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RELATÓRIO FINAL DAS ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ANO

LECTIVO DE 2005/2006

O trabalho relativo ao processo preparatório, no que diz respeito ao


desenvolvimento de aptidões artísticas nos alunos, tendo sido prejudicado pela
solicitação “mais ou menos” irrecusável de apresentar espectáculos de Natal e de
Carnaval foi, numa primeira fase da segunda metade do ano, prolongado para além do
que seria desejável. Este trabalho foi ainda dificultado pela necessidade de trabalhar
com a totalidade da turma exercícios relativamente aos quais está aconselhado o grupo
de oito a dez alunos. No entanto, devido a uma duvidosa interpretação de dítames
legislativos, o interesse prático do trabalho foi postergado para segundo plano,
limitando a eficácia e o rigor dessa fase preparatória, tanto a nível técnico como em
termos de ambiente de trabalho. A situação de trabalho gerada pela confrontação
político-sindical acabou por se converter num frenesi regimentalista que só prejudicou o
ambiente e o trabalho. Tornou-se assim mais operacional avançar para a preparação das
apresentações finais, mesmo tendo consciência da corrupção, quer cronológica quer
técnica, que deveriam constituir o primeiro critério de aplicação da política educativa da
escola.

Na sequência da metodologia indicada na planificação, foram montadas treze


peças integrando as várias linguagens performativas, destinadas à apresentação final,
prevista para o culminar do ano lectivo, sendo nove protagonizadas por turmas da escola
do Alto Rodes e as restantes por turmas da escola de S. Luís.

Os 1ºs anos (dois do Alto Rodes e um de S. Luís), trabalharam aspectos do


comportamento animal associado ao conflito e à unidade dialéctica dos opostos (os
fortes e os fracos, os grandes e os pequenos, etc.) sobre exercícios de expressão
dramática propostos ao longo da fase de preparação, na base dos quais foram
construídas três pequenas fábulas em torno das personagens Ursos vs. Abelhas e
Elefantes vs. Formigas. Nas duas turmas da escola do Alto Rodes, a performance,
consistindo de uma representação por acções mímico-rítmicas, foi apoiada sobre um
play-back gravado pelos próprios alunos em colaboração com o departamento áudio-
visual da E.S.E. de Faro, e o tema dividido em duas fábulas, uma para cada turma,
enquanto na esc. de S. Luís as duas fábulas foram representadas pela mesma turma
numa só unidade performativa, apoiada num texto construído pelos próprios alunos e
narrado por dois deles sobre um fundo musical pré-gravado.

Os 2ºs anos, constituídos por quatro turmas da esc. do Alto Rodes, cuja
planificação foi definida segundo o critério de dar sequência ao trabalho iniciado no ano
lectivo anterior, foram organizados do seguinte modo: às duas turmas do núcleo da
manhã foi atribuído o trabalho de aprofundamento da consciência rítmica ao nível da
música e da dança, através da construção e sistematização de uma orquestra dividida em
três naipes (rítmico com instrumentos de percussão, melódico com xilofones Orff e

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vocal/coreográfico) funcionando sobre um motivo melódico muito simples baseado
num esquema pergunta-resposta, apoiado num modelo rítmico de origem africana, para
uma turma, e a aquisição da coreografia de uma dança de roda de origem israelita, para
a outra turma (o trabalho da 1ª turma não chegou a ser objecto de apresentação final
devido à ocorrência de compromissos académicos por parte do professor titular, que
tornaram impraticável o trabalho de repetição e ensaio indispensável a uma
apresentação minimamente satisfatória); para as duas turmas do núcleo da tarde foi
planeado o trabalho de performação de contos, iniciado no ano lectivo anterior e
integrado no projecto educativo do núcleo – Contos e recontos – dando expressão
performativa ao conto Os músicos de Bremen numa das turmas e Magia na floresta
tropical na outra, dando assim continuidade ao trabalho planificado relativamente ao
aproveitamento do potencial artístico e psico-motor do comportamento animal. O
suporte musical e a sonoplastia foram garantidos por uma orquestra de sons que
pontuavam com canções e imitação de vozes de animais e outros sons do ambiente e da
acção, a narração constituída pelo texto original do conto.

A turma de 3º ano, com sede na esc. de S. Luís, construiu a performance de


apresentação a partir do aproveitamento da coreografia de uma dança medieval italiana,
anteriormente trabalhada no âmbito da dança educativa, adaptando-a à representação e
da interdependência dos planetas e do Sol no funcionamento do sistema solar (tema
desenvolvido pela turma na área de estudo do meio).

Relativamente ao 4º ano, o qual foi representado por duas turmas, uma de cada
escola, foi, no essencial, cumprido o plano para ela previsto. Uma vez que a turma do
Alto Rodes já tinha trabalhado, no ano anterior, uma actividade centrada na dança
educativa e a aplicação coreográfica, deu-se especial enfoque da expressão dramática no
maior número possível de variantes. Assim, a partir de uma peça espontaneamente
criada por um alunas (o que desde logo revela a iniciativa e o interesse por parte dos
alunos no que a esse género de actividades diz respeito) procedeu-se a um trabalho de
reescrita da trama original, adaptando cada uma à respectiva abordagem técnica,
nomeadamente a mímica, o teatro de fantoches e o teatro propriamente dito. As peças
foram então trabalhadas de forma rotativa, de modo a que todos os grupos
experimentassem todas as técnicas e finalmente apresentadas, cada uma, pelo grupo que
revelou melhor aptidão para cada uma das linguagens. Na turma da esc. de S. Luís, com
a qual o projecto esteve em contacto pela primeira vez, foi desenvolvido um trabalho
sobre dança educativa, no qual foram sucessivamente abordadas uma dança medievais
europeia, uma dança israelita e, por fim, uma dança árabe. Esta última acabou por servir
de suporte à apresentação final, a qual, de acordo com o projecto educativo da turma (de
natureza multicultural), deveria ter incluído também a dança israelita que acabou por
não fazer parte da performanca por uma questão de limitação do tempo de duração da
apresentação (6 minutos para cada turma numa apresentação em que tinham
obrigatoriamente que participar todas as turmas da escola). Para este tralho final
contámos com a colaboração da professora Rya, especialista em dança do ventre.

Em relação às duas turmas acompanhadas durante o período até ao Carnaval


(referenciadas no relatório intercalar) foram por uma questão de substituição dos
professores titulares, substituídas por duas outras turmas do 1º ano que, em conjunto,
montaram uma coreografia construída sobre o tema o comboio, cujo suporte musical foi
extraído de uma colectânea de nome Cantigas para Jardim de Infância.

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Mais uma vez voltou a verificar-se que a opção pelo trabalho directo com turmas
do 1º Ciclo (maioritariamente de uma só escola) esgota as energias do projecto, a ponto
de, pelo segundo ano consecutivo, preterir o investimento no trabalho com jovens e na
produção de uma oferta performativa própria que permita, não só realizar os
pressupostos originais do projecto, como, através dele, mobilizar um maior leque de
graus de ensino e tocar um muito maior número de crianças.

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