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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

COORDENAÇÃO DE ENGENHARIA QUIMICA

BARBARA LOPES BORGES


FRANCIELI CAROLINA SOUZA RIBEIRO
JUAN CARLO BALLAN SANTOS
VICTOR EIDY RIBEIRO TAKIGAMI

EQUILÍBRIO DE FASES LÍQUIDO-LÍQUIDO/ELL

RELATÓRIO DE LABORATÓRIO DE ENGENHARIA QUÍMICA B

Apucarana
2019
BARBARA LOPES BORGES
FRANCIELI CAROLINA SOUZA RIBEIRO
JUAN CARLO BALLAN SANTOS
VICTOR EIDY RIBEIRO TAKIGAMI

EQUILÍBRIO DE FASES LÍQUIDO-LÍQUIDO/ELL

Relatório apresentado como requisito para


obtenção de nota parcial na disciplina de
Laboratório de Engenharia Química B, do
curso de Engenharia Química,
Universidade Tecnológica Federal do
Paraná.

Docente: Proª. Drª. Maraisa Lopes de


Menezes

Apucarana
2019
RESUMO

A extração líquido-líquido consiste na remoção de um componente (soluto) de uma


mistura de líquidos, por meio da adição de um solvente, que faz com que o sistema
se divida em duas fases. O presente trabalho tem por objetivo estudar este método
de separação, avaliando o equilíbrio de fases em líquidos parcialmente miscíveis, bem
como a influência da temperatura na solubilidade na mistura, tornando possível, com
os dados obtidos em laboratório, a construção do diagrama de fases líquido-líquido
(curva binodal e tie-lines). O experimento foi realizado com a utilização um módulo de
termodinâmica e também efetuou-se titulações. Com a construção do diagrama foi
possível classificar a extração líquido-líquido como do tipo 1: um par parcialmente
miscível, formado pelo sistema butanol-água-ácido acético.

Palavras-chave: Extração, solvente, curva binodal, tie-lines.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Representação esquemática do diagrama de fases ternário (coordenadas


triangulares)........................................................................................................................................... 8
Figura 2- Sistemas ternários Tipo Zero (a), Tipo I (b), Tipo II (c) (d) (e), Tipo III (f) .................. 9
Figura 3- Diagrama ternário e seus componentes ........................................................................ 10
Figura 4 - Módulo experimental de extração ECO Educacional ................................................. 11
Figura 5 - Curva binodal do sistema ternário água-ácido acético-butanol ................................ 16
Figura 6 - Comparação dados de Skrzec e Murphy (1954) teórico e obtido
experimentalmente ............................................................................................................................. 17
Figura 7 - Diagrama ternário com a curva binodal experimental e tie lines experimentais .... 20
Figura 8- Comparação Tie Lines experimental e teóricas ........................................................... 21
Figura 9- Comparação dos coeficientes de partição teórico e experimental. ........................... 23
Figura 10- Esquema de um sistema de extratores contracorrente ............................................ 24
LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Volumes de água e butanol em cada extrator ............................................................. 12


Tabela 2 - Volumes de água, butanol e ácido acético utilizados em cada funil ....................... 13
Tabela 3 - Quantidade de Ácido Acético adicionada em cada extrator ..................................... 14
Tabela 4 - Valores de massa da água, butanol e ácido ............................................................... 14
Tabela 5 - Valores de fração mássica da água, butanol e ácido acético a 26,3ºC .................. 15
Tabela 6 - Valores obtidos experimentalmente nos três extratores ........................................... 18
Tabela 7 - Composição Tie Lines .................................................................................................... 20
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 7
2 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................................. 10
2.1 MATERIAIS.................................................................................................................................... 10
2.2 MÉTODOS ..................................................................................................................................... 12
2.2.1 Parte 1 ......................................................................................................................................... 12
2.2.2 Parte 2 ......................................................................................................................................... 13
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................................. 13
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 25
ANEXO A.............................................................................................................................................. 27
7

1 INTRODUÇÃO

A extração líquido-líquido é uma técnica que consiste em um método indireto


de separação, ou seja, ela exige a introdução de uma substância no sistema, o
solvente. Essa operação unitária permite a obtenção de produtos com um alto grau
de pureza e é um método empregado em casos onde um outro método de separação,
como a destilação ou a cristalização, é inviável economicamente ou impraticável,
como nos casos onde os componentes sejam poucos solúveis, tenham baixa
volatilidade relativa, sejam sensíveis a temperatura, tenham pontos de ebulição
próximos ou quando o componente desejado seja pouco volátil e esteja presente em
pequenas concentrações na solução (TREYBAL,1980).

Na extração líquido-líquido há o contato direto entre dois líquidos imiscíveis,


adicionando um solvente insolúvel ou parcialmente solúvel, gerando a partição da
amostra em duas fases imiscíveis: orgânica e aquosa. Esse processo ocorre em duas
etapas. Na primeira, promove-se o contato do solvente com a solução. Durante essa
operação, o soluto aproxima-se do equilíbrio entre as duas fases. Na segunda etapa,
as duas fases entram em equilíbrio, ou próximas a ele, e se separam (QUEIROZ,
2001). Este fenômeno é conhecido como Equilíbrio Líquido-Líquido e deve ser
analisado por meio de três processos: transferência de calor, deslocamento de
fronteira e transferência de massa (SMITH et al., 2000).

Segundo Hackbart (2007), para determinar a composição de uma mistura que


apresenta duas fases, faz-se necessário o conhecimento de apenas um componente
desta, em determinada fase. Já se a mistura apresentar três fases, as composições
dessas são fixas, ou seja, nenhuma mistura inserida nesta região permite diferente
razão de quantidades nas três fases em equilíbrio. O processo de separação por meio
da extração líquido-líquido envolve no mínimo três componentes e é interessante que
o sistema esteja na região heterogênea da mistura. Dessa forma, para analisar este
fato é necessário o conhecimento dos diagramas ternários.

O diagrama ternário pode ser representado por coordenadas triangulares,


como exemplificado na Figura 1 a seguir, em que cada aresta do triângulo equilátero
é interceptada por retas paralelas às outras arestas. Os vértices são constituídos
8

exclusivamente por uma única substância, já um ponto sobre a linha que une duas
dessas, é formado por ambas.

Figura 1- Representação esquemática do diagrama de fases ternário (coordenadas triangulares)

Fonte: HACKBART, 2007.

As composições termodinamicamente estáveis são expressas pela curva


binodal ou curva de solubilidade. Essa curva separa a região de miscibilidade parcial
dos componentes que estão abaixo da curva, da região de miscibilidade total (acima
da binodal). Essa curva pode ser representada por quatro tipos: tipo I (formação de
um par de líquidos parcialmente miscíveis), tipo II (formação de dois pares de líquidos
parcialmente miscíveis), tipo III (formação de três pares de líquidos parcialmente
miscíveis) e tipo IV (formação de fases sólidas) (TREYBAL, 1989).

A figura a seguir apresenta os diferentes tipos de diagramas ternários, com


suas respectivas curvas binodais.
9

Figura 2- Sistemas ternários Tipo Zero (a), Tipo I (b), Tipo II (c) (d) (e), Tipo III (f)

Fonte: FEQ/Unicamp, 2018.

Usualmente, o tipo I é o tipo de sistema ternário com a maior facilidade de


separação. Esse sistema, porém, pode passar para um tipo II ou III apenas com o
aumento da temperatura do sistema, pois a variação da temperatura no sistema
ternário faz com que a região heterogênea aumente ou diminua. No diagrama as
composições normalmente são dadas em frações mássicas.

Outros parâmetros importantes a serem observados em um diagrama ternário


é o ponto P e as Tie-lines, sendo que o ponto P é o ponto crítico, que corresponde a
ter um extrato e um resíduo em equilíbrio com a mesma composição, o que implica
que, para estas condições a extração é impossível. Já as Tie-lines são as linhas que
unem os extratos e os resíduos em equilíbrio. O diagrama é montado obtendo as
curvas de equilíbrio e as respectivas Tie-lines com base em resultados experimentais.

A Figura 3 a seguir representa o ponto P, Curva Binodal e as Tie-lines.


10

Figura 3- Diagrama ternário e seus componentes

Fonte: Laboratórios Virtuais de Processos Químicos, 2018.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 MATERIAIS

Para a prática 3, foi utilizado o módulo experimental de extração da ECO


Educacional, o qual é composto por:

 Um conjunto de seis (06) extratores de mistura (250 mL cada) em banho


termostático em acrílico;
 Um conjunto de dez (10) picnômetros (25 mL cada) aplicados para volume
molar parcial em banho termostático;
 Uma célula modular para volume constante e variável (de 250 mL em inox)
para equilíbrio L-V e solubilidade de gases em líquidos (SGL) para
pressões até 20 bar;
 Manômetros Bourdon e de Tubo em U;
 Um banho termostático com agitação magnética acoplada;
 Uma placa aquecedora com agitação magnética;
11

 Galão para descarte.

Figura 4 - Módulo experimental de extração ECO Educacional

Fonte: ECO educacional, 2019.

Também foram utilizados os seguintes equipamentos na realização de ambas


as praticas:

 Três provetas de 100 mL;


 Três provetas de 10 mL;
 Dez béqueres de 50 mL;
 Um béquer de plástico de 1L;
 Três pipetas de 10 mL;
 Três peras de sucção;
 Doze béqueres de 250 mL;
 Doze béqueres de 150 mL;
 Três funis de separação de 250 mL, com suporte universal;
 Uma bureta de 50 mL, com suporte universal;
12

 Uma balança analítica;


 Fenolftaleína;
 Solução de Hidróxido de Sódio, 0,5 M;
 Ácido acético ;
 Butanol;
 Água.

2.2 MÉTODOS

2.2.1 Parte 1

Preparou-se o módulo de extração onde primeiramente, adicionou-se com o


auxílio de uma proveta os volumes de água destilada e de butanol em cada extrator,
observou-se a formação de uma mistura turva, onde foi mantida a agitação constante,
os valores do volume de cada substância adicionada encontra-se na tabela abaixo:

Tabela 1- Volumes de água e butanol em cada extrator

N° do Água (mL) Butanol


extrator (mL)

1 20 80

2 30 70

3 50 50

4 60 40

5 70 30

6 85 20

Fonte: Autoria própria, (2019).


13

Em seguida, adicionou-se lentamente utilizando uma pipeta, volumes de ácido


acético, até reverter à turvação da mistura, anotou-se os volumes de ácido acético
adicionados.

2.2.2 Parte 2

Prepararam-se três funis de separação no suporte universal e adicionou-se


água, butanol e ácido acético respectivamente. Agitaram-se manualmente as
soluções e em seguida esperou-se a separação completa das fases nos extratores.
Os volumes utilizados encontram-se na tabela abaixo:

Tabela 2 - Volumes de água, butanol e ácido acético utilizados em cada funil

Funil Água (mL) Butanol (mL) Ácido Acético


(mL)

1 50 40 1,5

2 50 34 6

3 50 30 10

Fonte: Autoria própria, 2019.

Em sequência, mediu-se a massa de 6 béqueres, enumerando-os de 1 a 6.


Adicionaram-se as fases aquosas e orgânicas que foram separadas no extrator e
aferiu-se novamente a massa de cada béquer. Posteriormente, com o auxílio de uma
bureta, contendo NaOH e um suporte universal, fez-se a titulação das alíquotas, com
volume de 5 mL de cada fase, utilizando a fenolftaleína como indicador ácido-base e
registrando os volumes gastos do titulante.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
14

As propriedades dos fluidos de trabalho, água, ácido acético e butanol, foram


obtidas mediante os valores presentes nos rótulos para temperatura de 20°C, sendo
𝑔 𝑔 𝑔 𝑔
de 0,997𝑐𝑚3 , 1,05𝑐𝑚3 e 0,81 𝑐𝑚3 , a massa molar do ácido acético foi de 60,05 𝑚𝑜𝑙 .

Observou-se durante as adições controladas de soluto (ácido acético) que a


solução turvava-se, este fenômeno é a estabelecido pela perturbação do sistema
(diluente/solvente), isto é a formação de uma região líquida bifásica. As proporções
adicionadas de soluto estão representadas pela Tabela 3.

Tabela 3 - Quantidade de Ácido Acético adicionada em cada extrator


Extrator 𝑽á𝒄 𝒂𝒄é𝒕𝒊𝒄𝒐 (mL)
1 0,0605
2 0,1504
3 0,1698
4 0,1484
5 0,1523
6 0,1021
Fonte: Autoria própria (2019).

Da relação da massa específica, foi possível obter a massa de soluto


adicionada.

𝑚 =𝜌∙𝑉 (1)

𝑔
𝑚=1 ∙ 20𝑚𝐿 = 20𝑔
𝑚𝐿

Tabela 4 - Valores de massa da água, butanol e ácido


Extrator 𝒎á𝒈𝒖𝒂 (g) 𝒎𝒃𝒖𝒕𝒂𝒏𝒐𝒍 (g) 𝒎á𝒄 𝒂𝒄é𝒕𝒊𝒄𝒐 (g)
1 19,940 64,800 5,460
2 29,910 56,700 15,330
3 49,850 40,500 18,480
4 59,820 32,400 16,065
5 69,790 24,300 16,905
6 89,730 8,100 11,130
Fonte: Autoria própria (2019).

Posteriormente por intermédio dos valores mássico das espécies, realizou-se


o cálculo das frações mássicas pela seguinte equação.

𝒎á𝒄 𝒂𝒄é𝒕𝒊𝒄𝒐
𝑥á𝑐.𝑎𝑐é𝑡𝑖𝑐𝑜 = (2)
𝒎á𝒈𝒖𝒂 + 𝒎𝒃𝒖𝒕𝒂𝒏𝒐𝒍 + 𝒎á𝒄 𝒂𝒄é𝒕𝒊𝒄𝒐
15

5,460
𝑥á𝑐.𝑎𝑐é𝑡𝑖𝑐𝑜 = = 0,0605
19,940 + 64,800 + 5,460

De maneira análoga, os cálculos foram realizados para cada um dos 6


extratores e dispostos na Tabela 5.

Tabela 5 - Valores de fração mássica da água, butanol e ácido acético a 26,3ºC

Extrator 𝒙á𝒈𝒖𝒂 𝒙á𝒄 𝒂𝒄é𝒕𝒊𝒄𝒐 𝒙𝒃𝒖𝒕𝒂𝒏𝒐𝒍


1 0,2211 0,0605 0,7184
2 0,2934 0,1504 0,5562
3 0,4581 0,1698 0,3721
4 0,5524 0,1484 0,2992
5 0,6288 0,1523 0,2189
6 0,8235 0,1021 0,0743
Fonte: Autoria própria (2019).

Segundo Treybal (1989), a concentração e as quantidades das espécies


envolvidas formam um sistema de equilíbrio envolvendo três componentes, podem
ser representadas por um triangulo equilátero, assim com os dados da Tabela 5 foi
possível construir a curva binodal de equilíbrio líquido-líquido do sistema ternário
água-ácido acético-butanol, em frações mássicas, resultando na Figura 5, com auxílio
do software Origin®.
16

Figura 5 - Curva binodal do sistema ternário água-ácido acético-butanol

AGUA
ÁGUA

0,0
1,0
0,1
0,9
0,2
0,8
0,3
0,7
0,4

Ácido Acético
0,6
UA

0,5
AG

0,5
0,6
0,4
0,7
0,3
0,8
0,2
0,9
0,1
1,0
0,0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
BUTANOL

Fonte: Autoria própria (2019).

O tipo de equilíbrio líquido-líquido é classificado pelo número de pares


parcialmente miscíveis, podendo ser do tipo zero, um, dois ou do tipo três. Sistemas
envolvendo três líquidos com um par parcialmente solúvel são o tipo mais comum,
dessa maneira, ao observar a curva binodal, feito com os dados experimentais,
evidencia-se que o equilíbrio líquido-líquido é do tipo 1, isto é, apenas um par de
parcialmente miscível. Acima da curva binodal a solução está em fase líquida
homogênea e abaixo da curva binodal a solução é bifásica. Outros tipos de sistemas
do tipo 1 são Tolueno/Acetaldeído/água e Butanol/metanol/água (MARCILLA et al.,
2011; TREYBAL, 1989).
Com os dados obtidos experimentalmente, comparou-se em relação aos dados
apresentados por Skrzec e Murphy (1954), conforme apresentado pela Figura 6.
17

Figura 6 - Comparação dados de Skrzec e Murphy (1954) teórico e obtido experimentalmente

0,0
1,0 Experimental
0,1
0,9 Teórico
0,2
0,8
0,3
0,7
0,4
0,6

ACETICO
UA
0,5
AG

0,5
0,6
0,4
0,7
0,3
0,8
0,2
0,9
0,1
1,0
0,0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
BUTANOL

Fonte: Autoria própria (2019).

Observa-se que os valores obtidos na prática se aproximam da literatura.


Tanto os dados experimentais quanto os fornecidos por Skrzec e Murphy (1954), são
do equilíbrio líquido-líquido tipo 1. Pode-se acarretar os desvios em função da
quantidade de pontos, uma vez que com um maior número de extratores seria possível
uma melhor aproximação da curva binodal experimental com a fornecida pela
literatura. Outro problema que pode ter influenciado na composição das mesmas está
no momento da adição do soluto, que não é feita de maneira exata, pois a altura do
extratores é muito elevada e de difícil acesso, dificultando o gotejamento do soluto na
solução butanol/água. Durante a execução do experimento, um dos extratores
realizou a agitação necessária, podendo influenciar assim, na composição dos pontos
da curva binodal.
Ao conhecer a curva limitante entre as regiões homogênea e heterogênea
determinou-se as linhas de amarração/tie lines, os valores obtidos da massa do
béquer vazio, com solução e volume de NaOH utilizado na titulação da fase aquosa e
da fase butanol estão disponíveis na Tabela 6.
18

Tabela 6 - Valores obtidos experimentalmente nos três extratores

Massa do Massa Massa Volume 1 de Volume 2 de


Extrator Fase
béquer (g) total (g) solução(g) NaOH (mL) NaOH (mL)
Aquosa 98,3440 144,7430 46,3990 5,60 5,30
1
Butanol 101,1050 138,0320 36,9270 6,80 6,60
Aquosa 105,2910 151,2450 45,9540 21,60 22,80
2
Butanol 78,5880 114,1990 35,6110 25,40 26,00
Aquosa 105,2630 152,1060 46,8430 36,30 36,40
3
Butanol 104,5910 139,7760 35,1850 41,10 41,00
Fonte: Autoria própria (2019).

Afim de simplificar os cálculos, considerou-se que na fase aquosa havia apenas


ácido acético e água e na fase orgânica butanol e ácido acético, no entanto é
necessário calcular o número de mols de ácido acético contido na fase aquosa e fase
butanol. Como a estequiometria da reação é da ordem 1:1, pode-se igualar o número
de mols de NaOH com o de ácido acético. Tem-se para a fase aquosa do primeiro
extrator que:

𝑛º 𝑚𝑜𝑙á𝑐 𝑎𝑐é𝑡𝑖𝑐𝑜 = 𝑛º 𝑚𝑜𝑙𝑁𝑎𝑂𝐻 (3)

𝑛º 𝑚𝑜𝑙á𝑐 𝑎𝑐é𝑡𝑖𝑐𝑜 = 𝐶𝑁𝑎𝑂𝐻 ∙ 𝑉𝑁𝑎𝑂𝐻(𝑚é𝑑𝑖𝑜) (4)

𝑚𝑜𝑙
𝑛º 𝑚𝑜𝑙á𝑐 𝑎𝑐é𝑡𝑖𝑐𝑜 = 0,5 ∙ 0,045𝐿 = 0,0027 𝑚𝑜𝑙
𝐿

Com a massa molar do ácido acético, pode-se converter o número de mols


em massa. Lembrando que esse valor de massa só corresponde a alíquota titulada
em 10 mL. Desta forma, têm-se que:

𝑚á𝑐 𝑎𝑐é𝑡𝑖𝑐𝑜 = 𝑛º 𝑚𝑜𝑙á𝑐 𝑎𝑐é𝑡𝑖𝑐𝑜 ∙ 𝑀𝑀á𝑐 𝑎𝑐é𝑡𝑖𝑐𝑜 (5)


𝑒𝑚 10 𝑚𝐿

𝑚á𝑐 𝑎𝑐é𝑡𝑖𝑐𝑜 = 0,0027 ∙ 60,05 = 0,1636𝑔


𝑒𝑚 10 𝑚𝐿

Para determinar a massa de butanol em sua respectiva fase é necessário


multiplicar o volume da alíquota (10 mL) pela massa específica deste. De maneira
análoga pode-se calcular a massa de água na fase aquosa da alíquota.

𝑚𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑡𝑖𝑡𝑢𝑙𝑎𝑑𝑎 (á𝑔𝑢𝑎) = 𝜌á𝑔𝑢𝑎 ∙ 𝑉 (1)


19

𝑔
𝑚𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑡𝑖𝑡𝑢𝑙𝑎𝑑𝑎 (á𝑔𝑢𝑎) = 1 ∙ 10 𝑚𝐿 = 10𝑔
𝑚𝐿

Assim para calcular a massa de ácido acético total presente em toda a fase,
faz-se necessário realizar primeiramente a diferença da massa total com a massa do
béquer, resultando assim na massa da amostra total. Com posse de todos os dados,
determina-se a massa de ácido acético, representado a seguir.

𝑚á𝑐.𝑎𝑐é𝑡𝑖𝑐𝑜 𝑒𝑚 10 𝑚𝐿 ∙ 𝑚𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙


𝑚á𝑐.𝑎𝑐é𝑡𝑖𝑐𝑜 = (6)
𝑚𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑡𝑖𝑡𝑢𝑙𝑎𝑑𝑎(á𝑔𝑢𝑎)

0,1636 ∙ 46,399
𝑚á𝑐.𝑎𝑐é𝑡𝑖𝑐𝑜 = = 0,7615 𝑔
10

Com posse dos valores obtidos anteriormente foi possível calcular a fração
mássica de ácido acético, dividindo a massa encontrada pela massa da amostra total,
como exemplificado a seguir.

𝑚á𝑐.𝑎𝑐é𝑡𝑖𝑐𝑜
𝑥á𝑐.𝑎𝑐é𝑡𝑖𝑐𝑜 = (2)
𝑚𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

0,7615
𝑥á𝑐.𝑎𝑐é𝑡𝑖𝑐𝑜 = = 0,0164 ∗ 100 = 1,64%
46,399

Como foi considerado que na respectiva fase orgânica só existia butanol e


ácido acético e na fase aquosa existia apenas ácido acético, é possível obter a fração
mássica de água.

𝑥á𝑐.𝑎𝑐é𝑡𝑖𝑐𝑜 + 𝑥á𝑔𝑢𝑎 = 1 (7)

𝑥á𝑔𝑢𝑎 = 1 − 0,0164 = 0,9836


20

Tabela 7 - Composição Tie Lines

Extrator Fase xác.acético xbutanol xágua


Aquosa 0,0164129 0 0,983587
1
Butanol 0,0668561 0 0,933144
Aquosa 0,1094693 0 0,890531
2
Butanol 0,0248355 0,975165 0
Aquosa 0,0952645 0,904735 0
3
Butanol 0,1521637 0,847836 0
Fonte: Autoria própria (2019).

Com base nos dados da Tabela 7, pode-se construir as 3 Tie lines


experimentais no diagrama ternário, representado pela Figura 7.

Figura 7 - Diagrama ternário com a curva binodal experimental e tie lines experimentais

0,0
1,0 Binodal
0,1
0,9
0,2
0,8
0,3
0,7
0,4
0,6
ACETICO
UA

0,5
AG

0,5
0,6
0,4
0,7
0,3
0,8
0,2
0,9
0,1
1,0
0,0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
BUTANOL

Fonte: Autoria própria (2019).

A fim de comparar os dados obtidos experimentalmente das tie lines com a


literatura, plotou-se os dados apresentados por SKREC e MURPHY (1954) na mesma
Figura 7, utilizando a curva binodal teórica, afim de obter uma melhor comparação, as
Tie-lines teóricas utilizadas são de concentrações próximas aos valores
experimentais.
21

Figura 8- Comparação Tie Lines experimental e teóricas

0,0
1,0
0,1
0,9
0,2
0,8
0,3
0,7
0,4

AC.ACÉTICO
0,6
UA

0,5
ÁG

0,5
0,6
0,4
0,7
0,3
0,8
0,2
0,9
0,1
1,0
0,0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
BUTANOL

Legenda: Azul – Teórica Skrzec e Murphy (1954). Vermelho – Experimentalmente.


Fonte: Autoria própria (2019).

Desta forma, observa-se um desvio entre o valor experimentalmente e o


teórico, estes desvios deve-se em função do tempo de separação das fases aquosa
e orgânica, pois por tratar-se de uma prática realizada em aula, não é possível deixar
um tempo de repouso como o Skrzec e Murphy (1954), que foi de aproximadamente
12 horas. Um outro fator de erro está em função da consideração, de que na fase
orgânica havia apenas butanol e ácido acético, e que na fase aquosa havia apenas
água e ácido acético, sabe-se que há uma parcialidade de butanol em água, assim
como de água em butanol, em função do tempo de repouso ser muito curto, não sendo
possível assim uma separação efetiva.

Por ser uma operação de transferência de massa, a extração líquido-líquido é


fortemente afetada pelo equilíbrio de fases. O parâmetro fundamental para o estudo
de equilíbrio é o coeficiente de distribuição, calculado a seguir. A distribuição do soluto
está relacionada diretamente relacionado com solubilidade da mistura, logo de cada
22

uma das fases presentes. O valor do coeficiente de partição/distribuição deve ser


sempre maior que 1, assim quanto maior essa relação melhor a migração do soluto
para fase orgânica.

Deste modo, de acordo com KIM e PARK (2005), o fator mais importante na
extração líquido/líquido é a seletividade do extratante. Extratantes com alto coeficiente
de distribuição e seletividade para o soluto, devem ser selecionados considerando-se
também a recuperação, a estabilidade química, os pontos de ebulição e
congelamento, a corrosão, a densidade, imiscibilidade com o diluente A (deve ser o
mais elevada possível), entre outros fatores. Para ser usado no processo de extração,
o solvente deve possuir certas propriedades especiais que o tornem adequado para o
método, e com isto se tenha um bom rendimento na operação (TREYBAL, 1989; KIM;
PARK, 2005).

O fenômeno de equilíbrio estabelece que em um sistema de duas camadas


líquidas heterogêneas (imiscíveis), quando adicionado uma determinada quantidade
de outra substância solúvel em ambas, haverá a distribuição desta terceira substância
nas duas fases. Essa grandeza é definida pela seguinte relação.

𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑚á𝑠𝑠𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑒 á𝑐. 𝑎𝑐é𝑡𝑖𝑐𝑜 𝑒𝑚 𝑏𝑢𝑡𝑎𝑛𝑜𝑙


𝐾𝑑 = (8)
𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑚á𝑠𝑠𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑒 á𝑐. 𝑎𝑐é𝑡𝑖𝑐𝑜 𝑒𝑚 á𝑔𝑢𝑎

Afim de comparar os dados experimentais com o da literatura, utilizou-se os


dados da Tabela 6 e os obtidos por SKRZEC e MURPHY (1954) no intervalo de
interesse, gerando a Figura 9 a seguir.
23

Figura 9- Comparação dos coeficientes de partição teórico e experimental.

18
16 y = 1,7399x + 0,6084
Ac. Acético em Butanol (g/g)

R² = 0,6494 - experimental
14
y = 1,2681x + 0,3621
12
R² = 0,9995 - teórico
10
8
6
Experimental
4
Teórico
2
0
0 2 4 6 8 10 12
Ac. Acético em água (g/g)

Fonte: Autoria própria (2019).

Os coeficientes de distribuição do ácido acético foram obtidos por meio do


coeficiente angular da equação da reta. Sendo o experimental igual a 1,7399 e o
teórico igual a 1,2681. Calculou-se o desvio por meio da Equação 9 apresentada a
seguir.

𝐾𝑑 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙 − 𝐾𝑑 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜
𝐷𝑒𝑠𝑣𝑖𝑜(%) = (9)
𝑘𝑑 𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙

1,7399 − 1,2681
𝐷𝑒𝑠𝑣𝑖𝑜(%) = ∙ 100 = 27,11%
1,7399

Assim nota-se que os valores de coeficiente de distribuição foram satisfatórios,


visto que os erros associados durante a execução do experimento foram se
propagando. Essa constante fornece orientação sobre a forma mais eficiente de se
realizar uma separação extrativa. O valor do log kd de um composto, pode ser
interpretado como sendo a somatória de dois termos: um relacionado com volume e
o outro com interações intermoleculares (MALVEZZI et al., 2015).
24

Considerando butanol puro com uma vazão de 150 kg/h extraiu-se uma solução
aquosa de ácido acético a 15% e 150 kg/h por extração multiestágio em
contracorrente, sendo a concentração de ácido acético na corrente aquosa de saída
igual a 1%, por meio do método gráfico de Hunter-Nash, onde é possível determinar
o número de estágio necessários para obtenção da composição do rafinado de
interesse.
Considere para a utilização do método gráfico de Hunter-Nash um fluxo em
contracorrente, estágio N-equilíbrio extrator operando isotermicamente em regime
permanente, fluxo, como na Figura 10. Estágios são numerados a partir do inicio até
fim(n). Assim, o extrato final é E1 e o refinado final é RN (SEADER; HENLEY; ROPER,
1998).

O equilíbrio é assumido em cada estágio, portanto, para qualquer estágio n, o


componentes no extrato En e refinado Rn estão em equilíbrio. A transferência de
massa de todas as espécies ocorre em cada estágio. No início, F, contém C, o soluto,
diluente A, e o solvente, S, até o limite de solubilidade (SEADER; HENLEY;
ROPER,1998).

Figura 10- Esquema de um sistema de extratores contracorrente

Fonte: SEADER; HENLEY; ROPER (1998).

De modo simplificado o método consiste-se em 6 etapas, listadas a seguir,


(Adaptado de SEADER; HENLEY; ROPER, 1998).
1 - Marcar S, F e a composição de soluto em R1, no diagrama;
2 - Marcar M (ponto de mistura) a partir da regra da alavanca ou BM;
3 - Determinar EN a partir de R1 pois são colineares com M;
4 - Marcar o ponto ∆ que resulta da intersecção de SR1 e FEN;
5 - Obter E1 a partir de R1 através de uma linha de amarração;
25

6 - Obter R2 ao traçar ∆E1; 7 Repetir os passos 5 e 6 até se obter a separação


requerida.
Os resultados obtidos pela execução dos passos citados, fornece um total de 3
estágios, a composição da mistura, no que se refere ao solvente foi de 0,5 e diluente
0,42, os cálculos estão dispostos no Anexo A. Considerou-se a curva binodal teórica,
uma vez que os dados obtidos experimentalmente mostraram-se insuficientes para
execução das extrações, as tie lines utilizadas foram as obtidas experimentalmente.

CONCLUSÃO

A partir dos resultados apresentados, verificou-se que o sistema ternário


água/butanol/ácido acético é do tipo 1, isto é, um par parcialmente miscível, fazendo
com que o método indicado seja o de Hunter- Nash, conforme discutido no presente
trabalho, no qual foram necessários três estágios para um rafinado de 1%.
Alguns desvios foram observados na prática e suas fontes de erro
previamente explicadas no corpo desse relatório. Apesar disso, foi possível analisar
que os resultados obtidos no experimento seguem o perfil dos resultados obtidos na
literatura, apresentados por Skrzec e Murphy (1954).
A escolha do butanol como solvente foi essencial para uma boa extração do
ácido acético em água, uma vez que o coeficiente de partição observado foi maior que
1, ressaltando este resultado, conclui-se que o butanol é um bom solvente.

REFERÊNCIAS
26

FEQ/Unicamp. Curva binodal. Disponível em: <http://www.feq.unicamp.br/~mak/


Roteiros/binodal.htm>. Acesso em 24 de Abril de 2019.

KIM, J.; PARK, D. Liquid-Liquid Equilibrium for the Quaternary System Toluene +
Water + Propionic Acid + Ethyl Acetate at 25o C and Atmospheric Pressure. Journal
of Chemical and Engineering Data, v.50, p. 625-629, 2005.

HACKBART, L. M. Equilíbrio líquido-líquido de sistemas contendo fenolágua-


Solvente: obtenção e modelagem termodinâmica. Dissertação do programa de
pós-graduação (mestrado) em Engenharia de Processos Químicos e Térmicos.
Universidade Federal do Paraná, Curitba, 2007.

LAB VIRTUAL, Operações com transferência de Massa. Disponível em


<http://labvirtual.eq.uc.pt/siteJoomla/index.php?Itemid=148&id=63>. Acesso em 24
de Abril de 2019.

MALVEZZI, A. et al. Obtenção dos valores do coeficiente de partição e do pka de


análogos de procaínamida para estudos de QSAR. Depto. de Química
Fundamental, Instituto de Química, USP, São Paulo, Brasil, 2015.
MARCILLA, A. et al. GE models and algorithms for condensed phase equilibrium
data regression in ternary systems: limitations and proposals. 2011.
POMBEIRO, A. J. L. O.; Técnicas e Operações Unitárias em Química Laboratorial.
Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2003. p.117–120.

QUEIROZ, S. C. N. et al. Métodos de extração e/ou concentração de compostos


encontrados em fluidos biológicos para posterior determinação cromatográfica.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/%0D/qn/v24n1/4452.pdf>. Acesso em 24 de
Abril de 2019.

SMITH, J.M.; VAN NESS, H.C.; ABBOTT, M.M. Introdução à Termodinâmica da


Engenharia Química. 5ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000.
TREYBAL, R. E. Extraccion em Fase Liquida. México: McGraw-Hill, 1989.
SEADER, J. D.; HENLEY, E. J.; ROPER, D. K.. Separation process principles. 1998.
SKRZEC, A. E., MURPHY, N. F. Liquid-Liquid Equilibria: Acetic acid in water, with
1-butanol, methyl ethyl ketone, furfural, cycohexanol, and nitromethane. Ind.
Eng. Chem.,v. 46, n. 10, p. 2245-2247, 1954.
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ANEXO A

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