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Demência
Em demência, é importante oferecer orientação a família sobre a doença e o
funcionamento cognitivo ao longo da evolução, e a testagem em intervalos sucessivos
pode prover essas informações. Outra questão importante reside na avaliação do status
cognitivo para fins práticos e legais. Muitos idosos vivem sozinhos, sendo necessário,
em alguns casos, definir a competência funcional para orientação da vida diária, como,
por exemplo, lidar com operações bancarias ou de outra ordem. O emprego da
avaliação neuropsicológica em na demência e extenso. Seria impossível revisar todas as
outras inúmeras condições em que o cérebro e primariamente atingido, causando
impacto na cognição e, portanto, na adaptação.
Outra fonte de demanda para avaliação e constituída por aquelas condições em que os
recursos cognitivos e adaptativos não são suficientes para a orientação da vida pratica
académica, profissional ou social, pelo fato de os indivíduos apresentarem formas
de organização de suas funções mentais diferentes ou discrepantes do habitual. Nessa
categoria estão incluídos, entre outros, as perturbações especificas do
desenvolvimento, as perturbações globais do desenvolvimento, o atraso mental e até
mesmo quadro e perturbações da personalidade, em que pode haver uma contribuição
significativa de deficis cognitivos em áreas fundamentais para a adaptação social.
De modo particular, as perturbações especificas do desenvolvimento são responsáveis
pelo referimento de inúmeros casos devido aos problemas de adaptação académica,
ocupacional e social que eles causam tanto na infância como na adolescência na vida
adulta. O diagnostico preciso nesses casos e de fundamental importância,
tendo em vista que o impacto negativo de enganos no diagnostico podem
impedir a remedição apropriada e causar enorme atribulação na vida do sujeito e das
famílias. Por exemplo, até a década de 1970 era comum atribuírem-se os problemas de
adaptação a escola, fossem comportamentais ou cognitivos, a causas emocionais. Esse
viés no diagnostico levou gerações de crianças a tratamentos que não eram os
mais apropriados para casos de dislexia, défice de atenção, deficits no desenvolvimento
da linguagem ou das habilidades não verbais. Tendo em conta que as perturbações que
se apresentam pela primeira vez na infância prolongam- se na vida adulta
as vezes de forma muito contundente, e imprescindível que se distingam o défice
principal e os efeitos secundários subjacentes a uma queixa na adaptação académica,
social ou profissional. Apesar da grande demanda para diagnostico diferencial, por
exemplo, entre perturbações de défice de atenção e dislexia, outra utilização
importante da ANP reside na orientação aos tratamentos desses quadros e no
mapeamento da resposta cognitiva as intervenções. Muitas condições apresentam
sintomatologia e manifestações comportamentais que podem ser bastante
semelhantes, como e o caso da perturbação de deficit de atenção/hiperatividade
(TDAH) e da perturbação bipolar (TB) na infância e na adolescência. Entretanto, os
tratamentos medicamentosos e os tipos de terapia ou treinos indicados em cada caso
são bastante diferentes, e os dados fornecidos na ANP são de grande valor, tendo em
vista os perfis cognitivos e de personalidade distintos em cada caso.
Outro caso também ilustra a dificuldade diagnostica nas perturbações do
desenvolvimento. Tratava-se de jovem de 21 anos, ensino superior, encaminhado pelo
psiquiatra para avaliar o porque da significativa dificuldade na adaptação social. Apesar
de extremamente inteligente, conforme estudo prévio, e bem-sucedido do ponto de
vista académico, ele não conseguia manter amigos, era inoportuno, “egoísta” e queria
mudar o foco das atividades com muita frequência.
O exame mostrou uma sutil diferença na velocidade de processamento entre
tarefas verbais e não verbais e maior dificuldade nestas últimas, embora os resultados
nas várias funções avaliadas fossem excecionalmente altos. Ele era meticuloso,
perfeccionista, “arrastando” a performance.
Embora ficasse evidente que não tinha dificuldades, ele exibia notável falta de critica no
comportamento social e, em contraste com outras habilidades, saiu-se muito mal nas
provas que avaliavam capacidade de leitura socio emocional e no entendimento de
expressões metafóricas ou piadas. Essas características aliadas a irrequietude permitiam
entender a longa historia de dificuldades na adaptação social. No seu caso, o perfil
neuropsicológico e os dados do exame de personalidade eram muito sugestivos de
síndrome de Asperger.
Ainda considerando os quadros de perturbação pervasivos do desenvolvimento, tais
como autismo, as questões que levam a avaliação referem-se normalmente tanto a
duvidas diagnosticas como a uma delimitação ou um mapeamento do défice e das
forcas cognitivas para se prover orientação para a escola, a profissão, a família
e o tipo de terapia.
Uma outra fonte de referimento para a avaliação e oriunda de condições que são
geradas ou associadas a desregulação bioquímica ou elétrica do cérebro ou decorrentes
de fatores etiológicos desconhecidos, como é o caso das epilepsias
sem causa conhecida. A ANP pode ser extremamente útil no diagnostico diferencial
entre síndrome de Landau-Kleffner, afasia ou psicose, tendo em vista que esta e uma
condição que ocorre em crianças de idade escolar ou menores, em que os sintomas
iniciais de hiperatividade ou agitação ainda não se acompanham de deficits tao
contundentes na esfera da linguagem.
O diagnostico diferencial e, portanto, extremamente importante, pois permite
evidenciar o quadro afásico sem que haja comprometimento proporcional em outras
esferas da cognição.
Como se pode inferir do exposto, a avaliação neuropsicológica pode angariar de
escolas, outros profissionais e família, dados de interesse para manobra geral de casos
tanto na prática privada como hospitalar, durante uma doença ou condição e ao longo
de sua evolução. Esse serviço de diagnostico complementar pode estabelecer, assim, as
bases para intervenções ambulatórias no período critico de uma internação e pós
critico, constituindo um grande auxílio para a compreensão dos quadros e, em muitas
circunstâncias, fornecendo o contexto inicial da reabilitação ou habilitação funcional.
AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA PARA PROGRAMAR A REABILITAÇÃO E HABILITAÇÃO
COGNITIVA E FUNCIONAL
Hoje em dia, milhares de pessoas são afetadas por ocorrências que atingem o cérebro
primaria ou secundariamente e, em consequência, podem ter a vida afetada.
Nos Estados Unidos, a cada ano, 2 milhões de indivíduos são vítimas de acidentes que
causam lesões cerebrais com os sobreviventes apresentando problemas que
constituem uma “epidemia silenciosa”, cujos cuidados a longo termo custam
anualmente 25 bilhões de dólares.
Em parte, a crença corrente entre os profissionais da saúde de que nada ou pouco
pode ser feito para reparar danos cerebrais pode contribuir para esses custos.
Nesse sentido, os cuidados iniciais podem ser críticos para preservar e proteger as
funções cerebrais e impedir danos cerebrais futuros e desabilidades permanentes.
Muitos pacientes podem melhorar sem tratamento especial. Entretanto, benefícios
de intervenções reabilitativas precoces vem sendo apontados com base nos cuidados
necessários quanto aos aspetos físicos, funcionais, de linguagem, entre outros,
até treino e educação dos familiares e outras pessoas que lidam com o paciente.
Pacientes neuropsiquiátricos apresentam dificuldades em sua adaptação pratica,
que decorrem dos défices associados as suas doenças de base. Essas dificuldades
podem incluir coisas tao elementares como cooperar nos cuidados, manusear
utensílios, obedecer a rotina de uso de medicamentos e terapias.
A equipe de reabilitação pode prover uma avaliação funcional que auxilie o paciente nas
suas dificuldades, treinando-o e engajando-o em atividades praticas na própria casa,
contribuindo para reduzir os sentimentos de impotência e incerteza.
A ANP vai mapear os défices, os recursos e as estratégias que o paciente está utilizando
ou poderá desenvolver. Dessa forma, os dados obtidos possibilitarão a
escolha das metas, como, por exemplo, reparar os danos ou contornar os deficits. Ela
também vai propiciar a escolha dos métodos que serão utilizados. Dependendo do
mapeamento, opta-se por restaurar a função perdida por meio de prática e treino,
ou compensá-la com a utilização de suportes externos, tais como agendas e alarmes,
ou, ainda, otimizando funções residuais do hemisfério mais preservado.
Pacientes que iniciaram o programa de reabilitação imediatamente apos sofrer
dano cerebral mostraram um melhor desempenho em áreas cognitivas especificas
no momento da alta do que indivíduos semelhantes que ingressaram em programa
de reabilitação três semanas apos sofrer dano cerebral.
São diversos os relatos da eficácia de um programa de reabilitação neuropsicológica
estruturado. A avaliação neuropsicológica tem papel fundamental na orientação dos
trabalhos realizados por equipes multiprofissionais, constituídas por profissionais
da reabilitação. As ações de reabilitação reduzem as dificuldades na vida das pessoas.
Lista dos princípios que guiam a prática centrada no cliente
• Prática baseada nos valores do cliente e em suas escolhas, o quanto for possível
• Ouvir o ponto de vista do cliente
• Facilitar processos para que a perspetiva do cliente seja alcançada o máximo possível
• Dar suporte ao cliente para examinar riscos e consequências
• Dar suporte ao cliente para ter sucesso, mas também para correr riscos e falhar
• Respeitar o estilo próprio do cliente ao lidar com mudanças
• Guiar clientes e familiares para a identificação das necessidades de tratamento
• Encorajar e ativamente facilitar a participação dos clientes nas tomadas de decisão
relativas à terapia e ao planejamento do programa
• Providenciar informações que auxiliem o cliente a fazer escolhas
• Prover comunicação clara e aberta
• Engajar os clientes em seus pontos fortes
Pergunta aula
Para ser comprovado pelo DSM o Alzheimer:
Para alem de ser comprovado um défice numa área cognitiva, este teste tem que ser
comprovado merologicamente e tem que ter afetado as atividades da vida diária da
pessoa
Demência
O processo de envelhecimento cognitivo normal acarreta mudanças importantes em
muitos dos domínios cognitivos, entre os quais as funções executivas, a memoria
episódica e a velocidade de processamento.
Assim, queixas subjetivas de esquecimento, desorganização e dentificação mental são
absolutamente comuns nessa fase no desenvolvimento. Contudo, há situações
em que esses sintomas encontram- se mais pronunciados, interferindo
de forma significativa no funcionamento diário dos pacientes e acarretando prejuízos
em várias esferas de sua vida.
O comprometimento cognitivo leve (CCL) e as demências são perfis sindrómicos
associados a diferentes fatores etiológicos, os quais cursam com alterações importantes
da cognição e da funcionalidade.
Nesses casos, o exame neuropsicológico apresenta dois objetivos principais. O primeiro
visa o especto retrospetivo do exame, com foco na história clínica do paciente e no seu
estado atual, para fins diagnósticos. O segundo objetivo tem foco no especto prospetivo
do manejo clínico do paciente, visando a estabelecer o prognostico da doença e guiar as
intervenções e os tratamentos farmacológicos e não farmacológicos.
expressa essa relação. O especto retrospetivo do exame neuropsicológico de idosos
com suspeita de CCL e demência, enfatizando a cognição como ponto fundamental para
diagnostico diferencial entre o envelhecimento normal e o patológico.
As demências são síndromes caracterizadas por comprometimento expressivo da
cognição e/ou do comportamento e por défice funcional ao exercer atividades sociais,
domésticas ou de autocuidado, considerando- se o nível prévio de funcionamento do
paciente para caracterizar a existência de um possível declínio.
Esses sintomas não são mais bem explicados por alterações no estado de consciência
ou perturbações neuropsiquiátricos. O CCL apresenta padrão semelhante, mas as
alterações cognitivas são mais brandas e circunscritas. Alem disso, o declínio funcional e
inexistente ou discreto, restrito a aspetos complexos das atividades da vida diária
(AVDs). Os aspetos cognitivos que devem ser particularmente observados são a
memoria episódica, as funções executivas, as habilidades viso espaciais (ou cognição
espacial) e a linguagem. Os aspetos comportamentais envolvem a personalidade, o
comportamento e o temperamento.
Antes Exame neuropsicológico Depois
• Retrospetivo Prospetivo
Prognóstico
• Diagnóstico
O primeiro passo e a condução de uma anamnese/história clínica com foco
ANAMNESE E HISTÓRIA CLÍNICA
A anamnese realizada em casos de suspeita de CCL e demência deve enfatizar o especto
de mudança cognitiva ou comportamental apresentada pelo paciente ao longo
do tempo, desde o início dos sintomas. Diversas condições clínicas em psiquiatria
podem cursar com prejuízos cognitivos de diferentes intensidades (p. ex., transtorno de
deficit de atenção/hiperatividade, transtorno bipolar, esquizofrenia, abuso de
substâncias e síndromes neurológicas, como a epilepsia). No entanto, o padrão de
alterações cognitivas nesses transtornos e inerente ao quadro clínico e acompanha
o individuo ao longo da vida. Ao contrário do que ocorre em sujeitos normais, ou
mesmo em pessoas com alterações cognitivas previas, uma piora ou alteração no
padrão das dificuldades em um individuo idoso, sem perdas funcionais importantes,
pode ser indicativa de CCL. Já a piora expressiva dessas dificuldades seguida de prejuízo
funcional importante pode indicar um quadro demencial.
Neuropsicólogo deve guiar a seleção de instrumentos à hipótese diagnóstica
considerando também as características sociodemográficas do paciente e das amostras
normativas dos testes disponíveis.
Doença de Alzheimer
O défice mais comumente relatado nessa patologia diz respeito a memoria episódica.
Os pacientes apresentam défices consistentes na maior parte dos testes utilizados
para tal fim, nos componentes de codificação, armazenamento e recuperação
(tanto na evocação espontânea quanto no reconhecimento).
Défices de linguagem geralmente ocorrem em tarefas de linguagem expressiva,
como a Fluência Verbal (sobretudo envolvendo categorias) e no acesso a
memoria semântica pela via visual, como os testes de nomeação. Défices executivos
ocorrem com frequência no controle inibitório e na flexibilidade cognitiva, mas, em
geral, são pouco intensos na memoria de trabalho e circunscritos a seus componentes
fluidos. Tarefas complexas que envolvam
planeamento e raciocínio comumente evidencia prejuízos. Alterações nas habilidades
viso espaciais são comuns nesses pacientes e se manifestam na copia de figuras
complexas; no julgamento de orientação, distancia ou proporção; na desorientação
espacial; ou em tarefas de perceção visual complexa. Alterações nas redes
tencionais são geralmente discretas nos mecanismos de alerta e orientação, mas
se intensificam nas redes executivas. E digno de nota que, em pacientes mais jovens
(com menos de 80 anos), as alterações neuropsicológicas são mais expressivas na
memoria e nas funções executivas, enquanto em pacientes mais velhos há um
rebaixamento geral das habilidades, a exceção da velocidade de processamento.
Alem da manifestação típica da doença de Alzheimer (variante amnestica), existem
ao menos duas formas de manifestações não amnesticas: a variante logo penica
da afasia progressiva primaria e a atrofia cortical posterior. Elas podem ser consideradas
como variantes linguísticas e visuoespaciais da doença de Alzheimer, respetivamente.
A primeira envolve dificuldade em buscar palavras isoladas de modo espontâneo,
no discurso ou na nomeação, dificuldade na repetição de sentenças ou frases e
erros fonológicos na linguagem expressiva.
Não há agramatismo intenso, deficits semânticos acentuados ou alterações motoras
na linguagem. Na atrofia cortical posterior, as principais alterações ocorrem no
processamento visual, envolvendo desregulação das redes atencionais relacionadas
a orientação; deficits de processamento visuoespacial; alterações na leitura, na escrita
e em habilidades matemáticas; e prejuízos na memoria de trabalho visuoespacial.
Nessas variantes não amnésticas da doença de Alzheimer, alterações em outros
domínios cognitivos, sobretudo na memoria episódica, são discretas e, em geral,
secundarias a seus sintomas principais.