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SUPERA

EXPLICAÇÕES MULTIDISCIPLINARES & FORMAÇÃO


PARA SABER

Inês de Castro (Canto III: Estrofes 118 – 135)


Português – 9.º Ano

A VERDADE HISTÓRICA ALTERAÇÕES RESULTANTES DA POETIZAÇÃO


• Casamento do Infante D. Pedro com D. • A morte de Inês é apresentada como o
Constança de Castela, em 1340; “assassinato” de uma inocente, um crime
hediondo;
• Inês de Castro, o “colo de garça”, pertencia a
uma das famílias mais nobres e poderosas de • Não há referências à expulsão do país e à tensão
Castela e era uma das damas que integravam o das relações com D. Afonso IV;
séquito de D. Constança;
• Inês é apresentada, sobretudo, como vítima do
• D. Pedro apaixona-se por Inês; amor e não das razões de Estado;
• Inês torna-se madrinha do príncipe D. Fernando, • Os cavaleiros arrancam das suas espadas e
estabelecendo-se, assim laços de parentesco trespassam-lhe o peito.
moral (compadrio) entre ela e D. Pedro, se bem
Dir-se-ia que o coração, como grande culpado,
que fossem já primos em 2.º grau;
é o primeiro a sentir o castigo. Pretende Camões
• D. Inês é expulsa de Portugal mas regressa também vítima do amor, dar a Inês uma “morte
depois da morte de D. Constança, em 1345; nobre”, isto é, à espada e de frente para os
algozes;
• Inês e Pedro passam a viver juntos nos Paços de
Santa Clara, em Coimbra; • Camões segue de perto a tradição oral e popular
que já havia inspirado as “Trovas à Morte de Inês
• O Príncipe é aconselhado por sua mãe e alguns
de Castro”, de Garcia de Resende e cuja
fidalgos a desposar Inês, mas recusa;
grandeza poética, tipicamente portuguesa,
• Nascem bastardos; saberá aproveitar.

• D. Pedro imiscui-se na política castelhana e os


fidalgos portugueses temem a ambição e
influência da família Castro que podia levar ao
trono português um dos filhos da ligação
ilegítima de Pedro, em detrimento do herdeiro
legítimo, D. Fernando, filho de D. Pedro e D.
Constança;
• O rei D. Afonso IV e seus conselheiros analisam
a situação e concluem da necessidade de matar
Inês;
• Num dia em que D. Pedro anda à caça, D. Afonso
IV chega a Coimbra com alguns fidalgos;
• Sabedora das intenções do Rei, Inês vai ao seu
encontro, rodeada dos filhos, e, banhada em
lágrimas, implora misericórdia e perdão;
• D. Afonso IV comove-se e hesita. Pressionado
pelos conselheiros Álvaro Gonçalves, Pero

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Coelho e Diogo Lopes Pacheco, autoriza a


execução de Inês;
• Inês é decapitada em 7 de Janeiro de 1355.

Este episódio apresenta-se dividido em três partes lógicas:


A – INTRODUÇÃO (estrofes 118 – 119):
• estrofe 118 – definição do momento e das condições em que se deu a morte de Inês;
• estrofe 119 – identificação em forma poética da causa da morte de Inês: “Tu, só tu, puro Amor (...)
deste causa à molesta morte sua”.
B – DESENVOLVIMENTO (estrofes 120 – 132):
• estrofes 120 até ao verso 4 da estrofe 122 – assistimos à felicidade despreocupada de Inês de Castro,
em Coimbra, dominada pelo amor de D. Pedro e pela saudades que dele tem;
• verso 5 da estrofe 122 até à estrofe 123 – são apresentadas as causas da morte de Inês:
 as “namoradas estranhezas”;
 “o murmurar do povo”;
 “a fantasia do filho que casar-se não queria”.
• estrofe 124 à estrofe 125 – assistimos à atitude de súplica de Inês de Castro, trazida perante o Rei
pelos “horríficos algozes”. Inês prepara-se para implorar o perdão de Afonso IV, avô de seus filhos.
• estrofe 126 até á estrofe 129 – discurso de Inês de Castro, cheio de súplicas e argumentos para que o
Rei não a mande matar:
 a compaixão das “brutas feras” e das “aves agrestes” pelas crianças em contraste com
a crueldade dos homens;
 a sua situação de mãe;
 a sua inocência;
 a orfandade dos seus filhos;
 a condição de cavaleiro do próprio rei D. Afonso IV que, sabendo dar morte, deve
também saber “dar vida com clemência”;
 o exílio como alternativa à morte.
• verso 1 ao verso 4 da estrofe 130 – hesitação do rei em contraste com a insistência do povo e o destino
trágico que persegue Inês.
• desde o verso 5 da estrofe da estrofe 130 até à estrofe 132 – desfecho trágico: morte de Inês praticada
pelos algozes, que o poeta logo condena (“ ... ó peitos carniceiros, / Feros vos amostrais e cavaleiros?”)
e compara com o cruel assassínio de Policena.
C – CONCLUSÃO (estrofes 133 – 135)
• estrofes 133 e 134 – reprovação do poeta, sublinhada pelo pranto comovente das “filhas do
Mondego”;
• estrofe 135 – personificação da natureza, que chora a morte de Inês, sua antiga confidente.

FIGURAS DE ESTILO:
• Adjectivação expressiva:

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 mísera e mesquinha  o velho pai sisudo (122, o persuade. Ela, com tristes e
(118, 7); 6); piedosas vozes (124, 3 – 5);
 puro Amor, com força  contra ua fraca dama
 um dos duros ministros
crua (119, 1); delicada (123, 8);
rigorosos (125, 4);
 molesta morte sua (119,  os horríficos algozes
7); (124, 1);  põe-me em perpétuo e
 áspero e tirano (119, 7);  mas o povo com falsas e mísero desterro (128,
 ledo e cego (120, 3); ferozes razões, à morte 6);
crua
• Adjectivação expressiva (continuação):
 Mas ela os olhos como  Os brutos matadores
ar serena, / (Bem como (132, 1);
paciente e mansa  Se encarniçavam,
ovelha) / Na mísera mãe férvidos e irosos /
postos, que endoidece, cândida e bela (134, 2).
/ Ao duro sacrifício se
oferece (131, 5 – 8)
• Hipérbole:
o Que do sepulcro os homens desterra (118, 6);
o De teus fermosos olhos nunca enxuito (120, 6);
o E, por memória eterna, em fonte pura/ As lágrimas choradas transformaram (135, 3 – 4).
• Apóstrofe:
o puro Amor, fero Amor (119, 1 e 5);
o linda Inês (120, 1);
o puro Amor (122, 3);
o Ó tu (127);
o Ó peitos carniceiros (130, 7);
o ... ó Sol (133, 1);
o ó côncavos vales (133, 5)
• Comparação:
o situação de Inês perante a morte comparando a sua morte pelos algozes com o assassinato de
Policena, filha do último rei de Tróia (131 – 132);
o Inês depois de morta, onde deparamos com a comparação da “pálida donzela” já morta com uma
“bonina cortada/ Antes do tempo foi, cândida e bela” pelas “mãos lascivas” de uma “menina”
(134).
• Antítese:
o De noite em doces sonhos que mentiam,/ De dia, em pensamentos que voavam (121, 5 – 6);
o A morte sabes dar com fogo e ferro./ Sabe também dar vida, com clemência (128, 2 – 3);
o Contra hua dama, ó peitos carniceiros,/ Feros vos amostrais cavaleiros? (130, 7 – 8).
• Metáfora:
o No colo de alabastro, que sustinha/ As obras com que Amor matou de amores/ Aquele que depois
a fez Rainha,/ As espadas banhando e as brancas flores,/ Que ela dos olhos seus regadas tinha,/
Se encarniçavam, férvidos e irosos,/ No futuro castigo não cuidosos (132, 2 – 8);
o Pensamentos que voavam (121, 6)
• Eufemismo:
o Tirar Inês ao mundo determina (123, 1);
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• Sinédoque:
o ... ó peitos carniceiros (130, 7);
• Paradoxo
o Uma donzela,/ Fraca e sem força, só por ter sujeito/ O coração a quem soube vencê-la (127, 2 –
4);
• Diácope
o Tu, só tu, puro Amor (119, 1).

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