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VIOLENCIA SEXUAL

https://meusalario.org/mocambique/lei-de-trabalho/tratamento-justo/assedio-sexual

O Direito do Trabalho proíbe o assédio sexual. Assédio moral, quando ela interfere com a
estabilidade do emprego ou com a progressão na carreira do funcionário ofendido, é tratada como uma
infracção disciplinar, se for cometido dentro ou fora do local de trabalho. Quando o assédio é cometido
pelo empregador ou por agente do empregador, o empregado ofendido tem direito a indemnização no
valor de vinte vezes o salário mínimo (art. 66,2-3 de Direito do Trabalho, 2007). De acordo com o artigo
399-A do Código Penal, o abuso do poder, assédio sexual para obtenção de favores é punível com a
pena de prisão até um ano e multa correspondente.

https://professoraalice.jusbrasil.com.br/artigos/312151601/o-que-e-violencia-baseada-no-genero

2. Definição de violência baseada no gênero

Como bem esclarece Victoria Barreda[1], “o gênero pode ser definido como uma construção social e
histórica de caráter relacional, configurada a partir das significações e da simbolização cultural de
diferenças anatômicas entre homens e mulheres. [...] Implica o estabelecimento de relações, papeis e
identidades ativamente construídas por sujeitos ao longo de suas vidas, em nossas sociedades,
historicamente produzindo e reproduzindo relações de desigualdade social e de
dominação/subordinação.”

A violência de gênero, por sua vez, envolve exatamente essa determinação social dos papéis masculino
e feminino. Toda sociedade pode (e talvez até deva) atribuir diferentes papéis ao homem e à mulher.
Até aí tudo bem. Isso, todavia, adquire caráter discriminatório quando a tais papéis são atribuídos pesos
com importâncias diferenciadas. No caso da nossa sociedade, os papéis masculinos são supervalorizados
em detrimento dos femininos. E mais, como alertam Maria Amélia Teles e Mônica de Melo, “os papéis
impostos às mulheres e aos homens, consolidados ao longo da história e reforçados pelo patriarcado e
sua ideologia, induzem relações violentas entre os sexos.”[2]

Uma importante definição de violência de gênero pode ser retirada da Convenção Interamericana para
Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher - Convenção de Belém do Pará: ofensa à
dignidade humana e manifestação das relações de poder historicamente desiguais entre mulheres e
homens.

Os papéis sociais atribuídos a homens e a mulheres são acompanhados de códigos de conduta


introjetados pela educação diferenciada que atribui o controle das circunstâncias ao homem, o qual as
administra com a participação submetida por cultura, mas ativa das mulheres, o que tem significado
ditar-lhes, e elas aceitarem e cumprirem, rituais de entrega, contenção de vontades, recato sexual, vida
voltada a questões meramente domésticas, priorização da maternidade, etc. Acaba tão desproporcional
o equilíbrio de poder entre os sexos, que sobra não interdependência, mas hierarquia autoritária. Tal
quadro cria condições para que o homem sinta-se (e reste) legitimado a fazer uso da violência, e
permite compreender o que leva a mulher vítima da agressão a ficar muitas vezes inerte, e, mesmo
quando toma algum tipo de atitude, acabe por se reconciliar com o companheiro agressor, após
reiterados episódios de violência. Pesquisa da Fundação Perseu Abramo conclui que é comum as
mulheres sofrerem agressões físicas, por parte do companheiro, por mais de dez anos[3]. Diversos
estudos demonstram que tal submissão decorre de condições concretas (físicas, psicológicas, sociais e
econômicas) a que a mulher encontra-se submetida/enredada, exatamente por conta do papel que lhe
é atribuído socialmente.

Dos conceitos e definições acima trazidos, destacam-se algumas importantes características da violência
de gênero: 1) Ela decorre de uma relação de poder de dominação do homem e de submissão da mulher;
2) Esta relação de poder advém dos papéis impostos às mulheres e aos homens, reforçados pela
ideologia patriarcal, os quais induzem relações violentas entre os sexos, já que calcados em uma
hierarquia de poder; 3) A violência perpassa a relação pessoal entre homem e mulher, podendo ser
encontrada também nas instituições, nas estruturas, nas práticas cotidianas, nos rituais, ou seja, em
tudo que constitui as relações sociais; 4) A relação afetivo-conjugal, a proximidade entre vítima e
agressor (relação doméstica, familiar ou íntima de afeto) e a habitualidade das situações de violência
tornam as mulheres ainda mais vulneráveis dentro do sistema de desigualdades de gênero, quando
comparado a outros sistemas de desigualdade (classe, geração, etnia).

3. Gênero, identidade de gênero e orientação sexual

O Projeto de Lei que deu origem à Lei Maria da Penha (PL 4559/2004), em seu artigo 5º, § ún., definia
expressamente as relações de gênero como sendo “as relações desiguais e assimétricas de valor e poder
atribuídas às pessoas segundo o sexo.”
Na versão final, no entanto, o texto acima foi substituído pelo seguinte: “As relações pessoais
enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.” (art. 5º, § un. - grifou-se)

Veja-se que, agora, aparece, mais uma categoria que precisa ser compreendida (orientação sexual). O
termo gênero é frequentemente confundido com identidade de gênero, o qual, por sua vez, confunde-
se com orientação sexual. Vejamos essas e outras categorias que possuem proximidade de sentido:

Sexo: definido pela presença de genitália masculina ou feminina;

Orientação sexual: definido pelo sexo que atrai sexualmente a pessoa: a) sente atração por sexo diverso
do seu: heterossexual; b) sente atração por sexo idêntico ao seu: homossexual; c) sente atração por
todos os sexos: pansexual;

Gênero: atribuições de papeis aos homens e às mulheres, com prevalência de poder ao sexo masculino;

Identidade de gênero: entendimento que a pessoa tem no que tange ao gênero do qual faz parte,
independentemente do seu sexo biológico. Sente-se homem ou sente-se mulher? Gostaria de ser
reconhecida socialmente com um homem ou como uma mulher?

Ideologia de gênero: “’ensinam o comportamento adequado, esperado e recompensado pelos outros,


moldam nossas personalidades para conformá-las às normas sociais e reprimem ou punem
comportamentos a elas não conformes’ e nos são transmitidas desde o nosso nascimento.”[4]

No ano de 2006 foram elaborados os Princípios de Yogyakarta, dirigidos a orientar a aplicação


internacional de direitos humanos no que se refere à orientação sexual e à identidade de gênero. Na
introdução dos Princípios[5], ficou consignado que “Muitos Estados e sociedades impõem normas de
gênero e orientação sexual às pessoas por meio de costumes, legislação e violência e exercem controle
sobre o modo como elas vivenciam seus relacionamentos pessoais e como se identificam. O
policiamento da sexualidade continua a ser poderosa força subjacente à persistente violência de gênero,
bem como à desigualdade entre os gêneros.”
http://forumulher.org.mz/violencia-baseada-no-genero/Problema

Violência baseada no género

Escrito por Fórum Mulher em 21 Novembro, 2017 in Áreas Programáticas

Em Moçambique, a violência contra as mulheres e raparigas atinge grandes proporções e diversas


formas, sendo as mais comuns a agressão física, a violência sexual, as uniões forçadas de raparigas
(chamadas de “casamentos prematuros”) e outras formas de violência e práticas discriminatórias que
atentam contra a liberdade e a autonomia das mulheres e raparigas, atingindo a sua integridade física,
psicológica e a sua dignidade.

Apesar de um quadro legal que define algumas das formas da violência contra as mulheres e raparigas
como crime e que as penaliza, incluindo a Lei da Família, a Lei do Tráfico de Pessoas Humanas
Especialmente de Mulheres e Crianças, a Lei de Protecção dos Direitos das Crianças, a Lei Sobre a
Violência Doméstica Praticada Contra a Mulher, ele exclui outras práticas de violência e de
discriminação. Adicionalmente, há indícios de que a violência e práticas discriminatórias contra as
mulheres e raparigas tendem a aumentar.

Causas do problema

A dominância dos valores patriarcais, em que o homem é considerado superior à mulher, quer dentro
da família, quer na sociedade em geral e as práticas culturais, tais como os ritos de iniciação, o lobolo, a
poligamia e a superstição, constituem as principais causas da violência contra as mulheres e raparigas.

Para além disso, o agravamento das condições económicas das famílias, como resultado das políticas de
desenvolvimento adoptadas no País, é um factor adicional que pode estar a contribuir para o aumento
da violência contra as mulheres e raparigas. Esse agravamento acontece num contexto em que o País
herdou uma cultura de violência, herança de mais de 16 anos de guerra, que facilita a expressão de
formas de violência típicas de uma cultura militarista.

O País conta hoje com um conjunto de legislação e de políticas públicas que são instrumentos de
prevenção e de penalização de muitas das formas de violência. No entanto, a sua aplicação é limitada
pelo facto de o Estado não alocar os recursos necessário para a sua implementação efectiva, equipando
o sistema policial, o judicial, o de saúde e o de acção social com meios e recursos necessários, o que
resulta na impunidade dos perpetradores e na falta de confiança no sistema pelas vítimas, para além de
ela não abranger todas as formas de violência contra as mulheres e raparigas. Adicionalmente, ela não é
suficientemente conhecida na sociedade, o que limita a demanda pela sua aplicação efectiva.

Ademais, alguma legislação ainda discrimina as mulheres, como a Lei das Sucessões, que não está
harmonizada com a Lei da Família, o que possibilita que muitas mulheres sejam despojadas dos seus
bens e propriedades pelos familiares do marido, por falta de protecção legal, o Código Penal que ainda
contém disposições discriminatórias, entre outros dispositivos legais.

Mudança necessária

Para reverter este quadro, é preciso, em primeiro lugar, mudar as atitudes, comportamentos e
mentalidades na sociedade, promovendo a adopção de valores baseados na igualdade de género, em
relações de respeito mútuo, sem violência. Sendo Moçambique um país com várias realidades sócio-
culturais e religiosas, estratégias diferenciadas por zonas culturais do País, bem como por valores das
diferentes religiões, podem revelar-se mais eficazes, adaptando as mensagens aos grupos-alvo das
acções de educação e consciencialização.

Ao nível de políticas públicas e da legislação, é necessário assegurar que sejam criadas condições para a
sua implementação efectiva, fazendo com que elas sejam, de facto, um factor dissuasor da

violência contra as mulheres e raparigas. Adicionalmente, é necessário prosseguir com os esforços para
influenciar a melhoria e harmonização das políticas públicas e da legislação, incorporando todas as
formas de violência contra as mulheres e as raparigas e harmonizando conceitos. Para além disto, é
necessário envidar esforços para promover um maior acesso à justiça, ainda limitado pelas distâncias e
pela qualidade dos serviços disponíveis.

A promoção de um maior conhecimento sobre a problemática da violência baseada no género,


capacitando as comunidades, as instituições de ensino e de pesquisa, os intervenientes do sector
publico e da sociedade civil para uma compreensão mais coerente do fenómeno, permitirá identificar as
intervenções mais adequadas e apropriadas e estabelecer parcerias e alianças necessárias para uma
maior abrangência das intervenções nesta área.
A coordenação e a colaboração entre as organizações da sociedade civil envolvidas na luta contra a
violência e na prestação de serviços às vitimas, partilhando métodos de trabalho, práticas inovadoras,
assuntos e estratégias de advocacia irá permitir estabelecer abordagens e modelos efectivos de
intervenção, bem como produzir contribuições para o Mecanismo Governamental de Atendimento
Integrado.

Papel do FM

O Fórum Mulher irá impulsionar os seus membros e outros actores a realizar acções de educação e
consciencialização sobre os direitos humanos das mulheres, direccionados a mulheres e homens,
raparigas e rapazes. Espera-se que essas acções, coordenadas e articuladas pelo FM, irão contribuir para
a adopção dos novos valores baseados na igualdade de género, em relações de respeito mútuo, sem
violência.

Acções de advocacia para a implementação das políticas públicas e da legislação relevante por um lado,
e por outro para a melhoria dessas políticas e da legislação, serão continuadas. Campanhas de
divulgação e actividades de formação sobre as políticas públicas e sobre a legislação ligadas à prevenção
e combate contra a violência de género também serão continuadas.

Para sustentar essas acções de advocacia, serão realizadas acções de monitoria das leis e políticas
públicas. A monitoria da implementação das políticas públicas e da legislação relevante permitirá
produzir evidências e informação que alimentarão as iniciativas de advocacia, tanto junto das entidades
públicas, como junto ao cidadão.

O FM irá incentivar o fluxo de informação entre os diferentes actores da sociedade civil, bem como a
colaboração e a coordenação entre os mesmos, visando gerar informação e experiências que permitam
influenciar as abordagens do sector público, particularmente a que se espera venham a ser
implementadas através do Mecanismo Governamental de Atendimento Integrado.

http://www.supertecnica.co.mz/genero/adolescencia/violencia-baseada-no-genero-e-violencia-
domestica/

Factos
No mundo, 1 em cada 3 mulheres é violentada física ou sexualmente ou sofreu de abuso.

Em Moçambique, 1 em cada 3 mulheres foi vítima de violência física desde os 15 anos.

Das mulheres moçambicanas entre 15 e 49 anos, 12% foram forçadas a ter relações sexuais.

Das mulheres moçambicanas entre 15 e 49 anos, 46% já sofreram algum tipo de violência.

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