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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

Fundamentos Psicológicos da Educação

Professora Lícia de Souza Leão Maia

Discentes: Edmilson Bruno do Nascimento

Maysa Ribeiro da Silva

RELATÓRIO DO EXPERIMENTO SOBRE AS TEORIAS DE PIAGET

Referencia Bibliográfica:

WADSWORTH, BARRY J.; ROVAI, E. Inteligência e afetividade da criança na teoria de


Piaget. 5ªed. São Paulo: Pioneira,1997. 223p.

O trabalho apresentado a seguir é um relatório que trata sobre o pensamento


teórico do Jean Piaget (1896-1980) em sobreposição a atividade prática de pesquisa
realizada com duas crianças. O Objetivo do trabalho é expor resumidamente alguns
aspectos importantes da teoria de Piaget e relatar sobre a pesquisa com as crianças
realizadas com embasamento nas teorias do desenvolvimento criadas pelo Piaget.

Piaget dedicou boa parte de sua vida aos estudos sobre como se dá o
conhecimento no indivíduo desde seu nascimento. Compreende o desenvolvimento como
busca por um conhecimento constante. As crianças possuem um papel ativo na
construção do seu conhecimento e que resulta de vários estágios em que elas passam
para obter esse conhecimento. Por meio desse pensamento construtivista, o Piaget nos
explica que o desenvolvimento cognitivo que é a base da aprendizagem, se dá por
assimilação, incorporação do mundo exterior às estruturas que já temos, sem alterá-las, e
por acomodação, reajustar as estruturas já existentes, ou criar estruturas, transformando-
as, resultando em uma mudança cognitiva.

Em seu trabalho Piaget mostra que só ocorre a aprendizagem quando o


esquema de assimilação sofre acomodação. Apenas a acomodação vai promover a
descoberta, posteriormente a construção do conhecimento que é adquirido pelas
experiências. O papel do professor seria de criar situações que promovam essas
experiências e que sejam compatíveis ao nível cognitivo do aluno e que possam desafiá-
los. De acordo com Piaget, o desenvolvimento cognitivo das crianças ocorre em quatro
fases: 1° SENSÓRIO-MOTOR (0 até os 2 anos), 2° PRÉ-OPERACIONAL (dos 2 aos 7
anos), 3° OPERATÓRIO CONCRETO (dos 7 aos 11 anos) e 4° OPERATÓRIO FORMAL
(a partir dos 12 anos).

Nesse relatório apresentaremos uma pesquisa feita com duas crianças de


faixa etária na fase do desenvolvimento pré-operacional. Nessa fase a criança já possui
um desenvolvimento maior das funções simbólicas e ocorre também o surgimento da
linguagem verbal, do desenho, da imitação, da dramatização e outros fatores. Há também
a citação de imagens mentais na ausência do objeto, a capacidade de fantasiar e fazer de
conta. Essa é a idade dos porquês, do animismo (objeto tomam vida própria), condutas
sociais fantasiosas e o pensamento egocêntrico (somente pelo seu ponto de vista). Nessa
fase é importante citar que existe a presença de uma pré-lógica, pois a criança ainda não
compreende a conservação, permanência de quantidade mudando de forma.

Como embasamento teórico para a realização dessa experiência, buscamos utilizar duas
atividades sobre a conservação de quantidades. O conceito de conservação é o mais
importante para a fase pré-operacional. “Conservação (…) conceito de que a quantidade
de uma matéria permanece a mesma independente de quaisquer mudanças em uma
dimensão irrelevante.” (WADSWORTH, 1997, p.80). É normal uma criança no período
pré-operacional não ter a noção de conservação em certos níveis. O nível é medido
através de tipos de estruturas lógico-matemáticas que já tenham sido desenvolvidas pela
criança, naturalmente elas vão adquirindo isso com o tempo. Basicamente ao final desse
período as crianças vão alcançando certas estruturas de conservação. Essa passagem da
não-conservação para a conservação é um processo gradual e que é provocado pela
reconstrução de esquemas já formulados pelas crianças. “De acordo com Piaget, as
estruturas de conservação não podem ser induzidas pela instrução direta (ensino) ou
pelas técnicas reforçadoras. A experiência ativa é a chave.” (WADSWORTH, 1997, p.81
grifo nosso). Como material para nossa experiência usaremos o texto sobre a
conservação de números e líquidos.

Conservação de número, essa é a primeira fase da conservação que a


criança pré-operacional consegue solucionar. Segundo Piaget, se apresentarmos uma
fileira com uma certa quantidade de objetos e pedir para uma criança na faixa etária de 4
ou 5 anos montar uma igual, em princípio ela respeitará o tamanho e não a quantidade
exata de objetos que possa ter na fileira de exemplo. Em nosso experimento poderemos
observar que houve algo parecido com as crianças porém umas dás já possuía uma
lógico-matemática mais desenvolvida sendo dessa forma mais sistemática. Se
apresentarmos a mesma atividade a uma criança de 5 ou 6 anos ela solucionará a
atividade de uma forma mais lógica e sistemática. Ela montará as fileiras com o mesmo
tamanho e a mesma quantidade numérica de objetos. Porém se aumentarmos o
espaçamento de uma das fileiras e deixar os objetos mais disjuntos, a criança vai afirmar
que não são iguais. A criança nessa faixa etária ainda está construindo seu raciocínio
sobre conservação de número. A criança possui uma percepção mais geral da questão.
Em nossa experiência podemos notar algo extremamento diferente em uma das crianças
que no decorrer desse trabalho será relatado.

Conservação de líquidos, é a última fase a se desenvolver e foi usada


como nosso segundo experimento na pesquisa. A capacidade ou incapacidade de poder
conservar a quantidade de líquido para uma criança pré-operacional pode ser observada
da seguinte maneira: Se apresentarmos dois recipientes de tamanho igual e colocarmos
uma mesma quantidade de líquido, se perguntarmos a criança se existe a mesma
quantidade, elas podem tanto responder que sim ou podem responder que existe
diferença entre os dois. Essa diferença vai ocorrer basicamente em questão do nível de
percepção e raciocínio da criança. Se igualarmos a quantidade de água da maneira com
que a criança afirma que tem a mesma quantidade e despejarmos um dos recipientes em
outro mais comprido e maior, a criança responderá que não possui quantidades
equivalentes. “O raciocínio é geralmente baseado na altura do líquido de um recipiente
comparado com a altura do líquido do outro recipiente.” (WADSWORTH, 1997, p.85). A
conservação de líquido não ocorre antes das operações concretas pois a criança ainda
não possui um raciocínio lógico desenvolvido e a reversibilidade não está presente. Em
nossa experiência podemos comprovar esse fato e percebemos que a criança
verdadeiramente possui uma visão mais geral e não sistemática sobre essa atividade.

É importante frisar que essa construção do conhecimento pela criança é


gradual ao longo do tempo. Piaget concebeu a ideia do desenvolvimento como um
continuum e escreveu sobre essa construção gradativa.

O Experimento que foi feito sobre a conservação de quantidade, foi executado


com duas crianças de idades diferentes. A primeira criança tem 6 anos, sexo masculino,
chamado Isaque. O primeiro experimento foi feito com palitos. De uma forma organizada,
foram colocados dois grupos separados com 6 palitos para que a criança pudesse
identificar a quantidade dos objetos e se havia alguma mudança. Foi perguntado a criança
se havia a mesma quantidade, havia mais ou havia menos em ambos os grupos de
palitos?. A criança olhou e disse que um daqueles possuía mais palitos que o outro. Após
essa resposta, foi modificada a distância entre os palitos de um dos grupos na frente da
criança e foram efetuadas as mesmas perguntas para ele responder. Ele então respondeu
que o grupo de palitos que tinha sido modificado a distância possuía mais do que o outro
que estava mais suprimido.

O segundo experimento feito com a mesma criança, foi o experimento com


os copos. Foram colocados em sua frente dois copos de mesmo tamanho contendo uma
quantidade de água igual em cada um dos copos. Ele observou um dos copos e
respondendo a pergunta se havia mais água, a mesma quantidade ou menos água, ele
respondeu que um dos copos tinha menos do que o outro. Após a resposta, foi despejado
um daqueles copos em outro recipiente mais comprido e maior e foi refeita as perguntas.
A criança respondeu que o recipiente que era mais comprido e maior tinha mais água do
que o outro.
A segunda criança, tem 4 anos, sexo feminino e se chama Sofia. Com ela
foram feitos os mesmos experimentos, o primeiro foi o experimento com os palitos que da
mesma forma que ocorreu com a primeira criança, foi posto a vista da menina dois grupos
separados com 6 palitos em cada grupo. Foi feita a pergunta a criança se aqueles dois
grupos possuíam diferenças. Havia a mesma quantidade em cada grupo, um grupo tinha
mais ou menos? Ela respondeu que havia a mesma quantidade após contar e constatar
que cada grupo tinha 6 palitos. Quando foi distanciado as unidades de um dos grupos e
refeita a pergunta, ela continuou dizendo que havia a mesma quantidade.
No segundo experimento foi posto dois copos idênticos com a mesma quantidade de
água para a menina responder aos questionamentos. Ela falou que os dois tinham a
mesma quantidade. Todavia, quando foi despejado um daqueles copos em outro
recipiente maior e comprido, ela respondeu que ele tinha mais água do que o outro
porque era maior.
No entanto, nos experimentos citados a cima vimos que as crianças possuem
um desenvolvimento que representa um avanço do seu pensamento sensório-motor, seus
pensamentos não são mais presos a eventos de comportamento. Dessa forma
concluímos que a Sofia está no estágio pré-operacional, e possui sua lógica matemática
bem desenvolvida, diferente do Isaque que teve um pouco mais de dificuldade no
momento de identificação. Apesar de o pensamento pré-operacional representar um
avanço em relação ao sensório-motor, ele ainda não é totalmente lógico, ele é pré-lógico.
No início, a criança é incapaz de reverter as operações e não consegue
acompanhar as transformações, a percepção tende a ser centrada e a criança é
egocêntrica. No período dos dois aos sete anos, período que se encontra Sofia e Isaque,
o desenvolvimento cognitivo e o desenvolvimento afetivo não estão parados, estão em
contínua mudança, como os processos de assimilação e acomodação constante, o que
resulta na construção de uma nova e enriquecida estrutura cognitiva, o comportamento da
criança pré-operacional no início do período é bem semelhante ao da criança sensório-
motora, o que nos leva a perceber que a Sofia apesar de ser mais nova, está em
transição do estágio pré-operacional para o desenvolvimento das Operações Concretas,
já o Isaque se encontra ainda desenvolvendo habilidades do pré-operacional.

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