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https://www.neipies.com/em-defesa-da-igualdade-de-oportunidades-ao-inves-de-em-defesa-dos-ricos/
4 de janeiro de 2019
Índice
Introdução .................................................................................................................................... 3
Desigualdades Escolares............................................................................................................... 7
Conclusão .................................................................................................................................... 11
Bibliografia .................................................................................................................................. 12
2
Introdução
No âmbito da Unidade Curricular de Análise Social da Educação, do Mestrado em
ensino da música, foi proposto aos alunos a realização de um trabalho sobre uma
temática relacionada com os conteúdos abordados em aula e com o contexto
profissional dos alunos, para tal eu decidi abordar o tema das desigualdades sociais
escolares e qual o papel da música nestas.
A escolha deste tema tem a haver com o fato de eu vir de uma classe social
desfavorecida e de esta condição me ter prejudicado durante o meu percurso escolar e
também porque me poderá ajudar em tentar resolver eventuais problemas que surjam
à cerca desta temática com os meus futuros alunos.
Esta monografia está dividida em duas partes que são: a primeira relacionada
com a música, a sua importância para a escola e para as crianças e a última relacionada
com as desigualdades sociais.
3
Importância da Música na Humanidade
O termo música não tem um conceito correto, no entanto este termo tem origem
grega (mousiké) que é traduzido como “arte das musas” (Oliveira & Cabral, 2014).
A música, tal como qualquer outra arte, acompanha historicamente o
Bréscia (2003), através de Moreira e Santos (2014), afirma que “a música está
tempos mais antigos” (Moreira & Santos, 2014:44). No entanto ao longo do tempo com
(Moreira & Santos, 2014). Assim sendo, pode dizer-se que esta arte está ligada à vida
2013:3).
4
Importância da música para as crianças
experiência ativa na qual a criança compõe, toca um instrumento e ouve e que esta
atividade deve ser “agradável” quer para as crianças quer para os professores” (Pinto,
2013:11)
1
Filósofo Grego da Antiguidade
2
Pedagogo belga com ideias baseadas em Carl Orff
5
A música na Educação
Desigualdades Sociais
A origem da desigualdade social na humanidade é ligada à relação de poder,
estabelecida desde o início dos tempos, popularmente conhecida como a “lei do mais
forte”. A desigualdade social é normalmente compreendida como sinónimo de
desigualdade económica que existe entre determinados grupos de pessoas dentro da
mesma sociedade, no entanto engloba também a desigualdade de género, de classes,
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de educação, de qualificações, de cultura, de alojamento, de consumo, de condições de
trabalho, entre outros (Bezerra, 2018).
Algumas das causas das desigualdades sociais são: a diferença das rendas das
casas, que diferem de zona para zona; má distribuição de recursos; falta de
oportunidades de trabalho; corrupção; falta de investimento, por parte do estado, em
áreas sociais, culturais, de saúde e de educação (Idem).
A desigualdade social trás fenómenos gerados por ela, que são eles: a violência
e a criminalidade, o desemprego, a fome, guerras e conflitos civis, educação precária,
pobreza e desigualdade racial. Se um país não consegue atender às necessidades básicas
dos cidadãos, este também não irá prosperar de forma equitativa. Um dos países da
União Europeia que apresenta maior desigualdade social é Portugal, sendo que os países
que representam menor desigualdade social são a Noruega, o Japão e a Suécia (Idem).
Normalmente quem provém de uma família pobre tem menos probabilidade de
ter uma boa educação, logo, por sua vez os empregos que estão a si destinados são sem
grande prestígio social e com baixas remunerações, continuando assim na classe social
de que advém. Normalmente os “iguais” são tratados como “iguais” e os “desiguais”
como “desiguais”, assim sendo, pode dizer-se que as classes sociais tendem a manter-
se estáveis de geração para geração, reproduzindo assim a desigualdade com as classes
sociais inferiores.
Desigualdades Escolares
Inicialmente a escola era vista como o instrumento que a sociedade tinha para
assegurar a igualdade de oportunidades entre os seus cidadãos, mas também como um
setor de atribuição de recursos. No entanto, pode-se verificar que os alunos que provêm
de famílias de classes sociais favorecidas têm melhores prestações académicas (Gomes,
2013). Por exemplo um aluno cujo os pais são qualificados, estes terão uma maior
preocupação com a sua educação escolar do filho, quando este chega a casa os pais irão
ter a preocupação de perguntar se há tarefas para o dia seguinte e irão incutir costumes
de ler livros, ir a exposições, etc. Enquanto que um aluno de pais sem qualificações não
terá a mesma ajuda do que se tivessem qualificações, não poderão ajudar o filho com
os trabalhos de casa, nem com o futuro escolar. Isto é um exemplo de desigualdade
7
escolar. Para Pierre Bourdieu 3a escola é um lugar onde se reproduzem as desigualdades
(Mougeolle, 2014). A escola transforma as desigualdades sociais em desigualdades
escolares, esta cobra aos alunos gostos, crenças, posturas, valores dos grupos
dominantes, que são representados como cultura universal. A escola além de reproduzir
essas desigualdades também as legitimam, pois para alguns a cultura escolar é idêntica
à cultura da família (Mendes, 2009).
“As crianças da classe trabalhadora sofrem com o baque cultural ao entrarem na escola,
porque ela se apresenta como um ambiente estrangeiro em que os sucessos e os
fracassos dependem de orientações precoces que são produtos do meio familiar. A
cultura da elite está próxima à cultura escolar, para uns a aprendizagem da cultura da
elite é uma conquista, para outros, uma herança.” (Mendes, 2009:1).
fala não combina com a cultura académica da escola. A escola, através do currículo
oculto de Ivan Ilich ensina a criança que o seu papel na vida é “conhecer o seu lugar e
No que diz respeito aos valores, nas classes mais baixas o trabalho escolar não é
realização pessoal e o futuro profissional. Assim pode se dizer que “a escola deve pôr
3
Sociólogo francês autor do conceito de diversas formas de capitais: económico; cultural; social.
4
Sociólogo britânico da década de 70
8
desvantagens do mais desfavorecidos à entrada, deve tratar dos que estão em
desvantagem de modo especial. Ser justo não é tratar todos formalmente do mesmo
social. O insucesso escolar pode ter a ver com o aluno, com o professor, com a família,
9
turmas A e B têm mais alunos provenientes da cidade e os alunos das turmas C e D têm
mais alunos provenientes das aldeias (Lusa, 2006).
Projeto Orquestra Geração
O projeto orquestra geração foi criado em 2007, com o apoio da Fundação
Calouste Gulbenkian, com o intuito de combater o insucesso escolar eu o abandono
escolar através do ensino da música a crianças e jovens do 1º ao 9º ano de escolaridade.
Este projeto é inspirado no Sistema Nacional de Orquestras Juvenis da Venezuela, assim
este projeto visa combater o abandono e o insucesso escolar usando a música como
isentivo aos alunos a que não deixem a escola mostrando-lhes um percurso promissor e
de criação de oportunidades. Desde a orquestra geração em 2007, na Amadora, esta
tem-se vindo a expandir por todo o país: Lisboa, Vila Franca de Xira, Loures, Oeiras,
Mirandela, Murça, etc. (Gulbenkian, 2018).
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Conclusão
Perante o exposto concluo-o então que é necessário que o ministério da
educação dê mais importância ao ensino da música, pois como se pode ver a música
pode ser uma ponte para que as desigualdades sociais não passem para a escola, a
música pode ser o elemento de elo de ligação entre os mais desfavorecidos com os
favorecidos. Se houver a valorização desta arte, esta pode maximizar as capacidades dos
alunos, nomeadamente a compreensão, a capacidade de memória, a inteligência, o
desenvolvimento da linguagem e ainda o processo lógico-matemático, através de uma
maneira lúdica.
Uma criança proveniente de classes sociais desfavorecidas com acesso à música
pode tornar-se mais facilmente num adulto realizado e com capacidade de ter sucesso.
Se todos os municípios tivessem a mesma capacidade que o município do Porto teve
para criar o projeto música para todos o nosso país teria mais chance de conseguir criar
crianças com capacidade de superar as suas dificuldades por serem desfavorecidas, pois
sem esse apoio das câmaras é difícil as classes sociais desfavorecidas seguirem o seu
percurso na música pois os instrumentos musicais e os seus estudos são bastante
dispendiosos e não é fácil conseguir adquirir estes bens materiais sem qualquer tipo de
apoio.
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Bibliografia
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ensino-aprendizagem. Disponível em http://novosalunos.com.br/musica-na-escola-
entenda-a-importancia-no-processo-de-ensino-aprendizagem/.
Bezerra, J. (2018). Desigualdade Social. Disponível em:
https://www.todamateria.com.br/desigualdade-social/.
Carmo, R.M., Cantante, F. & Carvalho, M. (2010). Desigualdades como problema:
que políticas?. Disponível em: http://observatorio-das-
desigualdades.cies.iscte.pt/index.jsp?page=projects&id=124 .
Da Capo. (2014). Projeto música para todos. Disponível em:
http://www.dacapo.pt/seccao-Academia&-Projecto-Musica-para-Todos .
Gomes, R. (2013). As desigualdades sociais perante a escola. Disponível em:
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Escola.
Gulbenkian, F. C. (2018). Orquestra Geração. Disponível em:
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Lusa. (2006). Sistema de Ensino Português agrava desigualdades sociais.
Disponível em: https://www.publico.pt/2006/12/06/portugal/noticia/sistema-de-
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Mendes, J. (2009). Bordieu e Bernstein: as desigualdades escolares. Disponível
em: https://www.extraclasse.org.br/edicoes/2009/10/bourdieu-e-bernstein-as-
desigualdades-escolares/.
Moreira, A.M. & Santos, H. (2014). A música na sala de aula- a música como
recurso didático. Brasil: Unisanta Humanitas.
Mougeolle, L. (2014). Sociologia da educação: As desigualdades perante a escola.
Disponível em: http://www.sociologia.com.br/sociologia-da-educacao-as-
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Oliveira, D.L & Cabral, E.B. (2014). A música e sua influência na propagação de
conceitos discriminatórios, ofensivos e banalização do papel da mulher: um estudo sob
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http://www.pucgoias.edu.br/anais/2014/PDF/Textoscompletos-
premio/Premio11_amusicaesuapropagacao.pdf.
Pinto, T.E.G. (2013). A música na inclusão de alunos com Necessidades Educativas
Especiais. (Dissertação/Trabalho de Projeto de mestrado). Escola Superior de Educação,
Instituto Politécnico de Coimbra.
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