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EXMO(A) SR(A) DR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA __ ª VARA DA FAZENDA

PÚBLICA ESTADUAL E AUTARQUIAS DA COMARCA DE BELO


HORIZONTE/MG

URGENTE

PEREIRA, brasileiro, solteiro, devidamente inscrito no CPF/MF sob o numero


043.052.406-45, portador do RG-MG-11.389.632 SSP/MG, Funcionário Publico,
residente e domiciliado a Rua Pi, 257, Bairro União/ Belo Horizonte - MG., CEP
32.900-000, vem respeitosamente à honrosa presença de Vossa Excelência, por seu
procurador in fine assinado, impetrar o presente AÇÃO ANULATÓRIA DE ATO
ADMINISTRATIVO C/C REVISÃO DE ATO ADMINISTRATIVO, COM
PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA, contra o ESTADO DE MINAS GERAIS,
pessoa jurídica de direito público interno, ente federado da República Federativa do
Brasil, inscrito no CNPJ/MF sob nº ----------------------------, podendo ser citado na
pessoa de seu Procurador Geral, localizado na Avenida -------------------- – Bairro --------
--------------------------/Belo Horizonte – MG., pelos fatos e fundamentos a seguir
expostos:

I – DOS FATOS E DO DIREITO

O Autor é bacharel em direito, inscrito regularmente no Concurso Público para


Provimento de Vagas no Cargo de Delegado de Polícia no primeiro grau do nível inicial
da carreira, obedecendo a todos os critérios elencados no edital do certame 01/11,
promovido pela Academia de Policia Civil do Estado de Minas Gerais e organizado
pelo FUMARC, conforme “Edital Nº 1 – PC/MG, DE 27 DE JULHO DE 2012”.
Regularmente inscrito no certame sob a inscrição nº 7042, o Autor realizou
duas provas, sendo a primeira objetiva, composta por 70 (setenta) questões e valorada
em 01(um) ponto cada, aplicada em data de 27/11/11, obtendo 52 (cinquenta e dois)
pontos, sendo classificado e convocado para a segunda prova, que se tratava da prova
discursiva, que continha 08 (oito) questões, sendo 02 (duas) para cada uma de quatro
matérias (Constitucional, Administrativo, Penal e Processo Penal), realizada em
15/01/12.

Após anos de preparo, o Autor não poupou esforços para se preparar para 2ª
etapa, gozou suas férias regulamentares com intuito de preparar para o exame,
abdicando de seu descanso, lazer, festividades de finais de ano, seu aniversário,
convivência com amigos e familiares, sem contar com o dispêndio financeiro em face
da realização de curso preparatório, tendo após esse período de preparação realizado a
prova dissertativa em data de 15/01/12, e, acreditando ter realizado uma prova a
contento, continuou a estudar para próxima etapa que poderia ser a qualquer momento,
visto que o edital não previa o cronograma do concurso, se quer de datas possíveis.

Por infortúnio, quando da divulgação do resultado das provas dissertativas,


após três meses de correção, o Autor não conseguiu atingir a pontuação mínima exigida
na 2ª etapa do concurso (24 pontos) para habilitar-se à 3ª fase do concurso (prova oral),
tendo obtido 23 (vinte e três pontos), como comprova a lista com as notas da prova
discursiva em anexo.

Diante da reprovação por apenas 01 (um) ponto, valendo de seu direito de


interpor recurso administrativo, conforme item 16 do Edital, no prazo legal,
obedecendo, o Autor dirigiu-se à Fumarc no intuito de ter acesso e retirar cópias das
correções de suas respostas, e, após analisar a correção efetuada, constatou que não
havia qualquer fundamentação acerca do erro e/ou acerto na avaliação das questões, no
máximo riscos/traços, não sendo disponibilizado também a resposta correta pela Banca,
a qual seria utilizada como parâmetro para futura fundamentação recursal.

Com a fragilidade de informações, tendo em vista a não disponibilização da resposta


oficial para ser utilizada como parâmetro, apesar de haver a previsão editalícia no item
16.2.5 “e”, o Autor após análise das respostas exaradas em cada matéria, constatou que
realmente havia respondido às questões de Processo Penal e Penal a contento (estando
uma completa e duas incompletas, porém corretas), mas que não foram pontuadas
objetivamente, sendo inclusive avalizadas por professores da área, motivo pelo qual o
Autor interpôs recurso administrativo explicitando as respostas com a fundamentação
legal, jurisprudencial e doutrinária (bibliografia sugerida pela Banca). Porém, após
quase dois meses depois, novamente surpreendido com a confirmação da reprovação,
tendo sido seus recursos indeferidos.

Em contato com a Fumarc, o Autor foi surpreendido com a notícia de que não poderia
ter cópia ou fazer apontamentos das respostas dos recursos, podendo apenas manejá-los
no balcão da Instituição, porém a posteriori mudaram as regras e teve acesso a cópias
das aludidas respostas.

De posse das respostas dos recursos, o Autor verificou que ao invés da banca
analisar a fundamentação dos mesmos, no intuito deferir ou indeferí-los, a banca
realizou uma espécie de impugnação subjetiva em cada um deles, ao invés de objetiva,
voltado apenas para negar provimento aos recursos, sendo utilizados parâmetros
distintos (quando a resposta foi rasa elaborada apenas na normatividade legal, foi
indeferido por falta de embasamento doutrinário; quando embasado legal e
doutrinariamente, foi indeferido por desnecessidade de discussão doutrinaria), sendo
que uma das respostas aos recursos não foi sequer assinada pelo corretor, aparentando
ter sido uma resposta coletiva a um recurso pessoal, o que pode ser devidamente
comprovado conforme cópias anexas, sendo nulo este ato, nos termos da Lei 14.184/02,
que prescreve em seu art. 16 que “os atos do processo serão realizados por escrito, em
vernáculo, e conterão a data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade por
eles responsável.”

Abaixo seguem trechos que corroboram com o acima exposto, no que se refere à
divergência de pontos de vista acerca da correção da prova, onde foi usado critérios
subjetivos e não objetivos:

Resposta do recurso da questão 6: “Conforme previsto no item 4.2.7.1 do Edital


a questão seria valorada conforme o conhecimento do candidato sobre o tema, a
utilização correta do idioma oficial e sua capacidade de exposição do tema.

O candidato não fez qualquer menção às teorias extremada e limitada da


culpabilidade” (grifo nosso)

Resposta ao recurso da questão 8: “[...] revela um raciocínio simplório e não


condizente com o espírito critico que a questão exigia.” (grifo nosso)
Resposta ao recurso da questão 7: “Bastava uma análise literal da letra da lei, posto
que as construções doutrinárias e jurisprudenciais [...], pouco importava.” (grifo
nosso)

Assim restou evidente a discrepância dos parâmetros utilizados na correção das


referidas questões.

Destaca-se agora trechos retirados, sucessivamente, das respostas dos recursos


externadas pela Banca e das respostas exaradas pelo Autor nas questões, para
demonstrar que estas foram respondidas corretamente tanto legal quanto
doutrinariamente, inclusive nos termos da Doutrina sugerida pela Banca, apesar de
preterida por esta, que valorou subjetivamente as questões, ao invés de aplicar critérios
objetivos na aplicação da pontuação:

QUESTÃO 06: “Estabeleça a distinção entre o desconhecimento da lei, o erro


sobre a ilicitude do fato e as descriminantes putativas, indicando as respectivas
consequências jurídico-penais.”

DA RESPOSTA DO CANDIDATO: “O artigo 21 do CPB, relata que o


desconhecimento da lei é inescusável, ou seja, é indiscupável, porém apesar da
presunção absoluta de que uma lei promulgada e publicada possui, vivemos em país
onde a diversidade ética é enorme, bem como a extensão territorial do país, aliado ainda
sermos um país de terceiro mundo, onde a informação ainda é morosa ou até mesmo
inexistente. Portanto pode ocorrer de vários indivíduos não serem beneficiados pelas
informações ou até mesmo não terem tal condição. Portanto apesar de criticas
doutrinárias o nosso código penal brasileiro no seu artigo 65 II, apenas atenua a pena
imposta ao indivíduo.

O erro sobre a ilicitude do fato também vem previsto no artigo 21 do CPB, onde há o
conhecimento da lei de maneira geral, porém devido a diversos fatores sociais, bem
como a modificação permanente das leis, desconhece o carater ilícito do fato(erro
essencial acerca do carater proibido). Referido erro pode ser total devido as
circunstancias onde o indivíduo será beneficiado pela isenção da pena (inevitável) ou
ainda devido a circunstancias o indivíduo erra onde poderia, digo deveria ter ou atingir a
consciência acerca da ilicitude, tendo este como consequência jurídica a diminuição
genérica de pena de 1/6 à 1/3.
A descriminaste putativa (descriminante imaginária) elencada do artigo 20 § 1º, o
individuo conhece também a lei de maneira geral, porém devido à fatores sociais vastos,
acredita que age amparado pela lei, errando sobre esse amparo legal no que tange a suas
garantias de isenção. Tendo como exemplo uma legítima defesa da honra no caso de um
pai que teve sua filha violentada. Referida Descriminante Putativa devido à
circunstancias poderá ser inevitável, terá o benefício da isenção da pena, porém se não
era inevitável e o crime é punido na modalidade culposa, responderá pelo mesmo, onde
a doutrina denomina como culpa imprópria.”

DA RESPOSTA DO RECURSO: “verifica-se que a questão em apreço exigia do


candidato não apenas uma conceituação clara e precisa do desconhecimento da lei, do
erro sobre a ilicitude do fato e das descriminantes putativas, mas também uma correta
apreciação de suas respectivas conseqüências jurídico-penais [...].

[...] Portanto, a questão propunha que o candidato não apenas discutisse o


desconhecimento da lei, erro sobre a ilicitude do fato e as discriminantes putativas, mas
que também os conceituasse de forma adequada e apontasse suas conseqüências
jurídicas, o que, obviamente, no que tange ao ultimo instituto, não poderia ser feito sem
que se procedesse a uma análise das teorias limitada e extremada da culpabilidade.

[...] Percebe-se que o candidato não respondeu corretamente acerca do desconhecimento


da lei, vez que não o conceituou (desconhecimento, pelo agente, dos dispositivos
legislados) nem apontou todas as suas conseqüências jurídicas.

Da mesma forma, o candidato, no que tange ao erro sobre a ilicitude do fato, não
mencionou que tal erro importa na exclusão da culpabilidade do agente quando
inevitável em virtude da falta de potencial consciência da ilicitude.

Por fim, o candidato não abordou de forma correta as descriminantes putativas, vez que
as analisou de forma rasa e somente no que diz respeito ao erro que recai sobre a
existência de uma causa de justificação, vez que não discorreu acerca do erro sobre a
situação de fato nem sobre aquele que recai acerca dos limites de uma dirimente. O
candidato não fez qualquer menção às teorias extremada e limitada da
culpabilidade. [...]”

QUESTÃO 07: “Diante do descumprimento injustificado de medida cautelar


diversa da prisão anteriormente imposta (art. 319, CPP) poderá o juiz, em
qualquer infração penal punida com pena privativa de liberdade, decretar a prisão
preventiva do indiciado/acusado? Fundamente sua resposta:”
DA RESPOSTA DO CANDIDATO: “O titulo IX do Código de Processo Penal, onde
versa sobre Prisões, foi amplamente alterado pela lei 12403/11, sendo que uma das
grandes inovações foi acerca das Medidas Cautelares Pessoais diversas da prisão,
estando elencadas no artigo 319 do aludido diploma. Referidas medidas deverão ser
utilizadas preferencialmente em relação às prisões cautelares, sempre sendo observada a
necessidade, adequação e utilidade das referidas medidas.

Apesar de referidas medidas serem aplicadas preferencialmente ao cárcere, aplicadas


isoladas ou cumulativamente conforme §1 º do 282 do CPP, em caso de
descumprimento das referidas, poderá o Juiz de Ofício ou mediante requerimento do
Ministério Público, de seu Assistente ou do querelante (em caso de Ação Penal Privada)
substituir a medida, cumular, e em ultimo caso decretar a prisão preventiva, conforme
§4 º do artigo 282 do CPP.

Ressalta-se que em nosso ordenamento jurídico adotamos a teoria Dicotômica, acerca


do conceito das Infrações Penais, sendo esta utilizada como gênero, tendo como
espécies o Crime e as Contravenções Penais. Portanto acerca da possibilidade da
decretação da prisão preventiva pelo não cumprimento das cautelares a doutrina se
divide, uns dizendo que somente poderá ser decretada a preventiva quando se tratar de
crimes dolosos com a pena máxima cominada em 4 anos, com base no artigo 313 do
CPP, devido à gravidade da medida; outros entendem que a inovação trazida pela lei
12403/11, surgiu uma nova modalidade de prisão preventiva, podendo a mesma ser
decretada em qualquer espécie de infração penal em caso de descumprimento das
medidas cautelares, ressalvando apenas as infrações que não comportam a pena
privativa de liberdade; há entendimento ainda que deverá ser analisado o caso em
concreto para avaliar a necessidade e a adequação da medida.

Fato é que a prisão preventiva pode ser decretada em qualquer fase da persecução penal
(Inquérito e Ação Penal) sendo que na hipótese em tela, estamos ainda na fase do
Inquérito Policial, investigação, onde o acusado/investigado anda não se transformou
em réu, e cabe a critica o porquê da Autoridade Policial não estar no rol dos legitimados
e o Assistente de acusação que só é admitido na fase da Ação Penal ser.”

DA RESPOSTA DO RECURSO: “[...] A questão 07, cujo enunciado indagava ao


candidato se (Diante do descumprimento injustificado de medida cautelar diversa da
prisão anteriormente imposta (art. 319, CPP) poderá o juiz, em qualquer infração penal
punida com pena privativa de liberdade, decretar a prisão preventiva do
indiciado/acusado?), visava avaliar o candidato no sentido de saber se ele possui
conhecimento acerca da matéria: pode ou não pode a prisão preventiva ser decretada
pelo simples descumprimento injustificado de medida cautelar?
A resposta para a questão era sim, que pode ser decretada a preventiva no caso de
descumprimento injustificado de medida cautelar, independentemente da pena
imposta ao crime a que responde o indicado/acusado, bastando ao candidato que
fundamentasse sua resposta nos dispositivos do Código Processo Penal, delineados nos
artigos 312, parágrafo único e 282 § 4º.

O legislador – e aqui não importa seus motivos – simplesmente facultou ao juiz em caso
de descumprimento de medida cautelar de forma injustificada “substituir a medida,
impor outra em cumulação, ou, em ultimo caso, decretar a prisão preventiva (art. 312,
parágrafo único)” (art. 282, § 4º, do CPP).

Bastava uma análise literal da letra da lei, posto que as construções doutrinarias e
jurisprudenciais no sentido de analisar os requisitos do art. 313, do CPP; se seria
proporcional decretar a preventiva no caso dos crimes que eventual condenação
ensejaria a substituição da prisão por penas restritivas de direito; se o crime era culposo,
etc., pouco importava. O que legislador quis ao prever essa hipótese de preventiva – e
essa era a resposta que a pergunta exigia – foi dar efetividade às cautelares diversas da
prisão.

Se posicionar de forma contraria é jogar no lixo a letra da lei e aquilo que desejou o
legislador.

Em síntese, bastava ao candidato responder que é possível a aplicação de prisão


preventiva “Diante do descumprimento injustificado de medida cautelar diversa da
prisão anteriormente imposta (art. 319, CPP)”, eis tratar-se de uma modalidade (nova)
de prisão preventiva, cujo fundamento é a substituição às cautelares previamente
impostas e eventualmente descumpridas (art. 282, § 4º, art. 312, parágrafo único, ambos
do CPP), como forma de dar efetividade a referidas cautelares. [...]”

QUESTÃO 08: “A Lei 12403/11 tratou, entre outros institutos, das medidas
cautelares, oportunizando a aplicação de medidas que se situam entre a prisão e a
liberdade. Considerando-se que o tempo de duração da prisão provisória é
detraído da pena concretamente aplicada ao final do processo, pergunta-se: É
possível a detração do tempo de duração de medida cautelar, diversa da prisão
provisória, do quantum de pena aplicada na sentença? Fundamente sua resposta:”
RESPOSTA DO CANDIDATO: “Considerado que a lei 12403/11, consolidou um
entendimento notório de nossa doutrina e jurisprudência em relação a flexibilização das
prisões cautelares, as quais deverão ocorrer somente em ultimo caso, tendo como
parâmetro os direitos fundamentais elencadas na CRFB/88, em especial a dignidade da
pessoa humana, evitando assim em muitos casos o recolhimento ao cárcere de maneira
desnecessária. Sendo que uma das premissas da punição estatal é a ressocialização do
indivíduo.

Sendo assim as medidas cautelares diversas da prisão, serão adotadas como


preferencial, porém apesar de não ter a natureza cautelar, são punições “antecipadas” do
Estado, portanto possui a mesma natureza da segregação do cárcere, apesar do não
recolhimento ao mesmo.

Ressalta-se ainda que as Medidas Cautelares diversas da Prisão, limita não só direitos
considerados mínimos, limitando ainda a liberdade do indivíduo.

O instituto da Detração é utilizado, para decotar da pena de prisão imposta ao réu,


quando do cumprimento anterior de prisões provisórias, evitando que o mesmo cumpra
pena além de sua condenação. As medidas cautelares como descrito vieram para
substituir as prisões provisórias, portanto deverá ser considerada em caso de condenação
em virtude da Detração ao final aplicada. Pois seria contraditório em caso de não
aplicação, tendo em vista sua natureza de sanção pessoal.”

DA RESPOSTA DO RECURSO: “O recurso sub examine questiona a atribuição da


nota 1 (um) à resposta da questão de nº 8 ao argumento de que a possibilidade de
detração em relação a todas as medidas cautelares é o raciocínio que melhor se
coadunaria com a ordem constitucional. Para tanto, sustenta ter lançado mão da analogia
in bonan partem, a qual se manifestaria no âmbito do Direito Processual Penal, e de
parte da doutrina, a qual se manifestaria nesse mesmo sentido.

É o relatório

Decido.

Em primeiro lugar, registra-se que eventuais divergências doutrinarias são normais no


direito e não podem constituir fundamento para anulação de uma questão de concurso
publico e nem tampouco para admissão de duas respostas como “corretas”.

Vejam-se, bem a propósito, os dizeres de um dos autores citados como bibliografia


sugerida para o certame;

“Detração: As medidas cautelares devidamente cumpridas podem ser computadas na


pena privativa de liberdade e na medida de segurança? Atualmente, em face da criação
de diversas medidas cautelares, é preciso ver se elas implicaram maior ou menor
restrição ao direito de liberdade. Assim, p. ex., a prisão domiciliar prevista nos arts. 317
e 318, ambos do CPP, indubitavelmente, deve ser computada. A internação provisória
de que trata o inciso VII do art. 319 do estatuto processual penal já tem até previsão nos
arts. 42 e 41 do CP. O recolhimento domiciliar de que trata o inciso V do art. 319,
implicando, como efetivamente implica, séria restrição ao direito de liberdade, também
deve ser considerado. Quanto às demais cautelares elencadas no corpo do art. 319, não
cremos possa se estender a elas a regra do art. 42 do CP” (TOURINHO FILHO,
Fernando da Costa. Processo Penal. 34 ed. São Paulo: Saraiva, 2012, v. 3, p. 582).

Ora, a admissão de detração em relação a todas as medidas cautelares (sem qualquer


distinção da natureza destas) revela um raciocínio simplório e não condizente com o
espírito critico que a questão exigia. [...]”

Assim, os trechos em destaque acima demonstram, de forma inequívoca, que o Autor


respondeu as questões em apreço, sendo corroborado pelo examinador, porém não teve
sua nota valorada em décimos sequer, tendo em vista que dos 715 (setecentos e quinze)
candidatos que interpuseram recurso administrativo apenas um pequeno número destes
foram deferidos de forma parcial ou total, alguns logrando êxito na majoração de apenas
0,25 pontos (aproximadamente 30 candidatos, uns - aproximados cinco candidatos -
inclusive chegando à soma de 23,75, ou seja, faltando apenas 0,25 pontos para continuar
no certame), FATO CURIOSO, tendo em vista que na 1ª correção da prova discursiva,
dos aproximados 3.500 (três mil e quinhentos) candidatos sequer houve uma nota que
não fosse inteira ou metade (1,0 ou 0,5), o que pode ser devidamente comprovado pelo
edital nº 60 e demais resultados da prova discursiva disponibilizado pela Fumarc e
Acadepol em seus respectivos sítios, deixando transparecer que, mais uma vez, a análise
dos recursos foi apenas para seguir as fases do Edital e não para realmente analisá-los
acerca do conhecimento sobre o tema, a utilização correta do idioma oficial e a
capacidade de exposiçãoconforme tangente ao item 4.2.7.1 e seus respectivos subitens
e posterior deferimento ou não.

Assim, se o candidato acertou 50% da questão, por exemplo, o sim para a questão 07, o
candidato deveria ter obtido 2,5 pontos dos 05 pontos previstos para a questão,
adotando-se critério objetivo, o que não foi aplicado ao caso sub judice, pois, os pontos
foram distribuídos subjetivamente, neste caso da questão 07 a nota foi de 02 pontos,
apesar de acertado 50% da questão, fato que aconteceu nas questões 06 e 08.

Se não bastasse essa ilegalidade, foi lançado na página principal da Acadepol, a


convocação dos aprovados para submissão na prova oral, sem divulgarem as respostas
dos recursos e os candidatos que foram beneficiados com o deferimento, e que os
candidatos que “por ventura” fossem aprovados realizariam suas provas ao final dos
exames dos demais aprovados, ferindo assim uma ordem editalícia de convocação, bem
como os princípios norteadores do direito administrativo, em especial o da
impessoalidade, ferindo o art. 37, IV da C.F.

Outra ilegalidade está no fato da questão número 01 de Direito Constitucional, cuja


matéria exigida na referida questão não estava prevista no anexo I do Edital, pois se
tratava de tema afeto ao Titulo VIII - Da Ordem Social, Capitulo II – Da Seguridade
Social e Seção II – da Saúde (artigos 196 a 200), portanto, não foi estudada
profundamente para realização do concurso, sendo visualizada apenas superficialmente
nos “Dos Direitos Sociais” (artigos 6º ao 11 da C.F), os quais tinha previsão no edital
conforme item 1.6.4.2 do anexo I do Edital 01/11, prejudicando o melhor
aproveitamento da questão em análise, sem contar com o fator emocional, uma vez que
se tratava da questão número 1, onde o candidato ao abrir o caderno de provas se
deparava com uma surpresa desagradável, influenciando no desenrolar das demais
questões, sendo assim não poderia esta questão ter sido arguida no certame visto que
não estava sua matéria prevista no edital.

“QUESTÃO 01

Considerando as últimas discussões e deliberações na Câmara dos Deputados em torno


da regulamentação da EC nº 29/2000, discorra, com base no artigo 198 da
Constituição Federal, sobre a responsabilidade da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, quanto ao custeio e à prestação dos serviços públicos na
área da saúde.” (grifo nosso)

É óbvio que a pontuação obtida pelo Autor não o habilita para submissão a 3ª
fase do concurso. No entanto, as questões nºs 01, 06, 07 e 08 da prova discursiva na
qual o Autor não pontuou o quanto realmente merecia ou não estava a matéria ali
prevista pelo Edital 01/11, estando inquinadas de inequívoco e manifestos vícios e
erros em suas concepções, cujas fundamentações passaram ao largo dos olhos e
desejos das autoridades participantes da banca examinadora, que atuaram em
nome do Réu, causando prejuízo imensurável às pretensões do Autor em adentrar,
legitimamente, na fase subsequente (3ª fase) do concurso.
Por ser o concurso público o meio mais legítimo, democrático, idôneo e
eficiente de investidura no serviço público, ao empregar um critério objetivo, impessoal
e meritório, afasta os privilégios e favoritismos que, lamentavelmente, ainda
contaminam alguns setores da Administração Pública.

Sobre o assunto doutrina José dos Santos Carvalho Filho:

"O concurso público é o instrumento que melhor representa o sistema do mérito, porque
traduz um certame de que todos podem participar nas mesmas condições, permitindo
que sejam escolhidos realmente os melhores candidatos. Baseia-se o concurso em três
postulados fundamentais. O primeiro é o princípio da igualdade, pelo qual se permite
que todos os interessados em ingressar no serviço público disputem a vaga em
condições idênticas para todos. Depois, o princípio da moralidade administrativa,
indicativo de que o concurso veda favorecimentos e perseguições pessoais, bem como
situações de nepotismo, em ordem a demonstrar que o real escopo da Administração é o
de selecionar os melhores candidatos. Por fim, o princípio da competição, que significa
que os candidatos participam de um certame, procurando alçar-se a classificação que os
coloque em condições de ingressar no serviço público."

(Manual de Direito Administrativo. 17ª ed., Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p.
541)

Sabido é que todo concurso público deve pautar-se nos princípios norteadores
de nossa ordem constitucional vigente, entre eles os princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade, transparência, razoabilidade e motivação dos
atos administrativos, previstos no “Caput” do art. 37 da C.F.

Conforme se extrai da análise do edital 01/11, em especial no que tange ao


item 4.2.7.1 e seus respectivos subitens, que regulamentam a correção da prova
discursiva (2ª fase), foi previsto que a prova discursiva seria avaliada pela banca
examinadora considerando, em cada questão, o conhecimento sobre o tema, a
utilização correta do idioma oficial e a capacidade de exposição, e, em nenhum
momento, houve previsão de que a correção iria ser feita conforme mero e livre arbítrio
dos examinadores, que usando da subjetividade demonstrada na correção dos referidos
recursos, esqueceram-se do direito ao invés de pontuar objetivamente as repostas do
Autor.
Dessa maneira, a correção das provas discursivas, baseadas em parâmetros que
não os previstos no edital 01/11, conforme transcrito acima, fere o princípio da
vinculação ao instrumento convocatório, em face da sua falta de previsão editalícia,
bem como atenta contra os princípios da publicidade e razoabilidade, que culminou na
eliminação do Autor do certame em face dos atos eivados de nulidade vistos que ilegais.

Portanto e nos termos dos fundamentos jurídicos, doutrinários e


jurisprudenciais abaixo colacionados, impõe-se seja dado provimento aos pedidos do
Autor, como medida de direito e cautela, sendo-lhe assegurado o direito de obter a
revisão das questões recorridas, agora corrigidas com critério objetivo e, com sua
aprovação na prova discursiva, o direito à continuidade no certame.

É este o entendimento de nossos Tribunais:

EMENTA: CONCURSO PÚBLICO - MANDADO DE SEGURANÇA - CRITÉRIO


DE CORREÇÃO DE PROVAS - REQUISITOS ESTABELECIDOS EM EDITAL -
DIREITO LÍQUIDO E CERTO DO IMPETRANTE - Se é certo que o critério de
correção de provas e atribuição de notas não pode ser objeto de impugnação perante o
Judiciário, certo também é que, uma vez estabelecida no edital do CONCURSO
PÚBLICO a forma de realização da correção da prova, líquido e certo é o direito do
impetrante, via mandado de segurança, de ter a sua prova corrigida dentro dos ditames
estabelecidos naquele edital. (Ap. nº. 1.0000.00.216459-8/000. Rel Hyparco Immesi.
DJ:07/03/2002)

PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. OAB. CRITÉRIOS DE


ELABORAÇÃO CORREÇÃO DAS PROVAS DO EXAME DE ORDEM.
PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE, FUNDAMENTAÇÃO E MOTIVAÇÃO. ART.
5º, XXXV, DA CF/1988. POSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO PELO PODER
JUDICIÁRIO./

1. A vedação quanto à impossibilidade de análise dos critérios de correção de provas


pelo Poder Judiciário deve ser relativizada, a fim de proporcionar ao jurisdicionado
maior amplitude de proteção do seu direito./ 2. Para os casos em que os critérios
adotados na elaboração e correção de provas de concursos estejam em clara
inobservância ao princípio da razoabilidade, da fundamentação, da motivação, com base
no preceito constitucional (art. 5º, XXXV, da CF), pode e deve o Poder Judiciário, com
os temperamentos necessários, avaliar tais aspectos. / 3. O mérito do ato
administrativo está, sim, sujeito a controle judicial, sob o critério da razoabilidade. O
juiz não irá avaliar se o administrador, como é de seu dever, fez o melhor uso da
competência administrativa, mas cabe-lhe ponderar se o ato conteve-se dentro de
padrões médios, de limites aceitáveis, fora dos quais considera-se erro e, como tal,
sujeito a anulação. (TRF1. AMS 2002.34.00.035228-5/DF, relator Desembargador
Federal João Batista Moreira).

AGRAVO REGIMENTAL. CONCURSO PÚBLICO. CRITÉRIO DE CORREÇÃO


DE TEXTO DE QUESTÃO SUBJETIVA EM DESACORDO COM A PRÓPRIA
RESPOSTA DA BANCA EXAMINADORA DO CONCURSO. INOBSERVÂNCIA
AO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE. NULIDADE PARCIAL DA QUESTÃO.
POSSIBILIDADE.- 1. A resposta da Banca Examinadora não pode destoar dos critérios
de correção divulgados, de forma expressa, no espelho da avaliação da prova discursiva,
pois tal incongruência acarreta a nulidade parcial ou total da referida questão./ 2. O
princípio da razoabilidade deve nortear a motivação da apreciação subjetiva da
Administração Pública, devendo, portanto, ser factível, razoável e verdadeira./ 3.
Agravo regimental provido. (TRF _ 5ª Região, Agravo de Instrumento nº 56596/PE
(2004.05.00.017833-7), 3ª Turma, Rel. Des. Federal Paulo Gadelha, DJU
19.10.2004)

PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. OAB. CRITÉRIOS DE


ELABORAÇÃO CORREÇÃO DAS PROVAS DO EXAME DE ORDEM.
PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE, FUNDAMENTAÇÃO E MOTIVAÇÃO. ART.
5º, XXXV, DA CF/1988. POSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO PELO PODER
JUDICIÁRIO./1. A vedação quanto à impossibilidade de análise dos critérios de
correção de provas pelo Poder Judiciário deve ser relativizada, a fim de proporcionar ao
jurisdicionado maior amplitude de proteção do seu direito./2. Para os casos em que os
critérios adotados na elaboração e correção de provas de concursos estejam em clara
inobservância ao princípio da razoabilidade, da fundamentação, da motivação, com base
no preceito constitucional (art. 5º, XXXV, da CF), pode e deve o Poder Judiciário, com
os temperamentos necessários, avaliar tais aspectos./ 3. O mérito do ato administrativo
está, sim, sujeito a controle judicial, sob o critério da razoabilidade. O juiz não irá
avaliar se o administrador, como é de seu dever, fez o melhor uso da competência
administrativa, mas cabe-lhe ponderar se o ato conteve-se dentro de padrões médios, de
limites aceitáveis, fora dos quais considera-se erro e, como tal, sujeito a anulação.
(AMS 2002.34.00.035228-5/DF, relator Desembargador Federal João Batista Moreira,
DJ de 25/11/2004)./4. Comprovado, no caso, que houve falha no procedimento adotado
para correção da peça processual aplicada na prova prático-profissional realizada pelo
impetrante, ante a inobservância aos princípios da razoabilidade, da motivação e da
fundamentação, impõe-se a anulação da correção, para que nova apreciação seja
realizada./5. Apelação a que se dá parcial provimento. (TRF.1- Processo: AMS
2005.34.00.020803-0/DF; APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA
Relator: DESEMBARGADORA FEDERAL MARIA DO CARMO
CARDOSO Órgão Julgador: OITAVA TURMA Publicação: 23/11/2007 DJ
p.239 Data da Decisão: 13/11/2007 ) grifamos

PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. OAB. CRITÉRIOS DE


ELABORAÇÃO CORREÇÃO DAS PROVAS DO EXAME DE ORDEM.
PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE, FUNDAMENTAÇÃO E MOTIVAÇÃO. ART.
5º, XXXV, DA CF/1988. POSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO PELO PODER
JUDICIÁRIO./

1. A vedação quanto à impossibilidade de análise dos critérios de correção de provas


pelo Poder Judiciário deve ser relativizada, a fim de proporcionar ao jurisdicionado
maior amplitude de proteção do seu direito./ 2. Para os casos em que os critérios
adotados na elaboração e correção de provas de concursos estejam em clara
inobservância ao princípio da razoabilidade, da fundamentação, da motivação, com base
no preceito constitucional (art. 5º, XXXV, da CF), pode e deve o Poder Judiciário, com
os temperamentos necessários, avaliar tais aspectos. / 3. O mérito do ato
administrativo está, sim, sujeito a controle judicial, sob o critério da razoabilidade. O
juiz não irá avaliar se o administrador, como é de seu dever, fez o melhor uso da
competência administrativa, mas cabe-lhe ponderar se o ato conteve-se dentro de
padrões médios, de limites aceitáveis, fora dos quais considera-se erro e, como tal,
sujeito a anulação.(TRF1. AMS 2002.34.00.035228-5/DF, relator Desembargador
Federal João Batista Moreira).

II – DA NECESSIDADE DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

O Autor por não dispor de meios suficientes para arcar com o ônus do
pagamento de custas processuais e honorários advocatícios requer a concessão dos
benefícios da gratuidade de justiça, com fulcro no art. 5º XXXIV, “a” da Constituição
Federal, declarando ser pobre nos termos do art. 4º da Lei 1.060/50.
III – DA NECESSIDADE DE CONCESSÃO DE TUTELA ANTECIPADA

O art. 273 do Código de Processo Civil prescreve que o juiz poderá, a


requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida
no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da
verossimilhança da alegação e haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil
reparação.

Portanto, para a concessão da tutela antecipada devem concorrer os dois


requisitos legais, ou seja, a relevância dos motivos em que se assenta o pedido inicial e
a possibilidade da ocorrência de lesão irreparável ao direito do Autor se vier a ser
reconhecido tardiamente na decisão de mérito.

DA VEROSSIMILHANÇA – A verossimilhança se verifica nas questões das provas


questionadas, onde foi aplicado o critério subjetivo em detrimento do objetivo,
conforme acima exposto, aplicando-se pontuação sem o menor critério, bem como
submetendo questões cuja matéria não estava prevista no edital, conforme aconteceu
com a questão nº 01 de Direito Constitucional, cujo tema afeto ao Titulo VIII - Da
Ordem Social, Capitulo II – Da Seguridade Social e Seção II – da Saúde (artigos 196 a
200), sendo que a previsão editalícia era o Capítulo II “Dos Direitos Sociais” (artigos
6ºao 11 da C.F), os quais tinha previsão no edital conforme item 1.6.4.2 do anexo I do
Edital 01/11, ferindo o princípio da vinculação ao instrumento convocatório.

Cumpre ressaltar, de logo, que embora se reconheça não caber ao Poder Judiciário, em
regra, imiscuir-se no mérito dos atos administrativos, reapreciando questões de provas
ou reavaliando notas atribuídas pela banca examinadora de concurso público, a
jurisprudência pátria tem admitido a ingerência do judiciário para examinar as questões
cuja impugnação esteja fundada na legalidade da avaliação aferida segundo as
disposições do edital e demais normas que regem o certame, quando, por exemplo, em
prova de múltipla escolha, a banca aceita uma alternativa como correta e o edital
somente admite um quesito como correto, o candidato demonstra haver mais de uma
alternativa ou a inexistência de alternativa correta.

‘Nesse sentido é o entendimento do Egrégio Tribunal Regional Federal:

“CONCURSO PÚBLICO – QUESITO DE PROVA OBJETIVA – ADMISSIBILIDADE


DE ANULAÇÃO PELO PODER JUDICIÁRIO EM CASOS EXCEPCIONAIS –
INOCORRÊNCIA DE PREJUÍZOS AOS DEMAIS CANDIDATOS APROVADOS –
LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO – INEXISTÊNCIA – Excepcionalmente, restando
demonstrado que a resposta considerada correta pela banca examinadora está,
objetivamente, em desacordo com o ramo de conhecimento investigado, houver erro
material ou vício na formulação da questão, é admissível o Poder Judiciário anular
questão de concurso. Se com a adição dos pontos referentes ao quesito anulado às
outras notas obtidas pelos autores da ação fica comprovado, por certidão da instituição
responsável pela realização do concurso, o preenchimento das demais condições
exigidas no Edital, é de se reconhecer a aprovação destes na primeira etapa do
concurso público. Ausência de prejuízo para os demais candidatos aprovados.
Impossibilidade de quem não foi litisconsorte ativo se beneficiar da sentença.
Inexistência de litisconsórcio necessário. Preliminar de nulidade da sentença rejeitada.
Apelação dos autores parcialmente provida. Apelação da União e remessa oficial
improvidas.” (TRF 5ª R. – AC 106.703 – (96.05.27664-0) – PE – 3ª T. – Rel. Des. Fed.
Conv. Manoel Erhardt – DJU 24.10.2002 – p. 888) – Grifos nossos

DO DANO IRREPARÁVEL OU DE DIFÍCIL REPARAÇÃO - Para obtenção da


tutela cautelar, a parte deverá demonstrar fundado temor de que, enquanto aguarda a
tutela definitiva, venham a faltar às circunstâncias de fato favoráveis à própria tutela e
esta tornar-se inócua. E isto pode ocorrer quando haja o risco de perecimento,
destruição, desvio, deterioração, ou de qualquer mutação das pessoas, bens ou provas
necessárias para a perfeita e eficaz atuação do provimento final do processo principal.

Para a doutrina pátria, e na lição do Prof. Humberto Theodoro Júnior, tem-se


que:

“Receio fundado é o que não decorre de simples estado de espírito do requerente, que
não se limita à situação subjetiva de temor ou dúvida pessoal, mas se liga a uma
situação objetiva, demonstrável através de algum fato concreto.

Perigo de dano próximo ou iminente é, por sua vez, o que se relaciona com uma lesão
que provavelmente deva ocorrer ainda durante o curso do processo principal, insto é,
antes da solução definitiva de mérito.

Por fim, o dano temido, para justificar a proteção cautelar, há de ser a um só tempo
grave e de difícil reparação, mesmo porque as duas idéias se interpenetram e se
completam, posto que para ter-se como realmente grave uma lesão jurídica é preciso
que seja irreparável sua conseqüência, ou pelo menos de difícil reparação. (ob. Cite,
pág. 373).

Assim, segundo se depreende do caso em tela verifica-se que o Autor será fatalmente
prejudicado se a prestação jurisdicional não ocorrer a tempo e modo, isso em virtude da
realização da arguição das provas orais que já se iniciaram em data
de 30/05/12 (conforme Portaria Nº 64/DRS/ACADEPOL/PCMG/2012) e se estenderá
até dia 08/06/12, data esta marcada para os que foram aprovados após as análises dos
recursos, e que caso não seja concedida a tutela antecipada, com a consequente
convocação do Autor para participar da próxima fase do certame, resultará em prejuízo
de proporções irreparáveis, haja vista tratar-se de emprego público que lhe proverá o
sustento e de sua família, bem como lhe proporcionará a realização de um sonho
pessoal.

Para que o judiciário não se divorcie dos ditames estabelecidos pela Carta da República
e, por conseguinte, imponha ao Autor um estado de ilegítima submissão, em
contrariedade frontal aos princípios que informam o Estado Democrático de Direito,
deve a presente tutela antecipada ser concedida in continenti, por imperativo da mais
límpida JUSTIÇA, diante do preenchimento dos requisitos autorizadores.

IV – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer a V. Exa:

a) Seja concedida tutela antecipada, em caráter de urgência, initio litis,inaudita altera


pars, nos termos do art. 273 do C.P.C., ordenando ao Réu que proceda a revisão da
correção das questões de nº 06 de Direito Penal, 07 e 08 de Direito Processual Penal,
acima individualizadas, corrigidas de forma subjetiva, que culminou na reprovação do
Autor por conta de apenas 01 ponto, corrigindo-as agora de forma objetiva, anulando a
questão nº 01 de Direito Constitucional, não prevista no edital, determinando a imediata
convocação do Autor para a 3ª fase do concurso (prova oral), que está acontecendo
desde 30/05/12 e vai até a data de 08/06/12, último dia desta avaliação, para que este
não perca esta fase, fixando multa para o caso de descumprimento da ordem, em valor a
ser arbitrada por V. Exa., e, se aprovado seja inserido nas demais fases, intimando à
ACADEPOL da decisão para a mesma dar cumprimento à ordem, em sua sede
localizada na Rua Oscar Negrão de Lima, 200 – Bairro Nova Gameleira/BH - MG;
b) Seja citado o Réu para contestar a presente ação na pessoa do seu procurador Geral,
nos termos do art. 12, I do C.P.C., no prazo legal, sob pena de revelia e confissão;

c) Seja intimado o Ministério Público para todos os atos e termos do processo;

d) Seja deferida ao Autor a assistência judiciária requerida, nos termos do art. 4º da


Lei 1.060/50;

e) Sejam ao final julgados procedentes os pedidos do Autor, ratificando a tutela


antecipada deferida, para condenar o Réu a proceder à revisão da correção das questões
de nº 06 de Direito Penal, 07 e 08 de Direito Processual Penal, corrigindo-as de forma
objetiva, anulando a questão nº 01 de Direito Constitucional, cuja matéria não está
prevista no edital, determinando a imediata convocação do Autor para a 3ª fase do
concurso (prova oral), que está acontecendo desde 30/05/12 e vai até a data de 08/06/12,
último dia desta avaliação, para que este não perca esta fase, e, se aprovado nesta e
demais fases, o direito à nomeação e posse no cargo de Delegado de Polícia;

f) Em sede de pedido sucessivo, não sendo concedida a tutela antecipada requerida,


seja determinado ao Réu, após a decisão meritória de procedência dos pedidos do Autor,
submeta o mesmo à prova oral e demais fases do concurso, nos moldes previstos no
edital, e, se aprovado nestas, o direito à nomeação e posse no cargo de Delegado de
Polícia;

g) Seja o Réu condenado no pagamento das custas processuais e honorários


advocatícios em valor a ser arbitrado por V. Exa.

Protesta provar o alegado por todos os meios admitidos pelo ordenamento jurídico, em
especial pela juntada de novos documentos, oitiva de testemunhas cujo rol será
oportunamente juntado e depoimento pessoal do representante do Réu.

Dá-se à causa o valor de R$--------------------- para efeitos meramente fiscais.

Nestes termos pede deferimento.

Data-----------.

Advogado

OAB/MG – xxxxxxx

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