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Jaime Troiano
Fazer parte de uma orquestra deve ser um ato de humildade. Um ato inteligente e
de lúcida subserviência diante do interesse maior que é o monumental efeito do
conjunto. E que efeito é este? Nada mais, nada menos, do que o fortalecimento da
suprema arma de negócios de que as empresas dispõem: suas marcas.
Nestes últimos anos, temos visto todo tipo possível e imaginável de shows de
solistas. Nunca, jamais em tempo algum, tivemos à nossa disposição tantas
ferramentas ou instrumentos de comunicação. Televisão aberta, TV paga, rádio,
jornal, revista, inúmeras formas de mídia exterior, internet, marketing direto,
eventos, pdv...e a lista não acaba.
Isto sem falar em instrumentos com “sons” mais insólitos: guardanapos, tickets de
estacionamento, portas de elevador, balcões de padarias, portas de taxis, vagões
de metrô, roupas de equipes de esportes, chaveiros, bloquinhos de anotação de
recados, saquinhos de adoçante em restaurantes, tickets de pedágio...
Com todos esses instrumentos disponíveis, o que nós temos visto? Grandes e
pretenciosos espetáculos de virtuoses. O que temos visto é uma contínua tentativa
de provar a superioridade de cada instrumento sobre os demais, num ingênuo
esforço de simplificar a vida dos anunciantes. Como se as marcas que esse
cliente detém pudessem se alimentar apenas de um, ou de uns poucos,
timbres.
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famosos, capazes de integrar partituras desses músicos tão hábeis e experientes,
nós conhecemos em nosso mercado?
Com o passar dos anos, nós fomos sendo, lenta e gradualmente, levados a
considerar o poder dos instrumentos individualmente. Mas não demos a mesma
atenção a como combinar a sinergia de seus efeitos. Seja por necessidades
comerciais de quem opera com cada um desses instrumentos; seja porque volta e
meia um deles assume um caráter modal; ou sejam mesmo porque seus
resultados são mais fáceis de serem medidos, fomos sendo levados a valorizar
solistas.