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Sady Baby

Uma entrevista com o pornógrafo


Sady Baby diretamente da
Penitenciária de Caxias do Sul

Matias Rech de Lucena

No dia 25 de fevereiro de 2013, o cineasta


Sady Baby e sua namorada Patrícia (que ele conhe-
ceu quando ela tinha 13 anos) foram presos em
uma barreira da Polícia Federal em Caxias do Sul,
cidade onde resido. Acusado de estelionato, Sady
portava documentos falsos de um morador do Pa-
raná. Ele estava desaparecido desde 2008, quando
era procurado pela Polícia Federal sob a acusação
de ter contratado uma atriz menor de idade, que
supostamente seria sua filha, para seu último filme,
A filha do diretor. Ele também finalizava o longa Te-
são dos crentes. Na época, correu a notícia de que
Sady teria se suicidado saltando da ponte do rio

[1]
Uruguai.
Sady Baby, nome artístico de Sady Plauth, não
foi apenas um ator e cineasta maldito que despon-
tou na época de decadência da Boca do Lixo,
quando pipocavam produções de baixo orçamento
cujo único tema era o sexo explícito. Sady é um
polêmico visionário da putaria e, de alguma forma
torta, uma expressão do Brasil profundo. Explico
citando a Lei do Cascão, uma fala de seu persona-
gem no filme Ônibus da suruba: “Trabalhar é pra
otário e, se esse país é uma foda, então vamos fo-
der”. O Ônibus, inclusive, teve uma sequência e
deu nome ao espetáculo de sexo explícito com o
qual Sady e um grupo de atores percorreu o es-
tado do Rio Grande do Sul.
Outros títulos cometidos por ele foram Emo-
ções sexuais de um jegue, Máfia sexual e No calor do
buraco. Como dá pra intuir, seu cinema não era
apenas pornográfico. Ele ia além, trazendo ao seu
universo tabus como zoofilia, estupro e necrofilia,
com diálogos memoráveis e cenas tosquíssimas de

[2]
ação. Os roteiros eram tão surreais que, se o Bu-
ñuel e o Korine1 tivessem feito um filme juntos,
ainda assim não se equiparariam ao cultuado dire-
tor gaúcho de Erechim.
Quando eu era criança, veraneava em Balneá-
rio Camboriú com minha família. Eu tinha mais ou
menos uns sete anos. E todo dia, na beira da praia,
passava um sujeito trajando um chapéu de viking e
uma sunga fio dental, anunciando em um megafone
um teatro erótico chamado "Soltando a Franga". Já
adulto, descobri que essa figura icônica se tratava
do próprio Sady. Depois de ver uns trechos de fil-
mes dele no Youtube, fui atrás da filmografia. Era
difícil de achar, tive que percorrer os cantos mais
obscuros da Internet. Tentei assistir um filme dele
com o mesmo nome do teatro que lhe deu fama,
e em menos de dois minutos fui vomitar no ba-
nheiro.

1 Harmony Korine, cineasta norte-americano nascido em


1973.

[3]
Na penitenciária de Caxias do Sul, conversei
por uma hora e meia com Sady. Falamos sobre o
suposto suicídio, seu cultuado legado cinemato-
gráfico, seus 40 (!) filhos, seu teatro de sexo explí-
cito e, lógico, sobre buceta.

Sady Baby agarra Márcia Scarpette em uma cachoeira


na cidade paulista de Guararema.

VICE: Como você entrou nessa história de ci-


nema? Você era jogador de futebol, o que te le-
vou a abandonar a carreira esportiva pra seguir
filmando?

[4]
Parei de jogar futebol num jogo do Pinheiros,
que é um time do Paraná, em Londrina, cidade do
café, onde eu quebrei a perna pela segunda vez e
não tive mais condições de jogar futebol. Foi aí que
eu parti pro cinema.

Até hoje os temas abordados nos seus filmes são


considerados tabus. Como você lida com isso?

É porque eu assistia muito filme e achava que


faltava alguma coisa. E eu sempre percebi o se-
guinte: toda pessoa tem uma tara, uma fantasia,
mas tem vergonha de expor, de falar ou até de ver,
entende? E eu comecei a pôr isso no meu trabalho
e começou a dar certo. Muitas pessoas me para-
vam na rua, na época. Algumas elogiavam, outras
criticavam, mas sempre existiu público pra isso,
entende?

Como funciona o seu processo criativo?

Ah, eu me dedicava a isso. A partir do mo-


mento que você tem uma profissão, tem que se
[5]
aperfeiçoar naquilo e gostar do que está fazendo.
Então eu escrevia à noite, na hora que lembrava
de uma cena eu escrevia, sempre fui assim.

Você tem noção de quão cultuado é no mundo


pornográfico? Pra baixar um filme seu, tive que
procurar em blog gringo.

Nem sabia disso.

É mesmo?

Sim. Um jornalista de São Paulo está escre-


vendo um livro sobre minha carreira, vai sair no
ano que vem. Mas eu nunca liguei pra isso, sou um
cara simples. Eu sempre respeitei as pessoas. Uma
das coisas mais importantes pra mim é quando al-
guém me para na rua e diz: “Pô, gostei do seu tra-
balho”.

Na verdade eu ia mencionar isso em outra per-


gunta. Certa vez li que o jornalista Gio Mendes
ia escrever uma biografia sua com o título Toda
buceta tem um preço, que inclusive foi sugerido

[6]
por você.

Pois é, mas acho que não ia rolar com esse


título.

E você acredita que toda buceta tem um preço?

Lógico. Eu vou te explicar por quê. Se você


sair com uma garota de programa, vai ter que pa-
gar. Se você tem uma mulher em casa, vai ter que
sustentar. De uma forma ou de outra, toda buceta

[7]
tem um preço. Isso é da minha cabeça, não sei se
eu sou xarope ou não.

De todos os filmes que você dirigiu, produziu e


atuou, qual o seu favorito?

Ônibus da Suruba.

Qual dos dois?

O primeiro. Mas sabe que tem um filme meu


que nunca saiu na internet, o Emoções sexuais de
um cavalo, o primeiro que dirigi. Na verdade, foi
esse o que mais gostei, me dediquei muito nesse
filme.

Foi complicado convencer as atrizes a contrace-


narem com um cavalo? (Rola uma cena de zoofi-
lia pesada na película, mas o título já deixa isso
meio óbvio.)

Não. Foi um pagamento legal, ela aceitou na


boa. Toda pessoa que vem trabalhar comigo eu
pergunto: você gosta disso ou está a fim de ganhar

[8]
um dinheiro? Sempre falo o seguinte: jogo limpo,
aberto, olho no olho. E o mais importante é a pes-
soa fazer quando gosta. Se ela não fizer quando
gosta, vai sair mal feito. Se ela gosta, vai entrar com
tudo, com tesão. Tudo tem que ter tesão. Se não
tiver tesão, não funciona.

Você teve bons parceiros de cinema como Re-


nalto Alves, Zé Adalto e David Cardoso. Como
era sua relação com eles?

Renalto Alves era meu câmera. Eu aprendi


muito com a David Cardoso. Na época, ele tava
no auge, fazia novela na Globo. Ele me cedeu o
equipamento porque eu não tinha equipamento. O
primeiro filme que fiz não era de sexo explícito.
Chamava Escândalo na sociedade e o diretor era o
Arlindo Barreto, o mesmo diretor que atualmente
está no Patati Patata no SBT (programa infantil).
Mas não deu retorno, então parti pros filmes eró-
ticos e deu certo.

[9]
Cartaz do primeiro trabalho produzido pelo Sady e diri-
gido pelo Bozo Arlindo Barreto.

[10]
Sady ao lado de seus fiés colaboradores: o mais normal
deles é o cão Toby.

Você fazia muito com pouco, devido ao baixo


orçamento das produções. O que você faria se
rolasse muita grana pra produzir um filme?
Como seria um épico do Sady Baby?

Ah, seria o maior sonho da minha vida. Eu ia

[11]
pegar uma equipe de maquiagem, umas atrizes lin-
das, ia preparar tudo, tipo americano. Pra derru-
bar eles, são só eles que mandam. Eu sou brasi-
leiro, sou feliz por ser brasileiro, entende? Eu já fiz
show em nove países e, desculpa fugir um pouco
do assunto, o meu maior prazer foi fazer o show
no meu estado, porque sou gaúcho... [emocio-
nado] Desculpa, eu me emociono quando falo do
meu estado. Tem até parente meu que diz: “Ah,
você mexe com droga”. Eu nunca mexi com droga.
Até o dia que a polícia me parou e pediu pra fazer
o bafo, eu nem sabia o que era bafo. Eu nunca botei
um cigarro na boca, não tenho nada contra quem
fuma, quem bebe, quem cheira, cada um faz o que
bem entende, mas essas coisas me machucam por-
que eu perdi meu pai e minha mãe com 12 anos.

Que tipo de filme você curte assistir?

Gosto do Stallone, do Schwarzenegger, filme


de ação.

[12]
Rola bastante ação nos seus filmes e uns diálo-
gos memoráveis. E esses diálogos eram na base
do improviso?

A maioria era no improviso, eu escrevia pros


atores, mas era tudo comigo.

Sady dá uma de Leatherface no filme No calor do bu-


raco.

[13]
Então, você escrevia antes uma ideia de roteiro,
mas na hora acabava improvisando?

Sim. Havia pouco recurso, eu tinha poucos


atores, a maioria era gente comum, eles não ti-
nham uma base artística, então eu tinha que ir no
improviso pra eles se soltarem mais. Se desse o
texto pronto pra eles lerem, ia soar mecânico, en-
tão, o improviso acaba deixando tudo mais espon-
tâneo. Aquilo era um sonho de criança se reali-
zando, eu nasci pra fazer isso.

Você já foi dublador? Porque você tem voz de


dublador, cara.

Infelizmente não fui dublador. Mas a maioria


dos meus filmes foi dublada.

E sua voz também era dublada?

Alguns sim, alguns não. É que não tinha muito


recurso, eu fazia muita coisa, trabalhava 20 horas
por dia, ajudava o editor a montar o filme. Isso que

[14]
eu digo, se o cara quiser fazer alguma coisa, ele
tem que entrar de cabeça. Pra mim aquilo era
tudo. Quando o cinema caiu, fiquei muito triste.
Tenho uma frase que diz: “Eu não faço por di-
nheiro, eu faço por tesão, eu faço por vontade”.

Sady Baby rodeado por um time de beldades no filme


Troca de óleo.

[15]
Como funcionava o Ônibus da Suruba? Você sim-
plesmente recrutou uma galera e pegou a es-
trada?

Comprei um ônibus nos anos 1990, equipei e


saí pra viajar. Reuni um grupo de atores de SP. Mas
não era só sexo explicito. Era uma peça de teatro,
como qualquer outra. E uma coisa que eu exigia é
que, pra trabalhar comigo, não podia mexer com
droga, porque isso podia dar problema com a po-
lícia das cidades pra onde a gente viajava. E nunca
tive problema nenhum. Aí me arrumaram uma
rede de cinemas em todo o RS, SC e PR. Eu co-
mecei no Cine Lido, em Porto Alegre, na Borges
de Medeiros, fazendo quatro shows por dia.
Aquilo foi mó sucesso. E conheci todo o meu es-
tado fazendo show com o ônibus. E aí, quando
cheguei em POA, muitos atores me procuravam
pra participar, então comecei a trocar o elenco. E
não desmerecendo ninguém, mas a mulher gaúcha
é muito mais bonita. Mas eu não contratava garo-
tas de programa, elas eram muito explosivas.

[16]
Aquilo era uma família pra mim. Como te falei,
perdi minha família muito cedo, então aquela era a
minha família. Uma família da putaria, mas ainda as-
sim uma família.

Quando eu era criança, veraneava em Balneá-


rio Camboriú. Seu teatro erótico, o Soltando a
Franga, que inclusive é o nome de um filme seu,
ficava lá. Eu lembro disso. Como era administrar
essa parada?

Era fantástico. Quando eu viajava com o ôni-


bus pelo RS, eu ganhei muito dinheiro, o suficiente
pra construir meu teatro. Tinha a parte de baixo
que era tipo cinema e, na parte de cima, os cama-
rotes, pra casais. E eu não vou mencionar nomes,
mas teve muita gente importante frequentando lá.
Aí pintou o lance da Antonella (ex-BBB), que veio
trabalhar comigo. Aí, um jornal de Itajaí descobriu
e deu aquele fuzuê todo.

[17]
Isso nos anos 90?

Não, não, agora em 2004.

Então o seu teatro durou bastante tempo?

Sim, nove anos.

Os teus filmes também exibiam relações homos-


sexuais. Isso também rolava no teatro?

[18]
Em POA eu tentei fazer algo do tipo, dois ho-
mens se abraçando, mas o pessoal não gostou, eles
saíam. Já em Balneário Camboriú o povo aceitou
mais. Mas não rolava sexo. Aliás, o que o povo
mais gostava não era o show de sexo explícito,
mas as cenas de lesbianismo.

Qual a diferença entre fazer teatro e cinema no


seu universo?

O cinema estava caindo. E eu não queria pa-


rar de trabalhar. Quando comprei o ônibus, em
SP, os caras disseram que eu era um louco. Mas aí
é que deu certo. E eu tive outra ideia: montar um
circo itinerante de sexo explícito, que pretendo
concretizar agora. Quando viajava com o ônibus,
tive alguns problemas com pessoas que tentaram
me sacanear. Quando eu estava no Paraná, enfia-
ram Guttalax [laxante] no meu copo e eu fiquei
três dias no hospital. Aí percebi que ia ter proble-
mas na estrada ficando sozinho, estava preocu-
pado com minha integridade física. Então, botei o

[19]
teatro à venda, só que vendi pra pessoa errada.
Recebi só 20% do valor do meu teatro. Perdi tudo.
Então, eu tentei o suicídio, em 2008. Me joguei no
rio Uruguai, nem sabia nadar, mas por felicidade da
vida acabei me salvando. Então saí, andei a pé até
Chapecó (SC), que dá uns 20 km, e liguei pra mi-
nha menina, que estava em Marau (RS), e disse pra
ela que ia até Aparecida do Norte (SP), a pé, por-
que cada um tem sua fé. Demorei 39 dias pra che-
gar até lá. Tinha dias que eu... [emocionado] Des-
culpa, eu não tô aguentando. Ela foi comigo. Tinha
dias que eu não aguentava, meus pés doíam muito.
Aí voltamos de ônibus até Marau. E não tenho ver-
gonha de falar não, fui trabalhar numa fazenda,
como peão. Fiquei cuidando de porco e gado, não
tinha prática nenhuma. A minha menina estava
junto. Depois de uns meses, ela entrou na internet
e fizemos contato com o cara que me comprou o
ônibus em Blumenau. Quando falei que estava tra-
balhando no sítio, ele pensou que o sítio era meu,

[20]
que eu tinha posse. Ele disse que eu não podia con-
tinuar lá. Mas eu falei que tinha errado, eu preci-
sava pagar por isso. Tempos depois, fui atrás pra
receber o resto da minha grana do teatro. Só que
fui sozinho, errei. E os caras me grampearam. Eles
falaram: “Ou tu assina, ou tu fica”. Entre o teatro
e a vida, que se vá o teatro. Perdi tudo. Então, vol-
tei pro sítio e continuei trabalhando lá. Estava
dando certo. Troquei meu nome, porque não que-
ria falar com ninguém das pessoas que me conhe-
ciam. Eu caí aqui com cheque, isso foi vergonhoso.
É difícil... [emocionado]

Bom, toma teu tempo.

Não, vai lá, pergunta.

Como eu disse anteriormente, você tem fãs espa-


lhados mundo afora. Seu público não se res-
tringe só ao Brasil. Eles podem esperar alguma
novidade sua no futuro?

Podem, lógico.

[21]
Um filme ou o circo?

Filme não dá, vai ser o circo. Tem uma pessoa


que vai patrocinar tudo, me botar na estrada com
ônibus, carreta e o circo. Porque eu sempre fui um
cara honesto... [emocionado, voz embargada] Eu
vou voltar a aparecer na TV e nas carretas vai estar
escrito assim: “Soltando a Franga, o único teatro
erótico ambulante do mundo”.

Vamos mudar um pouco o assunto. Em todas as


suas entrevistas, você deixou bem claro o quanto
curte mulher...

Olha, eu vou te falar uma coisa: nunca fumei,


nunca bebi, nunca mexi com droga, nunca roubei,
nunca matei, o meu problema é mulher. Eu gosto
de mulher, gosto de mulher, gosto de mulher. Mas
eu respeito as mulheres. Nunca forcei ninguém, eu
jogo limpo com elas. Tem umas que vêm trabalhar
comigo e esfregam a buceta na minha cara e eu
não quero nada, aí elas falam: “Você é gay”. E eu

[22]
digo: “Gay eu não sou”. Não gosto de comer mu-
lher com quem trabalho, mas tem umas que vêm
e esfregam a buceta na cara e eu não aguento. É o
meu fraco.

Então, qual é o tipo de mulher que você pira, já


que curte tanto buceta?

Olha, não é porque eu sou gaúcho não, mas


eu gosto daquela mulher gaúcha grandona assim,
peitão... Ah, eu fico louco. Se uma dessas falar as-
sim pra mim: “Eu vou dar pra você, mas depois
você vai morrer”, então me dê e depois pode me
matar. Eu, por mulher, deixo de comer. Eu, com a
idade que tenho, nunca fiquei doente. Um tempo
atrás fiz um check-up da minha saúde e estava tudo
perfeito. Fico sem comer pra ficar no peso e agra-
dar mulher. Meu peso sempre foi 72 quilos, desde
a época que eu jogava futebol. Se engordar meio
quilo, fico sem comer. Por mulher eu faço qual-
quer coisa. Mas, depois que eu conheci minha me-
nina, que era panfleteira, 11 anos atrás, ela tinha

[23]
13 anos, aí eu vi aquela ninfetinha e disse: “Ah meu
Deus do céu, não faz isso comigo”... E eu não
aguentei. Estou junto com ela até hoje. E o que
mais me pesa é que ela está presa por minha causa.
Isso é o que mais me dói. Porque, por ela eu mu-
dei. Outra coisa: eu nunca gostei de camisinha. E,
se não fosse por ela, eu não estaria aqui. Eu teria
pegado uma doença...

Você nunca fez algum exame pra detectar doen-


ças venéreas?

Fiz há um ano atrás e está tudo certo.

Pergunto isso porque, nos anos 1980, a AIDS era


uma epidemia, ainda mais no universo dos fil-
mes pornográficos.

Era sim, mas eu não queria nem saber. O meu


juízo está no meio das pernas. Mas, quando eu vejo
que está acompanhada, eu nem olho. Nesse caso
tenho muito respeito pelas pessoas.

[24]
Sady, nos tempos de coroinha.

[25]
Você é religioso?

Sim, sou católico. Uma vez, uma senhora me


parou na igreja e perguntou por que eu estava lá
se gostava tanto de mulher. Nunca desrespeitei
nenhuma religião. Sempre digo que tem três coisas
que nunca vou mudar: de sexo, de religião e de
time de futebol.

Pra que time você torce?

Corinthians. Sou fanático pelo Corinthians.


Sou gaúcho, mas sou corintiano. O Corinthians é
a minha cara. Sou da Gaviões, vou no meio da tor-
cida, pulo, grito, se tiver que brigar a gente briga,
eu desabafo lá. Lá, eu me realizo.

E a aquela história sobre sua filha ter atuado no


filme A filha do diretor, é real? E, além disso, tinha
aquela parada sobre ela ter 17 anos na época.

O pessoal confundiu. Ela não era minha filha,


esse era o nome do filme. Mas ela tinha 17 anos

[26]
sim, só que era emancipada. Aí chamei ela, só que
no final acabei me ferrando com a Polícia Federal.
Como o delegado disse, entrei de laranja.

Você tem muitos filhos?

Uns 40.

E conhece todos?

A maioria. São todos maiores de idade. Sou


amigo das minhas ex-mulheres e sempre falei pra
elas que não gosto de namorar, que não me en-
volvo com ninguém. Se quiser transar comigo,
tudo bem, mas jogo limpo com elas. E nenhuma
delas me cobrou nada.

Você não tem vontade de rever todos eles?

Eu vejo. Quando rolou o problema com a An-


tonella, recebi a visita de uns 15 filhos. Tudo na
boa. E se um dia for milionário, vou dividir tudo
com eles. Sei que fiz muita coisa errada, mas nunca

[27]
forcei nada, nunca estuprei ninguém. É que esse
meio oferece muita mulher. Em São Paulo, quando
eu estava na produtora, eu trepava três ou quatro
vezes por dia.

Em "Escândalo na Sociedade", com a atriz Cláudia Ma-


ria.

[28]
Quatro vezes por dia com mulheres diferentes?

Sim. Pra mim é normal. Quando eu ia rodar


um filme, selecionava o elenco, pedia pra tirar a
roupa e acabava rolando. Mas eu exigia que as atri-
zes não tivessem peito caído, nem barriga, nem ce-
lulite e nem estria. Eu tinha um truque, pedia pra
ela me abraçar, aí jogava a perna no meio. Se ela
abria a perna... Aí, meu amigo... Aí o negócio entra.
Vou fazer o quê? É coisa da vida.

Fotos de acervo gentilmente cedidas por Gio Mendes,


que promete uma biografia de Sady.

https://www.vice.com/pt_br
6 de março de 2013

[29]

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