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1. INTRODUÇÃO
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Em andamento, no Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências da Universidade
Federal da Bahia (UFBA) e Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).
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Também conhecida como cálculo infinitesimal, cálculo A, cálculo de funções de uma variável real, Cálculo I,
chamaremos neste contexto apenas de Cálculo.
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A Teoria Antropológica do Didático postula que toda atividade humana, entre elas a atividade matemática,
pode ser modelada através da noção de praxeologia (CHEVALLARD, 1999); o modelo praxeológico é composto
por: tipo de tarefas T; técnicas que resolvem as tarefas desse tipo; tecnologia (𝜃) que justifica as técnicas e
garante sua validade, e a teoria (Θ) que justifica a tecnologia. Esse quarteto praxeológico é denotado [T, τ, 𝜃, Θ].
O bloco [T, τ] é denominado de prático-técnico ou bloco do saber-fazer; e o bloco [𝜃, Θ] é denominado
tecnológico-teórico ou bloco do saber.
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A plataforma virtual de aprendizagem www.schoology.com, consiste num ambiente capaz de interagir com os
estudantes através da internet.
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fora da sala de aula, oportuniza o estudante interagir com os conteúdos vistos em sala e
verificar seu progresso na resolução das tarefas propostas.
Neste intuito, aliado ao dispositivo informático estamos interessados na avaliação. E,
quando nos referimos ao tema avaliação inserido neste contexto, corroboramos com
Perrenoud (1999, p.13), que afirma, a avaliação não é um fim em si, sendo uma engrenagem
do funcionamento didático que orienta o trabalho a serviço da aprendizagem. Assim, nos
referindo à avaliação do processo de aprendizagem, que possui a intenção de acompanhar e
contribuir, durante o aprendizado do estudante, no seu processo de estudo, fornecendo meios
para que o mesmo alcance o objetivo de aprender. Neste contexto, estamos trazendo a
avaliação formativa, investigada por diversos pesquisadores como Scriven (1967), Allal
(1986), Hadji (1990), Perrenoud (1999), Bloom et al (1971), Vilas Boas (2004, 2008, 2011).
Esta se constitui num processo contínuo, fornecendo informações sobre a produção dos
estudantes para que seja possível promover ajustes que atendam aos propósitos a serem
alcançados.
Assim, nesta investigação trataremos de modelizar o trabalho dos estudantes no
dispositivo construído para avaliação formativa através de resolução de tarefas envolvendo o
conceito de limites. Este conceito é um dos tópicos onde os estudantes possuem um primeiro
contato ao estar cursando Cálculo, mas como se trata de um curso superior o grau de
abstração é maior, o rigor matemático e formalização estão presentes de forma mais evidente,
como também as demonstrações dos teoremas e corolários requer uma certa sutileza na
compreensão dos conceitos. Com isso podemos amenizar a transição entre o ensino médio e
superior.
A seguir modelizaremos uma das tarefas a partir das ferramentas que a teoria
antropológica do didático nos proporciona. Bem como foi dado a interação no ambiente
virtual de aprendizagem entre os estudantes e professores.
matemáticos”. O que nos leva a ampliar as discussões no nível superior mais especificamente
no ensino de Cálculo.
A avaliação no contexto educacional é apresentado por Scriven (1967), como dois tipos,
a somativa e a formativa. A avaliação somativa é realizada normalmente ao final de cada
etapa do ensino, certifica se os estudantes dominam os objetivos definidos pelo sistema.
Segundo Hoffman (2014), a mesma tem um caráter classificatório, é estática e
fundamentalmente sentenciva. Enquanto a avaliação formativa, é realizada durante o processo
de ensino, consiste em um instrumento imprescindível, pois orienta o professor no seu
planejamento e direciona sua ação, através de dois pressupostos: o feedback e a regulação do
processo de ensino e aprendizagem (PERRENOUD, 1999). A mesma é uma parte integrante
do processo educativo, pois informa e orienta o professor a adotar decisões convenientes.
Através da mesma, é possível identificar os erros e dificuldades encontradas no
desenvolvimento das tarefas.
Corroborando com o que aqui foi exposto, Bodin (2015) afirma que, de certo que a
questão da avaliação agora tem invadido o campo da didática da matemática, a tal ponto que
não é mais possível ignorar o papel da avaliação e os efeitos de feedback da avaliação no ato
de ensino, como no processo de aprendizagem. Sob o mesmo ponto de vista, o contrato
didático6 é constituído sob o controle e a influência da avaliação.
Apesar de todos os esforços, Fernandes (2015a, p.10) afirma que, apesar de está se
discutindo há mais de quatro décadas sobre avaliação, as evidências denunciam que as
dificuldades persistem em investir numa avaliação a serviço das aprendizagens, ou seja, ajude
os alunos a aprender, embora as investigação contribuíram de forma decisiva para questionar
e repensar as perspectivas e procedimentos deste importante instrumento.
Neste sentido, apresentamos nosso objeto de análise, como apresentado na introdução, o
conceito de limites, o mesmo apresenta de acordo diversas pesquisas como Cornu (1991), Tall
(1978), Sierpinska (1985) incompreensões por partes dos estudantes, e o que nos leva a
também investigar. Além destes pesquisadores estrangeiros, pesquisas nacionais também tem
investigado sobre tema, como Fernandes (2015b), Santos (2013), Zuchi (2005) dentre outros.
Este conceito é apresentado aos estudantes da graduação em ciências exatas, da terra ou da
tecnologia normalmente no primeiro semestre. O mesmo, apresenta algumas sutilezas, no que
se refere a notação e manipulação. Em particular, a definição formal de limites (em termos de
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Refere-se ao estudo das regras e das condições que condicionam o funcionamento da educação escolar, quer
seja no contexto da sala de aula, no espaço intermediário da instituição escolar quer seja na dimensão mais ampla
do Sistema educativo (Brousseau (1986) apud Pais (2011)).
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épsilon e delta), requer uma abstração e compreensão a mais que aquela esperada na educação
básica.
Apresentamos a definição do limite de uma função em um ponto de abscissa a:
Definição 1:
| | | |
4. MATERIAIS E MÉTODOS
A turma onde foi proposto o dispositivo apresentava 47 estudantes. Ao fim de cada
semana foi proposto uma tarefa (atividade) no ambiente virtual no decorrer do semestre. De
modo que os mesmos pudessem expor suas resoluções e, a partir deste momento o professor
da disciplina, fazer as considerações referente as respostas, e indicar onde os estudantes
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De acordo Chevallard, os objetos ostensivos aqueles objetos que se percebem, se manipula, de modo que
possuem certa materialidade, como as escrituras, os grafismos, os sons, os gestos. Enquanto os objetos não-
ostensivos são aqueles que existem institucionalmente, desde que lhes sejam atribuídos uma determinada
existência. Porém, esses objetos não podem ser percebidos e manipulados são as ideias, os conceitos, as crenças.
Por meio da manipulação de certos objetos ostensivos podemos „invocar‟ ou „evocar‟ estes objetos não-
ostensivos.
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Também existe a versão não gratuita para instituições de ensino.
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necessitariam melhorar. Como a atividade proposta não valeria uma nota (pontuação), a
mesma apenas era de um caráter formativo, não se preocupando em classificar o estudante
dentro de um nível de resolução. De acordo Fernandes (2015), esta forma de
acompanhamento da atividade não é punitiva e sim, contribui para a otimização da
aprendizagem do aluno, e consequentemente, para que ocorra a aprendizagem.
Neste ponto de vista, Perrenoud afirma que,
Toda avaliação formativa baseia-se na aposta bastante otimista de que o
aluno quer aprender e deseja ajuda para isso, isto é, que está pronto para
revelar as suas dúvidas, suas lacunas, suas dificuldades de compreensão da
tarefa. (PERRENOUD, 1999, p. 151).
Embora a turma inicialmente apresentava 47 alunos, notamos a participação no
ambiente virtual de apenas de 11 estudantes (23,40% da turma). Os estudantes da turma ao o
ser interrogado por meio de um questionário sobre o acesso a plataforma, alguns estudantes
gostariam de apresentar as dúvidas no atendimento ao professor, outros estavam dando
prioridade a outras disciplinas e alguns disseram que não conseguiram acessar o ambiente
proposto. E, outros estavam tentando organizar os horários e as disciplinas, para só assim
acessar o ambiente e conseguir um êxito no semestre.
A seguir apresentamos na figura 02, a primeira atividade proposta no semestre, a
mesma tem como objetivo verificar como os estudantes assimilaram o conceito de limites
apresentados na aula.
dependa do (épsilon). O estudante, de acordo a figura 03, consegue desenvolver parte dessa
manipulação algébrica com os feedback oferecido pelo professor, conseguindo êxito na
construção da resolução da questão após seis revisões (postagens).
A praxeologia esperada pela instituição é que encontre um valor de dependendo de
. Para isto utiliza a relação proveniente da definição formal:
(i) Primeiro fazemos uma análise preliminar do problema, ou seja, conjecturando
um valor para . Pela definição temos:
| | | |
Se | | então | | .
Porém, | | | | | | | |
(ii) O segundo passo é a demonstração, ou seja, mostrar que este funciona. Dado
, escolha . Escolha . Se | | , então
| | | | | | | | | |
| || | | | = . Assim,
Na solução proposta pelo estudante Paulo referente a tarefa A2, da atividade proposta,
podemos observar que o mesmo consegue desenvolver a maior parte da manipulação
algébrica para encontrar a relação entre e . Parte da praxeologia desenvolvida pelo
estudante, em termo de técnica, é a esperada na instituição. Entretanto, ao final, não utiliza de
forma correta a propriedade do valor absoluto (módulo). Pois ao dividir por -4, é como se
pudesse dividir o número no interior do módulo por um número negativo. Desta forma,
encontra um valor para negativo o que contradiz a definição que informa para todo
positivo, existe positivo, ou seja, uma falta de atenção na definição 1. Através desta
atividade podemos observar o esclarecimento realizado pelo professor na própria solução
apresentada pelo estudante de forma on-line (no próprio arquivo disponibilizado pelo
estudante), o equívoco exposto pelo estudante foi esclarecido para que o aluno pudesse
progredir.
De acordo Lucas et al (2014), isto acontece pois a falta do questionamento do
resultado encontrado obtido pela técnica empregada é ausente nas tarefas do ensino
secundário, pois o contrato didático estabelecido não atribui ao aluno a responsabilidade de
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Talvez, uma das dificuldades segundo Fonseca (2004), é que no secundário o estudo
das praxeologias matemáticas foca no bloco técnico-prático com baixa incidência do bloco
tecnológico-teórico sobre a atividade matemática. Visto que, há uma ausência de qualquer
questionamento tecnológico dos tipos de tarefas e de técnicas matemáticas. Assim, as
praxeologias matemáticas no secundário são pontuais, muito isoladas (ou pouco coordenadas
entre si), o que dificulta de acordo Fonseca (2004) e inclusivamente impede, que nesta
instituição se reconstruam efetivamente praxeologias matemáticas locais que integrem de
maneira flexível as praxeologias matemáticas pontuais.
No caso de limites, o cálculo do limite é uma atividade prático-técnico enquanto
demonstrar via definição (épsilon e delta) requer um entendimento do bloco tecnológico-
teórico, o que no ensino básico não é trabalhado.
E, a seguir, na figura 04 é possível observar o comentário do professor, e a interação
mantida no ambiente.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
tem o tempo necessário. E, neste momento poderá ajudar a superar suas dificuldades.
Apesar das dificuldades enfrentadas pelos estudantes na educação básica, estes são os
alunos que dentre todas as barreiras encontradas, conseguem ingressar na universidade. Deste
modo, o que os professores devem fazer é, junto com as políticas de permanência e combate a
evasão, discutir mecanismos para manter estes estudantes e superar o fracasso na
aprendizagem de Cálculo.
Com este recorte, esperamos apresentar nossas ideias acerca da investigação a qual
nos propomos de forma a criar um espaço para interlocução entre os pares (investigadores que
se aproximam do nosso tema). Bem como contribuir para mitigar as barreiras que existem no
ensino e a aprendizagem do conceito de limites, além de sugerir indagações para futuras
pesquisas. Além disso, a proposta visa contribuir para amenizar o alto índice de evasão e
repetência em disciplinas consideradas críticas nos primeiros semestres de cursos
universitários, como é o caso do cálculo diferencial e integral.
REFERÊNCIAS
ALLAL, L. Estratégias de avaliação formativa: concepções psicopedagógicas e modalidades
de aplicação. In: ALLAL, L.; CARDINET, J.; PERRRENOUD, PH. (Ed.), A avaliação
formativa num ensino diferenciado (175-209). Coimbra: Almedina, 1986.
BARUFI, M.C.B. A construção/negociação de significados no curso universitário inicial
de Cálculo Diferencial e Integral. 1999. Tese (doutorado em Educação). Universidade de
São Paulo. São Paulo.
BLOOM, B.; HASTINGS, J.; MADAUS, G. F. Handbook of formative and summative
evaluation of student learning. New York: McGraw-Hill, 1971.
BODIN, A. Didactique des mathématiques et évaluation: petite histoire de 40 ans de chemins
parallèles. A terme, l‟évaluation est-elle soluble dans la didactique? In: MATHÉ, A.,
MOUNIER, É (Edit.) Actes du séminaire national de didactique des mathématiques.
ARDM. Paris. 2015. Disponível em: <http://www.ardm.eu/> Em 27/06/2018. Acesso em: 28
de jun. 2018.
CHEVALLARD, Y. El análisis de las prácticas docentes en la teoría antropológica de lo
didáctico. Recherches en Didactique des Mathématiques. Vol. 19, nº 2, 1999.
CORNU, B. Limits. In: TALL, D. (Ed.) Advanced Mathematical Thinking. Londres:
Kluwer Academic Publisher, p. 153-166, 1991.
D‟AMBRÓSIO, U. Educação Matemática: Da teoria à prática. 23ª ed. Papirus, Campinas
– SP, 2012.
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