologia e Inovação) visam, igualmente, ampliar e robustecer a
formação de recursos humanos estratégicos, com foco nas ciências básicas e
nas engenharias – o programa Ciência sem Fronteiras, uma parceria do MCTI
com o Ministério da Educação (MEC) e o setor privado, tem previsão de 100
mil bolsas no exterior e vai permitir forte intercâmbio com as melhores insti-
tuições de ensino superior e de pesquisa do mundo e o consequente aumento
da inserção da ciência brasileira nas redes internacionais de P&D.

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Ainda conforme o MCTI (2012), da mesma maneira, o fortalecimento da Fi-
nanciadora de Estudos e Projetos (FINEP), acompanhado de aumento expres-
sivo dos recursos de crédito, por meio de aporte de recursos do BNDES, entre
outros; a consolidação do Sistema Brasileiro de Tecnologia (SIBRATEC),
imprescindível na prestação de serviços e na extensão tecnológicos; a criação
da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação industrial (EMBRAPII), em
parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), que trará nova
institucionalidade e agilidade na interação com as empresas, são todas impor-
tantes ações já em andamento.

Ciência, tecnologia e inovação como eixo estruturante do desenvolvimento do Brasil

Nos anos recentes alcançaram-se avanços significativos. Desde meados dos


anos 2000, os recursos financeiros destinados aumentaram expressivamente;
fortaleceu-se, institucionalmente, o sistema de C,T&I; elevaram-se a quanti-
dade e a qualificação dos recursos humanos nas diversas áreas do conheci-
mento; ampliou-se a infraestrutura de P&D com desconcentração e redução
de assimetrias regionais, inserindo de forma definitiva a ciência brasileira
no cenário internacional. Entretanto, observa-se que, embora instrumentos de
promoção da pesquisa e da inovação tenham sido criados e aperfeiçoados, 20
anos de recessão e de hiperinflação levaram o setor privado a inovar pouco
para o mercado e a adotar uma cultura passiva em relação à transferência de
tecnologia, o que só começa a mudar mais recentemente (MCTI, 2012).

Segundo o MCTI (2012), com a edição da Lei de Inovação e da Lei do Bem,


o Brasil passou a contar com um sistema mais integrado e coerente para a
indução da inovação nas empresas. Atualmente as empresas brasileiras que
investem em P&D dispõem de uma série de incentivos e facilidades, entre os
quais (i) incentivos fiscais à P&D semelhantes aos principais Países do mun-
do (automáticos e sem exigências burocráticas), (ii) possibilidade de subven-
ção a projetos considerados importantes para o desenvolvimento tecnológico,
(iii) subsídio para a fixação de pesquisadores nas empresas, (iv) programas
de financiamento à inovação de capital empreendedor, e (v) arcabouço legal
mais propício para a interação universidade/empresa.

A ambiência favorável à inovação, segundo o MCTI (2012) aliada à conjun-


tura econômica brasileira, tem atraído para o País maiores investimentos e
centros de P&D de empresas com presença global. O empresariado brasileiro
se mobiliza para difundir a importância da inovação para a competitividade e
para explicar os instrumentos disponíveis de apoio à inovação. A Mobilização
Empresarial para a Inovação (MEI), lançada pela Confederação Nacional da
Indústria (CNI) em 2009, representa uma nova atitude, que tem propiciado
mais parcerias com o MCTI.

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É relevante ressaltar que os esforços se consolidaram no Plano de Ação em
Ciência, Tecnologia e Inovação 2007-2010 (PACTI), anunciado em novem-
bro de 2007, que fortaleceu a articulação entre a política de C,T&I, as demais po-
líticas de Estado e os vários atores do sistema nacional de C,T&I (MCTI, 2012).

Figura 13: Articulação da política de C, T & I com as principais políticas de Estado e a inte-
gração dos atores.
Fonte: MCTI, 2012.

No entanto, essa retrospectiva positiva não significa que o País possa simples-
mente replicar as medidas até aqui adotadas para permanecer numa trilha de
sucesso. Ao contrário, parte dos avanços realizados no plano socioeconômico
e no desenvolvimento de competências científico-tecnológicas tenderá a di-
luir-se na ausência de esforços renovados, tanto para fortalecer a capacidade
competitiva da indústria nacional como para sustentar a trajetória ascendente
dos investimentos (MCTI, 2012).

Segundo esse documento, as modificações ocorridas na economia mundial ao


longo dos últimos anos, algumas delas aprofundadas por crises financeiras,
alteraram as condições de concorrência e competitividade na escala global.
A emergência da China como potência econômica modificou a estrutura e a
dinâmica da economia mundial. O extraordinário crescimento da indústria
chinesa e sua transição para uma economia crescentemente urbanizada tem
gerado forte demanda por alimentos e matérias-primas. Os desafios postos ao
Brasil por essa nova configuração do cenário externo são hoje gigantescos,
mas abrem, também, oportunidades para que o País dê o tão desejado salto
tecnológico.

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Para o Brasil, grande produtor e exportador de commodities, o cenário glo-
bal tende a induzir a especialização primário-exportadora. A ampliação das
commodities na pauta de exportações brasileira e a crescente participação das
importações no consumo doméstico, principalmente nos segmentos de mé-
dia-alta e alta tecnologias, são evidências desse movimento que impacta a
estrutura produtiva brasileira. É de se esperar que, em um próximo momento,
aumente a participação dos setores produtores de commodities na estrutura
produtiva do País, em virtude da elevada rentabilidade relativa desses produ-
tos frente aos produtos industrializados (MCTI, 2012).

Considerando-se seu potencial e a sua capacidade científica e tecnológica em


diversas áreas, a dinâmica do seu mercado interno e o grau alcançado pelo
seu desenvolvimento industrial, MCTI (2012) afirma que o País reúne as con-
dições necessárias para diversificar a pauta comercial em direção a produtos
mais intensivos em conhecimento, condição fundamental para o desenvolvi-
mento no longo prazo.

Entretanto, é evidente que um País que não produz tecnologia de forma com-
petitiva não tem condições de exportá-la. Por isso, políticas de inovação bem
elaboradas e eficientes são fundamentais para agregar valor à estrutura produ-
tiva no longo prazo. Essa compreensão requer opções ousadas na produção de
conhecimento e de inovações na economia brasileira, estimulando setores e
tecnologias por meio dos quais o País terá condições de se tornar um ator rele-
vante no cenário mundial. Nesse sentido, o Brasil precisa aproveitar as opor-
tunidades existentes no mercado internacional para aprofundar o processo de
ganhos de produtividade e de diversificação da sua economia (MCTI, 2012).

O MCTI (2012) reforça que é importante salientar, também, que o papel de-
sempenhado pela CT&I na competitividade entre nações não se limita à es-
fera econômica. Atuando a inovação e o conhecimento como os motores da
política de desenvolvimento, é essencial que a disseminação de novos conhe-
cimentos e novas tecnologias e métodos sejam capazes de ampliar o acesso
da população a novos bens e serviços, os quais gerem melhorias concretas
para a coletividade, diminuindo, assim, as desigualdades sociais existentes. A
continuidade do atual ciclo de crescimento da economia brasileira e a cons-
trução de um novo padrão de desenvolvimento sustentável demandam uma
maior centralidade da política de desenvolvimento científico e tecnológico e
de inovação.

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Figura 14: Diretrizes do Governo Federal para a política nacional de ciência, tecnologia e
inovação.
Fonte: MCTI, 2012.

Resumo

Na aula 2, vimos que o processo de inovação tecnológica está intimamente


ligado a políticas e regulamentações nacionais e internacionais, além de polí-
ticas de incentivo à pesquisa e criação de novos produtos e processos.

Vimos ainda que a economia de um país está diretamente ligada à sua capa-
cidade de inovar. Aprendemos o conceito de patentes – concessão pública,
conferida pelo Estado, que garante ao seu titular a exclusividade ao explorar
comercialmente a sua criação – e que há uma série de normas e legislações
para assegurar os direitos e deveres dos autores de criações.

Percebemos que, embora a tecnologia tenha sofrido seus maiores avanços nas
últimas décadas, essas discussões acerca de patentes e inovações no Brasil da-
tam do século XVIII, quando Dom João VI lançava o Alvará de 28.04.1809,
que garantia aos inventores o privilégio de exploração exclusiva de seu in-
vento por quatorze anos. Desde então foi realizado um esforço envolvendo
governo, universidades e organizações, a fim de atingir os melhores índices
de inovação tecnológica.

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Por fim, nosso trabalho mostra a situação atual das leis de patentes no Brasil,
apresentando informações do documento de Revisão da Lei de Patentes e do
documento de Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, rela-
tando, assim, um panorama favorável à situação brasileira no que diz respeito
a criação de patentes. Segundo tais documentos, o governo federal está ante-
nado com essa importância e pretende investir, cada vez mais, nos motores
que propulsionam a economia – a tecnologia e a inovação.

1. Qual a relação entre evolução tecnológica, inovação e o conceito de patente?

2. De quais formas o Estado pode fomentar a inovação e criação de novas


tecnologias?

3. Em síntese, qual a situação atual das leis de patentes no Brasil?

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Aula 3 - Tecnologia e inovação nas organizações

A Aula 3 tem por objetivo mostrar como a tecnologia e a inovação estão


presentes nas organizações. Mostraremos a influência da cultura empresarial
no incentivo e amadurecimento das relações entre tecnologia e inovação nos
ambientes organizacionais.

Falaremos também como as organizações podem utilizar o poder inovador


como poderoso instrumento de inteligência competitiva, bem como as estra-
tégias para alcançar esses resultados positivos.

BONS ESTUDOS!

3.1 A cultura empresarial e seus reflexos econômicos

A produção de tecnologia e a atividade de patenteamento não ocorrem por


mera modificação legislativa, como qualquer análise histórica pode demons-
trar. Godoy (2009) afirma que depende de qualificação da mão de obra, es-
trutura empresarial, intensidade da concorrência, etc. Um desses fatores é a
cultura empresarial de cada país.

A cultura organizacional que facilita o desenvolvimento de processos inovati-


vos é denominada na literatura como Cultura da Inovação. Dada a importân-
cia crescente da inovação nos contextos empresariais e a busca por vantagens
competitivas diferenciadas, uma cultura organizacional que facilite esses pro-
cessos torna-se fator estratégico para que a empresa alcance seus objetivos
(JAMROG & OVERHOLT, 2004).

Segundo Godoy (2009), alguns estudos empíricos mostraram que organiza-


ções inovadoras possuem certas características culturais distintas das demais.
De forma geral, pode-se sintetizar que os resultados apontam para caracterís-
ticas como:

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Tabela 3: Características da cultura da inovação destacadas pela literatura.

Fonte: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-711X2009000100012&lng=pt&nrm=i-
so. Acesso em 15/11/2014.

Frente à diversidade de estudos sobre cultura organizacional, destaca-se que


o conceito de cultura organizacional utilizado integra: valores, crenças e pres-
supostos básicos inconscientes que são compartilhados por membros de uma
organização, expressos através de normas, que podem ser observadas em ri-
tuais, palavras e ações (SCHEIN, 2004). Segundo Godoy (2009), o conceito
de inovação envolve: processo de criação e/ou transformação de novidade
que pode ocorrer em produtos, serviços, métodos de produção, abertura para
novos mercados, fontes de fornecimento e maneiras de se organizar. É a im-
plementação exitosa de ideias criativas dentro de uma organização que vi-
sam gerar benefícios para o indivíduo, o grupo, a organização ou a sociedade
como um todo.

Segundo Costa (2009), as organizações modernas estão atuando fortemente


na área da Inovação e do Intraempreendedorismo como fatores de diferencial
competitivo para suas atividades, já que, em uma economia globalizada, a
concorrência e a dificuldade de alcançar novos mercados são pontos críticos
para o crescimento do negócio. Mercados que, há alguns anos, eram restritos
para poucas empresas hoje sofrem a pressão de novos concorrentes.

Costa (2009) afirma que o intraempreendedorismo é o trabalho do empre-


endedor interno às corporações, o que torna as pessoas intraempreendedoras
em agentes da inovação, motivando a inovação e a evolução constante das
organizações. “O empreendedorismo é um processo pelo qual se fazem algo

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novo (criativo) e algo diferente (inovador) com a finalidade de gerar riqueza
para indivíduos e agregar valor para a sociedade” (GINA PALADINO, 2006).

A aplicação desses dois pontos de evolução nas organizações passa por etapas
de mudanças da cultura organizacional e do perfil dos colaboradores. Mudan-
ça na cultura organizacional, com a adoção de meios para a valorização da
inovação no ambiente da empresa, e mudança do perfil dos colaboradores,
com o incentivo e adoção do seu perfil empreendedor, criam um ambiente
inovador e empreendedor. Para Schumpeter, produzir a inovação e princi-
palmente liderar (garantir) a implementação dessas inovações nos processos
produtivos eram o papel exercido por aqueles a que ele chamou, então, de em-
preendedores (SHUMPETER, 1982). Essas mudanças serão os novos pilares
para as organizações inovadoras e atualizadas.

“A empresa que se recusa a ser criativa, não aprimorando os seus produtos


e sua estrutura, ou não estando atenta a novas descobertas desenvolvidas em
outras partes do mundo, está fadada a ser superada rapidamente.”.
Fonte: http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/576. Acesso em 17/11/2014.

Segundo Manas (2003), as motivações que conseguem mudar o estado de


espírito de uma empresa são: a busca de novas oportunidades de mercados e
negócios; desenvolvimento de capacitação tecnológica própria; elevação do
padrão de qualidade de seus produtos ou serviços; racionalização e moderni-
zação da sua produção; capacitação técnica e gerencial de seu pessoal espe-
cializado e dos recursos humanos em geral. O autor também indica algumas
barreiras burocráticas à cultura da inovação: o isolamento da alta administra-
ção; a intolerância com os pesquisadores, aliada a incentivos inadequados; o
horizonte de curto prazo; as práticas contábeis conservadoras; o racionalismo
e a burocracia excessivos.

Segundo Schenatto (2002), o contexto organizacional está tipicamente defi-


nido em termos de medidas descritivas: tamanho da firma; a centralização;
a formalização; a complexidade de sua estrutura gerencial; a qualidade dos
recursos humanos; as relações informais entre empregados e as transações
alcançadas (tomada de decisão e comunicação interna). O potencial com-
petitivo de uma organização depende tão profundamente de seu tamanho e
estrutura quanto da velocidade com que é capaz de se adaptar às mudanças
ambientais e, preferencialmente, adiantar-se a elas, impondo tendências.

Para Fleury (1993), a inovação tecnológica que se explicita na adoção de um


novo sistema implica mudanças culturais significativas, a fim de que os no-

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vos valores sejam, realmente, incorporados à prática organizacional. A autora
salienta que, em pesquisas recentes, constatou-se que empresas que adotaram
novas estratégias produtivas e organizacionais desenvolveram uma cultura
da qualidade, envolvendo não apenas novas relações com o mercado, com
o cliente, mas também novas formas de interações internas. Por outro lado,
Corral (1993), com base em estudos feitos com um grupo de empresas mexi-
canas, conclui que a relação entre cultura e inovação é natural como o próprio
desenvolvimento da cultura, afirmando que os trabalhadores necessitam con-
viver com a inovação para assimilá-la, resultando em uma mudança cultural.

Nos dias atuais, a face empreendedora das pessoas é vista como uma qua-
lidade de suma importância, não só para a vida pessoal mas também para o
ambiente empresarial nos quais elas estão inseridas. Esse perfil é o propulsor
de inovações nas organizações modernas, que já enxergaram esse diferencial
empreendedor e o potencial das inovações para evoluirem os seus negócios.

Organizações tradicionais com uma administração fechada e não inovadora


estão caminhando para um futuro incerto onde os mercados estarão em mu-
danças contínuas e em evolução constante, abertos a novas ideias e altamente
competitivos (COSTA, 2009).

Tabela 4: As diferentes acepções do termo empreendedor,


em três paradigmas tecnológicos.

Fonte: ZEN, 2008.

Os perfis gestores serão os responsáveis pela transformação do perfil das or-


ganizações e pela conquista de novas alternativas para um futuro no mercado
globalizado e competitivo, estando sempre abertos à inovação e ao novo per-
fil de funcionários empreendedores.

Segundo Costa (2009), no futuro, as empresas inovadoras, com seus profis-


sionais intraempreendedores, estarão presentes no mercado e com uma força

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a mais em relação a seus concorrentes, tornando-se elas competitivas e prepa-
radas para atuarem nos mercados em evolução. E, além do mais, a economia
mundial vive um período de valorização do conhecimento, com a inovação
e o intraempreendedorismo tendendo a valorizar esse bem das organizações.

3.2 Inovação no processo de inteligência competitiva

A inovação tecnológica que utiliza a informação e o conhecimento para a


produção e inserção, no mercado, de novos bens e serviços é atualmente uma
alavanca para o desenvolvimento e, consequentemente, um referencial para a
competitividade empresarial (VALENTIM, 2003).

Figura 14: O processo de inovação, também chamado de funil de inovação.


Fonte: http://www.vendamuitomais.com.br/site/artigo.asp?Id=131 Acesso em 18/11/2014.

Valentim (2003) pressupõe o desenvolvimento de uma ideia, utilizando-se de


uma infraestrutura adequada que permita a produção de um bem ou serviço
com qualidade e que satisfaça as condições exigidas para seu uso prático. Está
atrelada ao desenvolvimento de produtos intensivos em conhecimento, o qual
possibilita a seus consumidores interagir com seu meio social.

Genericamente, podem-se perceber, com maior frequência na literatura, duas mo-


dalidades de inovação: a radical e a incremental. A radical propõe uma ruptura
tecnológica com o que já existia, sendo essencial o estabelecimento de novos
laços valorativos com o consumidor. A segunda, normalmente, aperfeiçoa,
incrementa um novo atributo a um produto ou melhora sua performance.

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Ainda conforme Valentim (2003), na perspectiva econômica, podem-se des-
tacar duas vertentes que influenciam seu desenvolvimento: a formação de
redes entre as organizações que promovem a interação e a troca; o ambiente
onde se estabelecem. As redes possibilitam a identificação de oportunidades
tecnológicas e impulsionam o processo inovativo, mas o ponto alto na par-
ticipação em redes é a troca de experiências, a socialização dos diferentes
agentes, estimulando o aprendizado e gerando o conhecimento coletivo. Na
segunda vertente “o ambiente onde se estabelecem”, a inovação e o conheci-
mento tecnológico são localizados. “A interação criada entre agentes econô-
micos e sociais localizados em um mesmo espaço propicia o estabelecimen-
to de significativa parcela de atividades inovativas”. Exemplos de formatos
organizacionais baseados em proximidade local são os clusters e os distritos
industriais. (LEMOS, 1999, p.135-138).

Schumpeter (1975) destacou a importância das inovações para a economia.


Para ele, toda inovação pressupõe uma “destruição criadora”, o que significa
que o novo aflora ao lado do velho e assim o supera.

Valentim (2003) ressalta que a inovação tecnológica agrega a aplicação do


conhecimento à economia. A elaboração da capacidade permanente de ino-
vação tecnológica é uma condição de viabilidade para a sustentabilidade da
competitividade de um país. Nessa situação, o capitalista necessita de mão
de obra altamente qualificada, a qual está sendo denominada, na contempo-
raneidade, como “trabalhadores do conhecimento”, gerentes / especialistas /
pesquisadores que estão sempre procurando inovar e aumentar o capital da
organização.

Ainda segundo Valentim (2003), a informação e o conhecimento científico e


tecnológico estão sendo cada vez mais utilizados como mola-mestra central
nas organizações, respaldando e direcionando os projetos em pauta.

Os conceitos “informação” e “conhecimento” são distinguidos por Lastres e


Ferraz (1999, p. 31) no aspecto econômico, tendo como referência a escola
neo-schumpeteriana, que destaca a importância tanto da geração de novos
conhecimentos quanto da sua introdução e difusão no sistema produtivo, es-
forço esse que se traduz em inovações que corroboram diretamente o pro-
cesso de desenvolvimento. Dentro dessa mesma perspectiva, Lemos (1999,
p.125), utilizando também a abordagem neo-schumpeteriana, relaciona o
crescimento econômico com as mudanças que acontecem, devido à adoção
de inovações: “os avanços resultantes de processos inovativos são fator bási-
co na formação dos padrões de transformação da economia, bem como de seu
desenvolvimento de longo prazo”.

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Figura 15: Considerado o profeta da inovação, Shumpeter defendia que a força motriz do
progresso econômico é a inovação, mais ainda na era da informação e do conhecimento,
através de ondas de inovação.
Fonte: http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,ERT22180-16642,00.html Acesso em: 12/12/2014.

Na inovação, as organizações não só utilizam e processam informações, de


fora para dentro, procurando resolver problemas, mas também criam novos
conhecimentos e informações, de dentro para fora, com o propósito de redefi-
nir tanto os problemas quanto as soluções, recriando seu meio nesse processo
(NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 61). Parte do conhecimento gerado na or-
ganização tem origem nos projetos que visam à inovação, sendo utilizados e
aplicados pela própria organização.

O conhecimento tácito pode parecer demasiadamente misterioso “para ser


aplicado de maneira útil e consistente em situações de negócios, mas essa
característica de mutabilidade e de especificidade em relação ao contexto é o
que o transforma em ferramenta poderosa para a inovação” (VON KROGH;
ICHIJO; NONAKA, 2001, p.15). Todo conhecimento tecnológico é uma mis-
tura dos componentes codificados explícito/tácito que, quando em interação,
enriquecem e possibilitam a geração e a difusão de inovações coerentes ao
contexto social e econômico para o qual essas inovações foram criadas.

O direcionamento das inovações em uma organização pode ser respaldado


pelas informações provenientes de um sistema de inteligência competitiva.
Pereira, Debiasi e Abreu (2001), apud Valentim (2003, p. 7), relacionam in-
teligência competitiva e inovação tecnológica explicitamente em dois casos,
fazendo uma analogia com a tecnologia da informação.

O primeiro citado por elas é a “engenharia reversa”, desmonte e análise de


produtos comercializados pela concorrência, visando conhecer detalhes da
tecnologia utilizada para inovar produtos similares. Um outro exemplo citado
refere-se aos softwares necessários à inteligência competitiva, sendo a inova-
ção constante desses softwares primordial para que possam gerenciar a gama

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de informações necessárias que levam à tomada de decisão, tais como: dados
informais, contextos, ambiguidades, significados, formatos heterogêneos,
etc. Justificam ainda essa relação, afirmando que “o processo de inteligência
competitiva é global e sistemático, não possui linearidade e pode mudar de
orientação ou objetivo em função de conhecimentos adquiridos durante sua
evolução” (Valentim, 2003, p. 8).

A inteligência competitiva e a inovação tecnológica estão ligadas também


por fatores imanentes que estão subjacentes aos dois processos, que são a
informação e o conhecimento resultantes de ambos. A informação e o conhe-
cimento procedentes de um dos processos podem servir de base para o outros.
Tanto a informação quanto o conhecimento que a organização produz e a que
tem acesso são recursos valorosos em suas questões econômicas e sociais.

Para que se entenda como o processo de inovação tecnológica pode interferir


no sucesso de uma organização, recomendo assistir ao filme “Piratas do Vale
do Silício”, lançado em 1999 pela TNT, escrito e dirigido por Martyn Burke.
O filme oferece uma versão dramatizada do nascimento da era da informática
doméstica, desde o primeiro PC, através da histórica rivalidade entre a Apple
Inc. e seu Macintosh e a Microsoft, indo desde o Altair 8800 da empresa
MITS, passando pelo MS-DOS, pelo IBM PC e terminando no Microsoft
Windows. Mitos do empreendedorismo e inovação como Steve Jobs e Bill
Gates estão presentes na história. Não deixe de assistir!

3.3 Estratégias e aprendizados em tecnologia e inovação

Aqui, iremos tratar do valor estratégico, mais precisamente das estratégias


que devem ser adotadas na implantação, melhoria e manutenção dos proces-
sos de inovação tecnológica.

As proposições que aqui se apresentam seguem a linha de raciocínio de Mel-


man (2012). Em se tratando de empresa, o estudo relacionado à inovação é
extremamente relevante para o progresso dos negócios. Mas, de antemão, é
importante salientar que não existe uma fórmula mágica que deva ser seguida
à risca para a obtenção de sucesso nos negócios.

De acordo com Freeman (1997), existem seis tipos distintos de estratégias, de


acordo com o estilo de inovação a ser adotado, os quais serão abordados de
forma resumida, a seguir. Observamos, porém, casos de empresas que adotam
mais de uma estratégia combinada para sobressair no mercado.

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Estratégia Ofensiva

Esse tipo de estratégia é aplicada por um pequeno número de empresas, as


quais buscam o perfil de liderança com capacidade de inovar e concorrer. Geral-
mente são as empresas de pequeno porte que estão inseridas nesse contexto.

Seu departamento de pesquisa e desenvolvimento é enxergado como um setor


de extrema importância. Procuram sempre profissionais altamente qualifica-
dos e pesquisadores para suas posições estratégicas de inovação.

Estratégia Defensiva

Aqui, segundo Melman (2012), o processo ocorre de forma mais conserva-


dora, aproveitando-se inovações já implementadas e, consequentemente, já
testadas. Seu setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) geralmente se uti-
liza de atividades oriundas de concorrentes para possíveis implementações,
com o intuito de minimizar os riscos de sua inovação. Assim como ocorre na
estratégia ofensiva, aqui também são contratados profissionais bem qualifi-
cados e pesquisadores.

Estratégia Inibidora

Melman (2012) relata que nesse tipo de estratégia, as empresas apresentam


algumas características marcantes. Não buscam atingir o primeiro lugar, con-
formando-se com posições intermediárias. São fortes na área de engenharia e
desenho de produção.

Têm grande capacidade de imitar e aprender como (Know-how). Em decor-


rência dos fatores citados, têm baixos custos de produção e desenvolvimento.

Estratégia Dependente

Aqui, o perfil é de empresas terceirizadas, preenchendo nichos específicos


deixados pelas empresas. Estas organizações são extremamente conservado-
ras e de perfil robusto.

Estratégia Tradicional

Independentemente de como o mercado esteja se comportando, as empresas


que adotam essa característica se mantêm estáticas quanto à sua conduta.

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Assim, seguem um modelo praticamente “engessado”, sofrendo poucas mu-
danças em relação a um segmento.

Estratégia Oportunista

Essa última estratégia tem o seu ponto forte marcado pela colocação das em-
presas em mercado muito específico, com suas estratégias bem definidas para
se adequarem ao processo.

Freeman e Soete (1997) caracterizam as seis estratégias tecnológicas em dez


orientações do esforço para a inovação, utilizando uma escala em cinco ní-
veis, conforme mostramos na tabela a seguir:

Tabela 5: Estratégias tecnológicas e orientações do esforço para a inovação.

Fonte: Freeman e Soete (1997, p. 24).

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De acordo com Pinto (2012), em geral, a escolha (deliberada ou não) de uma
estratégia tecnológica é influenciada por três fatores-chave:

• As competências tecnológicas previamente acumuladas;

• Os estímulos provenientes do ambiente competitivo; e

• O acesso a competências complementares disponíveis no ambiente técni-


co-científico.

O conhecimento prévio é importante para que o empreendimento inovativo


seja abordado como viável e seja efetivamente realizado com sucesso. Pinto
(2012) ressalta que no que se refere ao ambiente competitivo, quanto mais
intensa a concorrência externa, mais as empresas se obrigam a executar up-
grades tecnológicos, sob pena de serem excluídas do mercado.

De fato, nenhuma organização multinegócios deve esperar trabalhar na fron-


teira tecnológica de todas as tecnologias de suas operações, e as escolhas
nesse campo serão ditadas pela estratégia empresarial.

Efetivamente, as empresas traçarão estratégias tecnológicas apenas para aque-


las tecnologias que considerarem de impacto relevante sobre sua vantagem
competitiva. Não se esqueça: as estratégias tecnológicas deverão ser sempre
definidas à luz da estratégia organizacional e não o contrário (PINTO, 2012).

3.4 Operacionalização das estratégias tecnológicas

De forma a operacionalizar suas estratégias tecnológicas, os agentes podem


trabalhar em frentes variadas de ações, que devem, obviamente, compatibi-
lizarem-se. Fontes de tecnologias internas e externas são utilizadas nesse es-
forço. O quadro a seguir relaciona as fontes de tecnologias mais utilizadas
pelas empresas:

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Tabela 6: Fontes de tecnologias mais utilizadas pelas empresas.

Fonte: Tigre (2006, p. 94).

Segundo Pinto (2012), a empresa pode envolver-se com o desenvolvimento


interno de tecnologias. Nesse caso, ela terá, em seus quadros, pessoal especi-
ficamente alocado para atividades de P&D, para gerenciamento de projetos
e para proteção da propriedade intelectual das novas tecnologias desenvol-
vidas. Essa é uma forma de desenvolvimento tecnológico típica de setores
baseados em ciência e de fornecedores especializados.

Ainda conforme Pinto (2012), as empresas, geralmente, agrupam seus esfor-


ços nos processos mais próximos às suas atividades mercantis, de modo que
o Estado, por meio de universidades e de institutos de pesquisa governamen-
tais, exerce um papel fundamental na expansão do conhecimento e da base
científica. No entanto, para que haja efetiva transferência de ciência para as
firmas, é necessário que elas tenham capacidade para absorver tal conhecimento.

A engenharia reversa é aplicável principalmente nos setores industriais de


montagem de produtos e propõe usar a criatividade para, a partir de uma so-
lução madura, retirar todos os possíveis conceitos novos ali empregados. É o
procedimento de análise de uma tecnologia e de seus detalhes de funciona-
mento, frequentemente com a intenção de construir algo novo que seja capaz
de fazer a mesma coisa, sem, no entanto, copiar algo do original.

Resumidamente, o cerne da engenharia reversa consiste em, por exemplo,


desmontar uma máquina para entender como ela funciona e utilizar os
mesmos princípios para construir outra. Outras fontes internas de tecnolo-
gia, além do esforço em P&D, são os programas de qualidade e o treinamento
de recursos humanos, fontes significativas de melhorias incrementais.

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De acordo com Tigre (2006), o processo de transferência de tecnologia en-
volve diferentes formas de transmissão de conhecimentos que incluem con-
tratos de assistência técnica, obtenção de licenças de fabricação de produtos
já comercializados por outras empresas, licenças para utilização de marcas
registradas e aquisição de serviços técnicos e de engenharia.

Figura 16: A transferência de tecnologia à sociedade, conforme necessidade e conhecimento


científico disponível.
Fonte: http://pt.slideshare.net/Lychnoflora/projeto-de-pdi-parceiros-fomento-e-gerenciamento Acesso em:
18/12/2014.

O mercado tecnológico mostra várias limitações, principalmente relaciona-


das à incerteza associada ao bem/serviço transacionado, de tal forma que ele
funciona melhor em tecnologias especializadas, cujo ciclo de vida já alcançou
estágios maduros, como a compra de projetos de plantas petroquímicas ou
siderúrgicas, por exemplo. Nesse caso, a cessão de tecnologia inclui projeto,
montagem e entrega da planta funcionando em regime turn-key.

Turn-key: é um sistema de contratação no qual a contratante especifica uma


obra, seja ela uma geração, uma usina, uma fábrica ou até mesmo um hos-
pital, e a contratada providencia tudo, desde material até, principalmente, a
gestão dessa obra, somente entregando-a ao contratante quando já em estado
operacional. Na tradução literal, significa pronto para “virar a chave” e iniciar
a operação.

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Segundo Pinto (2012), também no caso de licenças de fabricação, elas são
mais facilmente obtidas nas fases mais maduras do produto. Naqueles casos
em que a diferenciação é a chave para a competitividade, o acesso à tecnolo-
gia via mercado é mais difícil, pois geralmente a inovação é guardada como
segredo industrial que não fica disponível para venda.

É preciso lembrar, ainda, que a compra de uma tecnologia mais avançada


pode implicar em um grande salto tecnológico para a empresa adotante. No
entanto, se não forem realizadas ações para adaptar e melhorar a tecnologia
adquirida, em pouco tempo a empresa estará com essa tecnologia defasada,
sem conseguir acompanhar o progresso do setor.

A implementação das estratégias tecnológicas deve abordar, também, as pos-


sibilidades de aquisição de determinadas tecnologias. De acordo com Cassio-
lato et al. (1996), a aquisição de novas tecnologias pode representar o principal
meio de acesso da firma a conhecimentos cuja geração interna seria inviável.

A compra de novas máquinas e equipamentos ou a expansão das plantas in-


dustriais com novas tecnologias, tais como pacotes tecnológicos, é a principal
fonte de tecnologia em setores dominados por fornecedores e intensivos em
escala. Sobre isso, Tigre (2006, p. 103) explica que o sucesso da transferên-
cia de tecnologia depende em parte da qualidade do suporte técnico e da
documentação oferecida pelo fornecedor do equipamento.

Segundo Pinto (2012), o sucesso da transferência de tecnologia depende,


em parte, da qualidade do suporte técnico e da documentação oferecida pelo
fornecedor do equipamento. No entanto, o processo de aprendizado sobre a
operação e a manutenção depende diretamente dos esforços dos usuários em
desenvolver capacitação tecnológica própria.

A codificação de conhecimentos, a qual os transforma em informação, sob


a forma de manuais, livros, revistas, softwares, fórmulas e documentos, fa-
cilita a sua transferência e, portanto, sua comercialização é similar a de mer-
cadorias. Por outra via, seu valor só poderá ser apropriado por aqueles que
detêm capacitação necessária para compreender o conhecimento transmitido
e aplicá-lo de maneira produtiva. Essa facilidade de transferência reduz o seu
caráter diferenciador para quem o adquire.

Já o conhecimento tácito, diante da dificuldade de transferência, permite a


diferenciação da capacitação entre empresas, tornando-se um ativo de maior
valor, podendo, inclusive, ser considerado como a base da competitividade
de uma empresa.

A forma mais simples de aquisição de conhecimento tácito é pela experiência


própria e/ou contratação de profissionais experientes.

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O processo dinâmico de conquista de novas habilidades com capacidade de
sustentar, ao longo do tempo, as vantagens competitivas de um empreendi-
mento é, afinal, o processo de aprendizado contínuo e cumulativo que se in-
crementa: ao se realizar uma tarefa; ao se fazer uso de equipamentos ou sof-
twares; ao se buscar informações novas em atividades de pesquisa; quando se
interage com clientes e fornecedores; e, também, por meio da imitação ou da
contratação de profissionais experientes.

Resumo

Na Aula 03 estudamos a importância do processo de inovação tecnológica nas


organizações. Vimos que a cultura empresarial interfere diretamente no pro-
cesso e na capacidade de inovação do meio no qual a organização se encon-
tra, e que essa cultura pode trazer reflexos tanto positivos quanto negativos.
Percebemos que existem classificações, de acordo com o nível e capacidade
de inovação de cada organização – características comuns a cada uma delas.

Vimos também que a inovação pode trazer várias vantagens competitivas,


através do processamento de informações em conhecimentos que, por sua
vez, podem se transformar em produtos ou processos novos. A necessidade
do mercado pode induzir um aprimoramento do conhecimento científico, e a
criação de um novo produto poderá suprir aquela necessidade.

Percebemos que o incentivo e cultivo à inovação tecnológica nas organiza-


ções passa pela operacionalização de estratégias que auxiliam principalmente
na absorção e gerenciamento do conhecimento gerado. Somente assim será
possível tirar proveito do processo de inovação.

A transferência de tecnologia e o aprendizado contínuo são aspectos funda-


mentais para que a organização se torne realmente inovadora.

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1. Organizações inovadoras possuem certas características culturais distin-


tas das demais. Cite pelo menos 3 dessas características e detalhe-as, com
exemplos práticos.

2. Qual a relação entre informação, conhecimento e inovação tecnológica?

3. De que forma as estratégias de inovação podem trazer sucesso à organização?

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Aula 4 - Perspectivas em tecnologia e inovação

A aula 4 propõe a demonstração das perspectivas atuais da tecnologia e ino-


vação no Brasil e no mundo. Serão exibidas as tendências relacionadas à ino-
vação e ao desenvolvimento sustentável, as considerações governamentais
sobre o peso do incentivo à inovação tecnológica para o desenvolvimento do
País, bem como a situação atual do cenário brasileiro.

A aula foca, ainda, na importância das tecnologias da informação e comuni-


cação na cultura de inovação do Brasil e nas organizações, suas influências e
perspectivas.

BONS ESTUDOS!

4.1 Inovação e desenvolvimento sustentável

Os trechos a seguir foram retirados do intitulado LIVRO AZUL, publicado


na 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI) para
o Desenvolvimento Sustentável, que reuniu em Brasília-DF um público sem
precedentes, superior a quatro mil participantes. Foi convocada por decreto
presidencial para discutir uma política de Estado para ciência, tecnologia e
inovação, com vistas ao desenvolvimento sustentável. Foi precedida de en-
contros estaduais, fóruns de discussão e conferências regionais, o que refor-
çou ainda mais seu caráter democrático e participativo.

Figura 17: Capa do Livro Azul e seu documento de consolidação.


Fonte: MCTI/CGEE - http://www.cgee.org.br/publicacoes/livroazul.php. Acesso em: 15/12/2014.

Segundo o MCTI/CGEE (2010), quando a tecnologia de satélites permitiu ao


homem olhar a Terra a partir do cosmo, em outubro de 1957, tomou-se cons-
ciência da unidade do globo como um bem comum, cujo uso deve repousar

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numa responsabilidade comum. E percebeu-se, também, que a natureza se
tornara um bem escasso, colocando-se a questão ecológica como um duplo
desafio, o da sobrevivência humana e o da valorização do capital natural.

Nos numerosos debates que se sucederam, durante a década de setenta, sob


a égide da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura), firmou-se a necessidade de conter a degradação do
planeta e também a de não negligenciar o desenvolvimento, concluindo-se
que se tratava de construir um conceito multidimensional e de reformar a eco-
nomia para poder alcançar esse desenvolvimento. Coube ao famoso Relatório
Bruntland, de 1987, sistematizar os princípios do que veio a se denominar
como desenvolvimento sustentável. A partir daí, a dimensão ambiental é de-
finitivamente reconhecida como uma dimensão do processo de desenvolvi-
mento, embora o desenvolvimento sustentável continue sendo um conceito
em construção (MCTI/CGEE, 2010).

Figura 18: O processo de desenvolvimento sustentável.


Fonte: http://www.ecopolo.org.br Acesso em: 19/12/2014.

Sobre Desenvolvimento Sustentável, o Livro Azul (MCTI/CGEE, 2010) fala que


é possível entende-lo como um processo de transformação e de mudança, em
contínuo aperfeiçoamento, envolvendo múltiplas dimensões – econômica, social,
ambiental e política. Processo essencialmente dinâmico, que apresenta ênfases
diversas no tempo e pode trilhar caminhos diferenciados, segundo as escolhas
de sociedades histórica e geograficamente forjadas. No atual contexto histórico,
a inovação emerge como uma das contribuições mais determinantes na busca de
um desenvolvimento sustentável efetivo, em suas múltiplas dimensões.

Segundo o MCTI/CGEE (2010), o desenvolvimento sustentável requer uma


presença crescente da ciência e da tecnologia na produção de alimentos, na
melhoria das condições de saúde, na exploração e preservação de recursos

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naturais, na agregação de valor à produção industrial, na redução da desigual-
dade social e do desequilíbrio regional, no desenvolvimento de tecnologias
sociais. Nesse sentido, a inovação deve buscar sempre as melhores soluções,
sob o ponto de vista ecológico, tendo a sustentabilidade como um de seus
pressupostos elementares.

4.2 A inovação como principal motor do desenvolvimento

De acordo com o Livro Azul do MCTI/CGEE (2010), a inovação, tendo a


educação como fundamento, é o principal motor do processo de desenvol-
vimento do País. Ela é favorecida por avanços científicos e tecnológicos e
pela qualificação dos profissionais envolvidos no processo, bem como pelas
atividades de risco, seja na função de pesquisa científica e tecnológica, seja
na atividade empresarial decorrente de novos conhecimentos gerados. A evo-
lução acelerada da inovação se reflete nos novos modelos de negócios, em
que o Brasil tem grande potencial de atuação.

Por outro lado, a ideia de que o mercado constituiria o único motor da ino-
vação é limitada. Segundo o Livro Azul do MCTI/CGEE (2010), muitas ino-
vações que transformaram o mundo surgiram de instituições públicas ou de
setores sem fins lucrativos. A internet é um exemplo recente. As inovações
sociais – soluções novas para problemas sociais, as quais são mais efetivas,
sustentáveis e justas, e cujos resultados beneficiam mais a sociedade como
um todo do que indivíduos particulares – são geradas e aplicadas em resposta
a demandas diversificadas da sociedade. Em particular, as tecnologias sociais
atendem a demandas de setores mais necessitados, especialmente em temas
como segurança alimentar e nutricional, energia, habitação, saúde, saneamen-
to, meio ambiente, agricultura familiar, geração de emprego e renda.

O País cresceu, nas últimas décadas, e adquiriu um competente sistema uni-


versitário de produção de conhecimento e formação de recursos humanos. O
desafio, agora, é criar condições para que atividades inovadoras atendam às
demandas dos diferentes setores da sociedade e fortaleçam a competitividade
internacional das empresas (MCTI/CGEE, 2010). Entre empresas, universi-
dades e sociedade, cabe desenvolver e consolidar camadas intermediárias –
parques tecnológicos, centros de inovação, redes de extensão tecnológica,
institutos tecnológicos – estimuladas por políticas públicas.

4.3 O cenário brasileiro em inovação tecnológica

Hoje, o desenvolvimento sustentável tem como focos centrais a questão ener-


gética e a questão da mudança climática, contexto que é muito favorável ao
desenvolvimento sustentável do Brasil. A 4ª CNCTI revelou um caminho de

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desenvolvimento sustentável que o Brasil vem trilhando e que deve fortale-
cer: seu sistema de inovações está em grande parte alicerçado em seus recur-
sos naturais. Do petróleo e das hidrelétricas aos biocombustíveis e ao papel
da Floresta Amazônica no clima, a maior parte das inovações no Brasil está
associada à natureza diversificada de seu território. É por meio de inovações
baseadas numa economia do conhecimento da natureza que o País poderá ge-
rar a riqueza a ser utilizada na superação das carências sociais que nele ainda
perduram.

Ainda segundo o Livro Azul do MCTI/CGEE (2010), a economia mundial


atravessa, há três décadas, um período de intensa dinâmica tecnológica e de
forte aumento da concorrência. O progresso técnico e a competição interna-
cional passaram a demandar crescentes investimentos em C,T&I. As ativi-
dades nesse campo tornaram-se instrumentos fundamentais para o desenvol-
vimento, o crescimento econômico, a geração de emprego qualificado e de
renda, além da democratização de oportunidades. Há hoje, nacional e inter-
nacionalmente, consciência de que essas atividades são imprescindíveis para
que os países alcancem um desenvolvimento no qual a competitividade não
esteja atrelada à exploração predatória de recursos naturais ou humanos.

Firmou-se, no País, a compreensão de que não só o trabalho de técnicos, cien-


tistas, pesquisadores e acadêmicos, mas também o engajamento das empresas
são fatores determinantes para a consolidação de um modelo de desenvolvi-
mento sustentável, capaz de atender às justas demandas sociais dos brasilei-
ros e ao permanente fortalecimento da soberania nacional. Esse entendimento
envolve uma visão compartilhada sobre a importância da ciência básica como
fundamental para sustentar uma pesquisa aplicada inovadora, voltada para a
solução dos problemas e dos desafios da sociedade em curto prazo. Trata-se
de uma questão que ultrapassa os governos e envolve o Estado e a sociedade
como um todo (MCTI/CGEE, 2010).

O Livro Azul frisa que essa dinâmica articulada de desenvolvimento tecnoló-


gico direciona para a necessidade crescente de atuação em rede dos diversos
atores envolvidos, dos setores públicos e privados, e abertura para atuação
articulada em nível nacional e internacional, pois o ambiente criado pela so-
ciedade do conhecimento em que vivemos nos remete a desafios constantes
com relação à globalização e internacionalização da nossa sociedade.

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Figura 19: O Brasil no cenário nacional e internacional de inovação.


Fonte: http://epocanegocios.globo.com/ Acesso em: 19/12/2014.

A economia brasileira, segundo o MCTI/CGEE (2010), encontra-se numa


fase especial de sua trajetória histórica. Há inequívocas evidências de que,
nos últimos anos, inaugurou-se um processo que tem grandes chances de se
afirmar como um novo ciclo de desenvolvimento, com fôlego para o longo
prazo: o crescimento com redistribuição de renda pela via da dinâmica da
produção e consumo de massa. Trata-se de um velho sonho da sociedade bra-
sileira, que se apresenta no atual momento da vida nacional como tendência
absolutamente promissora.

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Esse modelo virtuoso, entretanto, só pode ter continuidade, em longo prazo,
se contiver, centralmente, dois outros elementos que se interconectam, segun-
do o Livro Azul (2010): 1) o concurso de um vigoroso processo de inovação,
conduzido pelo setor empresarial, por instituições públicas e por outras ins-
tâncias da sociedade e apoiado em efetivo sistema nacional de C,T&I; 2) o
concurso de uma decidida política de uso sustentável dos recursos naturais,
que busque compatibilizar o progresso material da população com o máximo
respeito ao meio ambiente e à conservação da natureza. Em síntese, inovação
e sustentabilidade.

4.4 As tecnologias da informação e comunicação em foco

Segundo Pinto (2012), as Tecnologias de Informação e Comunicação, mais


conhecidas como TICs, estabeleceram um novo paradigma socioeconômi-
co mundial. Esse sistema de inovações, o qual inclui telefonia fixa e móvel,
transmissão de dados, sons, imagens e qualquer coisa que pensarmos que pos-
sa ser digitalizada, via cabos, fibras óticas, antenas, satélites, computadores,
internet, etc. e que não para de se expandir, mudou as formas de comunicação
em geral, mas também outras, quais sejam: as de produzir bens e serviços; de
comprar e de vender; de ensinar e aprender; de pesquisar; de se manifestar; de
protestar; de se fazer representar politicamente, enfim, de viver.

No entanto, o acesso a tais aparatos não é igualmente distribuído entre todos,


como nada neste mundo o é. A partir de meados dos anos de 1990, ganhou
corpo um debate mundial sobre a Exclusão Digital.

Voltemos ao que seja acesso, de modo amplo, às TICs. Pinto (2012) argumen-
ta que, para começar, há necessidade de garantir acesso via equipamentos e
conectividade, ou seja, computadores e internet. Esses são os recursos físicos,
porém de pouca utilidade se não dispõem de conteúdos e de aplicativos que
atendam às necessidades das pessoas.

O predomínio da língua inglesa na internet, inacessível para quase três quar-


tos da população mundial, e a presença de conteúdos voltados para consumo
de produtos e serviços de alto valor agregado reduzem grandemente a utilida-
de das TICs para a maioria da população.

Pinto (2012) afirma que conteúdo e linguagem são os recursos digitais. Se-
gue-se o tema do letramento: como as pessoas que não sabem ler e escrever
ou usar um computador e que não sabem inglês poderão fazer uso, de modo
produtivo, do computador e da internet a que tiverem acesso? Educação e
letramento são os recursos humanos necessários para o acesso às TICs. Fi-
nalmente, o acesso amplo às TICs inclui os recursos sociais, quais sejam: as
estruturas comunitária, institucional e da sociedade, que apoiam esse acesso.

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Argumentava-se que a ausência de acesso à informática e à internet seria fon-
te do crescimento da discrepância sociocultural já tão intensa no mundo con-
temporâneo. Essa argumentação fundamentava-se na ideia de que a Inclusão
Digital limitava-se à garantia de acesso a computadores e à internet. Sabemos
hoje, porém, que Inclusão Digital é vai muito mais além do que ter acesso a
essas tecnologias. Warschauer (2006) apresenta um estudo muito rico sobre
o tema, o qual é referência básica para toda a discussão a seguir. Atualmente,
entende-se que a questão não se limita à inclusão digital; diz respeito à inclu-
são social e esta considera o acesso às TICs como algo amplo e determinan-
te; diferença entre marginalização e inclusão na nova era socioeconômica na
qual essas tecnologias têm papel decisivo.

Figura 20: A pirâmide acima demonstra o valor estratégico da TI diretamente ligada à inova-
ção tecnológica e à diferenciação competitiva.
Fonte: http://www.iinterativa.com.br/papeis-responsabilidades-dos-cios-para-inovacao/ Acesso em: 18/12/2014.

Resumo

Nesta aula, mostramos um panorama geral em tecnologia e inovação, consi-


derando principalmente o cenário brasileiro. Vimos que a inovação é consi-
derada como principal motor de desenvolvimento – melhor ainda se esse de-
senvolvimento for considerado sustentável, embora tal conceito ainda esteja
em plena construção.

As informações apresentadas mostram que grande parte dos executivos acre-


ditam no processo de inovação e estão dispostos a quebrar paradigmas e re-
construir culturas para que a transformação se torne realidade. Mostramos
ainda que as tecnologias da informação e comunicação têm papel fundamen-
tal, uma vez que a geração do conhecimento passa plenamente pelo manejo
informacional através das entradas, processamentos e saídas que os aparatos
tecnológicos nos oferecem.

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O cenário brasileiro demonstra, por fim, que as políticas públicas e governos
estão preocupados em tornar o País competitivo através da inovação susten-
tável. Para isso, políticas públicas estão sendo planejadas, a fim de melhorar
os indicadores brasileiros ligados às tecnologias e inovações com relação ao
cenário internacional.

1. Explicite de que forma o processo de inovação pode colaborar para um


desenvolvimento sustentável.

2. A inovação é considerada o motor do processo de desenvolvimento do País.


De que forma a educação pode interferir, de maneira positiva, nesse motor?

3. Por que as TICs são consideradas tão importantes nos processos que en-
volvem inovação?

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Aula 5 - Tecnologia e inovação no mercado imobiliário

Essa aula tem por objetivo apresentar a você, caro(a) cursista, o panorama
tecnológico atual e tendências no ramo imobiliário.

O crescimento e a internacionalização da economia, ocorridos nas últimas dé-


cadas, promoveram a sofisticação dos mercados, intensificando a necessidade
da reorganização dos fatores produtivos e os modos de gestão empresarial,
com a finalidade de compatibilizar a organização com os novos padrões de
qualidade e produtividade.

Mediante essa realidade, muitas organizações se viram obrigadas a adotar no-


vas formas de gestão de trabalho. O uso da tecnologia muda substancialmente
os processos produtivos e leva as empresas à adoção de novas estratégias.

O bom momento da construção civil e do mercado imobiliário no País tem es-


timulado o desenvolvimento e a inovação de produtos tecnológicos voltados
para os setores de marketing, de gestão e de administração de obras e projetos
em imobiliárias, construtoras e em escritórios de arquitetura e decoração. As
novas tecnologias, softwares e dispositivos aprimoram o controle dos empre-
endimentos e estimulam o interesse do cliente em fechar contratos. Por isso,
é fundamental que você fique por dentro dessas tecnologias e inovações que
estão surgindo no mercado atual.

Atualize-se!

5.1 A era da informação e o marketing digital

Na era da informação – a presença da internet em vários dispositivos, com


informações sendo transmitidas e recebidas a todo o momento – uma das
principais demandas do mercado imobiliário é fazer com que a publicidade
do produto atinja o seu público-alvo.

Com a crescente popularização das tecnologias, o custo do investimento ini-


cial para o acesso a esses recursos tecnológicos já não é mais uma dor de
cabeça. Assim, é imprescindível profissional imobiliário de hoje invista em
um bom laptop, tablet, smartphone, sistemas e páginas de internet. Uma vez
conectado, as possibilidades e ferramentas para que o corretor tire vantagem
de tecnologias de ponta para fechar uma venda são inúmeras. Com ferramen-
tas gratuitas de Redes Sociais, Portais de Classificados, Websites para Corre-
tores, a internet hoje oferece uma gama de recursos que podem abrir as portas
para a concretização dos seus negócios.

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[...] a tecnologia deve acompanhar a mudança de comportamento do consu-
midor, por isso as empresas devem utilizar a inteligência de mercado para
tornar o processo de compra mais fácil. Com o uso dos dispositivos móveis,
a busca de imóveis precisa adequar-se aos hábitos dos consumidores online,
oferecendo novas formas de busca intuitivas e interativas.
Fonte: http://vistasoft.com.br/novidades/Painel-sobre-avan%C3%A7os-tecnol%C3%B3gicos-no-mercado-imo-
bili%C3%A1rio/73.

Os infográficos a seguir, do ano de 2014, mostram um momento extrema-


mente favorável para investimento em marketing digital. É possível observar
que o mobile não é mais uma tendência, é uma realidade. Quase 40% da po-
pulação acessa internet via smartphone ou tablet. 90% fazem buscas no smar-
tphone e 30% fazem compras pelo celular. (Fonte: http://bighouseweb.com.
br/infografico-dados-marketing-digital-no-brasil-2014/). Esse fato transfor-
ma as estratégias de marketing digital, com o acesso direto ao consumidor.

Figura 21: Números de pessoas conectadas: Brasil X EUA (em milhões).


Fonte: http://bighouseweb.com.br/infografico-dados-marketing-digital-no-brasil-2014 Acesso em: 20/12/2014.

Figura 22: Tempo de uso da internet no Brasil, em 2014.


Fonte: http://bighouseweb.com.br/infografico-dados-marketing-digital-no-brasil-2014 Acesso em: 21/12/2014.

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Figura 23:Indicadores sociais de quem utiliza a internet no Brasil.


Fonte: http://bighouseweb.com.br/infografico-dados-marketing-digital-no-brasil-2014 Acesso em: 21/1/2014.

Figura 24: Utilização de dispositivos móveis no Brasil, em 2014.


Fonte: http://bighouseweb.com.br/infografico-dados-marketing-digital-no-brasil-2014 Acesso em: 21/1/2014.

5.2 Inovações e ferramentas da atualidade

Apresentamos, a seguir, algumas ferramentas inovadoras no ramo imobiliário,


as quais podem deixar quem as utiliza em grandes vantagens competitivas.
São ferramentas que estão sendo incorporadas por corretores, imobiliárias,
construtoras e outras empresas do setor imobiliário para atrair novos clientes.
(Fonte: http://www.villeimobiliarias.com.br/7-ferramentas-inovadoras-utili-
zadas-no-mercado-imobiliario/).

5.2.1 Realidade Aumentada

A realidade aumentada é definida geralmente como a sobreposição de objetos


virtuais em 3D, produzidos por computador, com um ambiente real através de
algum dispositivo tecnológico – que podem ser uma webcam ou celular, por
exemplo. O resultado da realidade aumentada é obtido por meio de etiquetas

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que funcionam de forma parecida com os códigos de barras, só que armaze-
nando muito mais informação. Além de gerar proximidade entre empresa e
cliente, a realidade aumentada traz uma nova percepção de mundo com o uso
de tecnologias. Depois disso, esqueça das trabalhosas maquetes e quão elas já
foram importantes para as construtoras. O futuro do mercado imobiliário está
na realidade aumentada. Por quê? O imóvel pode ser visualizado pelo cliente
de uma forma impressionante, alavancando as vendas imobiliárias, por pro-
porcionar alta tecnologia associada à sensação de ter o imóvel literalmente
em sua mão.

Figura 25: Uso da realidade aumentada no mercado imobiliário.


Fonte: http://www.dimensaoimoveissc.com.br/blog/realidade-aumentada-mercado-imobiliario/ Acesso em:
21/1/2014.

5.2.2 QR Code em Placas Imobiliárias

O QR CODE nada mais é do que um código de barras bidimensional, que


pode ser impresso nas placas imobiliárias e lido por câmeras digitais (como as
de celulares e smartphones, por exemplo). Basta baixar um aplicativo espe-
cífico e posicionar a câmera para que o celular acesse a versão mobile do site
e permita acesso a mais informações sobre o imóvel que está à venda, sem a
necessidade de se digitar o endereço.

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Figura 26: Divulgação de imóvel através de QR Code.


Fonte: http://www.blogsj.com.br/tag/qr-code Acesso em: 21/1/2014.

5.2.3 Versão Mobile Site

Estatísticas mostram que o Brasil é o país que lidera a venda de smartphones


– celulares que disponibilizam sistema operacional – na América Latina. En-
tre as formas de utilização do celular e outros dispositivos móveis para atrair
clientes, destaca-se a utilização da versão mobile do site. Trata-se de uma ver-
são otimizada do site para navegação em celulares, smartphones e IPhones,
por meio dos quais as pessoas terão acesso, na palma da mão, às informações
sobre os imóveis – como fotos, valores, localização, entre outros. Já que o
mercado consumidor de smartphones é cada vez maior, é essencial que o
negócio imobiliário disponibilize versões mobile de suas páginas na internet.

5.2.4 Atendente Virtual

A atendente virtual é outra forma de atrair futuros compradores aos stands


de vendas. Trata-se de um sistema que utiliza a tecnologia Vikuiti (películas
de retroprojeção) que pode ser utilizada em telas de projeção especiais ou
mesmo no filme (que é autoadesivo), em diversos formatos e tamanhos. Um
caso interessante no Brasil foi a utilização de atendente em um stand de uma

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empresa imobiliária no Park Shopping, em Brasília, chamando a atenção de
todos os que passavam pelo local. Atendentes virtuais podem, inclusive, ser
disponibilizados em sites e aplicativos online, através de tecnologias de inte-
ligência artificial, interagindo de maneira autônoma com possíveis clientes.

5.2.5 Gerador de Anúncios Imobiliários

Sistema inovador de geração de anúncios imobiliários, por meio de que são


oferecidos diversos layouts pré-prontos, bastando que se escolha o mode-
lo desejado e se insiram as informações necessárias de textos e imagens. O
anúncio é criado e estará pronto para impressão no formato A4, para ser dis-
ponibilizado na vitrine da sua imobiliária ou escritório, sem a necessidade de
perder tempo tentando criar anúncios de forma manual.

5.2.6 Tour Virtual 360°

É uma ferramenta bastante atrativa, principalmente para o segmento imobili-


ário. Ele permite que o usuário percorra todo o local em um único ambiente
interativo, de forma simples e eficaz. O visitante consegue navegar por toda a
extensão do lugar, da esquerda para a direita, de cima para baixo, ou vice-ver-
sa, e não apenas visualizar algo pré-definido como um vídeo ou fotografia. É
possível ainda visualizar, durante o “passeio”, a planta baixa ou o mapa com
a localização do imóvel pela integração com o Google Maps®.

Figura 27: O tour virtual pode ser realizado através de um site ou aplicativo em dispositivo móvel.
Fonte: http://www.virtualmedia360.net/ Acesso em: 21/1/2014.

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5.2.7 Redes Sociais

A febre das redes sociais está atraindo a atenção de empresas que desejam
aproximar-se de seus consumidores e clientes em potencial. O setor imobili-
ário também está utilizando essas ferramentas e os resultados já estão apare-
cendo. Existem empresas especialistas em captar clientes e divulgar imóveis
em redes sociais, bem como ferramentas para que os próprios corretores o
façam. Pode-se também divulgar, por conta própria, imóveis em redes so-
ciais, simplesmente copiando e colando o link do anúncio para amigos, em
timelines ou linhas de visualização nas redes mais famosas.

Figura 28: Redes sociais podem se tornar poderosos canais de marketing, comunicação e vendas.
Fonte: http://www.guilhermemachado.com/corretor-de-imoveis-redes-sociais/ Acesso em: 21/1/2014.

5.2.8 Geolocalização

As tecnologias mobile, aliadas ao GPS e outros meios de geolocalização, fa-


cilitam bastante a tarefa do cliente em localizar o imóvel que atenda aos seus
requisitos e características. Através de aplicativos específicos, o cliente pode
especificar a área em que deseja adquirir o imóvel, intercalando com detalhes
desejáveis: suíte, banheira de hidromassagem, vista panorâmica, jardim de
inverno, etc. Tudo isso dentro da faixa de preço que cabe em seu bolso.

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Figura 29: Buscar imóveis por geolocalização pode ser uma ótima alternativa.
Fonte: http://imoveiscloud.wordpress.com Acesso em: 21/1/2014.

5.2.9 Softwares de Relacionamento com Clientes

Os softwares CRM (Customer relationship manager) são excelentes alter-


nativas para gerenciar os contatos e relacionamentos com clientes. Utilizar
um CRM Imobiliário pode trazer muitas vantagens. Quanto maiores forem
as informações imobiliárias incluídas no sistema, melhor será o atendimento
aos clientes interessados e maior será o potencial da concretização da transa-
ção imobiliária. O sistema deverá ser acessível de vários locais: página web,
dispositivo móvel, TV, portais imobiliários, etc.

5.3 Estudos de caso

A seguir, serão apresentados estudos de casos que envolvem tecnologia e ino-


vação, em especial os voltados para o ramo imobiliário:

5.3.1 Gestão do Patrimônio Imobiliário do Estado

O conteúdo a seguir foi transcrito na íntegra do trabalho intitulado: Módulo


de Gestão de Imóveis: uma Experiência do Governo de Minas na Inova-
ção, Simplificação, Governança e Transparência na Gestão do Patrimô-
nio Imobiliário do Estado. Este trabalho foi apresentado no V CONSAD de
Gestão Pública (Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília/DF
– 4, 5 e 6 de junho de 2012).

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O Governo do Estado de Minas Gerais administra cerca de 11.000 imóveis,
entre os quais estão os próprios, os alugados ou os cedidos à Administração
Pública Estadual. A administração desses bens demanda um trabalho dinâmi-
co, capaz de garantir que cada imóvel cumpra sua destinação de interesse pú-
blico, sendo necessário, para tanto, o monitoramento constante referente à sua
conservação, ocupação e valorização. Os diversos processos, então, devem
ser gerenciados de forma a não só atender os requisitos legais, mas imprimir
eficiência operacional e qualidade das informações gerenciais demandadas
por diversos stakeholders. Para suportar essa necessidade, foi necessário apri-
morar os controles existentes por meio de uma solução que integrasse todos
os processos referentes à gestão do patrimônio imobiliário e informações re-
lacionadas, propiciando a intensificação da governança e transparência, além
da integração com outros sistemas corporativos do Estado, como o Siafi-MG,
que permite a constante atualização contábil dos ativos patrimoniais. A apre-
sentação dessa experiência inovadora poderá servir de modelo para outros
governos que queiram aperfeiçoar a gestão dos imóveis sob sua responsabili-
dade (AJUDARTE, 2012, p. 19).

Figura 30: Funcionalidades do Módulo de Gestão de Imóveis.


Fonte: AJUDARTE (2012).

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Nos últimos anos, o Governo de Minas promoveu constantes esforços para
aprimorar a gestão do seu patrimônio imobiliário, procurando soluções inova-
doras que permitissem integrar todos os processos referentes à gestão e infor-
mações relacionadas a esses bens, propiciando a intensificação da governança
e transparência.

O conhecimento das informações serve como subsídio para análise da realida-


de patrimonial, possibilitando investimentos, adequações e demais avaliações
necessárias ao cumprimento da ação administrativa, fundada na conveniên-
cia, na oportunidade e na economicidade, visando sempre à correta aplicação
dos recursos públicos.

A evolução das experiências e sistemas anteriormente desenvolvidos pelo Es-


tado de Minas Gerais culminou na criação do Módulo de Gestão de Imóveis
do Sistema Integrado de Administração de Materiais e Serviços (SIAD), que
possibilitará uma gestão integrada, eficiente e eficaz.

Embora seja um grande avanço, essa ferramenta, por si só, ainda que atinja
todo o seu potencial, não será suficiente para garantir a melhor destinação aos
imóveis, sendo que a Administração Pública Estadual deverá criar condições
para que os seus gestores possam de fato desenvolver e executar as políticas
públicas necessárias para atingir essa finalidade.

Espera-se, com isso, que o Módulo de Gestão de Imóveis possa contribuir


para que vigore o compromisso assumido pelo Estado de Minas Gerais no
que tange à evolução da trajetória de modernização da gestão pública e do
desenvolvimento do Estado, bem como para a consolidação dos valores que
norteiam a função da SEPLAG, em especial a transparência, inovação e o
foco no cidadão.

Essa experiência mineira poderá servir de modelo para outros governos que
queiram aperfeiçoar a gestão dos imóveis sob sua responsabilidade.

5.3.2 Redes Imobiliárias como Ferramentas Inovadoras

Este trabalho tem como título: O Uso das Tecnologias na Constituição de


Redes Imobiliárias como Ferramentas Inovadoras.

A Netimóveis Brasil S.A. é uma rede nacional composta de importantes imo-


biliárias que trabalham compartilhando as suas carteiras, filosofias e procedi-
mentos, buscando ofertar aos seus clientes uma forma mais rápida, segura e
eficaz para vender, comprar ou alugar imóveis.

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Figura 31: Mapa de atuação da rede imobiliária Netimóveis.


Fonte: www.netimoveis.com Acesso em: 22/12/2014.

Resultado de um projeto criado em 1992, em Belo Horizonte, a Netimóveis


nasceu com a Internet brasileira, em outubro de 1995. Hoje, a rede reúne
importantes imobiliárias credenciadas em Belo Horizonte, Rio de Janeiro,
Espírito Santo, São Paulo, Santa Catarina e Bahia, que, ao todo, operam uma
carteira compartilhada de mais de 60 mil imóveis.

Desde 2003, a Netimóveis consolidou uma nova proposta organizacional. A


mudança visou atender às novas requisições do mercado, sobretudo de em-
presas de outras cidades e estados que desejam integrar a sua rede.

Para isso, a Netimóveis mudou a sua estrutura operacional, apresentando,


desde então, uma arquitetura celular. Dessa forma, a rede ganhou agilidade
para atender a sua expansão nacional e contemplar a demanda do mercado.

A Netimóveis Brasil não é uma franquia, portanto não participa financeira-


mente nos resultados das suas associadas. Isso significa que as imobiliárias
credenciadas Netimóveis ficam com 100% das suas receitas e ainda podem
manter o seu nome e a sua marca, passando a usufruir dos benefícios de uma
operação com escala nacional.

A Netimóveis é constituída de várias células, cada uma com a sua própria ges-
tão. As células são constituídas de importantes empresas, que compartilham
as suas carteiras de imóveis (venda e locação), com grandes resultados. Hoje,
a Netimóveis é responsável por mais de 90% dos negócios das suas empresas
associadas, sendo o principal anunciante de imóveis nas cidades onde opera.

Para o cliente, as vantagens são muitas. Encontrar um imóvel na Netimóveis


é muito fácil e rápido. O sistema de busca permite pesquisas variadas por

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bairros e regiões, com opção de filtrar vários tipos de atributos do imóvel. O
lema da Netimóveis é oferecer uma pesquisa rápida e com informações de
qualidade. O cliente encontra o seu imóvel com, no máximo, dois cliques.

Para o proprietário que deseja vender ou alugar seu imóvel, a Netimóveis


é a solução mais prática, ágil, segura e eficaz. Elegendo uma das empresas
credenciadas da rede, o cliente terá à sua disposição a força de venda de mais
de 1,2 mil corretores espalhados nas diversas unidades da rede. O imóvel é
disponibilizado em tempo real para todos os profissionais das empresas cre-
denciadas.

Resumo

Na aula 5 pudemos observar que o mercado imobiliário vivencia hoje uma


gama de ferramentas inovadoras, influenciadas pelo vultoso avanço das tec-
nologias da informação e comunicação.

As TICs transformaram as relações comerciais, o comportamento dos consu-


midores e, obviamente, a maneira de agir das organizações. Assim, surgem
novos produtos e serviços a cada instante, de acordo com as necessidades e
demandas de mercado.

Fizemos um panorama geral sobre algumas tecnologias disponíveis, em espe-


cial aquelas voltadas para o mercado imobiliário, já que a nossa disciplina se
encontra no curso técnico de Transações Imobiliárias.

Para finalizar, destacamos dois estudos de casos inovadores: um caso público,


em que o Estado de Minas Gerais, por meio das TICs, promoveu melhorias
em sua gestão patrimonial de imóveis, e uma organização privada, que enxer-
gou um nicho de mercado e aplicou as TICs como maneira de constituir uma
rede colaborativa entre imobiliárias.

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1. Quais foram as principais transformações proporcionadas pelas TICs no


mercado imobiliário?

2. Observe as inovações e ferramentas que foram citadas no tópico 5.2 do


nosso material. Entre as tecnologias apresentadas, escolha a que chamou
mais a sua atenção e forneça mais detalhes sobre ela. Existe alguma outra
tecnologia que seja do seu conhecimento e que não esteja na lista?

3. Pesquise e relate um outro estudo de caso que envolva tecnologia e inova-


ção no mercado imobiliário, nos tempos atuais.

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Referências Bibliográficas

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CURRÍCULO DO PROFESSOR-AUTOR

Eduardo Diniz Amaral

Eduardo Diniz Amaral é natural de Montes Claros – norte de Minas Ge-


rais. Mestre em Biotecnologia pela Universidade Estadual de Montes Claros
(UNIMONTES), especialista em Administração de Sistemas de Informação
pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e graduado em Sistemas de
Informação pela Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES).
Atualmente trabalha como professor e analista de Tecnologia da Informação.
Durante o mestrado, abordou várias vezes o tema inovação tecnológica, jus-
tamente por trabalhar em áreas multidisciplinares (biotecnologia e compu-
tação). Possui interesse em áreas relacionadas à administração pública, em-
preendedorismo, gerência de projetos, webdesign e aplicações para internet,
marketing, bancos de dados, gestão de negócios e processos. Pretende atuar e
colaborar, cada vez mais, com a educação à distância, por acreditar piamente
no potencial dessa ferramenta.

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Ministério da

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