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Parte Geral 243

6.5.3.6. Bens públicos e a não sujeição a usucapião


Dispõe, ainda, o art. 102 do Código Civil que os “bens públicos não estão sujei-
tos a usucapião”. Nesse mesmo sentido já proclamava anteriormente a Súmula 340
do Supremo Tribunal Federal: “Desde a vigência do Código Civil, os bens domini-
cais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião”.
Encontra-se hoje totalmente superada a discussão que outrora se travou no
País a respeito da possibilidade de bens públicos serem adquiridos por usucapião,
mormente os dominicais, visto que a Constituição de 1988 veda expressamente,
nos arts. 183, § 3º, e 191, parágrafo único, tal possibilidade, tanto no que concerne
aos imóveis urbanos como aos rurais.

6.6. RESUMO
DOS BENS

Conceito Bens são coisas materiais ou imateriais, úteis aos homens e de expressão econômica, sus-
cetíveis de apropriação. Coisa é gênero do qual bem é espécie. A classificação dos bens
é feita segundo critérios de importância científica.
Classificação quanto à Os romanos faziam a distinção entre bens corpóreos e incorpóreos. Tal classificação, em-
tangibilidade bora importante, não consta do CC/2002.
Corpóreos são os bens que têm existência física, material.
Incorpóreos são os que têm existência abstrata, mas valor econômico, como o crédito.
Bens considerados em Imóveis: são os que não podem ser removidos de um lugar para outro sem destruição
si mesmos e os assim considerados para os efeitos legais (CC, arts. 79 e 80). Dividem-se em:
a) imóveis por natureza (art. 79, 1ª parte);
b) por acessão natural (art. 79, 2ª parte);
c) por acessão artificial ou industrial (art. 79, 3ª parte); e
d) por determinação legal (art. 80).
Móveis: são os suscetíveis de movimento próprio ou de remoção por força alheia
(art. 82). Classificam-se em:
a) móveis por natureza, que se subdividem em semoventes (os que se movem por força
própria, como os animais) e móveis propriamente ditos (os que admitem remoção por
força alheia);
b) móveis por determinação legal; e
c) móveis por antecipação (arts. 82 e 83).
Fungíveis e infungíveis: são os bens móveis que podem e os que não podem ser subs-
tituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade (art. 85).
Consumíveis: são os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria
substância (consumíveis de fato), sendo também considerados tais os destinados à alie-
nação (consumíveis de direito).
Inconsumíveis: são os que admitem uso reiterado, sem destruição de sua substância, e
não se destinam à alienação (art. 86).
Divisíveis: são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição
considerável de valor ou prejuízo do uso a que se destinam (art. 87). Os bens podem ser:
a) indivisíveis por natureza (os que não se podem fracionar sem alteração na sua subs-
tância, diminuição de valor ou prejuízo);
b) por determinação legal (as servidões, as hipotecas); ou
c) por vontade das partes (convencional).
Singulares: os que, embora reunidos, são considerados na sua individualidade (uma ár-
vore, p. ex.).
Coletivos: os encarados em conjunto, formando um todo (uma floresta, p. ex.). Abran-
gem as universalidades de fato (rebanho, biblioteca — art. 90) e as de direito (herança,
patrimônio — art. 91).
(continua)

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244 Direito Civil Esquematizado Carlos Roberto Gonçalves

(continuação)
Bens reciprocamente Espécies:
considerados a) principal: o bem que tem existência própria, que existe por si;
b) acessório: aquele cuja existência depende do principal (art. 92).
Princípio básico (da gravitação jurídica): o bem acessório segue o destino do principal,
salvo estipulação em contrário. Em consequência:
a) a natureza do acessório é a mesma do principal;
b) o proprietário do principal é proprietário do acessório;
c) perecendo ou extinguindo-se o bem principal, extingue-se também o acessório, mas
o contrário não é verdadeiro.
Espécies de bens acessórios:
a) frutos: são as utilidades que uma coisa periodicamente produz. Dividem-se, quanto
à origem, em naturais, industriais e civis; e, quanto ao estado, em pendentes, percebi-
dos ou colhidos, estantes, percipiendos e consumidos;
b) produtos: são as utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhe a quantidade.
c) pertenças: são os bens móveis que, não constituindo partes integrantes, se destinam,
de modo duradouro, ao serviço ou ornamentação de outro (art. 93);
d) acessões: podem dar-se por formação de ilhas, aluvião, avulsão, abandono de álveo
(acessões naturais) e plantações ou construções (acessões artificiais ou industriais,
art. 1.248, I a V);
e) benfeitorias: acréscimos, melhoramentos ou despesas em bem já existente. Classifi-
cam-se em:
a) necessárias;
b) úteis; e
c) voluptuárias (art. 96).

Bens quanto ao titular Classificam-se em públicos e particulares.


do domínio Bens públicos:
a) conceito: são os do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito
público interno (art. 98);
b) espécies: de uso comum do povo, de uso especial e dominicais (art. 99);
c) caracteres: inalienabilidade (art. 100), imprescritibilidade (CF, art. 91, parágrafo úni-
co) e impenhorabilidade.
Bens particulares: por exclusão, são todos os outros bens não pertencentes a qualquer
pessoa jurídica de direito público interno, mas à pessoa natural ou jurídica de direito pri-
vado (art. 98).

6.7. QUESTÕES
1. (Procurador do Trabalho/2006/XIII Concurso) São considerados bens móveis:
a) o direito à sucessão aberta;
b) os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem;
c) os direitos reais sobre objetos móveis;
d) o que for incorporado artificialmente ao solo;
e) não respondida.
Resposta: “c”.

2. (Procurador do Trabalho/2007/XIV Concurso) Consideram-se bens móveis para os efeitos


legais:
a) os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem;
b) as energias que tenham valor econômico;
c) o direito à sucessão aberta;
d) as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas
para outro local;
e) não respondida.
Resposta: “b”.

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